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7/23/2019 Monografia DITADURA MILITAR NO BRASIL http://slidepdf.com/reader/full/monografia-ditadura-militar-no-brasil 1/94 Universidade estadual do Piauí – UESPI Campus Heróis do Jenipapo Ramiro Resende Ibiapina DA EXPLORAÇÃO Á MILITÂNCIA: a luta dos camponeses em Campo Mao!"PI #$%&$ a $%&'( CAMPO MAIOR – PI !"#

Monografia DITADURA MILITAR NO BRASIL

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Universidade estadual do Piauí – UESPI

Campus Heróis do Jenipapo

Ramiro Resende Ibiapina

DA EXPLORAÇÃO Á MILITÂNCIA: a luta dos camponeses em CampoMao!"PI #$%&$ a $%&'(

CAMPO MAIOR – PI

!"#

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Ramiro Resende Ibiapina

DA EXPLORAÇÃO Á MILITÂNCIA: A luta dos camponeses em CampoMao!"PI #$%&$ a $%&'(

Mono$ra%ia apresentada &unto ao 'urso de(i'en'iatura Plena em História da UniversidadeEstadual do Piauí)UESPI Campus Heróis doJenipapo* Como re+uisito para a+uisi,-o de título de$raduado*

Orienta,-o. Pro%* Ms* Ernani Jos/ 0rand-o Junior*

CAMPO MAIOR 

!"#

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1ual+uer reinvindi'a,-o2 ainda +ue da mais

elementar re%orma %inan'eira bur$uesa2 do

liberalismo mais vul$ar2 do mais %ormal

republi'anismo2 da mais trivial demo'ra'ia2 / ao

mesmo tempo 'asti$ada 'omo atentado 'ontra a

so'iedade e esti$mati3ada 'omo so'ialismo*

45AR( MAR67

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A 8eus e a min9a %amília. :era2 Re$inaldo2 Maria Clara e a todosos 'amponeses +ue so%reram e +ue so%remas opress;es do sistema*

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A$rade'imentos

Este espa,o / dedi'ado as pessoas +ue de uma %orma ou de outra 'ontribuíram para a

'on'reti3a,-o desta pes+uisa2 indivíduos +ue estiveram 'omi$o em min9as labutas na bus'a

 por meus ob&etivos2 'om 'erte3a irei es+ue'er al$uns2 pois tamb/m / %eita de lapsos me

es%or,arei o m<=imo para a maioria dos persona$ens +ue se envolveram neste trabal9o*

A prin'ípio a$rade,o a 8eus +ue me possibilitou a '9e$ar at/ o %im desta pes+uisa2

embora ten9a en%rentado diversas di%i'uldades 'onse$uir '9e$ar aos meus ob&etivos* A min9a

%amília tamb/m mere'e desta+ue2 pois esteve 'omi$o nos momentos mais 'ompli'ados desse

 pro'esso investi$ativo2 desta'o a %i$ura de min9a m-e Ant>nia :era (u'ia de Sousa Resende e

de meu pai Re$inaldo Ibiapina Martins e da min9a irm- Maria Clara de Sousa Resende*

 ?-o posso es+ue'er de dois $randes persona$ens dessa pes+uisa2 (uís Jos/ Ribamar 

O3orio (opes mais 'on9e'ido 'omo (uís Eduvi$es e Antonio 8ami-o de Sousa2 dois

indivíduos +ue me 'on'ederam entrevistas %undamentais para a 'on%i$ura,-o desse pro'esso

investi$ativo2 %i'o muito $rato por ter 'on9e'ido tais pessoas*

(uís @Eduvi$es tive a oportunidade de visita)lo seis ve3es2 em trBs oportunidades o

mesmo me 'on'edeu entrevistas2 nas outras 'ir'unstan'ias %ui em sua 'asa apenas para

'onversar e ouvir as $randes 9istórias 'ontadas por @Eduvi$es* 8entre essas visitas o mesmo

tamb/m me 'on'edeu uma entrevista na +ual reali3aram 'om ele2 na o'asi-o %i3eram um

'urta)metra$em de (uís @Eduvi$es* Antonio 8ami-o visitei trBs ve3es reali3ando uma

entrevista2 nas oportunidades em +ue n-o $ravei entrevistas Antonio 8ami-o me pro%eriu

al$umas 9istórias de sua vida2 me mostrando os preparativos de seu livro se esta preste a ser 

 publi'ado e tamb/m al$umas %otos desta'ando o re'on9e'imento +ue l9e / 'on'edido2 por 

al$uns se$uimentos so'iais*

A$rade,o tamb/m as pessoas +ue 'on9e'i durante estes +uatro anos de 'urso2 'omo

Jessi'a (uana Silva Santos2 na +ual me 'on'edeu o livro 8itadura militar2 es+uerdas e

so'iedade de 8aniel Aar-o Reis il9o* Jose Castelo 0ran'o $rande ami$o +ue tive a

oportunidade de 'on9e'er2 ran'is'o Danderson Ma'edo2 :aldinar Ro'9a2 0renda 8aniela

+ue tive o pra3er de 'ompartil9ar al$uns momentos durante esses +uatro anos*

  A$rade,o tamb/m o $rupo na +ual estive inserido durante esses anos desta'o os

nomes dos 'omponentes ran'is'o das C9a$as 0arroso U'9oa2 ran'is'o Jos/ Paiva2 Antonio

da Silva Carval9o il9o e 5assio Pereira2 a par'eria 'om estas pessoas %oi $rati%i'ante2 pois as

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diversas dis'urs;es travadas 'om o $rupo só 'ontribuiu para alimentarmos nossa 'ar$a

intele'tual* Prin'ipalmente ran'is'o das C9a$as 0arroso e U'9oa ran'is'o Jos/ Paiva as

dis'urs;es sobre os problemas so'iais en%rentados por nossa so'iedade e tamb/m as re'entes

dis'uss;es sobre 9istória oral %oram de $rande importn'ia durante esses +uatro anos de

'urso*

Famb/m a$rade,o o orientador desse trabal9o2 Ernani Jos/ 0rand-o Junior2 pelas

orienta,;es 'on'edidas2 na 'onstru,-o desse trabal9o2 pois %oram %undamentais para o seu

desenvolvimento* Ressalto tamb/m Rams/s Eduardo pin9eiro Morais Sousa2 %i'o $rato pelos

materiais 'on'edidos2 in'lusive sua disserta,-o de mestrado +ue trabal9a a mesma tem<ti'a

dessa mono$ra%ia*

A institui,-o +ue %oi o meu pelo +ual me oportuni3ou a reali3a,-o deste 'urso me

 possibilitou o a'esso ao ensino superior e tamb/m propor'ionando o 'on9e'imento de $randes

 pro%issionais2 +ue 'omp;em seu 'orpo do'ente e 9o&e os ten9o 'omo 'ompan9eiros de

 pro%iss-o* Para 'on'luir a$rade,o a+ueles +ue %i3eram parte da min9a %orma,-o2 a todos o

meu muito obri$ado*

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Resumo

A aborda$em sobre a tem<ti'a das re%ormas de base se torna bem intenso no iní'io da d/'adaG!2 nesse momento 'ome,am a se intensi%i'ar a promo,-o de movimentos 'amponeses 'omo

as li$as 'amponesas e sindi'atos rurais2 +ue bus'avam prin'ipalmente as re%ormas di%undidas pelo $overno Jo-o oulart* Em Campo Maior lo'al na +ual esta pes+uisa se 'ompreendetamb/m su$iram movimentos 'amponeses2 +ue bus'avam essa re%orma 'itada anteriormente2nesse sentido o presente trabal9o tem 'omo proposta analisar 'omo se desenvolveu osmovimentos 'amponeses em Campo Maior 'omo li$a 'amponesa e sindi'ato dostrabal9adores rurais2 abordando o pro'esso desde a %orma,-o dos mesmos at/ a %ra$menta,-o'om a ditadura militar2 tamb/m en%ati3o a luta dos trabal9adores rurais de Parnaíba a %im demostrar o +uanto estes movimentos estavam 'res'endo no estado* Este trabal9o tem 'omosuporte metodoló$i'o %ontes orais 'om os relatos de (uís Jos/ Ribamar O3orio (opes eAntonio 8ami-o de Sousa as %ontes 9emero$r<%i'as +ue se remetem ao período pes+uisado ea tem<ti'a trabal9ada* Ao todo obtive &ornais de +uatro estados brasileiros 'omo o &ornal

Estado do Piauí2 O dia e ol9a da Man9- re%erentes ao estado do Piauí2 bem 'omo o &ornalFerra (ivre do de S-o Paulo2 A Cru3 e ?ovos Rumos do Rio de Janeiro e Pa'otil9a o lobodo Paran<* ?esse sentido vemos a reper'uss-o +ue esses movimentos tomaram no 'onte=tona'ional2 dessa %orma 'ompreendemos a importn'ia dos 'amponeses para a+uele período*Portanto per'ebi o +uanto %oi intenso os movimentos 'amponeses em Campo Maior e tamb/mno Piauí2 'on'lui isso a partir das %ontes e da dis'urs-o das %ontes 'om os re%eren'iaisteóri'os2 na +ual 'onstitui esse trabal9o

Palavras C9ave. li$as 'amponesas* Sindi'atos* Anti'omunismo* (uta* 8itadura Militar*

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Abstra't

F9e approa'9 to land re%orm issue be'omes ver intense in t9e earl G! at t9at time be$in tointensi% t9e promotion o% peasant movements su'9 as peasant lea$ues and rural unions2

9i'9 mainl sou$9t re%orms disseminated b t9e $overnment Jo-o oulart* In Campo Maior  pla'e 9ere t9is resear'9 also 'omprises su$$est peasant movements2 9i'9 sou$9t t9isre%orm +uoted above2 in t9at sense t9is paper is to anal3e 9o it developed t9e peasantmovements in Campo Maior as a peasant lea$ue and t9e Rural DorKers Union2 addressin$ t9e

 pro'ess %rom t9e %ormation t9ereo% to %ra$mentation it9 t9e militar di'tators9ip alsoemp9asi3e t9e stru$$le o% t9e in9abitants o% Parnaíba to s9o 9o t9ese movements ere$roin$ in t9e state* F9is orK 9as t9e met9odolo$i'al support oral sour'es it9 t9e reportso% (uis Jos/ Ribamar O3orio (opes and Antonio 8ami-o de Sousa t9e nespaper sour'es t9atre%er to t9e period surveed and t9e t9eme orKed* In all $ot nespapers %rom %our 0ra3ilianstates liKe Piaui State Journal2 F9e da and ol9a da Man9- %or t9e state o% Piaui2 and t9enespaper ree (and o% S-o Paulo2 F9e Cross and ?e 8ire'tions o% Rio de Janeiro and

Pa'otil9a t9e Parana $lobe* In t9is sense e see t9e impa't t9at t9ese movements 9ave taKenin t9e national 'onte=t2 t9ere%ore understand t9e importan'e o% t9e peasants %or t9at period* SoI reali3ed 9o intense as t9e peasant movements in Campo Maior and also in Piauí2'on'ludes t9at %rom t9e sour'es and in'reasin$ dis'ussion o% t9e sour'es it9 t9e t9eoreti'al%rameorK in 9i'9 t9is orK is

5eords. peasant lea$ues* Unions* Anti'ommunism* i$9t* Militar di'tators9ip*

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(ista de Ima$ens

Ima$em " Administradores da Asso'ia,-o Pro%issional dos Camponeses e(avradores de Parnaíba***********************************************************************

 LG

Ima$em Carteira da A(FACAM Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adoresA$rí'olas de Campo Maior*****************************************************************

 #G

Ima$em L Carteira da A(FACAM Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adoresA$rí'olas de Campo Maior*****************************************************************

 #

Ima$em N Passeata or$ani3ada por (uís Jos/ Ribamar O3orio (opes #

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Sum<rio

Introdu,-o

Capítulo I* CONTRA A) OPRE))*E) DO) LATI+,NDIO): os 'amponeses 'ome,am ase or$ani3ar 

"*" Perturba,;es e revoltas em meio a luta pela terra o sur$imento da (i$a Camponesa

"* As li$as 'amponesas e os dis'ursos anti'omunistas

"*L O movimento 'amponBs no Piauí

"*N As li$as 'amponesas '9e$am na terra da 'arnaba

Capítulo II* -ELE) TIN.AM ERA +OME DE /0)TIÇA RAPA12:  A %unda,-o deA(FACAM

*" @COMPA?HEIROS RUMO A MAFI?HOS. a e%etiva,-o do movimento

* @AS (IAS 1UE 8ES(IAM. A I$re&a Católi'a e seu envolvimento 'om movimentosRurais

*L O primeiro e ltimo anivers<rio de A(FACAM

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Int!odu34o

H< 'er'a dois anos atr<s tive 'on9e'imento de +ue na 'idade de Campo Maior 9avia

um 'amponBs +ue tin9a sido indeni3ado pela Comiss-o ?a'ional da :erdade2 pelas torturasre'ebidas no período militar* Essa pessoa se '9amava Antonio 8ami-o de Sousa primeiro

 presidente do Sindi'ato dos Frabal9adores Rurais de Campo Maior* A prin'ipio meu interesse

era pes+uisar sobre o re$ime militar no mbito da políti'a2 mas a partir da in%orma,-o

'ome'ei reali3ar um pro'esso investi$ativo sobre a emer$Bn'ia de movimentos 'amponeses

em Campo Maior2 nos anos ante'edentes ao $olpe militar e 'on'lui +ue 9aviam outros

'amponeses +ue tin9am sido presos pelo ditadura* Muitos desses 'amponeses &< tin9am

%ale'ido2 mas al$uns 9aviam resistido 'omo (uís Jos/ Ribamar Osorio (opes mais 'on9e'ido

'omo (uís @Eduvi$es %oi líder de A(FACAM Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores

A$rí'olas de Campo Maior*

Com essas des'obertas2 'ontinuei 'om o tema ditadura militar tendo 'omo base os

movimentos 'amponeses2 nesse sentido mudei a perspe'tiva do trabal9o* Mas durante min9as

leituras e pes+uisas e 'onversas 'om meu orientador2 per'ebi +ue seria mel9or reali3ar um

trabal9o pautado nos os movimentos 'amponeses2 'omo a Asso'ia,-o de (avradores e

Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior posteriormente 'on9e'ida 'omo li$a 'amponesa e oSindi'ato dos Frabal9adores Rurais de Campo Maior* ?esse 'onte=to a ditadura militar 

sur$iria apenas 'omo um momento +ue atravessa essa pes+uisa2 uma ve3 +ue estes

movimentos %oram perse$uidos pelo re$ime militar*

Para a reali3a,-o deste trabal9o al/m do re%eren'ial teóri'o2 me aproprio de %ontes

orais e tamb/m 9emero$r<%i'as2 %oram esses dois tipos de %ontes +ue 'onstituíram meu esta

 pes+uisa* Aproveito este momento para dis'orre sobre as mesmas2 no +ue di3 respeito as

%ontes orais2 para a 'on'reti3a,-o deste pro'esso investi$ativo2 %oram %undamentais2 pois me

 permitiram entender 'omo se deu os movimentos 'amponeses em Campo Maior2 ou se&a2

 posso ele$er a %onte oral 'om um dos prin'ipais suportes dessa desta pes+uisa 9istóri'a2 pude

'ompreender diver$Bn'ias2 'onver$Bn'ias e ambi$uidades a'er'a desses movimentos2 9a&a

vista +ue 'ada um tin9a suas parti'ularidades*

Para e%etiva,-o desse trabal9o reali3ei ao todo 'in'o entrevistas2 trBs 'om (uís

@Eduvi$es uma 'om Antonio 8ami-o essas entrevistas me possibilitaram ter um 'ontato

direto 'om os militantes dos movimentos 'amponeses em Campo Maior2 per'ebendo 'omo se

deu tanto a li$a 'amponesa +uanto o sindi'ato* Mas al/m desses indivíduos entrevistei uma

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 pessoa +ue n-o parti'ipou dos movimentos mais esteve inserido no 'onte=to da /po'a +ue %oi

Joa+uim Catuario* Essa entrevista me possibilitou ter um ol9ar de uma pessoa +ue observou

os movimentos 'amponeses de %ora n-o me atendo apenas ao dis'urso dos indivíduos +ue

 parti'iparam2 n-o 'itei a entrevista de Joa+uim na mono$ra%ia2 mas seu relato %oi %undamental

 para entender mais a'er'a da+uele pro'esso 9istóri'o*

As %ontes 9emero$r<%i'as %oram 'oletadas em trBs lo'ais di%erentes na 9emerote'a

di$ital da bibliote'a na'ional2 pois tive a'esso a &ornais 'omo Ferra (ivre2 A Cru32 ?ovos

Rumos e Pa'otil9a o lobo* ?o ar+uivo pbli'o do Estado do Piauí2 na +ual obtive os &ornais

O dia2 ol9a da Man9- e Estado do Piauí* O ltimo meio em +ue ad+uirir as %ontes

9emero$r<%i'as se deu na 0ibliote'a muni'ipal Marion Saraiva em Campo Maior2 neste

espa,o 'onse$ui ter a'esso aos &ornais2 Estado do Piauí e ol9a da Man9-* Estes do'umentos

'oletados nesses trBs espa,os %oram %undamentais para desenvolvimento desta pes+uisa2 pois

apresentam um 'ontedo 'onsistente a'er'a da tem<ti'a trabal9ada*

A partir do 'ontato 'om as %ontes de%ini os ob&etivos desse trabal9o +ue %oram Analisar 

'omo se deu a %orma,-o das li$as 'amponesas em Campo Maior2 'ompreender a %orma,-o do

sindi'ato dos trabal9adores rurais de Campo Maior2 identi%i'ar os dis'ursos +ue %oram 'riados

a'er'a dos movimentos 'amponeses e de%inir 'omo a ditadura %ra$mentou esses movimentos*Famb/m delimitei o espa,o temporal +ue %oi "G" a "G*

Muitos 9istoriadores entram em diver$Bn'ias2 ao debater as +uest;es das %ontes2 uma

ve3 +ue al$uns e=p;em suas pre%eren'ias respeito no +ue di3 respeito a utili3a,-o das mesmas

na produ,-o da pes+uisa 9istóri'a2 ou se&a2 9< pes+uisadores +ue pro'uram utili3ar apenas

%ontes do'umentais2 se omitindo de %a3er uso das orais2 pois 'onsideram as ltimas 'omo um

meio %al9o para a 'onstitui,-o de uma pes+uisa2 9a&a vista +ue na 'on'ep,-o a'er'a das %ontes

muitos 9istoriadores bus'am2 as +ue a'reditam serem mais 'on%i<veis atrelando o 'on'eito de

'on%ian,a as %ontes do'umentais* ?essa perspe'tiva ne$li$en'iam os relatos orais2 pois 'omo

/ al$o 'onstruído a'reditam +ue se&a manipulado pelo depoente2 nesse panorama %i'a evidente

+ue a %onte do'umental tamb/m / manipulada por +uem a es'reve2 ou se&a2 nen9uma %onte /

'on%i<vel*

  8essa %orma 'reio +ue as tanto do'umentais +uanto as orais s-o %undamentais para a

 produ,-o de uma pes+uisa 9istorio$r<%i'a2 pois duas tem sua 'redibilidade e 'ontribuem de

%orma si$ni%i'ativa2 para o pes+uisador %undamentar sua pes+uisa nesse sentido nos des'reve

Mi'9ael PollaK.

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Se a memória / so'ialmente 'onstruída2 / óbvio +ue toda do'umenta,-otamb/m o /* Para mim n-o 9< di%eren,a %undamental entre %onte es'rita e%onte oral* A 'ríti'a da %onte2 tal 'omo todo 9istoriador aprende a %a3er2 deve2a meu ver2 ser apli'ada a %ontes de tudo +uanto / tipo* 8esse ponto de vista2a %onte oral / e=atamente 'ompar<vel Q %onte es'rita* ?em a %onte es'rita pode ser tomada tal e +ual ela se apresenta* O trabal9o do 9istoriador %a3)sesempre a partir de al$uma %onte* 4PO((A52 "2 P*7

A partir de Mi'9ael PollaK %i'a evidente +ue n-o podemos des'onsiderar nen9uma das

%ontes2 pois elas s-o dis'ursos 'onstruídos a'er'a do passado2 ent-o o 9istoriador pro'urar<

analisar 'ada uma de %orma 'oerente e 'ríti'a2 se isentando do pensamento de +ue as %ontes

s-o 'on%i<veis2 pois a %onte oral / um enun'iado pro%erido por al$u/m a es'rita tamb/m /

'onstituída por um indivíduo2 nesse sentido 'ada su&eito vai se apropriar de seus 'rit/rios para

relatar ou es'rever* 8evemos per'eber tamb/m +ue a 9istória n-o esta isenta de ser uma produ,-o %alsa2 pois o pes+uisador n-o 'onse$ue '9e$ar a verdade dos a'onte'imentos do

'onte=to pes+uisado*

 ?essa pes+uisa nen9uma das %ontes %oram abordadas 'om privil/$io ou 'omo

detentora da verdade2 pro'urei analisa)las de %orma 'ríti'a2 problemati3ando as diversas

 possibilidades +ue elas podiam me apresentar2 al$umas diver$Bn'ias +ue s-o apresentadas nas

%ontes n-o podem ser trabal9adas ou tratadas 'omo ile$ítimas2 mas 'omo um oportunidade de

 problemati3a,-o2 pois essa / um das $randes estrat/$ias pela +ual o pes+uisador pro'ura

entender o passado2 9a&a vista +ue n-o podemos nos dar o poder2 de &usti%i'ar uma %onte pela

outra2 pois 'omo &< ressaltado 'ada uma tem sua 'redibilidade2 temos +ue analisa)las de %orma

'ríti'a*

  ?esse sentido ressalto 5eit9 JenKins @os 9istoriadores tem ambi,;es2 dese&am

des'obrir n-o apenas o +ue a'onte'eu2 mas tamb/m 'omo e por+ue a'onte'eu e o +ue as

'oisas si$ni%i'avam e si$ni%i'am 4JE?5I?S2 !""2 P*G!7 esse relato 'on%i$ura as prin'ipais

 pretens;es dos 9istoriadores2 no +ue di3 respeito ao pro'esso de analise de %ontes2 ou se&a2 o

 pes+uisador sempre apresenta uma nsia para des'obrir mais a'er'a de ob&eto de estudo2

embora em muitas o'asi;es2 n-o nos / permitido '9e$ar ao 'on'eito de 5eit9 JenKins2 pois

nosso material n-o nos permite tal proe3a*

i'a nítido na leitura deste trabal9o2 +ue sua es'rita se alterna em al$uns momentos

entre primeira pessoa do plural e primeira pessoa do sin$ular2 isso %oi op,-o min9a2 pois

a'redito +ue um 9istoriador2 nun'a reali3a uma pes+uisa so3in9o sempre tem suas in%luen'ias'omo seu re%eren'ial teóri'o2 suas %ontes as 'ontribui,;es e outros indivíduos2 nesse sentido

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devemos nos apropriar do plural2 mas 'reio +ue o 9istoriador en+uanto su&eito pes+uisador 

n-o pode se omitir perante sua pes+uisa e deve se identi%i'ar em al$uns momentos +ue e=i$e

sua presen,a2 no +ue di3 respeito a 'onstitui,-o da pes+uisa 9istóri'a*

O trabal9o esta dividido em dois 'apítulos2 +ue posteriormente est-o subdivididos em

sete tópi'os2 sendo o primeiro 'om +uatro e o se$undo 'om trBs* O 'apítulo ini'ial a prin'ípio

apresenta um tópi'o 'on'eitual re%erente ao desenvolvimento das li$as 'amponesas no

 ?ordeste2 o se$uinte / %undamentado nos dis'ursos anti'omunistas +ue sur$iram perante as

li$as 'amponesas2 se$uidamente o leitor se deparar< 'om uma dis'uss-o a'er'a das li$as

'amponesas no Piauí2 posteriormente o +uarto tópi'o apresenta 'omo se deu a %orma,-o da

Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior A(FACAM2

movimento 'amponBs de $randes propor,;es no estado do Piauí*

O se$undo 'apítulo2 a prin'ípio apresenta o tópi'o +ue 'omplementa o ltimo do

'apítulo anterior2 pois aborda a e%etiva,-o de A(FACAM2 em se$uida vamos nos deparar 'om

a atua,-o da i$re&a 'atóli'a no meio rural no intuito de %ormar sindi'atos rurais e para %inali3ar 

o trabal9o 'om o tópi'o a'er'a da %ra$menta,-o dos movimentos 'amponeses 'om ditadura

militar* S-o dessa %orma +ue est-o divididos os 'apitulo desta mono$ra%ia*

As %ontes na +ual tive a'esso me permitiram per'eber +ue no Piauí n-o 9ouveram li$as

'amponesas propriamente ditas o +ue se apresentaram a+ui %oram Asso'ia,;es de (avradores

e Frabal9adores A$rí'olas2 +ue %oram denominadas 'omo li$as 'amponesas"2 por isso para me

re%erir a esse movimento me aproprio dos dois termos2 bem 'omo tamb/m %a,o uso de termos

'omo entidade or$ani3a,-o2 pois esta asso'ia,-o ao me ver 'ara'teri3am muito bem isso*

Apresento a+ui meus prin'ipais aportes teóri'os2 +ue 'ontribuíram para o

desenvolvimento desse pro'esso investi$ativo* ?o meu pro'esso de leitura em bus'a dere%erBn'ias para esta pes+uisa me deparei 'om diversos autores +ue se en'ai=avam na

 perspe'tiva +ue estou abordando2 'omo Codomir de Morais2 Eliade Ru$ai 0astos e ran'is'o

Juli-o2 estes %oram os prin'ipais autores +ue me aproprie para dis'utir sobre li$as 'amponesas*

Apresento tamb/m no de'orrer desse trabal9o Mi'9ael ou'ault e MiK9ail 0aK9tin2 na

+ual %a,o um dis'utir sobre a 'onstru,-o de dis'ursos2 bem 'omo a %orma,-o de

representa,;es* Autores 'omo 5arl Mar= riedri'9 En$els e Edard Palmer F9ompson

1 :er 'apítulo " tópi'o primeiro tópi'o. Perturba,;es e revoltas em meio a luta pela terra o sur$imentoda (i$a Camponesa

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sur$em 'omo suportes para estabele'er um debater sobre luta de 'lasses2 +ue neste trabal9o se

'on%i$ura 'omo um embate entre lati%undi<rios e 'amponeses*

Para ar$umentar os 'on'eito de 9istória oral e memória2 desenvolvo dis'urs;es 'om(u'ilia de Almeida ?eves 8el$ado2 P9ilippe Joutard2 Henr Rousso2 M<r'io Sili$mann Silva2

ried9elm 0oll e Mi'9ael PollaK dentre outras 'ita,;es de autores +ue sur$em para

'ompletarem ideias a'er'a desse debate* Assim %inali3o apresenta,-o de meus re%eren'iais

teóri'os2 evidente +ue n-o e=pus todos os autores2 pois per'ebo +ue devo e=ibir apenas os

 prin'ipais suportes da pes+uisa*

A +uest-o a$r<ria no 0rasil / um assunto +ue na maioria das ve3es $era problemas e

'on%litos2 tendo 'ons'iBn'ia dos 'on%rontos entre MSF e os $randes propriet<rios de terra2 etamb/m entre trabal9adores rurais e indí$enas2 a base desses en%rentamentos s-o os $randes

lati%ndios2 uma ve3 +ue a 'on'entra,-o %undi<ria brasileira %ora 'onstituída ainda na 'ol>nia2

e de 'erta %orma ainda predomina nos dias atuais* ?o 'onte=to da d/'ada de #! sur$em

movimentos +ue rea$em 'ontra os lati%ndios e as imposi,;es +ue eram estabele'idas nos

mesmos2 promover uma re%orma a$r<ria seria uma das %ormas lutar 'ontra as opress;es

so%ridas diante dos lati%undi<rios nesse sentido ressalta M<rio rns3ipan.

A partir dos anos "#!2 al$uns novos elementos re%or,aram a luta pelare%orma a$r<ria* Um deles %oi o sur$imento do movimento 'amponBs2a%irmando)se 'omo um importante ator políti'o* oi na+uele momento +ueos trabal9adores rurais2 at/ ent-o e='luídos da 'ena políti'a2 passaram a ser or$ani3ados em entidades diversas2 reivindi'ando direitos a re%orma a$r<ria*4***7 %oram as novas or$ani3a,;es2 li$as 'amponesas e asso'ia,;es delavradores*** 4R?STPA?2 !"N* P*!7

A partir de M<rio rns3ipan per'ebemos +ue os 'amponeses estavam se mobili3ando

em bus'a de re%orma a$r<ria* ?esse 'onte=to entram de 'erta %orma no mbito da políti'a

na'ional2 9a&a vista +ue estas entidades possibilitaram aos 'amponeses terem uma

notabilidade2 +ue at/ ent-o n-o tin9am2 esses movimentos $an9am 'om o passar dos anos

mais 'onsistBn'ia2 ou se&a2 9< uma ades-o maior dos trabal9adores no +ue di3 respeito a luta

 para a 'on'reti3a,-o desta re%orma*

 ?o Piauí no 'onte=to do ini'io da d/'ada de G! tendo em vista as opress;es so%ridas

 pelos 'amponeses essas entidades 'ome,am sur$ir* Se$undo Clodomir de Morais no estado

tiveram +uatro asso'ia,;es de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas 4MORAIS2 !"7 a

 partir do meu 'ontato 'om as %ontes 'orroboro 'om a a%irma,-o de do autor2 uma ve3 +ue as

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mesmas a%irmam terem 9avido asso'ia,;es em Feresina Campo Maior Parnaíba e Amarante2

dessa %orma 'ompreendemos +ue de 'erta %orma os 'amponeses piauiense estavam se

mobili3ando para lutarem pelos seus direitos in'lusive uma re%orma a$r<ria*

2 :er 'apítulo " ter'eiro tópi'o. O movimento 'amponBs no Piauí

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CAPIT0LO I

CONTRA A) OPRE))*E) DO) LATI+,NDIO): Os 'amponeses 'ome,am a seor$ani3ar 

$5$ Pe!tu!6a37es e !e8oltas em meo a luta pela te!!a o su!9mento da l9a camponesa

 ?o 0rasil tiveram diversos movimentos +ue visavam os interesses das 'lasses menos

%avore'idas da so'iedade* Um dos movimentos +ue mais tiveram notoriedade em mbito

na'ional2 %oram as li$as 'amponesas +ue 'ome,aram a $an9ar uma amplitude maior na re$i-o

 ?ordeste2 lo'al onde a 'on'entra,-o de terra era situada nas m-os de pou'os* Partindo dessa

 perspe'tiva2 os trabal9adores rurais 'ome,am lutar por seus direitos2 prin'ipalmente Q posseda terra e mel9ores 'ondi,;es de vida* ?esse sentido os 'amponeses 'ome,am a se aliarem

 para lutar 'ontra a e=plora,-o lati%undi<ria e tomam ini'iativas para promoverem li$as

'amponesas +ue se voltaram para as 'ausas dos trabal9adores rurais 'omo aborda Irani'e

omes Muni3.

As (i$as Camponesas sur$iram 'omo um movimento de resistBn'ia Qe=plora,-o de mil9ares de %amílias no meio rural2 mobili3ando o'ampesinato para lutarem 'ontra os v<rios tipos de opress-o* Assim no anode "##2 diante das realidades e'on>mi'as2 políti'as e so'iais +ue e='luíam

os 'amponeses do pro'esso de desenvolvimento2 %oi or$ani3ada2 no estadode Pernambu'o2 mais pre'isamente2 no muni'ípio de :itória de Santo Ant-o2uma asso'ia,-o de %oreiros no en$en9o alil/ia2 SAPPP 4So'iedade A$rí'olade Plantadores e Pe'uaristas de Pernambu'o7 %ormada por apro=imadamente"N! %amílias +ue sobreviviam em +uin9entos 9e'tares de terra* 4MU?IT2!"2 p*L7

:emos +ue em meados de "## sur$e uma nova or$ani3a,-o 'ampesina +ue ir< resistir 

'ontra a opress-o lati%undi<ria* Con%orme a%irma Irani'e Muni3 %oi no estado de Pernambu'o

onde essa or$ani3a,-o a prin'ípio se desenvolveu* 8iante da realidade pre'<ria sub)9umana e

da $rande e='lus-o so'ial +ue viviam os 'amponeses2 os mesmos pro'uram se reunir para

lutarem 'ontra a situa,-o 'alamitosa em +ue viviam* i'a nítido +ue a or$ani3a,-o parte dos

 próprios 'amponeses2 ou se&a2 as 'lasses rurais ser-o de iní'io seus prin'ipais arti'uladores*

Se$undo Antonio Forres Montene$ro 4!!N7 o ob&etivo prin'ipal desse movimento

denominado de SAPPP 4So'iedade A$rí'ola de Plantadores e Pe'uaristas de Pernambu'o7 era

arre'adar %undos em prol dos 'amponeses2 solu'ionar problemas 'om %oro e tamb/m

di%i'uldades +ue estavam inseridas na viven'ia dos mesmos* Um problema +ue %oi 'ru'ial

 para o lan,amento desse movimento seria a %alta de 'ai=;es para enterrar as pessoas +ue

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morriam na re$i-o2 a partir desse 'aso vemos o +uanto era miser<vel a vida dos 'amponeses

da+uela lo'alidade*

A mobili3a,-o dos 'amponeses do En$en9o alileia em Pernambu'o2 na +ual os

trabal9adores viviam submetidos a pr<ti'a do arrendamentoL  4MOFFA ESFE:ES2 !!72

'ostume +ue se 'onstituía de%i'it<rio para os 'amponeses2 uma ve3 +ue os mesmos n-o tin9am

'ondi,;es de pa$ar rendaN 'obrada pelo lati%undi<rio2 %oi o $rande e=emplo de %orma,-o de

movimentos 'amponeses* O mesmo se 'onstituiu 'omo uma das maiores in%luen'ias para a

emer$Bn'ia de novas or$ani3a,;es 'amponesas2 'ontribuindo para a e=pans-o das mesmas por 

outras <reas do 0rasil2 'omo des'reve Eliade Ru$ai 0astos. @En+uanto se desenrola a luta dos

@$alileus2 as @li$as e=pandem)se re$ionalmente. primeiro em Pernambu'o e2 em se$uida2

 por outros Estados do ?ordeste* 40ASFOS2 "N2 P*NN7 A partir de Eliade Ru$ai 0astos %i'aevidente a reper'uss-o +ue o movimento 'amponBs ad+uiriu2 uma ve3 +ue tomou uma ampla

dimens-o se espal9ando pelo ?ordeste sur$indo assim novas li$as 'amponesas*

 ?esse sentido essa or$ani3a,-o vai ser o estopim para sur$irem novos movimentos

'amponeses no 0rasil2 ou se&a2 esse movimento n-o se restrin$iram somente a Pernambu'o

mais in%luen'iaram v<rias re$i;es do 0rasil* Ent-o 'om o 'res'imento desses movimentos as

li$as 'amponesas 'ome,am a emer$ir no Piauí espa,o2 na +ual essa pes+uisa vai se

'on'entrar2 voltada prin'ipalmente para a 'idade de Campo Maior*8iante de um 'en<rio na +ual a ordem dos lati%undi<rios predominava2 sur$em as li$as

'amponesas movimentos2 +ue lutariam pelos interesses dos trabal9adores +ue viviam at/

ent-o se$re$ados aos mandos e desmandos das oli$ar+uias rurais2 ou se&a2 a opress-o por 

 parte dos %a3endeiros era intensa e os arrendamentos muito 'aros impossibilitando os

trabal9adores rurais de pa$arem* ?esse 'onte=to 'omo muitos 'amponeses n-o tin9am

'ondi,;es de 'ustearem o arrendamento da terra ao propriet<rio2 este ltimo

'onse+uentemente a$ia de %orma 9ostil e a$ressiva2 amea,ando os trabal9adores de e=puls-odas terras 'omo a'onte'eu no próprio En$en9o alileia 40ASFOS2 "N7*

3 Contrato pelo +ual se 'ede temporariamente o uso e a o'upa,-o de um terreno mediante o pa$amento de uma renda ou alu$uel* 4SECREFO2 !!#2 P*N!7

4 1uantia em din9eiro pa$a pelo 'amponBs ao lati%undi<rio prati'a de%i'iente2 pois na maioria das

ve3es os trabal9adores n-o 'onse$uiam ad+uirir %undos para pre$arem a +uantia imposta pelo%a3endeiro2 $erando al$umas 'onse+uBn'ias aos trabal9adores 'omo e=puls;es das terrasespan'amentos dentre outras 9umil9a,;es na +ual os 'amponeses eram submetidos*

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A prin'ípio este movimento n-o tin9a o nome de li$a 'amponesa2 essa denomina,-o

ser< atribuída pelas %or,as 'ontrarias a or$ani3a,-o dos trabal9adores rurais de :itória de

Santo Ant-o 'omo vemos a se$uir.

1uem bati3ou a So'iedade A$rí'ola e Pe'u<ria 'om esse nome @(i$a2 em"## %oram os &ornais do Re'i%e para torn<)la ile$al* A (i$a Camponesa'ome,ou sendo 'r>ni'a poli'ial* 1ual+uer 'oisa rela'ionada 'om a (i$aestava na p<$ina poli'ial2 por+ue 'onsideravam +ue tudo o +ue a'onte'ia no'ampo n-o era sen-o uma s/rie de delitos 'ometidos pelos 'amponeses sob aorienta,-o desse %ulano de tal2 esse sen9or advo$ado e a$ora deputado +ue'riava 'on%litos2 tirando a pa3 do 'ampo* 4Entrevista 'om ran'is'o Juli-o.Jornal O Pas+uim2 edi,-o de " de Janeiro de "7* 4SI(:A2 !!2 p*L7

Fomando 'omo base a %ala de um dos prin'ipais líderes do movimento 'amponBs2

ran'is'o Juli-o podemos a%irmar +ue o título de li$a 'amponesa %oi al$o atribuído pelas

%or,as 'ontr<rias aos movimentos 'ampesinos2 dentre esses opositores o prin'ipal seriam os

 &ornais de Re'i%e2 +ue atribuíam essa denomina,-o para +ue movimento n-o $an9asse muito

 prestí$io2 tendo em vista +ue na d/'ada de N! as li$as eram sobre o 'ontrole do PC0#2 partido

+ue sempre %ora perse$uido e despresti$iado em mbito na'ional2 por de%ender ideias +ue

atin$iam as 'lasses mais abastadas da so'iedade*

8essa %orma li$ar a ima$em do movimento a %i$ura do PC0 seria uma %orma de

despresti$iar o movimento e desmorali3a)los2 9a&a vista +ue este partido representava o'omunismo e nesse 'onte=to 9avia um dis'urso anti'omunista muito intenso* :emos +ue

9aviam uma preo'upa,-o em ne$li$en'iar as li$as 'amponesas2 o próprio ran'is'o Juli-o

a%irma +ue as mat/rias sobre o movimento2 sempre estavam nas p<$inas poli'iais dos

noti'i<rios2 era 'omo se %osse uma %orma de 'riminali3ar o movimento 'amponBs2 'olo'ando)

o nas p<$inas destinadas a assuntos poli'iais*

V notório 'omo os movimentos 'amponeses %orma perse$uidos pelas %or,as

repressoras2 os lati%undi<rios %oram os prin'ipais opositores do movimento2 bem 'omo os

 &ornais da /po'a* Podemos suspeitar +ue esses noti'i<rios tin9am al$uma li$a,-o 'om os

lati%undi<rios2 9a&a vista +ue os dis'ursos pro%eridos nesses meios de 'omuni'a,-o eram a

%avor dos %a3endeiros2 uma ve3 +ue 'riti'avam as or$ani3a,;es 'amponesas2 ou se&a2 eram

 &ornais tenden'iosos e +ue estavam a %avor dos $randes %a3endeiros2 +ue em meio a

or$ani3a,-o do 'ampesinato2 via sua propriedade amea,ada2 ent-o n-o / di%í'il ima$inar +ue

esses &ornais teriam li$a,;es 'om oli$ar+uias rurais*

5 Partido Comunista 0rasileiro

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Mas n-o podemos dei=ar de desta'ar a atua,-o do PC0 no meio rural na d/'ada de N!2

9a&a vista +ue neste período sur$iram li$as 'amponesas sobre o seu 'omando2 esse / uma das

 &usti%i'ativas para atrelar os movimentos emer$entes na d/'ada de #! Q li$as 'amponesas

vi$entes na d/'ada anterior* 8iante dessas di%i'uldades e opress;es vividas pelos 'amponeses

'ome,am a se desenvolver movimentos +ue ser-o denominados de li$as 'amponesas2 'om a

'oordena,-o do PC0 4Partido Comunista 0rasileiro7 'on%orme aborda F9ia$o Moreira Melo

Silva.

8iante das limita,;es e di%i'uldades vividas pelo 'ampesinato em diversasre$i;es do 0rasil2 sobretudo na re$i-o nordeste2 &unto a sua %alta de perspe'tiva e de possíveis mel9orias / +ue se ori$inou em meados de "N!um novo movimento so'ial no 'ampo2 o +ual bus'ava representar dis'utir osinteresses do 'ampesinato no plano políti'o e so'ial em um 'en<rio em +ue o

lati%ndio e=er'ia $rande in%luBn'ia* Con%orme A3evedo 4"72 sur$idas em"N# após o %im do $overno do presidente etlio :ar$as 4"L!)"N#72 Qs primeiras (i$as Camponesas sob a dire,-o do re'/m le$ali3ado PartidoComunista 0rasileiro)PC0 tin9a 'omo um de seus ob&etivos2 obterem umamaior pro&e,-o para dis'uss;es a'er'a da situa,-o e das rela,;es a$r<riasestabele'idas no país na+uele período* Ha&a vista as barreiras impostas ao9omem do 'ampo ao tentar se or$ani3ar atrav/s de asso'ia,;es2 ou e=pressar seus interesses2 %rente a um 'en<rio em +ue predominava os interesses dos$randes propriet<rios de terras* 4SI(:A2 !!2 p*7

Como &< ressaltado a prin'ípio as li$as tiveram o apoio do PC0 4Partido 'omunista do

 brasileiro7 'om a sua entrada na ile$alidade as mesmas tamb/m n-o tiveram mais tanto

desta+ue2 uma ve3 +ue seu maior representante era o re%erido partido* O PC0 pro'ura ampliar 

as dis'urs;es a'er'a da situa,-o dos 'amponeses da /po'a2 9a&a vista +ue a situa,-o do

 pe+ueno produtor rural era pre'<ria2 o 9omem do 'ampo tentava se or$ani3ar para lutar 'ontra

a opress-o lati%undi<ria2 mas 'omo a%irma F9ia$o Moreira Melo Silva 9aviam barreiras +ue o

impossibilitam*

(uís Carlos Prestes um dos prin'ipais representantes do Partido Comunista 0rasileiro

%oi muito importante2 no +ue di3 respeito a essa ades-o do PC0 na luta dos trabal9adores

rurais2 pois '9e$ou a apresentar propostas a'er'a da re%orma a$r<ria na 'onstituinte de "NG2

mas +ue n-o obtiveram tanto B=ito o mesmo e=ibe um pro&eto2 na +ual visava de%ender os

interesses dos 'amponeses e mel9orar sua 'ondi,-o so'ial* Jo-o Pedro St/dile apresenta no

livro A +uest-o a$r<ria no 0rasil Pro$ramas de re%orma a$r<ria – "NG)!!L o dis'urso

 pronun'iado por (uís Carlos Prestes na assembleia 'onstituinte de "NG2 na +ual este ltimo

apresenta a um pro&eto de re%orma a$r<ria 4SFE8I(E2 !"7*

Como ressaltado a proposta n-o obteve muito B=ito e o movimento n-o al'an,outanto su'esso2 9a&a vista +ue o $overno aspar 8utra 4"NG)"#"7 p;e o PC0 seu maior 

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ideali3ador na ile$alidade2 dessa %orma as li$as 'amponesas %oram desestruturadas* :emos

+ue esses movimentos 'ome,am a serem perse$uidos2 'onse+uentemente seus arti'uladores

'omo %oi o 'aso do PC0 +ue a'abou sendo posto na ile$alidade2 uma ve3 +ue n-o

'ompartil9ava 'om a políti'a implantada por aspar 8utra*

 ?otamos a partir de Jo-o Pedro Stedile 4!"7 +ue as li$as 'amponesas n-o

estiveram so3in9as na sua luta2 9aviam indivíduos +ue militavam por seus interesses no

'on$resso na'ional aderindo assim Q luta dos 'amponeses e lutando 'ontra a 'on'entra,-o

%undi<ria brasileira* A ideia era um pro&eto lei +ue visava promover uma re%orma a$r<ria2 +ue

a%etaria diretamente o setor %undi<rio brasileiro2 uma ve3 +ue terra seria distribuída

i$ualitariamente2 isso seria uma a%ronta aos $randes %a3endeiros* Como a'abamos de abordar 

a atua,-o do PC0 nas li$as da d/'ada de N! devemos tamb/m desta'ar a atua,-o de ran'is'oJuli-o a %rente dos movimentos rurais a partir da d/'ada de #!2 'omo des'reve Jor$e erreira e

Wn$ela de Castro omes.

A proposta ini'ial das li$as era de%ender os 'amponeses da e=plora,-o doslati%undi<rios2 'ons'ienti3ando)os sobre suas p/ssimas 'ondi,;es de trabal9oe pro'urando es'lare'e)los de +ue tin9am direitos a re'lamar* Contudo suaorienta,-o mudou +uando ran'is'o Juli-o assumiu a lideran,a domovimento2 tornando)o mais radi'al na luta pela re%orma a$r<ria* ?a /po'aJuli-o visitou Cuba e voltou bastante in%luen'iado pela e=periBn'iarevolu'ionaria +ue o'orria na+uele país* 4ERREIRA OMES p**!"N7

Podemos per'eber a partir de Jor$e erreira e Wn$ela de Castro omes2 +ue as li$as

'amponesas %oram um dispositivo 'riado pelos 'amponeses 'ontra essas m<s 'ondi,;es +ue

os mesmos eram submetidos2 podemos a%irmar +ue o movimento toma um novo rumo

+uando ran'is'o Juli-o assume sua lideran,a2 a partir desse momento2 uma bus'a por uma

re%orma a$r<ria se torna o prin'ipal ob&etivo dos 'amponeses*

Per'ebemos +ue ran'is'o Juli-o apresentava um ideal revolu'ion<rio2 9a&a vista +ue

estava in%luen'iado pela sua visita a Cuba país latino ameri'ano +ue passara por umarevolu,-o so'ialista2 +ue o'orrera 'om o apoio do 'ampesinato 'ubano2 ou se&a2 tendo em

vista o su'esso dos 'amponeses 'ubanos2 ran'is'o Juli-o2 se torna mais otimista no +ue di3

respeito ao movimento 'amponBs no 0rasil2 nesse sentido o trabal9ador rural brasileiro

 poderia e%etivar sua luta e bus'ar seus ideais* Para entendermos mais sobre esta rela,-o entre

as li$as 'amponesas e a e=periBn'ia revolu'ionaria em Cuba nos des'reve 0ernardete

DrublevsKi Aued.

Juntamente 'om a apolo$ia a revolu,-o2 apare'e embutida a ideia dane'essidade de re%ormas radi'ais e n-o simplesmente re%ormas ambasestavam impre$nadas dos a'onte'imentos de Cuba2 de%la$rados a partir da

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entrada em Havana do e=er'ito revolu'ion<rio em de &aneiro de "#* Asolu,-o en'ontrada na+uele país pare'e ter in%luen'iado amplamente aslideran,as das li$as2 Juli-o sobretudo2 de ve3 +ue muitas semel9an,as seen'ontravam entre os trabal9adores de 'ana)de)a,'ar nordestino e 'ubanos*4AUE82 !"2 p*7

i'a evidente a partir do %ra$mento a'ima2 +ue a revolu,-o 'ubana e=er'eu uma

$rande in%luen'ia no ideal dos lideres 'amponeses brasileiros2 prin'ipalmente seus líderes

'omo ran'is'o Juli-o2 +ue en=er$a na+uela revolu,-o um modelo a ser se$uido pelo 0rasil2

 pois atrav/s da mesma poderia se e%etivar v<rias re%ormas de base +ue eram esperadas pelos

trabal9adores brasileiros* ?esse 'onte=to a revolu,-o era uma das prin'ipais ideais das

lideran,as rurais na+uele momento* Clodomir de Morais tamb/m dis'orre mais a 'er'a da

visita de lideran,as 'amponesas a 'uba 'omo veremos a se$uir.

A Revolu,-o Cubana e=er'eu $rande in%luBn'ia no 'ontedo políti'o e no'res'imento das (i$as Camponesas* Em abril de "G!2 dois diri$entes das(i$as 4ran'is'o Juli-o e Clodomir Morais7 a'ompan9aram o 'andidato Q presidBn'ia da Repbli'a Jnio 1uadros2 em sua via$em a Havana e Cara'as2de onde re$ressaram entusiasmados 'om a re%orma a$r<ria 'ubana e 'om o$rande movimento rural +ue se reali3ava na :ene3uela2 'om mais de milsindi'atos a$rí'olas e umas tre3entas li$as 'amponesas* 4MORAIS2 !"2 p*N#7

Clodomir de Morais des'reve 'omo %oi sua visita a 'uba e :ene3uela &untamente 'om

ran'is'o Juli-o2 o +ue mais '9amara a aten,-o dos dois seria a re%orma a$r<ria 'ubana +ue se

e%etivou 'om a revolu,-o após de "# e tamb/m a or$ani3a,-o dos 'amponeses da

:ene3uela +ue apresentavam diversas entidades de trabal9adores rurais2 eviden'iando +ue no

re%erido país os 'amponeses tin9am um 'ampesinato mais 'onsistente e preparado para lutar 

'ontra as opress;es en%rentadas*

 ?o 0rasil as li$as 'amponesas estavam 'ome,ando $an9ar notoriedade2 os e=emplos

'ubanos e vene3uelanos %oram %undamentais para motivar o 'res'imento desse movimento e

ampliar a luta 'amponesa pelos seus ideais* 8essa %orma Cuba poderia servir 'omo e=emplo

de re%orma a$raria e a :ene3uela 'omo um e=emplo de %orma,-o e or$ani3a,-o 'amponesa*

Mas um entrave di%i'ultava essas ideias2 pois a revolu,-o 'ubana n-o era bem vista no 0rasil2

uma ve3 +ue nesse 'onte=to 'ome,a a ser di%undido dis'ursos anti'omunistas +ue iriam

atin$ir prin'ipalmente as li$as 'amponesas*

Com a ades-o de ran'is'o Juli-o ao movimento2 as li$as $an9am uma dimens-o

maior e e=pandiram seus propósitos* Per'ebemos +ue 'ome,am a serem voltadas para um vi/s

revolu'ion<rio2 pre$ado pelo próprio Juli-o +ue tin9a Cuba 'omo o $rande e=emplo2 'om esse

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ideal as li$as 'ome,am a se e=pandir 'omo relata ran'is'o Juli-o em seu livro intitulado O

+ue s-o li$as 'amponesasX

As li$as 'amponesas2 depois de se tornarem assunto di<rio da impressa

 brasileira pondo em relevo a +uest-o da re%orma a$raria2 deram motivo aosur$imento de inmeras asso'ia,;es a$rí'olas +ue 9o&e se espal9am por todoterritório na'ional 'om os 9omens mais diversos 4***7* A li$a 'amponesa dePernambu'o2 +ue inspirou a 'ria,-o de todas as outras2 ou l9es serviu demodelo / uma or$ani3a,-o de 'ar<ter 'om &urisdi,-o para todo o estado4JU(IYO2 "G2 p*NG7

i'a evidente no relato de ran'is'o Juli-o +ue os meios de 'omuni'a,-o 'ontribuíram

 para a amplia,-o das li$as 'amponesas pelo 0rasil2 uma ve3 +ue as mat/rias eram divul$adas

nos noti'i<rios da /po'a* A %orma,-o 'amponesa de Pernambu'o %oi um dos mar'os para a

luta 'amponesa no 0rasil2 9a&a vista +ue a partir desse momento2 emer$iram diversosmovimentos 'amponeses pelo território na'ional2 'omo vemos no pró=imo par<$ra%o*

Em Campo Maior no estado do Piauí tive a oportunidade de entrevistar  (uís Jos/

Ribamar O3orio (opesG mais 'on9e'ido 'omo (uís @Eduvi$es2 'odinome +ue 9erdou de seu

 pai Jo-o @Eduvi$es (opes2 +ue se$undo o depoente era um 9omem muito 'on9e'ido na

re$i-o do Piauí e Cear< aonde per'orreu 'omprando boiada2 nessas transa,;es se tornou muito

'on9e'ido por esses territórios* (uís @Eduvi$es %oi um dos %undadores da li$a 'amponesa

dessa re$i-o e persona$em 'entral desta pes+uisa* O mesmo aborda +ue teve 'on9e'imentodas li$as 'amponesas atrav/s de &ornais da /po'a2 se$undo ele o &ornal de S-o ran'is'o* O

depoente elabora toda uma narrativa para relembrar o %ato2 'omo veremos a se$uir.

ran'is'o Juli-o2 advo$ado re'/m %ormado n/ numa 'onversa deles la2 um'om os outros n/2 os trabal9ador um 'om os outros se lamentando la prosoutros2 um disse assim rapa3 a+ui tem um doutor3in9o a$ora2 o Juli-o ele /sabido era bom seis ir la onde ele tava n/ ai ir la onde ele tava n/ 'ontar2essa 9istória pra ele +uando de %/ ele da um &eito mais isso +ue a'onte'eu'om esses morador la em Pernambu'o sempre a'onte'ia 'om outros tamb/moutros donos de en$en9o2 por+ue a+ui era dono de %a3enda la era dono de

en$en9o e %i'ava por a+uilo mesmo ai eles %oram la2 la o Juli-o re'ebeu elesmuito bem ai eles 'ontaram a 9istória4***7 'om isso2 o &ornal3in9o de Canind/ pe$ou la a reporta$em isso %oi publi'ado no &ornal e isso '9e$ou a+ui anotí'ia vin9a a notí'ia vin9a tudo das 'oisa +ue a'onte'ia por la pelo Rio deJaneiro e vin9a tamb/m as de %ora do 0rasil da Uni-o Sovi/ti'a da C9ina deoutros países o &ornal la tin9a um terror monstro ne$ó'io de 'omunismo e ainois 'ome,amos por ai bom ai4(OPES2!"#7

Esse %ra$mento aborda 'omo 'ome,ou a sa$a de (uís @Eduvi$es na %orma,-o da li$a

'amponesa em Campo Maior2 vemos o +uando os meios de 'omuni'a,-o %oram importantes

6 CamponBs da re$i-o de 'ampo maior +ue parti'ipou da 'ria,-o da A(FACAM 4Asso'ia,-o dos (avradores e

Frabal9adores de Campo Maior7 sendo seu primeiro presidente* Essa asso'ia,-o teve ini'io na %a3enda Matin9oslo'al onde morava (uís @Eduvi$es*

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nesse pro'esso de divul$a,-o do movimento* Embora muitos %ossem &ornais +ue tentavam

desmorali3ar as li$as2 esses tiveram atua,-o %undamental para +ue as notí'ias sobre a

%orma,-o desses movimentos %osse di%undidas por diversas re$i;es do 0rasil2 nesse sentido a

notí'ia '9e$a at/ (uís @Eduvi$es*

O próprio &ornal 'itado pelo entrevistado era um &ornal anti'omunista opositor das

li$as 'amponesas2 uma ve3 +ue era um periódi'o re$ido pela i$re&a 'atóli'a +ue teve $rande

in%luen'ia2 na proli%era,-o de dis'ursos a 'er'a desses movimentos* Como aborda Marlu

oliveira em sua disserta,-o de mestrado.

Al$uns $rupos dentro da I$re&a Católi'a2 na políti'a na'ional e lo'al2 em parte da 'orpora,-o militar2 no meio rural e em par'elas da so'iedade 'ivilor$ani3ada2 representaram o 'omunismo 'omo um mal +ue pre'isava ser 

'ontido* Cada $rupo re'usou)o 'omo uma possibilidade de re$imee'on>mi'o políti'o para o 0rasil2 no entanto2 'ada se$mento en%ati3ava oaspe'to ne$ativo +ue era mais importante no seu 'ombate 4O(I:IERA2!!2 p*"7

A partir de Marlu Oliveira2 vemos +ue a i$re&a 'atóli'a esteve empen9ada no

 pro'esso de 'onstru,-o e divul$a,-o de um dis'urso anti'omunista2 uma ve3 +ue pre$ava +ue

o 'omunismo seria um mal +ue +ueria se instalar2 prin'ipalmente no meio rural2 v<rias das

'ríti'as se dire'ionaram para as li$as 'amponesas2 9a&a vista +ue eram 'onsideradas

subversivas e de 'ar<ter 'omunista* A i$re&a se apropria deste dis'urso para lan,ar osreli$iosos e a so'iedade 'ontra as li$as 'amponesas* Para entendermos mais a'er'a das ideias

anti'omunistas divul$adas pela i$re&a 'atóli'a nos des'reve ran'is'o das C9a$as Atan<sio e

8ami-o de Cosme Ro'9a no arti$o sobre a li$a 'amponesa em Campo Maior.

Curiosamente2 o @&ornal3in9o2 +ue era utili3ado pela i$re&a 'omo um meiode @alertar Q 'omunidade 'atóli'a para o @peri$o 'omunista2 re'ebeu uma%orma inversa de apropria,-o por parte dos irm-os (opes* Pois ele %ora per'ebido en+uanto um re'urso para uma determinada 'ompreens-o políti'a2al/m de ser um vetor pelo +ual tiveram as primeiras re%erBn'ias ideoló$i'assobre as li$as 'amponesas* 4AFA?ASIO ROCHA2 !"L2 p*7

V %undamental per'eber 'omo o &ornal +ue tin9a o intuito de desmorali3ar as li$as2 serviu

'omo um meio pelo +ual os irm-os (uís Jos/ Ribamar O3orio (opes e Ribamar (opes*

entrassem na militn'ia 'amponesa2 pois a partir desse noti'i<rio2 viram +ue era possível

reali3ar uma or$ani3a,-o 'amponesa em Campo Maior* :emos +ue o &ornal $erou um e%eito

oposto ao seu ob&etivo2 +ue seria de %a3er 'om +ue as pessoas vissem os movimentos

'amponeses 'omo uma amea,a e se a%astassem2 mas em Campo Maior esse &ornal 'ontribuiu

7 Irm-o de (uis @Eduvi$es %oi um dos indivíduos %undamentais na %orma,-o da li$a 'amponesa deCampo Maior2 Ribamar (opes / muito lembrado pelo irm-o em sua narrativa +ue n-o dei=a deressaltar a importn'ia do mesmo na %unda,-o do movimento*

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de %orma si$ni%i'ativa para os 'amponeses2 desenvolverem a ideia de 'riar um movimento em

 prol da 'lasse* Para os Irm-os (opes2 esse &ornal se %e3 de %undamental importn'ia para

ad+uirir o 'on9e'imento a'er'a da %orma,-o das li$as 'amponesas2 a$u,ando o ideal de luta

dos 'amponeses*

 

$5 As l9as camponesas e os dscu!sos antcomunstas

Ao analisar os dis'ursos e representa,;es anti'omunista no Piauí2 a partir dos

movimentos em prol do trabal9ador rural2 per'ebemos +ue 9< de 'erta %orma uma mobili3a,-o

de diversos setores da so'iedade2 +ue tentaram se unir para barrar uma amea,a +ue se

apresentava2 denominada 'omunismo* ?este tópi'o vamos analisar os dis'ursos

anti'omunistas +ue emer$iram a partir dos movimentos 'amponeses2 bem 'omo sua atua,-o

no intuito de desmorali3ar as li$as 'amponesas* Podemos analisar essas problem<ti'as no

meio a$r<rio2 a partir dessas vis;es +ue atin$iram esses movimentos*

 ?a d/'ada G! 9avia um 'onstate medo de uma mudan,a de re$ime2 +ue atin$isse os

lati%undi<rios2 +ue detin9am a posse da terra2 9a&a vista +ue muitas dessas terras eram

improdutivas2 ou se&a2 os movimentos 'amponeses representavam de 'erta %orma uma amea,a

a essa 'lasse +ue +ueria manter suas posses2 'omo des'reve Mario rns3pan.

A re%orma a$r<ria na+uele momento2 tal 'omo de%endida pelo $overno2 por  partidos e $rupos mais Q es+uerda e por or$ani3a,;es de trabal9adores2si$ni%i'ava uma mudan,a estrutural na or$ani3a,-o do país2 eliminando oslati%ndios2 sobretudo os improdutivos distribuindo a terra entre pe+uenos produtores e suas %amílias e redu3indo a desi$ualdade no seu a'esso* Ouse&a2 era rompimento 'om o padr-o %undi<rio +ue a+ui 9avia prevale'idodesde o período 'olonial2 'om uma serie de 'onse+uBn'ias de distintasordens n-o apenas na <rea rural2 mas no país todo* 4R?STPA? !"N2 p*"7

i'a evidente +ue uma re%orma a$r<ria representava2 o rompimento de uma 'ultura +ue predominava desde o período 'olonial2 essas medidas atin$iriam as elites a$r<rias tornando a

distribui,-o territorial mais i$ualit<ria* Mas vemos +ue vai 9aver uma resistBn'ia intensa no +ue

di3 respeito a tentativa das re%ormas de base* Prin'ipalmente por parte dos $randes

lati%undi<rios +ue seriam diretamente atin$idos por essas políti'as voltadas para o meio rural*

Embora tiv/ssemos terras improdutivas sobre poder dos %a3endeiros2 os mesmos n-o +ueriam

+ue suas propriedades %ossem alvo de uma re%orma a$r<ria2 +ue bene%i'iasse as 'lasses menos

%avore'idas*

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8iante dessas políti'as +ue priori3avam uma re%orma a$r<ria2 'ome,am a sur$ir v<rias

diver$Bn'ias entre or$ani3a,;es 'amponesas e %a3endeiros* Assim2 'ome,am a proli%erar 

diversos dis'ursos a 'er'a dos movimentos 'amponeses da /po'a* A partir desses embates e

diver$Bn'ias 'onstatamos +ue o dis'urso anti'omunista vai se tornar %re+uente e %oi uma das

%ormas2 para tentar desmorali3ar or$ani3a,;es 'amponesas e políti'as +ue de%endiam a

re%orma a$r<ria* Esses movimentos %oram identi%i'ados 'omo movimento de 'un9o 'omunista

e a meta dos opositores eram 'ombater de +ual+uer %orma de a$ita,-o +ue tivesse essa

ideolo$ia 'omo a%irma Jor$e erreira e Wn$ela de Castro omes.

Eles bus'avam sempre 'ombater os 'omunistas e o 'omunismo2 en%im ases+uerdas2 entendidas 'omo inimi$as da p<tria 'apa3es de lan,<)la no 'aos

das a$ita,;es políti'as e so'iais* O dis'urso n-o era novo2 tendo %ortesante'edentes nos anos L!2 mas +ue $an9ava novo ímpeto ante o peri$oso'iali3ante da revolu,-o 'ubana2 +ue alimentava as in+uieta,;es dosEstados Unidos +uanto aos rumos dos re$imes políti'os latinos ameri'anos4ERREIRA OMES2 !"N2 p* GN7*

Per'ebemos +ue o dis'urso anti'omunista era pro%erido muito antes das li$as

'amponesas entrarem em vi$or2 mas +ue no iní'io da d/'ada de G! $an9a um novo motivo

 para se ampliar e se tornar mais %orte2 uma ve3 +ue em "# a'onte'era a revolu,-o 'ubana2

'ompreendemos a partir do %ra$mento a'ima +ue em de'orrBn'ia do a'onte'ido em Cuba2 os

Estados Unidos da Am/ri'a tamb/m entram em 'ena 'ontribuindo para +ue o anti'omunismo

se tornasse 'ada ve3 mais %orte e pro'urando atin$ir os movimentos so'iais2 uma ve3 +ue este

ltimo tin9a re'eio +ue uma revolu,-o se e%etivasse no 0rasil 2 pois isso dei=aria o blo'o

so'ialista mais %orte*

A emer$Bn'ia de li$as 'amponesas no Piauí impli'ou o sur$imento2 de uma s/rie de

dis'ursos anti'omunistas +ue estavam pautados na +uest-o a$r<ria 'on%orme aponta Marlu

Oliveira em sua disserta,-o de mestrado.

Ainda no %inal do ano de "G! e estendendo)se at/ o ano de "GN2 o'omunismo en'ontra outra de%ini,-o2 dessa ve3 li$ada Q ideia do %im da propriedade privada2 prin'ipalmente a propriedade rural* Essa si$ni%i'a,-odo 'omunismo estava diretamente li$ada Q propa$a,-o das (i$asCamponesas e Qs or$ani3a,;es sindi'ais do 'ampo no 0rasil e2 em espe'ial2no Piauí2 o'orridas nos anos de "G"2 "G e "GL* 4O(I:EIRA2 !!2 p*#N7

8 O anti'omunismo vai sur$ir 'om mais veemBn'ia nesse período2 uma ve3 +ue em "# Cuba adereao re$ime so'ialista2 ent-o n-o seria di%í'il ima$inar uma revolu,-o so'ialista no 0rasil2 tendo emvista +ue um país latino ameri'ano '9e$ara a um re$ime so'iali3ante*

9 A possibilidade de uma revolu,-o 'omunista no 0rasil2 atormentava os Estados Unidos da Am/ri'a2uma ve3 +ue isso mar'aria a perda de um aliado para a Uni-o Sovi/ti'a*

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A autora des'reve 'omo o 'omunismo tomou outra dimens-o 'om os movimentos

'amponeses2 uma ve3 +ue passou a se voltar para o meio a$r<rio dire'ionando)se para as

mani%esta,;es 'amponesas +ue se apresentavam em %ormas de movimentos 'omo li$as e

sindi'atos2 ou se&a2 as %ormas de di%us-o dos dis'ursos sobre o 'omunismo ad+uirirem outra

 perspe'tiva2 tendo 'omo alvo os 'amponeses* ?as min9as pes+uisas no ar+uivo pbli'o do

estado do Piauí pude per'eber +ue al$uns &ornais da /po'a apresentam diversas 'ríti'as ao

'omunismo atrelando essa ideolo$ia aos movimentos +ue se restrin$iam aos interesses dos

'amponeses* A se$uir veremos um %ra$mento a 'er'a da revolu,-o 'omunista e 'omo esse

tema era abordado nos noti'i<rios.

eralmente2 as revolu,;es s-o san$rentas e se revestem de aspe'tos de'rime2 por+uanto2 para se atin$ir um ideal2 no mais das ve3es2 se usam maios'onsiderados por muitos2 inde%inidos 4***7* Assim2 a Revolu,-o russaori$inou)se das e=orbitn'ias da aristo'ra'ia2 em detrimento do e+uilíbrio popular tamb/m a Revolu,-o 'ubana %oi $erada pelos desmandos de um'ontinuísmo2 pre&udi'ando o povo* Z***[ A Repbli'a dos Estados Unidos do0rasil2 'ontrariamente ao +ue o'orre nos Estados Unidos da Am/ri'a do ?orte2 se n-o sur$irem providBn'ias e=tremamente ne'ess<rias2 de parte dosrespons<veis pelo $overno2 ser< atin$ida2 dentro de pou'o tempo2 por umasitua,-o 'apa3 de provo'ar uma revolu,-o de 'onse+uBn'ias imprevisíveis2mas peri$osa +ue a russa e mais san$renta +ue a 'ubana* 4COSFA2 "G2 p*"7

Per'ebemos o +uanto o dis'urso do &ornal desmorali3a as revolu,;es 'omunistas2mostrando um alerta para +ue o 0rasil n-o %osse atin$ido pelo 'omunismo e n-o se$uisse o

mesmo rumo de Cuba e Uni-o Sovi/ti'a2 o título da mat/ria %a3 alus-o Qs revolu,;es @A

ori$em das revolu,;es* A d/'ada de G! se 'on%i$ura 'omo um período2 na +ual mundo vivia

sobre uma enorme tens-o e medo de um 'on%lito entre dois países +ue viviam em 'onstante

amea,a2 Estados Unidos da Am/ri'a e Uni-o Sovi/ti'a2 'ada um tentando de%ender seu

sistema e'on>mi'o políti'o e so'ial2 ou se&a2 a Uni-o Sovi/ti'a 'om o so'ialismo e os Estados

Unidos 'om 'apitalismo2 +ue era o sistema vi$ente na /po'a no 0rasil* ?esse 'onte=to2 9< uma mobili3a,-o muito $rande da imprensa anti'omunista em

di%amar países 'omo Cuba e Uni-o Sovi/ti'a 'omo vemos no &ornal2 nesse 'onte=to Martina

Spo9r on,alves aborda 'omo as revolu,;es in%luen'iaram tanto nos dis'ursos 'omo na

 propa$anda @A possibilidade da implementa,-o do 'omunismo real atrav/s de revolu,;es

lo'ali3adas em países sob a óti'a 'apitalista propor'ionou2 sem dvida2 o aumento de

dis'ursos e propa$anda anti'omunistas* 4O?SA(:ES2 !"!2 p*L7 esse %ra$mento nos

 possibilita entender2 'omo as revolu,;es propi'iaram a e=pans-o do anti'omunismo por 

diversos lo'ais do mundo* V %undamental per'ebermos +ue no Piauí esse tipo de atitude por 

 parte da imprensa %oi %re+uente2 a passa$em do &ornal des'reve a'er'a das revolu,;es2 dessa

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%orma %i'a nítido +ue atin$ir essas revolu,;es atrav/s de dis'ursos %oi uma das estrat/$ias

anti'omunistas para desmorali3ar os re$imes 'omunistas*

A mat/ria se mostra bem a$ressiva ao abordar a tem<ti'a das revolu,;es2 pro'urando

e=por 'omo s-o suas 'ara'terísti'as e o peri$o das mesmas2 se desenvolverem no 0rasil2 a

se$uir veremos o a ideia de Rodri$o de S< Motta a'er'a das 'onstru,;es sobre o 'omunismo.

Essen'ialmente2 o 'omunismo %oi identi%i'ado Q ima$em do @mal2 tal +ualas so'iedades 9umanas normalmente entendem e si$ni%i'am o %en>meno2li$ando)o Q ideia de so%rimento2 pe'ado e morte* A a,-o dos 'omunistastraria %ormas de so%rimento 'omo %ome2 mis/ria2 tortura e es'ravi3a,-o anova or$ani3a,-o so'ial por eles proposta impli'aria em pe'ado2 pois+uestionava a moral 'rist- tradi'ional de%endendo o divór'io2 o amor livre eo aborto e a morte estaria sempre a'ompan9ando o rastro dos bol'9evi+ues2a +uem se a'usava de assassinar em massa seus oponentes e de provo'ar 

$uerras san$rentas* 4MOFFA2 !!!2 p*7

A passa$em a'ima nos permite problemati3ar ainda mais a notí'ia divul$ada no &ornal2

uma ve3 +ue o relato de Rodri$o de S< Motta denota de %orma 'lara 'omo o 'omunismo era

identi%i'ado2 vemos +ue 9avia uma preo'upa,-o em atrelar o mesmo <s ma3elas so'iais2 'omo

se isso a'onte'esse apenas nos re$imes 'omunistas* Constatamos +ue li$ar a ima$em desses

re$imes aos problemas en%rentados pela so'iedade2 era uma %orma de alertar a mesma de um

 peri$o +ue poderia se instalar e provo'ar @%ome2 mis/ria2 tortura es'ravid-o2 ou se&a2 / nítido

'omo os dis'ursos pro'uravam provo'ar um temor na popula,-o2 %a3endo 'om +ue oindivíduo se ima$inasse inserido em um meio 'omo esse2 'onse+uentemente impulsionando

as pessoas a pro%erir esse dis'urso2 'om o intuito de indu3ir outros seres a lutar 'ontra o

'omunismo*

 ?esse 'onte=to2 os &ornais e=er'eram %undamental importn'ia para manipular a

opini-o publi'a2 'riando estereótipos para os re$imes 'omunistas 'omo vimos na mat/ria

 publi'ada no &ornal* Outro aspe'to +ue se %e3 essen'ial para a divul$a,-o do anti'omunismo

%oi atin$ir a reli$iosidade2 mostrando +ue o 'omunismo a%etaria todas as ideias 'rist-s etamb/m atin$iria a %amília2 dessa %orma 'ompreendemos +ue os enun'iados pro'uravam

v<rios meios para '9e$ar ate a popula,-o2 ou se&a2 s-o estrat/$ias +ue atin$em aspe'tos

tradi'ionais da so'iedade2 %a3endo 'om +ue a mesma se sinta atin$ida*

 ?os anos +ue ante'edem o $olpe militar2 vamos per'eber +ue a palavra 'omunismo vai

'ausar medo nas 'amadas privile$iadas2 sendo +ue 9avia a Uni-o Sovi/ti'a e C9ina 'om um

re$ime so'ialista e Cuba2 a'abara de aderir a tal re$ime e 'om isso os dis'ursos sobre o

'omunismo 'ome,am a emer$ir2 e %i'arem mais %re+uentes no país2 sendo +ue C9e uevaraa%irmava +ue a $uerril9a no 'ampo era mais bem su'edida @por+ue $uerril9eiros e

'amponeses apoiam)se re'ipro'amente e operam em lu$ares onde as %or,as repressivas n-o

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 podem '9e$ar 4MORAES2 !"L2 p*LL7 ent-o para C9e uevara uma $uerril9a no 'ampo

teria mais su'esso2 ou se&a2 o 'ampo propi'iara uma maior %a'ilidade para os revolu'ion<rios

'9e$arem aos seus ob&etivos2 dessa %orma o 'amponBs se apresentava 'omo uma amea,a para

os anti'omunistas pelo motivo de poderem promover uma revolu,-o so'ialista no 0rasil2

assim 'omo a'onte'eu em Cuba"!*

A se$uir vemos uma mat/ria intitulada @Pro%essora ensina 'omunismo Qs 'rian,as2

 publi'ada no &ornal ol9a da Man9-2 a notí'ia tem 'omo base o dis'urso anti'omunista

 pro%erido em 'ima das li$as 'amponesas no Piauí.

Pessoas da 'omprovada idoneidade moral2 pro'uraram Q tarde de ontem2 areda,-o deste &ornal2 a %im de pedir providen'ias a +uem de direito2 'ontra a'onduta de uma pro%essora da es'ola rural de Ita&aíba2 muni'ípio de Jos/ de

reitas* 8*Maria da ?atividade2 eis a pessoa +ue re'<i a denn'ia2'ertamente re'ebendo orienta,-o de elementos +ue a inspiram2 'omo ossen9ores C9a$as Rodri$ues e E=peridi-o 4os %amosos a3es das (i$asCamponesas do Piauí7 vem %a3endo pre$a,-o subversiva para os seus alunos2o +ue 'onstitui sem duvida al$uma um s/rio peri$o para a edu'a,-o einstru,-o das 'rian,as +ue %re+uentam a+uela es'ola* A+ui2 pois2 %i'a'onsi$nada a denun'ia +ue %oi tra3ida Q reda,-o de ol9a da Man9- e onosso de apelo para +ue a autoridade 'ompetente tome as providen'ias'abíveis 4O(HA 8A MA?HY2 "G7

V interessante per'eber 'omo os indivíduos de diversos lo'ais2 estavam proli%erando

esses os dis'ursos anti'omunistas2 uma ve3 +ue o &ornal aborda a denn'ia de pessoas a uma pro%essora +ue estaria ensinado 'omunismo aos alunos* ?esta mat/ria2 %i'a evidente a

 perse$ui,-o as li$as 'amponesas2 uma ve3 +ue a mesmas 'ita Jos/ Esperidi-o ernandes líder 

da A(FAFE"" e C9a$as Rodri$ues $overnador +ue apoiou o movimento* A publi'a,-o '9ama

aten,-o pelo %ato de partir da 3ona rural2 nesse sentido 'ompreendemos +ue os próprios

indivíduos +ue viviam no meio rural proli%eravam um dis'urso 'ontra os movimentos

'amponeses* ?essa perspe'tiva MiK9ail 0aK9tin apresenta uma ideia a'er'a dos símbolos e

das representa,;es +ue s-o 'riadas em 'ima de al$o tornando)o um si$no ideoló$i'o.

Um instrumento n-o possui um sentido pre'iso2 mas apenas uma %un,-o.desempen9ar este ou a+uele papel na produ,-o* E ele desempen9a essa%un,-o sem re%letir ou representar al$uma outra 'oisa* Fodavia2 uminstrumento pode ser 'onvertido em si$no ideoló$i'o. / o 'aso2 por e=emplo2da %oi'e e o martelo 'omo emblema da Uni-o Sovi/ti'a* A %oi'e e o martelo

10 A ideia de C9e uevara em promover uma $uerril9a no 'ampo vai de 'erta %orma rea%irmar para osanti'omunistas +ue 9avia um peri$o das li$as 'amponesas reali3arem uma revolu,-o a partir do meiorural2 uma ve3 +ue C9e uevara %ora um dos revolu'ion<rios +ue arti'ularam a revolu,-o 'ubana*

11Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Feresina2 +ue teve seu prin'ipal arti'ulador Jos/ Esperidi-o ernandes*

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 possuem2 a+ui2 um sentido puramente ideoló$i'o todo instrumento de produ,-o pode2 da mesma %orma2 se revestir de um sentido ideoló$i'o. osinstrumentos utili3ados pelo 9omem pr/)9istóri'o eram 'obertos derepresenta,;es simbóli'as e de ornamentos2 isto /2 de si$nos* 40A5HFI?2!!2 p*L")L7

As palavras de MiK9ail 0aK9tin2 se inserem de 'erta %orma nesse 'onte=to +ue esta

sendo abordado2 sobre 'onstru,-o de dis'ursos a'er'a do 'omunismo2 uma ve3 +ue esta

ideolo$ia $an9a um novo sentido na perspe'tiva anti'omunista2 ou se&a2 podemos analisa)lo

de duas %ormas o 'omunismo para os 'omunistas e o 'omunismo para os anti'omunistas2

ser-o denota,;es diver$entes 'ada uma se$ue uma %orma de pensar o mesmo o ob&eto 'riando

si$ni%i'a,;es e interpreta,;es*

O e=emplo da %oi'e e do martelo se %a3 %undamental para entendermos essa

 perspe'tiva trabal9ada2 pois 'om base neste símbolo %oram 'riadas diversas representa,;es2 ou

se&a2 para a so'iedade sovi/ti'a tin9a um si$ni%i'ava a revolu,-o2 o re$ime dentre outras

diversas 'on'ep,;es eram 'riadas partir da ideia do indivíduo e da so'iedade2 'on%i$urando o

sur$imento de representa,;es* Os anti'omunistas por sua ve3 'riaram diversos 'on'eitos e

si$ni%i'ados para o 'omunismo2 bem 'omo para as revolu,;es +ue permitiam '9e$ar ao

re$ime2 vemos isso nos &ornais analisados2 o primeiro des'reve sobre os pro'essos

revolu'ion<rios o se$undo nos permite analisar 'omo as pessoas representavam o 'omunismoatrelando)o as li$as 'amponesas2 %i'a nítido 'omo a so'iedade vin'ulou a ima$em do

movimento 'amponBs ao 'omunismo2 'omo uma %orma mostrar o peri$o +ue o ensino da

ideolo$ia representava e 'onse+uentemente despresti$iando as or$ani3a,;es 'amponesas2 uma

ve3 +ue a mat/ria a%irma +ue seus lideres estariam ali'iando a pro%essora*

A'er'a desses dis'ursos anti'omunistas2 nos des'reve Ri'ardo Ant>nio Sousa Mendes2

na +ual o mesmo a%irma +ue 9avia duas %ormas de anti'omunismo2 um +ue ante'edera a

revolu,-o russa 'omo vemos a se$uir @oposi,-o do status +uo 'ontra uma ideolo$ia +ue

arti'ulasse a luta da 'lasse trabal9adora e outra após tal revolu,-o @de uma luta 'ontra

tentativas de or$ani3a,-o de uma so'iedade 'ontrolada pela 'lasse trabal9adora 4ME?8ES2

!!L2 apud O(I:EIRA2 !!2 p*)L7 ent-o a partir da /po'a do 'onte=to 9istóri'o e de seus

desdobramentos os dis'ursos anti'omunistas ter-o perspe'tivas diver$entes2 antes de ""

nen9uma so'iedade tin9a passado por uma revolu,-o 'omunista2 após o período 9aver< de

%ato outra preo'upa,-o2 pois o +ue estava apenas no papel %oi posto em pr<ti'a2 'om base nos

es'ritos mar=istas o'orreu a revolu,-o do proletariado* Portanto 9avia a preo'upa,-o em

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'onter +ual+uer a$ita,-o +ue pudesse ser uma amea,a +ue propor'ionasse uma revolu,-o da

'lasse trabal9adora* 

Após "" o anti'omunismo / inserido nos noti'i<rios2 apresentando enun'iados +ue sere%eriam prin'ipalmente a Rssia* (evantando dis'ursos a'er'a das 'ondi,;es so'iais vividas

na+uele país e abordando 'on'eitos +ue visavam apresentar o 'omunismo 'omo uma amea,a2

ou se&a2 a imprensa se apoiaria na Rssia2 elaborar esses dis'ursos* 4COHE?2 !!7* Para

entendermos mais sobre a emer$Bn'ia de dis'ursos nos des'reve Marlu Oliveira @O su&eito

+ue 'onstrói um dis'urso anti'omunista2 ou +ual+uer outro dis'urso2 o %a3 'om a inten,-o de

%alar para um outro su&eito2 e trans%ormar seu enun'iado em verdade 4O(I:EIRA2!!2

 p*#)G72 o dis'urso anti'omunista 'ria uma ima$em sobre o 'omunismo2 +ue tem por 

ob&etivo despresti$iar tal ideolo$ia2 +ue vai ser atribuída aos movimentos rurais 'omo as li$as

'amponesas +ue 'ome,am a serem perse$uidos por lati%undi<rios2 pela i$re&a e pela própria

so'iedade 'omo vimos na mat/ria do &ornal*

Ent-o diante do sur$imento de movimentos rurais2 'ome,am a emer$ir v<rios

dis'ursos %un'ionaram 'omo um me'anismo +ue de 'erta %orma tenta impor uma verdade2

 partil9ada pelo próprio indivíduo +ue est< sendo de 'erta %orma manipulado2 +ue a'aba

'ompartil9ando do mesmo dis'urso2 +ue tentar< es'onder uma realidade2 'omo apresenta amat/ria do &ornal ol9a da Man9-2 dessa %orma nos apropriamos das palavras de Mi'9ael

ou'ault.

Supon9o +ue em toda so'iedade a produ,-o do dis'urso / ao mesmo tempo'ontrolada2 sele'ionada2 or$ani3ada e redistribuída por 'erto nmero de pro'edimentos +ue tem por %un,-o 'on&urar seus poderes e peri$os2 dominar seu a'onte'imento aleatório es+uivar da pesada e temível materialidade*4OUCAU(F* "G p*7*

V nítido +ue em toda ordem so'ial2 9< Q elabora,-o de uma s/rie de 'ondutas edis'ursos +ue partem de um setor so'ial +ue tenta manter os indivíduos en+uadrados em uma

ordem vi$ente na+uele espa,o* Esses dis'ursos a'abam sendo 'ontrolados por uma %orma de

 poder e uma rela,-o de interesses2 ou se&a2 indivíduos +ue +uerem manter uma 9e$emonia

so'ial e 'ome,am a pro'urar meios2 na +ual seus interesses e poderes n-o se&am atin$idos*

Em todo e +ual+uer $rupo so'ial 9< uma rela,-o de poder e domínio2 pautada em

dis'ursos +ue est-o Q %rente desses $rupos so'iais2 +ue s-o baseados nos interesses de

indivíduos +ue pro'uram dominar outros su&eitos2 nesse sentido podemos nos apropriar das palavras de Mi'9el ou'ault @O dis'urso n-o / simplesmente a+uilo +ue tradu3 as lutas ou os

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sistemas de domina,-o2 mas a+uilo pelo +ue se luta2 o poder de +ue +ueremos nos apoderar*

4ou'ault "G2 p*"!7 ent-o o +ue vai a'onte'er 'om o anti'omunismo +ue ser< uma

elabora,-o de dis'ursos sobre o 'omunismo2 +ue a$ir< 'omo um me'anismo +ue de 'erta

%orma tentar< impor uma verdade para 'onter essas ideias so'iali3antes lon$e da so'iedade

 brasileira*

O dis'urso serve 'omo me'anismo de domina,-o de uma so'iedade ou de um $rupo

so'ial2 +uando 9< desviantes" este ltimo a'aba sendo de 'erta %orma se$re$ado* A partir 

desta ideia +ue esta sendo trabal9ada2 podemos 'itar 5arl Mar= e riedri'9 En$els na +ual

%a3em uma des'ri,-o a'er'a das perse$ui,;es ao 'omunismo.

Um espe'tro ronda a Europa. o espe'tro do 'omunismo* Fodas as poten'iasda vel9a Europa se uniram em uma santa 'ampan9a di%amatória 'ontra ele. o papa e o '3ar2 metterni'9 e $ui3ot2 radi'ais %ran'eses e poli'iais alem-es* 4***71ual partido de oposi,-o n-o %oi +uali%i'ado de 'omunista por seusadvers<rios no poderX 1ual partido de oposi,-o2 por sua ve32 n-o lan,ou devolta a a'usa,-o de 'omunista2 tanto a outros opositores mais pro$ressistas+uanto a seus advers<rios rea'ion<riosX 4MAR6 E?E(S2"N2 p*#7

Como aborda 5arl Mar= e riedri'9 En$els no livro mani%esto 'omunista +ual partido

de oposi,-o nun'a %oi '9amado de 'omunistaX Ou se&a2 tudo +ue %a3 oposi,-o a uma %orma de

domina,-o ou poder ou a +uem est< no poder ir< ser 'riado um estereótipo +ue visa

denominar a+uilo 'omo uma amea,a +ue deve ser 'ombatida* Ent-o per'ebemos +ue o

dis'urso anti'omunista estava atrelado a +ual+uer movimento +ue envolvesse as massas

trabal9adoras independentemente da 'lasse2 'omo vemos os próprios 'amponeses n-o

es'aparam desse ata+ue* ?esse sentido nos apropriamos das palavras de Maria Isabel Moura

Almeida.

A luta 'ontra o 'omunismo representava assim2 a luta 'ontra o estran$eiro

lo'ali3ado @'on'retamente2 sobretudo2 nos russos2 ou mel9or2 na revolu,-orussa2 o maior re%erente do dis'urso anti'omunista* Prova inso%ism<vel dos9orrores +ue seriam implantados pelo 'omunismo em +ual+uer lu$ar +ueeste e=istisse* Os @a$entes de Mos'ou representavam amea,a Qna'ionalidade2 uma ve3 +ue 'ondu3iam as massas – e essa / sempre a $rande preo'upa,-o – sensíveis Q propa$anda e subvers-o 'omunista2 a atitudese=tremistas* 4A(MEI8A2 !!L2 p*L7

A e=periBn'ia da revolu,-o russa se mostrava 'omo uma amea,a2 uma ve3 +ue poderia

in%luen'iar outros países a bus'arem um novo sistema e'on>mi'o e so'ial 'omo 9avia

12 Uso o termo desviantes para 'ate$ori3ar a a+ueles indivíduos +ue %o$em as normas estabele'idas pela so'iedade na +ual est-o inseridos.

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a'onte'ido na Rssia* Os dis'ursos anti'omunistas ir-o $irar nessa perspe'tiva e atin$ir o +ue

representasse uma amea,a ao sistema vi$ente* 8iante dessas situa,;es e perturba,;es +ue o

 país vivia2 a'onte'eram uma s/rie de dis'ursos +ue tendiam manter a so'iedade alerta para

essas @amea,as +ue +ueria se instalar no 0rasil e 'omo vimos os dis'ursos na maioria das

ve3es estavam atrelados aos movimentos so'iais +ue estavam a'onte'endo nessa /po'a2 'omo

as propostas de re%orma a$r<ria presentes nesse período e +ue amea,am a 9e$emonia

lati%undi<ria2 partindo desse vi/s a$r<rio inteiramos nós 'om as a$ita,;es 'amponesas2 +ue

'ome,am a sur$ir 'riando institui,;es2 sindi'atos e li$as para bus'arem seus direitos isso

representava 'omunismo e a luta teria +ue ser 'onstante*

 ?esse 'onte=to2 a implanta,-o2 do 'omunismo vai se tornar um medo %re+uente2 após a

revolu,-o e o sur$imento do re$ime na Uni-o Sovi/ti'a2 e na d/'ada de G! o medo se tornouainda mais 'onstante2 pois n-o tem somente2 o país 'itado anteriormente mas C9ina e tamb/m

Cuba &< tin9am aderido a tal re$ime2 ent-o esses dis'ursos anti'omunistas sur$em 'om mais

vi$or %re+uentes somente no Piauí2 mas no 0rasil +ue vai viver 'om um 'onstate medo de uma

revolu,-o 'omunista*

Os próprios militares em "GN para promoverem a interven,-o militar2 se apropriaram

nesse dis'urso anti'omunista para barrar esses indivíduos identi%i'ados 'omo de ideolo$ia

'omunista"L  uma ideolo$ia n-o 'ondi3ente 'om a do país2 sendo assim muitos %oram

 perse$uidos pelos militares +ue tentaram 'onter e a'abar 'om esses movimentos 'onsiderados

subversivos2 uma ve3 +ue essas a$ita,;es 'onstituíam uma amea,a ao 'apitalismo2 no ide<rio

dos anti'omunistas2 uma ve3 +ue ris'o de uma revolu,-o so'ialista era 'onstante2 nesse

sentido aborda 8aniel Ar-o Reis @salvar o pais da subvers-o e do 'omunismo2 da 'orrup,-o e

do populismo 4REIS2 !!2 p*LL72 vemos +ue os militares atribuíram sua interven,-o 'omo

um bem para o país2 pois estariam salvando o 0rasil de uma ditadura 'omunista*

$5; Mo8mento campon<s no Pau= 

Es'ol9emos para ini'iar esse tópi'o2 %a3er uma re%le=-o sobre as rela,;es +ue s-o

travadas em um meio so'ial2 pois em todas as so'iedades as rela,;es s-o re$idas do ponto de

vista do opressor e do oprimido* Essas rela,;es %oram se 'onstituindo ao lon$os dos anos2 as

9ierar+uias e=istentes nas so'iedades2 s-o %rutos do desenvolvimento de um meio so'ial

13 8iversos indivíduos +ue militavam em movimentos so'iais da /po'a eram identi%i'ado 'omo'omunista2 estudantes2 'amponeses oper<rios dentre outras 'lasse +ue promoviam movimentos paraserem representados

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 pautado num me'anismo de domina,-o2 'on%i$urando uma luta +ue se desenvolveu ao lon$o

da 9istória2 tendo em vista a bus'a do 9omem pelo poder2 'onse+uentemente desenvolvendo

as opress;es +ue nos deparamos no seio das so'iedades*

Evidentemente +ue n-o podemos a+ui a%irmar +ue todos os momentos da 9istória as

%ormas de domina,-o ser-o as mesmas* Conven9amos +ue as %ormas de domínio de /po'as

 passadas n-o s-o 'omo as %ormas de domínio dos dias atuais2 9a&a vista +ue todos os períodos

ten9am suas parti'ularidades suas in%luBn'ias e seu modo de pensar2 nessa perspe'tiva nos

des'revem 5arl Mar= e riedri'9 En$els.

A 9istória de todas as so'iedades +ue e=istiram at/ nossos dias tem a sido a9istoria das lutas de 'lasses* 4***7 Homem livre e es'ravo2 patrí'io e plebeu2 bar-o e servo2 mestre de 'orpora,-o e 'ompan9eiro2 numa palavra2opressores e oprimidos2 em 'onstante oposi,-o2 tem vivido numa $uerraininterrupta2 ora %ran'a2 ora dis%ar,ada uma $uerra +ue terminou sempre2 ou por uma trans%orma,-o revolu'ionaria2 da so'iedade inteira2 ou peladestrui,-o das duas 'lasses em luta* 4MAR62 E?E(S2 "N2 p*G7

8essa %orma per'ebemos +ue ao lon$o da 9istória2 9ouveram lutas entre indivíduos de

um meio so'ial e 'lasses distintas2 +ue entram em 'onstante 'on%ronto2 em de'orrBn'ia dessas

rela,;es de opress-o +ue s-o travadas neste meio* Como esta pes+uisa se 'ompreende no

movimento 'amponBs no Piauí2 dentre as 'amadas so'iais 'itadas anteriormente 4'lasses7 por 

5arl Mar= e riedri'9 En$els2 e=ploramos a+ui mais duas +ue ao lon$o do tempo viveram em

'onstante luta2 +ue seria os lati%undi<rios e 'amponeses*

 ?o Piauí na d/'ada de G!2 os 'amponeses 'ome,am a desenvolver movimentos 'om o

intuito de se reunirem para lutarem em bus'a de seus direitos2 prin'ipalmente em Asso'ia,-o

de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas2 o &ornal a se$uir apresenta os avan,os dos

movimentos 'amponeses no Piauí.

O movimento 'amponBs no 0rasil2 notadamente as vitórias 'on+uistadas pelo 9omem do 'ampo nos estados do sul2 vem reper'utindo %avoravelmenteno estado do Piauí2 'u&os lavradores e trabal9adores a$rí'olas tomam'ons'iBn'ia de seu papel na luta pela re%orma a$r<ria radi'al* Os 'amponeses piauienses or$ani3am)se tamb/m em asso'ia,;es para lutarem unidos por seus interesses* 4FERRA (I:RE2 "G p* !L7

A partir da mat/ria do &ornal Ferra (ivre2 vamos per'eber +ue no 0rasil o movimento

'amponBs 'ome,a a 'res'er e se espal9ar pelo território2 no Piauí n-o %oi di%erente os

trabal9adores rurais tamb/m aderiram as lutas 'amponesas* Um dos ob&etivos apresentados namat/ria seria a re%orma a a$r<ria2 9a&a vista +ue na+uele 'onte=to muitos trabal9adores rurais2

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viviam a$re$ados nas terras dos $randes propriet<rios2 'onse+uentemente eram submetidos a

 pa$amento de uma renda* ?esse sentido lutar pela re%orma a$r<ria seria uma das maneiras de

ad+uirir independBn'ia2 pois dessa %orma teriam a'esso a terra e n-o %i'ariam submetidos a

9umil9a,;es dos lati%undi<rios / interessante notarmos +ue no Piauí a 'oloni3a,-o se deu por 

meio das $randes %a3endas e no mbito da d/'ada de G!2 isso de 'erta %orma ainda

 predominava*

Ent-o para lutar 'ontra o lati%ndio em bus'a de independBn'ia o 'ampesinato

 piauiense2 'ome,a a promover esses movimentos tais 'omo asso'ia,;es e sindi'atos rurais2

+ue visavam de%ender o 9omem do 'ampo* Os 'amponeses tendo 'ons'iBn'ia de sua situa,-o

 per'ebem +ue sua atua,-o na luta pela re%orma a$r<ria seria de %undamental importn'ia2 at/

 por+ue seriam bene%i'iados 'om essa distribui,-o das terras* Se pro'urarmos entender a

rela,-o entre 'amponBs e lati%undi<rio2 podemos desta'ar +ue era uma situa,-o opressiva2

uma ve3 +ue o %a3endeiro tin9a o trabal9ador 'omo uma propriedade2 nesse sentido vamos ter 

diverso abusos aos 'amponeses2 +ue partiam dos %a3endeiros 'omo amea,as e espan'amentos

ent-o a partir dessas 9umil9a,;es2 o trabal9ador passa entender +ue ele tem direitos de %ormar 

asso'ia,;es +ue possam l9e de%ender*

* ?esse 'onte=to temos diversos 'asos de morte de 'amponeses 'ausadas a partir de'on%rontos 'om lati%undi<rios2 vemos isso 'om base no livro de Ana Carneiro2 intitulado

Retrato da Repress-o Políti'a no Campo – 0rasil "G)"#. Camponeses torturados2 mortos

e desapare'idos2 na +ual a mesma relata diversas mortes 'ausadas por esses 'on%litos* ?essa

in'essante luta pela terra os menos %avore'idos sempre saiam em desvanta$em2 uma ve3 +ue

n-o tin9a 'omo um trabal9ador resistir 'ontra os %a3endeiros e os seus &a$un,os2 ent-o esses

movimentos +ue sur$iram em ben/%i'o dos 'amponeses*

 ?o Piauí os trabal9adores rurais 'ome,am a se movimentar para promover asso'ia,;es

de trabal9adores para lutar por seus interesses2 na 'idade de Parnaíba os 'amponeses

 pro'urando %ormas de 'onter as opress;es e amea,as2 na +ual eram submetidos promovem a

Asso'ia,-o Pro%issional dos Camponeses e (avradores de Parnaíba2 +ue tin9a por intuito lutar 

a %avor dos 'amponeses2 uma ve3 +ue os mesmos viviam amea,ados pelos %a3endeiros da

re$i-o2 podemos analisar essa problem<ti'a a partir do &ornal Ferra (ivre.

rileiros invadem a Il9a rande de Santa I3abel – Resisten'ia 9eroi'a da

Asso'ia,-o dos Camponeses e (avradores de Parnaíba ) um vel9o 'a&ueiro /sede da or$ani3a,-o 'amponesa* 4***7 Compreendendo +ue a luta 'ontra a perse$ui,-o dos (ati%undi<rios Silva2 urtado e reitas n-o pode ser %eita

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sem unidade e or$ani3a,-o2 os trabal9adores da Il9a rande de Santa I3abel2se or$ani3am na @Asso'ia,-o Pro%issional dos Camponeses e (avradores deParnaíba* 4FERRA (I:RE2 "GL2 p*7

 ?esta mat/ria %i'a evidente o domínio dos lati%undi<rios e as m<s 'ondi,;es vividas

 pelos trabal9adores2 +ue estavam so%rendo 'onstantes perse$ui,;es a partir desses problemas

os 'amponeses 'ome,am promover a asso'ia,-o +ue tin9a por ob&etivo lutar 'ontra as

ma3elas en%rentadas* Esta entidade se ini'ia de %orma pre'<ria2 pois nem uma sede 'om uma

estrutura 'onsistente2 na +ual pudessem reali3ar suas reuni;es e dis'utir seus interesses2 os

trabal9adores dispun9am2 al/m das situa,;es des%avor<veis tin9am ainda +ue en%rentar as

invas;es dos $rileiros* 8essa %orma per'ebemos +ue estes indivíduos estavam determinados

manter esta or$ani3a,-o*

A passa$em do &ornal denota uma situa,-o 'on%lituosa +ue se 'on%i$ura a partir de

al$o em 'omum nesse 'aso a terra2 vemos +ue essa +uest-o $era diversos 'on%litos2 mas esses

indivíduos +ue %a3em parte desses 'on%rontos2 s-o su&eitos +ue partem de realidades di%erentes

e +ue est-o envolvidos indiretamente2 podemos assim %a3er uma rela,-o 'om o iní'io deste

tópi'o2 +uando 'itamos 5arl Mar= e riedri'9 En$els2 na +ual ar$umentamos 'omo as

rela,;es s-o estabele'idas ao lon$o da 9istória2 os 'asos apresentado na mat/ria do &ornal

Ferra (ivre 'on'eitua nitidamente 'omo se davam as rela,;es entre 'amponeses e

lati%undi<rios2 +ue vivem uma in'essante luta de 'lasses"N*

 ?-o podemos dei=ar de desta'ar +ue2 os 'amponeses 'ompreendiam +ue tin9am lutar 

em 'on&unto2 pois toda asso'ia,-o / baseada em ob&etivos pr/)de%inidos2 +ue sur$em de

a'ordo 'om a ne'essidade e 'om os interesses +ue s-o tril9ados por 'ada or$ani3a,-o* 8essa

%orma as 'on+uistas seriam mais bem su'edidas2 uma ve3 +ue 9aviam um %o'o a ser se$uido

 por esta entidades* A se$uir veremos mais a'er'a da %unda,-o da asso'ia,-o.

A %unda,-o da entidade deve)se ao trabal9o do líder :eridiano Mendes daSilva. tem sede so'ial no (abino e 'onta &< 'om mais de #!! só'ios2%un'ionando em bai=o de um vel9o 'a&ueiro* Es'ola para #! alunos2sementes2 medi'amentos e %erramentas de varias +ualidades* S-o as primeiras 'on+uistas da asso'ia,-o +ue2 somadas Q press-o da unidade doslavradores 'ontra a a,-o de despe&os e perse$ui,;es dos lati%undi<rios$rileiros2 da re$i-o a 'ontinuarem na %irme luta ini'iada 'ontra a %omemis/ria2 e=plora,-o2 'rimes e in&usti,as* 4FERRA (I:RE2 "GL2 p*7

14 :er se$undo 'apítulo tópi'o @Compan9eiros rumo a Matin9os\\. a e%etiva,-o do movimento

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Com base nesse %ra$mento a'ima vemos +ue a entidade &< 'ontava 'om um nmero

'onsider<vel de só'ios2 embora ainda n-o possuísse uma sede apropriada os 'amponeses n-o

9esitavam em asso'iar)se2 um dos motivos +ue 'ertamente atraiu os mesmos %oram as

 primeiras 'on+uistas2 +ue 'onsistiam num avan,o para os trabal9adores2 pois viam +ue a

asso'ia,-o estava pro$redindo2 $erando resultados satis%atórios e %undamentais para os

'amponeses* Como uma es'ola +ue podia servir para a 'omunidade2 as sementes para a&udar 

na planta,-o2 medi'amentos para au=iliar no 'aso de al$uma doen,a e prin'ipalmente as

%erramentas para 'ontribuir 'om o trabal9o2 vemos +ue em de'orrBn'ia desta or$ani3a,-o

vemos 9ouve um pro$resso2 'on%i$urando uma vitória para os 'amponeses*

V interessante desta'ar +ue embora a sede da asso'ia,-o %i'asse em bai=o de um

'a&ueiro 'on%i$urando a pre'ariedade do iní'io da or$ani3a,-o2 a mesma lutava e 'onse$uia

al$uns B=itos2 mostrando a importn'ia da luta dos trabal9adores em 'on&unto2 pois era isso

+ue movia a entidade* Com o advento das asso'ia,;es os lati%undi<rios &< tin9am seu poderio

em ris'o2 9a&a vista +ue o 'amponBs2 bus'ara %orma para barra esse poder e ad+uirir 

'on+uistas em seu bene%í'io* Per'ebemos +ue n-o 9< nen9um apoio por parte de ór$-os

 pbli'os2 ou se&a2 a partir da mat/ria do &ornal 'onstatamos +ue essa entidade 'amin9ava de

%orma independente2 so%rendo 'om as diversas amea,as de seus opositores2 mas mesmo 'om

estas adversidades os 'amponeses n-o su'umbiram e 'ontinuaram pro$redindo 'om a

asso'ia,-o* A se$uir veremos uma %oto da diretoria da asso'ia,-o.

Ima$em dos administradores da Asso'ia,-o Pro%issional dos Camponeses e (avradores de

Parnaíba* onte FERRA (I:RE2 "GL2 p*

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 ?esse 'onte=to da luta pela terra no Piauí o &ornal Ferra (ivre2 apresenta uma mat/ria

desta'ando os lideres da Asso'ia,-o dos Camponeses e (avradores de Parnaíba2 podemos

notar +ue ao 'ontrario da sede 9avia uma administra,-o 'onsistente2 per'ebemos isso 'om

 base na %onte a'ima2 pois 'ontava 'om um 'onsel9o %is'al e uma diretoria2 'ada uma 'om2

 pessoas en'arre$adas de e=er'erem suas %un,;es2 +ue 'onsistia ao todo em "! indivíduos* G

%i'avam respons<veis pelo 'onsel9o %is'al e outras N pela diretoria*

8iante dessas in%orma,;es endentemos +ue os 'amponeses estavam bem or$ani3ados

e tin9am um 'on9e'imento de 'omo %ormar uma asso'ia,-o e 'omo ela deveria se$uir* :emos

+ue nessa luta 'amponesa 9omens e mul9eres estavam envolvidos2 9a&a vista +ue 9avia

indivíduos de ambos os $Bneros 'ompondo na administra,-o da entidade2 9omens e

mul9eres2 uma no 'onsel9o %is'al e outra na diretoria*  ?esse 'onte=to de %orma,-o de asso'ia,;es o autor utember$ Armando 8ini3

uerra em um arti$o publi'ado no livro (utas 'amponesas 'ontemporneas. 'ondi,;es2

dilemas e 'on+uistas  o 'ampesinato 'omo su&eito politi'o nas d/'adas de #! a ! men'iona

+ue.

Entidades 'om o nome de @asso'ia,;es de lavradores mar'aram amobili3a,-o e a or$ani3a,-o da 'ate$oria no Par< na d/'ada de "#!2 +uandoo país re'ebeu os primeiros sopros da demo'rati3a,-o* Re$istra)se impulso

na 'ria,-o dessas entidades nas re$i;es onde era maior a 'on'entra,-o dea$ri'ultores2 arti'ulados em uma estrutura de produ,-o 'amponesa est<vel etradi'ional* 4UERRA2 !!2 p*""7

8e a'ordo 'om utember$ Armando 8ini3 uerra as or$ani3a,;es 'amponesas se

desenvolveram prin'ipalmente na se$unda metade do s/'ulo do s/'ulo 662 nesse período vai

9aver uma $rande mobili3a,-o dos 'amponeses2 evidente +ue o autor %ala de um lo'al

espe'í%i'o +ue %oi a re$i-o do Par<2 mas / nítido a partir da biblio$ra%ia e das %ontes

'onsultadas +ue essas asso'ia,;es de lavradores se espal9aram por todo país nesse período2

 prin'ipalmente nas <reas2 nas <reas2 na +ual 9aviam um nmero 'onsider<vel de a$ri'ultores2este seria um espa,o propí'io para o desenvolvimento dessas asso'ia,;es*

Muitas dessas or$ani3a,;es sur$iram por interm/dio da U(FA0"#  4Uni-o dos

(avradores e Frabal9adores A$rí'olas do 0rasil7 +ue %oi uma institui,-o %ormada por 

indivíduos de orienta,-o 'omunista* Uma entidade de propor,;es na'ionais +ue a'abou

15 Uni-o dos (avradores e Frabal9adores A$rí'olas do 0rasil 4U(FA07 %oi 'riada em S-o Paulo2 no%inal do ano de "##2 pelos 'omunistas 'om a %inalidade de or$ani3ar os trabal9adores rurais do 0rasil*

 ?o ato da %unda,-o2 estiveram presentes as li$as 'amponesas2 representadas por um de seus diri$enteso advo$ado o advo$ado 8&a'i Ma$al9aes* ?o entanto as li$as n-o se %iliaram a U(FA0*4 MORAIS2!" p*N7

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in%luen'iando a 'ria,-o de Asso'ia,;es se (avradores e Frabal9adores A$rí'olas em diversos

lu$ares do 0rasil2 mas nem todas essas entidades tin9am orienta,;es 'omunistas2 uma ve3 +ue

muitos trabal9adores rurais n-o tin9a nen9um tipo de a'esso a obras +ue propor'ionasse esse

'on9e'imento* A se$uir Clodomir Santos de Morais %a3 um breve relato sobre U(FA0*

A U(FA0 era uma or$ani3a,-o de tipo 'l<ssi'o e 'onstituía uma e=periBn'ia+ue o partido 'omunista &< 9avia posto em prati'a no período "N#)"N2sem maiores resultados2 a n-o ser o de reunir $rande numero de %iliados eeleitores* Sua t<ti'a residia na a'umula,-o de %or,as2 atrav/s de um trabal9ode apoio a reinvindi'a,;es e a interesse e'on>mi'os dos trabal9adoresa$rí'olas 4assalariados e 'amponeses7* As li$as2 ao 'ontrario2 atuavam nosentido de despertar a 'ons'iBn'ia politi'a entre os 'amponeses2 para +ue nomomento 9istóri'o pudessem de'idir sobre seu destino* 4MORAIS2 !"2 p*N7

A partir Clodomir Santos Morais vemos +ue 9avia uma di%eren,a no +ue a U(FA0

 pre$ava e o +ue as li$as propun9am2 ou se&a2 a Uni-o dos (avradores e Frabal9adores

A$rí'olas do 0rasil estava alme&ando 'olo'ar em pr<ti'a uma e=periBn'ia +ue n-o 9avia se

'on'reti3ado 'om o partido 'omunista* ?esse sentido a re%erida entidade 'ome,a a se

e=pandir no meio rural brasileiro in%luen'iando diversas asso'ia,;es rurais2 nessa perspe'tiva

9avia uma oposi,-o no +ue di3 respeito as li$as 'amponesas2 os ob&etivos eram totalmente

di%erentes* Podemos ver +ue na U(FA0 9avia uma rela,-o de interesses2 9a&a vista +ue era

uma entidade promovida por 'omunistas* :emos +ue a U(FA0 prestava apoio aos

'amponeses para 'onse$uir %or,a2 uma ve3 +ue PC0 ainda se en'ontrara na ile$alidade2 dessa

%orma era %undamental bus'ar se aliar as massas 'amponesas2 'on%i$urando uma t<ti'a bem

elaborada por parte do partido*

 ?o mbito do 'en<rio piauiense2 %oram %undadas al$umas asso'ia,;es2 nas %ontes

'onsultadas vemos +ue %oram estabele'idas Asso'ia,;es de (avradores e Frabal9adores

A$rí'olas em 'idades 'omo Campo Maior2 Feresina e Parnaíba essas 'idades apare'em 'ommais %re+uBn'ia2 9< tamb/m a 'idade de Amarante2 mas n-o en'ontramos muitas in%orma,;es

a'er'a dessa asso'ia,-o somente uma passa$em de um &ornal +ue 'ita a asso'ia,-o da re%erida

'idade2 al$o muito super%i'ial*

Sobre as asso'ia,;es de Campo Maior2 Parnaíba e Feresina en'ontramos mat/rias mais

apro%undadas2 prin'ipalmente sobre a A(FACAM Asso'ia,-o dos (avradores e Frabal9adores

A$rí'olas de Campo Maior* Em todas as %ontes 'onsultadas podemos per'eber +ue a de mais

desta+ue %oi em Campo Maior2 in'lusive entrevistei um dos lideres da A(FACAM2 (uís Jos/

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Ribamar O3orio (opes2 ou se&a al/m de %ontes 9emero$r<%i'as2 tamb/m obtive a'esso a %onte

oral2 a'er'a da li$a 'amponesa de Campo Maior*

Essas asso'ia,;es sur$em em um período2 no +ual o debate pela terra estava muitoe%erves'ente2 ent-o as mesmas se apresentavam em uma situa,-o pre'isa2 9a&a vista +ue 9avia

diversas propostas para o meio rural brasileiro e uma delas era a re%orma a$r<ria* Um dos

motivos +ue possibilitou o desenvolvimento dessas asso'ia,;es %oi a U(FA0 Uni-o dos

(avradores e Frabal9adores A$rí'olas do 0rasil 4U(FA07 'riada em "#N* 4UERRA !!27

Essas asso'ia,;es 'ome,aram2 a adentrar tamb/m em re$i;es do nordeste brasileiro* vamos

ver a se$uir uma mat/ria do &ornal ?ovos Rumos2 sobre o movimento 'amponBs no Piauí*

Reali3ou)se nos dias "" a " de maio2 em Feresina 2 o primeiro en'ontro dos'amponeses do Piauí2 ini'iativa das asso'ia,;es de lavradores etrabal9adores a$rí'olas de Feresina2 Campo Maior2 Parnaíba e Amarante* OEn'ontro %oi bastante 'on'orrido2 'ontando 'om representa,;es da re%eridasentidades 'amponesas2 de sindi'atos2 de estudantes e parlamentares* Fendoem sido para a dire,-o dos trabal9os plen<rios do mesmo o deputado8esusdedit9 Mendes Ribeiro2 o :ereador Jesualdo Caval'anti e este'orrespondente2 parti'ipando ainda2 de uma de suas sess;es o deputadoCelso 0arros Coel9o2 +ue se solidari3ou 'om essa promo,-o dos 'amponeses piauienses* 8urante o en'ontro2 al/m de outros assuntos debatidos2 %oramdis'utidos e aprovados os estatutos de 'onstitui,-o da Uni-o dosCamponeses do Piauí2 +ue %oi %undada e teve eleita a sua primeira diretoria

na oportunidade* Essa entidade %un'ionar< 'omo uma esp/'ie de %edera,-odo movimento 'amponBs no estado* 4(OPES2 "GL2 p* G7

Essa mat/ria noti'ia a %unda,-o da Uni-o dos Camponeses do Piauí / interessante

notarmos +ue a 'ria,-o dessa entidade2 %oi uma ini'iativa das Asso'ia,;es de (avradores e

Frabal9adores A$rí'olas2 de Campo Maior2 Feresina2 Parnaíba e Amarante / per'eptível nesse

momento +ue 9avia o interesse desses ór$-os menores em %undar uma or$ani3a,-o de

 propor,;es maiores2 +ue abran$esse o estado do Piauí2 ou se&a2 9avia uma mobili3a,-o muito

$rande2 no +ue di3 respeito ao 9omem do 'ampo2 +ue al/m de %ormar entidades em 'idades2 &<tin9a o intuito de %ormar2 ór$-o +ue representasse os 'amponeses do estado*

V de %undamental importn'ia desta'ar a atua,-o dos su&eitos envolvidos na políti'a2

'omo vereadores e deputados* A partir das %ontes 'onsultadas vamos per'eber +ue esses

indivíduos sempre estavam envolvidos nessas reuni;es +ue se re%eriam aos movimentos

'amponeses a+ui no Piauí2 ou se&a2 9avia uma base politi'a +ue apoiava os 'amponeses e

tamb/m indivíduos de outras entidades 'omo sindi'atos e tamb/m estudantes* V per'eptível

+ue o movimento 'amponBs n-o estava so3in9o2 &< tin9a de 'erta %orma uma base aliada* Esse

en'ontro 'omtemplou a %unda,-o da Uni-o e tamb/m %oi estabele'ida a diretoria para

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administrar a entidade2 nesse sentido os 'amponeses se mostram bem empen9ados2 no +ue di3

respeito a %unda,-o das or$ani3a,;es2 em bene%i'io do trabal9ador rural piauiense*

Essa noti'ia da %unda,-o da Uni-o dos Camponeses do Piauí2 %oi noti'iado em al$unsmeios de 'omuni'a,-o de 'un9o na'ional 'omo o &ornal ?ovos Rumos e o &ornal Ferra (ivre "G

+ue noti'iou a mesma uma mat/ria semel9ante a do ?ovos Rumos"2 mas vemos +ue o &ornal

'ario'a lan,a uma mat/ria sobre a Uni-o dos Camponeses do Piauí e o paulista publi'a uma

mat/ria 'om o título Piauí &< tem %edera,-o 'amponesa* A prin'ípio pare'e ser uma

diver$Bn'ia mais se analisarmos2 entenderemos +ue se trata da mesma entidade2 9a&a vista +ue

o &ornal novos rumos dei=a 'laro +ue esse ór$-o %un'ionara tamb/m 'omo uma %edera,-o do

movimento 'amponBs no estado2 ou se&a2 as %ontes a'abam se li$ando veremos isso a se$uir*

Pau= >? tem @ede!a34o camponesaFERESI?A2 Piauí 48o 'orrespondente RI0AMAR (OPES7 – reali3ou)senesta 'apital o I En'ontro do CamponBs do Piauí2 ini'iativa das asso'ia,;esde lavradores e trabal9adores e trabal9adores A$rí'olas de Feresina2 Campomaior 2 Parnaíba e Amarante2 'om apoio dos sindi'atos oper<rios2 entidadesestudantis e populares2 bem 'omo parlamentares2 e 'u&a a prin'ipal resolu,-o'onsistiu na %unda,-o da Uni-o dos Camponeses deste Estado* 4***7 Assess;es do en'ontro2 +ue estiveram muito 'on'orridas2 'om a presen,a derepresenta,;es de todas as entidades 'amponesas piauienses2 %oram presididas por uma mesa inte$rada pelo deputado estadual 8eusdedit

Ribeiro2 o vereador Jesualdo Caval'anti e o 'orrespondente do terra livre* Odeputado Celso 0arros Coel9o2 +ue 'ompare'eu a uma das sess;es29ipote'ou todo seu apoio ao En'ontro* 4(OPES2 "GL2 p*7

O &ornal Ferra (ivre apresenta uma mat/ria semel9ante2 a ideia / mesma2

apresentamos a+ui um ar$umento para tentar &usti%i'ar essa semel9an,a* A 'oin'idBn'ia se dar 

16 O &ornal Terra Livre %oi um $rande instrumento de apoio aos diversos se$mentos dos trabal9adores do 'ampoutili3ado pelo Partido Comunista brasileiro* Esse periódi'o 'ome,ou a ser editado em maio de "N2 numa'on&untura mar'ada por diversas trans%orma,;es em boa parte do 'ampo brasileiro* Entre os seus prin'ipais

ob&etivos. or$ani3ar os trabal9adores rurais em torno de sindi'atos e asso'ia,;es2 es'lare'B)los sobre seusdireitos e divul$ar as teses do Partido* Se$undo Medeiros2 a @Ferra (ivre n-o tin9a periodi'idade re$ular2 apesarde ter bus'ado ser +uin3enal e at/ mesmo semanal* ]s ve3es saía mensalmente2 noutros períodos a 'ada+uin3ena em al$uns momentos mais 'ríti'os2 'om re$ularidade ainda menor* 4SI(:A2 !"!* pN7

17 A%inado 'om a nova orienta,-o políti'a2 ?ovos Rumos %oi %undado em &aneiro de "# no lu$ar de:o3 Oper<ria e tornou)se ór$-o de 'omuni'a,-o semi)o%i'ial do PC0* Como o nome di32 o &ornale=pressou a nova lin9a adotada 'om a '9amada @8e'lara,-o de Mar,o de "#* Eram os @novosrumos do partido* ?ovos Rumos era de propriedade da Editora Alian,a do 0rasil (tda* Orlando0on%im Jnior era o diretor do &ornal2 ra$mon Carlos 0or$es o diretor e=e'utivo e (uis M<rio

a33ano o redator '9e%e* A reda,-o do &ornal era na Avenida Rio 0ran'o2 !2 "^ andar2 no Rio deJaneiro* Mas 9avia uma edi,-o produ3ida em Minas erais e su'ursais em S-o Paulo e Paran<*4ERREIRA2!""2 p*L)N7

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 pelo %ato do 'orrespondente ser o mesmo nas duas mat/rias2 Ribamar (opes irm-o de um dos

lideres de A(FACAM (uís Jos/ Ribamar O3orio (opes"* A mat/ria apresenta prati'amente o

mesmo 'ontedo e os mesmos su&eitos apare'em nas duas2 o'upando as mesmas posi,;es2

indivíduos esses li$ados a políti'a e tamb/m movimentos2 'omo sindi'atos e estudantes* ?as

diversas %ontes 'onsultadas para o desenvolvimento desta pes+uisa2 em al$umas vamos nos

deparar 'omo o envolvimentos e o apoio de outras 'lasses aos movimentos 'amponeses no

Piauí2 'omo o sindi'ato dos oper<rios2 espe'ialmente o de Campo Maior +ue sur$e em

al$umas %ontes2 sempre apoiando os trabal9adores rurais*

Provavelmente 'om o intuito de divul$ar de %orma abran$ente2 os avan,os do

movimento 'amponBs no Piauí e ampliar a possibilidade de vei'ula,-o da in%orma,-o2

Ribamar (opes pbli'a a mesma mat/ria em dois &ornais di%erentes2 uma ve3 +ue o ?ovos

Rumos era da 'idade do Rio de Janeiro e o Ferra (ivre da 'idade de S-o Paulo2 ent-o

'ertamente o ob&etivo do &ornalista seria tornar a mobili3a,-o 'amponesa no Piauí mais

'on9e'ida em mbito na'ional*

$5' As l9as camponesas ce9am na te!!a da ca!naB6a

Para ini'iarmos esse tópi'o2 propon9o nesse momento ar$umentar sobre 'omo o relato

oral pode 'ontribuir para a produ,-o 9istóri'a* aremos uma rela,-o entre 9istória e memória2

atrelando tamb/m 'om %ala do entrevistado2 uma ve3 +ue a memória vai estar diretamente

li$ada a 9istória2 sendo uma $rande aliada para sua 'onstru,-o2 %a3endo 'om +ue a mesma

tome %orma e se 'on%i$ure2 pois o ato de lembra %a3 'om +ue os indivíduos rememorem %atos

 passados +ue nos possibilitam2 a @'onstruir @re'onstruir ou @des'onstruir tal passado2

'onven9amos +ue isso depender< muito do 9istoriador em seu o%í'io2 pro'urar desmisti%i'ar e

 problemati3ar esse passado2 'omo a%irmar 8urval Muni3 de Albu+uer+ue @aprendi +ue nada

 pode ser visto 'omo natural2 &usto2 verdadeiro2 belo desde sempre* As %ormas +ue os ob&etos

9istóri'os ad+uirem podem ser e=pli'ados pela própria 9istória 4A(0U1UER1UE2!!!2

 p*L7*

 ?esse sentido 'abe ao 9istoriador2 se apropriar de m/todos +ue possam leva)lo ao

 passado2 ou se&a2 a partir de suas %ontes pro'urar analisar o seu ob&eto de pes+uisa de %orma

'ríti'a2 pro'urando estabele'er uma rela,-o entre as %ontes e o seu re%eren'ial teóri'o2

18 ?o tópi'o a se$uir saberemos mais obre esses dois su&eitos 'itados anteriormente2 pois para ae=e'u,-o desse trabal9o n-o 9< 'omo n-o 'itarmos essa s %i$uras +ue militaram2 nos movimentos'amponeses da d/'ada de G!

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estabele'endo uma 'one=-o entre os dois2 veri%i'ando e analisando de %orma 'on'isa e

'oerente os diversos meios +ue o levam ao seu ob&eto de estudo2 no 'aso as %ontes2 0us'ando

'ontemplar de onde partem e +uais os interesses e=istem por tra3 das mesmas* ?essa

 perspe'tiva podemos nos apropriar das palavras de 5eit9 JenKins.

***Passado e 9istória s-o 'oisas di%erentes* Ademais2 o passado e a 9istórian-o est-o unidos um ao outro de tal maneira +ue se possa ter uma2 e apenasuma leitura 9istóri'a do passado* O passado e a 9istória e=istem livres um dooutro est-o muito distantes entre si no tempo e no espa,o* Isso por+ue omesmo ob&eto de investi$a,-o pode ser interpretado por di%erentes prati'asdis'ursivas 4uma paisa$em pode ser lida_interpretada di%erentemente por $eó$ra%os2 so'iólo$os2 9istoriadores2 artistas2 e'onomista et al*72 ao mesmotempo +ue2 em 'ada uma dessas prati'as2 di%erentes leituras interpretativasno tempo e no espa,o* 4JE?5I?S2 !""2 p*N7

A partir de 5eit9 JenKins %i'a e=plí'ito +ue a 9istória e passado est-o envolvidos

diretamente2 mas apresentam 'onota,;es di%erentes2 o ol9ar do 9istoriador vai de%inir o +ue

ser< %eito desse passado2 ou se&a2 'abe ao pes+uisador trans%orma)lo em 9istória* V

interessante ima$inarmos o +uanto um ob&eto pode ter inmeros si$ni%i'ados2 mas isso

depender< muito de onde esta partindo o indivíduo +ue esta analisando este ob&eto*

A pes+uisa em 9istória pode tomar diversos 'amin9os2 o 9istoriador 'omo su&eito

 pes+uisador vai determinar por +ual lado a pes+uisa vai adentrar2 uma ve3 +ue n-o /ne'ess<rio ter %orma,;es di%erentes para temos ol9ares diver$entes2 um ob&eto pode ser visto

de v<rias maneiras2 evidente +ue as in%luen'ias de +uem esta 'onstruindo ir-o de 'erta %orma

in%luen'ia)lo nessa 'onstru,-o2 9< 9istoriadores +ue embora ten9am a mesma %orma,-o2 mas

se$uem al$umas lin9a$ens +ue de%inem diretamente rumos de sua pes+uisa* 

Para darmos se$uimento a essa pes+uisa2 partindo dessa perspe'tiva de 'omo a 9istória

se 'onstrói2 um dos meios pelo +ual esse pro'esso investi$ativo ira se apropriar ser< o relato

oral2 nesse 'onte=to podemos utili3ar o relato de um dos líderes da Asso'ia,-o deFrabal9adores A$rí'olas de Campo Maior Jos/ Ribamar Osorio (opes mais 'on9e'ido 'omo

(uís @Eduvi$es.

Ai tin9a &< e=istia as '9amadas in&usti,a dos patr-o 'om os morador2 e=istiaa+uela 9istória de %u=i'o2 morador %u=i'ando 'om outro se 3an$ava um 'omos outros2 %i'avam %u=i'ando patr-o botava pra %ora mais muitas ve3es as pessoas n-o tin9a pra onde ir n/2 ai dava um problema danado e=istia pris-on/ prendia o trabal9ador n/ eu menino2 menino na+uele tempo na+ueletempo só es'utava 'onversa mais menino num podia andar entrando em

'onversa de $ente $rande n-o2 mais eu via as pessoas 'ontando 9istória pro papai e ai eu %i'avam ima$inado assim +ue nois era tanta $ente n/ e a$ente &<tin9a os doutor &< tin9a 'artório n/ &< tin9a servi,o militar &< tin9a essa

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ne$ó'io de polí'ia da dele$a'ia essa 'oisa tin9a os dele$ado*****4(OPES2!"#7

Per'ebemos +ue o entrevistado tra3 lembran,as do tempo de 'rian,a2 +uando o mesmo

 presen'iava o so%rimento do 9omem do 'ampo2 ent-o podemos notar a situa,-o di%í'il na +ualo trabal9ador se en'ontrava* ?o presente relato / notório +ue o trabal9ador rural n-o tin9a

nen9uma base para viver independentemente2 tin9a +ue ser sub&u$ado ao %a3endeiro2 ou se&a2

a'eitar tudo +ue l9e era imposto e estabele'ido pelo lati%undi<rio2 nesse 'onte=to a prin'ipal

alternativa para os 'amponeses era a'ol9er as imposi,;es +ue eram determinadas*

Per'ebemos 'omo o entrevistado 'onse$ue lembrar de %atos2 +ue remetem a sua

in%n'ia / 'omo se no indivíduo sele'ionasse o +ue devem ser $uardados2 pois nesse vi/s

essa memória %oi %undamental para entendermos2 o pro'esso de 'ria,-o da Asso'ia,-o de

(avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior2 dessa %orma podemos atrelar ao +ue

%ala Jose 8\ Assun,-o 0arros.

***a História pare'e nas'er da Memória2 ou ao menos se estabele'er nomundo $re$o umbili'almente li$ado a esta2 &< +ue o prin'ipal ob&etivo daHistória2 'on%orme %ormulado por Heródoto2 era evitar +ue %ossemes+ue'idas @as $randes %a,an9as dos $re$os e dos b<rbaros* Fratava)se de preservar a+uilo +ue mere'ia ser lembrado da+uele +ue pare'ia ser o destino'omum a todas as 'oisas2 +ue era ser apa$ado pelo (et9es2 o @rio does+ue'imento* 40ARROS2 !!2 p*7

Ent-o 9< um interesse de manter a memória viva e lan,ar para %rente lembran,as de um

 passado2 +ue para a+ueles +ue viveram e para os pro'uram atrav/s da 9istória 'onstruir esse

 passado2 no 'aso o 9istoriador2 n-o pode ser es+ue'ido* O próprio indivíduo +uando a'eita ser 

entrevistado tem essa inten,-o de preservar sua 9istória2 para +ue a mesma n-o 'aia no

es+ue'imento e o 9istoriador por sua ve3 assume um importante papel2 +ue seria o de

'onservar atrav/s de seus es'ritos esse passado2 embora saibamos +ue n-o podemos '9e$ar ao

+ue de %ato a'onte'eu2 nesse re'orte temporal +ue pes+uisamos*

 ?o relato do entrevistado / interessante per'eber2 +ue no 'ampo 9avia muitos

trabal9adores rurais mais n-o tin9am nen9uma or$ani3a,-o 'om o ob&etivo de de%ender a

'lasse* A narrativa de (uis @Eduvi$es parte de um lo'al espe'í%i'o +ue era a 'idade de

Campo Maior2 'idade na +ual a popula,-o 'amponesa era muito ampla e n-o 9avia nen9uma

institui,-o própria dos 'amponeses2 para prestar assistBn'ia nas situa,;es +ue os mesmo se

deparavam2 o entrevistado / bem pre'iso em suas 'olo'a,;es2 ao rememorar %atos +ue

'ontribuíram para esse movimento +ue o'orreu em Campo Maior*

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Campo Maior era a ter'eira maior 'idade do Piauí na /po'a2 'om uma popula,-o de

#G* 9abitantes sendo +ue N*G 9abitantes viviam no 'ampo "2 ou se&a2 mais de #` da

 popula,-o vivia na 3ona rural2 ent-o era de %undamental importn'ia para trabal9ador rural

%ormar sua institui,-o para lutar por seus interesses2 9a&a vista +ue 9avia uma dis'repn'ia

muito $rande entre a popula,-o +ue e=istia 3ona rural e a +ue 9avia na 3ona urbana*

 ?o +ue di3 respeito ao 'ontin$ente popula'ional2 %i'a evidente a superioridade do

'ampo em rela,-o ao da 'idade2 ou se&a2 era in&usti%i'<vel o 9omem do 'ampo n-o se dispor 

de nen9um ór$-o para se aliar* Era impres'indível para o trabal9ador rural2 promover uma

asso'ia,-o +ue tin9a por %inalidade lutar 'ontra as adversidades vividas* V interessante notar 

no relato do entrevistado sua per'ep,-o sobre o 9omem do 'ampo2 desde 'rian,a o mesmo &<

tin9a 'ontato 'om as ma3elas +ue os trabal9adores en%rentavam2 nesse panorama podemos

analisar a importn'ia do relato oral para a 'onstru,-o da 9istória*

O movimento 'amponBs em Campo Maior sur$iu por interm/dio de dois irm-os2 +ue

%i'avam in'on%ormados ao presen'iar a di%í'il situa,-o do trabal9ador perante os

lati%undi<rios* Fendo 'ontato 'om esse 'onte=to2 os irm-os desenvolvem o interesse de %ormar 

uma institui,-o 'amponesa2 9a&a vista +ue em Campo Maior n-o 9avia nen9um tipo

institui,-o +ue tivesse o proposito de bene%i'iar os 'amponeses2 ou se&a2 n-o 9avia nen9umór$-o promovido pelos trabal9adores rurais* ?esse sentido os irm-os Ribamar (opes e (uís

Jos/ Ribamar Osorio (opes 'ome,am a despertar essa ideia2 uma ve3 +ue os mesmos estavam

inseridos no meio rural e presen'iavam a viven'ia dos 'amponeses* 8essa %orma a vontade de

lutar pelos 'amponeses 'ome,a a %luir 'omo relembra (uís.

 ?ois a+ui %alava pra ele +ue nois era tanta $ente e a $ente num tin9ado'umento nen9um2 eu di$o Ribamar nois somos muita $ente2 espe'ialmentenois no 'ampo n/ e a$ente num tem do'umento 'omo / +ue a $ente %a32 n-o

isso ai ZRibamar (opes[ tem mais as pessoas pre'isam saber 'omo / +ue tira2'omo / +ue %a3 n/ mais &< tem &<2 soldado &< tin9a al$uns motorista &< tin9am ban'<rio tin9a n/ +uem trabal9ava em reparti,-o &< tin9a os do'umento2 suas'arteiras n/ &< 'ome,ava ter o minist/rio de trabal9o 'arteiras pra oper<rio n/e al$uns estudantes +ue &< iam se %ormar tudo tin9am2 mais nois mesmo +ueera a maioria num tin9a n-o2 ai %oi andando %oi andando ai eu di$o rapa3 ser<+ue num tin9a um &eito de 'riar uma 'oisa pra nois tamb/m2 ele disse (uisessas 'oisa tem2 só +ue os ri'o num +uer2 +ue os trabal9ador %a,am isso n-o2tem deles ai +ue di3 / assim2 esse $ado ai tudo / meu essa terra / toda min9aesses 'abo'los tudo s-o meu e o +ue num %i3er2 do &eito +ue eu mando eumando tudo embora2 pronto %a3iam umas lei l< sem nada sem es'rever nadaera desse &eito2 bom ai eu di$o / mais ta 'erto as terras pode ser o $ado pode

ser mais as pessoas num s-o n-o eu di$o rapa3 ser< +ue num tem um &eito

19 Fomo 'omo base o &ornal estado do Piauí*

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n-o de %a3er al$uma 'oisa pra $ente2 eu &< $rande &< 'om meus mais de "anos* 4(OPES2 !"#7

 ?esse relato (uís apresenta uma 'onversa 'om seu irm-o Ribamar (opes2 despertando

o interesse de 'riar um ór$-o para os trabal9adores2 9a&a vista +ue diversas 'lassestrabal9adoras &< tin9am seus sindi'atos2 mas os 'amponeses +ue eram $rande parte da

 popula,-o de Campo Maior viviam a mer'B dos lati%undi<rios* O relato do o entrevistado / de

%undamental importn'ia para esse trabal9o2 pois aborda a 'omo vivia o trabal9ador rural e

'omo sur$iu a A(FACAM Asso'ia,-o dos (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo

Maior*

 ?o relato podemos per'eber a pre'ariedade do trabal9ador rural 'ampomaiorese2 n-o

tin9am do'umentos e muito menos seu prin'ipal instrumento de trabal9o a terra2 per'ebemos

+ue essa 'ultura2 predominava em +uase todo o 0rasil2 na+uela /po'a* V interessante notar +ue

o 'amponBs tin9a no,-o das opress;es vividas2 dessa %orma or$ani3ar movimentos para

lutarem por mel9orias seria uma arma do trabal9ador rural 'ontra os lati%undi<rios*

Per'ebemos +ue (uís $uarda uma memória 'oletiva +ue 'om o passar dos anos vai se

individuali3ando2 pois a A(FACAM teve parti'ipa,-o de diversas outras pessoas2 mas a

maioria desses persona$ens &< morreram 'omo o mesmo aborda @9o&e eu só ten9o +ue re3ar 

 pelas almas deles 4(OPES2 !"#7 * (uís @Eduvi$es %oi dos ni'os!  na re$i-o e Campo

Maior +ue resistiu as ma3elas do tempo e relata 'om or$ul9o aos G anos 'omo %oi a %orma,-o

da Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior2 nessa perspe'tiva

nos des'reve (u'ilia de Almeida ?eves 8el$ado.

O passado espel9ado no presente reprodu32 atrav/s de narrativas2 a dinmi'ada vida pessoal em 'one=-o 'om pro'essos 'oletivos* A re'onstitui,-o dessadinmi'a2 pelo pro'esso de re'orda,-o2 +ue in'lui Bn%ases2 lapsos2

es+ue'imento omiss;es2 'ontribui para re'onstitui,-o de +ue passou se$undoo ol9ar de 'ada depoente 48E(A8O2 !"!2 p*"G7

8essa %orma a individualidade da memória do entrevistado esta atrelada ao 'oletivo2

uma ve3 +ue o depoente det/m lembran,as de um pro'esso em +ue estiveram presentes

diversos indivíduos2 9a&a vista +ue se trata de um movimento +ue envolve uma 'lasse so'ial

de um determinado lu$ar* ?esse sentido per'ebemos no depoimento do mesmo 'omo sua

memória se torna individuali3ada2 pois o mesmo esta pro%erindo sua vers-o dos %atos2 e 'ita

20 8entre os +ue est-o vivos e=istem o irm-o de (uís @Eduvi$es Raimundo (opes2 mas este nun'a se envolveu

a %undo no movimento '9e$ou a ser tesoureiro da A(FACAM* O próprio @Eduvi$es aponta +ue Raimundo n-o+uis se envolver diretamente2 mas parti'ipou do movimento*

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su&eitos +ue parti'iparam da+uele movimento2 mas +ue n-o est-o a+ui para e=por sua vers-o*

Per'ebemos isso +uando o depoente e=p;e lembran,as sobre seu irm-o Ribamar (opes2

relembrando os momentos ao lado de seu 'ompan9eiro2 nessa perspe'tiva podemos nos

apropriar de Mi'9ael PollaK ao des'reve sobre memória.

A sua or$ani3a,-o em %un,-o das preo'upa,;es pessoais e políti'as domomento mostra +ue a memória / um %en>meno 'onstruído* 1uando %alo em'onstru,-o2 em nível individual2 +uero di3er +ue os modos de 'onstru,-o podem ser 'ons'ientes 'omo in'ons'ientes* O +ue a memória individual$rava2 re'al'a2 e='lui2 relembra2 / evidentemente o resultado de umverdadeiro trabal9o de or$ani3a,-o* 4PO((A52 "2 p*N)#7

8e a'ordo 'om Mi'9ael PollaK a memória / al$o sele'ionado2 uma ve3 +ue nem todas

as lembran,as permane'em* ?a maioria das ve3es o +ue se 'onservam s-o apenas %ra$mentosde um determinado momento 9istóri'o2 ent-o o entrevistado se ateve a al$uns detal9es +ue

s-o importantes2 para e=pressar lembran,as sobre o movimento e a'er'a de su&eitos

envolvidos nessa luta2 +ue 'ulminou 'om a 'ria,-o da asso'ia,-o* O momento de or$ani3a,-o

da memória a'aba omitindo al$uns detal9es e momentos +ue %i3eram parte de uma do

 pro'esso 9istóri'o na +ual o depoente esteve envolvido2 isso / nítido em +ual+uer pessoa +ue

'on'ede uma entrevista para uma pes+uisa em 9istória2 prin'ipalmente +uando o indivíduo

 parti'ipa de um $rupo +ue tem interesses pr/)estabele'idos 'omo asso'ia,;es e entidades

representativas*

8urante a entrevista (uís @Eduvi$es2 re'orda muito seu irm-o2 pois este e=er'eu um

 papel %undamental na 'ria,-o da AFACAM2 era o 9omem +ue @n-o +ueria saber de ne$ó'io de

$ado +ueria saber de estudar 4(OPES2 !"#7 na narrativa do depoente %i'a evidente o

or$ul9o sentido pelo irm-o2 'omo aborda o entrevistado @era 9omem muito sabido um

9omem +ue saiu do interior de Campo Maior para estudar e @labutar pelos $randes 'entros

urbanos*

 ?o depoimento de (uís @Eduvi$es o mesmo demonstra +ue 'om a ausBn'ia do irm-o2

a+uela Asso'ia,-o de Frabal9adores de #L anos atr<s2 n-o teria a'onte'ido2 pois ele %oi uma

 pe,a impres'indível para e%etiva,-o desse movimento 'omo aborda muito bem Antonio

rams'i @n-o e=iste uma 'lasse independente de intele'tuais2 mas 'ada $rupo so'ial tem sua

 própria 'asta de intele'tuais ou tende a %orma)la 4RAMSCI2 !"2 p*"L"7 nesse 'onte=to

Ribamar (opes pode ser entendido 'omo o intele'tual desse movimento2 pois este

 persona$em %oi um dos prin'ipais arti'uladores do movimento2 %ormado em &ornalismo"

21 Anos depois Ribamar (opes viria a se %ormar em 8ireito pela U?0*

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Ribamar %oi %undamental na divul$a,-o de mat/rias a'er'a da asso'ia,-o pelos diversos

 &ornais em +ue publi'ava2 'omo Ferra (ivre2 ?ovos Rumos e O Seman<rio %oi atrav/s do

mesmo2 +ue (uís @Eduvi$es 'ompreendeu 'omo a asso'ia,-o se e%etivaria*

oi atrav/s de Ribamar (opes +ue (uís @Eduvi$es2 'on9e'eu Jos/ Esperidi-o

ernandes este 'ontato seria o $rande passo para o sur$imento de A(FACAM2 'omo veremos

a se$uir.

4**7ai eu re'ebi uma 'arta dele ZRibamar (opes[ me di3endo +ue tin9ades'obrindo numa 'onversa 'om os 'ole$a dele n/ +ue em Feresina tin9a um9omem '9amado Jose Esperidi-o ernande3 do bairro por en+uanto2 +uetin9a ad+uirido o estatuto das li$as 'amponesas de Pernambu'o dePernambu'o ai pe$amos o >nibus +ue ai pro por en+uanto2 de tarde3in9a

nois '9e$uemos no por en+uanto um bairro 4***7 ai eu Esperidi-o vamos %a3er o se$uinte me empresta esse do'umento2 meu irm-o sabe datilo$ra%ar na+uele tempo a 'oisa &< tava se desenvolvendo +ue &< tin9a +uem &<soubesse datilo$ra%ar ne o povo tava estudando ai eu levo meu irm-o sabedatilo$ra%ar2 ele tira uma 'ópia ai de tarde eu ven9o dei=ar a+ui n-o (uís pode levar2 eu pre'isava desse do'umento pra 'riar o movimento pra 'riar  pra %a3er a asso'ia,-o2 pra %a3er a asso'ia,-o pre'isava do do'umento n/4(OPES2!"#7

 ?este relato o entrevistado apresenta uma 'arta +ue re'ebeu do irm-o 'omuni'ando

+ue 9avia em Feresina um su&eito +ue tin9a o estatuto das li$as 'amponesas2 o depoente n-o

9esitou em se dire'ionar at/ 'apital piauiense para en'ontrar Jos/ Esperidi-o ernandes e

ad+uirir este estatuto2 nesse momento (uís &< tin9a in%orma,;es da e=istBn'ia de li$as

'amponesas2 mas n-o sabia 'omo %ormar uma entidade 'omo esta* :emos o entrosamento

entre os dois irm-os2 @Eduvi$es sempre re'orria a Ribamar e este por sua ve3 n-o se omitia

em dar suporte ao irm-o*

Este en'ontro e a a+uisi,-o desse do'umento2 %oram %undamentais para a 'ria,-o de

A(FACAM2 pois esta ltima teria o apoio da A(FAFE e 'om este do'umento a %orma,-o da

asso'ia,-o estava de 'erta %orma asse$urada* A partir da+uele momento (uís Jose Ribamar 

Osorio (opes nun'a mais seria o mesmo e Campo Maior teria uma Asso'ia,-o de (avradores

Frabal9adores A$rí'olas2 +ue representaria os 'amponeses da re$i-o* Este movimento se %a3

de $rande importn'ia para o trabal9ador rural 'ampomaiorese2 pois assim 'amponBs lutaria

'ontra as opress;es so%ridas2 prin'ipalmente pelo lati%ndio2 abordaremos mais sobre esse

movimento no pró=imo tópi'o*

CAPIT0LO II

22 Estes %oram os &ornais +ue tive a'esso e +ue 'ontam 'om mat/rias elaboradas por Ribamar (opes*

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-ELE) TIN.AM ERA +OME DE /0)TIÇA RAPA12: A %unda,-o de A(FACAM

-Compane!os !umo a matnos2 a e@et8a34o do mo8mento

Para ini'iar este tópi'o propon9o %a3ermos uma analise sobre o 9istoriador e seuob&eto de pes+uisa* Ao %a3er uma pes+uisa 9istorio$r<%i'a2 o 9istoriador sai de seu tempo e

volta ao passado pro'urando entender seu ob&eto de investi$a,-o2 pois estamos no presente2

mas nosso ol9ar esta voltado para a temporalidade em +ue nosso estudo se 'onsiste* Fendo

'ontato 'om o relato de (uís @Eduvi$es2 pro'urei ima$inar 'omo se deu a+uele movimento

de #L anos atr<s2 ou se&a2 a %ala do entrevistado me possibilitou entender a+uele pro'esso

9istóri'o2 n-o voltei ao passado pra aper'eber 'omo o mesmo se deu2 mas a narrativa do

depoente me propi'iou a ter uma per'ep,-o sobre o movimento*

O 9istoriador sente a ne'essidade de se 'olo'ar em outra /po'a para 'ompreender2

'omo se deu o desenrolar do +ue est< sendo pes+uisado2 'omo abordado no iní'io do tópi'o

anterior2 9< meios +ue levam o pes+uisador a esse passado2 dessa %orma podemos nos li$ar a

ideia de (u'ilia de Almeida ?eves 8el$ado.

Ao se dedi'ar Q analise do passado2 o estudioso da 9istória vai ao en'ontrode outro tempo2 di%erente da+uele na +ual est< inte$rado* ?essa via$em

reali3a)se um amal$ama pe'uliar 'ara'teri3ado pelo en'ontro desin$ularidades temporais* Frata)se do en'ontro da 9istória &< vivida 'om a9istória pes+uisada2 estudada2 analisada2 en%im2 narrada* 48E(A8O2 !"!2 p*LN7

A partir de (u'ilia de Almeida ?eves 8el$ado vemos uma rela,-o direta2 no +ue di3

respeito ao tempo do 9istoriador e a /po'a estudada e nessa li$a,-o2 entre presente e passado

9< um en'ontro de parti'ularidades2 uma ve3 +ue 'ada momento 9istóri'o e=istem suas

espe'i%i'idades2 ou se&a2 o tempo em +ue o pes+uisador esta inserido e o período em +ue seu

ob&eto esta estabele'ido* ?esse sentido o 9istoriador 'omo su&eito pes+uisador2 se en'ai=a na

sua pes+uisa e pro'ura ima$inar o passado2 na +ual seu ob&eto de estudo se en'ontra2 pois o

trabal9o de narrar 'abe ao indivíduo +ue esta investi$ando o passado*

Esse ato de narrar2 $era de 'erta %orma uma di%i'uldade2 9a&a vista +ue o indivíduo /

in%luen'iado pelo seu meio so'ial em +ue esta inserido* ?esta perspe'tiva isso se 'onsiste num

en'ontro de /po'as +ue s-o permeadas por v<rias diver$Bn'ias2 vemos essas di%eren,as nos

 próprios movimentos so'iais* ?a d/'ada de G! tin9am as li$as 'amponesas +ue lutavam em

 prol do trabal9ador rural2 9o&e temos o MSFL

  um movimento +ue tamb/m se luta em

23 Movimento dos Frabal9adores Rurais sem Ferra*

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 bene%í'io do 'amponBs2 evidente +ue n-o s-o a mesma or$ani3a,-o por isso per'ebemos +ue

todas as /po'as e=istem suas pe'uliaridades2 nesse sentido per'ebemos 'omo s-o as

@sin$ularidades temporais2 pois 'ada período 9istóri'o nos deparamos 'om determinadas

 parti'ularidades2 ou se&a2 movimentos so'iais da d/'ada de G! n-o s-o 'omo os +ue temos na

atualidade* 8essa %orma P9ilippe Joutard nos des'reve.

A 9istória2 &< de saída2 instaura uma distn'ia na $rande maio ria dos 'asos2 o9istoriador n-o viveu o passado +ue des'reve2 a li$a,-o a%etiva e pessoal n-o/ espontnea2 mesmo +ue o assunto estudado pelo 9istoriador ten9a al$umarela,-o 'om sua própria 9istória* Mas2 sobretudo2 sua atitude em rela,-o aoestudo o obri$a a adotar um distan'iamento*N

8essa %orma 9< uma lin9a temporal +ue distn'ia o 9istoriador de seu ob&eto2 do

tempo +ue %oi vivido e do tempo +ue esta sendo vivido* ?a metodolo$ia da 9istória oral nos

deparamos 'om essas duas perspe'tivas2 pois 9< um en'ontro de $era,;es2 uma +ue o'upou

um determinado momento 9istóri'o e outra +ue pro'ura investi$ar o passado* O pes+uisador 

a'aba sendo in%luen'iado pela /po'a na +ual est< inserido isso 'ontribui si$ni%i'ativamente

 para o desenrolar de sua es'rita2 at/ por+ue na própria es'ol9a do +ue esta sendo pes+uisado2

o 9istoriador / in%luen'iado* 8essa maneira P9ilippe Joutard nos atenta para temos um

distan'iamento2 9a&a vista +ue n-o estivemos no passado em +ue estamos pes+uisando2 ent-o

/ %undamental manter essa distn'ia2 pois estamos pro'urando problemati3ar o as %ontes e n-oapenas es'revermos o +ue as %ontes a%irmam sobre tal período*

Se$undo (uís @Eduvi$es o seu irm-o2 sempre %ora um indivíduo +ue sempre

demonstrou apresso pela leitura e pelos estudos2 $eralmente bus'ando al$o para ler* Al/m de

sempre bus'ar materiais para ampliar sua leitura2 Ribamar (opes se preo'upava em mostrar 

 para os irm-os o +ue lia 'omo veremos a se$uir.

1uando nois '9e$ava la em Campo Maior nois se 9ospedava l< no be'o da pen9a e eleZRibamar (opes[ desapare'ia ali de repente ele desapare'ia ali lano be'o da pen9a tin9a a+uele lu$ar onde as pessoas &o$avam2 papel &o$avam &ornal2 +ue lia &o$ava %ora era o '9amado li=o2 ele ia bater la n/'a,ar 'oisa por la +ue tivesse leitura n/ e ele pe$ava era muito peda,o de &ornal revista la das 9istória de S-o Paulo das 9istória do Rio de Janeiroda+uelas re$i-o tudim n/ e at/ de %ora mesmo do 0rasil n/ e ele tra3ia pra'asa esse ne$ó'io e +uando '9e$ava em 'asa ele 'amin9ava na+ueles papela&eitava tudo %i'ava tudo bem a&eitadim n/ e $uardava* 4(OPES2 !"#7

24 JOUFAR82 P9ilippe* Reconciliar História e Memória? <8isponível em.9ttp.__*'asaruibarbosa*$ov*br_es'ritos_numero!"_CR0Es'ritos"P9ilippeJoutard*pd% a'esso em. L! a$osto de !"#*

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i'a evidente +ue Ribamar (opes2 ao 'ontr<rio de seus irm-os se interessava em ampliar seu

'ampo de 'on9e'imento* Per'ebemos +ue esse persona$em tornou)se %undamental para o

desenrolar do movimento2 pois al/m de instruir)se o mesmo tamb/m indu3ia os irm-os ao

'on9e'imento* As %ormas 'omo Ribamar (opes bus'ava ad+uirir 'on9e'imento se mostram

 bem inusitadas2 pois se dava atrav/s de &ornais vel9os en'ontrados em um li=-o da 'idade de

Campo Maior* ?esse sentido o mesmo se %a3 bem interessado em bus'ar meios para ampliar 

seu 'ampo intele'tual*

Ent-o 'ertamente %oi atrav/s da es'ola e tamb/m desses &ornais vel9os2 +ue Ribamar 

 per'ebeu +ue poderia se$uir al/m2 ou se&a2 n-o apenas %i'ar preso 9< uma 3ona rural +ue n-o

satis%a3ia suas pretens;es2 pois o próprio (uís @Eduvi$es aborda na entrevista +ue 9avia uma

resistBn'ia dos irm-os em se diri$ir at/ a es'ola2 mas Ribamar en'arava 'omo natural 'omo

elu'ida o depoente @Ribamar n-o2 ele ia ale$re 4(OPES2 !"#72 mostrando apre,o pelo

'on9e'imento +ue podia ad+uirir na es'ola*

O la,o entre (uís @Eduvi$es e Ribamar (opes era bem %orte2 pois per'ebemos uma

$rande par'eira entre esses dois indivíduos* Al/m de serem irm-os os mesmos %irmaram uma

rela,-o de militn'ia2 uma ve3 +ue Ribamar embora n-o %osse 'amponBs 'ontribuiu

si$ni%i'ativamente para o desenvolvimento da asso'ia,-o2 seu irm-o &< estava inserido em um'onte=to di%erente +ue seria o meio rural* Os irm-os sempre 'onversavam sobre as ma3elas

en%rentadas pelos 'amponeses na maioria das ve3es bus'ando solu,;es para tais problemas*

Per'ebemos na narrativa do entrevistado +ue seu 'ompan9eiro sempre l9e indu3ia a bus'ar 

in%orma,;es ne'ess<rias para %undamentar seu ob&etivo2 uma delas %oi pro'urar orienta,;es

sobre a popula,-o 'amponesa de Campo Maior 'omo veremos a se$uir.

Eu %ui no I0E antes de 'ome,ar meu irm-o me a'onsel9ou a eu ir l< no

I0E saber +uantas pessoas era no 'ampo +uantas pessoas era na 'idade2 aieu %ui de meio dia pra tarde de 'avalo2 nesse tempo a $ente podia '9e$ar l<em 'ampo maior amarrar o 'avalo num lu$ar dei=ar 'om sela 'om tudo'9e$ava tava do mesmo &eitin9o2 ai eu amarrei l< num lu$ar %ui la no I0E+ue %i'ava ali perto da onde / a+uele 9otel +ue tem na pra,a :aldir ortes9o&e2 tin9a uma sen9ora l< muito edu'ada disse a ela +ue +ueria saber deuma in%orma,-o l< e ele me atendeu n/ e eu %alei eu +ueria saber +uantas pessoas era no 'ampo ai ele ol9ou l<2 ol9ou ai disse / N mil pessoas no'ampo e " mil na 'idade " ou mil na 'idade era uma 'oisa assim na'idade ai +ue eu %alei 'om meu irm-o2 ai ele disse assim n-o a$ora poisa$ora tamo maioria2 mais nesse tempo envolvia Si$e%redo Pa'9e'o2 Jatob<2Co'al de Fel9a 2 0o+ueir-o2 ?a3ar/ a+ui s-o Joa+uim eu ainda '9e$uei a ser 

diretor e teve n'leo nessas 'idades dele$a'ia nessa 'idades e eu ia l<4(OPES2!"#7

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V nítido 'omo esse persona$em2 %oi 'riterioso e 'uidadoso no +ue di3 respeito Q

a+uisi,-o de in%orma,;es para 'onstitui,-o do movimento2 se arti'ulando para lan,ar a

asso'ia,-o* O entrevistado se mostra %o'ado e determinado a lutar por seu ideal* ?a %ala do

depoente o mesmo elu'ida 'omo pro'urou se in%ormar a respeito do 'ontin$ente popula'ional

do 'ampo essa estrat/$ia possibilitou a (uís ad+uirir a 'on'ep,-o de +ue o ambiente para a

%orma,-o da asso'ia,-o estaria mais %avor<vel2 tendo vista +ue a popula,-o 'amponesa era de

'erta %orma ampla em rela,-o a popula,-o total do muni'ípio* Podemos ver +ue essa 'onsulta

ao Instituto 0rasileiro de eo$ra%ia e Est<ti'a %oi %undamental para o lan,amento da

asso'ia,-o*

A popula,-o de Campo Maior tin9a essa amplitude2 pelo %ato de na d/'ada de G! o

território do re%erido muni'ípio abran$er uma vasta <rea territorial +ue 9o&e se 'ompreende

entre Campo Maior e muni'ípios vi3in9os2 9a&a vista +ue o muni'ípio so%reu no %inal da

d/'ada de ! e na d/'ada de ! uma políti'a eman'ipatória2 na +ual 'in'o re$i;es +ue %a3iam

 parte da <rea rural de Campo Maior %oram desmembradas do muni'ípio e se tornaram

@independentes* Como relata o entrevistado as %uturas 'idades %oram Si$e%redo Pa'9e'o2

Co'al de Fel9a2 Jatob<2 0o+ueir-o e ?ossa Sen9ora de ?a3ar/ todas essas re$i;es

'ompletavam os a 3ona rural 'ampomaiorese na d/'ada de G!#  temporalidade em +ue se

'onsiste essa pes+uisa2 9< uma e+uivo'o na %ala do entrevistado2 +uando o mesmo aborda a

lo'alidade S-o Joa+uim 'omo uma 'idade2 pois o re%erido lo'al ainda / 3ona rural e se

'ompreende entre os muni'ípios de Campo Maior e ?ossa Sen9ora de ?a3ar/*

Compreendemos +ue a re$i-o de Campo Maior2 era de 'erta %orma ampla e nessa

amplitude do território 'ampomaiorense2 9avia uma popula,-o rural 'onsideravelmente

$rande o +ue permitia +ue o movimento se desenvolvesse sem problemas2 uma ve3 +ue 'om

esse 'ontin$ente popula'ional no meio rural o movimento se tornaria amplo e 'onsistente*Podemos 'onsiderar +ue os lideres +ue pro'uravam promover a asso'ia,-o estavam em uma

situa,-o %avor<vel do ponto de vista de e%etiva,-o do movimento2 pois tin9am o material

9umano ne'ess<rio para a %orma,-o +ue viria a ser a A(FACAM*

8essa %orma 'om todas as in%orma,;es 'ol9idas2 a %orma,-o do movimento seria

+uest-o tempo2 uma ve3 +ue as lideran,as &< estavam es+uemati3ando 9< 'erto período os

meios na +ual essa asso'ia,-o se 'onstituiria* ?esse sentido os 'amponeses estavam se

25 8isponível em. 9ttp.__*'idades*ib$e*$ov*br_=tras_u%*p9pXlan$c'odu%csear'9cpiaui*A'esso em L de setembro de !"#*

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 pronti%i'ando a lutar 'ontra as opress;es so%ridas2 podemos entender isso 'omo uma luta de

'lasses2 uma ve3 +ue temos no 'onte=to desta pes+uisa2 duas 'amadas so'iais distintas +ue

vivem em uma situa,-o de 'on%ronto direto2 no 'aso seriam os 'amponeses e lati%undi<rios2

 para entendemos mais sobre essa +uest-o da 'lasse podemos nos apropriar das palavras de

Edard Palmer F9ompson.

A 'lasse a'onte'e +uando al$uns 9omens2 'omo resultado de e=periBn'ias de'omuns 49erdadas ou partil9adas72 sentem e arti'ulam a identidade de seusinteresses entre si2 'ontra outros 9omens 'u&os interesses di%erem4$eralmente se op;em7 dos seus* A e=periBn'ia de 'lasse / determinada2 em$rande medida2 pelas rela,;es de produ,-o em +ue os 9omens nas'eram – ouentraram involuntariamente* 4FHOMPSO?2 "2 p*"!7

A ideia de Edard Palmer F9ompson se en'ai=a na perspe'tiva +ue esta pes+uisa estainserida2 pois temos nesse trabal9o esse embate de 'lasses +ue esta permeada por interesses

diver$entes* V %undamental per'ebermos nessa rela,-o de 'lasses2 'omo 9< uma oposi,-o

entres as partes +ue 'omp;em um meio so'ial2 ou se&a2 o lati%undi<rio tem uma ideia sobre o

'amponBs e este ltimo2 por 'onse$uinte tem sua per'ep,-o sobre o %a3endeiro ent-o 9< um

'on%ronto de interesses 'omo 'on'eitua Edard Palmer F9ompson* ?as %alas de (uís

@Eduvi$es %i'a per'eptível esse embate entre os indivíduos +ue o'upavam posi,;es

diver$entes em mbito so'ial*

8esta'amos tamb/m +ue o nas'imento pode determinar a 'lasse2 na +ual o indivíduo

vai 9abitar no 'aso de (uís @Eduvi$es um dos prin'ipais persona$ens deste trabal9o isso %i'a

evidente2 pois nas'eu numa %amília +ue vivia no 'ampo e 'omo representante da 'lasse

'amponesa2 lutou 'ontra as opress;es +ue sua 'amada so'ial en%rentava e pelos interesses da

mesma2 mas devemos nos atentar tamb/m +ue seu irm-o Ribamar (opes2 nas'eu neste meio

mais n-o se$uiu os mesmos rumos do irm-o2 tril9ou 'amin9os diver$entes por op,-o própria*

 ?as rela,;es +ue s-o tratadas em um meio2 uma 'lasse depende da outra2 essa

dependBn'ia a'aba 'on%i$urando os embates +ue se d-o nesse meio so'ial o lati%undi<rio

ne'essita do 'amponBs para trabal9ar em sua terra mais o trabal9ador rural n-o ne'essita do

lati%undi<rio para trabal9ar2 ele pode ser independente2 mas pre'isa da terra +ue esta sob

domínio do %a3endeiro dessa %orma o 'amponBs esta submisso ao dono da terra2 'omo a%irma

Edard Palmer F9ompson @?-o podemos ter amor sem amantes nem submiss-o sem

sen9ores rurais e 'amponeses 4FHOMPSO?2 "2 p*"!7 ent-o 'ompreendemos +ue a

so'iedade pre'isa de su&eitos +ue e=er'em um papel +ue %oi inserido aos mesmos para

determinar as rela,;es +ue a'orrem nesse meio so'ial* Cada membro +ue parti'ipa de uma

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so'iedade2 ele e=er'e uma %un,-o pr/)estabele'ida2 nos padr;es so'iais em +ue esta inserido2

nesse sentido s-o essas rela,;es +ue re$em as pessoas de uma so'iedade2 ou se&a2 para 9aver 

opressores pre'isam ter oprimidos *

Como abordado em par<$ra%os anteriores2 as lideran,as do movimento tin9am se

 preparado para e%etivar a asso'ia,-o e o momento para a %unda,-o estava pró=imo 'omo

aborda (uis @Eduvir$es .

Mais ai ia '9e$ar a data +ue a $ente tin9a +ue %a3er a 'onvo'a,-o daassembleia pra %a3er a %unda,-o e tin9a +ue vim os editais de 'onvo'a,-o e botar nos lo'ais pbli'os os edital 'onvidando mar'ando o dia e a 9ora da%unda,-o a+ui nos matin n/ e de %ato a'onte'eu 4***7 V ?ois tin9a uma baseassim entre nois a+ui +ue podia vim L#!! trabal9ador a base era essa L#!!

mais isso num a'onte'eu n-o V ?ois tin9a uma base assim entre nois a+ui+ue podia vim L#!! trabal9ador a base era essa L#!! mais isso numa'onte'eu n-o* Era uma m/dia +ue a $ente 'al'ulava +ue pudesse da2 ai noistivemos +ue botar edital nas 'idades 'onvidando As autoridades botemos nos'artórios nos ban'os botemos nos mer'ado 'onvidando pra tal dia %unda,-oa+ui nos matim n/ mar'ando a 9ora 'onvidando os trabal9ador de todos oslado ai &< tin9a muitos trabal9ado de outros muni'ípios +uerendo vim pra '< pra se asso'iar a+ui por+ue eram perse$uido la por+ue $ostavam da 9istoriaeles son9avam 'om o ne$o'io só +ue a $ente n-o podia %a3er isso por+ueeram de outro muni'ípio ai nois esperava uma multid-o muito $rande maisvei seis'entos e vinte pou'os trabal9ador 'om esses seis'entos vinte pou'ostrabal9ador %oi 'riada %ui %undada vei um bo'ado de estudante +ue depois passaram a ser tudim advo$ado vieram assistir de Feresina eles vieram pra '<a&udar 4(OPES2!"#7

A partir da %ala do depoente2 vemos 'omo %oi plane&ado a %unda,-o da asso'ia,-o* Os

lideres n-o se intimidaram ao %a3er a divul$a,-o do evento2 'olo'aram os ann'ios em

diversos lo'ais da 'idade2 noti'iando a instaura,-o da entidade e 'onvo'ando os interessados a

se %a3erem presentes na lo'alidade Matin9os* Os lideres estavam de 'erta %orma bem

'on%iantes2 uma ve3 +ue esperavam um amplo nmero de pessoas* 8e a'ordo 'om o

entrevistado era esperado L#!! trabal9adores +ue vin9am 'om o intuito de se asso'iarem2 masem de'orrBn'ia das amea,as so%ridas por parte dos lati%undi<rios os 'amponeses 9esitaram em

'ompare'er*

V nítido 'omo os lati%undi<rios e=er'iam um predomínio sobre o trabal9ador 

impedindo)o de parti'ipar de um movimento +ue os representassem2 'ara'teri3ando dessa

%orma um 'on%ronto entre 'lasses* Como aborda Edard Palmer F9ompson a'er'a desse

assunto2 e=iste uma rela,-o de interesses +ue s-o desenvolvidos por 9omens +ue v-o de

en'ontro 'om os interesses de outros 4FHOMPSO?2 "7 isso e=empli%i'a bem essa rela,-o

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entre os 'amponeses e os lati%undi<rios na+uela situa,-o da %unda,-o da A(FACAM2 na +ual

estava em pauta os interesses de 'ada 'lasse*

8essa %orma 'ompare'eram a Matin9os um nmero de trabal9adores bem a bai=o doesperado 'omo lembra (uís @Eduvi$es mesmo 'om a bai=a de trabal9adores as amea,as e as

 perse$ui,;es so%ridas2 o movimento n-o su'umbiu e se$uiu adiante e teve sua %unda,-o

'on'reti3ada em de &ul9o de "G %oi uma data +ue mar'ou um dos maiores avan,os para o

trabal9ador rural 'ampomaiorense* A %unda,-o do movimento %oi noti'iada no &ornal Ferra

(ivre 'omo veremos a se$uir.

 ?o muni'ípio de Campo Maior2 %oi %undada a Asso'ia,-o dos (avradores eFrabal9adores A$rí'olas2 tendo 'omo presidente Ribamar Osorio (opes2 'ommais de L!! asso'iados e sob orienta,-o da A))OCIAÇÃO DO)LARADORE) E TRAAL.ADORE) ARFCOLA) DE TERE1INA#ALTAT( +ue2 por sua ve32 tem a a&uda da 'lasse operaria e dos estudantes*4FERRA (I:RE2 "G2 p*L7

:emos a reper'uss-o +ue esse movimento $an9ou2 uma ve3 +ue sua inau$ura,-o %oi

noti'iada em um vei'ulo de 'omuni'a,-o da 'idade de S-o Paulo +ue tin9a vei'ula,-o em

todo país2 per'ebemos +ue para a %unda,-o da asso'ia,-o os 'amponeses da re$i-o de Campo

Maior tiveram apoio da Asso'ia,-o dos (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Feresina e

tamb/m dos estudantes e dos oper<rios 'omo aborda (uís @Eduvi$es2 nas entrevistas na +ualo mesmo me 'on'edeu* Esse apoio de outras entidades 'on'edido a asso'ia,-o %oi

%undamental para o 'res'imento da or$ani3a,-o*

O movimento +ue (uís Jos/ Ribamar O3ório (opes tanto lutara estava reali3ado2 'om

essa Asso'ia,-o2 os trabal9adores Rurais da re$i-o de Campo Maior poderiam2 lutar de %orma

mais 'onsistente por seus interesses* O &ornal en%ati3a a e%etiva,-o da asso'ia,-o 'om um

'erto vi$or e prepondern'ia2 'omo uma vitória 'on+uistada pelos 'amponeses2 pois em

diversas re$i;es do país essas asso'ia,;es estavam emer$indo MORAIS !"2 ou se&a os

'amponeses estavam ampliando 'ada ve3 mais seu 'ampo de luta* A+ui no Piauí &< tín9amos

%o'os de luta 'amponesa em al$uns lo'ais 'omo em Feresina 'om a A(FAF +ue au=iliou a

A(FACAM de Campo Maior e 'omo &< Ressaltado neste trabal9o tivemos Parnaíba +ue

%ormou a Asso'ia,-o Pro%issional dos Camponeses e (avradores de Parnaíba / tamb/m

Amarante*

Per'ebemos uma diver$Bn'ia entre a %ala do entrevistado e a mat/ria divul$ada pelo

 &ornal2 o deponente a%irma +ue a asso'ia,-o %oi %undada 'om seis'entos e vinte pou'os

trabal9adores2 o &ornal divul$a +ue %oram apenas L!! asso'iados2 ou se&a uma dis'repn'ia

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muitos $rande entre as %ontes* Mas temos +ue per'eber +ue estas in%orma,;es partem de

meios de pes+uisa di%erentes2 uma vem atrav/s de %onte 9emero$r<%i'a e outra atrav/s do

relato oral2 n-o estou +uerendo neste momento des'onsiderar nen9uma das vers;es na +ual

me deparei neste pro'esso investi$ativo2 mas per'ebo +ue o 9istoriador en+uanto su&eito

 pes+uisador deve pro'urar problemati3ar seu ob&eto de estudo2 a partir dos diversos dis'ursos

em +ue o mesmo se depara*

 O relato oral em +ue tive a'esso parte de um indivíduo +ue 9abita um determinado

espa,o so'ial e o dis'urso do &ornal tamb/m parte em um meio so'ial espe'í%i'o2 nesse

sentido para entender mais sobre o ato de rememorar2 me aproprio das palavras de E'l/a 0osi2

@?a maior parte das ve3es2 lembrar n-o / reviver2 mas re%a3er2 re'onstruir2 repensar2 'om

ima$ens e ideias de 9o&e as e=periBn'ias do passado* A memória n-o / son9o / trabal9o

40OSI2 "N2 p*##7* 8essa %orma 'ompreendemos2 +ue o ato de lembrar do entrevistado2 esta

inserido no presente 'onstruindo)se assim um dis'urso a'er'a do passado2 ent-o podemos

a%irmar +ue tanto a %onte oral +uanto a %onte 9emero$r<%i'a 'ada uma tem sua 'redibilidade*

Para entendermos mais sobre essa +uest-o dos dis'ursos +ue nos deparamos na

 pes+uisa 9istóri'a2 nos des'reve MiK9ail 0aK9tin. Cada /po'a e 'ada $rupo so'ial tem seu

repertório de %ormas de dis'urso na 'omuni'a,-o só'io)ideoló$i'a* A 'ada $rupo de %ormas perten'entes ao mesmo $Bnero2 isto /2 a 'ada %orma de dis'urso so'ial2 'orresponde um $rupo

de temas* 40A5HFI?2 !!2 p*NL7* A partir de MiK9ail 0aK9tin podemos 'ompreender os

dois dis'ursos em +uest-o2 o do entrevistado e o dis'urso do &ornal2 'ompreendemos +ue 'ada

/po'a esta permeada por dis'ursos +ue re$em a+uele determinado momento 9istóri'o e 'ada

so'iedade tamb/m esta %undamentada em dis'ursos +ue s-o 'riados a partir de seus interesses2

ent-o tanto o persona$em +ue 'edeu o relato oral +uando o indivíduo +ue publi'ou a mat/ria

no &ornal2 eles est-o inseridos em $rupo so'ial di%erente2 dessa %orma os dis'ursos'onse+uentemente apresentaram diver$Bn'ias*

 ?esse 'onte=to n-o podemos des'onsiderar nen9umas das duas %ontes2 uma ve3 +ue o

 próprio &ornal / um meio de 'omuni'a,-o +ue parte de uma perspe'tiva +ue esta permeada

 pelos interesses de +uem o re$e e o entrevistado parte de outro n$ulo* 8essa %orma os dois

dis'ursos s-o %undamentais para a pes+uisa 9istóri'a2 pois nos deparamos a+ui 'om uma

 problem<ti'a e n-o 'abe ao 9istoriador pro'ura a verdade dos %atos2 mas problemati3ar o

 passado a partir das %ontes +ue o mesmo tem a'esso2 pois em nen9um momento em uma pes+uisa 9istorio$r<%i'a '9e$aremos a verdade*

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Mais se por um lado 9avia um 'ampo %avor<vel aos lideres2 por outro e=istia uma

situa,-o des%avor<vel +ue seriam os lati%undi<rios da /po'a2 +ue ao saber das a$ita,;es

resistiram 'ontra o movimento2 promovendo amea,as aos 'amponeses +ue parti'ipassem da

asso'ia,-o2 assim 'omo a'onte'eu em :itoria de Santo Ant-o 4MOFFA ESFE:ES2 !!7

lo'al aonde 'ome,aram a sur$ir as li$as e tamb/m em outras re$i;es* Pois em diversos lo'ais

na +ual sur$iram movimentos 'amponeses estes %oram perse$uidos* Em Campo Maior 

tamb/m %oi da mesma %orma a asso'ia,-o tamb/m so%reu diversas repres<lias por parte de

%a3endeiros +ue se sentiam amea,ados pela ini'iativa* Como elu'idado a se$uir por (uís

@Eduvi$es.

A rea,-o %oi muito $rande a rea,-o %oi muito $rande rapa3 eu num 'onto /

 por+ue eu num $uardei a +uantidade de 'arta dos trabal9adores2 de dia numandava uma pessoa na min9a 'asa mais de noite era a noite todin9a tin9a ummato eu num morava a+ui era em outro lu$ar a'ola tin9a uma moita la de pau uma mata +uando o dia aman9e'ia tava a ruma de %e3es de 'avalo4(OPES2!"#7

O entrevistado relembra as 'artas +ue re'ebia dos trabal9adores +ue 'ome,aram a

serem perse$uidos por apoiarem o movimento2 tendo em vista a rea,-o dos lati%undi<rios2

sobre essas atitudes dos %a3endeiros e=empli%i'a muito bem Carlos (eandro da Silva Esteves.

@A perse$ui,-o e tentativas de e=puls-o s-o a,;es +ue %a3em parte do repertório de

e=propria,-o 'apitalista ao +ual s-o submetidos os 9omens do 'ampo 4ESFE:ES2 !!2

 p*"7 essa opress-o vai ser %re+uente em Matin9os2 uma ve3 +ue os %a3endeiros da re$i-o se

sentiam amea,ados pelo movimento +ue estava emer$indo2 ou se&a2 essa asso'ia,-o vai 'ausar 

medo e des'on%ian,a aos donos de lati%ndio na re$i-o de Campo Maior* Como abordou

ESFE:ES essas s-o prati'as 'omuns em +ue os 'amponeses eram submetidos*

8urante min9as visitas a (uís Jose Ribamar O3orio (opes2 o mesmo n-o 9esitou em

me pro%erir v<rias 9istórias de sua militn'ia a %rente dos movimentosG

  em prol dotrabal9ador rural2 esse persona$em se disponibili3ou durante min9as andan,as revelar 

diversos %atos de sua vida* Al/m de seu relato (uís me disponibili3ou um do'umento +ue se

'onstitui de %undamental importn'ia para essa perspe'tiva do trabal9o2 +ue %oi a 'arteira +ue

os asso'iados tin9am na /po'a do movimento* Essa 'arteira 'ontin9a as in%orma,;es sobre o

membro da asso'ia,-o e era uma %orma de identi%i'a,-o do indivíduo2 +ue %osse inte$rante da

26 Uso o termo movimentos2 pois o mesmo al/m de ser um dos %undadores de A(FACAM aindamilitou no sindi'ato dos trabal9adores rurais at/ a d/'ada de !*

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entidade2 se$undo o depoente esse %oi um dos ni'os do'umentos +ue restou da asso'ia,-o e o

$uarda 'om 'arin9o na estante de sua 'asa2 'omo veremos a se$uir.

Carteira da A(FACAM Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo

Maior 

Esta / a parte da 'apa da 'arteira dos asso'iados se$undo (uís @Eduvi$es todos os

'amponeses +ue %a3iam parte da asso'ia,-o tin9am uma 'arteira semel9ante a anterior2 o

mesmo a%irma +ue esta %oi a ni'a +ue restou +ue perten'ia a seu irm-o Raimundo Jos/

Ribamar O3orio (opes* O depoente a%irma +ue diante das perse$ui,;es +ue o movimento

'ome,ou a so%rer2 muitos trabal9adores '9e$avam es'onder suas 'arteiras @muita $ente botou

%ora por+ue n-o +ueria ser identi%i'ado 4(OPES2 !"#7 essa %oi uma das estrat/$ias

en'ontradas pelos membros da entidade2 'om o intuito de n-o so%rerem repres<lias2 uma ve3

+ue os lati%undi<rios estavam no en'al,o dos 'omponentes da asso'ia,-o2 prin'ipalmente se

este 9abitasse suas terras2 pois 'omo vimos2 muitos 'amponeses em de'orrBn'ia das amea,as

%oram impedidos de parti'iparem da %unda,-o da entidade*

27 Carteira disponibili3ada por (uís Jos/ Ribamar Osorio (opes

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Essa pr<ti'a tamb/m vi$orava em outros lo'ais +ue tin9am li$as 'amponesas 'omo

aborda 0ernardete DrublevsKi Aued. @intimida,-o2 amea,a2 espan'amento ao morador +ue

%osse en'ontrado 'om a 'arteira de asso'iado da (i$a 4AUE82 !"2 P*7 esse %ra$mento

'on%i$ura 'omo era a situa,-o do 'amponBs +ue era identi%i'ado 'om a 'arteira da asso'ia,-o2

muitos trabal9adores possuíam esse medo2 pois tin9am 'ons'iBn'ia das 'onse+uBn'ias +ue

 podiam so%rer por parte dos lati%undi<rios*

Carteira da A(FACAM Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior*

A 'arteira e=p;e al$umas in%orma,;es sobre o su&eito asso'iado2 'omo %oto de

identi%i'a,-o2 pole$ar direito e assinatura* Apresentava tamb/m o nome da Asso'ia,-o2 data

de %unda,-o2 o indivíduo na +ual a 'arteira perten'ia2 o estado e muni'ípio em +ue o su&eito

9abitava2 estado 'ivil o $rau de instru,-o2 o lo'al na +ual o mesmo residia e por %im a

assinatura do presidente (uís Jose Ribamar O3orio (opes*

Per'ebemos +ue esta 'arteira apresenta in%orma,;es ne'ess<rias dos asso'iados* Com

 base nessas in%orma,;es2 vemos uma 'erta or$ani3a,-o na entidade2 uma ve3 +ue 9avia uma

 preo'upa,-o em identi%i'ar seus membros2 'riando uma do'umento de identi%i'a,-o +uedenotava o indivíduo 'omo 'omponente* Se um lati%undi<rio ou o seu &a$un,o se deparasse

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'om este do'umento 'ertamente identi%i'aria o su&eito2 nesse sentido uma alternativa

es'ol9ida pelo 'amponBs seria es'ondB)la*

 ?-o e=ibir suas 'arteiras e at/ 'olo'a)las %ora2 provavelmente %oi uma das estrat/$iasusadas pelos membros do movimento2 tamb/m durante o Re$ime Militar2 tendo em vista a

 pris-o de al$uns asso'iados2 ent-o 'ompreendemos +ue n-o se identi%i'ar 'omo inte$rante

 pode ter sido uma das estrat/$ias para evitarem um prov<vel en'ar'eramento2 pois o indivíduo

seria %a'ilmente identi%i'ado pelos militares*

8epois de %ormada Asso'ia,-o 'ome,a re'eber 'ríti'as2 ou se&a2 A(FACAM estava

sendo desmorali3a 'omo aborda (uis Eduivi$es.

Rapa3 eles 'ome,aram a di3er +ue nosso movimento era %ra'o num tin9a ba$a$em pra nada n-o eu disse rapa3 vamos se mobili3ar e vamos entra em'ampo maior 4***7 avisei os trabal9ador pra ir da+ui pra la pra ponte das pintadas pra nois aman9e'er o dia ali na ponte das pintadas e entrar 'om osan%oneiro Mamede 8iolino da+ui do S-o 0enedito 'om a san%ona destetaman9o +ue / a primeira +ue apare'eu por a+ui to'ava muito lon$e +uem pudesse ir a 'avalo +ue %osse +uem pudesse ir em riba de &umento podia ir e+uem pudesse ir a p/ +ue %osse nois &untemos ali pe$uemos um %o$uete uma'ai=a de %o$uete e ai eu tin9a um 'anavial ali tin9a muito pend-o de 'ana eai onde nosso 'ompan9eiro tirou uma +uantidade muito $rande levou os pend-o de 'ana e botou la na passeata teve uma reper'uss-o muito $rande ai

entremos em Campo Maior botando %o$uete rapa3 to'ando na %rente 'om asan%ona 4**7 o povo saída de dentro de 'asa %i'ava a+uela multid-o monstrana porta2 os pend-o de 'ana era 'oisa mais bonita do mundo rapa3 nossa passeata e o san%oneiro to'ando*4(OPES2 !"#7

Essa passeata or$ani3ada %oi pelo presidente da asso'ia,-o2 'om o intuito de responder 

Qs 'ríti'as +ue o movimento estava re'ebendo2 na %ala de @Eduvi$es vemos +ue o mesmo

 pro'ura mobili3ar um $rande nmero de trabal9adores2 para se %a3erem presentes a esta

'amin9ada* O entrevistado tamb/m bus'ou meios para +ue a mar'9a %osse ainda mais notada

'omo 'ontratar um san%oneiro para 'ondu3ir a 'amin9ada2 outro aspe'to +ue deve ser ressaltado seria os pend;es de 'ana +ue tamb/m anun'iariam a movimenta,-o dos

'amponeses* O depoente ainda aborda esse momento 'om 'erta ale$ria @era 'oisa mais bonita

do mundo rapa3 nossa passeata 4(OPES2 !"#7 (uís aponta +ue eram 'er'a de #!!

trabal9adores 'amin9ando pelas ruas de Campo Maior 'on%i$urando uma mar'9a de 'erta

%orma ampla*

Per'ebemos +ue os indivíduos 'ontr<rios aos 'amponeses2 'ome,avam a se mover 

 para 'riar uma ima$em ne$ativa da asso'ia,-o2 a %im de +ue a entidade n-o $an9asse uma

 propor,-o ampla e %osse apenas uma a$ita,-o sem muitas pretens;es2 mais ressalto +ue essa

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'amin9ada $erou uma reper'uss-o muito $rande2 pois %oi noti'iada no &ornal ?ovos Rumos

do Rio de Janeiro2 mat/ria enviada por Ribamar (opes um dos arti'uladores da asso'ia,-o2

+ue e=er'eu um papel %undamental na divul$a,-o do movimento* ?o Jornal ?ovos Rumos %oi

 publi'ado a %oto da passeata 'omo veremos a se$uir.

Passeata or$ani3ada por (uís Jos/ Ribamar O3orio (opes onte. NOO) R0MO)2 "GL2 p* !G

 ?a ima$em vemos diversos trabal9adores em uma $rande 'amin9ada2 er$uendo

'arta3es2 'omo a %oto n-o / t-o nítida2 n-o / possível visuali3armos o +ue esta es'rito nos

'arta3es provavelmente se&am mensa$ens +ue se re%erem a luta 'amponesa no muni'ípio

'idade* A mat/ria do &ornal a%irma +ue os 'arta3es se re%eriam as re%ormas de base e tamb/m a

alian,a selada entre oper<rios e 'amponeses* :emos +ue 9ouve uma rela,-o bem estreita entre

o sindi'atos dos oper<rios e a A(FACAM em al$umas mat/rias de &ornais +ue se re%erem a

asso'ia,-o / desta'ada presen,a dos oper<rios +ue abra,aram tamb/m a luta 'amponesa*

Como ressaltado essa ima$em %oi publi'ada no Jornal ?ovos Rumos veremos a mat/ria

se$uir.

Oper<rios e 'amponeses de Campo Maior2 no Piauí2 'omemoraram &untos2 pela primeira ve3 na 9istória do estado2 o primeiro de maio* Eramlavradores %iliados Q Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olasde Campo Maior e oper<rios do sindi'ato da 'onstru,-o 'ivil da 'idade* Amani%esta,-o ini'iou)se 'om uma $rande passeata* Com o 'omí'io em+ue diversos oradores ressaltaram a importn'ia da mani%esta,-o e o

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si$ni%i'ado da data* Frabal9adores e 'amponeses des%ilaram empun9ado'arta3es e %ai=as 4%otos7 re'lamando as re%ormas de base e saudando aalian,a oper<rio)'amponesa* 4?O:OS RUMOS2 "GL2 p*G7

A mat/ria desta'a a passeata o'orrida em Campo Maior2 no dia do trabal9ador de

"GL2 em 'omemora,-o a alian,a oper<rio 'amponesa2 simboli3ando o primeiro de maio*

 ?esse sentido at/ a data para a mar'9a %oi estrat/$i'a2 pois a 'idade se deparou 'om uma

'amin9a de $randes propor,;es promovida pela 'lasse trabal9adora* Como &< ressaltado a

 passeata 'ontou 'om 'er'a de #!! trabal9adores entre oper<rios2 'amponeses e simpati3antes

do movimento2 +ue n-o 9esitaram em parti'ipar da mar'9a e apoiar os 'amponeses2 uma ve3

+ue a passeata se$uiu por diversos pontos da 'idade* Certamente a data ten9a 'ontribuído para

a ades-o de mais pessoas2 +ue viam o dia do trabal9ador sendo simboli3ado e

'onse+uentemente se sentiam representadas pela passeata*

A 'amin9ada prosse$uiu por diversos pontos da 'idade in'lusive a pre%eitura2 na +ual o

entrevistado a%irma +ue %oram 'om o intuito de 'onversar 'om o pre%eito de Campo Maior na

/po'a Jo-o de 8eus Forres2 +ue anos depois viria a renun'iar por press-o políti'a da oposi,-o*

Se$undo o depoente esse %ato 'ontribui para a perse$ui,-o do pre%eito2 pois 'ome,aram l9e

de%inir 'omo um 'omunista* 8evemos desta'ar +ue a data na +ual se deu a mar'9a %ora

%eriado em tese o pre%eito n-o estaria na pre%eitura2 mas 'omo era o do trabal9ador 'ertamenteo mesmo estaria 'elebrando al$uma 'erim>nia para lembrar o dia* 8essa %orma se se$uiu o

lon$o ano de "GL 'om a e%erves'Bn'ia do movimento 'amponeses2 em Campo Maior 

en%rentando as adversidades impostas2 :amos entender mais sobre essas amea,as no tópi'o a

se$uir na +ual abordaremos a i$re&a 'atóli'a e sua atua,-o no meio rural*

-A) LIA) G0E DE)LIAM2: A I$re&a Católi'a e seu envolvimento 'om movimentosRurais

A prin'ípio desta'o +ue o ob&etivo deste tópi'o / abordar a %unda,-o de sindi'ato dotrabal9adores rurais em Campo Maior2 'omo um me'anismo para %a3er oposi,-o as li$as

'amponesas2 ou se&a2 a ideia n-o seria des'rever a 9istória do sindi'ato mais apontar a i$re&a

'atóli'a e sua mobili3a,-o na %orma,-o dos mesmos2 'om o intuito de +ue as li$as n-o

tomassem uma propor,-o t-o $rande* A'redito +ue nesta pes+uisa2 n-o posso me omitir no

+ue di3 respeito a aborda$em deste assunto2 tendo em vista as a,;es da i$re&a 'atóli'a no meio

rural piauiense2 tanto em oposi,-o as li$as 'amponesas +uanto em sua atua,-o na %orma,-o de

sindi'atos rurais* ?esse tópi'o apresento a %ala de mais um indivíduo +ue tive a oportunidade

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de entrevistar Antonio 8ami-o de Sousa2  um dos lideres do Sindi'ato dos Frabal9adores

Rurais de Campo Maior*

Ao pes+uisar a'er'a dos movimentos 'amponeses per'ebi +ue 9< um dis'urso

anti'omunista +ue parte do meio reli$ioso2 uma ve3 +ue no estado do Piauí2 9< uma in%luen'ia

muito $rande da i$re&a 'atóli'a2 na 'onstru,-o de uma ima$em distor'ida das li$as

'amponesas2 9a&a vista +ue as lideran,as reli$iosas atrelaram esse movimento ao 'omunismo2

sendo +ue os mesmos %oram $randes opositoras dessa ideolo$ia2 li$ando)a ao mal2 'omo

vemos se$uir.

O dem>nio2 en'arna,-o do mal2 desde o iní'io dos tempos 4pe'ado ori$inal7vin9a tentando o 9omem e provo'ando perturba,;es para en%ra+ue'er as%or,as do bem2 'apitaneadas pela I$re&a de 8eus* A prova,-o %inal seria o

'omunismo2 ltima artiman9a en$endrada pelo @anti$o tentador paradesviar o 9omem do bom 'amin9o* ?o 0rasil2 os reli$iosos lan,aram m-o'om bastante %re+uBn'ia do re'urso Q demoni3a,-o dos 'omunistas*4MOFFA2 !"!2 p*N7

 ?esse sentido a i$re&a se %e3 'omo um dispositivo di%usor do anti'omunismo2 pois uma

das estrat/$ias para %undamentar seu dis'urso seria li$ar o 'omunismo Q ima$em do dem>nio*

Essa t<ti'a %oi uma das %ormas absorvidas pela so'iedade2 9a&a vista +ue 9< toda uma

simbolo$ia na %i$ura do dem>nio 'omo representa,-o do mal* 8essa %orma a i$re&a 'atóli'a se

%a3 'omo uma institui,-o +ue e=er'e 'erto poder sobre a popula,-o nesse 'onte=to2 tendo emvista +ue esses dis'ursos %oram aderidos pela so'iedade* Conse+uentemente os 'ivis viram as

li$as 'amponesas 'omo al$o +ue deveria ser 'ombatido dem>nio* A se$uir veremos uma2

mat/ria do &ornal A Cru3 intitulada As (i$as +ue desli$am2 +ue 'on%i$ura 'omo %oi o empen9o

da i$re&a no +ue di3 respeito ao 'ombate as li$as 'amponesas.

V notório +ue o $overnador n-o empresta a menor aten,-o a um movimentodesa$re$ador +ue se opera no país e no seio das popula,;es 'ampesinas. odas '9amadas (i$as Camponesas* V um %o'o +ue só vai tornando dia a diamais peri$oso* 8ado +ue &< saiu do seu ponto de ori$em2 Pernambu'o* E se

irradia por outros Estados da edera,-o* Se o $overno se preo'upa muitomais 'om o +ue o'orre na %ri'a e em outros 'ontinentes nossos 0ispos'uidam de pre%eren'ia do +ue se passa em nosso país* Atendendo ao elevadonumero de +uei=as pro'edentes de todo o interior do Piauí 'ontra essas li$as+ue desli$am2 o ar'ebispo de Feresina promoveu uma reuni-o de lavradores para apre'iar o momentoso assunto* oram mais uma ve3 'lassi%i'adas asli$as 'omo ór$-os de a$ita,-o2 orientados por políti'os pro%issionaisinteressados na subvers-o* Salientaram o ambiente de in+uieta,-o einse$uran,a provo'ado* 4A CRUT2 "G2 p*"7

28 Antonio 8ami-o de Sousa 'amponBs da re$i-o de Campo Maior2 %oi o primeiro presidente doSindi'ato dos trabal9adores Rurais de Campo Maior2 atualmente reside nas pro=imidades do anti$o par+ue re'reio em Campo Maior*

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A partir do título da mat/ria2 %i'a nítido o 'ontedo da mesma2 uma ve3 +ue apresenta lo$o em

seu iní'io uma 'ríti'a as li$as 'amponesas2 atrelando o ad&etivo desli$a ao nome li$a2 ou se&a2

o título vem 'omo uma %orma de desmorali3ar essa or$ani3a,-o 'amponesa2 se mostrando um

enun'iado anti'omunista e opositor as li$as 'amponesas prin'ipalmente +uando a%irma ser um

movimento peri$oso* :emos nesta publi'a,-o +ue 9< uma a,-o da i$re&a 'atóli'a em alertar as

autoridades $overnamentais2 para a amea,a +ue estaria se apresentando e se espal9ando pelo

 país2 +ue seriam as li$as 'amponesas* V interessante ressaltar +ue essa mobili3a,-o dos

reli$iosos %oi impulsionada pelo ar'ebispo da 'apital 8om Avelar 0rand-o :ilela um dos

 prin'ipais opositores desse movimento 'amponBs no estado* A mat/ria a%irma +ue 9avia

um nmero $rande de +uei=as provindas do interior2 mas n-o dei=a 'laro de onde partem

essas +uei=as2 'ertamente viam de pessoas +ue partil9avam da mesma ideia da i$re&a 'atóli'aa'er'a das li$as2 pois vimos no tópi'o a'er'a do anti'omunismo uma a'usa,-o dire'ionada a

uma pro%essora +ue estaria ensinado 'omunismo aos alunos2 esta denn'ia partia de Jos/ de

reitas interior do Piauí* 8essa %orma podemos per'eber +ue 9aviam uma mobili3a,-o da

 popula,-o2 a%im de 'ombater as li$as 'amponesas e a i$re&a 'atóli'a por sua ve3 vai %a3er seu

 papel2 no +ue di3 respeito a atua,-o 'ontra esse movimento*

H< uma 'onvo'a,-o dos lavradores para 'ompare'erem nesta reuni-o2 provavelmente

este en'ontro seria um o iní'io da %orma,-o de sindi'atos2 +ue seriam %ormados pela i$re&a'atóli'a* ?esse 'onte=to sur$iu 'om mais vi$or a %i$ura de 8om Avelar 0rand-o :ilela2 +ue

atuou 'om intensidade na %orma,-o de sindi'atos de trabal9adores rurais 'omo aborda Maria

do Amparo. @Com a or$ani3a,-o das (i$as Camponesas no Piauí2 8om Avelar de'idiu

tamb/m +ue era 9ora de desenvolver a,;es em bene%í'io do trabal9ador do 'ampo2

 promovendo a Sindi'ali3a,-o Rural e a%astando o peri$o do 'omunismo 4CAR:A(HO2

!!G2 p*#7* i'a evidente +ue o intuito de 8om Avelar era promover sindi'atos +ue

estivessem sobre 'omando da i$re&a2 uma ve3 +ue o mesmo via as li$as 'amponesas 'omomovimento de atua,-o 'omunista*

A se$uir vemos uma mat/ria do &ornal Ferra (ivre +ue apresenta um arti$o a'er'a da

mobili3a,-o da i$re&a 'atóli'a no Piauí 'ontra as li$as 'amponesas.

Para 'ombater o movimento 'amponBs no Piauí2 +ue esta $an9ando impulso'om o apoio das prin'ipais 'lasses so'iais e a intele'tualidade demo'r<ti'a2 aAr+uidio'ese de Fere3ina 'riou a CEP(A?2 ór$-o inteiramente %as'ista*inan'iado pelo 'lero rea'ion<rio* A dita CEP(A? %undou o sindi'ato dostrabal9adores rurais2 para dividir o movimento 'amponBs e impedir +ue o9omem do 'ampo se or$ani3e e lute pelos seus direitos arran'ados pelolati%ndio* Mas os 'amponeses &< identi%i'aram o re%erido sindi'ato de padres 'omo or$ani3a,-o inimi$a do povo simples2 'ontraria Q REORMAARRIA e adversaria dos trabal9adores rurais*4 (OPES2 "G2 p*L7

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O %ra$mento a'ima apresenta um2 dis'urso dire'ionado a mobili3a,-o da i$re&a

'atóli'a2 em pro'urar promover sindi'atos rurais2 a %im de dividir os 'amponeses2 9a&a vista

+ue estas entidades sindi'ais mobili3avam muitos 'amponeses2 +ue dei=avam de se %iliar as

li$as* Aproveito este momento2 para %a3er uma analise entre os dois &ornais e os seus

interesses2 uma ve3 +ue %i'a nítido uma tens-o entre as duas publi'a,;es* O &ornal A Cru3 se

op;e as li$as e promove em seu 'ontedo uma 'ríti'a ao movimento2 o &ornal Ferra (ivre por 

sua ve3 'omo / um &ornal a %avor das Asso'ia,;es 'amponesas diri$e uma 'ríti'a a a,-o da

i$re&a 'atóli'a2 vemos um embate de dis'ursos2 'ada &ornal tentando de%ender seus interesses2

ao ponto de 'ara'teri3ar a SEP(A?2 ór$-o na +ual estavam sendo %undados as entidades

sindi'ais2 'omo um ór$-o %as'ista2 +ue estaria impedindo os 'amponeses de lutarem 'ontra o

lati%ndio*

 ?essa perspe'tiva 'onstatamos +ue s-o dire'ionadas a'usa,;es tanto a li$as

'amponesas +uanto a atua,-o dos lideres reli$iosos no meio rural2 'on%i$urando um embate

entre a i$re&a 'atóli'a e os indivíduos +ue de%endias as li$as 'amponesas* O Jornal Ferra (ivre

ao a'usar a i$re&a de %undar a SEP(A?2 'om o intuito de or$ani3ar sindi'atos rurais2 pro'ura

estabele'er uma 'riti'a Q atua,-o da mesma no meio rural piauiense*

8e a'ordo 'om as %ontes 'onsultadas os lati%undi<rios tamb/m tin9am o apoio dai$re&a 'atóli'a2 na +ual ambas as partes estavam envolvidas em bus'a de seus interesses 'ontra

as li$as 'amponesas no estado do Piauí 'omo aborda o &ornal Pa'otil9a o lobo.

@propriet<rios de terras reunidos no pal<'io ar+uiepis'opal 'onsideram as li$as 'amponesas de

Piauí2 de 'ar<ter subversivo* Em nova reuni-o a se reali3ar ser< 'om o %im de adotar medidas

de de%esa das propriedades rurais*4PACOFI(HA O (O0O2 "G2 p*"7 a mat/ria n-o dei=a

evidente esse apoio2 mas podemos ver +ue 9ouve uma reuni-o no pal<'io ar+uiepis'opal lo'al

na +ual $eralmente reside o ar'ebispo da 'idade +ue na /po'a era 8om Avelar 0rand-o :ilela*8essa %orma entendemos +ue 9ouve um apoio entre as partes2 uma ve3 +ue 9< uma reuni-o

 para dis'utir a'er'a da de%esa da propriedade rural2 uma ve3 +ue tin9am li$as 'amponesas

'omo uma amea,a ao lati%ndio*

1uando 8om Avelar 'ome,a a se envolver na 'onstitui,-o de sindi'atos rurais2 9ouve

uma des'on%ian,a dos propriet<rios2 pois estava promovendo movimentos +ue visavam de

'erta %orma os interesses dos 'amponeses2 'omo aponta Maria do Amparo Carval9o @O

movimento de sindi'ali3a,-o desen'adeou um pro'esso de or$ani3a,-o na 3ona rural2 e2 por 

29 Se'retaria de Plane&amento da Ar+uidio'ese de Feresina

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outro lado2 'ausou uma s/rie de di%i'uldade e mal entendidos entre as lideran,as e'lesi<sti'as

e os propriet<rios de terras4CAR:A(HO2 !!G2 p*#7* V evidente 'omo a atua,-o do

ar'ebispo no meio rural reper'utiu de %orma ne$ativa no +ue di3 respeito a vis-o dos

lati%undi<rios2 sendo +ue do ponto de vista dos ltimos esta seria uma a,-o2 na +ual a&udaria o

'amponBs a pro$redir2 9a&a vista +ue um sindi'ato / promovido 'om o intuito de representar a

'lasse2 mas 'omo aborda Maria do Amparo Carval9o a prin'ipal inten,-o seria livrar os

trabal9adores rurais da amea,a 'omunista*

Em Campo Maior 'idade na +ual &< tin9a uma Asso'ia,-o de (avradores Frabal9adores

A$rí'olas2 se deparou 'om mais um movimento 'amponBs %undado sobre orienta,-o da i$re&a

'atóli'a +ue seria o Sindi'ato dos Frabal9adores Rurais de Campo Maior 'omo aborda

Antonio 8ami-o de Sousa.

Come,aram a se unir para %a3er uma or$ani3a,-o2 para 'riar umaor$ani3a,-o +ue o de%endesse e o representasse essa or$ani3a,-o seria o +ueseria os sindi'atos 4***7 sur$iu modelos de %ora do Rio rande do Sul &< eraavan,ado2 a solu,-o seria um sindi'ato2 para representar e de%ender ostrabal9adores na luta n/ ai &ustamente '9e$ou a i$re&a 'atóli'a 'om a m-o2'om uma a&uda por+ue a $ente num tin9a a&uda de nin$u/m n/2 era só ostrabal9ador ai a i$re&a 'atóli'a '9e$ou 'om a orienta,-o a edu'a,-o do9omem a+uela 'oisa toda para se poder 'riar os sindi'atos ent-o essa %oi a base %undamental o 'ome,o da 9istória 4 SOUSA2!"#7

 ?a %ala de Antonio 8ami-o2 %i'a nítido +ue a i$re&a 'atóli'a se %e3 'omo uma pe,a

%undamental para impulsionar a 'ria,-o do sindi'ato2 uma ve3 +ue os trabal9adores n-o

tin9am uma institui,-o +ue pro'urasse a&udar na promo,-o dessa or$ani3a,-o* ?esse sentido

os lideres reli$iosos2 prin'ipalmente na %i$ura de 8om Avelar 0rand-o :ilela persona$em

'entral nessa sindi'ali3a,-o 'amponesa estava ob&etivando seus planos +ue tin9a o intuito

livrar o 9omem do 'ampo do 'omunismo2 +ue no seu ide<rio seria pre$ado pelas li$as

'amponesas*

Embora 9ouve uma atua,-o da i$re&a 'atóli'a 4anta$onista das li$as 'amponesas7 na

%unda,-o do Sindi'ato dos Frabal9adores Rurais de Campo Maior / interessante desta'armos

+ue essa or$ani3a,-o 'amponesa a prin'ipioL! n-o se op>s a Asso'ia,-o de (avradores e

Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior2 e nem esta ltima dis'ordou do sindi'ato* 8e

a'ordo 'om as %ontes per'ebemos +ue n-o eram entidades opositoras2 pois no anivers<rio de

um ano da A(FACAM o sindi'ato re'/m %undado2 se %e3 presente 'omo vemos a se$uir em

30 Uso o termo a prin'ipio2 pois um tempo depois 9ouve al$umas diver$Bn'ias entres as lideran,asdas entidades2 per'ebi isso no dis'urso dos entrevistados2 mas isso %oi em outro momento +ue n-o seen'ai=am nos ob&etivos desta pes+uisa2 nesse sentido n-o 'abe a mim abordar essa perspe'tiva*

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uma mat/ria do &ornal O 8ia @8e Campo Maior2 'ompare'eram representa,;es do sindi'ato

de 'onstru,-o 'ivil2 sindi'ato dos arrumadores2 sindi'ato dos Frabal9adores Rurais2 ambas

dessa 'idade*4O 8IA2 "GL2 p*N7 dessa %orma vemos +ue 9avia uma 'erta intera,-o entre as

duas institui,;es2 uma ve3 +ue o sindi'ato n-o se omitiu em parti'ipar da %estividade

 promovida pela asso'ia,-o2 mas um envolvimento diretamente isso n-o vai 9aver vamos

entender essa +uest-o mais a %rente*

 ?esse sentido2 vemos +ue o intuito da i$re&a %oi estava se 'on'reti3ando2 pois os

sindi'atos estavam se e%etivando em v<rias re$i;es do Piauí e em Campo Maior as lideran,as

reli$iosas %oram bem su'edidas e 'onse$uiram promover &untamente 'om os 'amponeses um

sindi'ato2 em " de &un9o de "GL %oi %undado o Sindi'ato dos Frabal9adores Rurais de

Campo Maior* O &ornalista Ribamar (opes notí'ia esse a'onte'imento no &ornal ?ovos

Rumos. @Com a presen,a de 'entenas de 'amponeses2 %oi instalado no dia " o sindi'ato dos

Frabal9adores Rurais de Campo Maior* 4(OPES2 "GL p* G*7 vemos +ue o Ribamar (opes

uma dos indivíduos +ue %oram %undamentais na %unda,-o da A(FACAM2 notí'ia a %unda,-o

do sindi'ato sem nen9uma 'ríti'a2 'on%i$urando n-o 9aver at/ a+uele momento nen9um mau

estar entre as or$ani3a,;es 'amponesas2 embora a i$re&a 'ondenasse a asso'ia,-o* O próprio

(uís @Eduvi$es sentiu rea,-o por parte da i$re&a 'omo vermos a se$uir.

Eu era muito ami$o do padre a+ui2 padre Mateus n/ padre Mateus eravalente era 3an$ado2 raiava 'om as pessoas ai mais se dava muito 'omi$omais rapa3 esse padre tomou uma birra 'omi$o por 'ausa disso 4***7 por 'ausa desse movimento / esse 'omunismo ele '9amava era 'omunismo *4(OPES2 !"#7

:emos nesse %ra$mento +ue as lideran,as da i$re&a 'atóli'a estavam rea$indo 'ontra as

li$as 'amponesas2 em Campo Maior um dos lideres reli$iosos rea$e 'ontra o movimento

a'usando)o de 'omunista* Per'ebemos desta %orma +ue a i$re&a estava realmente empen9ada

em prote$er o 9omem do 'ampo 'ontra o 'omunismo2 nesse sentido era %undamental

desmorali3ar a asso'ia,-o2 'omo nos des'reve Rams/s Eduardo Pin9eiro Morais de Sousa @A

'eleridade 'om a +ual a I$re&a Católi'a p>s em prati'a seu plane&amento em rela,-o Q

sindi'ali3a,-o rural2 di%i'ilmente pode ser separada da sua pretens-o de evitar as in%iltra,;es

'omunistas no 'ampo 4SOUSA2 !"#2 p* #72 dessa %orma %i'a nítido essa rea,-o de Padre

Mateus para 'om (uís @Eduvi$es2 uma ve3 +ue a i$re&a 'atóli'a se %e3 %undamental na

'onstru,-o de um dis'urso anti'omunista +ue atin$iu as li$as 'amponesas2 'ertamente este

indivíduo estaria di%undindo este pensamento a'er'a da asso'ia,-o2 sendo +ue sua atitude

'on%i$ura de %orma 'lara a vis-o dos lideres reli$iosos a'er'a dessa or$ani3a,;es*

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 ?esse sentido devemos analisar 'omo era a atua,-o do lideres reli$iosos2 no pro'esso

de desmorali3a,-o das li$as e tamb/m a rela,-o das lideran,as tanto do sindi'ato +uanto da

asso'ia,-o2 pois Antonio 8ami-o líder do sindi'ato ressalta na entrevista +ue me 'on'edeu

+ue o sindi'ato pre$ava uma ideia di%erente das li$as2 embora as %ontes 9emero$r<%i'as n-o

a%irmem nen9uma diver$Bn'ia* ?essa perspe'tiva / evidente +ue as ideias eram diver$entes2

tendo em vista +ue o sindi'ato era re$ido pela i$re&a 'atóli'a2 enato nesse 'onte=to %i'a nítido

+ue n-o vai 9aver uma luta 'on&unta entre as duas entidades2 tendo em vista a própria

%is'ali3a,-o dos lideres reli$iosos* A se$uir vemos uma %ala de Antonio 8ami-o a'er'a das

li$as 'amponesas.

As li$as 'amponesas2 movimentaram muito o trabal9ador mais nois dividia

ideias tin9a ideias di%erentes2 muitos pontos num ers em todos os pontos n-o2mais muitos pontos nois dividia muito as nossas ideias* 4***7 / duas 'oisas +uemuita $ente num sabe separar o movimento sindi'al era o movimento dostrabal9adores rural era a 'ria,-o do sindi'ato o movimento das li$as'amponesas era uma asso'ia,-o 'om2 varias ideolo$ias di%erentes da nossaera o se$uinte nois dividia2 a parte maior da nossa divis-o era as ideias2ideias di%erentes2 as li$as 'amponesas propriamente era um movimentoa$itador2 a$itador n/ 'omo eles era um movimento a$itador / 9avia &< muita'oisa assim 'omin9os esta,-o n/ / eles pre$avam aos 'amponeses a terra aterra n-o via a edu'a,-o do 'amponBs viam só a terra a terra a terra devia perten'er a +uem nela morava a +ual+uer 'usto +uem morava na terra devia

ser dono da terra a +ual+uer 'usto2 se&a pelo bem ou pelo mal ai eles 'riavamuma or$ani3a,-o muito vamo di3er pra %orma,-o de $uerril9as e o sindi'atovia pelo o outro lado nois via a edu'a,-o do 9omem2 o 9omem se edu'ar /essa edu'a,-o dava se atrav/s de +ueX 8ava atrav/s de mudar seus 'ostumessuas 'ulturas atrasada de%asada a 'oisa toda por+ue tin9a +ue se adaptar a eramoderna +ue se apro=imava* 4SOUSA2 !"#7

 ?a %ala de Antonio 8ami-o per'ebemos +ue o sindi'ato tin9a uma proposta di%erente

das li$as 'amponesas2 o entrevistado pro'ura dei=ar 'laro +ue a di%eren,a entre o seu

movimento e as li$as 'amponesas era diver$Bn'ia de ideias2 se$undo o depoente n-o eram em

todos pontos2 uma ve3 +ue as duas entidades eram movimentos 'amponeses2 ent-o nessa perspe'tiva 9aviam al$umas ideias 'onver$entes2 mas o entrevistado n-o aborda essas ideias

semel9antes*

 ?o %ra$mento e=traído da %ala de Antonio 8ami-o notamos +ue 9< um es%or,o do

mesmo em ressaltar as diver$Bn'ias entre as li$as e o sindi'ato2 ao ponto de e=pli'ar as ideias

+ue 'ada movimento pre$ava2 ou se&a2 na 'on'ep,-o de entrevistado muita $ente atrela os dois

movimentos em apenas um2 n-o 'onse$uindo separar as duas or$ani3a,;es e per'eber suas

 pe'uliaridades* Fendo em vista +ue o sindi'ato era uma or$ani3a,-o +ue %ormada por in%luen'ia da i$re&a 'atóli'a2 o dis'urso do depoente tamb/m se mostra pautado no nesta

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ltima* V per'eptível de 'erta %orma uma 'ríti'a do entrevistado ao %alar das li$as

'amponesas2 pois o mesmo a%irma +ue era um movimento a$itador L" esse dis'urso %oi muito

di%undido pela i$re&a 'atóli'a2 podemos lembrar da %ala de (uís @Eduvi$es na +ual o líder 

reli$ioso da 'idade de Campo Maior se op;e a A(FACAM2 a'usando (uís de 'omunista*

Mas %i'a nítido na %ala do entrevistado +ue a i$re&a 'atóli'a e=er'eu $rande in%luen'ia

na %orma,-o do sindi'ato2 prin'ipalmente ao abordar +ue o mesmo visava a edu'a,-o do

trabal9ador rural de %ato esse era um dos prin'ipais o ob&etivos da i$re&a 'atóli'a2 uma ve3 +ue

 para dei=ar o 9omem lon$e dos 'omunistas2 era %undamental promover entidades sobre sua

 patente e edu'a)los de a'ordo 'om seus interesses* Essa a,-o dos lideres reli$iosos atraiu

muitos 'amponeses2 pois viam nesse movimento um meio de ter a'esso a edu'a,-o2 essa

ini'iativa de edu'ar o 9omem propor'ionou o 'res'imento dos sindi'atos2 pois ter a

 possibilidade de a'esso a edu'a,-o2 atraiu muitos 'amponeses nesse sentido nos des'reve

Rams/s Eduardo Pin9eiro Morais Sousa.

V impossível n-o ima$inar o enorme alar$amento das possibilidades dea'esso a edu'a,-o +ue os 'amponeses tiveram após a 'ria,-o do ME0*Fendo em vista +ue a Ar+uidio'ese 'on'edia os pe+uenos aparel9os de r<dioa pil9a para os 'amponeses2 as aulas transmitidas pela R<dio Pioneiradeveriam ser bastante a$uardadas pelos lavradores* Em um período em +ue

mais de _L da popula,-o piauiense n-o tin9a a'esso a edu'a,-o %ormal2 os'amponeses 'ertamente en'araram os pro$ramas radio%>ni'os do ME0 'omouma possibilidade de eman'ipa,-o atrav/s da edu'a,-o* 4SOUSA2 !"#2 p*L!7

 ?otamos 'omo a '9e$ada do ME0L propor'ionou um avan,o no meio rural piauiense2

 pois a partir dessa in'iativa promovida por 8om Avelar 0rand-o :ilela &untamente 'om o

$overno %ederal2 v<rios 'amponeses de diversos lo'ais do Piauí %oram atraídos2 uma ve3 +ue

alme&avam terem a'esso a edu'a,-o para si e tamb/m para a %amília2 9a&a vista +ue parte

'onsider<vel da popula,-o 'amponesas no Piauí2 n-o tin9am a'esso a edu'a,-o %ormal* ?esse+uesito a i$re&a se %e3 de %undamental importn'ia na instru,-o do 9omem do 'ampo2 pois

atrav/s dos r<dios distribuídos pela ar+uidio'ese de Feresina2 os 'amponeses poderiam '9e$ar 

ao 'on9e'imento em varias <reas do Piauí*

31 Em bora o depoente a%irmasse +ue as li$as eram movimentos a$itadores e de $uerril9a o mesmon-o a$ride em nen9um momento as esse movimento nem a'usa o mesmo de 'omunista*

32 Movimento de Edu'a,-o de 0ase*

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V interessante desta'ar a estrat/$ia da i$re&a em di%undir a edu'a,-o no meio rural2

 pois a mesma se apropriou de uma inova,-o da /po'a +ue seria o r<dio a+uilo de 'erta %orma

'on+uistou o 'amponBs2 pois seria edu'ado atrav/s de al$o moderno2 para o meio rural

 piauiense na+uele 'onte=to* ?esse sentido vemos o $rande empen9o do ar'ebispo de Feresina2

no +ue di3 respeito sua atua,-o no setor rural2 a %orma,-o de sindi'atos a edu'a,-o 'om base

nos r<dios tudo isso se 'onstitui 'omo um avan,o propor'ionado pela i$re&a 'atóli'a*

Mas embora as li$as 'amponesas e os sindi'atos rurais %ossem or$ani3a,;es di%erentes

isso n-o os livrou da repress-o da ditadura militar2 tanto as li$as +uanto o sindi'ato %oram

%ra$mentados 'om o advento do $olpe militar2 Antonio 8ami-o e (uís @Eduvi$es %oram dois

dos indivíduos da+uele período +ue so%reram as duras penas impostas pelos militares2

debateremos este tema no pró=imo tópi'o*

O p!me!o e Bltmo an8e!s?!o de ALTACAM

Este tópi'o apresenta este título em de'orrBn'ia2 de min9as pes+uisas a'er'a de meu

ob&eto de estudo2 no ar+uivo publi'o do estado do Piauí* a3endo uma bus'a no &ornal O 8ia

de "GL en'ontrei uma mat/ria +ue abordava2 a 'omemora,-o do primeiro anivers<rio de

A(FACAM2 tamb/m en'ontrei no &ornal Ferra (ivre uma mat/ria semel9ante a'er'a do

mesmo assunto* Como as duas mat/rias eram de "GL e o movimento %oi desestruturado em

"GN2 4'9e$ara apenas a 'omemorar este aniversario7 intitulei este tópi'o dessa %orma %a3endo

re%eren'ia ao $olpe militar e a noti'ia dos &ornais em +ue me deparei* Este tópi'o ira trabal9ar 

a %ra$menta,-o dos movimentos 'amponeses2 em Campo Maior tanto o Sindi'ato dos

Frabal9adores Rurais de Campo Maior +uando a Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores

A$rí'olas de Campo Maior2 tendo em vista +ue tiveram seus lideres presos e torturados em

de'orrBn'ia do advento da ditatura militar*

 ?o momento de emer$Bn'ia dos $overnos militares2 os 'amponeses estavam em um

 prospero avan,o2 no +ue di3 respeito aos movimentos so'iais +ue estavam sendo %undados2

'omo (i$as Camponesas Sindi'atos Rurais2 ou se&a2 os trabal9adores 'ome,am terem

or$ani3a,;es 'onsistentes para lutarem 'ontra as opress;es vividas no meio rural* ?esse

'onte=to a 8itadura 'ome,a %ra$mentar esses movimentos 'amponeses2 uma ve3 +ue viam

nessas entidades uma amea,a 'ontra a @ordem so'ial e passam a serem 'ompreendidos 'om

indivíduos subversivos2 para entendermos mais a'er'a desse momento 9istóri'o 'on%lituoso

 para os trabal9adores rurais vamos nos apropriar 'om as palavras de Ana Carneiro2 +ue aborda'omo o nordeste %i'ara peri$oso 'om a as'ens-o dos militares.

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Fal @peri$o se desen9aria no momento em +ue os trabal9adores obtin9amavan,os importantes em seus direitos e em sua or$ani3a,-o* At/ ent-o2 osdireitos dos 9omens e mul9eres do 'ampo ou ine=istiam ou eramvilipendiados pelas violBn'ias de lati%undi<rios e de milí'ias privadas2 +uasesempre 'om a 'onivBn'ia poli'ial* Após o $olpe2 a própria de%esa dosdireitos dos 'amponeses passou a %i$urar 'omo @subvers-o e a repress-omais direta e brutal en'ampada simultaneamente pelas %or,as de repress-odo Estado e pelas oli$ar+uias rurais – %oi des%e'9ada &ustamente sobre ostrabal9adores do 'ampo e seus líderes* 4CAR?EIRO2 !"!2 p*LL7

Ana CarneiroLL  des'reve 'omo o $olpe %oi pre&udi'ial para as or$ani3a,;es

'amponesas2 +ue viviam um momento prospero de sua 9istória2 lutando pela a+uisi,-o de seus

direitos* A autora e=plana 'omo os movimentos so'iais promovidos pelos 'amponeses2

estavam ad+uirindo um prospero pro$resso* Com a ditadura esses avan,os %oram impedidos

de se e%etivarem2 ou se&a2 os trabal9adores rurais %oram diretamente atin$idos pela repress-o

dos militares2 uma ve3 +ue seus movimentos %oram perse$uidos e impedidos de se$uirem

adiante*

 ?esse 'onte=to tivemos mortes de lideres 'amponeses +ue atuavam em li$as

'amponesas e em sindi'atos rurais2 Ana Carneiro apresenta em seu trabal9o v<rios 'asos de

'amponeses +ue %oram torturados e mortos durante o re$ime* Os 'amponeses +ue &< so%riam

'om as amea,as dos lati%undi<rios e de seus &a$un,os tiveram +ue se deparar tamb/m 'om a

violBn'ia do re$ime imposto2 uma ve3 +ue %oram des%e'9adas diversas atro'idades 'ontra os'amponeses +ue ressitiram2 nesse panorama os trabal9adores %orma identi%i'ados 'omo

subversivos e muitos %oram presos* ?o Piauí tivemos diversas pris;es de 'amponeses +ue

atuavam nesses movimentos rurais2 n-o tive 'on9e'imento se 9ouve mortes2 mas me deparei

'om indivíduos +ue %oram presos e torturados* Um e=emplo de opress-o por parte dos

lati%undi<rios seria a morte do líder 'amponBs Jo-o Pedro Fei=eira2 líder da li$a 'amponesa de

Sap/ em Pernambu'o* Sua morte %oi retratada no do'ument<rio de Eduardo Coutin9o2

intitulado Cabra Mar'ado pra Morrer* Com a As'en,-o do $olpe esses movimentos 'ome,am a serem postos na ile$alidade

sendo +ue se 'onstituíam 'omo or$ani3a,;es le$ali3adas2 do ponto de vista do Estatuto o

Frabal9ador RuralLN2  +ue asse$urava a promo,-o de Asso'ia,;es e Sindi'atos2 tendo base

33 O relato de Ana Carneiro re%lete o +uanto a re$i-o ?ordeste se torna peri$osa para os 'amponeses29a&a vista +ue em sua disserta,-o a mesma abran$e todo o nordeste2 %a3endo um apan9ado de 'omo %oia repress-o aos movimentos aos seus lideres e 'omponentes*

34 O Estatuto do Frabal9ador Rural de de mar,o de "GL a%irmava no Art* "N" Par<$ra%o ni'o +ue@]s Asso'ia,;es de Frabal9adores Rurais e aos Sindi'atos de Frabal9adores Rurais em or$ani3a,-o /asse$urada2 at/ +ue se or$ani3em os sindi'atos dessas 'ate$orias pro%issionais2 represent<)las para os

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nesta lei os 'amponeses 'ampomaioreses estavam promovendo institui,;es le$ítimas2 ou se&a2

n-o 9averia motivo para perse$ui,;es* Provavelmente os lideres 'atóli'os tin9am 'ons'iBn'ia

desta lei ao %undar os sindi'atos2 &< a A(FACAM mere'e uma an<lise de%erente2 pois no

mbito de sua %unda,-oL#  este estatuto ainda n-o 9avia sido aprovado2 nesse sentido a

asso'ia,-o passa a atuar de %orma le$al no ponto de vista da lei a partir de mar,o de "GL*

Fomando 'omo base este estatuto e a biblio$ra%ia 'onsultada per'ebemos +ue em "GN

n-o 9averia motivos para perse$ui,-o dessas or$ani3a,;es 'amponesas2 uma ve3 +ue em "GL

o ent-o presidente Jo-o oulart aprovara o @Estatuto do trabal9ador Rural 4ERREIRA

OMES !"N7* 8essa %orma esses movimentos atuavam de %orma le$al2 pois este estatuto

$arantia a promo,-o de or$ani3a,-o de trabal9adores rurais 'omo vermos a se$uir.

Contudo nesse mesmo mBs de mar,o o presidente 'onse$uia uma $randevitória em seu pro$rama re%ormista* oi aprovado pelo 'on$resso na'ional oestatuto do trabal9ador rural2 +ue estendia aos trabal9adores do 'ampo osmesmos direitos +ue os assalariados urbanos usu%ruíam desde a d/'ada de"L!. 'arteira de trabal9o assinada2 salario mínimo2 repouso semanal2 %/riasremuneradas entre outros bene%í'ios* A nova le$isla,-o i$ualmentere'on9e'ia as or$ani3a,;es sindi'ais rurais2 in'lusive %edera,;es e'on%edera,;es*LG 4ERREIRA OMES2 !"N2 p*"G")"G7

V nítido 'omo o trabal9ador rural na d/'ada de G! 'onvivia 'om a desi$ualdade em

re%erBn'ia ao trabal9ador urbano2 mas essa perspe'tiva 'ome,a a ser modi%i'ada 'om Jo-o

oulart2 'om sua políti'a +ue visava estabele'er re%ormas prin'ipalmente no meio rural

 brasileiro* A partir de Jor$e erreira e Wn$ela de Castro omes e do estatuto do Frabal9ador 

Rural2 %i'a evidente +ue os 'amponeses 'ampomaioreses estavam atuando em movimentos

le$ítimos* Essa medida tomada pelo presidente da /po'a se 'ompreende 'omo um avan,o

 para os trabal9adores do 'ampo2 'on%i$urando assim um apoio do poder e=e'utivo na %i$ura

de Jo-o oulart as 'amadas 'amponesas*

 ?esse 'onte=to a Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo

Maior2 estavam dentro da le$alidade2 tendo em vista o Estatuto do Frabal9ador Rural* Em

 &ul9o de "GL a re%erida asso'ia,-o 'elebrou um ano de sua e%etiva,-o2 'om uma

'omemora,-o no lo'al2 na +ual a mesma %ora %undada2 4este seria seu primeiro e ltimo

%ins do art* "" desta lei* *disponível emf9ttp.__!"!*dataprev*$ov*br_sisle=_pa$inas_N_"GL_N"N*9tm a'essado em L!_"!_!"#*

35 A(FACAM Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior2 %undada em de &ul9o de "G

36 Os autores est-o abordando o ano de "GL

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anivers<rio7 essa 'omemora,-o 'omtemplou um nmero elevado de pessoas de diversos

lo'ais da re$i-o de Campo Maior de Feresina e muni'ípios vi3in9os 'omo veremos a se$uir.

Contando 'om o 'ompare'imento de 'entenas de 'amponeses2 de

representa,;es operarias2 estudantis2 parlamentares e autoridades2 teve lu$ar no dia 2 em matin9os2 no muni'ípio de Campo Maior2 a %esta do primeiroaniversario de e=istBn'ia da Asso'ia,-o dos (avradores e Frabal9adoresA$rí'olas de Campo Maior – A(FACAM* 4O 8IA2 "GL2 p*N7

Este evento se mostrava 'omo uma vitória para os 'amponeses da re$i-o2 pois sua

entidade 'ompletara um ano2 en%rentando diversas amea,as por parte dos lati%undi<rios e

tamb/m por parte de pessoas opositoras do movimento2 +ue por sua ve3 'riti'avam os

'amponeses por parti'iparem da asso'ia,-o* Ent-o essa 'elebra,-o de um ano2 apresenta um

'erto or$ul9o e supera,-o por parte dos asso'iados2 uma ve3 +ue a asso'ia,-o en%rentara

diversas adversidades durante um ano de e=istBn'ia* Este seria o ultimo anivers<rio do

movimento2 9a&a vista +ue a asso'ia,-o %ora desestruturada em "GN 'om o advento do $olpe

militar* A mat/ria do &ornal apresenta uma $rande empol$a,-o por parte dos só'ios de

A(FACAM pela 'elebra,-o de um ano da entidade 'omo veremos a se$uir.

8esde 'edo '9e$avam a Matin9os 'amponeses de todas as lo'alidades domuni'ípio e dos muni'ípios vi3in9os2 só'ios da asso'ia,-o2 +ue &< abar'av<rios muni'ípios al/m do de Campo Maior* 8emonstravam esses

'amponeses2 uma ale$ria vitoriosa pelo anivers<rio da entidade +ue'onsideram a de%ensora dos seus direitos2 dos seus interesses* 4O 8IA2 "GL2 p*N7

A mat/ria a%irma +ue os 'amponeses '9e$avam a Matin9os lo$o no iní'io do dia

vindos de v<rios lo'ais da re$i-o* V interessante per'ebermos 'omo no %inal deste re'orte da

mat/ria2 a%irma +ue os trabal9adores tin9am a entidade 'omo uma de%ensora2 a partir do

dis'urso pro%erido per'ebemos +ue o &ornal aponta esses 'amponeses 'omo alienados2 +ue

a'reditam +ue uma asso'ia,-o possa de%ender seus direitos2 evidente +ue os asso'iados

tin9am +ue a'reditar em sua or$ani3a,-o2 pois esta era o ni'o meio na +ual os 'amponeses poderiam ter vo3 perante as opress;es vividas*

 A mat/ria mostra uma 'erta des'on%ian,a no movimento per'ebemos isso 'om base

no dis'urso apresentado na mat/ria* Como o &ornal O 8ia era um noti'i<rio anti'omunista da

n-o e espantoso o mesmo se re%erir a A(FACAM 'om 'erta des'on%ian,a e despre3o para 'om

a ideia dos 'amponeses a'er'a da or$ani3a,-o2 uma ve3 +ue o intuito dos &ornais da /po'a era

despresti$iar esses %o'os de lutas 'amponesas*

Embora o &ornal mostre uma des'on%ian,a na asso'ia,-o2 o mesmo apresenta

in%orma,;es importantes2 sobre a+uele dia em Matin9os2 pois aborda o +uanto os 'amponeses

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estavam 'on%iantes na asso'ia,-o +ue 'ompletara um ano de e=istBn'ia2 / %undamental notar 

'omo os trabal9adores rurais estavam motivados 'om o evento e a'reditavam nesta

asso'ia,-o2 provavelmente o motivo desta 'on%ian,a seriam os ob&etivos tril9ados por este

movimento2 pois esta entidade se 'onstituía 'omo uma das %ormas en'ontradas pelos só'ios de

 barrar as ma3elas so%ridas por parte dos lati%undi<rios e tra3er independBn'ia para o

trabal9ador dessa %orma um ano seria motivo de 'elebra,-o e 'omemora,-o tendo em vista a

 prosperidade da or$ani3a,-o 'amponesa*

Os movimentos rurais se$uiam bus'ando seus ob&etivos2 at/ o $olpe de GN +uando

esses movimentos %oram perse$uidos pelos militares* Em Campo Maior tanto a A(FACAM

'omo o Sindi'ado dos Frabal9adores Rurais %oram atormentados pelo re$ime2 para

entendermos mais a'er'a desses tormentos +ue a'ometeram os 'amponeses2 nos des'reve

Jo-o Paulo ernandes da Silva em sua disserta,-o de mestrado.

Assim2 uma violenta repress-o se deu nos sindi'atos de trabal9adores ruraise urbanos2 bem 'omo2 em parti'ular2 sobre as (i$as Camponesas2 +ue %oram'olo'adas na ile$alidade* Frabal9adores rurais so%reram perse$ui,;es%e'9aram)se v<rias or$ani3a,;es sindi'ais e muitas perderam seus direitos derepresenta,-o* 4SI(:A2 !"!2 p*#7

Jo-o Paulo ernandes da Silva 'on'eitua o +uanto o $olpe de GN %oi 'on%lituoso para

os trabal9adores rurais2 +ue 'ome,aram a viver um período turbulento2 tendo em vista as

 pris;es e perse$ui,;es aos mesmos* ?a 'idade de Campo Maior n-o %oi di%erente 'om a

as'ens-o dos militares ao poder2 os movimentos 'amponeses vi$entes na 'idade %oram

oprimidos e perse$uidos* Essa opress-o dos militares resultou no termino da A(FACAM2 pois

'om a pris-o de al$uns de seus 'omponentes2 a asso'ia,-o passou a ser %ra$mentada e dessa

%orma o movimento n-o obteve mais %or,a para 'ontinuar2 'omo veremos a se$uir.

1uando o $olpe militar 4***7 e $ente apan9ou e %oi 9umil9a,-o monstra

 perse$ui,-o mostra meu irm-o +uase morre de apan9ar de surrar ele v<riasve3es n/ soltava e prendia de novo a+ui mesmo +uando eles '9e$avam a+uinos matin +uando dava %/ a meia noite '9e$ava um 'arro ai na 'asa da min9am-e pra 'arre$ar ele era uma 'oisa 9orrível e %oi um terror monstro isso a+ui+uando a polí'ia veio 'er'ou2 isso a+ui era uma 'asa de paia 'asa de taipa aimin9a esposa doente perdendo san$ue 'om uma 9emorra$ia monstra tin9a perdido uma 'rian,a2 'rian,a tin9a morrido 'om esse movimento mostro elaabortou a 'rian,a 4(OPES2!"#7

Mais uma ve3 (uís n-o se es+ue'e de ressaltar seu irm-o +ue tamb/m so%reu 'om a

ditadura2 na +ual o mesmo '9e$ou ser preso na 'asa dos pais* O depoente rememora os

momentos tortuosos +ue se deparou 'om a ditadura militar2 podemos per'eber a a$ressividade

dos militares no dis'urso do entrevistado2 uma ve3 +ue em sua %ala 'ompreendemos +ue 9<

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uma invas-o a propriedade dos %amiliares de @Eduvi$es por parte dos militares +ue iam em

 bus'a de seu irm-o* Al/m de todo o so%rimento do entrevistado sua mul9er tamb/m so%reu

'om a+uele momento ao ponto de perder um %il9o2 em de'orrBn'ia dos ata+ues dos militares

'onstantes dos militares ao seu marido e seu 'un9ado presos e torturados tudo isso

'ontribuíram para o seu so%rimento na /po'a*

 ?esse sentido per'ebemos +ue na narrativa do depoente2 o mesmo n-o dei=a de

lembrar das pessoas +ue estiveram ao seu lado na+uele momento traum<ti'o de sua vida2

relembrando seu irm-o2 sua m-e sua esposa todos esses persona$ens +ue %a3er parte de sua

narrativa2 dessa %orma per'ebemos2 +ue a memória do entrevistado tamb/m se baseia em

mbito so'ial 'omo des'reve (u'ilia de Almeida ?eves 8el$ado.

Como pro'esso so'ial ativo2 a memória tem 'omo ponto de partida a vida emso'iedade na +ual se inserem as e=periBn'ias individuais* Pressup;ediversidade de possibilidades e 'ombina,;es de 9etero$Bneas e=press;esal$umas ve3es visíveis e2 em outras2 omitidas ou o'ultas* 8essa %orma2estímulos e=teriores s-o de real importn'ia para o pro'esso de reordena,-oreleitura de vestí$ios2 tra3endo para o presente motiva,;es e sentimentos +ueoutrora mobili3aram indivíduos $rupos e partidos* 48E(A8O2 !"!2 p*G7*

A partir da narrativa do entrevistado e do 'on'eito de (u'ilia de Almeida ?eves

8el$ado2 per'ebemos +ue a memória parte de um meio so'ial mais +ue apresenta

espe'i%i'ardes individuais +ue seria o 'aso do depoente +ue n-o dei=a de ressaltar de %ormaal$uma a %amília2 al$o %undamental na+ueles momentos 'ompli'ados de sua vida2 nessa

 perspe'tiva vemos a 'ontribui,-o so'ial e %amiliar para rememora,-o do passado2 esses

aspe'tos 'olaboram para +ue as lembran,as n-o se&am es+ue'idas2 pois al/m de abordar sua

9istória o entrevistado2 tamb/m det/m a memória de um $rupo +ue %i3 parte da asso'ia,-o* A

 própria presen,a de sua esposa dos %il9os e de al$uns irm-os %a3 'om o depoente elu'ide %atos

da+uele passado 8essa %orma a memória toma uma dimens-o 'oletiva* O lo'al aonde o

entrevistado reside / o mesmo da /po'a em %oi preso tamb/m / o lu$ar onde %oi %undada a

asso'ia,-o2 dessa %orma %i'a nítido o +uanto o ambiente da entrevista a&udam para as +ue

lembran,as ven9am a memória do indivíduo*

 ?esse 'onte=to %i'a evidente +ue (uís $uarda as memórias n-o apenas de sua

militn'ia2 mas 'omo &< ressaltado tamb/m lembra de outros persona$ens2 +ue estiveram ao

seu lado 'omo seu irm-o su&eito 'entral de sua narrativa2 %i'a evidente +ue Ribamar (opes

'ontribuiu de %orma si$ni%i'ativa na 'onstru,-o da memória de @Eduvi$es seu irm-o

Raimundo indivíduo2 na +ual o depoente me apresentou +uando e=p>s a 'arteira da

asso'ia,-o* ?-o podemos dei=ar de ressaltar +ue esta ltima tamb/m se %a3 'omo um ob&eto

de memória2 pois %oi a ni'a +ue restara2 perten'ente ao seu irm-o2 dessa %orma vemos o

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+uanto os parentes se tornaram importante nesse pro'esso de rememorar2 nessa perspe'tiva

%i'a evidente o +uanto a %amília e o %ator so'ial 'ontribuíram na %orma,-o de sua narrativa

'omo vemos a se$uir.

Assim sendo2 determinadas lembran,as s-o reiteradas no seio de %amílias2outras entre os oper<rios +ue trabal9am em uma %<bri'a e assim por diante*Como os indivíduos n-o perten'em apenas a um $rupo e se inserem emmltiplas rela,;es so'iais2 as di%eren,as individuais de 'ada memóriae=pressam o resultado da tra&etória de 'ada um ao lon$o de sua vida* Amemória individual revela apenas a 'omple=idade das intera,;es so'iaisviven'iada por 'ada um 4ARAUJO2 SA?FOS2 !!2 p*G7

A partir do %ra$mento de Maria Paula ?as'imento Ara&o e Mrian Sepl :eda dos

Santos 'om base no em Mauri'e Halba'9s2 vemos o +uanto a %amília / %undamental para

re%or,ar a memória2 pois os %amiliares do entrevistado apoiam o indivíduo no +ue di3 respeitoa 'on'ess-o de entrevistas2 tanto a esposa +uanto os %il9os d-o suporte a @Eduvi$es +ue aos

G anos n-o se omite em pro%erir as lembran,as de seu passado*

 ?esse sentido 'ompreendemos +ue a narrativa ela / apenas moldada pelo indivíduo2

 pois nela est-o inseridos diversos su&eitos +ue a&udaram na 'onstitui,-o dessas lembran,as*

Al/m da %amília temos su&eitos 'omo Jos/ Esperidi-o ernandes +ue tamb/m %oi %undamental

 para sua memória e outros persona$ens +ue labutaram ao seu lado uma ve3 +ue este su&eito

estava inserido em um meio so'ial2 na +ual %oram desenvolvidas diversas rela,;es +ue'ontribuíram para 'onstru,-o da sua memória*

A partir do relato do depoente %i'a evidente 'omo era a a$ressividade dos militares2 ao

 ponto de invadirem sua 'asa bus'ar o su&eito em sua própria residBn'ia* Essas invas;es as

residBn'ias dos @suspeitos %oram uma prati'as %re+uentes durante o re$ime* ?esse 'onte=to o

entrevistado revela uma m<$oa2 +uando se re%ere a esse momento de sua 9istória2 na +ual o

mesmo narra @e ai passamos2 por tudo isso ai e a$ente ta vivo e eles &< morreram +uase tudo

eu num sei aonde eles est-o2 mais eu ainda to vivo4 (opes2!"#7 as palavras do entrevistadomostra 'omo o assunto ainda l9e atormenta2 uma ve3 +ue o indivíduo +ue %ora silen'iado

durante a ditadura militar2 nessa perspe'tiva ressalto P9ilipe Joutard @A %or,a da 9istória

oral2 todos sabemos2 / dar vo3 Q+ueles +ue normalmente n-o a tBm. os es+ue'idos2 os

e='luídos ou2 retomando a bela e=press-o de um pioneiro da 9istória oral2 ?uno Revelli2 os

gderrotadosg4JOUFAR82 !!!* p*LL7* nessa perspe'tiva a 9istória oral se apresenta para

@Eduvi$es 'omo um re%u$io2 um momento em +ue o mesmo todo seu passado e sente um

vitorioso2 mesmo tendo en%rentados v<rias a%li,;es*

Essa %ala de P9ilipe Joutard2 'on'eitua esse panorama +ue esta sendo abordado2 pois o

depoente se mostra 'omo um ser +ue ainda 9o&e sente o re%le=o do +ue %oi a ditadura2 de um

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indivíduo +ue n-o tin9a vo3 perante re$ime imposto de um momento2 na +ual o mesmo teve

+uer ser silen'iado e viver de 'erta %orma es'ondido2 dessa %orma o entrevistado ainda so%re

'om as 'i'atri3es +ue restaram da+uele passado* Mas per'ebemos em seu dis'urso um 'erto

or$ul9o em reviver sua militn'ia desta'ar @eu ainda estou vivo2 ao ressaltar isso (uis revela

um sentimento de @9eroísmo2 pois depois de tantas lutas e desilus;es2 o mesmo ainda2 lembra

a+uele momento 'om or$ul9o e se disp;e a rememorar sua militn'ia a %rente da Asso'ia,-o

de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior 'omo um 9omem +ue $uarda

'onsi$o a memória das (i$as Camponesas na 'idade e por meio da 9istoria oral o mesmo

 pro'ura ter vo3 e mostrar 'omo %oi o re$ime para os 'amponeses do muni'ípio de Campo

Maior*

 ?esse 'onte=to 'orroboro 'om Rams/s Eduardo Pin9eiro Morais de Sousa2 na +ualaponta 'om base em Wn$ela de Castro omes em sua disserta,-o de mestrado (uís 'omo o

$uardi-o da memória das (i$as Camponesas no Piauí 'omo vemos a se$uir. 

Após 'ontar tantas ve3es esta 9istória2 (uís se re'on9e'e e / re'on9e'ido'omo um verdadeiro $uardi-o da memória das (i$as Camponesas no Piauí2ou se&a2 o narrador privile$iado da 9istoria do $rupo a +ue perten'e2 +ue setorna o ponto de 'onver$Bn'ia da 9istória de muitos outros 4SOUSA2 !"#2 p*L!7

V interessante per'eber a partir desse %ra$mento2 o +uanto o depoente se %a3

importante para este 'ampo de pes+uisa no estado do Piauí2 pois &< apresenta um dis'urso preparado a'er'a de sua militn'ia2 a%irmo isso 'om base em min9a e=periBn'ia ao entrevista)

lo2 pois na min9a primeira andan,a em sua 'asa o mesmo pre%eriu +ue mar'<ssemos um dia

 para 'onversarmos e &< me orientando a levar um $ravador2 na o'asi-o da entrevista '9e$uei

'edo a 'asa de (uís2 'omo 'ombinado as 9oras da man9-2 ao 'ome,ar a narrar o

entrevistado n-o per'ebendo +ue o $ravador estava li$ado pro%eriu @pode li$ar o $ravador*

8essa %orma per'ebo +ue (uís @Eduvi$es 'ont/m em mente todo um dis'urso preparado para

suas entrevistas2 mostrando)se %iel ao seu enun'iado*(uís me 'ontou al$umas 9istórias a'er'a da ditadura militar2 ressaltando a

a$ressividade dos militares 'omo veremos a se$uir.

 ?-o a$ente sabia +ue tava su&eito por+ue a$ente sabia +ue era suspeito n/disseram +ue eu tin9a #!! %u3il a+ui a denn'ia +ue deram mentirosa numa'9aram esse %u3il num tin9a mesmo 4***7 eu saia de 'asa ia trabal9ar eutrabal9ava min9a mul9er %i'ava preo'upada sabendo do +ue podia a'onte'er mais eles %i'aram 'om ver$on9a por+ue eles vin9eram a+ui e +uebraram a'ara e num a'9aram nen9um %u3il a+ui2 num a'9aram 'oisa nen9uma ai &<'ome,ou a 'riara ver$on9a na 'ara deles e pararam e a +uantidade de 'rian,a

+ue eu tin9a menino e a pobre3a tamb/m 'asin9a vel9a de pal9a4(OPES2!"#7

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Embora este %ora um momento 'onturbado de sua vida o depoente n-o se omite e nem

tenta o'ultar essa parte desta 9istória2 mostrando o +uanto %oi atormentado pelos militares* As

 perse$ui,;es eram %re+uentes ao ponto de sua mul9er %i'ar apreensiva2 pois a mesma

 presen'iou a violBn'ia dos militares e teve +ue se deparar 'om seu marido preso* O +ue '9ama

a aten,-o neste %ala de @Eduvi$es se re%ere a a'usa,-o de +ue o mesmo tin9a #!! %u3is isso

'on%i$ura uma ideia de +ue o $rupo de 'amponeses estavam or$ani3ando uma $uerril9a2 dessa

%orma entendemos +ue os militares viam no movimento de A(FACAM uma amea,a a

so'iedade2 identi%i'ando seus membros 'omo subversivos*

 ?o ideal dos militares2 (uís @Eduvi$es seria o líder da $uerril9a e mantin9a o arsenal

 b/li'o para a revolu,-o em sua 'asa2 'om uma denn'ia dessa ma$nitude invadem aresidBn'ia de @Eduvi$es em bus'a destas armas* A partir dessas prati'as dos militares de

invas-o e pro'ura de armas2 %i'a evidente 'omo esse movimento +ue representava uma

amea,a e poderia vir a promover uma revolu,-o 'omunista* ?essa perspe'tiva 'ome,aram a

 prender seus lideres2 essas noti'ias n-o tardaram a apare'er nos noti'i<rios da /po'a 'omo

vemos a se$uir.

Es'lare'eu o Ma&* Costa2 +ue entrando em a,-o a uarni,-o ederal deFeresina2 'om parti'ipa,-o do #h0C2 se'retaria de poli'ia a Poli'ia Militar2

%oram %ora e%etuadas muitas pris;es* Em 'onse+uBn'ia %oi instaurado umin+u/rito Poli'ial Militar2 para a ne'ess<ria apura,-o dos %atos e deresponsabilidade dos elementos li$ados a ideolo$ia 'omunista e ao 'rime desubvers-o da Ordem Politi'a e So'ial* oi en'arre$ado do IPM2 o Ma&or Idal/'io ?o$ueira 8ió$enes perten'ente ao "!h* Se$ue)se a rela,-o nominaldas pessoas +ue %oram presas para prestarem depoimentos no #h 0C aoen'arre$ado do in+u/rito. ***(ui3 Jos/ Ribamar O3orio (opes2 Antonio8ami-o de Sousa*** Jos/ Ribamar (opes 4ESFA8O 8O PIAU2 "GN2 p*L7

 ?esta mat/ria do &ornal Estado do Piauí / apresentada uma lista 'om v<rios nomes de

indivíduos +ue %oram presos dentre eles apare'em trBs indivíduos de Campo Maior os irm-os

(ui3 Jos/ Ribamar O3orio (opes mais 'on9e'ido 'omo @(uis Eduvi$es presidente da

Asso'ia,-o de (avradores e Frabal9adores A$rí'olas de Campo Maior e Jos/ Ribamar (opes

um dos arti'uladores de A(FACAM* (ista tamb/m e=p;e um militante apresentado no íni'io

do tópi'o anterior2 Antonio 8ami-o de Sousa líder do Sindi'ato dos Frabal9adores Rurais de

Campo Maior* O &ornal os identi%i'a 'omo seres subversivos de orienta,-o 'omunista e %oram

 presos para prestarem depoimentos* :emos +ue a ditadura vai estar no en'al,o desses

militantes do movimento 'amponBs2 embora os mesmos estivessem promovendo entidades

le$ali3adas*

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V interessante ressaltar 'omo o &ornal identi%i'ava de antem-o2 esses militantes 'omo

su&eitos li$ados ao 'omunismo e tamb/m indivíduos subversivos2 %i'a nítido 'omo este

noti'i<rio apresenta um 'ontedo anti'omunista pro'urando ne$li$en'iar a ima$em dessas

 pessoas* O nome desses lideres apare'eram em v<rios &ornais da /po'a em muitos desses

noti'i<rios2 eram identi%i'ados 'omo 'omunistas e subversivos2 estes indivíduos tiveram a

vida mar'ada por esse período tanto Antonio 8ami-o +uanto (uís @Eduvi$es ainda

relembram a+uele momento de suas vidas 'om triste3a2 pois tin9am ob&etivos de lutar a %avor 

dos 'amponeses e no entanto %oram 'on%undidos 'omo su&eitos +ue militavam 'om o intuito

de subverter a ordem estabele'ida* O &ornal apresentado anteriormente se re%ere ao dia # de

 &un9o de "GN o mesmo &ornal noti'ia no dia L de &ul9o de "GN mais uma pris-oL deste

indivíduos2 nesta mat/ria apresenta apenas 'in'o pessoas entre eles est-o Antonio 8ami-o e@(uis Eduvi$es o este ultimo / mais dire'ionado para a re$i-o de Campo Maior o &ornal de

 &un9o &< 'onta 'om a pris-o de indivíduos de outra lo'alidades

i'a evidente +ue esse su&eitos estavam sendo monitorados a todo momento2 uma ve3

+ue os noti'i<rios abordavam suas pris;es e as 'olo'avam em desta+ue pro'urando

desmorali3ar a ima$em dessas pessoas e 'onse+uentemente van$loriando a a,-o dos

militaresL2 e tamb/m a,-o do a,-o dos mesmos em prenderem essas lideran,as 'amponesas2

'omo veremos a se$uir.

Es'lare'eu o Ma&* Costa2 +ue tendo em vista a ne'essidade de 'ombater osmaus brasileiros impli'ados em a,-o subversivas2 bem 'omo averi$uar denun'ias de elementos suspeitos2 o Cmt da uarni,-o ederal de Feresina2desi$nou o Cap* Wn$elo de Ara&o Pa32 para entrar imediatamente em a,-o a%im de veri%i'ar a situa,-o dos 'omunistas de Campo Maior* Es'lare'eu oMa& Costa2 +ue o Cap Pa32 após ter %eito um Estudo $eral da situa,-o e %eitominu'iosamente um levantamento de todas as possibilidades dos elementossubversivos para a e=e'u,-o da pris-o dos elementos possivelmenteimpli'ados em atividades subversivas* 4***7 Após ter reali3ado uma blit32 oCap* Pa3 deteve os elementos a bai=os2 os +uais %oram enviados para o+uartel do #h 0C a %im de prestarem depoimentos no In+u/rito Poli'ialMilitar &< instaurado por determina,-o %oi Cmt da uarni,-o* Antonio (ui3Hi$ino Martin9o Pereira de Abreu2 Antonio 8ami-o de Sousa2 RaimundoAntunes Osorio (opes2 (ui3 Ribamar Osorio (opes2 Manoel 8omin$os*4ESFA8O 8O PIAUI2 "GN2 p*"7

37 Sobre as pris;es dos de Antonio 8ami-o e (uís @Eduvi$es os mesmo n-o relatam +uantas ve3es%oram detidos2 apresentam apenas os dias em +ue passaram no '<r'ere2 o primeiro a%irma ter passadoLL e trBs dias en'ar'erado o se$undo %oi um tempo bem in%erior "L dias.

38 Em varias mat/rias do &ornal Estado do Piauí2 per'ebemos um apoio ao re$ime militar2 em muitassitua,;es identi%i'ando o $olpe 'omo uma revolu,-o*

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A a,-o da ditadura no Piauí se mostra intensa nos primeiros meses após o $olpe

militar2 no +ue di3 respeito Q repress-o aos movimentos 'amponeses2 pois temos mat/rias

al$umas +ue se re%erem a pris-o dos lideres desses movimentos2 apresentei duas mat/rias +ue

aborda a pris-o desses lideres essa duas mat/rias mostram +ue esses indivíduos a presos em

%oram em um intervalo in%erior a um mBs* Campo Maior representava uma re$i-o +ue

abri$ava 'omunistas2 uma ve3 esses indivíduos +ue militavam nos movimentos 'amponeses

eram identi%i'ados dessa %orma* Ent-o era %undamental a 9aver um monitoramento dessa

re$i-o por parte dos militares a %im de reali3ar investi$a,;es e 'ol9er in%orma,;es a'er'a

dessas pessoas*

i'a evidente na mat/ria +ue os militares a$iam 'om um 'erto plane&amento antes de

e%etuarem as pris;es2 uma ve3 +ue a mat/ria apresenta +ue 9avia um pr/vio estudo dasitua,-o2 re%erente a 'onduta desses lideres2 essas atitudes 'on%i$uram +ue esses indivíduos

estavam sendo observados e tendo suas a,;es avaliadas* A militn'ia em li$as 'amponesas e

sindi'atos rurais2 a partir de "GN se tornaram peri$osa2 uma ve3 +ue nesse período essas

atua,;es eram 'onsideradas subversivas2 'onse+uentemente os seus 'omponentes eram presos

 para prestarem es'lare'imentos*

(uís @Eduvi$es e Antonio 8ami-o nas entrevistas 'on'edidas tamb/m relataram

sobre suas pris;es a prin'ipio e=ibirei a %ala de Antonio 8ami-o.Em mar,o de GN veio a ditadura varias pris;es varias torturas v<rias 'oisasn/ varias mortes um bo'ado de 'oisas ai +ue inda 9o&e rola ai a+uela 9istoria+ue ainda 9o&e rola ent-o nessa ditadura eu %ui preso %ui 'aluniado torturado perse$uido as 'oisas so%reram 'omi$o n/ nessas parte da ditadura n/ osindi'ato %oram invadido su'ateado %oram to'ado %o$o nas 'oisas +ue tin9al< n/ a'abou)se tudo +ue tin9a de movimento sindi'al se (uís @Eduvi$estamb/m %oi preso 4 SOUSA2 !"#7

 ?este %ra$mento Antonio 8ami-o2 mostra 'omo o $olpe militar re%letiu no movimento

sindi'al2 uma ve3 +ue o mesmo era o presidente2 da entidade na /po'a2 em de'orrBn'ia de seu

'ar$o a'abou sendo preso2 9a&a vista +ue as lideran,as eram os prin'ipais suspeitos 2a pris-o

de um líder re%lete nos demais inte$rantes +ue %a3em parte da mesma or$ani3a,-o2 nesse

sentido (uís @Eduvi$es e Antonio 8ami-o %oram os prin'ipais alvos dos militares tendo em

vista suas lideran,as em seus respe'tivos movimentos*

Per'ebemos +ue o entrevistado relembra 'omo %oi sua pris-o abordando o +ue a

ditadura militar l9e propor'ionou* O depoente rememora as torturas +ue so%reu as

9umil9a,;es na +ual %oi submetido2 uma ve3 +ue essa era uma das prati'as dos militares para

abordar os indivíduos +ue eram presos2 $eralmente usavam a tortura 'omo uma %orma para

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%or,ar o prisioneiro a 'on%essar atos subversivos ou ent-o delatar al$um su&eito +ue estivesse

envolvido em a,;es subversivas*

8essa %orma a tortura se %e3 %undamental para dar suporte ao re$ime implantado em

"GN2 4AR1UI8IOCESE 8E SYO PAU(O7 Era atrav/s dessa repress-o +ue os militares

 bus'avam 'onter os avan,os desses movimentos* ?a maioria ve3 os suspeitos +ue eram presos

 passavam por esse tipo de pro'edimento imposto pelos militares* O ato de lembra da /po'a se

%a3 muito di%í'il para Ant>nio 8ami-o2 'onsiderando +ue / sempre problem<ti'o lembrar de

e=periBn'ias2 'omo a +ue o mesmo viven'iou para entendemos mais a'er'a dessas lembran,as

nos des'reve Carolina 8ellamore 0atista S'arpelli.

Muitas ve3es2 lembran,as traumati3adas ou traumati3antes esperam anos pelo momento propí'io para serem e=pressas* Essas lembran,as2 mesmo n-osendo publi'adas ou publi'i3adas para um $rande nmero de ouvintes2 permane'em vivas2 muitas ve3es sendo transmitidas oralmente de uma$era,-o a outra dentro do $rupo silen'iado*4 SCARPE((I2 !"!2 p*#N7

:emos +ue muitas ve3es esse tipo de relato passa muito tempo $uardado e vemos +ue

tem 9aver de 'erta %orma um en'ora&amento do próprio indivíduo em de'idir pro%erir essas

lembran,as* Os re'entes debates sobre ditadura militar a parti'ipa,-o de eventos +ue abordam

a tem<ti'a podem ter possibilitado ao depoente ad+uirir mais se$uran,a para %alar sobre tal

assunto2 uma ve3 +ue o mesmo sempre se disponibili3ou a me 'on'eder entrevistas2 s-o essas

oportunidades +ue %a3er 'om +ue o entrevistado n-o sinta tanto re'eio em %alar2 9a&a vista +ue

re'entemente o mesmo %ora indeni3ado pela 'omiss-o na'ional da verdade* Ent-o esses

%atores 'ontribuem para +ue o entrevistado se sinta mais a vontade para abordar a tem<ti'a*

O interessante / +ue o entrevistado tamb/m relembra (uís @Eduvi$es2 uma ve3 +ue os

s-o 'ontemporneos e parti'iparam das lutas 'amponesas em seus respe'tivos movimentos*

Antonio 8ami-o e (uís @Eduvi$es %oram dois persona$ens +ue estiveram envolvidos nas

lutas 'amponesas em Campo Maior e +ue so%reram 'om a repress-o dos militares* Antonio

8ami-o assim 'omo (uís @Eduvi$es mostra sentir muitas m<$oas da+uele período2

 pro'urando relatar os momentos di%í'eis +ue viven'iou desde sua pris-o os momentos no

'<r'ere e as perse$ui,;es +ue so%reu após os dias presos* ?esse 'onte=to podemos nos

des'reve Henr Rousso.

A memória para prolon$ar essa de%ini,-o lapidar2 / uma re'onstru,-o psí+ui'a e intele'tual +ue a'arreta de %ato uma representa,-o seletiva do passado2 um passado +ue nun'a / a+uele do individuo somente2 mas de umindividuo inserido num 'onte=to %amiliar so'ial e2 na'ional*4 ROUSSO2"2 p*#7

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:emos +ue tanto a memória de Antonio 8ami-o +uanto a de (uis @Eduvi$es2 %a3em

 parte de um pro'esso na +ual estiveram envolvidos diversos outros persona$ens2 +ue

militaram em seus movimentos2 nesse pro'esso tamb/m est-o inseridos os militares2 pois ao

relembrar o +ue viveram / impossível n-o desta'ar a atua,-o dos repressores* 8essa %orma

%i'a nítido 'omo a narrativa de ambos se torna 'oletiva2 uma ve3 +ue para abordarem suas

militn'ias os mesmos sempre relembram indivíduos +ue %i3eram parte da+uele momento2 ou

se&a2 a 'onstru,-o da memória se %a3 permeada por in%luen'ias de diversos meios evidente +ue

n-o podemos 'omparar a memórias dos dois2 pois parti'iparam de movimentos di%erentes2

nesse sentido as lembran,as depende de onde o indivíduo esta partindo*

 ?essa perspe'tiva / interessante ressaltar +ue esses su&eitos viveram momentos2 na

+ual estavam na mesma situa,-o 'omo na o'asi-o das pris;es2 so%reram 'om torturas e

diversas 9umil9a,;es2 a'er'a dessas situa,;es des'reve Carolina 8ellamore 0atista S'arpelli

@?o 'ampo 9ouve repress-o violenta Qs (i$as Camponesas do ?ordeste brasileiro2 al/m de

interven,;es em sindi'atos rurais e urbanos e a pris-o de v<rios de seus diri$entes

4SCARPE((I2 !"!2 p*G7 o %ra$mento aborda 'omo esses movimentos so'iais %oram

oprimidos pela ditadura militar2 nesse sentido 'orroborando 'om memória dos entrevistados e

'on%i$urando 'omo se deu a repress-o nos movimentos 'amponeses de Campo Maior2 pois

apresentamos neste trabal9o dois persona$ens +ue abordam suas e=periBn'ias 'om o adventos

$olpe militar2 a partir da %ala dos mesmos %i'a nítido 'omo os militares repreendiam esses

movimentos2 9a&a vista +ue al/m de invadirem as entidades 'amponesas oprimiam e

torturavam seus lideres*

Relembrar os momentos de perse$ui,-o pris-o e tortura se torna di%í'il para o

entrevistado +ue +uando per$untado sobre os momentos no '<r'ere o mesmo relata @Preso no

sindi'ato da+ui me levaram pra Feresina trinta e trBs dias em Feresina só podia ser l< no

e=/r'ito 4SOUSA2 !"#7 vemos +ue a pris-o do depoente durou mais de um mBs %oram

momentos <rduos da vida do entrevistado2 9a&a vista +ue se deparou 'om as a'usa,;es de

subvers-o 'om a pris-o na sede do sindi'ato as amea,as2 essas lembran,as ainda est-o na

memória do entrevistado2 nos permitindo entender 'omo %oram as repress-o dos militares aos

movimentos 'amponeses*

A prin'ipio Antonio 8ami-o %ora preso no sindi'ato e en'amin9ado para aonde 9o&e

em dia / pr/dio da UESPI Campus Heróis do Jenipapo2 pois na /po'a o pr/dio era um +uartel

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do e=/r'ito e anos depois %oi reutili3ado para ser implantada a UESPI L* Após um pe+ueno

espa,o de tempo no e=/r'ito a+ui em Campo Maior Antonio 8ami-o %oi trans%erido para

Feresina* Um dos momentos mais di%í'eis para Antonio 8ami-o 'ertamente %oi a tentativa de

a%o$amento2 na +ual %oi submetido 'omo veremos a se$uir.

Era sim as torturas %oram la era um ne$o'io %ui torturado 'aluniado de mais2e preso in'omuni'<vel num tin9a n-o tin9a nen9uma 'omuni'a,-o 'omnin$u/m nem 'om outro preso2 ent-o l< uma noite eles me tiraram da pris-oviram +ue o rio ta '9eio me amarraram &o$aram dentro d\a$ua tin9a uns pes'ador assim ao lado viram o movimento ai se apro=imaram ai viram +ueeu ia me a%o$ando n/ ai eles me tiraram 4SOUSA2!"#7

Per'ebemos nesse %ra$mento mais um momento em +ue o depoente %oi submetido a

tortura2 os militares usaram da t<ti'a do a%o$amento2 prati'a tamb/m usada nas se,;es de

torturas* A partir da %ala do entrevistado vemos +ue o intuito era matar Antonio 8ami-o2 uma

ve3 +ue o indivíduo 'om as m-os atadas / &o$ado dentro de um rio2 nessa situa,-o o preso n-o

teria nen9uma '9an'e de sobreviver2 ou se&a2 essa %oi uma estrat/$ia %or&ada para levar 

Antonio 8ami-o a óbito2 uma ve3 +ue a pr<ti'a do a%o$amento tamb/m era uma das %ormas

de tortura usada pelos repressores2 %i'a nítido 'omo os militares abusavam dos presos

'9e$ando ao ponto de 'ometerem atro'idades 'omo relata o entrevistado2 +ue a%irma ter sido

salvo por pes'adores +ue pes'avam no rio* O depoente n-o dei=a 'laro 'omo %oi a a,-o dos

 pes'adores e nem 'omo retornou a pris-o2 ou se&a2 9< na narrativa do entrevistado um dis'urso preparado2 na +ual ele n-o entra em detal9es e aborda apenas o +ue a'onte'eu2 dessa %orma

%i'a um pou'o 'ompli'ado entender 'omo %oi esse res$ate2 uma ve3 +ue os indivíduos +ue

estavam no rio teriam +ue a$ir rapidamente na a,-o de res$atar Antonio 8ami-o*

V interessante per'eber a a,-o dos pes'adores em bus'a)lo antes +ue o mesmo

submer$isse nas a$uas do rio2 provavelmente estariam perto do lo'al2 na +ual %oi &o$ado o

su&eito e os militares 'ertamente n-o per'eberam a presen,a de pessoas na o'asi-o2 ou ent-o

seria uma %orma de intimidar os próprios pes'adores mostrando 'omo eram tratados os presos*Essa e=periBn'ia pela +ual o entrevistado passou denota um %ardo +ue o indivíduo 'arre$a at/

9o&e o ato de rememorar essas lembran,as se %a3em 'omo uma %orma de 'ompartil9ar suas

memórias a'er'a desse passado +ue ainda est< preso em sua mente 'omo o mesmo %ala @ainda

tem muita 'oisa em bai=o do tapete dessa %orma a 'on'ess-o de relato se %a3 'omo uma

39 Em meados de !"N en'ontrei 'om Antonio 8ami-o nos 'orredores da UESPI Campus Heróis doJenipapo2 na o'asi-o o mesmo 9avia sido 'onvidado para uma 'on%eren'ia a'er'a da tem<ti'a sobreditadura militar* Conversando 'om Antonio 8ami-o o mesmo relatou o se$uinte2 primeiro %ui preso

a+ui a'9o +ue %oi na+uela sala ali ou %oi na+uela outra %oi uma dessas dai %i+uei a+ui um tempo depoisme mandaram pra Feresina2 vemos nesse relato +ue anos depois o indivíduo volta ao pr/dio em outrasitua,-o2 nessa o'asi-o para %alar sobre ditadura militar no mesmo lo'al em %oi preso*

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%orma de 'ontribuir para +ue as atro'idades do re$ime militar n-o 'aiam no es+ue'imento e

+ue a 9istória se en'arre$ue de $uarda)las e pro'ure investi$ar diversos outros 'asos de

indivíduos +ue so%reram 'om a ditadura* 8entre as diversas torturas so%ridas por Ant>nio

8ami-o tamb/m tin9am as psi'oló$i'as 'omo abordado as se$uir.

Eles %a3iam o se$uinte num era toda noite n-o2 tin9a noite o 'ol'9-o l< no'9-o n/2 tin9a noite +ue eles en'9iam dja$ua assim mais ou menos meiometro dka$ua eles en'9iam o +uarto2 eu passava a noite em p/ a noite todin9aem p/ e o 'ol'9-o em p/ assim pra mol9ar só a 'abe'eira n/2 e a pior da pris-o era a $uerra psi'oló$i'a eles '9e$avam a+ui na porta da onde eu tava'9e$ou mais tantos presos2 tem mais tantos tem levado l< de Pernambu'olevaram de avi-o la pra +ual / a+uele il9a peri$osaX ernando de ?oron9alevaram pra ir enando de ?oron9a pros bi'9os 'omer e era assim a $uerra psi'oló$i'a muito embora eles levaram mesmo2 $ente pra l< n/ mais eles%a3iam mais do +ue eles %alavam assim da+ui nois vamos 2levar uns +uatro'in'o da+ui um peda,o era assim desse &eito n/2 a$ora da+ui num vai %i'ar nen9um preso n-o2 da+ui nois vamos levar lo$o pra enando de ?oron9a eraassim Psi'olo$ia2 eu ser< +ue 9ora +ue eu vou pra ernando de ?oron9amais $ra,as a 8eus num %oi pre'iso e eu num %ui 4SOUSA2!"#7

O ato de 'olo'ar <$ua no lo'al2 na +ual o preso estava en'ar'erado era uma %orma de

tortura2 uma ve3 +ue tin9a o intuito de %a3er 'om +ue o indivíduo %i'asse a noite toda em p/ e

n-o dormisse era uma das %orma de 9umil9a,-o em o entrevistado %oi submetido2 mas o +ue

mais to'a Antonio 8ami-o era o ato da tortura psi'oló$i'a +ue era uma %orma de amedrontar 

o su&eito 'om diversas amea,as em +ue o preso %i'aria em um situa,-o de a%litos2 pois n-osabia +ual seria seu destino após sair da+uele lu$ar*

Amea,as de ser trans%erido para outro lo'al atormentou o depoente por lo$os dias2 o

medo de ser levado para outro lu$ar %oi al$o 'onstante nos momentos em +ue esteve no

'<r'ere2 uma ve3 +ue o mesmo a%irma +ue passou trinta e trBs dias en'ar'erado se deparando

'om torturas e 9umil9a,;es o medo 'onstante de ser morto atormentava o Antonio 8ami-o2

tendo em vista +ue este %oi destino de muitos +ue %oram para os 'elas dos +uarteis espal9ados

 pelo país*A tortura psi'oló$i'a era muito peri$osa2 em muitas o'asi;es o preso '9e$ava a tirar a

 própria vida por n-o suportar as amea,as e a'usa,;es2 'omo relata Jermir Pinto de Melo. @A

tortura psi'oló$i'a era prati'ada pelos o%i'iais do e=/r'ito levou muitas pessoas ino'entes a

morte 4ME(O2 !!2 p*7 ent-o vemos +ue to'ar no psi'oló$i'o do indivíduo $erava

'onse+uBn'ias e=tremas 'omo levar o su&eito a 'ometer sui'ídio2 uma ve3 +ue o preso n-o

suportava tantas amea,as sendo +ue muitas dessas intimida,;es eram baseadas em outras

%ormas de torturas 'omo a%irmar para o preso +ue iriam 'olo'a)lo em pau de arara2 ou se&a2

al$umas eram pautadas em outras %ormas de repress-o +ue o preso &< tin9a 'on9e'imento e

n-o +ueria ser submetido a tal pro'edimento*

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Antonio 8ami-o n-o '9e$a a morte2 mas 'onvive lon$os dias 'om o medo de vir a

óbito ou ser trans%erido para outro lo'al2 o depoente a%irma +ue na il9a na +ual os eram

trans%eridos os presos2 os mesmos eram levados para os bi'9os 'omerem se$undo entrevistado

essa era um vers-o do militar2 dessa %orma vemos um re'eio de ser deslo'ado para esse lu$ar2

 pois o su&eito estava amedrontado 'om as diversas amea,as e 9istórias pro%erida pelos

militares a'er'a da tal il9a* Per'ebemos na %ala do entrevistado 9avia de 'erta %orma umas

vers;es +ue remetem a al$o mais %antasioso2 na sabemos se os militares amea,avam dessa ou

se o entrevistado 'ria uma 'on'ep,-o il9a e ao lembrar da+uele período atrela o ar+uip/la$o a

um lo'al monstruoso*

Ao lon$o de min9a entrevista 'om Antonio 8amiao '9e$amos a um momento em +ue

o depoente se omite a %alar +uando abordamos o assunto sobre torturas %ísi'as o entrevistadoa%irma +ue so%reu2 mas pre%ere n-o relatar a'er'a desses momentos an$ustiantes2 per'ebo +ue

isso representa um trauma para 8ami-o2 veremos um %ra$mento da %ala do entrevistado a

se$uir.

so%ri so%ri tortura %ísi'a2 eles me prenderam a+ui e levaram pra l< era umm/todo de 9orror era um m/todo de 9orror a $ente %i'ar ali num ne$o'ioda+uele sem saber 'erte3a se saia dali 'om vida sabendo o +ue tava %a3endosem ser um bandido sem ser nada um 'idad-o e ter um movimento da+uelesó via a vo3 de morte n-o via a vo3 de nada* XZ Entrevistador[Seu Antonio

8ami-o vo'B pode relatar 'omo %oi essas torturas %ísi'as ou vo'B pre%ere n-oabordar issoZdepoente[ n-o n-o 4 SOUSA2!"#7

O entrevistado ainda se mostra atormentado 'om esses a'onte'imentos2 prin'ipalmente

+uando to'amos neste assunto2 per'ebemos na narrativa do depoente um in'omodo ao abordar 

a +uest-o das torturas %ísi'as2 %i'a nítido o silen'io do entrevistado em n-o relatar esse

assunto2 ou se&a2 as lembran,as 'ara'teri3am de 'erta %orma um pesadelo para Antonio

8ami-o2 re'ordar desse momento / abordar um trauma +ue n-o %i'ou no passando ainda esta

 presente na memória do indivíduo* Essa passa$em lembra a pes+uisa de ried9elm 0oll sobreos perse$uidos pelo na3ismo na +ual as lembran,as viam durante o sono dos su&eitos2 +ue

%i'avam atormentados 'om essas lembran,as em %orma de pesadelo 40O((2 !!!7

As memórias da ditadura s-o 'onsideravelmente traum<ti'as para Antonio 8ami-o2

silen'iar as torturas %ísi'as / uma %orma de n-o se prestar ao servi,o de narrar tal

a'onte'imento* Per'ebemos +ue este estar em sua memória2 mas / al$o +ue esta apenas 'om o

indivíduo2 o ato de 'ontar a outras pessoas se torna bem di%í'il / 'omo se %osse uma nova

tortura relatar a+ueles momentos2 uma ve3 +ue o mesmo estaria de 'erta %orma revivendoa+ueles a'onte'imentos 'omo aborda M<r'io Sili$mann Silva @O trauma / &ustamente uma

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%erida na memória 4SI(:A2!!!2 p*N7 o entrevistado ainda se sente abatido e an$ustiado por 

ter passado por essas puni,;es*

8essa %orma o depoente dei=a transpare'er +ue n-o sente medo do passado2 mas o ato

de rememorar ainda vem 'om um 'erto pni'o e tra3 um sentimento de de'ep,-o de um +uem

viveu tudo a+uilo sem motivos e 9o&e se en'arre$a mostrar suas e=periBn'ias2 mesmo +ue elas

n-o sendo 'on%ort<veis2 pois as lembran,as podem ser tortuosas mas o entrevistado assim

'omo (uís @Eduvi$es dei=a transpare'er um tom de 9eroísmo de um indivíduo +ue lutou

'ontra a ditadura e a$ora esta sendo re'on9e'ido pela sua militn'ia*

O outro entrevistado (uís @Eduvi$es tamb/m relatou suas e=periBn'ias a'er'a das

 pris;es al$umas &< %oram abordadas neste trabal9o2 mas este depoente tamb/m pro%eriu as

torturas em +ue %oi submetido nos momentos em +ue esteve no '<r'ere 'omo vemos a se$uir."L dias mais %ora da 'adeia %oi muito tempo por+ue a$ente %i'ou su&eito a ser  preso +ual+uer 9ora espe'ialmente uma pessoa 'omo eu +ue tin9a esseservi,o monstro 4***7 tin9a eles tin9am as %ormas de torturar as pessoas psi'oló$i'o se ta deitado no '9-o meia noite '9e$ava um $rupo de soldadometendo os %u3il %a3endo 'omo se %osse apertar o $atil9o e matar nois tudim/ psi'oló$i'a eles tem a %orma de tortura sem ser batendo eles tem muita%orma de torturar 4 SOUSA2 !"#7

8i%erentemente de Antonio 8ami-o (uís @Eduvi$es passou menos dias no '<r'ere2

%oram tre3e <rduos dias preso2 so%rendo amea,as e torturas2 o depoente a%irma +ue so%riatortura psi'oló$i'a2 mas +uando per$untado a'er'a de tortura %ísi'a o entrevistado a%irma n-o

ter 9avido 'om ele* A %orma 'omo os militares torturavam era bem 9ostil2 pois Q noite os

 presos eram amea,ados de morte 'omo 'on%i$ura a %ala de @Eduvi$es2 podemos identi%i'ar 

essa atitude 'omo uma %orma de dei=ar o preso a'ordado a noite inteira2 9a&a vista +ue o

mesmo %i'aria apreensivo2 pois a +ual+uer momento poderia ser morto*

A partir do relato desses dois persona$ens 'ompreendemos +ue 9< uma di%eren,a2 no

+ue di3 respeito suas pris;es embora o &ornal Estado do Piauí a%irme +ue esses indivíduos%oram presos &untos os dois apresentam espe'i%i'idades em suas %alas2 'on%i$urando +ue

 provavelmente possam terem %i'ado em 'elas di%erentes at/ por+ue a di%eren,a de tempo em

+ue (uís @Eduvi$es permane'e preso / bem in%erior a de Antonio 8ami-o2 uma ve3 +ue este

ltimo apresenta uma narrativa de 'erta %orma pautada no re$ime militar o outro entrevistado

apresenta um relato +ue se remete mais a Asso'ia,-o de Frabal9adores*

H< muitas sin$ularidades na %ala dos dois su&eitos2 n-o estou a+ui bus'ando per'eber 

'omo de %ato a'onte'eram os momentos dos mesmos no '<r'ere2 uma ve3 +ue esta tem<ti'a /

muito 'omple=a2 no +ue di3 respeito ao ato de narrar2 dessa %orma 'ada indivíduo relata sua

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e=periBn'ia da %orma em +ue 'onstruiu seu relato2 tanto (uís @Eduvi$es +uanto Antonio

8ami-o tem suas in%luen'ias a+uilo +ue 'onv/m 'ontar e a+uilo +ue n-o / ne'ess<rio na

narrativa*

CON)IDERAÇ*E) +INAI)

@As (i$as Camponesas se inserem 'omo o mais importante movimento so'ial

'amponBs or$ani3ado pelo povo brasileiro na d/'ada de "G!* 4SFE8I(E2 !"2 p*"7

embora2 ten9a passado v<rios anos do t/rmino das li$as 'amponesas2 vemos +ue nos dias

atuais as mesmas ainda s-o 'onsideradas2 um dos maiores movimentos em prol do 'amponBs*

Sua importn'ia para a 9istória so'ial do país n-o pode ser ne$ada2 vimos ao lon$o deste

trabal9o +ue a mesma entra no 'en<rio na'ional 'omo uma %orma de 'on'eder vo3 a +uem n-o

tin9a e mostrar para o país os problemas en%rentados pelos 'amponeses*

Mas embora n-o 9a&a mais li$as 'amponesas2 as mesmas servem 'omo e=emplos para

movimentos 'omo o MSF +ue milita nos dias atuais2 dando 'ontinuidade as lutas dos

trabal9adores rurais2 ou se&a2 os 'amponeses n-o abrem m-o de sua luta e se mostram

empen9ados pela 'on'reti3a,-o de seus ob&etivos 'omo uma re%orma a$r<ria2 uma das $randes

metas do MSF*

 ?essa perspe'tiva2 entendo +ue embora as li$as n-o tiveram um tempo amplo de

e=istBn'ia2 as mesmas dei=aram sua mar'a na 9istória2 pois at/ o sur$imento desse movimento

n-o tin9a 9avido no meio rural2 lutas 'amponesas 'om essa amplitude e 'onsistBn'ia2 +ue as

li$as ad+uiriram* ?o estado do Piauí este assunto ainda se mostra pou'o debatido2 pois nos

deparamos 'om um nmero pe+ueno de trabal9os a 'er'a da tem<ti'a2 nesse sentido per'ebo

+ue esta mono$ra%ia2 al/m de somar e 'ontribuir para o aumento de pes+uisas a respeito deste

assunto no re%erido estado2 sur$e tamb/m 'omo um meio para ampliar o debate sobre o tema*

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Ao analisar a emer$Bn'ia das li$as 'amponesas e sindi'atos rurais em Campo Maior2

entrei em um pro'esso investi$ativo minu'ioso2 pois a+uele passado se mostra permeado de

espe'i%i'idades2 +ue n-o poderia dei=ar de debatB)las nesse trabal9o* Como %a3er um tópi'o

abordando a 9istória das li$as 'amponesas a %im de propor'ionar ao leitor um maior 

entendimento sobre esse movimento* Após essa aborda$em tra3endo para o 'onte=to

 piauiense analisando os dis'ursos anti'omunistas2 $erados a partir das li$as 'amponesas2 após

isso uma aborda$em sobre a li$a de Parnaíba %oi importante para mostrar 'omo o movimento

'amponBs no Piauí estava 'res'endo*

Mas o %o'o dessa pes+uisa %ora Campo Maior2 pois %oi a re$i-o na +ual en'ontrei um

maior nmero de %ontes2 me permitindo reali3ar um pro'esso investi$ativo mais apro%undado

a'er'a dos movimentos 'amponeses e=istentes nesse espa,o* ?-o poderia ter dei=ado deressaltar neste trabal9o2 o 'ontin$ente popula'ional da 'idade de Campo Maior na /po'a

 pes+uisada2 pois %oi %undamental para mostrar2 +ue tanto as li$as 'omo o sindi'ato teriam

material 9umano para se e%etivarem2 9a&a vista +ue 9avia uma di%eren,a muito $rande entre a

 popula,-o da 3ona rural e da 3ona urbana* Essa analise a'er'a da popula,-o se deu 'om2 base

na %ala de (uis @Eduvi$es e numa mat/ria do &ornal Estado do Piauí2 pro'urei %a3er uma

 pes+uisa mais a %undo sobre isso no site do I0E2 mas n-o obtive dados sobre a popula,-o

'ampomaiorese no período pes+uisado*oi %undamental averi$uar o sur$imento dos interesses das lideran,as 'amponesas em

%ormar as entidades li$ando)os2 as estrat/$ias bus'adas pelos mesmos na e%etiva,-o dessas

or$ani3a,;es2 bem 'omo o minu'ioso plane&amento para a e%etiva,-o dos movimentos e

tamb/m as %ormas de divul$a,-o +ue %oram apropriadas para ampliar o 'on9e'imento das

or$ani3a,;es em outras re$i;es*

A li$a 'amponesa se apropriou prin'ipalmente dos &ornais para sua divul$a,-o &< o

sindi'ato teve 'omo um dos prin'ipais meios para sua di%us-o o r<dio* ?esse sentido n-o poderia ter dei=ado de abordar a %orma,-o do sindi'ato dos Frabal9adores Rurais de Campo

Maior pela i$re&a 'atóli'a2 pois esta ltima se %e3 %undamental na sindi'ali3a,-o rural no Piauí

e na 'onstitui,-o do sindi'ato em Campo Maior2 uma ve3 9avia os interesses da i$re&a em

%a3er oposi,-o as li$as 'amponesas* Ressalto +ue poderia ter %eito uma analise mais

apro%undada sobre esta entidade2 mas nesse sentido estaria %u$indo do %o'o +ue tra'ei para

esta pes+uisa*

E por %im analisei 'omo %oi a %ra$menta,-o desses movimentos no estado no do Piauí

 pela ditadura militar2 pois a A(FACAM tem seu %im nesse momento2 o sindi'ato %i'a um

 período inativo mais volta a atuar anos depois* Para o desenvolvimento dessa parte da

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mono$ra%ia o relato de Antonio 8ami-o e (uís @Eduvi$es %oram %undamentais2 pois atrav/s

dos mesmos estabele'i uma analise a'er'a de 'omo a ditadura militar a$iu em repreens-o aos

movimentos 'amponeses de Campo Maior* i'a nítido +ue este trabal9o se$uiu uma lin9a +ue

se 'onstituiu2 a partir dos a'onte'imentos +ue %oram 'onstruídos de a'ordo 'om o desenrolar 

dos movimentos e do 'onte=to pes+uisado*

8urante essa pes+uisa en%rentei al$uns problemas +ue 'ontribuíram para o desenrolar 

da mesma2 'omo a n-o a+uisi,-o de al$umas %ontes2 'ontribuíram para a delimita,-o dos

ob&etivos desse trabal9o* O n-o a'esso ao &ornal O 8ia do ano de "GN2 me impossibilitou de

 per'eber os dis'ursos desse &ornal a'er'a do $olpe militar2 9a&a vista +ue este era um dos

maiores &ornais anti'omunistas do Piauí e apresentava al$umas mat/rias sobre o movimento

'amponBs no estado2 mas o de "GN n-o me %oi disponibili3ado* Se$undo os %un'ion<rios doar+uivo pbli'o do estado do Piauí o &ornal n-o e=istia na+uele lo'al* Um dos problemas +ue

en%rentei %oi ter obtido in%orma,;es apenas de dois &ornais +ue %oram o ?ovos Rumos e o

Ferra (ivre os outros &ornais analisados n-o 'onse$ui in%orma,;es sobre os mesmos2 pro'urei

entrar em 'ontato 'om a 9emerote'a di$ital2 para obter in%orma,;es sobre os &ornais +ue

'onse$ui no re%erido lo'al2 mas n-o obtive su'esso*

Embora n-o tive a'esso ao re%erido &ornal2 en'ontrei %ontes su%i'ientes +ue me

 permitiram e=plorar a tem<ti'a de %orma 'onsistente* ?-o '9e$uei a %a3er uso de todas2 poisme apropriei das mesmas de a'ordo 'om meus ob&etivos* Mas per'ebo +ue as %ontes +ue n-o

%oram utili3adas possam 'ontribuir para trabal9os %uturos +ue e=i&am um maior nmero de

%ontes para sua reali3a,-o2 pois ao ter 'ontato 'om as %ontes tive 'ons'iBn'ia de +ue as

mesmas me permitiam desenvolver um trabal9o mais amplo2 mas delimitei meus ob&etivos e a

 partir deles 'ome'ei a 'onstituir esta pes+uisa2 +ue esta sendo reali3ada*

 8e a'ordo 'om a reali3a,-o desse trabal9o2 posso a%irmar +ue os ob&etivos tril9ados

 por esta pes+uisa %oram al'an,ados2 uma ve3 +ue os mesmos %oram tra,ados 'on%orme as%ontes* ?esse sentido de'laro este trabal9o reali3ado2 mas n-o 'on'luído2 pois a'redito +ue a

 pes+uisa 9istóri'a nun'a se %inali3a2 ela sempre esta propí'ia a novas des'obertas2 uma ve3

+ue 9< possibilidades de novas %ontes serem en'ontradas e modi%i+uem todo o sentido de um

'onte=to 9istóri'o*

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RE+ERHNCIA) ILIORÁ+ICA)

LIRO)

AR1UI8IOCESE 8E SYO PAU(O* 0rasil ?un'a Mais. um relato para a 9istória*

Petrópolis)RJ. :o3es2 "#*

AUE82 0ernardete DrublevsKi* Os 'amin9os da 'is-o* In. SFE8I(E2 Jo-o Pedro 4Or$*7  A

questão agraria no Brasil . História e nature3a das li$as 'amponesas no 0rasil* S-o Paulo2E=press-o Popular2 !"

0A5HFI?2 MiK9ail* Mar=ismo e iloso%ia da (in$ua$em* S-o Paulo. Annablume2 "!ed*!!

0ASFOS Elide Ru$ai* As Ligas Camponesas. Petrópolis)RJ. :o3es2 "N

0O((2 ried9elm* O %ardo de %alar sobre a perse$ui,-o na3ista na Aleman9a* In. erreira2Marieta de Morais ernandes Fania Maria Alberti2 :erena 4or$*7  História Oral . 8esa%ios para o s/'ulo 66I* Rio de Janeiro. IOCRUT2 !!!*

0OSI2 E'lea* Memória e ocie!a!e" lem#ran$as !e vel%os. S-o Paulo. Compan9ia das (etras2L* ed2 "N*

8E(A8O2 (u'ilia de Almeida ?eves*  História Oral" memória2 tempo2 identidades* 0eloHori3onte. AutBnti'a2 !"!*

ESFE:ES* Carlos (eandro da Silva* ormoso e Frombas. luta pela terra e resistBn'ia'amponesa em oi<s – "#!)"GN* In. MOFFA2 M<r'ia TARFH2 Paulo 4Or$ .&. 'ormas !e

resist(ncia camponesa"  visibilidade e diversidade de 'on%litos ao lon$o da 9istória* S-oPaulo. Editora U?ESP !!*

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ERREIRA2 Jor$e* OMES2 Wn$ela de Castro* )*+," O $olpe +ue derrubou o presidente p>s%im ao re$ime demo'r<ti'o e instituiu a ditadura no 0rasil* "* ed* Rio Janeiro. 'ivili3a,-o

 brasileira2 !"N*

OUCAU(F2 Mi'9el* A or!em !o !iscurso aula inaugural no S-o Paulo. (oola2 "G*

RAMSCI2 Antonio* -ramsci. poder partido e politi'a* Emir Sander 4or$*7* S-o Paulo.E=press-o Popular2 ed* !"

UERRA2 utember$ Armando 8ini3* Or$ani3a,;es rurais e 'amponesas no estado do Par<*In. ER?A?8O2 0ernardo Man,ano ME8EIROS2 (eonilde Servolo de PAU(I(O2 MariaI$ne3* Lutas camponesas contemporneas. 'ondi,;es2 dilemas e 'on+uistas2 o 'ampesinato'omo su&eito políti'o nas d/'adas de "#! a "!* S-o Paulo. Editora U?ESP 0rasília2 !!*

JE?5I?S2 5eit9* A %istória repensa!a* Led2 S-o Paulo. Conte=to2 !""*

JOUFAR82 P9ilippe* 8esa%ios Q 9istória oral do s/'ulo 66I* In. erreira2 Marieta de Moraisernandes Fania Maria Alberti2 :erena 4or$*7 História Oral" 8esa%ios para o s/'ulo 66I* Riode Janeiro. IOCRUT2 !!!*

JU(IYO2 ran'is'o* /ue são ligas camponesas? Rio de Janeiro. Civili3a,-o 0rasileira2 "G*

MAR62 5arl* E?E(S2 riedri'9* Mani%esto 'omunista disponível em.f9ttp.__*ebooKsbrasil*or$_adobeebooK_mani%esto'omunista*pd%   a'esso em de maio!"N

MORAIS2 Clodomir Santos de* História das li$as 'amponesas no 0rasil* In. SFE8I(E2 Jo-oPedro 4Or$*7 A questão agraria no Brasil . História e nature3a das li$as 'amponesas no 0rasil*S-o Paulo2 E=press-o Popular2 !"

MOFFA2 M<r'ia ESFE:ES2 Carlos (eandro da Silva* (i$as Camponesas" História de umaluta 4des7 'on9e'ida* In. MOFFA2 M<r'ia TARFH2 Paulo 4Or$*7*  'ormas !e resist(ncia

camponesa. visibilidade e diversidade de 'on%litos ao lon$o da 9istória* S-o Paulo. EditoraU?ESP !!*

O(I:EIRA2 Marlu Alves de* Contra a %oi'e e o martelo. 'onsidera,;es sobre o dis'urso

anti'omunista no período de "#)"G. uma an<lise a partir do &ornal O 0ia* Feresina.unda,-o Cultural Monsen9or C9aves2 !!*

PRESFES2 (ui3 Carlos* Proposta de Re%orma A$r<ria da ban'ada do PC0 na 'onstituintede"NG* In. SFE8I(E2 Jo-o Pedro 4or$*7 e ESFE:AM2 8ou$las 4assistente de pes+uisa7*  A

questão agr1ria no Brasil : Pro$rama de re%orma a$r<ria "NG) !!L* S-o Paulo. E=press-oPopular2 !!#* p* !)* N! p*

REIS2 8aniel Aar-o* 8itadura militar2 es+uerdas e so'iedade* ed* Rio de Janeiro. Jor$e Ta9ar 

ROUSSO2 Henr* A memória n-o / mais o +ue era* in. erreira2 Marieta de Morais Amado2

Janaina*4or$*7* 2sos e a#usos !a %istória oral * Rio de Janeiro. Editora da unda,-o etlio:ar$as2 "*

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SECREFO2 :eroni'a* Arrendamento* In. MOFFA2 M<r'ia 4or$*7* 0icion1rio !a Terra. Rio deJaneiro. Civili3a,-o 0rasileira2 !!#*

SE(IMA??)SI(:A2 M<r'io* @A História 'omo Frauma2 in SE(IMA??)SI(:A2 M<r'io

 ?ESFRO:IS5I2 Art9ur 4Or$*7 Cat1stro3e e Representa$ão. ensaios* S-o Paulo. Es'uta2 !!!*Cap*

SFE8I(E2 Jo-o Pedro 4or$*7* A questão agr1ria" 9istória e nature3a das (i$as CamponesasS-o Paulo. E=press-o Popular2 !!G*

FHOMPSOM* Edard* Palmer* A 'orma$ão !a Classe Oper1ria 4nglesa2 gA <rvore daliberdadeg2 vol* I2 Rio de Janeiro. Pa3 e Ferra2 "*

ARTIO)

AFA?SIO2 ran'is'o C9a$as O* ROCHA2 8ami-o de Cosme C* 8entre lutas2 lidas elabutas. Memórias e narrativas sobre o pro'esso de %orma,-o das li$as 'amponesas no Piauí esuas e=periBn'ias or$ani3ativas na terra dos 'arnaubais 4a3enda Matin9os_Campo Maior7*oesJ P!etK!to De8!. Revista de História da UESPI2 v* "2 p* )"2 !"L*

A(0U1UER1UE JR2 8urval Muni3 de* O leque que respira" Mi'9el ou'ault e a +uest-o doob&eto em 9istória.  8isponível em f9ttp.__pt*s'ribd*'om_do'_"LN_8urval)Albu+uer+ue)Um)(e+ue)1ue)Respiras'ribd a'essado em L! a$osto de !"#

ARAJO2 Maria Paula ?as'imento SA?FOS2 Mrian Seplveda* @História2 memória ees+ue'imento. impli'a,;es políti'as* Revista Críti'a de CiBn'ias So'iais2 n* 2 pp* #)"""2

!!*

ASSU?YO2 Jose 0arros de*  História e memória" uma rela,-o na Con%luBn'ia entre tempo eespa,o MOUSEIO?2 vol* L2 n*#2 Jan)Jul*_!!*

R?STPA?2 Mario* A terra. História :iva2 Osas'o)SP2 n "#* P*"G)"2 Mar* !"N*

JOUFAR82 P9ilippe*  Reconciliar História e Memória? <8isponível em.9ttp.__*'asaruibarbosa*$ov*br_es'ritos_numero!"_CR0Es'ritos"P9ilippeJoutard*pd%  a'esso em. L! a$osto de !"#*

MO?FE?ERO* Ant>nio Forres*  As ligas camponesas 5s v6speras !o golpe !e )*+,. In.Pro&* História2 S-o Paulo2 n*2 tomo 2 p* L")N"G2 de3* !!N

MORAIS* Joao Como 3a7er uma revolu$ão. Revista de 9istória da bibliote'a na'ional2 Rio deJaneiro2 n*!2 p* LN)L2 mar*!"L

MU?IT Irani'e on,alves* Memorial das (i$as Camponesas. Um res$ate 9istóri'o na luta pela re%orma a$r<ria e pelos direitos 9umanos* In. ENCONTRO AN0AL DA AND.EPJ 5$J Cu!t6a5 Anas555Cu!t6a Universidade ederal do Paran< – UPR2 !"

PO((A52 Mi'9ael* Memória e i!enti!a!e social * Fradu,-o de Moni+ue Au$ras* In. Revistade Estudos Históri'os* Rio de Janeiro2 vol*#2 n*"!2 "2 p*!!)"*

Page 93: Monografia DITADURA MILITAR NO BRASIL

7/23/2019 Monografia DITADURA MILITAR NO BRASIL

http://slidepdf.com/reader/full/monografia-ditadura-militar-no-brasil 93/94

SI(:A* F9ia$o Moreira Melo e* A presen,a das li$as 'amponesas na re$i-o nordeste* In.E?CO?FRO ?ACIO?A( 8E EORAIA ARRIA2 "* !!2 S-o Paulo* Anais*** S-oPaulo Universidade de S-o Paulo* Pro$rama de Pós)radua,-o em eo$ra%ia Humana !!2

 pp* ")*

DI))ERTAÇ*E) E TE)E)

A(MEI8A2 Maria Isabel de Moura* O anticomunismo na imprensa goiana. "L#)"GN* !!L*"LG %* 8isserta,-o* 4Mestrado em So'iolo$ia7* Universidade ederal de oi<s a'uldade deCiBn'ias Humanas e iloso%ia Pro$rama de Pós radua,-o em So'iolo$ia* oinia*

O?A(:ES2 Martina Spo9r*  8aginas golpista" demo'ra'ia e anti'omunismo atrav/s do pro&eto editorial do IPES 4"G")"GN7* !"!* # %* 8isserta,-o 4Mestrado em Historia7 – Universidade ederal luminense2 Instituto de CiBn'ias Humanas e iloso%ia2 8epartamentode História* ?iterói*

O(I:EIRA2 Marlu Alves de* A cru7a!a antivermel%a" 8emo'ra'ia2 8eus e Ferra 'onta a%or,a 'omunista* !!* # %* 8isserta,-o 4Mestrado em História7 – Universidade ederal doPiauí2 Feresina2 !!*

MOFFA2 Rodri$o Patto S<* 9m guar!a contra o :perigo vermel%o;" o anti'omunismo no0rasil 4"")"GN7* !!!* L"# %* Fese* 48outorado em CiBn'ia e'on>mi'a7 a'uldade deiloso%ia2 (etras e CiBn'ias Humanas da USP* S-o Paulo

SCARPE((I2 Carolina 8ellamore 0atista* Marcas !a clan!estini!a!e. memórias da ditaduramilitar brasileira* !!* L %* 8isserta,-o 4Mestrado em memória so'ial7 Universidade

ederal do Estado do Rio de Janeiro2 Rio de Janeiro*

SOUSA5 Rams/s Eduardo Pin9eiro de Morais* Tempo !e 9speran$a. 'amponeses e'omunistas na 'onstitui,-o das (i$as Camponesas no Piauí entre as d/'adas de "#! e"G!*!"#* N"%* 8isserta,-o 4mestrado em História do 0rasil7 Universidade ederal doPiauí2 Feresina*

SI(:A2 Jo-o Paulo ernandes da* A E=periBn'ia or$ani3a'ional dos Frabal9adores rurais nomuni'ípio do Crato ) CE 4"G! – "!7* !"!*"N %* disserta,-o 4Mestrado em 9istória so'ial7Universidade ederal do Cear<2 ortale3a*

Carneiro2 Ana*  Retrato !a Repressão 8oltica no Campo = Brasil )*+>)*@. Camponesestorturados2 mortos e desapare'idos disponível em f9ttp.__d9*sd9*$ov*br_donload_dmv_retratodarepressao*pd%  a'essado em de out* !"N*

/ORNAI)

Cresce no 8iau o Movimento campon(s5 Ferra (ivre2 S-o Paulo2 a$o* "G2 n*""L2 p*L

-rileiros inva!em a 4l%a -ran!e !e anta 47a#el = Resistencia %eroica !a Associa$ão !os

Camponeses e Lavra!ores !e 8arna#a um vel%o caueiro 6 se!e !a organi7a$ão

camponesa. Ferra (ivre2 S-o Paulo* Abr* "GL2 n*""2 p 

(OPES2 Ribamar*  Reali7a!o em Teresina 84& o 4 encontro !os camponesesJ  ?ovos Rumos2Rio de Janeiro2 L"_Mai* ) G_Jun* "GL2 n*L2 p*G

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7/23/2019 Monografia DITADURA MILITAR NO BRASIL

http://slidepdf.com/reader/full/monografia-ditadura-militar-no-brasil 94/94

(OPES2 Ribamar*   8iau 1 tem 3e!era$ão camponesaD  Ferra (ivre2 S-o Paulo* &ul*"GL2n*"N2 p

(OPES2 Ribamar* Alian$a e Luta2 ?ovos Rumos2 Rio de Janeiro2 " a " &ul* "GL p* !G*

(OPES2 Ribamar* Piauí. MP 'omanda (uta Pelas Re%ormas no Estado  ?ovos Rumos2 Rio deJaneiro2 " a " &ul* "GL p* !G*

 A$ão !a guarni$ão 3e!eral na com#ate aos elementos su#versivos !e Campo Maior2 Estadodo Piauí2 Feresina* L de Jul* "GN2 n*GG"2 p"

 8risEesD Estado do Piauí2 Feresina* # de Jun* "GN2 n*G#L2 pL 

 Ligas que !esligam A Cru32 Rio de Janeiro* de abr* "G2 n**L#2 p*"

Consi!era!o movimento !e car1ter su#versivo2 Pa'otil9a o lobo2 de abr* "G2 n* G2 p*"

 Movimento campon(s vi#ra e progri!e aniversario !a ALTACAM e sua nova !iretoria =

 gran!e e anima!a 3esta !os lavra!ores sem terra !a ci!a!eD O 8ia2 Feresina* " de Jul* "GL2n"* ""

ENTREI)TA

(OPES2 (uis Jos/ Ribamar Osorio* Campo Maior* Entrevista 'on'edida a Ramiro ResendeIbiapina Campo Maior " de Jan*2 !"#*

(OPES2 (uis Jos/ Ribamar Osorio* Campo Maior* Entrevista 'on'edida a Ramiro ResendeIbiapina Campo Maior " de A$o*2 !"#*

SOUSA2 Antonio 8ami-o* Campo Maior* Entrevista 'on'edida a Ramiro Resende IbiapinaCampo Maior N de Abr*2 !"#*

DOC0MENTÁRIO

COUFI?HO2 Eduardo* 2m ca#ra marca!o para morrer. 8o'ument<rio sobre a tra&etória e oassassinato do líder 'amponBs Jo-o Pedro Fei=eira2 na Paraíba2 "N*