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1 1. Introdução Os róticos, ou sons de /r/, é uma classe que abrange muitos sons encontrados em inúmeras línguas ao redor do mundo. Dentro desta classe, encontramos o retroflexo. Ele é um som caracterizado pelo movimento de ponta de língua que se curva sobre o seu dorso numa região pós-alveolar. Na produção do retroflexo, também encontramos arredondamento dos lábios. Essa variante rótica é muito produzida em vários dialetos do Português Brasileiro (PB). Um estudo realizado por Ferraz (2005) se propõe a mostrar a primeira descrição acústica do retroflexo para o PB. Partindo de uma comparação com dados apresentados acerca do retroflexo no inglês Norte-Americano Padrão (doravante INAP), notou-se uma diferença acústica entre esses dois sons que, aparentemente, seriam “iguais”. Enquanto, para o retroflexo do inglês norte-americano, temos como característica acústica principal um terceiro formante baixo, postado em torno de 2000 Hz, temos, com grande freqüência, para o terceiro formante do retroflexo do PB, medidas acima de 2000 Hz, porém, com um abaixamento de F3, se observada a trajetória dos formantes. Esse fato pode proporcionar uma diferença auditiva entre esses sons, mas uma simples análise empírica não é capaz de marcar tais diferenças. O atual trabalho propõe apresentar uma nova metodologia experimental que promova uma comparação acústica direta de dados entre o retroflexo, para os ambientes de coda silábica (interna e final de palavra). Algumas afirmações não foram testadas por Ferraz visto que seus dados referem-se ao retroflexo no PB, não havendo uma comparação direta com os dados do inglês norte-americano. A metodologia será elaborada seguindo o seguinte padrão: será montado um experimento onde palavras-chaves, tanto do PB quanto do Inglês Norte-Americano Padrão, contento o referido som, no mesmo ambiente fonológico, serão gravadas e analisadas por falantes nativos de ambas as línguas. Assim será possível observar o comportamento do retroflexo acontecendo no mesmo ambiente. Serão levados em consideração os valores das freqüências dos três primeiros formantes do retroflexo. O estudo retratará apenas uma primeira fase do projeto todo, que consta em abordar as técnicas de coleta de dados e análise, sendo apenas um projeto piloto.

Monografia Inglês versão de entrega - Setor de Ciências ... 1. Introdução Os róticos, ou sons de /r/, é uma classe que abrange muitos sons encontrados em inúmeras línguas

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1. Introdução

Os róticos, ou sons de /r/, é uma classe que abrange muitos sons encontrados em

inúmeras línguas ao redor do mundo. Dentro desta classe, encontramos o retroflexo. Ele é

um som caracterizado pelo movimento de ponta de língua que se curva sobre o seu dorso

numa região pós-alveolar. Na produção do retroflexo, também encontramos

arredondamento dos lábios. Essa variante rótica é muito produzida em vários dialetos do

Português Brasileiro (PB).

Um estudo realizado por Ferraz (2005) se propõe a mostrar a primeira descrição

acústica do retroflexo para o PB. Partindo de uma comparação com dados apresentados

acerca do retroflexo no inglês Norte-Americano Padrão (doravante INAP), notou-se uma

diferença acústica entre esses dois sons que, aparentemente, seriam “iguais”. Enquanto,

para o retroflexo do inglês norte-americano, temos como característica acústica principal

um terceiro formante baixo, postado em torno de 2000 Hz, temos, com grande freqüência,

para o terceiro formante do retroflexo do PB, medidas acima de 2000 Hz, porém, com um

abaixamento de F3, se observada a trajetória dos formantes. Esse fato pode proporcionar

uma diferença auditiva entre esses sons, mas uma simples análise empírica não é capaz de

marcar tais diferenças.

O atual trabalho propõe apresentar uma nova metodologia experimental que

promova uma comparação acústica direta de dados entre o retroflexo, para os ambientes de

coda silábica (interna e final de palavra). Algumas afirmações não foram testadas por

Ferraz visto que seus dados referem-se ao retroflexo no PB, não havendo uma comparação

direta com os dados do inglês norte-americano.

A metodologia será elaborada seguindo o seguinte padrão: será montado um

experimento onde palavras-chaves, tanto do PB quanto do Inglês Norte-Americano Padrão,

contento o referido som, no mesmo ambiente fonológico, serão gravadas e analisadas por

falantes nativos de ambas as línguas. Assim será possível observar o comportamento do

retroflexo acontecendo no mesmo ambiente. Serão levados em consideração os valores das

freqüências dos três primeiros formantes do retroflexo.

O estudo retratará apenas uma primeira fase do projeto todo, que consta em abordar

as técnicas de coleta de dados e análise, sendo apenas um projeto piloto.

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Esperamos assim preencher uma lacuna deixada por Ferraz (op cit), elencando as

diferenças e as semelhanças do retroflexo em ambas línguas estudadas.

2. Embasamento Teórico 2.1 O retroflexo

Como citado na introdução, existem vários sons que fazem parte da classe dos

róticos, freqüentemente encontrados em muitíssimas línguas ao redor do mundo. Estima-se

que em 75% das línguas do mundo (Maddieson, 1980) encontremos róticos.

Uma característica muito peculiar à classe dos róticos diz respeito aos vários tipos

de sons que essa classe abriga. Encontramos tap, vibrantes, fricativas, aproximantes e

retroflexo. A uma primeira vista, não apresentam semelhanças articulatórias ou acústicas

entre si. Talvez tais sons estejam inclusos numa mesma classe pelo fato de serem grafados

com a mesma letra, /r/.

O retroflexo no PB, que é o objeto de estudo nesse trabalho, é um som que pode ser

caracterizado articulatóriamente pelo movimento de ponta de língua sobre o seu dorso,

causando assim uma constrição na região pós-alveolar do trato vocal. O dorso, recuado,

toca o céu da boca com a sua superfície inferior. Durante a produção do retroflexo, também

é possível notar um arredondamento de lábios.

Estudos sociolingüísticos apontam a existência de retroflexo nas mais diversas

línguas ao redor do mundo. No inglês norte americano, observamos a ocorrência desse som

preferencialmente em contexto fonológico de coda silábica. Já no PB, podemos observar o

retroflexo, majoritariamente, em coda silábica, porém alguns dialetos apresentam esse som

em contexto fonológico de grupos e intervocálico.

A primeira notificação quanto à existência de retroflexo no PB foi feita por Amaral

(1982) no começo do século XX. Esse som foi encontrado nos dialetos falados no interior

de São Paulo, tendo como referência a região de Piracicaba. Por esse motivo, o retroflexo

ficou conhecido como “r-caipira”, já que as pessoas que habitavam tais regiões eram na sua

grande maioria pessoas simples que tiravam o seu sustento de atividades agrícolas. Amaral

faz um comentário pertinente acerca do retroflexo:

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“Para o ouvido, este r caipira assemelha-se bastante ao r inglês pós-vocalico”

(Amaral, 1982:47).

Desde Amadeu Amaral já é delegada ao retroflexo uma forma pejorativa de

linguajar, principalmente por ser a forma falada no interior do Estado de São Paulo, em

contraste com a capital do Estado e até mesmo outras localidades. Porém ainda hoje o

retroflexo é visto no Brasil como marca de fala de pessoas de menos prestígio. Leite (2004)

apresenta um interessante estudo sobre essa questão, somando aos dados variacionistas,

uma análise acústica. No seu trabalho, a autora observou estudantes naturais da cidade de

São José do Rio Preto, no interior do Estado de São Paulo, que deixavam sua cidade natal e

mudavam-se para Campinas, para estudar na Unicamp. Campinas também está localizada

no Estado de São Paulo, porém, por ser uma cidade maior e mais próxima à capital, talvez

pudesse apresentar um dialeto menos estigmatizado. A hipótese de Leite foi que, tais

alunos, para fugir da estigmatização proporcionada pelo retroflexo, fossem passiveis de

promover uma variação na sua pronuncia de /r/, procurando encobrir qualquer vestígio que

denunciasse a sua procedência. Desse modo, o “novo dialeto”, ou seja, o campineiro,

representaria uma ascensão na qualidade de fala desses alunos. A partir de gravações

informais de situação de fala, a autora procurou promover relações entre fatores sociais e a

manifestação da língua. Desse modo, foram observados as falas de oito estudantes oriundos

de São José do Rio Preto, todos estudantes da graduação na Unicamp: quatro em início de

curso e quatro em fase de finalização de curso.

Como a autora observou os dados colhidos acusticamente, foi possível perceber

alguns fatos que de oitivamente seriam impossíveis de se observar. Foi notado que, nesse

afã de se deixar de lado o retroflexo, foi produzido em alguns casos uma variante

intermediária. Seria esse som então chamado pela autora de “r-campineiro”.

Interessante notar através do trabalho de Leite (2004) como a discriminização de um

som pode levar a mudanças drásticas e produções de som que realmente não se esperavam.

Esse estudo corrobora as palavras de Amaral que notificou, já no inicio do século XX, a

estigmatização e pejoratividade do retroflexo.

Outros estudos variacionistas mostram que o retroflexo não está apenas disseminado

no interior de São Paulo. Callou, Morais e Leite (1998), observando dados provenientes do

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projeto NURC (Norma Urbana Culta), identificam em cinco capitais brasileiras (Recife,

Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) a ocorrência de vários tipos de sons de

/r/: vibrante apical múltipla, vibrante uvular, fricativa velar, fricativa laríngea (aspirada),

vibrante apical simples e aproximante retroflexa, podendo ser observado, com não rara

freqüência, a existência de queda de /r/ em coda (zero fonético). Em São Paulo, 5% dos

informantes fizeram retroflexão em coda silábica interna; em Porto Alegre, 7 %. Nas outras

Capitais do projeto não foi observado a realização do retroflexo em nenhum ambiente. Para

coda final de palavra, São Paulo apresentou 2 % enquanto Porto Alegre registrou 3%.

Até no Nordeste já existem dados que apontam para a retroflexão em alguns

dialetos. Skeete, estudando os róticos na Paraíba, mostra que, das 9,859 ocorrências para

posição de coda, 7225 foram realizações fricativas; 360 retroflexas; 67 vibrantes simples;

33 vocalizações e 2,174 queda do /r/ final. Esse fato mostra que o retroflexo já está

disseminado por quase todas as regiões brasileiras.

Na região Sul, a situação não se mostra diferente. O Atlas Lingüístico-Etnográfico

da Região Sul do Brasil – ALERS – (Kock, Klassman & Altenhofen, 1997), mostra como o

retroflexo está presente nos três estados da região Sul. Para a palavra corda, por exemplo,

temos no Paraná 60 % dos informantes realizando retroflexo; número que está em torno de

30 % em Santa Catarina e pouco mais de 5 % no Rio Grande do Sul, para dados com a

mesma palavra.

Ainda relativo ao estado do Paraná, observando dados referentes ao Atlas

Lingüístico do Paraná (Aguilera, 1994), temos a variante retroflexa disseminada por quase

todo o Estado, para as posições de coda (interna e final de palavra). Por exemplo, para a

palavra árvore, de 111 dados recolhidos, 88 apresentaram retroflexo. Quanto à posição de

coda em final de palavra, para a palavra flor, num total de 97 dados, 76 apresentam a

variante citada, ou seja, 78 % do total de dados. Note que, mesmo sendo uma variante

considerada estigmatizada, muitos dialetos do PB apresentam retroflexo em seu sistema

fônico.

2.2. Características Acústicas do Retroflexo

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Um modo muito interessante de observar o comportamento de um som em uma

dada língua é analisar as características acústicas desse som e seu comportamento no

interior do sistema fônico dessa mesma língua.

Lehiste (1962) apresenta uma das primeiras caracterizações acústica do retroflexo

no inglês norte-americano. Ela colheu dados junto a cinco informantes, todos nascidos em

cinco Estados da região Meio-Oeste dos Estados Unidos. A partir das medidas das

freqüências de F1, F2 e F3, fazendo uma análise espectrográfica, ela nota algumas

características similares entre as variantes posicionais do /r/. Fazendo uso da sentença-

veículo “Say the word... instead”, a autora colheu um total de 135 palavras-chave, onde o

/r/ aparecia nas posições finais, mediais e iniciais.

Para o retroflexo inicial, foram notadas algumas características particulares. As

medidas das freqüências dos três primeiros formantes para os dados observados nessa

categoria apresentaram baixa freqüência. F2 e F3 apresentaram valores próximos e foi

possível notar uma rápida transição do retroflexo para a vogal seguinte, se comparado à

transição do /r/ em contexto pós-vocálico. Isso pode ser um indício de que, nesse caso, há

influência do retroflexo sobre a vogal adjacente.

Quanto ao /r/ em posição final de palavra, foi possível observar que a medida de F1

é mais alta, em Hz, do que a medida da freqüência de F1 para /r/ inicial. O F2 apresentou

medidas próximas às medidas do F3 do /r/ inicial, enquanto o F3 do retroflexo final

mostrou medidas em torno de 300 Hz mais altas que as medidas de F2 para o mesmo

segmento. Nesse caso, foi possível observar influência da vogal precedente sobre o

retroflexo. Por exemplo, tem-se a impressão de que um /a/ precedente pode ocasionar um

primeiro e terceiro formantes relativamente altos no /r/ seguinte.

Já para o /r/ intervocálico, quando precedido de sufixo derivacional, nos dados onde

o /r/ se torna intervocálico pela inserção do sufixo -er, como nas palavras bearer, borer

dearer, o /r/ parece apresentar as mesmas características acústicas do /r/ inicial.

O estudo apresentado por Lehiste (op. cit.), mesmo datado de muito tempo,

apresenta dados precisos sobre o comportamento do retroflexo no inglês norte americano.

Lindau (1985) apresenta outro interessante estudo acerca dos sons de /r/. Na

tentativa de encontrar um correlato acústico-articulatório que pudesse caracterizar os

róticos numa mesma classe, a autora observa dados de sons de /r/ em quatro línguas indo-

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européias (o Inglês californiano, o Sueco, o Espanhol e o Francês) e sete línguas do Oeste

africano (Hausa, Degema, Edo, Ghotuo, Kalabari, Bumo e Izon).

Inicialmente, a autora supunha que um possível correlato acústico para os róticos

seria o abaixamento de F3, assim como observado para o /r/ do inglês norte-americano.

Porém tal hipótese não foi corroborada. O tap, por exemplo, apresentou F3 do pico mais

alto em torno de 2000 Hz no espanhol “chicano”, enquanto no sueco padrão, esse valor

postou-se em torno de 2300 Hz e no Degema, 2500 Hz, valores considerados discrepantes

para uma aproximação. Observe que, supostamente, um” mesmo “som apresenta medidas

tão diferentes nas diferentes línguas.

Quanto ao retroflexo, especialmente o do inglês norte-americano, Lindau notou que

os formantes desse som apresentam semelhanças aos formantes das vogais. Esse fato indica

que, durante a produção do retroflexo nessa língua, a constrição do trato vocal é semelhante

a das vogais. Outro fato observado diz respeito ao arredondamento de lábios. O movimento

desses articuladores pode provocar um abaixamento de F2 e F3, fato que pode ser

constatado como verdadeiro para o retroflexo. Desse modo, temos um F3 para o retroflexo

abaixo de 2000 Hz, medida considerada baixa para um terceiro formante.

“Um terceiro formante baixo é uma especificação bem justificada para o /r/ do

inglês norte-americano, particularmente quando se considera que os falantes usam todos os

mecanismos articulatórios disponíveis para produzir esse efeito acústico”.

(Lindau, 1985:165).

Mesmo não encontrando um correlato acústico que unisse os róticos sob uma

mesma característica, o estudo de Lindau foi de suma importância na descrição acústica do

retroflexo, em especial, do retroflexo norte-americano, um dos objetos de estudo desse

trabalho.

Para o PB, como já citado, temos o trabalho de Ferraz (2005) como a primeira

descrição acústica mais precisa do retroflexo no PB. Um experimento utilizando sentenças-

veículos foi elaborado. Três informantes, todos naturais da cidade de Pato Branco – Paraná,

cujo dialeto incluía o retroflexo, leram sentenças-veículo do tipo “Digo... pra ele”, onde

palavras-chave contento o retroflexo em posição de coda (medial e final) foram incluídas.

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Os dados foram analisados acusticamente com a ajuda do software Praat. Foram

observados alguns fatores fonológicos, dentre eles posição do /r/ na palavra analisada e

vogal antecedente.

Quanto à posição do /r/ na palavra, não foi notado nenhuma diferença significativa

entre o retroflexo em posição medial e final para os valores das freqüências de F1 (em torno

de 540 Hz), F2 (em torno de 1500 Hz) e F3 (em torno de 2100 Hz).

Espectrograma 11-Forma da onda e espectrograma da seqüência digo porta na sentença “digo porta pra ele”. A aproximante retroflexa está sinalizada entre barras verticais.

1 Os espectrogramas 1, 2, 3 e 4 fazem parte do trabalho de Ferraz (2005).

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Espectrograma 2- Forma da onda e espectrograma da seqüência” redor pra ele” na sentença

“digo redor pra ele”. A aproximante retroflexa está sinalizada entre barras verticais.

Levando em consideração os contextos vocálicos em que o retroflexo estava

inserido, Ferraz observa que os valores de F1 se mantêm semelhantes tanto para as vogais

anteriores quanto paras as posteriores2, o que nos mostra que não há movimento de

mandíbula. Já para as medidas de F2 e F3, houve diferenças de acordo com a vogal

antecedente. Para as vogais anteriores, tanto F2 quanto F3 apresentaram valores de

freqüências mais altos se comparados com os mesmos valores dos formantes do retroflexo

diante de vogais posteriores. Portanto, observamos a ocorrência uma certa coarticulação

entre as vogais e o retroflexo, visto que ambos segmentos apresentam configuração

formântica semelhante.

2 No capítulo referente à Metodologia usada haverá uma explicação mais detalhada acerca das relações acústico-articulatória.

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Espectrograma 3- Forma da onda e espectrograma da seqüência “digo perto” na sentença “digo perto pra ele”. A aproximante retroflexa está sinalizada entre barras verticais.

Espectrograma 4-Forma da onda e espectrograma da seqüência “digo porto’ na sentença “digo porto pra ele”. A aproximante retroflexa está sinalizada entre barras verticais.

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Dos dados citados no presente trabalho até agora, podemos observar que uma

característica geral do retroflexo norte-americano é apresentar o terceiro formante com

valores abaixo ou igual a 2000 Hz. Tanto Lehiste (op cit) quanto Lindau (op cit) atentam

para este fato3. Porém no o PB, como observa Ferraz (op cit), não apresenta as mesmas

características acústicas:

“Essa configuração, no entanto, não parecia resolver a nossa questão do correlato

acústico para o retroflexo no PB, em função das médias bastante freqüentes acima de 2000

Hz para F3 nos nossos dados. Até que, quase ao acaso, talvez pelo fato de elencarmos as

medidas em nossas tabelas sempre dos contextos vocálicos anteriores para posteriores,

percebemos que as medidas de F3 do retroflexo pareciam “caminhar” para baixo e não

simplesmente serem baixas. De fato, nos nossos dados, são poucas ocorrências de F3

abaixo de 2000 Hz para os contextos vocálicos adjacentes anteriores; por outro lado, é rara

a incidência do F3 do retroflexo acima de 2000 Hz para os contextos vocálicos adjacentes

superiores. Os testes estatísticos a que submetemos os dados vão comprovar diferenças

significativas entre tais contextos, o que revela algumas pistas para determinarmos um

correlato acústico para o retroflexo do PB diferentemente daquilo que a literatura fonética

menciona para o retroflexo do inglês norte-americano” (Ferraz, 2005:92).Temos então um

comportamento acústico diferente entre o retroflexo do inglês norte-americano e o do PB.

Portanto, observando os espectrogramas de Ferraz (op. cit) e as observações feitas

por Lindau (op. cit), notamos que provavelmente temos dois sons distintos. Enquanto para

o inglês provavelmente o correlato acústico será o F3 baixo, com medidas inferiores a 2000

Hz, para o PB, teremos um F3 “bemolizado”, ou seja, “andando para baixo”, apresentando

os formantes uma curva descendente e influindo na vogal seguinte devido ao forte efeito de

co-articulação existente entre o retroflexo e a vogal adjacente.

Temos aqui então o ponto de ancoragem do atual trabalho. Proporei uma nova

metodologia que possa dar conta de investigar dados com uma aproximação maior e

inseridos em ambiente fônico semelhante. Desse modo, poderão ser averiguadas algumas

questões sugeridas por Ferraz em seu trabalho, ressaltando alguns detalhes que não foram 3 Vale observar que os valores de F3 se referem a dados de informantes masculinos, visto que as mulheres apresentam uma qualidade de voz diferente, apresentando, portanto, medidas de freqüências mais altas.

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averiguados pelo autor, até porque este não era o seu objetivo. A comparação que Ferraz

apresenta em seu trabalho entre os retroflexos não é feita diretamente. Temos corpus

distinto entre os estudos comparados.

As questões a serem observadas serão:

a) O retroflexo poderá apresentar um comportamento mais próximo entre o PB e o

Inglês-Norte Americano Padrão, se inserido em um mesmo ambiente;

b) Quais as diferenças nos trajetos dos formantes, se considerada a possível

coarticulação com as vogais adjacentes.

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3. Metodologia

O objetivo esperado com a metodologia apresentada nessa seção é montar um

experimento que atenda os propósitos deste trabalho. Cabe salientar que este é um projeto

piloto e que apresentará uma primeira análise. Muito outros fatores, como duração e

tonicidade de silába, poderão ser levados em consideração em uma fase mais adiantada do

trabalho.

Para que a comparação acústica entre o retroflexo do inglês norte-americano e o do

PB possa ser feita, levaremos em conta alguns elementos cuja observação é fundamental

para chegar-se a um resultado claro.

3.1 Corpus

Um novo corpus, diferente do utilizado por Lehist (op. cit) e Ferraz (op. cit) será

selecionado. O objetivo principal é selecionar palavras que apresentam estrutura fônica

semelhante. Desse modo, será possível observar o comportamento do retroflexo em

ambiente fonológico muito próximo, o que facilita a visualização dos fatos ocorridos.

Primeiramente, selecionaremos palavras chaves que apresentem em sua estrutura

fônica as seqüências vogal/retroflexo/consoante. Como observa Ferraz, existe diferenciação

quanto à qualidade da vogal antecedente ao retroflexo, ou seja, se tais vogais eram

posteriores ou anteriores. Portanto, para o PB e para o Inglês Norte-Americano padrão, será

observado uma vogal em contexto anterior, uma em contexto posterior e uma vogal

centralizada. Desse modo, teremos dados suficientes de ambas as línguas mostrando se para

o inglês, tal diferenciação quanto à posteriorização ou anteriorização da vogal é relevante.

É necessário frisar que não há uma correspondência biunívoca entre as vogais. Existem

diferenças quanto o modo de articulação e o ponto de articulação das vogais de uma língua

para outra. O que será feito é uma aproximação desses contextos, permitindo assim que

uma comparação mais próxima possa ser observada.

Quanto à posição do retroflexo nas palavras-alvo, analisaremos a coda silábica, em

dois ambientes distintos: trava silábica medial, onde haverá vogal/retroflexo/consoante no

interior da palavra e contexto fônico de final de palavra. Esse fator é relevante no

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experimento, visto que umas das principais diferenças estavam relacionadas à posição do

retroflexo na palavra (se medial ou final).

Não será considerada nenhuma classe de palavra especifica. Para o atual estudo, tal

fato é irrelevante. Porém a dimensão do vocábulo e o acento tônico serão levados em

consideração. Para o retroflexo em trava silábica medial, utilizaremos monossílabos

tônicos. Já para coda final, serão utilizados dissílabos oxítonos. Assim, garantimos que o

acento tônico recaia sobre a silaba onde está inserido o retroflexo.

Observe as tabelas abaixo:

Vogal Português Brasileiro Inglês norte-americano

Anterior circo circus

Central parte party

Posterior curto poorly

Tabela 1- Palavras do corpus em contexto de coda (interior de palavra).

Vogal Português Brasileiro Inglês norte-americano

Anterior Vir Beer

Central Bar Bar

Posterior Por Door

Tabela 2- Palavras do corpus em contexto de coda (final de palavra).

As palavras-alvo serão inseridas em sentenças-veículo, ou seja, será mantida uma

mesma sentença onde apenas as palavras-alvo são trocadas. As sentenças serão:

Língua Sentença

Português Brasileiro “Digo...........também”

Inglês Norte-americano “Say..............twice”

Tabela 3- Sentenças-veículo.

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Optou-se por não utilizar sentenças de uso normal das línguas, pois, usando-as,

haverá um maior controle sobre o ambiente de ocorrência do retroflexo, principalmente

quando este se encontra inserido em coda final. As palavras-alvo sempre serão seguidas de

oclusiva (/t/), o que proporciona, no espectrograma, uma melhor visualização do retroflexo,

visto que sons oclusivos costumam apresentar um espaço em branco, fruto do fechamento

oral que caracteriza esse tipo de som.

Também será necessário o uso de palavras distratoras. Tais sentenças têm a função

de “enganar” os informantes, ou seja, não permitir que eles identifiquem qual é o objeto de

estudo do trabalho ao qual se prestam servir de informantes. O procedimento é simples:

selecionam-se palavras que não que apresentem em sua estrutura a seqüência

vogal/retroflexo/consoante e inserem-se tais palavras nas sentenças-veículo descritas acima.

É interessante que haja no mínimo uma palavra distratora para cada palavra-alvo. Desse

modo, descartamos qualquer possibilidade do informante de manipular algum resultado,

mesmo que de forma inconsciente.

3.2. Informantes

Como citado, as sentenças escritas acima serão lidas por informantes. Outro

importante aspecto concerne a escolha dos informantes. Tal escolha não pode ser feita de

forma aleatória e espontânea. Alguns elementos devem ser observados nesse procedimento.

Em primeiro lugar, o informante deve ter como L1 uma língua que contenha o som

do estudo, no caso, o retroflexo(PB e INAP). Esse informante deve ter vivido no local onde

tal variante é executada por no mínimo 5 anos.

Selecionaremos 5 informantes para a análise do PB e 5 informantes para a análise

do INAP. Haverá informantes tanto do sexo feminino e cinco informantes do sexo

masculino. A inclusão de informantes do sexo feminino passa a ser um,a novidade no

estudo acústico dos retroflexos. Tanto nos trabalhos de Lehist (op cit) e Lindau (op. cit),

quanto no trabalho de Ferraz (op cit), apenas informantes do sexo masculino foram

observados. Geralmente as mulheres apresentam trato vocal de menores dimensões se

comparado ao trato vocal masculino. Assim, as freqüências dos formantes femininos

costumam ser mais alta em relação às freqüências dos formantes masculinos. Como as

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análises acústicas são baseadas em medidas de freqüências, haja vista que as principais

diferenças entre os retroflexos apresentados neste estudo se baseiam nas diferenças entre

tais valores, será importante observar como o retroflexo se comporta acusticamente na fala

feminina. Provavelmente teremos valores de F3 superiores a 2000 Hz para ambas línguas.

Assim poderemos ver se as relações entre as freqüências se mantêm também para a fala

feminina.

Não será levado em consideração nenhum viés sociolingüístico, como faixa etária,

grau de escolarização ou classe social. O fenômeno de ocorrência de retroflexo será

observado acusticamente. Desse modo, não haverá influência desses fatores. Como citado

na introdução, os dados sociolingüísticos nos serviram para notificar os lugares onde há a

ocorrência de retroflexo no PB.

Para que se tenha uma amostragem quantitativa suficiente, passível de aplicação de

testes estáticos, cada informante deverá ler cinco vezes cada uma das sentenças veículos.

Isso dará um total de 70 sentenças por informante e um total de 350 dados por sexo. Esse é

um número suficiente, que nos permitirá fazer várias elucidações a respeito do

comportamento acústico do retroflexo. É claro que quanto mais dados observarmos, mais

acurados serão os resultados.

3.3 Coleta dos dados

A coleta dos dados deve ser feita de forma a evitar qualquer ruído externo, já que,

em uma análise acústica, os dados são visualizados e qualquer ruído extra-fala pode

interferir. Portanto, a gravação não pode ser feita com gravadores analógicos ou em

qualquer ambiente.

Os dados devem ser colhidos em uma sala onde haja um tratamento acústico

adequado. As paredes devem isolar todo e qualquer ruído externo. Os equipamentos

utilizados, se possível, devem ser de alta tecnologia. Quanto melhor a qualidade gravação,

melhor será a observação dos dados.

Um exemplo de estúdio bem equipado é o LACOMUS (Laboratório de Computação

Musical) do Departamento de Artes da UFPR. O equipamento lá utilizado é: um

computador Macintosh G4, com o programa Pro Tools, digi 001. As sentenças lidas serão

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captadas por um microfone dinâmico AGK Platina, masterizadas e gravadas no formato

WAV. A taxa de amostragem do sinal será de 44.100 Hertz, 16 bits, mono, não excluindo

assim nenhum tipo de som produzido no PB.

Tendo o estúdio e o equipamento de gravação adequado, segue-se o seguinte

procedimento de gravação. Os informantes lêem as sentenças que são capturadas por um

microfone. Essas sentenças são armazenadas digitalmente em um computador munido com

o software adequado para fazer a síntese do som colhido. Após a captura do som, os dados

são gravados em um cd e estão prontos para a análise.

Mesmo sendo tomados todos os cuidados necessários durante a gravação, não é

descartada a possibilidade de obter espectrogramas de má qualidade. Os espectrogramas

abaixo podem mostrar as diferenças na qualidade de gravação influenciam a análise dos

dados. Os espectrogramas são referentes às analise do tap em coda.

Espectrograma 5- O espectrograma mostra a sentença “Say dirt”. Observe a quantidade de ruído de fundo mostrada na figura

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Espectrograma 6- Tap em coda na palavra “Expor”

Nos dois espectrogramas, nota-se a diferenças quanto à qualidade deles. No

primeiro, temos muitas manchas escuras misturadas aos três primeiros formantes (os

“borrões” no meio do espectrograma). Isso atrapalha o pesquisador na hora de analisar os

dados. Já o segundo espectrograma é muito mais “limpo”, não mostrando muito ruído de

fundo, o que facilita as análises dos dados.

3.4. Análise dos dados

Por fim, passa-se às análises dos dados. Levaremos em consideração alguns

parâmetros acústicos que nos permitirão qualificar os dados gravados, observando as suas

semelhanças e as suas diferenças.

A análise acústica é baseada nos princípios de física acústica. Os sons são

compostos por ondas acústicas. Na fala humana, essas ondas são produzidas pelos

articuladores que, vibrados com a passagem do ar, produzem o som. Uma interessante

analogia pode ser feita: compare o trato vocal com um instrumento de sopro, uma flauta

doce, por exemplo. Em uma flauta, assopramos o bucal e, de acordo com a configuração

que assumimos nos furos da flauta, produzimos determinado tipo de som. No trato vocal

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acontece algo semelhante. Dependendo do modo como se move os nossos articuladores,

produzimos os mais variados tipos de sons que compõem uma determinada língua.

A partir dessas relações acústico/articulatórias, temos desenvolvido a Teoria

Acústica (Fant,1960). Um dos pontos básicos dessa teoria é analisar, através das ondas

estacionárias, as relações entre o dados acústico e o articulatório. Na Teoria Acústica,

observa-se a da teoria Fonte/Filtro. Na região da laringe, um som indistinto é produzido

(tom laríngeo). Ai está a Fonte. De acordo com a configuração que o trato vocal assume

durante a passagem desse som (oclusão, levantamento de dorso de língua, abertura de

canais laterais, arrendamento de lábios, etc.), algumas freqüências são ressaltadas enquanto

outras são atenuadas. Portanto, o trato vocal é o Filtro. A essas ondas com freqüências

ressaltadas, damos o nome de formantes. As unidades de medidas dos formantes são Hz

(ciclos por segundo). Tais freqüências são costumeiramente observadas para as vogais, já

que esse tipo de som não são obstruintes e permite uma maior passagem de ar pelo trato

vocal. Desse modo, a visualização dos formantes será mais clara. Sons oclusivos, por

exemplo, são marcados por um espaço em branco seguido de um aumento na energia de

produção, observado no momento de soltura dos articuladores.

Os formantes serão as bases das nossas análises. Em uma única onda, eles são

inúmeros. Para o nosso trabalho, iremos apenas nos ater aos três primeiros formantes, os

quais denominaremos F1, F2 e F3.

Como já citado anteriormente, uma grande contribuição da Teoria Acústica é

promover relações entre as partes acústicas e articulatórias. Para isso, utilizaremos

importantes relações entre F1, F2 e F3.

Para as vogais, F1 é o correlato acústico da contraparte articulatória de abertura de

mandíbula. Quando o F1 for alto, em torno de 450 a 500 Hz, haverá a indicação de que esta

vogal é aberta, como por exemplo, o /a/. F1 baixo, em torno de 300 Hz, é indicativo de

vogal fechada, ou seja, /i/ ou /u/. As outras vogais apresentaram valores variando entre os

dois valores apresentados.

Já F2 é o correlato acústico da contraparte articulatória de movimento de dorso de

língua. F2 alto, em torno de 1800 Hz, representará as vogais anteriores, cuja levantamento

de dorso de língua se dá majoritariamente na região palatal, como o /i/, por exemplo. Já F2

baixo, em torno de 1100 Hz, sinalizará a existência de vogal posterior, como o /u/, por

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exemplo. É claro que tais valores não são estanques; podem variar de acordo com o

segmento em que a vogal analisada se encontra inserida. Eles apenas nos servem de

parâmetro para nossas comparações. F3 geralmente acompanha a curva de F2.

Mesmo sendo uma previsão feita para as vogais, alguns sons consonantais são

passiveis de análise acústica, por apresentarem estruturas semelhantes às estruturas

vocálicas. É o caso do retroflexo. Por ser um som articulado com certa abertura oral, é

possível observar os formantes nos retroflexos.

Como citado, um importante aspecto observado para os retroflexos foram os valores

das medidas das freqüências de F3. no atual trabalho, as analise de F2 e F3 serão

fundamentais para que sejam traçados as comparações entre o retroflexo do PB e o

retroflexo do INAP.

Segue-se abaixo, um espectrograma e a análise acústica proposta por Ferraz em seu

trabalho, o mesmo modelo de análise que será aplicado aos novos dados.

Espectrograma 7- Forma da onda e espectrograma da seqüência “redor pra” , na sentença “digo redor pra ele” , produzida por N.R. O segmento retroflexo está sinalizado entre barras verticais.

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4. Conclusão

A metodologia proposta no atual trabalho tem o objetivo de apresentar uma nova

análise sobre os problemas levantados por Ferraz (op cit) acerca da relação entre o

retroflexo do inglês Norte-Americano e o retroflexo do PB.

Existe uma grande discussão sobre a classificação do retroflexo. Muitos afirmam

que ele é o mesmo som em ambas línguas. Porém tais análises são superficiais e muitas

vezes feita de oitiva, o que não garante uma confiabilidade dos resultados.

Visto as análises já feitas por Ferraz e Lindau, não esperamos encontrar o mesmos

tipo de retroflexo para as duas línguas. Os dados já existentes indicam para esse fato. O

nosso objetivo é, por meio de mais dados e um controle maior sobre os ambientes de

ocorrência do retroflexo, corroborar e reforçar os resultados já existentes.

As análises acústicas, submetidas de forma a atender os requisitos levantados ao

longo do trabalho, poderão nos mostrar com mais clareza como o retroflexo se porta em

ambas as línguas. De inicio já deixo claro que os resultados esperados são de que realmente

tenhamos dois tipos de sons distintos, e não o mesmo som. Os resultados poderão ser de

suma importância no ensino de inglês para falantes de português, aprimorando o

ensinamento do sistema fônico do inglês Norte-Americano.

É importante salientar que um experimento piloto deve ser feito para que eventuais

erros metodológicos sejam corrigidos.

Os próximos passos do trabalho serão executar o experimento e submeter os dados à

análise acústica.

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