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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL DEPARTAMENTO DE ENSINO, PESQUISA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DIRETORIA DE ENSINO CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS COM ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CORPORATIVA - TURMA “B” Cap QOBM/Comb. RAPHAEL DE SOUZA ARAÚJO ANÁLISE DA VIABILIDADE DE APLICAÇÃO DA FERRAMENTA DE GESTÃO “ANÁLISE ADMINISTRATIVANO ÂMBITO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL BRASÍLIA 2011

Monografia Raphael Final

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Page 1: Monografia Raphael Final

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL DEPARTAMENTO DE ENSINO, PESQUISA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DIRETORIA DE ENSINO CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS COM ESPECIALIZAÇÃO EM

ADMINISTRAÇÃO CORPORATIVA - TURMA “B”

Cap QOBM/Comb. RAPHAEL DE SOUZA ARAÚJO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE APLICAÇÃO DA FERRAMENTA DE GESTÃO “ANÁLISE ADMINISTRATIVA” NO ÂMBITO DO CORPO DE

BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

BRASÍLIA

2011

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Cap. QOBM/Comb. RAPHAEL DE SOUZA ARAÚJO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE APLICAÇÃO DA FERRAMENTA DE GESTÃO “ANÁLISE ADMINISTRATIVA” NO ÂMBITO DO CORPO DE

BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

Trabalho monográfico apresentado ao Centro de Estudos de Política, Estratégia e Doutrina como requisito para conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais com Especialização em Administração Corporativa - Turma ―B‖, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

ORIENTADOR: Major QOBM/Comb. DOMINGOS MÁRCIO FERREIRA DA SILVA

BRASÍLIA 2011

Page 3: Monografia Raphael Final

Cap. QOBM/Comb. RAPHAEL DE SOUZA ARAÚJO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE APLICAÇÃO DA FERRAMENTA DE GESTÃO “ANÁLISE ADMINISTRATIVA” NO ÂMBITO DO CORPO DE BOMBEIROS

MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

Trabalho monográfico apresentado ao CEPED como requisito para a conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais em Administração Corporativa - Turma ―B‖ do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

Aprovado em: ____/ ____/ ______

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Lisandro Paixão dos Santos– Tenente-Coronel QOBM/Comb.

Presidente

___________________________________________________ Douglas Guimarães de Andrade – Major QOBM/Comb.

Membro

__________________________________________________ Carlos Eduardo Borges – Major QOBM/Comb.

Membro

__________________________________________________ Domingos Márcio Ferreira da Silva – Major QOBM/Comb.

Orientador

Page 4: Monografia Raphael Final

CESSÃO DE DIREITOS

AUTOR: Raphael de Souza Araújo – Capitão QOBM/Comb.

TEMA: Análise da viabilidade de aplicação da ferramenta de gestão ―Análise

Administrativa‖ no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal

ANO: 2011

São concedidas ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal as

seguintes permissões referentes a este trabalho acadêmico:

reprodução de cópias;

empréstimo ou comercialização de tais cópias somente para

propósitos acadêmicos e científicos; e

disponibilização nos sites do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito

Federal.

O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desse trabalho

acadêmico pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

____________________________________________ Raphael de Souza Araújo – Cap. QOBM/Comb.

Page 5: Monografia Raphael Final

Dedico este trabalho a minha esposa

Cátia, pelo apoio, paciência e

compreensão.

Page 6: Monografia Raphael Final

AGRADECIMENTOS

A Deus por me presentear com cada momento da minha vida, me

acompanhar e prover persistência, paz e sabedoria, para alcançar esta conquista.

A minha mãe, que sempre acreditou em mim e me proporcionou as

oportunidades necessárias para meu desenvolvimento. Obrigado por todo suporte e

amor.

A todos os instrutores do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais –

Administração Corporativa, pela dedicação à construção do saber.

Ao major QOBM/Comb. Carlos Eduardo Borges, pelo

comprometimento demonstrado ao ministrar a disciplina de Metodologia Científica

da Pesquisa.

Ao major QOBM/Comb. Domingos Márcio Ferreira da Silva pela

atenção dispensada, por compartilhar de sua sabedoria, incentivando e orientando a

construção desta pesquisa.

Page 7: Monografia Raphael Final

―Não existem métodos fáceis para

resolver problemas difíceis.‖

René Descartes

Page 8: Monografia Raphael Final

RESUMO

A presente pesquisa objetivoU verificar a viabilidade de aplicação da ferramenta de gestão ―Análise Administrativa‖ no Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. O estudo focou inicialmente a apresentação da metodologia da mudança organizacional e de experiências bem sucedidas de aplicação da ferramenta em um órgão público. Além de ter verificado sua consonância com os preceitos do Modelo de Excelência da Gestão da Fundação Nacional da Qualidade, adotado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo e pela Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. Visou também constatar a percepção empírica de uma amostra de oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, em relação à existência de problemas administrativos na instituição da qual fazem parte. Depois da análise dos dados verificou-se que há viabilidade e ambiente favorável para a aplicação da ferramenta no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

Palavras-chave: Análise Administrativa. Administração Pública .Administração Gerencial.

Page 9: Monografia Raphael Final

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Comparativo da gestão pública burocrática x gerencial. .......................... 44

Figura 2 - Eficiência e eficácia ................................................................................... 45

Figura 3 - A função de O&M e seus cenários de atuação nas organizações. ........... 53

Figura 4 - Componentes básicos da organização vista como sistema aberto. .......... 60

Figura 5 - Estrutura da PMMG como Sistema. .......................................................... 62

Figura 6 - Fluxograma de trabalho. ........................................................................... 66

Figura 7 - Relatório de consolidação de atividades ................................................... 69

Figura 8 - Quadro distributivo do trabalho ................................................................. 70

Figura 9 - Lay out de escritório. ................................................................................. 72

Figura 10 Pontos fundamentais de análise administrativa. ....................................... 75

Figura 11– Cronograma. ........................................................................................... 83

Figura 12 - Atitude interrogativa no levantamento. .................................................... 85

Figura 13 – Quadro geral de Análise Administrativa. ................................................ 99

Figura 14 - Quadro classificação da pesquisa......................................................... 126

Figura 15 – Tempo de serviço dos participantes ..................................................... 132

Figura 16 - Posto dos participantes ......................................................................... 132

Figura 17 - Qualificação dos participantes .............................................................. 133

Figura 18 - Quadro dos participantes. ..................................................................... 134

Figura 19 - Órgão de direção setorial, apoio e execução ........................................ 134

Figura 20 - Quadro pergunta 6 do questionário....................................................... 135

Figura 21 - Cenário, problemas e indicadores I....................................................... 137

Figura 22 – Letra ―a‖. ............................................................................................... 138

Figura 23 - Letra ―a‖ ................................................................................................ 138

Figura 24 – Letras ―b‖,‖ c‖ e ―d‖ ............................................................................... 139

Figura 25 – Letra ―b‖ ................................................................................................ 139

Figura 26 – Letra ―c‖ ................................................................................................ 140

Figura 27 – Letra ―d‖ ................................................................................................ 141

Figura 28 – Letras ―f‖ e ―g‖....................................................................................... 142

Figura 29 – Letra ―f‖. ................................................................................................ 142

Figura 30 – Letra ―g‖ ................................................................................................ 143

Figura 31 – Letras ―h‖ e ―i‖ ....................................................................................... 144

Page 10: Monografia Raphael Final

Figura 32 – Letra ―h‖ ................................................................................................ 144

Figura 33 – Letra ―i‖. ................................................................................................ 145

Figura 34 – Cenário, problema e indicador III ......................................................... 146

Figura 35– Cenário, problema e indicador III. ......................................................... 146

Figura 36 – Letra ―e‖ ................................................................................................ 146

Figura 37 – Cenário, problemas e indicadores II ..................................................... 147

Figura 38 – Letras ―j‖ e ―k‖ ....................................................................................... 147

Figura 39 – Letra ―j‖ ................................................................................................. 147

Figura 40 – Letra ―k‖ ................................................................................................ 148

Page 11: Monografia Raphael Final

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

1.1 Definição do problema .............................................................................. 14

1.2 Justificativa ............................................................................................... 23

1.3 Objetivos .................................................................................................. 33

1.3.1 Objetivo geral ........................................................................................... 33

1.3.2 Objetivos específicos: ............................................................................... 33

1.4 Hipóteses ................................................................................................. 34

1.4.1 Hipótese 1 ................................................................................................ 34

1.4.2 Hipótese 2 ................................................................................................ 34

1.5 Definição de termos .................................................................................. 34

2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 36

2.1 Mudança organizacional ........................................................................... 36

2.2 Sensibilização........................................................................................... 37

2.3 Conhecimento popular ............................................................................. 38

2.4 Conhecimento científico ........................................................................... 38

2.5 Correlação entre conhecimento popular e conhecimento científico ......... 38

2.6 A Ciência da Administração ..................................................................... 39

2.7 Organização ............................................................................................. 40

2.8 O CBMDF ................................................................................................. 40

2.9 Administração Pública Burocrática e Gerencial ........................................ 41

2.9.1 O Princípio da Eficiência .......................................................................... 44

2.9.2 A eficiência dos serviços de segurança pública no Distrito Federal é

questionada ............................................................................................................... 46

2.9.3 Os Princípios da Supremacia do Interesse Público e da Indisponibilidade,

pela Administração Pública, dos interesses públicos ................................................ 48

2.10 Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação Nacional da

Qualidade (FNQ) e a sua aplicação em órgão de segurança pública. ...................... 48

2.11 Benchmarking........................................................................................... 52

2.12 Organização e métodos (O&M) ................................................................ 52

2.13 Processo decisório ................................................................................... 55

2.14 Atitudes proativas e reativas .................................................................... 55

Page 12: Monografia Raphael Final

15

2.15 Problemas administrativos ....................................................................... 56

2.16 Sistemas, subsistemas e visão sistêmica ................................................. 57

2.17 Sistemas abertos e fechados ................................................................... 60

2.19.1 Fluxogramas ............................................................................................. 63

2.19.3 Lay out ou leiaute ..................................................................................... 70

2.19.4 Manualização ........................................................................................... 72

2.20 O processo de Análise Administrativa ...................................................... 73

2.20.1 Conceito ................................................................................................... 73

2.20.2 Condições ótimas para a realização da análise administrativa ................ 76

2.20.3 Aplicação da análise administrativa .......................................................... 76

2.20.4 Dificuldades básicas a serem superadas ................................................. 77

2.20.6 Programa de trabalho para uma análise administrativa ........................... 81

2.21 A aplicação do processo de Análise Administrativa um órgão público e

seus resultados ....................................................................................................... 109

2.21.1 O cenário apresentado ........................................................................... 110

2.21.2 A decisão ................................................................................................ 110

2.21.3 Etapa zero, a sensibilização ................................................................... 111

2.21.4 A prevenção das resistências ................................................................. 112

2.21.5 As resistências ....................................................................................... 112

2.21.7 Ferramentas e métodos aplicados ......................................................... 113

2.21.8 A mudança organizacional ..................................................................... 115

2.21.9 Resultados imediatos ............................................................................. 117

2.21.10 Conclusões ............................................................................................. 118

2.22 Quem pode realizar trabalhos de O&M .................................................. 119

3 METODOLOGIA ............................................................................................... 124

3.1 Classificação da pesquisa ...................................................................... 124

3.1.1 Quanto à finalidade ou natureza............................................................. 124

3.1.2 Quanto aos objetivos gerais ................................................................... 125

1.6 3.1.3 Quanto ao método de abordagem ................................................. 125

1.7 3.1.4 Quanto ao delineamento ............................................................... 125

3.2 Universo e amostra ................................................................................ 127

3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados ................................ 128

3.4 Tabulação, interpretação e análise de dados ......................................... 129

Page 13: Monografia Raphael Final

16

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 131

4.1.1 Perfil dos participantes ........................................................................... 131

4.1.2 A existência de problemas administrativos, atualmente, no CBMDF ..... 135

4.1.3 Problemas administrativos, extraídos de Lerner (1992), D’Ascenção

(2001), Araújo (2006), Cury (2007), Costa (2010) e Macêdo (2010) ....................... 137

4.3 Apresentação do processo de Análise Administrativa e sua consonância

com o que é proposto pelo Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação

Nacional da Qualidade (FNQ) (objetivo B) .............................................................. 151

4.3.1 A ferramenta de gestão Análise Administrativa ...................................... 151

4.3.3 A consonância ........................................................................................ 156

4.5 A mínima demanda organizacional, para a aplicação da ferramenta de

gestão, Análise Administrativa, no âmbito do CBMDF (objetivo D) ......................... 165

4.5.1 Quanto ao apoio da direção geral .......................................................... 165

4.5.2 Quanto às características dos profissionais que comporão a equipe de

trabalho encarregada .............................................................................................. 165

4.5.3 Quanto ao emprego dos comandantes, chefes, diretores, administradores

e outros profissionais do setor a ser analisado comporem a equipe de aplicação da

ferramenta ............................................................................................................... 167

4.5.4 Quanto ao emprego de técnicas científicas, por parte da equipe

responsável ............................................................................................................. 168

4.5.5 Quanto à composição equipe por analistas internos, externos ou mista 169

4.5.6 Quanto ao estabelecimento de um anteprojeto de trabalho ................... 169

4.6 Discussão das hipóteses ........................................................................ 170

4.6.1 Hipótese 1 .............................................................................................. 170

5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 176

6 RECOMENDAÇÕES ........................................................................................ 178

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 179

Page 14: Monografia Raphael Final

13

1 INTRODUÇÃO

As mudanças que ocorreram nas últimas duas décadas fizeram com

que o ritmo de vida cotidiano fosse acelerado. A verdade de hoje, torna-se o absurdo

de amanhã.

Não há organização imune à necessidade de adequação ao ambiente

hostil que se apresenta. O acompanhamento do que ocorre no ambiente externo

torna-se fundamental para as instituições se manterem em atividade.

Os usuários dos serviços públicos estão acompanhando a elevação

dos níveis de exigência e não toleram mais a manutenção de práticas obsoletas de

gestão, em detrimento das mais recentes práticas da Administração Pública

Gerencial.

Algumas instituições públicas já perceberam estas nuances e adotaram

medidas para se adaptar. A Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma delas.

Aderiu ao Modelo de Excelência da Gestão da Fundação Nacional da

Qualidade, que preconiza o emprego da visão sistêmica corporativa, da

convergência entre os interesses institucionais e individuais, do comprometimento

com o princípio da eficiência, do foco no usuário e a melhoria contínua dos serviços

prestados.

Ferramentas e práticas gerenciais de fomento a mudanças antes

somente usadas por empresa privadas, agora também são empregadas por

instituições públicas.

Um exemplo desta nova prática é o uso da ferramenta de gestão

chamada ―Análise Administrativa‖. Trata-se de um processo de diagnose de

problemas administrativos e propositura de soluções.

O presente estudo foca seu emprego em um órgão público, sua

viabilidade de aplicação no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar e sua consonância

com os preceitos do Modelo de Excelência da Gestão, empregado pelas Polícias

Militares dos Estados de São Paulo e Minas Gerais.

Page 15: Monografia Raphael Final

14

1.1 Definição do problema

Pereira (2010) explica que problema é uma questão que envolve

carências teóricas ou práticas, para as quais se buscam soluções.

Por sua vez, Gil (2004) afirma que o problema de pesquisa pode ser

gerado por razões de ordem prática ou de ordem intelectual, que sejam objeto de

discussão.

Marconi e Lakatos (2004) assinalam que no processo de formulação do

problema deve-se indicar precisamente qual a dificuldade que se pretende resolver.

Visando definir o problema a ser explorado no presente estudo,

indicando precisamente o que se pretende resolver, algumas considerações sobre o

atual cenário mundial serão expostas.

Segundo a PMESP (2010), o fenômeno da globalização, fomentado

com o advento da Internet, a universalização do acesso aos meios de comunicação,

o fortalecimento da democracia em todo o mundo, a intensificação do comércio

global e a aceleração de transferências tecnológicas tornaram o mundo uma ―aldeia

global‖.

Em função desta globalização, com disponibilidade de acesso maior e

mais rápido às informações, acredita-se que os usuários dos serviços públicos têm

adquirido uma percepção maior sobre o quanto contribuem para mantê-los e

também sobre os seus direitos de contribuinte.

Esta percepção mais aguçada é fruto, também, da intensificação da

concorrência entre fornecedores e prestadores, que agora é mundial, e tem

colaborado para a redução do ciclo de vida de produtos e serviços, acrescida de

outra variável, a demanda acelerada, estimulada por campanhas publicitárias

cuidadosamente produzidas.

Em razão da possibilidade de comparação dos serviços e produtos e

de sua obsolescência rápida, aumentou a insatisfação dos usuários com aquilo que

não possui qualidade.

Page 16: Monografia Raphael Final

15

Prova deste aumento de percepção é o trabalho monográfico

apresentado à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) pelo mestre em Economia do

Setor Público pela Universidade de Brasília, Oliveira Alves Pereira Filho, o qual

obteve a segunda colocação no XIV Prêmio Tesouro Nacional de Monografias,

ocorrido em 2009.

No trabalho, o autor além de esmiuçar o Fundo Constitucional do

Distrito Federal (FCDF), argumenta tecnicamente sobre o nível de eficiência dos

serviços de segurança pública do DF, em relação aos demais estados da

Federação.

A PMESP (2010) salienta ainda que a mudança tem sido a única

certeza dessa geração. Mudanças tão rápidas onde as certezas de hoje

transformam-se nos absurdos de amanhã, cenário que favorece o nascimento e a

morte de organizações de todos os portes.

Soma-se a isso o fato de a PMESP (2010) afirmar que as

organizações, para serem sustentáveis, necessitam ajustar-se, alinhar-se ao

ambiente altamente competitivo que se apresenta.

Macedo (2010) por sua vez, afirma que nem todas as instituições

conseguem promover as rápidas alterações em suas estratégias, da forma requerida

por este cenário de mudança, as quais redundariam em sistemas de trabalho ágeis,

flexíveis, processos simplificados e no rápido atendimento das demandas de todas

as partes interessadas.

O CBMDF (2010) assegura que um dos desafios da gestão da

corporação é lidar com mudanças e transformações, que tendem a ser cada vez

mais diversificadas, imprevistas e rápidas.

Complementa, relatando que para sobreviver e crescer em ambientes

turbulentos as organizações precisam ser capazes de, não só reduzir os riscos que

enfrentam, mas principalmente aproveitar as oportunidades proporcionadas pelas

mudanças.

Os órgãos de segurança pública, incluídos nesse rol de mudanças,

passaram a ser impactados pela necessidade de aprimorar a eficácia no alcance

Page 17: Monografia Raphael Final

16

dos resultados planejados; a eficiência na escolha dos melhores meios de produção

dos serviços mais adequados à sociedade; e a efetividade de suas ações na

satisfação das necessidades expressas pela população.

Nesse contexto, a PMMG (2010), corrobora explicitando que por se

encontrar inserida neste ambiente turbulento, também tem buscado aplicar os

princípios da eficiência e da efetividade, com a reconfiguração dos processos de

administração, a reformulação da gestão interna e das ações gerenciais na

produção dos serviços operacionais e realização de políticas públicas de segurança.

Com norteamento semelhante, a Polícia Militar do Estado de São Paulo

buscou incessantemente seu aperfeiçoamento, inovando e se adaptando ao

ambiente competitivo e turbulento, adotando a administração gerencial por

resultados, traduzindo sua ação diária em eficiência, eficácia e efetividade.

Este processo naquele estado foi conduzido com observância sábia,

prudência estratégica e segurança para se desenvolver e alcançar novos níveis de

excelência, sem que houvesse solução de continuidade na prestação de serviços à

comunidade.

Segundo Macedo (2010) esta postura institucional assemelha-se à

assumida por organizações visionárias que possuem competência para gerenciar a

continuidade e a mudança ao mesmo tempo.

O desafio de adaptar-se a todas estas nuances ambientais, objetivando

o desempenho de suas atividades com eficiência, eficácia e efetividade, no mais

curto espaço de tempo possível, sem que haja comprometimento da prestação de

serviços, por parte do CBMDF, está lançado.

Nesse contexto, Costa (2010) traz à baila o esgotamento do modelo

burocrático público, diante das rápidas mudanças nos âmbitos tecnológico, político,

econômico, social e tributário, levando à incapacidade das instituições

governamentais em atender de forma satisfatória às demandas crescentes da

sociedade.

A adoção de novas práticas de gestão urge e precisam ser

desenvolvidas a partir da realidade que está sendo criada.

Page 18: Monografia Raphael Final

17

Ainda de acordo com Costa (2010), a incapacidade do modelo

burocrático de atender às demandas cada vez mais exigentes dos diversos

segmentos da sociedade tem levado administradores públicos a buscar formas de

gerenciamento mais flexíveis e dinâmicas.

No sentido da inserção e de adequação aos cenários de mudança,

novas ferramentas de gestão, de aplicação consagrada na iniciativa privada, vêm

sendo experimentadas e adaptadas às especificidades do setor público.

A PMMG (2010), também afirma que uma das mudanças emergidas no

contexto do setor público foi a de reestruturação do modelo de administração

burocrática para o modelo de administração gerencial. E que esse último vem

alcançando as organizações públicas das democracias ocidentais em geral.

A PMESP, que também congrega em suas fileiras o Corpo de

Bombeiros Militar, e a PMMG adotaram em suas gestões, os preceitos da Fundação

Nacional da Qualidade (FNQ) na busca da melhoria significativa da qualidade da

gestão.

Tais preceitos consideram e fomentam as transformações atuais do

cenário em que as organizações públicas se assentam e, que norteiam a concepção

de reconfiguração burocrática para o modelo gerencial.

Este modelo gerencial caracteriza-se por adotar, entre outros,

conforme a PMESP (2010) e a PMMG (2010), os seguintes pilares:

a) A abordagem sistêmica da organização, considerando que

alteração em qualquer um dos subsistemas (gerencial, social e

tecnológico) impacta de modo relevante nos demais;

b) A busca no processo de solução dos problemas, da integração das

necessidades individuais e organizacionais;

c) A consideração da organização como um sistema aberto,

necessitando, portanto, de compatibilização também com o meio

ambiente externo;

d) A ampla participação da força de trabalho ao longo do andamento

do processo de estabelecimento e manutenção do modelo;

Page 19: Monografia Raphael Final

18

e) A consciência de que para o estabelecimento de mudanças

permanentes, profundas, bem-sucedidas, estas devem, também,

atingir a cultura organizacional; e

f) A aprendizagem organizacional, por meio da qual, se

institucionaliza ferramentas e métodos que integram o sistema de

gestão ora proposto, por meio do estabelecimento de conceitos e

definições da área gerencial, na perspectiva de comprometimento

com a imagem e fortalecimento da marca da organização, perante o

público interno e a população.

A adoção do referido modelo de gestão proporcionou a estas duas

instituições de segurança pública, premiações e certificações de gestão, como

citaremos a seguir:

Da Polícia Militar do Estado de São Paulo:

Em 1994, certificação ISO-9000 do Centro de Despesa de Pessoal

(CDP);

Em 2002, Prêmio Paulista de Excelência da Gestão, cinco

Organizações Policiais Militares (OPMs) foram certificadas com

medalhas em bronze, a Diretoria de Finanças (DF) foi certificada no

ISO-9000/2000 e o CDP revalida sua certificação;

Em 2003, a Diretoria de Pessoal (DP) foi certificada nas Normas ISO-

9000/2000 e no Prêmio Paulista de Excelência da Gestão, oito OPM

foram certificadas, sendo uma medalha de prata e sete medalhas de

bronze;

Em 2004, certificadas nas Normas ISO-9000/2000 as OPMs: Presídio

Militar Romão Gomes (PMRG), único no Brasil e 5º Grupamento de

Bombeiros (GB), no Prêmio Paulista de Excelência da Gestão, oito

OPMs foram certificadas, sendo uma medalha de prata e sete

medalhas de bronze;

Em 2005, Certificada nas Normas ISO-9000/2000 a OPM: Centro de

Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP);

Page 20: Monografia Raphael Final

19

Entre tantos outros, o mais recente prêmio de gestão foi a conquista da

medalha de prata do Prêmio Paulista de Excelência da Gestão 2011,

pelo Comando de Bombeiros Metropolitano (CBM).

Da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais:

Em 2008, Menção Honrosa no 3º Prêmio Excelência em Gestão

Pública do Estado de Minas Gerais;

Em 2010, 1º Lugar do interior do estado de Minas Gerais pela

produtividade.

Diante de tantas premiações e certificações, fica evidenciado que

também a adoção do referido modelo de gestão, certamente, traz resultados

práticos.

Exemplo disso, conforme expõe a PMESP (2010), é a expressiva

diminuição em dez pontos percentuais, dos índices de homicídios dolosos praticados

no Estado de São Paulo, por grupo de cem mil habitantes, de 20,8 em 2004 para

10,8 em 2009.

A queda mais acentuada foi registrada entre 2004 e 2005 (de 4 pontos,

chegando a 16,8), segundo o Estudo Global de Homicídios 2011, surpreendendo o

Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), responsável pelo

estudo, que foi amplamente divulgado pelos diversos meios de comunicação,

inclusive internacionais.

O que estas instituições estão colhendo como resultados no presente é

fruto de um esforço institucional de identificar problemas organizacionais e buscar

resolvê-los, considerando os pilares do Modelo de Excelência da Gestão (MEG).

Ciente e sensível da gravidade e urgência do cenário apresentado, o

nível gerencial estratégico do CBMDF editou os norteamentos administrativos abaixo

listados que enunciam visões e formulam estratégias, criando assim, segundo Cury

(2007), ótimas condições de transformação institucional, inclusive definindo as

diretrizes gerais do necessário e urgente projeto de mudança:

Page 21: Monografia Raphael Final

20

Portaria de 03 de dezembro de 2010, que aprova o Plano Estratégico

do CBMDF para o período de 2011 – 2016;

Nota de Boletim n° 78/2011-Cmte.-Geral. Plano de Comando que

estabelece as diretrizes básicas para as ações de Comando do

CBMDF a serem empreendidas no período de 2011 a 2014;

Nota de Boletim n° 20/2011- SEAAD/EMG, que aprova o Plano de

Gestão do Estado-Maior-Geral referente ao triênio 2011-2013;

Portaria n° 55, de 19 de julho de 2011, que aprova a Política do Corpo

de Bombeiros Militar do Distrito Federal, e dá outras providências; e

Nota de Boletim n° 61, de 2011-SUBCG/Cmt.-Geral, que estabelece o

Programa de Capacitação de Gestores e Líderes.

O CBMDF (2010) afirma que, hodiernamente, torna-se importante

desenvolver um modelo de ação gerencial que norteie as suas práticas e possibilite

abordar a complexidade dos ambientes organizacional e externo, e seus desafios,

assegurando integração, comprometimento, inovação e produtividade das equipes.

O nível estratégico da instituição, ou seja, a direção geral, responsável

pelo comando e pela administração geral da Corporação, já está tomando as suas

providências e realizando as suas ações de planejamento, assessoramento e de

elaboração de normas e diretrizes gerais necessárias à organização.

Porém, surge o questionamento sobre quais seriam as ações menores

que poderiam ser executadas e, não estão sendo feitas ainda, pelos órgãos de

direção setorial, apoio e execução, para que, em consonância com as atitudes da

direção geral, mudanças salutares possam ser implantadas, em curto prazo.

A resposta a esta discussão pode estar na adoção do processo positivo

e proativo de busca das melhores práticas administrativas que conduzem a

desempenhos superiores, chamado benchmarking, onde segundo Maximiano (2004)

uma organização examina algo que outra faça de maneira singularmente bem feita,

visando ganhar vantagens competitivas.

Page 22: Monografia Raphael Final

21

Segundo Costa (2010), é possível a aplicação de ferramentas

gerenciais na modernização do serviço público, fazendo uso de técnicas de

racionalização de processos administrativos em setores específicos do Estado, com

resultados significativos para os usuários do sistema e com baixo custo de

implantação.

Costa (2010) ainda afirma que uma ferramenta de gestão da qualidade

e de Organização, Sistemas e Métodos (OSM ou O&M) de alto impacto na melhoria

de processos organizacionais, de baixo custo para o Estado e de resultados

notáveis e consagrados no dia-a-dia das equipes e do atendimento ao usuário, é o

processo de ―Análise Administrativa‖.

Diante do cenário delineado, Ferreira (1994) propõe que qualquer

organização, antes de reestruturar sua administração, deve ocupar-se em fazer um

diagnóstico para poder executar mudanças acertadas para se tornar competitiva.

O processo de trabalho que tem como objetivo efetuar diagnósticos

situacionais das causas e estudar soluções integradas para os problemas

administrativos, segundo Cury (2007), é a análise administrativa.

Este processo, conforme Cury (2007), possui pontos fundamentais que

se desdobram basicamente em dois momentos distintos:

1.Diagnóstico situacional das causas: busca identificar não só o clima e a estrutura da organização, mas também seus métodos e processos de trabalho, o que se pode conseguir, em princípio, por meio das fases de levantamento de dados e crítica respectiva [...] 2.Intervenção planejada, envolvendo: a) o estudo das soluções dos problemas, compreendendo, de início, as fases de planejamento da solução e competente crítica; b) o planejamento das mudanças, efetivado, em linhas gerais, nas fases de implantação e controle dos resultados. (CURY, 2007, p.281, grifo do autor)

Costa (2010) afirma que a aplicação da ferramenta não requer

necessariamente que aqueles que desejem lançar mão dela sejam especialistas em

ciências administrativas ou mais especificamente em O&M.

Como ocorreu na Terceira Vara da Infância e da Juventude da

Comarca de Porto Alegre (RS) e Costa (2010), relata, que um juiz de direito, apoiado

fortemente na condução do cartório pelo escrivão e sua equipe técnica, que não

Page 23: Monografia Raphael Final

22

contava com um gestor, sendo administrada diretamente pelo juiz, aplicou a

ferramenta de modo satisfatório, obtendo resultados expressivos.

Segundo Macedo (2010), a força propulsora da excelência

organizacional está baseada na capacidade e no comprometimento da liderança em

desenvolver um sistema de gestão eficaz, que estimule as pessoas a um propósito

comum e duradouro, considerando os valores, as diretrizes e as estratégias da

organização e comprometendo-os com resultados.

Este comprometimento com os resultados e a sensibilização da direção

geral do CBMDF quanto à necessidade que a corporação possui de medir o seu

desempenho e o dos seus gestores foi concretizada e expressa, por meio da

publicação da Nota de Boletim n° 67/2011-SUAAD/EMG/Cmt.-Geral, no Boletim de

Geral da corporação do dia 31 de agosto de 2011, onde foi nomeada a Comissão

para a Elaboração dos Indicadores de Desempenho da Corporação (indicadores

institucionais).

Constata-se, com isso, que a atual direção geral do CBMDF apresenta

uma genuína motivação para a mudança e, por conta disso, vem fazendo a sua

parte, porém, o restante da estrutura organizacional e os seus sistemas,

aparentemente, não dão suporte e nem reforçam o direcionamento estratégico

apresentado.

Porém, para dar suporte a algo, são necessárias diretrizes específicas

e instrumentos capazes de dar força à execução do que se estabelece, logo,

também, é necessário criar instrumentos capazes de fazer com que o restante da

estrutura organizacional dê suporte ao que se pretende, executando com eficiência e

eficácia as mudanças.

As direções setoriais, de apoio e execução podem atuar, em curto

prazo, de modo significativo, em consonância com a direção geral neste

imprescindível processo de mudança, adotando ferramentas administrativas simples,

de baixo custo, de resultados notáveis no dia-a-dia das equipes e que fomentem

ações de gestão menores e facilmente exequíveis.

Page 24: Monografia Raphael Final

23

Isto posto, surge o seguinte questionamento: a metodologia de ―Análise

Administrativa‖ pode ser aplicada, por meio de ações menores das direções

setoriais, de apoio e execução do CBMDF, buscando consonância com as recentes

ações da direção geral?

1.2 Justificativa

Segundo Gil (2004) a justificativa trata-se de uma expressão inicial do

trabalho, que pode englobar fatores que determinaram a escolha do tema, sua

relação com a experiência profissional ou acadêmica do autor.

É a etapa do estudo onde devem ser apresentados os argumentos

relativos à importância da pesquisa, do ponto de vista teórico, metodológico ou

empírico, além de serem feitas referências a sua possível contribuição para o

conhecimento de alguma questão teórica ou prática ainda não resolvida.

Pereira (2010) corrobora dizendo que cabe ao pesquisador justificar as

razões de sua escolha, ou seja, porque faz tal pesquisa, quais as contribuições que

seu estudo trará para a área do conhecimento em questão, sua relevância sob o

ponto de vista social e científico.

Neste contexto, a relevância do presente estudo se deve inicialmente

da motivação pessoal do pesquisador, o qual desde a época de formação

acadêmica, entre os anos de 2000 e 2002, tem percebido a velocidade com que as

mudanças organizacionais, tecnológicas e sociais vêm se processando no cenário

mundial.

Diante disso, e consciente de que ao ter sido formado oficial bombeiro

militar, também tinha se tornado um gestor público, foi designado para servir na 1ª

Companhia Independente de Emergência Médica (1ª CIEM/COO) desempenhando

as funções de Adjunto à Seção de Projetos Especiais e de Chefe da Seção de

Projetos Especiais.

Por ocasião da mudança da nomenclatura da unidade para 2º Batalhão

de Busca e Salvamento/Emergência Médica (2º BBS/EM) o pesquisador

desempenhou a função de Chefe da Seção de Escalas, sendo posteriormente

Page 25: Monografia Raphael Final

24

exonerado em janeiro de 2007 para assumir a função de Ajudante-de-Ordens da

Unidade de Segurança Institucional do Gabinete da Vice-Governadoria (USI/GVG),

quando teve oportunidade de ver como decisões de alto nível estratégico eram

tomadas.

Após isto, em abril de 2008 regressou ao CBMDF, para servir no

Estado-Maior-Geral do CBMDF, na função de Ajudante de Ordens do

Subcomandante-Geral e Chefe do Estado-Maior-Geral (cargos acumulados por um

só oficial na época) de dois oficiais que passaram por aquela função, sendo

novamente espectador do processo decisório de alto nível institucional.

Em seguida, teve a oportunidade de servir na 4ª Seção do Estado

Maior do recém criado Comando Operacional, como Adjunto à Seção, onde

aprendeu como se processam o levantamento das demandas, as aquisições e

reparos de materiais e instalações operacionais, no âmbito do CBMDF.

Logo após, foi transferido para a 18ª Companhia Regional de Incêndio,

na Região Administrativa de Santa Maria, a fim de exercer a função de

Subcomandante daquela unidade operacional.

Antes de servir no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência

da República (GSI/PR), na Secretaria de Segurança Presidencial (SPR), na função

de Assistente Técnico Militar, passou pela função de Subcomandante do Corpo de

Alunos do Colégio Militar Dom Pedro II (CMDP II).

Além disso, exerceu a função de Oficial de dia e Comandante de

Socorro nas seguintes unidades operacionais:

a) 1º Batalhão de Incêndio (1º BI), no Plano Piloto, atual 1º Grupamento

de Bombeiro Militar de Brasília (1º GBM);

b) 1º Batalhão de Busca e Salvamento (1º BBS), na Vila Planalto, atual

Grupamento de Busca e Salvamento (GBS);

c) 2º Batalhão de Incêndio (2º BI), em Taguatinga, atual 2º Grupamento

de Bombeiro Militar de Taguatinga (2º GBM);

Page 26: Monografia Raphael Final

25

d) 2º Batalhão de Busca e Salvamento/Emergência Médica (2º BBS/EM),

no Guará II, atual Grupamento de Atendimento de Emergência Pré-

Hospitalar (GAEPH);

e) 3º Batalhão de Incêndio (3º BI), no Setor de Indústria e Abastecimento,

atual 3º Grupamento de Bombeiro Militar do Setor de Indústria e

Abastecimento (3º GBM);

f) 1ª Companhia Regional de Incêndio (1ª CRI), na Asa Sul, atual 15º

Grupamento de Bombeiro Militar da Asa Sul (15º GBM);

g) 3ª Companhia Regional de Incêndio (3ª CRI), no Gama, atual 16º

Grupamento de Bombeiro Militar do Gama (16º GBM);

h) 6ª companhia Regional de Incêndio (6ª CRI), no Núcleo Bandeirante,

atual 6º Grupamento de Bombeiro Militar do Núcleo Bandeirante (6º

GBM);

i) 8ª Companhia Regional de Incêndio (8ª CRI), em Ceilândia, atual 8º

Grupamento de Bombeiro Militar da Ceilândia (8º GBM);

j) 11ª Companhia Regional de Incêndio (11ª CRI), no Lago Sul, atual 11º

Grupamento de Bombeiro Militar do Lago Sul (11º GBM);

Conforme demonstrado, ao longo dos onze anos e oito meses de

serviços prestados ao CBMDF, o pesquisador teve a oportunidade de ter contato,

observar e vivenciar as mais diversificadas experiências de gestão, perfis de

liderança, de operacionalização do processo decisório nos níveis operacional, tático

e estratégico, dentro e fora do CBMDF.

Porém, por onde passou, sempre levou consigo alguns

questionamentos recorrentes:

a) Como poderia contribuir para melhorar o ambiente de trabalho, visando

produzir mais e melhor?

b) Como poderia melhorar o processo que tem como resultado a

prestação deste serviço?

c) Qual aprendizado ou experiência poderia ser extraído de cada

situação?

Page 27: Monografia Raphael Final

26

As experiências administrativas relatadas, por vezes, geravam

incômodo, visto que, por mais que buscasse dentro de sua esfera de atribuições,

mudar a realidade apresentada nos locais onde exerceu algum tipo de função, este

pesquisador sempre se deparava com problemas, em maior ou menor grau e

freqüência, que dificultavam o bom andamento dos trabalhos.

Tais dificuldades conduziam a uma sensação de impotência e porque

não dizer, frustração profissional por não ser efetiva, por mais simples que

parecesse, a tentativa de modificar a realidade apresentada da forma necessária e

demandada pela boa prestação do serviço.

Entre os vários problemas administrativos observados pelo

pesquisador, que segundo Macedo (2010) podem, inclusive, ser crônicos, em cada

uma das unidades em que serviu, foi possível perceber a ocorrência de pelo menos

um dos óbices ao bom andamento do serviço, a seguir citados:

a) Falta de comprometimento institucional e, consequentemente, com o

serviço, por parte dos militares, em parte proporcionado pela carência

de uma noção clara dos valores essenciais e dos rumos da instituição;

b) Baixa auto-estima e ausência da sensação de pertencimento, de

acreditar, de viver consistentemente, respirar e expressar por meio de

atitudes, a ideologia fundamental institucional (constituída por seus

valores e razão de ser) em tudo aquilo que faz;

c) Falta de consciência dos bombeiros militares de que cada tarefa que

desempenham, por mais simples que aparente ser, trata-se de uma

contribuição vital, sem a qual não poderá haver resultados, visto que,

segundo Macedo (2010), nenhum indivíduo por si só produz os

serviços prestados aos usuários;

d) Visão deficiente de que a organização depende do conhecimento,

habilidades, criatividade e motivação de sua força de trabalho;

e) Falta de oportunidades para aprender e de um ambiente favorável ao

pleno desenvolvimento das potencialidades e aptidões profissionais;

f) Carência de consideração da diversidade de anseios e necessidades

que, uma vez identificados e empregados na definição das estratégias,

Page 28: Monografia Raphael Final

27

dos planos e das práticas de gestão organizacionais, promovem o

desenvolvimento, o bem-estar e a satisfação da força de trabalho;

g) Carência de atrativos de retenção de profissionais qualificados, bem

informados e dedicados, devido à extrema dificuldade em reconhecê-

los, premiá-los, motivá-los e satisfazê-los;

h) Falta de revitalização e aquisição de competências fundamentais de

liderança e gestão para com os oficiais, que são nada mais, nada

menos, os recursos fundamentais com que a organização pode e deve

contar para, através da utilização plena do seu potencial de realização,

fazer com que os resultados alcançados pela organização sejam bem

maiores do que a soma dos recursos utilizados;

i) Despreocupação com a renovação constante e preparação sistemática

do capital humano, que será responsável pela condução dos destinos

da organização e que irão dirigi-la no futuro e a debilidade de cuidado

com a busca da plenitude de realização destes recursos humanos, o

que compromete drasticamente a garantia de sua perpetuidade;

j) Distribuição desbalanceada das tarefas e da carga de trabalho, onde

determinados setores e profissionais acabam trabalhando mais do que

outros;

k) Carência de definição clara, inequívoca e de mensuração dos

resultados gerados pelos serviços prestados por estas organizações;

l) Debilidade de adoção de atitudes proativas de antecipação às novas

tendências, aos novos cenários, às novas necessidades dos usuários,

aos desenvolvimentos tecnológicos, aos requisitos legais, às mudanças

estratégicas (com ganhos de poder, visibilidade, produtividade e

qualidade) dos concorrentes, inclusive não tradicionais e aos anseios

da sociedade;

m) Excesso de domínio pelo passado, onde a glória dos sucessos

anteriores origina comodismo, rituais, mitos e tradições que objetivam

perpetuar a fórmula para o sucesso;

n) Excesso de orientação para o presente, devido à pressão para

resultados de curto prazo e adoção de sistemas de gestão projetados

para estabilidade e controle ao invés de adaptabilidade e mudança,

que enfatizam processos de tomada de decisão voltados para o hoje;

Page 29: Monografia Raphael Final

28

o) Apego ao que é obsoleto, ao que deveria ter dado certo, mas não deu,

que foi produtivo e já não é, e o emprego dos profissionais mais

capazes nestes empreendimentos, ou seja, para cuidar e resolver

problemas e não para produzir resultados;

p) A carência de análise de processos organizacionais que redunda na

falta de entendimento do funcionamento da organização, que por sua

vez, permite a definição adequada de responsabilidades, a utilização

eficiente dos recursos, a prevenção e solução de problemas, a

eliminação de atividades redundantes e a identificação clara dos

usuários e fornecedores;

q) A falta do desenvolvimento e difusão do pensamento sistêmico na

organização que, conforme afirma a PMESP (2010), proporciona que

os princípios da eficácia, eficiência e efetividade se consolidem a partir

de processos e padrões definidos e consubstanciados sob a visão mais

moderna da administração gerencial;

r) Debilidade em prospectar novos cenários e implementar estratégias

robustas para garantir a sua competitividade e tornar-se diferente,

influenciando na mudança de sua área de atuação;

s) Déficit de centralização da gestão nos usuários, que se trata de um

conceito estratégico voltado para a retenção e conquista destes. O

conhecimento das necessidades atuais e futuras dos usuários é o

ponto de partida na busca da excelência de desempenho da

organização;

t) Déficit de confiabilidade, responsabilidade, previsibilidade e constância

nas lideranças, comprometendo o elemento vital para manutenção da

integridade organizacional;

u) Carência da participação ativa e pessoal da liderança no

desenvolvimento da identidade organizacional, com visão de longo

prazo, bem como na busca de oportunidades que estimulem a

organização em direção à excelência do desempenho;

v) Inabilidade da liderança de planejar, comunicar, analisar desempenhos

e de estimular a motivação nas pessoas;

Page 30: Monografia Raphael Final

29

w) Identidade institucional confusa, devido ao desalinhamento entre a

organização manifesta, a percebida, a existente e a requerida tornando

difícil a obtenção de sua integridade;

x) A cíclica solução de continuidade dos projetos e programas, após a

saída do líder principal;

y) Incorporação da desorganização ao dia-a-dia dos profissionais, não

sendo mais percebida como tal, evidenciando-se a ocorrência do

fenômeno de ―filtragem seletiva‖ (Costa 2010 apud Schermerhorn, Hunt

e Osborn,1999) ou ―percepção seletiva‖; e

z) Demora na transmissão de informações, atraso na entrega de

documentos e divulgação de dados incorretos.

Obviamente que o pesquisador não conseguia, naquela oportunidade,

descrever todos estes problemas e, infelizmente, também, sabe-se hoje que não

eram somente estes os constatados e compreendidos plenamente.

Esta percepção foi tornando-se mais aguçada com o passar dos anos e

o pesquisador constatou que processo semelhante acontecia com outros colegas

oficias. De tal forma que surgiu o seguinte questionamento:

Como, ao invés de somente perceber a existência de tantos problemas

administrativos, poderia também diagnosticá-los com técnica e precisão e, além

disso, apresentar soluções efetivas, lançando mão do que existe de mais atual nas

práticas de gestão corporativa?

Questionamento que serviu de estímulo para que o autor ingressasse,

como discente, no curso de Bacharelado em Administração na Universidade de

Brasília (UnB).

Tal fato oportunizou o contato do autor com a matéria Organização,

Sistemas e Métodos (OSM ou O&M), no ano de 2007, quando tomou conhecimento

do processo de ―Análise Administrativa‖.

Consequentemente, o pesquisador constatou que o processo trata-se

de uma ferramenta moderna de gestão, de aplicação consagrada na iniciativa

Page 31: Monografia Raphael Final

30

privada, que se experimentada e adaptada às especificidades do CBMDF, poderia

redundar na modernização de sua gestão.

Foi verificado também que todos os problemas citados poderiam não

somente ser precisamente diagnosticados, mas também resolvidos, por meio da

adoção da ferramenta no âmbito do CBMDF.

Visto que, a metodologia abrange o emprego de métodos de trabalho

de OMS, como a confecção e emprego de fluxogramas, quadros de distribuição de

trabalho (QDTs), elaboração de lay outs, criação de formulários, manualização de

procedimentos e produção de instrumentos executivos como regimentos internos,

normas gerais de ação, diretrizes etc.

Por ocasião da matrícula do autor no Curso de Aperfeiçoamento de

Oficiais em Administração Corporativa - 2011/Turma ―B‖ (CAO/AC), no Centro de

Estudos de Política, Estratégia e Doutrina (CEPED) do CBMDF, para obtenção da

habilitação à ascensão ao posto de oficial superior e, consequentemente, poder

assumir funções de nível estratégico da corporação, foi vislumbrada a oportunidade

de desenvolvimento do presente estudo, institucionalizando o conhecimento

adquirido.

Durante o período compreendido entre os meses de janeiro de 2010 e

julho de 2011, enquanto o pesquisador serviu no Gabinete de Segurança

Institucional da Presidência da República (GSI/PR), na função de Supervisor de

Segurança Pessoal, teve contato com oficiais de instituições que até pouco tempo

padeciam com problemas semelhantes aos supramencionados.

Estas instituições, no caso em lide, a Polícia Militar do Estado de

Minas Gerais (PMMG) e a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) que

também possui o Corpo de Bombeiros ainda unificado, por adotarem o Modelo de

Excelência da Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), já

apresentam resultados reconhecidos e satisfatórios.

O pesquisador pôde verificar pessoalmente os resultados alcançados

por estes órgãos de segurança e contemplar a especificidade da diferenciação dos

respectivos modus operandi, visto que, durante o período supramencionado,

Page 32: Monografia Raphael Final

31

realizou várias operações de segurança pública, nos mais diversificados tipos de

eventos, com ambas as instituições, na freqüência abaixo discriminada:

Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP): ao longo de doze

viagens realizadas, totalizaram sessenta e um dias de operações conjuntas, nos

municípios de São Paulo, Eldorado, Ribeirão Preto, Sertãozinho, Ilha Bela e São

Bernardo do Campo.

Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG): em quatro viagens realizadas,

totalizando dez dias de operações conjuntas, nos municípios de Belo Horizonte, Juiz

de Fora e Betim.

Nestas oportunidades, foi visto que a ferramenta de gestão, ―Análise

Administrativa‖, possui os mesmos pilares e é parte integrante do Modelo de

Excelência da Gestão (MEG), adotado por estas instituições.

Esta constatação redundou no aumento do desejo de realizar o

presente estudo, pois se a aplicação da metodologia havia dado certo naqueles

Estados, porque não ocorreria o mesmo no Distrito Federal?

A amplitude das conseqüências da viabilidade de emprego e eventual

sucesso da ferramenta no âmbito do CBMDF, considerando se tratar de uma

instituição que, historicamente, serve de referência para os demais corpos de

bombeiros que se encontram separados das polícias militares, em vários estados da

federação, a ponto de servir de parâmetro para o nível de desenvolvimento dos

mesmos, poderia redundar em um grande ciclo virtuoso de difusão de boas práticas

administrativas entre corporações.

O fato de ser uma das instituições mais inovadoras em tecnologia,

prestação de serviços aos usuários, agregação de valor aos serviços e no

estabelecimento de novos padrões de qualidade e desempenho em sua área de

atuação, favoreceria a difusão.

A aplicação prática, estrita e comprometida da ferramenta, poderá

elevar o CBMDF a outro patamar de gestão.

Page 33: Monografia Raphael Final

32

Por conta de sua liderança sobre as demais instituições estaduais, por

fazer novas coisas acontecerem, as impulsionará, também, a patamares mais

elevados de realização, segundo Macedo (2010), através de práticas de grande

eficácia corporativa, tais como:

Melhoria constante dos serviços prestados, tornando-os obsoletos

antes dos seus supostos concorrentes fazê-los;

Uso extensivo de potencial tecnológico em todas as suas operações e

serviços;

Melhoria sistemática em sistemas de gestão, com ampla participação

na busca por novos métodos;

Sacrifícios de curto prazo e considerável paciência para resultados de

longo prazo;

Obsessão pela alta qualidade e satisfação do usuário;

Trabalho árduo, com os trabalhadores tendo tanto orgulho com os

sucessos da organização, quanto com suas vitórias pessoais;

Comprometimento explícito, do dirigente mais experiente até o

operário recentemente contratado, para com o progresso e a

mudança;

Coleta ativa de inteligência sobre inovações bem sucedidas

desenvolvidas por outros em qualquer lugar do mundo, associada a

uma forte determinação de aplicar essas idéias em seus próprios

serviços e processos.

A adoção desta ferramenta, conforme será demonstrado ao longo do

relatório monográfico, proporcionou a várias instituições públicas a viabilização da

implementação de outras ferramentas gerenciais e a institucionalização de

procedimentos administrativos padronizados.

O que acarretou em destaque na atuação como instrumento de

aperfeiçoamento e modernização permanente das práticas administrativas e

Page 34: Monografia Raphael Final

33

gerenciais, vindo de encontro ao atendimento às demandas atuais do CBMDF nesta

área do conhecimento, que vem sendo expressas recentemente e de modo

recorrente, pela direção geral da corporação.

1.3 Objetivos

Segundo Gil (2004), os objetivos da pesquisa servem para esclarecer

acerca do que se pretende com o desenvolvimento do estudo.

Pereira (2010), explica que o objetivo geral deve explicitar o que você

pretende no seu trabalho. Deve ser a síntese do que se pretende alcançar.

Por sua vez, os objetivos específicos versam sobre as etapas previstas

para alcançar o cumprimento do objetivo geral.

Com base nos pressupostos da Taxionomia de Bloom, os objetivos do

presente estudo obtiveram a constituição exposta a seguir.

1.3.1 Objetivo geral

Analisar a viabilidade de aplicação da ferramenta de gestão ―Análise

Administrativa‖ no âmbito do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, para

efetuar diagnósticos das causas e apresentar soluções para os problemas

administrativos.

1.3.2 Objetivos específicos:

a. Verificar a existência de problemas administrativos e a necessidade de

adoção de ações para solucioná-los;

b. Apresentar a ferramenta de gestão, Análise Administrativa, verificando

sua consonância com o que é proposto pelo Modelo de Excelência da

Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) aplicado à

PMESP e à PMMG;

c. Mostrar experiência em que a aplicação do processo proposto em

órgão público redundou em resultados satisfatórios;

Page 35: Monografia Raphael Final

34

d. Demonstrar quais as demandas mínimas organizacionais para a

aplicação da ferramenta de gestão, Análise Administrativa, no âmbito

do CBMDF.

1.4 Hipóteses

Conforme afirma Pereira (2010), a hipótese é o estabelecimento prévio

de uma conclusão. Uma provável e suposta resposta ao problema de pesquisa.

Marconi e Lakatos (2004) afirmam que as hipóteses se tratam de

supostas, prováveis e provisórias respostas ao problema, a serem verificadas pelo

estudo.

Com fundamento nestas definições, as hipóteses da presente pesquisa

foram delineadas na forma que se segue.

1.4.1 Hipótese 1

O CBMDF, atualmente, não possui problemas administrativos, não

sendo necessária a aplicação de metodologia específica para realizar diagnósticos e

soluções;

1.4.2 Hipótese 2

O CBMDF, atualmente, possui problemas administrativos e é

necessária (viável) a aplicação de metodologia específica para realizar diagnósticos

e soluções;

1.5 Definição de termos

5S: O Método "5S" foi base da implantação do Sistema de Qualidade Total nas

empresas. Surgiu no Japão, nas décadas de 50 e 60, após a Segunda Guerra

Mundial, quando o país vivia a chamada crise de competitividade (SILVA, 2005).

Adhocracia: É uma forma adequada para o desempenho de atividades complexas e

incertas em ambientes turbulentos. Freqüentemente envolve equipes de projeto que

Page 36: Monografia Raphael Final

35

se formam para desempenhar uma atividade, desaparecendo quando esta termina e

os seus membros se reagrupam em outras equipes de projetos (LLATAS, 2011).

Desequilíbrios horizontais: desequilíbrio ocorrido em um dos fundamentos de

existência e manutenção do federalismo, visto que influi no desejo de que todos os

entes locais disponham de meios suficientes (recurso per capita) para a promoção

de seu desenvolvimento e do bem estar de seus habitantes, minimizando

instabilidades sociais, econômicas e migratórias nocivas ao pacto federativo.

Espinha de peixe: Também conhecido como diagrama de causa e efeito, foi

proposto por Ishikawa na década de 60. Criado originalmente para identificar as

causas dos problemas no processo de produção de um produto (indústria), mas a

sua utilização foi mais além, podendo ser aplicada em qualquer tipo de problemas

organizacionais (CANDELORO, 2009).

Masp: Método de Análise e Solução de Problemas metodologia utilizada para

auxiliar os gestores na identificação dos problemas administrativos (Meirelles, 2001).

Transferência de recursos condicionada: transferência vinculada a alguma

finalidade previamente estabelecida, no caso do FCDF a manutenção da integral do

setor de segurança pública e parcial dos setores de educação e saúde do DF.

Page 37: Monografia Raphael Final

36

2. REVISÃO DA LITERATURA

Segundo Pereira (2010), a revisão da literatura possui o objetivo de

desvendar, recolher e analisar as principais contribuições teóricas sobre o assunto

da pesquisa. Representa a base teórica que vai fundamentar a reflexão e a

argumentação do pesquisador.

2.1 Mudança organizacional

Araújo (2006) conceitua mudança organizacional como qualquer

alteração significativa, planejada e operacionalizada por pessoal interno ou externo à

organização com a chancela da administração superior e que atinja integralmente,

não só os subsistemas gerencial, tecnológico e social, mas também a própria cultura

da organização.

Verifica-se que tal processo, por ser tão importante deve ser planejado,

também pela direção superior.

Druker (2000) afirma que as instituições devem focalizar as

oportunidades, matar de fome os problemas e alimentar as oportunidades e é

justamente isso que dever ficar evidente durante um processo de mudança

organizacional, deve ser visto como uma ocasião onde o crescimento e o

desenvolvimento podem prevalecer em contraponto às incertezas.

O preparo para a implantação do processo de mudança passa pelo

correto acompanhamento do ambiente, por meio de uma abordagem sistêmica.

Bilhim (1995) afirma que a mudança organizacional ocorre, geralmente,

quando existe baixa performance ou escassez de realização, o que causa

desequilíbrios e faz com que surja a necessidade de mudar a organização.

O autor complementa dizendo que o processo de mudança pode incidir

sobre vários aspectos como a estrutura, redefinição de tarefas e até a cultura:

Page 38: Monografia Raphael Final

37

Estrutura: uma mudança nos departamentos, na coordenação, nos

níveis de controle e nos centros de decisão trata-se de um método

direto e rápido para operar mudanças;

Redefinição de tarefas: fazer mais com menos, organizando e

reavaliando a divisão do trabalho;

Cultura: é um processo de mudança lento e difícil; encargo mais

destinado a líderes do que a gestores.

Segundo Lerner (1992), é freqüente alguns profissionais mostrarem-se

mais relutantes do que outros em assumir e aceitar os compromissos que são

estabelecidos pelo processo de mudança.

2.2 Sensibilização

Araújo (2006) refere-se à fase de sensibilização como a etapa zero do

processo de mudança.

Oportunidade em que se deve iniciar o trabalho de combate às

resistências às mudanças propostas, por meio da aproximação, do esclarecimento,

do ―fazer parte‖, ou seja, do envolvimento e participação de todos os envolvidos.

Ações simples como a realização de reuniões curtas, informais, onde

são repassados os objetivos e resultados almejados pelo processo de mudança e

todos são devidamente convidados a contribuir com o processo.

A adoção de tais procedimentos é fundamental na atualidade, visto que

a indiferença em relação ao destino da organização é característica de uns poucos

indivíduos.

Cury (2007) acrescenta que a atitude do gerente se expor aos

indivíduos objetos do processo e convidá-los a participar ativamente é importante,

porque as pessoas fazem o que sentem em termos de engajamento e se engajam

em termos daquilo a que são chamadas a tomar parte quando das decisões.

Page 39: Monografia Raphael Final

38

Para que os sistemas se coadunem com o comportamento das

pessoas ou grupos é preciso, portanto, que elas participem ativamente das

mudanças processadas.

2.3 Conhecimento popular

Segundo Marconi e Lakatos (2004), o conhecimento popular ou vulgar,

lato sensu, só consegue atingir a racionalidade de forma limitada.

É o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se obtém

por meio do trato direto com as coisas e os seres humanos, ou seja, empírico.

Conforma-se com o aparente, com aquilo que se pode comprovar

simplesmente estando junto das coisas.

Apresenta limitação de objetividade e racionalidade, pois está

estreitamente vinculado à percepção e à ação.

2.4 Conhecimento científico

Marconi e Lakatos (2004), afirmam que o conhecimento científico é

obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos.

Objetiva explicar por que e como os fenômenos ocorrem, na tentativa

de colocar em evidência os fatos correlacionados, assumindo uma perspectiva mais

globalizante do que a relacionada com um simples fato.

2.5 Correlação entre conhecimento popular e conhecimento científico

O que diferencia o conhecimento científico do conhecimento popular,

conforme Marconi e Lakatos (2004) é o modo, o método ou a forma e instrumentos

do conhecer.

O conhecimento popular pode muito bem ser verdadeiro e

comprovável, porém, não necessariamente científico.

Para tanto, é requerido ir mais além.

Page 40: Monografia Raphael Final

39

É necessário que haja uma sistematização coerente de enunciados

fundamentados e passíveis de verificação.

A construção de imagens de realidade, verdadeiras e impessoais, não

pode ser alcançada se não transpor os estritos limites da vida cotidiana, bem como

da experiência particular.

É necessário formular hipóteses sobre a existência de objetos e

fenômenos além da percepção sensorial, submetê-los à verificação planejada e

interpretada com o auxílio de teorias.

2.6 A Ciência da Administração

O processo de mudança organizacional é um fenômeno estudado pela

Ciência da Administração.

Maximiano (2004), nos relata que a palavra administração está atrelada

a outras que se relacionam com o processo decisório sobre utilização de recursos,

para possibilitar a realização de objetivos.

O autor completa esclarecendo que significa primeiramente ação, um

processo dinâmico de decidir sobre ações que abrangem cinco processos principais:

Planejamento: lidar com o futuro, se preparar para ele e influenciá-lo;

Organização: ordenar os recursos visando o alcance de objetivos;

Liderança: lidar, trabalhar com pessoas para possibilitar a realização de

objetivos;

Execução: por meio de energia física e intelectual, realiza-se o que foi

planejado;

Controle: consiste no esforço de convergência do realizado com o

planejado.

Para Cury (2007), administração é uma modalidade de esforço humano

cooperativo, que possui alto grau de racionalidade, onde a cooperação expressa a

Page 41: Monografia Raphael Final

40

atuação do ser como agente transformador da realidade na qual se encontra

inserido e a racionalidade exprime a orientação para resultados, alcance de

objetivos.

2.7 Organização

Outro foco de estudo da Ciência da Administração é a organização, ou

para efeitos do nosso estudo, instituição.

Para Macêdo (2010), a organização é um organismo vivo, formado por

grupos de pessoas que se aglutinam em busca de um objetivo compartilhado e da

satisfação de suas necessidades pessoais.

Segundo Cury (2007), uma organização é um sistema de recursos que

visa realizar algum tipo de objetivo por meio de processos de transformação e

divisão do trabalho.

Oliveira (2002) complementa que se trata de um determinado

empreendimento que, com objeto e objetivos próprios, criado para realizar

determinadas missões.

E complementa afirmando que organização encerra a ideia de um

sistema de comportamento de todos os seus integrantes, abrangendo as relações

formais e informais, relativas aos comportamentos individual e grupal dos indivíduos

que dela fazem parte.

2.8 O CBMDF

O CBMDF foi criado em 2 de julho de 1856 pelo Imperador Dom Pedro

II, por meio do Decreto Imperial n.º 1.775, sendo sua primeira denominação Corpo

Provisório de Bombeiros da Corte (CBMDF, 2011a).

Esta corporação foi originada pela fusão das diversas seções

responsáveis à época pelo serviço de extinção de incêndios nos Arsenais de

Marinha e Guerra, na Repartição de Obras Públicas e na Casa de Correção e, no

princípio, estava subordinada ao Ministério da Justiça (CBMDF, 2011a).

Page 42: Monografia Raphael Final

41

Conforme a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, o

CBMDF é um dos órgãos que compõem a segurança pública, com atribuições

específicas:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 5º - [...] aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil (BRASIL, 1988, grifo nosso)

As atribuições do CBMDF estão definidas na Lei Federal n.° 8.255, de

20 de novembro de 1991, Lei de Organização Básica (LOB) do CBMDF, alterada

pela Lei Federal n.° 12.086 de 6 de novembro de 2009, que enumera as

competências desta corporação: executar serviços de perícia; de prevenção e

combate a incêndios; de busca e salvamento; de atendimento pré-hospitalar e de

prestação de socorros nos casos de sinistros, inundações, desabamentos,

catástrofes, calamidades públicas e outros em que seja necessária a preservação da

incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Para a execução de suas atribuições legais, de acordo com o artigo 4º,

da Lei n.º 8.255, de 20 de novembro de 1991, e com o Decreto n.º 31.817, de 21 de

junho de 2010, o CBMDF é composto por órgãos de direção, de apoio e de

execução.

2.9 Administração pública burocrática e gerencial

Pereira (2006) relata que a administração pública burocrática clássica,

descrita por Weber surgiu, no Brasil, em substituição à administração pública

patrimonialista.

O que na opinião do autor foi um grande avanço, visto que, se propôs a

exterminar a confusão existente entre o público e o privado, herança ainda das

Page 43: Monografia Raphael Final

42

monarquias absolutas onde o nepotismo, o empreguismo e porque não expor, a

corrupção era a norma.

Nasceu, portanto, da necessidade de se adotar um modelo superior à

administração patrimonialista existente. E segundo Pereira (2006), não resta dúvida

que desempenhou bem o seu papel, até o momento que o pequeno Estado Liberal

do século XIX cedeu lugar ao grande Estado Social e Econômico do século XX,

onde a gestão burocrática não garantia rapidez, nem tampouco qualidade ou custo

baixo para os serviços públicos.

Pereira (2006) afirma que a gestão burocrática é caracterizada pela

lentidão, pelo alto custo, pela auto-referência, com pouco ou nenhum foco voltado

para o atendimento às demandas dos cidadãos.

Em contrapartida, alega que enquanto o Estado pequeno, composto

por quatro ministérios e cuja única função era garantir os contratos e a propriedade,

a inflexibilidade do modelo burocrático de gestão não influiu, porém, com o passar

do tempo, a eficiência começou a ser requerida.

O Estado pequeno transformou-se no grande Estado, gerenciando a

educação, a saúde, a cultura, previdência e assistência social, até a regulação do

sistema econômico, neste momento o problema da eficiência começou a incomodar.

Costa (2010) afirma que uma série de autores tem questionado o

esgotamento do modelo de gestão pública burocrático, diante das rápidas mudanças

nos âmbitos tecnológico, político, econômico, social e tributário, levando à

incapacidade das instituições governamentais em atender de forma satisfatória às

demandas crescentes da sociedade.

Pereira (2006) complementa afirmando que as ideias de

descentralização e de flexibilização administrativa começaram a ganhar espaço em

todos os governos a partir da década de 80, onde a grande revolução da

administração pública começou a ser delineada.

A partir de então a administração pública foi ganhando novos contornos

como:

Page 44: Monografia Raphael Final

43

Descentralização administrativa;

Organizações com poucos níveis hierárquicos;

Administração voltada para o atendimento ao cidadão ao invés de auto-

referida.

Esta mudança, porém, de acordo com Pereira (2006), não pode ocorrer

da noite para o dia. A administração pública gerencial deve ser construída sobre a

administração pública burocrática. Trata-se de aproveitar o que ela tem de positivo e

descartar gradativamente aquilo que já não serve.

As instituições públicas, conforme Pereira (2006) devem ser flexíveis o

suficiente para não impedir a recompensa do mérito pessoal, desvinculado do tempo

de serviço, e não aumentar as limitações impostas à iniciativa e à criatividade do

gestor público para administrar seus recursos humanos e materiais.

Matias-Pereira (2010) define este fenômeno como sendo a chegada do

novo modelo de gestão, sem que o antigo tenha terminado.

O autor afirma que o surgimento de um modelo com postura flexível,

descentralizado, desconcentrado, democrático, transparente, participativo e

interativo com a sociedade, em contraponto com o modelo tradicional, centralizador,

burocrático, interventor, está gerando conflitos.

E completa dizendo que o atual gestor público deve lançar mão do

modelo gerencial e priorizar o atendimento às necessidades do cidadão,

considerando a avaliação de desempenho, pois, ao gerar incentivos à eficiência, o

resultado precisa, necessariamente, ser aferido.

Aferição esta que deve, por sua vez, servir de norteamento às decisões

político-administrativas e à criação de alternativas adequadas para o agora ―cidadão-

consumidor‖.

O gestor público, por ocasião da elaboração de um programa dirigido

ao atendimento das necessidades do cidadão, frisa Matias-Pereira (2010), deve

adotar os seguintes passos:

Page 45: Monografia Raphael Final

44

Definir a missão, a razão de ser do órgão, conforme previsto em lei;

Estabelecer metas originadas no que determina a missão;

Delinear objetivos que orientem as ações dos administradores dos

níveis intermediários, até o usuário do serviço;

Aferir a produção, por meio de indicadores simples, claros e facilmente

mensuráveis, a fim de proporcionar o devido controle do curso até o

alcance dos objetivos;

Aferir os resultados, comparando-o com as metas, visando verificar a

eficácia das ações.

Administração Pública Burocrática Administração Pública Gerencial

Obedece às regras e procedimentos Melhora continuamente os processos

Concentra-se no processo Orienta-se para resultados

É auto-referente Foca o cidadão

Controle dos procedimentos Estabelece indicadores de desempenho

Cargos definidos de modo rígido e fragmentado

É multifuncional e flexibiliza as relações de trabalho

Figura 1 – Comparativo da gestão pública burocrática x gerencial. Fonte: Santos (2011) modificado.

Costa (2010), afirma que a incapacidade do modelo burocrático de

atender às demandas dos diversos segmentos da sociedade tem levado

administradores públicos a buscar formas de gerenciamento mais flexíveis e

dinâmicas.

Aponta também que novas ferramentas de gestão, de aplicação

consagrada na iniciativa privada, vêm sendo experimentadas e adaptadas às

especificidades do setor público.

2.9.1 O Princípio da Eficiência

Segundo Maximiano (2004), existem organizações que por

conseguirem ser ao mesmo tempo extremamente ineficientes e ineficazes, acabam

ao invés de proporcionar soluções, gerando problemas e aborrecimentos.

Page 46: Monografia Raphael Final

45

Afirma que isto vai depender somente de como a organização é

administrada, visto que ela adquire e processa recursos originariamente para

solucionar problemas e suprir necessidades de seus usuários e dos indivíduos que a

criaram.

O autor afirma que quando resolvem problemas ao invés de criar, as

organizações são ditas eficientes e passam a compor um ciclo virtuoso, no qual

todos têm suas necessidades supridas: usuários, profissionais e a sociedade em

geral.

Finaliza, relatando que os termos empregados para qualificar

organizações que apresentam desempenhos condizentes com as expectativas dos

usuários e daqueles que participam do processamento dos recursos são: eficiência e

eficácia.

Oliveira (2002) afirma que a eficiência está atrelada a fazer as coisas

bem, resolver problemas, salvaguardando recursos, cumprindo seu dever e

reduzindo custos.

E continua explicando que a eficácia é associada a fazer as coisas

certas, por meio de alternativas criativas, que maximizam o emprego dos recursos

na obtenção de resultados, aumentando o lucro.

EFICIÊNCIA EFICÁCIA

Ausência de desperdícios Capacidade de realizar resultados

Uso econômico de recursos Grau de realização de objetivos

Menor quantidade de recursos para produzir

mais resultados

Capacidade de resolver problemas

Figura 2 - Eficiência e eficácia

Fonte: Maximiano (2004, p. 32).

Maxiamiano (2004), afirma que é assegurar a eficiência e a eficácia

das organizações, o papel da administração.

E completa dizendo que quando isto não ocorre, é um forte indicativo

de que os gestores estão falhando e, suas ações, por sua vez, necessitam de

revisão.

Page 47: Monografia Raphael Final

46

Madeira (2008) afirma que o último princípio constitucional explícito é o

constante no caput do artigo 37 da Constituição Federal, o da eficiência.

Relata que este princípio deve orientar toda a administração pública,

devendo esta ser eficiente, por ocasião da prática dos seus atos, não sendo

admitido que o administrado seja punido pela inoperância injustificada do órgão

administrativo.

Afirma também que a Administração Pública deve buscar os melhores

resultados sem desperdícios, tornando a execução de suas atribuições a melhor

possível, a custos menores.

Expõe também que, em matéria de direito, é este princípio que

determina que a Administração Pública tem a obrigação, como sempre teve, de

otimizar os recursos de pessoal e material de que dispõe, em razão da carência de

recursos públicos, para aplicá-los em favor do atendimento às várias finalidades de

interesse público.

Em outras palavras, os órgãos públicos são obrigados a fornecer

serviços adequados, eficientes e seguros.

Finaliza dizendo que incorporar a dimensão da eficiência na

Administração Pública está intimamente ligado à capacidade de gerar mais

benefícios, na forma de prestação de serviços à sociedade, com os recursos

disponíveis, em respeito ao cidadão contribuinte.

2.9.2 A eficiência dos serviços de segurança pública no Distrito Federal é

questionada

Ainda no contexto da eficiência dos serviços públicos, segundo Pereira

Filho (2009), o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) foi criado para

manter integralmente o setor de segurança pública do Distrito Federal, no qual o

CBMDF encontra-se inserido por disposição constitucional.

Pereira Filho (2009) mostra que em razão da criação e manutenção do

FCDF, ocorrem distorções em termos de equidade fiscal e eficiência econômica,

Page 48: Monografia Raphael Final

47

visto que este fundo possui características que recorrentemente viabilizam a

ocorrência destes tipos de distorções, pois se trata de uma transferência de recursos

condicionada e sem contrapartida por parte do Governo do Distrito Federal (GDF).

E continua explicando que tais características do fundo redundam no

incentivo à oferta excessiva e alta relação custo-benefício nos bens vinculados, no

caso em questão, a prestação de serviços de segurança pública, o que prejudicaria

a sua eficiência relativa.

Pereira Filho (2009) ressalta a relevância do FCDF, expondo o

comparativo entre o montante de recursos destinados ao Programa Nacional de

Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) do governo federal, com dispêndios

previstos até o final de 2012, para todo o território nacional de R$ 6,7 bilhões de

reais, enquanto que só no ano de 2008 a União destinou exclusivamente para o

FCDF R$ 6,6 bilhões de reais, sendo que R$ 3,5 bilhões somente para o setor de

segurança pública (inclusive servidores inativos).

Isto posto, Pereira Filho (2009) demonstra que o FCDF é um

mecanismo de transferência de recursos intergovernamental mal desenhado,

ineficiente para o fim que se propõe (prover serviços de segurança pública do DF),

indutor de incentivos econômicos nocivos (política de pessoal irreal e fiscalmente

insustentável) e concentrador, segundo critérios federativos. Exacerbando

desequilíbrios horizontais já presentes na realidade brasileira (distorções em termos

de equidade fiscal).

Em contrapartida, aponta o Estado de São Paulo, considerando índices

de custo-eficiência (estaduais de eficiência e custo) no setor segurança pública, no

período compreendido entre 2001 e 2006, como sendo o mais eficiente, por sua vez,

o Distrito Federal ocupa a vigésima sétima posição, ou seja, a última deste mesmo

rol.

Para se ter uma idéia, o Estado de Minas Gerais apresentou no mesmo

período uma classificação muito melhor que a do DF, décima segunda.

No que se refere aos índices de desperdício, Pereira Filho (2009)

afirma que o Distrito Federal também se destaca, infelizmente, mais uma vez, de

Page 49: Monografia Raphael Final

48

modo negativo, figurando como o campeão de desperdícios de recursos públicos por

ineficiência, em virtude das particularidades de organização, manutenção e

funcionamento de seu sistema de segurança pública.

Diante de toda esta argumentação, surge o questionamento sobre

quem está sendo beneficiado pelos serviços de segurança pública no Distrito

Federal? A população? Os profissionais que atuam na área?

2.9.3 Os Princípios da Supremacia do Interesse Público e da

Indisponibilidade, pela administração pública, dos interesses públicos

É fácil saber quem deveria ter seus interesses atendidos pela

prestação dos serviços públicos, não só de segurança, no Distrito Federal, trata-se

de sua população.

Sobre interesse público, Madeira (2008) fala sobre o Princípio da

Supremacia do Interesse Público, sobre o privado e o Princípio da Indisponibilidade,

pela Administração Pública, dos interesses públicos, enfatiza que o primeiro está

atrelado à prevalência do interesse da coletividade sobre o do particular, tendo o

Estado como garantidor da ordem social estável, em que todos e cada um possam

sentir-se garantidos e resguardados em seus direitos.

Já o segundo, parte do pressuposto que a Administração Pública

possui poderes-deveres, ou seja, lhe são outorgados poderes como meios para o

alcance de uma finalidade previamente estabelecida, que é a defesa do interesse

público, da coletividade como um todo, e não da entidade governamental em si

mesma considerada.

2.10 Modelo de excelência da gestão (MEG) da Fundação Nacional da

Qualidade (FNQ) e a sua aplicação em órgão de segurança pública.

Serviços públicos de qualidade, verdadeiramente, são foco dos

interesses da sociedade.

Sobre isto, a PMESP (2010), afirma que o desenvolvimento da

sociedade brasileira, sob qualquer ponto de vista, econômico, social, político,

Page 50: Monografia Raphael Final

49

ambiental e tecnológico, está diretamente ligado à capacidade de gestão de nossas

organizações, sejam elas grandes ou pequenas, públicas ou privadas.

Frisa que deve ser uma das missões do gestor público atuar na busca

da melhoria significativa da qualidade da gestão dessas organizações, porque de

seu cumprimento não resultarão apenas serviços melhores públicos, mas a melhoria

da qualidade de vida do povo brasileiro.

Com o objetivo de atender às demandas de todos os stakeholders (ou

partes interessadas), e alcançar metas e resultados estratégicos, a PMESP tem

consolidado um modelo de gestão na área de segurança pública internalizando os

princípios norteadores da Administração Pública.

Afirma que no exercício das funções policiais militares essa

internalização é traduzida pelo profissionalismo e observância irrestrita aos

princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Ressalta que toda a gestão da Instituição tem como parâmetro a

observância dos fundamentos da excelência, ou seja: Pensamento Sistêmico,

Aprendizado Organizacional, Cultura de Inovação, Liderança e Constância de

Propósitos, Orientação por Processos e Informações, Visão de Futuro, Geração de

Valor, Valorização das Pessoas, Conhecimento sobre o Cliente e o Mercado,

Desenvolvimento de Parcerias e Responsabilidade Social.

Para internalizar esses fundamentos a PMESP adota o Modelo de

Excelência da Gestão® (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

Este Modelo entre outras coisas possui critérios de avaliação do

desempenho e diagnóstico organizacional próprios e os adapta à realidade das mais

diversas instituições por meio da adoção de adendos interpretativos.

Os adendos interpretativos foram instituídos para compatibilizar o MEG

ao sistema de gestão da Instituição e fomentar a compreensão dos fundamentos de

excelência para que os gestores possam aperfeiçoar continuamente as suas

práticas.

Page 51: Monografia Raphael Final

50

O modelo estabelece padrões desejáveis de desempenho e

recomenda que por meio de avaliações e premiações periódicas, sejam

comprovadas e laureadas as aderências das práticas de gestão das organizações,

aos critérios de excelência estabelecidos.

A adoção do MEG, segundo a PMESP (2010) tem garantido àquela

instituição o alinhamento ao ambiente altamente competitivo que se apresenta,

buscando incessantemente seu aperfeiçoamento, inovando e se adaptando a este

ambiente turbulento, adotando a administração gerencial por resultados, traduzindo

sua ação diária em eficiência, eficácia e efetividade.

Afirma ainda que a evolução daquela organização centenária rumo à

consolidação de um Sistema de Gestão, contou com a observância sábia, prudência

estratégica e a segurança para se desenvolver e alcançar novos níveis de

excelência, sem que houvesse solução de continuidade na prestação de serviços à

comunidade que usufrui de seus serviços.

O Modelo também proporcionou àquela organização o estabelecimento

de maneira clara, do Pensamento Sistêmico em sua gestão, ao permitir que os

princípios da eficácia, eficiência e efetividade se consolidassem a partir de

processos e padrões definidos e consubstanciados sob a visão mais moderna da

administração gerencial.

Nesse contexto, a PMMG (2010), também tem buscado aplicar os

princípios da eficiência e da efetividade, com a reconfiguração dos processos de

administração, a reformulação da gestão interna e das ações gerenciais na

produção dos serviços operacionais e realização de políticas pública de segurança.

A PMMG (2010) ao considerar que a reforma gerencial do Estado, com

a transição do modelo burocrático para o gerencial, tem como base o planejamento

de longo e médio prazo, a otimização do orçamento, a gestão com sistematização

de métodos e técnicas de monitoramento e avaliação de resultados, buscou se

adequar a este ambiente, em aderência às mudanças sociais.

Page 52: Monografia Raphael Final

51

A instituição adotou o Sistema de Gestão Estratégica para Resultados,

também nos moldes do Modelo de Gestão da Excelência da FNQ, que configura a

modernização da administração dos recursos, dos processos e dos serviços.

Este sistema é estabelecido organizacionalmente de forma intersetorial

e formato externo voltado aos destinatários das políticas públicas de segurança,

focadas no cidadão e na satisfação com a qualidade do serviço prestado, tudo em

consonância com as prerrogativas do padrão de gestão pública gerencial, em

detrimento do burocrático.

O Sistema de Gestão Estratégica para Resultados da Polícia Militar de

Minas Gerais é decorrente da necessidade de adequações estruturais em função

das influências do ambiente, bem como de pressões sociais e partes interessadas,

exigindo que o órgão policial, além de realizar processos eficientes, obtenha

resultados com impactos efetivos sobre o fenômeno da segurança.

A PMMG (2010) completa, afirmando que se soma ao sistema

gerencial o estabelecimento de um novo modelo de planejamento do

desenvolvimento institucional, com o emprego do monitoramento por meio de

indicadores estratégicos.

Ainda, define uma robusta sistemática de monitoramento e

acompanhamento dos resultados organizacionais, na perspectiva de garantir

ambientes seguros e cidadãos satisfeitos com os serviços, tudo coadunando com o

princípio constitucional da eficiência.

A PMMG (2010), também salienta que um ponto fundamental para o

sucesso do sistema de gestão é a participação.

Que por sua vez assume a significação interna, de que cada policial

deve ser um colaborador, contribuindo para o alcance dos objetivos institucionais e,

externamente, aplicando a mesma metodologia participativa com a comunidade,

estimulando a solução de problemas diagnosticados no âmbito local.

Para que o sistema de gestão seja implementado, as pessoas que

compõem a Instituição devem estar capacitadas e satisfeitas, atuando em um

ambiente propício à consolidação da cultura de produtividade e excelência.

Page 53: Monografia Raphael Final

52

Essas pessoas têm o papel de executar e gerenciar adequadamente os

processos, com vistas à produção de segurança pública, tendo como destinatário a

população.

O resultado final deste processo, certamente consistirá no efetivo

cumprimento da missão e no alcance da visão, daquela organização.

2.11 Benchmarking

Ao tomar conhecimento de práticas inovadoras como as que estão

sendo empregadas pelas Polícias Militares dos Estados de São Paulo e Minas

Gerais, é oportuno falar sobre o conceito de benchmarking.

Araújo (2006) conceitua benchmarking como sendo um aprendizado

especial que apresenta as melhores práticas de organizações consideradas

referências no setor ou seguimento em que atuam para que estas sejam adaptadas

e até melhoradas visando à aplicação em outras organizações.

O autor afirma que a adoção desta ferramenta proporciona o

estabelecimento de prioridades e alvos de melhoria.

Maximiano (2004) afirma que o emprego desta técnica viabiliza a

identificação e o ganho de vantagens competitivas.

2.12 Organização e métodos (O&M)

As práticas de gestão até agora demonstradas, encontram apoio nas

práticas estudadas pela função da administração chamada de Organização e

Métodos (O&M).

Cury (2007) explica que Organização e Métodos (O&M), além de ser

uma das funções especializadas da administração, é uma das principais

responsáveis pela modelagem de uma organização, envolvendo a

institucionalização de uma infra-estrutura adequada aos objetivos do órgão (= O) e a

definição ou adequação dos métodos e processos de trabalho, indispensáveis ao

estabelecimento organizacional (= M).

Page 54: Monografia Raphael Final

53

E continua explicando que a função de O&M tem como objetivo

finalístico a manipulação da organização como um sistema social, aberto, em

perfeita sintonia com as necessidades dos ambientes, tanto externo, quanto interno.

Vale ressaltar que para a função de O&M possa atingir seus objetivos é

primordial a sua institucionalização na organização o que facilita o alcance da efetiva

atuação desta função, nos três cenários que abrange: o institucional, o dos

processos organizacionais e dos processos e métodos de trabalho, partindo do

ápice, para a base da organização.

Onde a Análise Administrativa se destaca como metodologia de

trabalho, ao lado dos três cenários e de seus principais indicadores.

Figura 3 - A função de O&M e seus cenários de atuação nas organizações. Fonte: Cury (2007, p.124).

Cury (2007) afirma que, caso seja compreendida pela alta direção da

organização, a função de O&M, assume grande responsabilidade quanto à

efetividade da organização.

Page 55: Monografia Raphael Final

54

Isto posto, é deste posicionamento político da alta direção que

dependerá o funcionamento do órgão de O&M e seus respectivos resultados.

Cury (2007) relata que, historicamente, grande parte das organizações

brasileiras, sejam públicas ou privadas não possuem esta visão da função de O&M,

por conta disso não atribuem a ela uma estrutura compatível, nem tão pouco

recursos adequados, isto quando se conta com um órgão na instituição, o que

explica os decadentes aspectos administrativos e de apoio a seus órgão técnicos.

Cabe aos gestores estratégicos a quebra deste paradigma. Extirpar

este pensamento tradicional ainda encontradiço das organizações.

Lerner (1992) afirma que não são poucas as barreiras estruturais e

humanas que se antepõem às atividades de O&M nas organizações.

Em várias destas organizações, ressalta que é comum o emprego de

termos como: aumento de qualidade, eficiência e produtividade, inclusive com fortes

campanhas atreladas, porém, nem sempre com o sucesso esperado.

Isto porque, segundo Lerner (1992), embora muitos gestores sejam

bem sucedidos em outras atividades, não conseguem a mesma performance ao

defrontar-se com certos problemas típicos de Organização, Sistemas e Métodos.

Evidenciando que estes gestores carecem de assessoramento em

relação ao assunto, para que o desempenho das instituições que dirigem não seja

comprometido.

Lerner (1992) afirma que a atividade de O&M jamais deixou de ser

importante e necessária, porém, agora as mais recentes demandas apontam que

esta função precisa ser praticada por todos os profissionais da organização.

O autor finaliza dizendo que o grande desafio sempre será suplantar os

obstáculos das velhas teorias, hábitos e costumes, infelizmente enraizados e

supridos pelo individualismo, pela vaidade e orgulho de indivíduos que de forma

alguma, admitem abrir mão do poder e muito menos modificar algo atual, se

proposto por companheiros que mesmo, despretensiosamente, confrontem com

suas ideias.

Page 56: Monografia Raphael Final

55

2.13 Processo decisório

A função de O&M, por meio de suas ferramentas, auxilia na produção

de conhecimentos que ajudam a balizar o processo decisório dos gestores na

condução de suas organizações.

Isto posto, Maximiano (2004) afirma que ao estudar o processo de

tomar decisões ocorre o fomento da compreensão do trabalho gerencial e o

desenvolvimento de habilidades de administrador.

Neste contexto, ainda estabelece que decisões são tomadas para

resolver problemas ou aproveitar oportunidades. Trata-se de uma escolha entre

alternativas ou possibilidades.

Define também que o processo de tomar decisões é a sequencia de

etapas que se iniciam com a identificação da situação problema e segue até a

escolha e colocação em prática de uma ação ou solução.

Uma decisão colocada em prática cria uma nova realidade, que pode

acarretar na necessidade de que outras decisões ou processos de resolução de

problemas sejam adotados.

Cury (2007) afirma que entre as funções relevantes da administração, a

decisão talvez seja a mais importante delas.

2.14 Atitudes proativas e reativas

No que se refere à função planejamento, as atitudes dos gestores

fazem toda a diferença no sucesso de sua aplicação.

Maximiano (2004) relata que as forças que desejam e preservam a

estabilidade, a manutenção do status quo são representadas pelas atitudes reativas.

O autor afirma que é a postura comum dos gestores que processam

negativamente as entradas (inputs) originárias do ambiente externo ou de dentro da

própria organização, como informações, por exemplo.

Page 57: Monografia Raphael Final

56

Esta entrada não consegue influenciar em nada a forma como a

organização trata os seus recursos ou como que ela se relaciona com o ambiente.

Completa citando os exemplos de forças poderosas que oferecem

grande resistência às mudanças:

Comodidade da situação presente;

Tradição e força dos hábitos;

Pensamento conservador;

Sistemas de controle; e

Procedimentos padronizados.

Em contrapartida, Maximiano (2004) argumenta que, as forças que

desejam e impulsionam as transformações na organização são as que representam

as atitudes proativas.

É a atitude dos gestores que processam positivamente as entradas

(inputs) originárias do ambiente e do interior da organização.

O emprego proativo destes inputs, acarretam em mudanças que

viabilizam a organização adaptar dinamicamente seus sistemas internos e suas

interações com o ambiente.

Maximiano (2004) finaliza dizendo que quanto mais rapidamente a

organização antecipa-se ao futuro e efetua as mudanças necessárias, mais proativa

é a atitude. Ao passo que quanto mais é retardada a reação mais reativa torna-se a

gestão.

2.15 Problemas administrativos

O excesso de posturas tanto proativas, quanto reativas, por parte dos

gestores, acarreta em desequilíbrios nas instituições que consequentemente

interferem nos resultados processados por elas.

Page 58: Monografia Raphael Final

57

A respeito desta interferência, Meirelles (2000), afirma que um

problema, no âmbito de uma organização, pode ser tanto um resultado indesejado

como um desafio a suplantar.

E completa explicando que, como resultado indesejado pode-se ter, por

exemplo, a desobediência ao Princípio Constitucional da Eficiência em uma

organização pública, visto que, redunda na oferta de um serviço com menos valor

agregado do que deveria, possuir.

Como desafio geralmente tem-se algo que não é um resultado

indesejado, mas é algo que se deseja e não se tem.

Considerando que administrar é congregar recursos e por meio da

obediência a um planejamento, obter resultados esperados, um problema

administrativo é o não alcance deste resultado.

D’Ascenção (2001) afirma que problema é o resultado indesejável de

um processo.

Macêdo (2010) complementa que estes problemas podem, inclusive,

ser crônicos.

2.16 Sistemas, subsistemas e visão sistêmica

Vários autores afirmam que os gestores contemporâneos para obterem

sucesso frente aos desafios corporativos que se apresentam, devem adotar um

enfoque sistêmico em suas organizações.

Maximiano (2004) afirma que a essência do enfoque sistêmico é a ideia

de elementos que interagem e formam conjuntos para realizar objetivos.

Oliveira (2002) define sistema como sendo o conjunto de partes que

interagem com interdependência, que constituem um todo único, possuindo objetivo

específico e efetuam determinada função.

Os sistemas, portanto, são compostos por:

Page 59: Monografia Raphael Final

58

Objetivos: referentes tanto aos dos usuários do sistema quanto ao do

próprio sistema. É a própria razão de existir, se trata da finalidade para

qual o sistema foi criado;

Entradas (inputs): são as forças que fornecem ao sistema os insumos,

o material, a informação para o processo ou operação, que redundará

nas saídas (outputs) do sistema que devem ser consonantes com os

objetivos;

Processo de transformação: função que viabiliza as transformação das

entradas em um produto, saída ou resultado. É a maneira como os

componentes interagem a fim de produzir as saídas desejadas.

Oliveira (2002) indica que o limite do sistema é onde se analisa a

influência que o sistema sofre ou provoca.

Ambiente, por sua vez, é o conjunto de fatores que não pertencem ao

sistema, mas:

Qualquer alteração no sistema pode influenciar mudanças nestes

fatores externos;

Qualquer alteração nos fatores externos podem redundar em

mudanças no sistema;

Subsistema, por sua vez, são as partes identificadas de forma

estruturada, que compõem sistema.

Maximiano (2004) afirma que qualquer entendimento sobre a ideia de

sistema compreende:

Um conjunto de entes denominados partes, elementos ou

componentes;

Alguma modalidade de relação ou interação das partes;

A distinção de uma nova entidade.

Page 60: Monografia Raphael Final

59

Cury (2007) ressalta que, ainda dentro desse enfoque, também deve

ser analisado o relacionamento entre os subsistemas internos da organização

buscando otimizar seu funcionamento harmônico.

Partindo da premissa de que qualquer projeção de mudanças em um

deles, o tecnológico, por exemplo, acarretará, necessariamente, em reflexos

imediatos nos demais, como o social e o gerencial, tornando indispensável a

interface que evitará a ocorrência de entropia.

Para um melhor entendimento, Cury (2007) resume os componentes

básicos desta perspectiva, dentro de uma conotação de desenvolvimento

organizacional.

O autor evidencia a organização como um sistema aberto, deixando

claro suas transações com o ambiente, importando os insumos, o processamento

desses pelos sistemas internos (social, gerencial e tecnológico), redundando nos

produtos (bens ou serviços), exportados para o ambiente.

Assim, Cury (2007) constata que, as transformações sociais tornam

compulsória à organização, como imperativo de sua efetividade, a evolução de seus

produtos, com reflexos diretos sobre a natureza de seus insumos.

As modificações nos insumos e produtos, obviamente, forçam uma

reorganização dos sistemas internos de processamento da organização, que são

interdependentes, objetivos alcançados somente com intervenções planejadas e

integradas. Esses sistemas são descritos, resumidamente, por Cury (2007), a seguir.

O subsistema tecnológico é caracterizado por enfocar a organização

pela sua tecnologia. Melhorando esse subsistema, evidentemente, é necessário

verificar seus reflexos nos outros dois, a fim de que a organização atinja maior

eficácia.

O subsistema social envolve duas ordens de grandeza: a primeira

relativa ao planejamento de recursos humanos para a organização (melhoria nas de

recrutamento e seleção); a segunda, treinamento (desenvolvimento para melhorar o

desempenho dos empregados).

Page 61: Monografia Raphael Final

60

O subsistema gerencial preocupa-se com os processos organizacionais

(estruturas, departamentalização, descentralização versus centralização e tópicos

afins) e empresariais (reengenharia, melhoria, aperfeiçoamento, redesenho etc).

2.17 Sistemas abertos e fechados

Ainda versando sobre sistemas, Araújo (2006) caracteriza as

organizações de sistemas abertos em contraposição às de sistemas fechados.

As de sistemas abertos são aquelas que demandam constantemente

de informações qualificadas da ambiência externa, não só em relação à natureza

deste meio, mas também quanto à quantidade e qualidade dos insumos

disponibilizados, mas também quanto à adequação dos produtos ou serviços ao

ambiente.

Araújo (2006) afirma que estas organizações estão sempre em busca

do retorno, do feedback para poder aferir seu desempenho, verificar se tem atendido

adequadamente às expectativas de seus usuários, funcionando sob supervisão do

ambiente onde atua.

Em contrapartida, relata que as organizações de sistema fechado,

focam em obedecer a regramentos internos rígidos em detrimento das demandas da

sua clientela, alheias às mudanças rápidas e contínuas que podem vir a ocasionar o

seu próprio desaparecimento, fruto de sua inadequação e inoperância diante delas.

Figura 4 - Componentes básicos da organização vista como sistema aberto. Fonte: Cury (2007, p.296).

Page 62: Monografia Raphael Final

61

2.18 Visão sistêmica aplicada a órgãos de segurança pública

Para Cury (2007), a chamada visão horizontal, ou visão sistêmica de

uma organização, a seu turno, retrata um novo enfoque, demandado pelo

dinamismo da sociedade atual, forçando as organizações a melhorar seu

desempenho, para atender a um mercado altamente competitivo e globalizado.

A visão sistêmica da PMMG (2010), que compreende a forma de

enxergar a organização como um sistema integrado, inclusive à sociedade, isto é,

contextualizar as partes da organização para entender o funcionamento do todo,

considerando que o papel das partes influencia na estrutura do todo, gerando com

isso, um pensamento sistêmico.

Pensamento sistêmico que consiste, portanto, no entendimento das

relações de interdependência entre os diversos componentes da organização, que

neste modelo abrange a relação entre o órgão policial e o ambiente externo,

conforme preceitos da Fundação Nacional de Qualidade.

Assim, o desempenho positivo ou negativo de um componente do

sistema pode afetar toda a organização.

A Figura 5 demonstra a configuração estrutural da PMMG, enquanto

sistema organizado, com a respectiva divisão setorial, demonstrando a disposição

de seus subsistemas, componentes e elementos de gestão.

Page 63: Monografia Raphael Final

62

Figura 5 - Estrutura da PMMG como Sistema.

Fonte: PMMG (2010, p. 17).

Page 64: Monografia Raphael Final

63

Já para a PMESP (2010), o pensamento sistêmico refere-se ao

entendimento das relações de interdependência entre os diversos componentes de

uma organização, bem como entre a organização e o ambiente externo.

Esse conceito é colocado em prática ao se criar um ambiente propício

para a disseminação de conhecimentos e experiências que inclua as redes

informais.

O Pensamento Sistêmico, segundo a PMESP (2010), é mais facilmente

demonstrado e compreendido pelas pessoas de uma organização quando esta

adota um sistema de gestão e o dissemina de forma transparente, com

monitoramento por meio de auto-avaliações sucessivas.

A PMESP (2010) conclui que a abordagem sistêmica representa o

olhar do conjunto da organização e o entendimento de que qualquer impacto nas

partes gera alterações substanciais no todo, impactando sobremaneira seus

resultados. Assim sendo, ela representa a visão holística da administração.

2.19 Métodos de trabalho

D’Ascenção (2001) afirma que método de trabalho é o caminho, ou

forma pela qual uma ou mais operações de um processo devem ser executadas com

o fim de se alcançar o resultado esperado.

Todo processo administrativo deve ter um método que permita maior

rendimento, com menor esforço operacional, menores riscos, custos, gasto de

tempo e melhor qualidade.

São exemplos de métodos administrativos os fluxogramas, o quadro de

distribuição do trabalho, o lay out e a manualização.

2.19.1 Fluxogramas

Oliveira (2002) define fluxograma como sendo a representação gráfica

que apresenta a sequência de um trabalho analiticamente, caracterizando as

operações, os responsáveis e se for o caso, unidades organizacionais envolvidas.

Page 65: Monografia Raphael Final

64

O autor afirma que o seu emprego é universal, intenso e amplo, visto

que ele aponta como se faz o trabalho e investiga problemas, cuja solução interessa

ao exercício de uma administração racional.

Posteriormente, salienta que o fluxograma representa de forma

racional, lógica, clara e sintética, rotinas ou procedimentos que estejam envolvidos

documentos, informações emitidas, processadas e recebidas.

Além disso, o método de trabalho mostra a circulação de papéis e

formulários entre as diversas unidades da organização ou entre pessoas.

O fluxograma é empregado para pesquisar falhas na distribuição de

cargos e funções nas relações funcionais, na delegação de autoridade, na atribuição

de responsabilidade e na otimização de outros processos administrativos.

A ferramenta aponta as tramitações ilógicas e a dispersão de recursos

materiais e humanos, constituindo, assim, o fundamento de todo trabalho

racionalizado, dividindo-o e dispondo-o no tempo e no espaço.

Araújo (2006) afirma que as modernas tecnologias de estudo e gestão

organizacional apontam a análise de processos como sendo a melhor alternativa

para se atingir uma melhor dinamicidade no cotidiano da organização.

Esta análise deve ocorrer no dia-a-dia, visando o melhor uso da

informação e sua constante revisão.

Conforme lista D’Ascenção (2001), por meio da elaboração de um

fluxograma com o auxílio de softwares específicos que também facilitam a análise

do fluxo do processo em estudo, podemos identificar os seguintes aspectos:

As operações realizadas;

Onde são realizadas;

Quem as executa;

Quais os locais de entrada e saída;

Qual o fluxo das informações;

Page 66: Monografia Raphael Final

65

Quais são os recursos empregados ao longo do processo;

Quais os custos;

Qual o volume de trabalho; e

Qual o tempo de execução.

Ballestero-Alvarez (2000) completa informando que a sua confecção

emprega símbolos padronizados, que permitem poucas variações.

Continua especificando que existem dois grandes tipos de fluxogramas,

aqueles que são mais adequados para descrever pequenas atividades e aqueles

mais complexos, que envolvem uma grande quantidade de ações, decisões, funções

e áreas.

Lerner (1992) entende que os fluxogramas não devem ser classificados

quanto ao grau de sigilo, visto que, registra-se o máximo proveito destes quando

amplamente divulgados, pois desta forma viabiliza-se a conscientização e o

doutrinamento de toda organização.

Além disso, afirma Lerner (1992), os fluxogramas proporcionam uma

melhor visualização dos acontecimentos, viabilizando a análise e conclusões mais

eficazes, em menor tempo.

Vale ressaltar que são consideradas pequenas atividades, aquelas

compostas por poucos passos e que requerem uma simbologia restrita, que na

maioria dos casos pode ser representada em sequência, com até trinta passos e que

não envolva mais do que três áreas.

Em contrapartida, atividades complexas, são aquelas que possuem

mais de trinta passos e envolvem mais do que três áreas da organização.

Para pequenas atividades, o fluxograma mais adequado é o vertical e

para atividades mais complexas, o fluxograma mais indicado é o horizontal ou

qualquer de suas variações.

Page 67: Monografia Raphael Final

66

Figura 6 – Formulário de fluxograma vertical. Fonte: Cury (2007, p. 361).

Page 68: Monografia Raphael Final

67

2.19.2 Quadro de distribuição de trabalho (QDT)

Oliveira (2002) afirma que encontra-se restrita à organização a análise

da repartição das tarefas, possuindo o seu executor autoridade e responsabilidade

para executá-la dentro dos padrões previamente estabelecidos.

A estrutura formal de uma organização abrange as unidades

organizacionais e seus relacionamentos, as pessoas que executam as atividades e o

trabalho a ser executado, que passa por um processo de divisão que redunda na

especialização das atividades e das pessoas.

A realização do estudo da distribuição do trabalho visa responder as

seguintes perguntas:

Como distribuir, de modo balanceado, as tarefas a serem realizadas

pela organização?

Como avaliar a distribuição da carga laboral?

O Quadro de Distribuição de Trabalho (QDT), trata-se de um

instrumento de estudo que viabiliza:

A visão geral de todas as tarefas desempenhadas pela unidade

organizacional;

A comparação entre as tarefas executadas por diferentes profissionais;

A comparação da duração das tarefas;

Aferir se há equilíbrio no volume de trabalho executado pelos

profissionais;

Aferir o grau de especialização demandado;

Verificar a ocorrência de tarefas dispersas ou desconexas entre vários

executores;

Estabelecer critérios de distribuição do trabalho;

Page 69: Monografia Raphael Final

68

Estabelecer a situação ideal, equalizando a distribuição das tarefas.

Lerner (1992) afirma que compete à organização sistemas e métodos,

analisar, coordenar e assessorar qualquer órgão no que se refere às demandas de

aumento de efetivo.

Cury (2007) afirma que o estudo da distribuição do trabalho possibilita:

Diagnosticar eventuais tempos mortos;

Indicar as tarefas de maior relevância ou que demandem maior tempo

de manipulação;

Controlar a relação entre treinamento dos profissionais e as tarefas e

serem desempenhadas.

Ballestero-Alvarez (2000) indica que os objetivos do QDT são os

seguintes:

Definir quem faz o que;

Estabelecer o fluxo normal da atividade principal;

Avaliar a fluência do processo produtivo;

Verificar sobrecarga ou ociosidade de trabalho;

Analisar a compatibilidade entre cargos e funções;

Verificar a equivalência entre a formação do pessoal com a tarefa a ser

executada.

Em seguida, define QDT como sendo o instrumento que descreve as

tarefas desenvolvidas dentro de uma área, especificando o tempo demandado entre

os executores na atividade em análise.

Page 70: Monografia Raphael Final

69

Figura 7 - Relatório de consolidação de atividades Fonte: Ballestero-Alvarez (2000 p. 144).

Page 71: Monografia Raphael Final

70

Figura 8 - Quadro distributivo do trabalho Fonte: Ballestero-Alvarez (2000 p. 145).

2.19.3 Lay out ou leiaute

Ballestero-Alvarez (2000) relata que lay out ou leiaute, foca a

disposição e a localização em uma planta de todas as variáveis que são objeto de

manipulação em qualquer empresa. Alguns princípios básicos são os seguintes:

Emprego dos recursos humanos sem ocorrência de ociosidade nem

sobrecarga;

Respeito às normas técnicas para a disposição e operação de

máquinas e equipamentos;

Page 72: Monografia Raphael Final

71

Viabilização de fluxo otimizado, com o mínimo de cruzamentos e

retrocessos;

Redução do tempo de percurso, empregando as mínimas distâncias

possíveis;

Áreas mais adequadas para favorecer a produtividade;

Previsão de crescimento, requerendo flexibilidade em relação a

arranjos econômicos e viáveis;

Respeito às normas de segurança vigentes para pessoas, máquinas e

equipamentos.

Cury (2007) cita os seguintes objetivos de um projeto de lay out:

Diminuir a movimentação de pessoas, materiais, produtos e

documentos no interior da organização;

Racionalizar os fluxos de produção ou de tramitação de processos;

Otimizar as condições de trabalho dos profissionais na organização;

Aproveitar da melhor forma o espaço útil disponível.

Araújo (2006) afirma que o estudo de lay out não deve contemplar

somente o aspecto visual e o conforto, mas também o fluxo existente entre pessoas

e papéis.

Completa dizendo que os arranjos físicos devem sempre ser

estabelecidos por meio de um estudo planejado efetuando a distribuição de móveis,

equipamentos e pessoas pelo espaço disponível, da forma mais racional possível.

Oliveira (2002) relata que as organizações que apresentam os

seguintes óbices, são as que costumam adotar um estudo de arranjo físico:

Excessiva demora no desenvolvimento dos trabalhos;

Frequente concentração de pessoas e papéis;

Page 73: Monografia Raphael Final

72

Inadequado fluxo de trabalho;

Planejamento espacial inadequado, proporcionando

descontentamentos e baixa produtividade;

Necessidade de locomoção de pessoas por grandes distâncias, no

interior da organização.

Figura 9 - Lay out de escritório.

Fonte: Cury (2007 p. 401).

2.19.4 Manualização

D’Ascenção (2001) define manual como sendo o conjunto ou coleção

de normas, diretrizes, políticas, objetivos, instruções e orientações que indicam para

todos os profissionais da organização o que deve ser feito, como, onde, quem,

quando deve fazer e por que é feito.

Cury (2007) argumenta que os manuais são instrumentos de gerência

de relativa duração, porém, não devem se tornar eternos, e sim ser encarados com

um instrumento executivo-normativo cuja utilidade organizacional é proporcional ao

seu nível de flexibilidade e rapidez em se adaptar às mudanças processadas;

Page 74: Monografia Raphael Final

73

O objetivo dos manuais, afirma Cury (2007), é uniformizar

procedimentos que devem ser observados por todos os profissionais da

organização.

Quando elaborados com base na cultura organizacional serve de

instrumento de racionalização de métodos, favorecendo a comunicação e o

aperfeiçoamento da integração dos diversos subsistemas organizacionais.

Araújo (2006) relata que os manuais têm como escopo orientar como

fazer, ou seja, ensinar a realizar o trabalho.

O autor finaliza dizendo que o foco da manualização é facilitar a

reunião de informações de modo sistematizado, criteriosa e especializada, atuando

como instrumento facilitador do bom e adequado funcionamento da organização.

2.20 O processo de análise administrativa

O processo de Análise Administrativa é exaustivamente abordado por

Cury (2007), porém, alguns passos, etapas e fases da ferramenta de gestão,

também são abordado por outros autores como Lerner (1992), Ballestero-Alvarez

(2000), D’Ascenção (2001), Oliveira (2002) e Araújo (2006) como veremos a seguir.

2.20.1 Conceito

Segundo Cury (2007), a análise administrativa, além de ser um

processo e trabalho que objetiva efetuar diagnósticos das causas e estudar soluções

integradas para os problemas administrativos, trata-se de uma metodologia de

mudança organizacional que possui a responsabilidade básica de planejar esta,

aperfeiçoando:

O clima organizacional;

A estrutura organizacional;

Os processos de trabalho; e

Os métodos de trabalho.

Page 75: Monografia Raphael Final

74

Seus pontos fundamentais, dentro de um enfoque comportamental

ocorrem em dois momentos distintos, sendo eles:

*Diagnóstico situacional das causas que identifica os seguintes itens

que vigoram na organização:

- o clima organizacional;

- a estrutura organizacional;

- os processos de trabalho; e

- os métodos de trabalho.

Este diagnóstico dá por meio das fases de:

Levantamento dos dados, que abrange a realização dos procedimentos

de revisão de literatura, aplicação de questionários, entrevistas e

observação pessoal;

Crítica do levantamento que necessariamente, como condição

fundamental para o êxito do processo deve focar nesta fase a

organização como um sistema aberto, identificando os problemas

administrativos e elaborar os instrumentos executivos da realidade

encontrada.

Intervenção planejada, envolvendo:

O estudo das soluções dos problemas identificados por ocasião do

diagnóstico nas fases de planejamento da solução e crítica deste planejamento;

Planejamento das mudanças por meio das fases de implantação das

mudanças e de controle dos resultados.

Todos estes pontos fundamentais citados podem ser vistos

esquematicamente no quadro a seguir

Page 76: Monografia Raphael Final

75

Figura 10 - Pontos fundamentais de análise administrativa. Fonte: Cury (2007, p. 282) modificado.

Para maior eficácia, a Análise Administrativa deve ser realizada por

meio de uma metodologia que procure atingir as condições absolutamente

necessárias à sobrevivência de uma organização na sociedade coeva, de grandes,

rápidas e complexas mudanças em todos os setores, sendo estas as seguintes:

o constante aperfeiçoamento das práticas de trabalho; e

a renovação organizacional.

Page 77: Monografia Raphael Final

76

2.20.2 Condições ótimas para a realização da análise administrativa

Cury (2007) salienta que o apoio da administração estratégica com

ações que promovam:

O descortinamento de cenários;

A enunciação de visões;

A formulação de estratégias; e

A definição das diretrizes gerais do projeto de mudança.

Somado ao fato da equipe de trabalho responsável pelo processo ter

uma visão global da Instituição, aliado à predisposição de convergir os atendimentos

das necessidades institucionais e individuais, considerando a organização como um

sistema aberto, compatibilizando o ambiente externo com os subsistemas internos,

compõem os fundamentos para o êxito da intervenção.

Corroboram para o sucesso dos trabalhos o desenvolvimento por

profissionais que utilizem técnicas de pesquisa científica prática e possuam

pensamento criador que viabilizará:

a identificação dos problemas;

a determinação de suas causas; e

a criação de soluções.

2.20.3 Aplicação da análise administrativa

No que tange a aplicação da metodologia, Cury (2007) cita as

seguintes:

Aprovar estrutura organizacional de uma instituição;

Permitir uma reorganização estrutural-funcional;

Desenvolver equipes;

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77

Identificar e planejar soluções para os problemas de conflitos

organizacionais;

Avaliar pesquisas de climas organizacionais;

Implantar novas técnicas gerenciais e operacionais;

Levantar necessidades de treinamento;

Contribuir na implantação de práticas administrativas aperfeiçoadas;

Melhorar os instrumentos de simplificação e/ou racionalização do

trabalho (lay outs, utilização de formulários etc);

Elaborar ou rever instrumentos normativos (manuais, normas,

instruções, rotinas etc);

Planejar e/ou rever quadros de pessoal;

Levantar dados para trabalhos de análise profissiográfica.

2.20.4 Dificuldades básicas a serem superadas

Para Cury (2007), o processo tem que ser iniciado com um

planejamento cuidadoso que contemple o envolvimento positivo do público interno

da organização por meio da:

Conscientização de aprender a ver os problemas por si mesmo;

Participação no diagnóstico dos problemas;

Co-responsabilidade na manipulação da solução final.

Almejando o alcance destes propósitos, segundo Cury (2007) é

necessário que seja elaborada uma estratégia balizada por uma sucessão de

atividades variáveis, tanto em conteúdo, quanto em amplitude, conforme a demanda

da natureza do projeto e sua própria evolução, senão vejamos:

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78

Contatos iniciais entre a equipe responsável pelo processo com os

dirigentes da organização para a identificação preliminar da situação-

problema;

Contato da equipe responsável pelo processo com a força de trabalho

da organização expondo as razões da intervenção e os objetivos

visados por ela;

Estruturar o processo de intervenção-diagnóstico com ampla

participação da força de trabalho no andamento do projeto por meio de

reuniões, seminários de treinamento, entrevistas, questionários e

outros recursos similares;

Emissão de relatórios periódicos noticiando o andamento dos trabalhos

a fim de evitar prejuízo ao funcionamento normal dos diversos órgãos e

nem tão pouco constituir foco potencial de reações ao esforço de

mudança;

O projeto dever ser desenvolvido no menor espaço de tempo possível.

Por ocasião de grandes projetos a realização em fases facilitará a implantação das

mudanças necessárias.

2.20.5 Cultura da organização

Cury (2007) apregoa que mudanças somente serão permanentes,

profundas e bem sucedidas se atingirem a cultura da organização.

Para obter mudanças duradouras não se busca modificar as pessoas,

mas as restrições organizacionais que operam sobre elas.

Neste contexto, considera-se cultura como um conjunto de

pressupostos sociais como normas, valores, recompensas e poder.

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79

2.20.5.1 Normas

De acordo com Cury (2007), uma organização saudável terá o maior

número possível de normas explícitas, em contrapartida, uma instituição ineficiente,

altamente burocrática, possui maior quantidade de normas implícitas.

Quanto mais conformidade existir entre os dois tipos de normas, tanto

mais desenvolvida e eficaz será uma organização.

Neste contexto, Macêdo apud Benny e Nanus (2010), aborda quatro

conceitos organizacionais que co-existem numa relação eternamente conflituosa:

O de organização manifesta, que é aquela formalmente apresentada

no organograma, que geralmente mascara a realidade;

O de organização percebida, que é aquela que as pessoas visualizam

como sendo a realmente existente, corriqueiramente divergindo

drasticamente da organização manifesta;

O de organização existente, que é aquela revelada por uma

observação objetiva, por meio de uma análise estruturada;

O de organização requerida, que é como deveria ser, caso estivesse

de acordo com as necessidades da realidade onde está inserida.

A situação ideal, mas dificilmente atingida é aquela na qual a

organização manifesta, a percebida, a existente e a requerida possuem maior

convergência.

A cultura da organização em que esses quatro conceitos são

contraditórios, assim como a sua identidade é confusa e a integridade difícil de ser

obtida.

Ao fazer um diagnóstico organizacional, Cury (2007) afirma ser

importantíssimo identificar quais as normas que contribuem para a ocorrência esta

distorção. A função do diagnóstico é estudar e entender estas normas para modificá-

las.

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80

Existem basicamente dois tipos de normas que as pessoas se

enquadram, as consideradas eficazes, que geralmente são as quais se conformam e

aquelas consideradas ineficazes, que por sua vez proporcionam pouca moral, ânimo

e integração, devendo estas serem modificadas.

2.20.5.2 Valores

Cury (2007) define valores, como o conjunto de tudo que os integrantes

da organização julgam positivo ou negativo, que constitui o sistema de valores da

organização.

Normas e valores interagem profundamente, existindo, por

conseguinte, uma interdependência entre ambos.

Os valores geralmente estão expressos nas normas. A sociedade em

que se insere a organização também os reflete.

2.20.5.3 Recompensas

Ainda segundo Cury (2007), de acordo com estudos das ciências do

comportamento, é comum o ser humano agir em função daquilo que recebe de

recompensa ou esforço.

É indispensável, portanto, ao longo do desenvolvimento do trabalho,

identificar se a empresa possui um sistema adequado de recompensas que viabilize

aos gerentes, não só laurear os empregados de diferenciado rendimento, mas que

também auxilie no processo de estímulo aos menos dedicados.

Trata-se de uma variável de fundamental relevância, visto que se a

instituição só possui normas punitivas, como geralmente acontece no serviço

público, dificilmente conseguirá motivar seus profissionais.

2.20.5.4 Poder

Informações de fundamental relevância de serem levantadas, afirma

Cury (2007), são:

Page 82: Monografia Raphael Final

81

Quem possui poder dentro da organização?

De que forma e qual o nível de distribuição desse poder?

Qual o grau de centralização ou descentralização da autoridade?

Quem determina as recompensas?

Quem decide as normas e onde estão na organização?

Consequentemente, o entendimento desses quatro pressupostos

psicossociológicos, intrínsecos à cultura de uma organização, é um dos alicerces

para o sucesso do processo de diagnóstico conduzido pelo responsável pela

aplicação da ferramenta.

Principalmente, nas intervenções em que se torna relevante o

entendimento de como a organização funciona do ponto de vista do comportamento

humano.

A fim de servir de guia prático, Cury (2007) apresenta um roteiro de

como se pode adotar um modelo para a efetivação de uma Análise Administrativa,

com enfoque comportamental, com relativa segurança, seja qual for o nível de

complexidade que a intervenção propuser.

2.20.6 Programa de trabalho para uma análise administrativa

Oliveira (2002) afirma que o conhecimento das principais fases a serem

seguidas da metodologia de levantamento, análise, desenvolvimento e implantação

de métodos administrativos é de suma importância para o adequado

desenvolvimento dos trabalhos de sistemas, organização e métodos.

Cury (2007) salienta que, uma vez decidida a realização de um

trabalho qualquer, envolvendo a Análise Administrativa, primeiramente a alta direção

da organização deverá dar ampla divulgação da intervenção a ser realizada, ou

delegar essa divulgação ao nível setorial.

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82

Com este procedimento, serão expostas as razões da medida e

também os objetivos a serem alcançados, não deixando de evidenciar, as prováveis

melhorias que poderão advir para a organização e seus profissionais.

Em seguida, independentemente da natureza do trabalho a ser

executado, a Análise Administrativa poderá se pautar pela metodologia abaixo

descrita, devendo ser realizada por uma equipe especialmente constituída para esta

finalidade, com técnicos internos e/ou externos ou mista:

Fase I – Diagnose situacional das causas:

Levantamento;

Crítica do levantamento.

Fase II – Estudo da solução dos problemas

Planejamento da solução;

Crítica do planejamento.

Fase III – Implementação das mudanças

Implantação;

Controle de resultados.

Conforme Oliveira (2002) é necessário estabelecer estas fases, de tal

modo que, para cada uma delas, possam ser definidos claramente seus objetivos e

os resultados esperados, facilitando a execução e o controle de qualquer tipo de

projeto, mesmo aqueles mais complexos.

É importante também, estabelecer um anteprojeto de trabalho, com

indicação de responsáveis pelas tarefas, tempos previstos e datas esperadas para a

conclusão de cada passo, etapa e fase.

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83

Figura 11– Cronograma. Fonte: Cury (2007, p. 308).

2.20.6.1 Levantamento

Conforme D’Ascenção (2001), a etapa de levantamento é uma fase

crítica da Análise Administrativa, visto que é por meio dela, com o emprego de

técnicas metodologicamente válidas, que a equipe de analistas fica conhecendo

toda a realidade do que acontece em relação ao órgão foco da intervenção,

podendo, por conseguinte, propor sua melhoria.

Ballestero-Alvarez (2000) completa informando que todos os passos do

levantamento estão direcionados para o fornecimento de todas as informações

necessárias para que o processo de Análise Administrativa possa ser desenvolvido

como base em dados reais e verdadeiros.

Page 85: Monografia Raphael Final

84

As técnicas de investigação possuem os seguintes propósitos:

Estabelecer claramente e caracterizar detalhadamente o problema que

está sendo estudado;

Fornecer dados e informações requeridas que viabilizem a definição

clara do problema em estudo;

Aferir se as declarações apresentadas pelo usuário condizem com a

realidade;

Fornecer detalhes a respeito da situação atual;

Identificar todos os atos e fatos organizacionais, estruturais, funcionais,

administrativos, operacionais, independentemente de qualquer

modalidade de pessoalidade;

Definir a real estrutura organizacional da instituição;

Estabelecer a interdependência e inter-relação entre partes, estruturas,

subestruturas da organização em estudo;

Detectar os recursos existentes atualmente na organização.

Cury (2007) afirma que a fase inicial será dividida em levantamento

propriamente dito e crítica do levantamento.

Assim, o levantamento compreende os quatro passos abaixo:

Revisão da literatura;

Questionário;

Entrevista;

Observação pessoal.

Page 86: Monografia Raphael Final

85

Trata-se de etapas inter-relacionadas, valendo ressaltar que, quanto

melhor efetivado um passo anterior, tanto mais facilidade o analista encontrará no

subsequente.

Segundo Cury (2007), a recíproca também é verdadeira, uma revisão

da literatura mal executada, por exemplo, acarretará em sérias dificuldades à

elaboração do questionário, obrigando a regressão ao passo anterior sob pena de

comprometer-se toda a fase.

É importante ressaltar que o início do projeto deve ocorrer após o

diagnóstico preliminar da situação-problema.

Araújo (2006) ressalta que o emprego de três destes instrumentos

(questionário, entrevista e observação pessoal) possibilita o cumprimento de uma

boa análise organizacional.

D’Ascenção (2001) corrobora ressaltando a ―atitude interrogativa‖ que a

equipe de levantamento deve possuir, conforme a Figura 12, abaixo:

ATITUDE INTERROGATIVA NO LEVANTAMENTO

Que é feito?

Como é feito?

Quando é feito?

Onde é feito?

Quem faz?

Para quem é feito?

Por que é feito?

Qual o volume de trabalho?

Qual o custo?

Figura 12 - Atitude interrogativa no levantamento. Fonte: D’Ascenção (2001, p.90).

Ressalta ainda que para obter habilidade, o saber fazer necessário,

para atingir ganho de produtividade no levantamento, efetuando-o no menor espaço

Page 87: Monografia Raphael Final

86

de tempo, com custos reduzidos, demandará experiência do profissional

responsável pela aplicação da ferramenta, que por sua vez só de adquire por meio

da prática frequente de vários levantamentos.

2.20.6.1.1 Revisão da literatura

D’Ascenção (2001) relata que este passo visa ampliar o conhecimento

da equipe de intervenção, em relação aos seguintes aspectos: histórico dos

problemas antecedentes, adoção de medidas para saná-los e óbices legais

relacionados.

Está atrelada, porém à existência de uma cultura da documentação na

organização.

Cury (2007) atesta que este passo abrange a identificação, coleta e

análise de todos os instrumentos escritos – internos ou externos à organização –

relacionados ao tema que está sendo desenvolvido, com ênfase na legislação, nos

instrumentos executivos (IEX) da instituição, como normas, instruções, rotinas,

estatuto social, organogramas, regulamentos, fluxogramas, relatórios e outros

documentos similares, assim como bibliografia específica.

Este passo proporciona à equipe responsável pelo projeto adquirir

maior conhecimento da organização e do tema a ser desenvolvido, o que se torna

indispensável para uma adequada manipulação das demais fases do levantamento,

ou seja, questionários, entrevistas e até a observação pessoal.

Segundo D’Ascenção (2001), apesar de permitir uma visão geral rápida

de toda a organização e fazer análises comparativas entre o que está documentado

e o que existe realmente, não se trata de uma técnica que possa ser utilizada

independentemente das outras.

2.20.6.1.2 Questionário

Oliveira (2002) salienta que o questionário geralmente é preenchido,

anteriormente, para que depois, as informações coletadas sejam complementadas

por meio da entrevista.

Page 88: Monografia Raphael Final

87

Cury (2007) afirma que questionário, é um instrumento de grande

utilidade nessa etapa. Apesar da complexidade de sua elaboração, o seu emprego é

adequado quando:

Há escassez de tempo para se entrevistar todas as pessoas cujas

informações desejamos obter ou quando o número dessas pessoas é

tão grande que as inviabilize; conforme Araújo (2006) somente se

aplica o questionário quando não há tempo hábil para realização da

entrevista;

As informações a serem coletadas possam ser trabalhadas para fins

estatísticos;

As pessoas que possuem informações relevantes para o trabalho e

demandaria serem entrevistadas estão situadas em locais muito

distantes;

O instrumento, porém, apresenta algumas limitações, sendo oportuno

listar as seguintes:

Indisponibilidade e indisposição dos indivíduos para o preenchimento,

não só pela dificuldade em seu manuseio, mas também, em virtude do

pouco tempo disponível para esse fim, o que é agravado pelo fato das

organizações, às vezes, abusarem de sua utilização;

Inibição do inquirido na elaboração de críticas e sugestões, pois,

conforme Araújo (2006), eles temem sua identificação, mesmo quando

lhe é garantido o anonimato;

Eventual inabilidade com as palavras do intérprete, levando-o a

responder o questionário de forma inadequada;

Os questionários são impessoais, impedindo a coleta daqueles dados

que surgem numa entrevista, seja a título de desabafo ou de

confidência do interlocutor.

Page 89: Monografia Raphael Final

88

Na elaboração do instrumento, segundo Cury (2007), deverá ser

observado:

Antes de remeter o questionário, deverá haver o apoio e a colaboração

efetiva dos chefes mais graduados dos profissionais que irão respondê-

lo;

Os questionários devem ser cuidadosamente planejados, atentado

sempre para que as perguntas sejam redigidas com a máxima clareza,

sem ambiguidade. Se o tema for complexo, inserir no instrumento uma

sucinta introdução, fazendo uma revisão da literatura relacionada, o

que se torna ainda mais relevante se não for viável realizar reuniões

preparatórias para explicar os objetivos do instrumento e seu

significado;

Os questionamentos, sempre que possível, devem ser elaboradas de

forma que as respostas possam ser simples e diretas, com ―sim‖ ou

―não‖ ou com o mínimo de redação;

As perguntas devem possibilitar a tabulação ou a análise das

respostas, permitindo conclusões objetivas sobre o trabalho em

processamento;

Quando o instrumento se destinar a um grupo numeroso e diversificado

de pessoas, é importante que o instrumento seja previamente testado,

com o intuito de eliminar qualquer ambiguidade de interpretação.

Deve envolver os seguintes tipos, segundo Cury (2007), de acordo com

o assunto a ser explorado:

Os que versarem sobre estratégia, ambiente, estrutura, níveis

gerenciais, áreas de eficácia e modelos de organização predominantes

para aplicação aos gestores dos níveis de chefes de departamento e

diretores;

Page 90: Monografia Raphael Final

89

Os que abordarem assuntos sobre ambiente, tecnologia, estrutura e

clima da organização, para aplicação a gestores de nível de órgãos de

apoio e operacionais;

Sobre clima da organização, deve ser aplicado a uma amostra

significativa dos profissionais;

Sobre métodos e processos de trabalho, para aplicação a uma amostra

significativa de supervisores e outros profissionais mais qualificados.

D’Ascenção (2001) relata que toda documentação produzida durante a

fase de planejamento, elaboração e aplicação dos questionários deverá ser

devidamente arquivada, no intuito de permitir posteriores consultas.

2.20.6.1.3 Entrevista

Oliveira (2002) afirma que é a técnica mais empregada pelos analistas

de organização, sistemas e métodos e é a mais recomendável para levantamento de

informações passíveis de reflexão.

É a maneira mais indicada para levantar aspectos de liderança, saber a

respeito das pessoas que se subordinam ao entrevistado e o que este pensa sobre a

empresa.

Porém, não deve deixar de ser um instrumento planejado, organizado,

dirigido, controlado e avaliado.

D’Ascenção (2001) relata a inexistência de um padrão de

procedimentos para a realização da técnica de entrevista, o que existe são alguns

procedimentos consagrados, comuns para quase todas as entrevistas e devem ser

levados em consideração.

A ausência de um padrão deve-se ao fato de que cada caso de

emprego da técnica apresenta particularidades e características próprias.

Como diferencial da aplicação da técnica, reside o característica de

viabilizar o contato direto do analista com a cultura da organização e de seus

Page 91: Monografia Raphael Final

90

membros, sentindo e percebendo as restrições, medos e reações de cada um e em

grupo.

Trata-se de uma ferramenta de trabalho que mexe com idiossincrasias

do ser humano, que consiste na maneira de ver, sentir e reagir peculiar de cada

indivíduo.

Ballestero-Alvarez (2000) afirma que cada pessoa é um universo

individual, único, que possui seus próprios pontos de referência, suas

características, sua personalidade e forma particular de expressar os fatos; o que

pode ser pouco para um, pode ser muito para outro, caracterizando também a

idiossincrasia do ser humano.

E completa citando os seguintes objetivos da aplicação da ferramenta:

Obtenção de informações e dados qualitativos e quantitativos;

Obtenção de respostas francas, verdadeiras e completas do

entrevistado com relação ao problema;

Cientificar o entrevistado sobre a grande relevância de sua participação

no processo de mudança em andamento;

Proporcionar a integração entre os componentes da equipe de

analistas e os profissionais do órgão sob intervenção;

Concomitantemente, perceber, sentir e conhecer in loco o ambiente de

trabalho sobre o qual serão desenvolvidos os trabalhos.

Cury (2007) salienta que é de fundamental importância para se extrair

informações que estão armazenadas na memória das pessoas.

Segundo Araújo (2006), a função precípua do entrevistador é: estimular

e provocar respostas.

E complementa afirmando que a entrevista tem também a função de,

quando bem aplicada, minimizar as resistências, envolvendo os entrevistados,

proporcionando maior grau de participação e discussão.

Page 92: Monografia Raphael Final

91

Cury (2007) continua relatando que as entrevistas devem ser

desenvolvidas com uma amostra significativa do público que respondeu os

questionários, porém os roteiros a serem preparados devem obedecer às

perspectivas dos quatro modelos de questionários.

A entrevista também é o instrumento mais adequado para levantar de

todos integrantes da organização, as informações abaixo relacionadas:

Quais são suas qualificações;

O que realmente fazem;

Qual o seu grau de identidade com a política da empresa;

Qual o seu nível de entendimento das instruções que lhes são

ministradas;

Quais as tarefas que realizam e que não fazem parte de nenhuma

rotina específica do departamento em que trabalham;

Quais suas idéias a respeito da organização, em geral, e de seu setor,

em particular, além de outros problemas correlatos.

A entrevista, segundo Cury (2007), apresenta algumas limitações,

sendo elas:

Alguns entrevistados não possuem muito a dizer ao entrevistador,

deixando de prestar importantes informações de relevo para bom

processamento do trabalho; fato corriqueiro em organizações muito

formais;

Outros mesmo desconhecendo o assunto foco da entrevista,

respondem a tudo que lhes é questionado, atuando como verdadeiros

palpiteiros e adivinhadores, ao invés de reconhecerem sua alienação

com relação ao assunto;

É extremamente importante que o entrevistador registre através de

meio eletrônico ou por escrito, as informações que lhe são fornecidas,

Page 93: Monografia Raphael Final

92

a inobservância desta recomendação, pode induzi-lo a erros

prejudiciais à análise que pretende executar. A gravação, no entanto só

deve ser empregada mediante autorização do entrevistado,

necessariamente, por escrito.

Durante a realização do procedimento, é interessante observar

algumas recomendações que têm provado sua importância na prática:

As pessoas a serem entrevistadas devem ser cuidadosamente

selecionadas. Isto pode ser feito por meio da análise dos questionários

respondidos, a partir de então, o entrevistador terá condições de fazer

uma boa relação de entrevistados;

É muito importante que o entrevistador esteja bem familiarizado com o

assunto a ser abordado na entrevista e com a terminologia empregada,

visto que, pode surgir a necessidade de dar explicações técnicas e

ainda, conforme Araújo (2006), os termos técnicos, quanto os jargões

internamente empregados são importantes em um estudo

organizacional;

Deve ser passada aos entrevistados, pelo entrevistador, uma ideia

geral do assunto a ser perguntado e do tipo de informação de que

demanda;

As entrevistas devem ser realizadas dentro da maior informalidade

possível, não sendo dispensada a obediência a um plano de coleta de

dados organizado previamente;

Conforme D’Ascenção (2001) orienta, não é adequado fazer

comentários que induzam a juízos e explicações sobre o que é certo ou

errado em relação ao processo em execução, visto que isto pode

acarretar na formulação de conclusões equivocadas por parte dos

entrevistados prejudicando os trabalhos de levantamento;

Page 94: Monografia Raphael Final

93

O entrevistador deverá estar sempre consciente de que seu objetivo é

obter elementos para análise posterior, não corrigir falhas, nem tão

pouco, discutir com o entrevistado;

É muito comum ocorrer o desvio de foco da entrevista, cabendo ao

entrevistador controlar essa situação e reconduzir a conversa para o

fim destinado;

D’Ascenção (2001) indica que o entrevistador deve estar atento a tudo

o que ocorre durante a entrevista, incluindo fatos externos como a

frequência com que o telefone toca, o trânsito de pessoas no ambiente,

a quantidade de interrupções, a disposição dos móveis e arquivos no

ambiente, visto que todas estas informações facilitam a análise do

processo;

Ballestero-Alvarez (2000) corrobora relatando que podem também ser

observados os níveis de delegação e priorização de atividades, níveis,

carga, estrutura e divisão do trabalho;

Após a realização da entrevista deve ser verificada a existência de

questões ainda duvidosas a serem dirimidas. Devendo o entrevistado ser

questionado novamente, caso isso ocorra, ou o entrevistador observar, mais adiante,

como as coisas se processam, na prática, na organização.

Araújo (2006), afirma que e relevância da entrevista reside no fato de

que por meio dela, pode-se auscultar o indivíduo que faz, que executa a tarefa, que

pode dar excelentes opiniões sobre seu trabalho, da unidade e de outros aspectos

da organização.

2.20.6.1.4 Observação pessoal

D’Ascenção (2001) argumenta que esta técnica consiste na verificação

in loco, de tudo o que acontece no ambiente em que se realiza a intervenção.

Page 95: Monografia Raphael Final

94

Segundo Araújo (2006), a observação pessoal não poderá ser o único

instrumento a ser utilizado para a realização de tomada de informações, qualquer

que seja o estudo em desenvolvimento.

Justifica-se esta restrição pelo fato de não ser possível admitir que um

simples olhar possa dar contornos nítidos e definitivos a uma situação qualquer.

Araújo (2006) reitera afirmando que mesmo considerando que o olhar

não foi tão simples assim, é extremamente difícil interpretar com precisão o que está

verdadeiramente ocorrendo na área observada.

Ballestero-Alvarez (2000) lista os objetivos do emprego da referida

técnica:

Obter dados quantitativos e qualitativos;

Conhecer efetivamente o ambiente em que se desenvolvem os

trabalhos, foco do estudo;

Conhecer formas de grupos, equipes, lideranças, relações

interpessoais e associações informais;

Detectar as forças atuantes no ambiente;

Definir níveis de cooperação e competição;

Verificar e validar as informações colhidas em questionários e

entrevistas.

Oliveira (2002) afirma que a partir do momento em que a observação

pessoal serve a um objetivo formulado de pesquisa e é sistematicamente planejada

e submete-se a verificações e controles de validade e precisão, torna-se uma

técnica científica.

De acordo com Cury (2007), as informações obtidas na revisão da

literatura, questionários e entrevistas só podem ser comparadas com a realidade dos

fatos, por meio da observação pessoal.

Page 96: Monografia Raphael Final

95

Correções de idéias e impressões erroneamente colhidas podem ser

efetivadas pela observação pessoal dos fatos em análise.

Deve ser realizada somente se houverem fatos controversos no

levantamento até então realizado.

Parte deste processo pode ser desenvolvida paralelamente à

realização das entrevistas.

Este passo também viabiliza a identificação de condições de trabalho,

sinalizando a necessidade de análises futuras ou de análise de natureza diversa

daquela que se estiver sendo realizada.

Como em um trabalho de reorganização estrutural, em que o

responsável pela aplicação da ferramenta observa uma série de rotinas que devem

ser modificadas e/ou racionalizadas.

Embora seja um dos melhores métodos de coleta de informação, para

a Análise Administrativa, deve ser empregada com algumas restrições, pelas

seguintes razões:

Possui elevado custo ao se considerar o tempo demandado da equipe

de analistas e dos entrevistados;

O período de ocorrência da observação de tarefas administrativas pode

indicar, do modo impreciso, certas falhas, em virtude de variações

quantitativas ou por outros motivos que escapem, em princípio, à

observação do analista, isto quando realizadas em épocas em que o

serviço não pode ser caracterizado como normal em relação à

demanda;

A presença de um observador, mesmo animado das melhores

intenções, em qualquer ambiente laboral, é sempre um fator que pode

causar perturbações aos profissionais encarregados das tarefas sob

observação; destarte, as observações assim processadas podem não

representar com fidedignidade as condições em que o trabalho é

executado.

Page 97: Monografia Raphael Final

96

Conforme Araújo (2006) deve-se evitar o caráter de inspeção, com

visitas inopinadas.

Ao final da etapa de levantamento, como de qualquer uma das outras

cinco fases, deverá se redigido relatório bastante detalhado de todas as ocorrências

positivas ou negativas, com possíveis esclarecimentos das providências tomadas.

2.20.6.1.5 Estratégia de levantamento

Para otimizar a etapa de levantamento, Cury (2007), recomenda que o

profissional responsável pela aplicação da ferramenta, pode utilizar a seguinte

estratégia:

As rotinas mais importantes de um órgão devem ser as primeiras a

passar pelo processo de análise, visto que a revisão das rotinas mais

relevantes acarretará em modificações nas rotinas subsidiárias, que se

agrupam em torno das mais complexas;

Sempre definir claramente, o objetivo ou a finalidade da rotina durante

a análise;

Sempre elaborar gráficos representativos (fluxogramas) das rotinas ao

iniciar a análise;

Somente serão identificados todos os detalhes que podem ser

importantes para a solução final, se forem trabalhados casos reais;

Lançar mão de cópias de relatórios e de todos os formulários que

compõem a rotina;

Ouvir separadamente, cada profissional, passando de mesa em mesa,

durante o levantamento;

Constatar minuciosamente o que é feito, exatamente, por cada

profissional, percorrendo, inclusive, os arquivos empregados e

examinando a documentação de interesse;

Page 98: Monografia Raphael Final

97

Sentar-se à mesa do profissional, visando deixá-lo mais a vontade

acarretará em um melhor aprendizado, do que se o deslocar do local

de trabalho, onde ele poderá sentir acanhado;

Não deixar de examinar as providências tomadas especialmente em

casos especiais, sem perder a concentração nas rotinas que está

acompanhando;

De cada profissional, não deixe de perguntar, durante a conversa:

Quem lhe passa as tarefas?

Como ele recebe estas tarefas?

O que ele faz exatamente?

Como ele repassa as tarefas?

A quem ele se reporta para repassar (dar o retorno) as tarefas?

As respostas recebidas dos vários profissionais devem convergir para o

estabelecido no fluxo geral do trabalho; qualquer divergência ou

omissão deve-se lançar mão da técnica de observação pessoal;

Cientifique o profissional sobre qual é o seu papel, como analista no

processo de Análise Administrativa; mostre a cada um que você está

acompanhando o fluxo do trabalho para que este se torne futuramente

mais fácil e que não é o procedimento individual que lhe interessa

naquela oportunidade;

Faça o empregado sentir a relevância de sua opinião para o sucesso

do trabalho, é fundamental criar um clima propício, deixando o

empregado à vontade, tranquilo;

Nunca tenha pressa, geralmente, as pessoas explicam-se melhor

quando o analista é calmo, simpático e impessoal, concentre-se na

rotina de trabalho;

Page 99: Monografia Raphael Final

98

Permaneça atento às oportunidades de conduzir o profissional a fazer

comentários e dar explicações. Ex.: por que isto é feito neste

momento? Por que isto é feito nesta ordem? E outras perguntas que se

tornem adequadas e que, algumas vezes, podem levantar pontos de

interesse sobre sistemas de trabalhos ou atitudes humanas;

Caso o profissional, durante o levantamento, relatar algo confidencial,

não faça registros, devendo essas informações ser empregadas de

maneira restrita, não obstante serem de grande valor no

desenvolvimento do trabalho de racionalização;

Por ocasião do surgimento de ideias ou lampejos, durante a entrevista,

registre-os, pois eles podem não surgir novamente;

Ao completar o levantamento, será valiosa a elaboração do fluxograma,

para visualização da rotina existente;

Cada passo que constitui a rotina deve ser analisado com cuidado, a

menos que seja evidente não ser necessário na rotina revista.

Um fluxograma bem elaborado pode expor claramente que um trabalho

que poderia ser feito por uma pessoa está sendo feito por várias pessoas;

corriqueiramente, um fluxograma mostra que os mesmos documentos retornam a

um mesmo ponto repetidamente, surgindo, então, a dúvida quanto à necessidade do

retorno; alguns passos evidenciam-se como totalmente inúteis, outros se

demonstram pífios, clamando para que as pessoas se livrem deles.

Concluido este item, é relevante ressaltar, que um bom levantamento,

que registre realmente o método atual em que a organização se encontra, tem as

seguintes vantagens:

Fornecer alicerce para exame e discussão;

Proporcionar o uso de idéias boas, já existentes;

Reduzir a probabilidade do analista não notar atividades essenciais;

Page 100: Monografia Raphael Final

99

Viabilizar um meio de avaliar um sistema de comparação um com o

outro;

Auxiliar na elaboração de manuais de procedimentos.

Finalmente, com o intuito de permitir ao analista organizacional a

elaboração de um adequado anteprojeto de Análise Administrativa, permitindo uma

visão abrangente das áreas/subáreas de análise, é interessante consultar a Figura

13.

Figura 13 – Quadro geral de Análise Administrativa. Fonte: Cury (2007, p.295).

2.20.6.2 Crítica do levantamento

Page 101: Monografia Raphael Final

100

D’Ascenção (2001) afirma que o objetivo desta etapa é verificar se

absolutamente nada foi omitido e se todas as questões relevantes foram

respondidas de modo esclarecedor.

Feito isto, nesta etapa, deverão ser realizados e respondidos os

seguintes questionamentos:

ATITUDE INTERROGATIVA NA CRÍTICA DO LEVANTAMENTO

Que deveria ser feito?

Como deveria ser feito?

Quando deveria ser feito?

Onde deveria ser feito?

Quem deveria fazer?

Para quem deveria ser feito?

Por que deveria ser feito?

Qual deveria ser o volume de trabalho?

Qual deveria ser o custo?

Figura 14 – Atitude interrogativa na crítica do levantamento Fonte: D’Ascenção (2001, p.74, adaptado).

Cury (2007) corrobora dizendo que, concluída a etapa do

levantamento, após a elaboração do competente relatório, para finalizar a primeira

fase do processo de Análise Administrativa, a de diagnose situacional das causas,

deve-se dar início à etapa de crítica do levantamento.

Nesta etapa, o autor afirma que a equipe de analistas responsáveis

pela aplicação da ferramenta, deverá avaliar minuciosamente todas as informações

coletadas, confrontando-as com o diagnóstico preliminar do problema, o que

proporcionará maior segurança e adequação da solução a ser projetada.

Ocorrendo a constatação de falhas e/ou omissões no levantamento

que criem obstáculos a estruturação da solução do problema, uma revisão do

levantamento deverá ser efetuada, em razão do feedback recebido.

Page 102: Monografia Raphael Final

101

Objetivo principal da etapa, segundo Cury (2007), é o perfeito

diagnóstico da situação problema existente na organização, permitindo, assim, a

identificação das origens e consequências dos principais óbices decorrentes:

Da tecnologia;

Do ambiente;

De Estruturas;

De métodos ou processos de trabalho;

De clima de trabalho.

Por conseguinte, levando em consideração que a etapa de crítica do

levantamento é orientada no sentido de solidificar a diagnose dos principais

problemas e dificuldades existentes na organização, é importante, segundo Cury

(2007), manipular o seu subsistema social, como um sistema aberto.

Nessa perspectiva de sistema aberto, a equipe de analistas, segundo o

autor, realizará uma cuidadosa avaliação da interação da organização com o meio

ambiente externo, a fim de apontar os pontos críticos exógenos do sistema

organizacional.

Todos os órgãos que, em razão de suas atribuições, mantenham

relacionamentos com a sociedade, sejam buscando insumos ou negociando

produtos, recomenda o autor, devem ser objetos de análise minuciosa, objetivando,

após a identificação dos pontos sensíveis, a determinação de uma abordagem

conveniente e integrada, inclusive uniforme, desta interação.

Complementarmente, a observação da interação entre os subsistemas

internos da organização, cujos problemas, ao término desta etapa, devem ser

precisamente definidos, almejando, na proposta da solução, o seu funcionamento

harmônico.

Esta abordagem também ressalva o autor, é relevante, visto que, a

mudança em um subsistema acarreta, necessariamente na sua compatibilização

com os demais.

Page 103: Monografia Raphael Final

102

Considerando que em cada organização, segundo Cury (2007),

coexistem pelo menos três subsistemas: técnico, social e gerencial, eles devem

atuar de modo integrado, de forma que uma proposta de alteração efetuada no

sistema gerencial deverá ser acompanhada da avaliação de seus reflexos no social

e no tecnológico.

Outro aspecto relevante desta etapa frisa o autor, é a precisa

identificação, por parte da equipe de analistas da divergência existente entre os

documentos normativos da organização e as reais práticas laborais, visto que as

soluções devem se basear nestas e não naquelas.

Oliveira (2002) chancela a utilidade de emprego desta fase, por meio

de uma lista que, entre outras, apresenta as seguintes deficiências que podem ser

encontradas, por ocasião do término da fase de diagnose situacional das causas:

Estrutura organizacional inadequada;

Manuais desatualizados e inadequados;

Ambiente de trabalho desmotivador e inadequado; e

Arranjo físico deficiente.

A etapa é concluída, tão logo sejam revistos os pontos conflitantes do

levantamento e elaborados os instrumentos normativos, gráficos de organização e

outros instrumentos normativos (normas, instruções, organogramas, fluxogramas,

layout etc.) que facilite uma adequada análise, possibilitando o encaminhamento da

solução definitiva.

2.20.6.3 Planejamento da solução

Cury (2007) afirma que, em continuidade ao processo, começa o

planejamento das mudanças demandadas, materializando o plano ideal de

organização, que possa redundar na:

Melhoria do clima;

Page 104: Monografia Raphael Final

103

Melhoria dos aspectos ligados à cultura da organização (normas,

valores, poder e recompensas);

Mudança total ou parcial da estrutura;

Adoção de novos processos e métodos laborais da organização;

Aplicação de novos instrumentos executivos e/ou instrumentos

auxiliares como fluxogramas, lay out’s e formulários;

Implantação profícua de uma nova técnica gerencial ou operacional, de

um programa de capacitação, de um manual de serviços etc.

Consoante a natureza do projeto originalmente proposto.

Projetada a solução, abrangendo a indispensável compatibilização,

dentro da perspectiva de sistema aberto, elaborada na crítica do levantamento,

segundo Cury (2007), deve ser verificado até que ponto a mudança estruturada

atenderá às exigências de uma adequada interação da organização com a

ambiência externa.

Em complemento a esse enfoque, o autor recomenda que, a equipe

deva avaliar se a solução projetada atenderá à basilar harmonia e equilíbrio entre os

sistemas internos da organização, visto que qualquer mudança em um dos sistemas,

como vimos, afetará os demais.

Normalmente, as mudanças nos sistemas técnico e gerencial são

prontamente percebidas ou implementadas, pelo próprio interesse organizacional,

deve ser dada, portanto, atenção redobrada ao sistema social.

O mais adequado, segundo Cury (2007), é que seja procedida uma

análise cuidadosa e individualizada de cada um dos subsistemas internos para

verificar se seus problemas:

Foram devidamente manipulados; e

Resolvidos na solução proposta.

Page 105: Monografia Raphael Final

104

Nesta etapa, o autor sugere que a equipe de analistas avalie os

entraves da mudança programada e seus desdobramentos em relação aos

profissionais da organização, com especial ênfase no recrutamento e seleção de

novos talentos e treinamento dos indivíduos, cujos serviços serão afetados pela

mudança.

É importante, também constatar, segundo o autor, se foram

devidamente atingidos pela solução, os aspectos relacionados à integração das

necessidades organizacionais, grupais e individuais, por meio da transformação da

cultura organizacional, tornando-a mais saudável, com a revisão de normas, criação

de incentivos e recompensas para os profissionais, mudança de estilos gerenciais

inadequados e aspectos correlatos.

A referida integração das necessidades redundará em uma melhor

internalização das mudanças, favorecendo sua aceitação.

Caso o trabalho apresente grande complexidade, envolvendo

consideráveis parcelas da organização, Cury (2007) recomenda que a equipe de

analistas proporcione que mecanismos integradores e de auto-sustentação da

mudança sejam institucionalizados, o que facilitará os trabalhos nas etapas de

implantação e controle de resultados.

É processada nesta etapa, a confecção das minutas dos devidos

instrumentos executivos, normativos.

É de extrema importância, verificar se a totalidade das chefias

responsáveis pelos órgãos e atividades abrangidas na mudança foram devidamente

conscientizadas do encaminhamento da solução a ser adotada, se a cúpula da

organização, em termos políticos, acata e se responsabiliza pela implementação da

medida.

Os comentários e sugestões recebidas das chefias setoriais envolvidas

deverão ser considerados.

A seguir a proposta da solução, com a devida absorção dos

comentários dos usuários achados pertinentes, deve ser submetida à apreciação da

cúpula da organização, acompanhada de um relatório sucinto com todas as etapas.

Page 106: Monografia Raphael Final

105

O referido relatório deverá conter a clara definição das características

principais da solução, como:

Seus custos; e

Benefícios prováveis tanto para a organização, como para seus

componentes.

Ao receber o apoio e a assunção de responsabilidade por sua

implantação da cúpula, segundo Cury (2007), a solução é considerada válida. Caso

contrário, deve ser revisto o projeto, conforme as orientações recebidas da cúpula.

O planejamento da solução é finalmente concluído com a elaboração

definitiva dos instrumentos executivos e dos gráficos de organização que

materializem o programa de mudança aprovado, devendo ser estabelecidas

atividades que facilitem a:

Viabilização da mudança;

Mecanismos de integração;e

Sua auto-sustentação.

Cury (2007) afirma que é relevante divulgar as mudanças, com a

finalidade de que a organização, como um todo e os órgãos envolvidos, em

particular, tomem conhecimento oficial das transformações aprovadas, segundo a

natureza do projeto desenvolvido.

Concluída a etapa, elabora-se o necessário relatório, abordando os

pontos principais e que direcionaram até solução proposta.

Se houver qualquer aspecto duvidoso, dificuldades ou pontos

controvertidos, reavaliar a etapa anterior, permitindo maior segurança no

encaminhamento da solução proposta.

2.20.6.4 Crítica do planejamento

Page 107: Monografia Raphael Final

106

Cury (2007) relata que, esta etapa finaliza a fase de estudo da solução

dos problemas e tem como objetivos avaliar a solução proposta e pesquisar

possíveis erros ou distorções na programação proposta.

Esta avaliação, segundo o autor, deve se feita por meio da análise de

todos os relatórios das etapas anteriores, visando aferir a logicidade do

desenvolvimento do projeto

Em virtude dos motivos expostos na etapa de crítica do levantamento,

segundo Cury (2007), é interessante que a equipe efetue uma avaliação, verificando:

O subsistema gerencial no que se refere aos aspectos estrutural-

funcionais envolvidos, com ênfase na análise das atividades, das

decisões, e do relacionamento entre os órgãos, ainda que a mudança

projetada não tenha atingido a estrutura do(s) órgão(s) sob

intervenção;

O subsistema gerencial nos aspectos relativos à efetiva execução do

trabalho, como processos, métodos, rotinas, formulários, etc., e sua

interação com os demais problemas internos do(s) órgão(s);

O subsistema tecnológico em relação aos problemas atrelados à

tecnologia da organização e os impactos das mudanças nesse viés;

O subsistema social, nos aspectos relacionados com recrutamento e

seleção, treinamento, criação de recompensas, melhoria de clima de

trabalho, integração das necessidades de trabalho com as individuais

além de outras peculiaridades relacionadas aos reflexos das mudanças

no comportamento dos profissionais.

Ressalta o autor, que é muito útil e oportuno, nesse ponto, negociar

com os usuários as transformações projetadas, antes de sua implantação.

Para tanto, nos trabalhos mais difíceis, avaliar, com os interessados, as

várias nuances do projeto, os aspectos mais sensíveis, expondo os argumentos da

equipe de análise para as soluções vislumbradas.

Page 108: Monografia Raphael Final

107

Caso haja, ainda, contraposição do usuário, procurar, então, solução

conciliatória.

Corroborando com isso, Cury (2007) recomenda que quando for viável,

esta etapa deve contar com a colaboração de analistas não envolvidos no processo,

o que fomentará a compensação das falhas de observação e as influências

subjetivas.

Caso ocorram mudanças na solução programada, em razão da

negociação com os usuários, ou por conta da crítica de analistas não envolvidos, é

necessário que os instrumentos executivos e os gráficos de organização elaborados

na fase anterior, sejam revisados, traduzindo a solução proposta.

2.20.6.5 Implantação

Oliveira (2002) afirma que durante esta etapa, por uma série de

motivos, pode não haver condições psicossociais para a implantação imediata e

global das mudanças.

Na ocorrência deste fato, o autor afirma que se deve subdividir a

implantação em partes modulares e executá-la pari passu, diminuindo as reações e

resistências, bem como mantendo a concepção do todo.

Cury (2007) relata que uma vez finalizada a crítica do planejamento,

elaborado o correspondente relatório, e efetuadas todas as adequações finais no

plano ideal, que materializa a solução proposta, a equipe se encaminha para a fase

final do projeto, como as demais, constituída de duas etapas, a implantação e o

controle dos resultados.

A implantação compreende a execução do plano traçado, sendo de

grande relevância para o êxito derradeiro do projeto, por se caracterizar como uma

etapa de transição entre a sistemática em vigor e a nova, cujo conteúdo intrínseco é

a substituição progressiva dos antigos pelos novos métodos e processos de

trabalho.

Page 109: Monografia Raphael Final

108

Neste contexto, o autor afirma que essa fase intermediária possui

grande complexidade, porque a implantação, devendo ser paulatina em grande parte

das intervenções, produzirá uma ambigüidade na organização, podendo provocar

alguns entraves:

Elevação da carga laboral dos órgãos sob intervenção, pela inevitável

convivência de práticas antigas com as novas, redundando em perdas;

A superposição dos sistemas antigos e novos, obviamente, pode criar

embaraços, dificuldades etc. Consequentemente, esse período pode

gerar certo grau de tensão e o risco de conflitos.

Para diminuir o impacto destes óbices, é interessante adotar as

seguintes providências:

Definir o melhor plano de implantação, segundo a natureza e

complexidade tanto do órgão envolvido quanto do projeto de mudança;

Definir a data de início da implantação da mudança em comum acordo

com os usuários;

Prever, se for o caso, implantações-piloto ou gradativas;

Estabelecimento de controles nos postos de trabalho envolvidos;

Assistir e encorajar o pessoal, principalmente no início do projeto;

Realizar a correção de erros, tanto do projeto, quanto da execução;

Manter, tanto quanto possível, um clima psicológico propício.

Ao término desta etapa, como de todas as outras, o relatório descritivo

dos principais aspectos deve ser elaborado, contemplando, inclusive as principais

dificuldades e as soluções encontradas.

2.20.6.6 Controle dos resultados

Page 110: Monografia Raphael Final

109

Cury (2007) afirma que esta é última etapa do processo, cujo objetivo é

verificar se o plano adotado é verdadeiramente o melhor. A prática se encarregará

de expor as vantagens e as falhas existentes nos novos métodos de trabalho,

viabilizando as correções finais.

O controle de resultados, segundo o autor, deve ter sua programação

estabelecida em função do cronograma da etapa de implantação, não sendo

recomendado possuir longa duração.

Em um projeto bem desenvolvido, esse tempo, geralmente

estabelecido com facilidade por meio de comum acordo entre a equipe de analistas

e os gestores das áreas envolvidas.

Caso ocorram dificuldades na determinação desse tempo, considerar

como indicadores válidos, os seguintes:

quantitativo: o controle poderá ser finalizado a partir do momento em

que 50% da nova organização tiver sido efetivada; e concorrentemente;

qualitativo :quando uma amostra significativa de profissionais (em torno

de 60%) estiver desenvolvendo normalmente suas novas rotinas.

Cury (2007) recomenda que o relatório final do processo de aplicação

da ferramenta de gestão ―Analise Administrativa‖, deve ser elaborado de modo

bastante completo, consolidando as parciais e estimando-se finalmente a avaliação

periódica do novo sistema, geralmente após um ano de implantação, podendo ser o

início de um novo ciclo.

Assim, por meio da Análise Administrativa, as mudanças são sempre

recicladas, pois as soluções implantadas num tempo, lidando com coisas dinâmicas,

podem exigir novas modificações, num tempo futuro.

2.21 A aplicação do processo de “Análise Administrativa” em um órgão

público e seus resultados

Costa (2010) descreve a aplicação de ferramentas de gestão da

qualidade e de organização sistemas e métodos na mudança de processos

Page 111: Monografia Raphael Final

110

organizacionais da Terceira Vara de Infância e juventude de Porto Alegre (RS) sob a

perspectiva de microações ou ações menores.

Estas microações referem-se à aplicação setorial de métodos de

trabalho e ferramentas de O&M como: fluxogramas, quadros de distribuição de

trabalho, lay outs e manualização.

O objetivo da autora foi relatar uma experiência de modernização em

um nível específico da Administração Pública e de chamar a atenção para a

possibilidade de serem realizadas ações de baixo custo e alto impacto na melhoria

dos processos.

A autora relata a experiência de aplicação da ferramenta de Análise

Administrativa na modernização da gestão pública.

2.21.1 O cenário apresentado

Costa (2010) relata que havia o reconhecimento de que a clientela da

Terceira Vara apresentava uma gama de necessidades específicas e variadas, que

não poderiam ser contempladas através de um modelo de gestão único e inflexível,

como se apresentava o burocrático clássico.

Havia ainda uma genuína motivação para a mudança, de parte da

liderança do projeto, que vislumbrava um modelo de gestão sistêmica.

A Terceira Vara, que havia iniciado suas atividades há mais de 60

anos, como o antigo Juizado de Menores, vinha passando por uma série de

reformulações, com o objetivo de atender à demanda crescente.

Essas reformulações, no entanto, não foram suficientes do ponto de

vista gerencial em face da escassez de recursos financeiros e materiais com a qual

se defrontava.

Os clientes externos (adolescentes em conflito com a lei) e internos

(magistrados e servidores) demonstravam insatisfação.

2.21.2 A decisão

Page 112: Monografia Raphael Final

111

Costa (2010) afirma que o juiz da Vara optou por realizar a análise

administrativa e implantar os projetos de mudança dentro da metodologia da

qualidade e com o apoio de consultores da área, tanto internos como externos.

O enfoque dado à análise aplicada foi de aperfeiçoar o atendimento ao

cidadão e a qualidade de vida do servidor.

2.21.3 Etapa zero, a sensibilização

Costa (2010) relata que foi necessário buscar a adesão em torno de

um amplo projeto de mudança organizacional.

Iniciou-se uma série de reuniões de integração e de discussão das

reformas, onde os objetivos do trabalho que se iniciava eram apresentados,

debatidos e analisados. Durante as reuniões, foram utilizados textos, filmes e

técnicas de dinâmicas de grupo.

Procurou-se integrar os membros da equipe, que até o momento

atuavam divididos em áreas e equipes estanques e com comunicação deficiente.

Também foi objetivo das reuniões, segundo Costa (2010), dirimir

dúvidas e dissuadir resistências ao projeto, visto que a adesão e o comprometimento

de todos, era essencial para o seu sucesso.

Finalmente, a sensibilização era apenas o início de uma grande

tentativa de mudança na cultura organizacional, com grande comprometimento da

chefia.

As reuniões foram todas presididas pessoalmente pelo líder da área,

no caso, o magistrado responsável pela vara, denotando, segundo a autora,

envolvimento da liderança no processo desde seu início.

O estilo informal adotado para a condução das reuniões contribuiu para

a criação de um clima favorável à realização dos trabalhos.

Naturalmente, as reuniões de sensibilização não eliminaram todas as

resistências, dúvidas e questionamentos. Como disse Araújo (2001, p.40), ―(...)

Page 113: Monografia Raphael Final

112

haverá dificuldades, à medida que o estudo tiver conotações traumatizantes. De

qualquer maneira, menor será o grau de dificuldade, se houver uma reunião

esclarecedora que sensibilize o grupo objeto de mudança‖.

2.21.4 A prevenção das resistências

Costa (2010) relata que o enfoque comportamental mostrou-se

indispensável devido aos conflitos existentes entre equipes e entre técnicos, e à

compartimentalização de atividades e funções imposta pelo modelo burocrático de

gestão vigente até então.

Para tanto, foram desenvolvidas diversas sessões de dinâmica de

grupo, com especialistas na área comportamental.

Ressalta a autora que ocorreu a utilização do conceito de qualidade

com enfoque no serviço público. Ao contrário de Araújo (2001, p. 211), que destaca

que a qualidade é ―(...) a busca pela perfeição com a finalidade de agradar clientes

cada vez mais conscientes das facilidades de consumo e variedades de empresas a

oferecer produtos‖, não se considerou a questão de lucratividade e competitividade.

2.21.5 As resistências

No caso desse projeto, considerando o nível de impacto das mudanças

pretendidas sobre a rotina dos membros da unidade, já era esperado um alto grau

de resistência.

Apesar disso, a autora relata que os entraves encontrados superaram

as mais pessimistas expectativas.

A falta de recursos materiais e logísticos, a explícita resistência ao

projeto e o engessamento provocado pela estrutura burocrática ainda vigente, foram

alguns dos destaques.

O aspecto político como em qualquer instituição pública, é sempre relevante. A visibilidade que o projeto acabou conseguindo gerou resistências dos grupos de poder não aliados, que se utilizaram de estratégias diversas para desmerecer o trabalho proposto, incluindo ataques pessoais ao líder e aos participantes da mudança em geral. Dessa forma, em alguns momentos, a defesa da intervenção técnica

Page 114: Monografia Raphael Final

113

ganhou contornos de campanha eleitoral, com ânimos inflamados e informações de bastidores. (Costa 2010, p 168, grifo nosso).

2.21.6 A preparação

Costa (2010) descreve que os cursos realizados foram promovidos na

própria Vara, da mesma forma que foram desenhados os macrofluxos, os

fluxogramas, os manuais e formulários, estes com a consultoria de assessores

externos.

Afirma ainda, que foram levados a termo cursos nas áreas técnica e

comportamental, em paralelo às mudanças administrativas.

Entre os cursos ofertados aos servidores estavam: microinformática;

noções básicas e ferramentas de qualidade, incluindo qualidade em serviços, gestão

da qualidade total e desenvolvimento comportamental para a qualidade; integração

de equipes; relacionamento interpessoal, entre outros.

O enfoque técnico foi necessário principalmente na capacitação ao uso

de ferramentas de microinformática, até então inexistentes na Vara, e na

qualificação no uso de ferramentas da qualidade, como espinha de peixe, Masp,

desenho e análise de fluxogramas, entre outras.

Entre os cursos e programas oferecidos, merecem destaque:

5S: a arrumação geral — Aproveitando a futura mudança de layout e localização das salas, optou-se por realizar uma arrumação geral, a partir dos critérios do 5S — metodologia da qualidade.

Móveis quebrados e papéis inúteis foram descartados, armários e gavetas arrumados, houve uma nova disposição dos equipamentos para café e foram colocados quadros, vasos de flores e alguns objetos de decoração.

Importante ressaltar que a desorganização já havia sido incorporada ao dia-a-dia dos servidores, não sendo mais percebida como tal

A arrumação geral teve o mérito de alertar a equipe sobre fatos que causariam estranheza aos visitantes, mas que soavam naturais aos funcionários. (Costa 2010, p 162).

2.21.7 Ferramentas e métodos aplicados

Oliveira (2002), afirma que para o sucesso na seleção de métodos de

trabalho a serem desenvolvidos, deve-se observar:

Page 115: Monografia Raphael Final

114

Inicialmente selecionar métodos de pequena escala que sejam

implantados rapidamente;

Selecionar métodos básicos em cada uma das várias unidades

organizacionais;

Selecionar aqueles em que exista real participação dos usuários.

2.21.7.1Fluxograma

Tachizawa e Scaico (1997) identificam seis etapas na metodologia de padronização de processos: identificar os processos-chave, estabelecendo o fluxo básico e o macrofluxograma; elaborar e analisar a matriz de responsabilidades; definir os indicadores de qualidade; elaborar o procedimento operacional; desenvolver o treinamento conforme o procedimento operacional e auditar a operacionalização do processo.

Discutiu-se e definiu-se a estrutura do sistema, com a indicação dos principais fornecedores, insumos, recursos, produtos e clientes da vara. A seguir, foi elaborado o macrofluxo do processo de execução de medidas socioeducativas, a principal atribuição da Terceira Vara.

Após o macrofluxo, foram desenhados os fluxogramas dos principais processos, considerando o conceito de D’Ascenção (2001:110), que caracteriza fluxograma como ―uma técnica de representação gráfica que se utiliza de símbolos previamente convencionados, permitindo a descrição clara e precisa do fluxo, ou seqüência, de um processo, bem como sua análise e redesenho‖.

Do trabalho, resultaram os fluxogramas.

O processo de análise, definição e padronização de procedimentos possibilitou o treinamento de novos funcionários e a simplificação e racionalização das rotinas.

Além disso, significou um repensar sobre o próprio modelo burocrático, um modelo que se caracteriza pelo seu apego a regras e padrões obsoletos e desnecessários, ―(...) um sistema de organização incapaz de corrigir-se em função de seus erros, e cujas disfunções se convertem em um dos elementos essenciais de seu equilíbrio‖ (Crozier apud Ramos, 1966:251).(Costa, 2010, p. 164-165).

2.21.7.2 Quadro de distribuição de trabalho (QDT)

Foi aplicado o quadro de distribuição de trabalho para corrigir

distorções de carga entre os setores.

Com isso, houve melhor distribuição do volume de trabalho e eliminaram-se as possíveis dissociações no atendimento. Os adolescentes passaram a ser trabalhados com foco no indivíduo e não na medida recebida, de forma integral e sistêmica.

O novo sistema possibilitou que cada técnico desenvolvesse uma relação mais próxima e profunda com os adolescentes atendidos, favorecendo a criação dos vínculos tão necessários ao processo de reinserção social.

Page 116: Monografia Raphael Final

115

Eliminou-se, assim, a impessoalidade burocrática, que tratava cada adolescente como um elemento estanque, sem considerar sua história de vida, suas motivações, necessidades e especificidades. (Costa, 2010, p. 163-164).

2.21.7.3 Lay out ou leiaute

Foi aplicada na Terceira Vara, a ferramenta de O&M lay out

As mudanças no layout começaram por aproximar área técnica, cartório e magistrado, dispostos em salas contíguas, separadas por divisórias. No caso do cartório e da equipe técnica, apenas um pequeno corredor de aproximadamente dois metros separava os servidores. Com isso, a comunicação passou a fluir com maior eficiência e rapidez.

A segunda providência foi a de integrar as três equipes técnicas numa sala única [...] com redefinição de suas atribuições. [...]

Assim, procurou-se atender aos objetivos de um projeto de layout tal como propostos por Cury (2000): otimizar as condições de trabalho, racionalizar os fluxos de tramitação de processos, aproveitar o espaço disponível e minimizar a movimentação de pessoas, produtos, materiais e documentos (Costa, 2010, p. 162-163).

2.21.7.4 Manualização e formulários

[...] No início dos trabalhos não havia um padrão único para os relatórios de acompanhamento, nem no que se referia a prazos de entrega, nem ao conteúdo.

Os formulários desenvolvidos representaram não apenas a formalização de procedimentos usuais, mas sua revisão e aprimoramento, com a inclusão de etapas no processo de atendimento, anteriormente inexistentes.

É o caso do Plano de Atendimento, novo padrão desenvolvido, que representou uma inovação nos métodos de trabalho. Foram criados os formulários: Informação, dando conta sobre o comparecimento ou não do adolescente a uma audiência admonitória coletiva, início de todo o processo de atendimento; Guia de Inclusão do adolescente no sistema de Justiça e no Programa Socioeducativo;

Plano de Atendimento, onde o técnico descreve a situação atual do adolescente, os objetivos do atendimento socioeducativo para aquele caso específico, os atendimentos previstos e os encaminhamentos propostos; Acompanhamento de Freqüência em Liberdade Assistida; [...]

Atualmente, todos os formulários estão disponíveis na rede e contam com instruções de preenchimento relativas a cada campo definido. (Costa, 2010, p. 165-166)

2.21.8 A mudança organizacional

Costa (2010) relata que, como em todo processo de mudança

organizacional, encontraram-se resistências e dificuldades.

Page 117: Monografia Raphael Final

116

Completa dizendo que o ritmo de implantação das mudanças foi

bastante acelerado, e a sobrecarga corriqueira de tarefas da Vara, somou-se o

volume de trabalho imposto pela revisão dos processos administrativos existentes,

com as necessárias reuniões, providências e demandas extraordinárias.

Além disso, ressalta a autora, a redistribuição da carga de trabalho

certamente não agradou a todos, sobretudo aos que tiveram seus volumes de

trabalho, alterados para mais.

Elementos culturais somaram-se às dificuldades mais comuns. Muitos

servidores já haviam passado por diversos processos de mudança e acreditavam

que, ao final, as atividades não trariam resultados duradouros, nem proveitosos para

as equipes.

Em outras palavras, vivenciaram que as mudanças beneficiariam

apenas a instituição, que os servidores ficariam mais sobrecarregados e sob

controle mais cerrado da administração, perdendo em liberdade sobre seu modus

operandi, muito peculiar e consolidado.

Frases como ―vamos mudar tudo para não mudar nada‖ e ―a mudança

vai durar enquanto durar o juiz‖, foram, repetidamente, ouvidas durante a realização

do estudo.

É natural que, como em toda a mudança organizacional, houvesse

também os entusiastas, principalmente entre os que viam vantagens na transição,

como aqueles que puderam compartilhar com os colegas uma carga de trabalho

desproporcional.

Na promoção e consolidação da mudança, a liderança exerceu um papel fundamental, destacando-se o trabalho de identificação e desenvolvimento de potenciais e de formação de uma equipe informal de staff, ligada ao projeto.

O líder do projeto procurou, de imediato, cercar-se de elementos motivados, qualificados e alinhados em torno do projeto da proposta, que passaram a constituir um grupo de assessoria informal e a dedicar-se de forma mais intensiva à coordenação, acompanhamento e execução dos trabalhos.

Tal estratégia permitiu, de um lado, que houvesse um grupo estável e coeso levando a termo os trabalhos e garantindo que as mudanças ocorressem dentro do escopo, do prazo e dos objetivos planejados. Ao mesmo tempo, a indicação de um staff garantiu o aproveitamento de talentos e habilidades até então subutilizados pelo esquema burocrático e, como conseqüência, uma maior motivação dos membros escolhidos.

Page 118: Monografia Raphael Final

117

De outro lado, houve problemas na adoção de tal política. Os membros do grupo não escolhidos para compor o staff tornaram-se mais reticentes ao projeto de mudança. Alguns transformaram-se em líderes negativos, disseminando idéias contrárias ao projeto de modernização e mostrando-se refratários a qualquer tentativa de envolvimento.

Esta situação está bem caracterizada na teoria da troca líder-membro (TLM). A teoria preconiza que os líderes estabelecem uma relação especial com um pequeno grupo de subordinados (o grupo de dentro), que passa a receber atenção especial.

Os outros subordinados constituem o grupo de fora, e mantêm interações de caráter mais formal. A permanência no grupo de dentro ou no grupo de fora tende a se tornar estável ao longo do tempo e as atitudes de todos, líder e subordinados, tendem a reforçar os papéis predefinidos. Estudos indicam que os membros de dentro são escolhidos por possuírem características similares às características pessoais do líder, uma personalidade extrovertida e maior competência do que os colegas do grupo de fora (Robbins, 1999). (Costa, 2010, p. 166-167, grifo nosso)

2.21.9 Resultados imediatos

Resultados positivos puderam ser observados em diferentes níveis.

No nível interinstitucional, evidenciou-se um incremento da integração entre as equipes da vara e as equipes da rede de atendimento [...] possibilitando um acompanhamento mais efetivo e sistêmico dos adolescentes.

No nível do sistema judiciário, observou-se a melhoria da comunicação entre os técnicos e juízes das três varas responsáveis pela infância e juventude no Foro Central de Porto Alegre.

Tal melhoria é de extrema importância considerando-se que a Primeira e a Segunda Varas da Infância e da Juventude, embora não executem, também julgam processos de adolescentes envolvidos em infrações.

Além disso, pode-se supor que uma parcela dessa população de adolescentes já tenha passado pelas demais varas em situações anteriores de risco social, abrigo, denúncia de maus-tratos, destituição de pátrio poder etc. (Costa, 2010, p. 167-168)

Na Terceira Vara, houve uma visível e forte melhoria na integração

entre as equipes técnicas (unificadas a partir dos trabalhos) e a equipe cartorária,

resultando, igualmente, na prestação de um atendimento mais qualificado e

sistêmico.

Melhorias significativas também foram observadas nos mecanismos de gestão e de controle interno.

Após a realização dos trabalhos foi possível mapear com clareza informações necessárias à tomada de decisão, tais como o número médio de processos acompanhados pelos técnicos, por medida socioeducativa; o tipo de abordagem empregada na reinserção social dos adolescentes; os elementos disponíveis na rede de atendimento; e o tempo médio de conclusão dos processos.

Page 119: Monografia Raphael Final

118

Além disso, a padronização do atendimento e a criação dos formulários correspondentes permitiram a garantia de um padrão mínimo de atendimento, o controle dos prazos e o acompanhamento dos resultados.

A vara também passou a contar com registros de suas atividades para fins de futuras pesquisas.

Em relação aos servidores, houve incremento das habilidades técnicas, principalmente relativas à informática e aplicação de ferramentas da qualidade, e a já referida integração entre indivíduos e equipes. (Costa, 2010, p. 167-168)

Um dos principais resultados observados, porém, foi a prontidão para

que se efetivasse a municipalização das medidas socioeducativas de meio aberto,

sem que a Terceira Vara perdesse o controle dos processos, já que a Vara manteria

sua função de controle e acompanhamento jurisdicional.

2.21.10 Conclusões

Com a confecção do artigo, Costa (2010) demonstrou a possibilidade

da aplicação de ferramentas gerenciais na modernização do serviço público.

Naturalmente, o uso isolado das ferramentas e técnicas disponíveis não garante, por si só, a desburocratização total dos serviços, já que a vara se insere numa instituição complexa, de grande porte, com características fortemente burocráticas.

No entanto, foi possível observar a criação de um foco de disseminação de novas idéias no Foro Central, compartilhado por outros juízes simpatizantes do movimento pela qualidade no Poder Judiciário e por juízes inoculados pelo vírus da inovação.

É também importante ressaltar os efeitos mais amplos do trabalho, cujo escopo envolveu as demais instituições que fazem interface com a Terceira Vara e que acabaram por rever alguns de seus processos a fim de acompanhar as novas demandas administrativas. (Costa 2010, p 162).

Dificuldades se apresentaram, inequivocamente.

Como em todo serviço público, o grande desafio é o de continuidade dos projetos de mudança, após a saída do líder principal, o que acontece de forma cíclica e inevitável. Até que ponto a saída do juiz líder do processo de mudança afetará os resultados futuros ou implicará em retrocesso ainda é precoce avaliar.

Há, entretanto, fortes indícios de que, mesmo havendo retrocessos, alguns ganhos estarão consolidados, como a integração das equipes e a redefinição de seus papéis.

Outra dificuldade a destacar foi a resistência ativa e organizada de alguns grupos cujos interesses foram fortemente afetados. A resistência foi de tal ordem que gerou um dilema: até que ponto é possível implantar um processo de mudança totalmente participativo, com base no comprometimento, ou até que ponto medidas de controle e de punição devem ser adotadas?

Page 120: Monografia Raphael Final

119

Drucker (1997), já levantava a problemática da implantação de estruturas orgânicas, flexíveis e participativas, em relação às dificuldades de controle, que parecem pertencer ao paradigma do fayolismo e tender à obsolescência.

Os debates sobre liderança também buscam resposta ao dilema “liderança democrática versus controle” sugerindo que eventualmente estilos de liderança autocráticos são necessários, dependendo do nível de maturidade dos subordinados (Hersey e Blanchard, 1986) ou que jamais devem ser utilizados (O’Toole, 1997).

Independente das discussões acadêmicas, a possibilidade de emprego de um sistema de punições e recompensas e de aumento do controle sobre o pessoal não é de livre-arbítrio do líder do projeto, dependendo de outras instâncias que podem inviabilizar a aplicação de tratamentos distintos a indivíduos diferentes, característica marcante da administração pública. (Costa 2010, p 169-170, grifo nosso)

Finalmente, o artigo sugere que microações (não se ―reinventa o

governo‖, como pretendem Osborne e Gaebler, mas se racionalizam processos)

podem ser desejáveis, de baixo custo para o Estado e de resultados notáveis no

cotidiano das equipes e do atendimento ao usuário.

2.22 Quem pode realizar trabalhos de O&M

Costa (2010) relata que a Terceira Vara, onde foi aplicada a ferramenta

de gestão Análise Administrativa, é administrada por um juiz de direito, apoiado

fortemente, na condução do cartório, pelo escrivão. A equipe técnica não conta com

um gestor, sendo administrada diretamente pelo juiz.

D’Ascenção (2001) afirma que um erro que geralmente se comete ao

realizar a aplicação de uma ferramenta, como a Análise Administrativa é a pequena

participação dos executores das atividades em análise.

Os mesmos devem fazer parte da equipe de trabalho desde o começo,

visto que, eles são quem conhecem o trabalho, os meandros dos processos a serem

estudados e, por isso, devem ser um dos principais elementos da equipe de

trabalho.

São eles que, em última instância, sabem como, onde e quando são

executadas as atividades do processo, quais são as suas deficiências e onde

provavelmente estão as causas dos problemas.

Page 121: Monografia Raphael Final

120

D’Ascenção (2001) ressalta que um trabalho de análise pode ser feito

setorialmente, focando somente determinados processos e problemas, pelos

próprios profissionais ou até mesmo pela chefia daquele setor, desde que sejam

considerados os seguintes pontos:

Conheçam a metodologia proposta e saibam utilizar um software

específico para este trabalho;

Qualquer proposta de mudança para o processo seja levada em

consideração a interdependência ou inter-relação com os demais

processos da organização e que passe por avaliação de profissionais

mais capacitados e experientes neste tipo de análise, dentro da

organização, objetivando a validação do trabalho e a devida

disseminação das mudanças para toda organização.

O trabalho de análise não prejudique suas atribuições cotidianas;

Segundo o autor, o profissional ou a chefia do setor analisado

costumam possuir conhecimentos mais aprofundados dos processos que conduzem

na organização, o conhecimento sobre análise, para eles, é complementar ou

superficial, suficiente apenas para tentar melhorar o próprio processo.

Outro aspecto importante, apontado por D’Ascenção (2001), é o fato

dos responsáveis pelo processo estar envolvidos diretamente com os problemas

cotidianos e com a sua condução, perdem, em parte, a visão sistêmica da

organização, configurando assim, mais um motivo para que o trabalho seja

submetido a profissionais mais capacitados e experientes neste tipo de análise.

Oliveira (2002) afirma que a situação ideal é a organização trabalhar,

simultaneamente, com analistas organizacionais internos e externos, visando

usufruir das vantagens de atuação da cada um deles.

Segundo D’Ascenção (2001), é importante que o profissional para

desempenhar esta atividade, possua:

Facilidade em simplificar e racionalizar processos;

Page 122: Monografia Raphael Final

121

Uma boa percepção para definir qual o melhor fluxo para o processo;

Quais as atividades que compõem o processo e que realmente são

necessárias;

Quais as áreas da estrutura organizacional que realmente devem

participar do fluxo do processo,

Quais os formulários necessários, bem como elaborar os manuais do

novo processo;

É desejável, conforme D’Ascenção (2001), que o profissional também

possua as seguintes habilidades pessoais:

Atitude interrogativa: perguntar até que todas as dúvidas sejam

esclarecidas;

Competência conversacional: saber escutar, principalmente e falar com

fluência;

Criatividade e boa imaginação: estar sempre receptivo às novas idéias,

ter flexibilidade para poder inovar;

Capacidade de liderança: ter facilidade em encontrar alternativas para

transpor obstáculos considerados intransponíveis por outras pessoas;

Ser bom vendedor: saber persuadir.

Quanto às qualidades pessoais, as mais relevantes são as seguintes:

Ética: no convívio tanto pessoal, quanto no profissional;

Humildade: reconhecer seus limites;

Amizade: ser solícito aos colegas e não ter dificuldades em partilhar

conhecimentos e experiências.

Não divergindo muito do perfil da nova liderança na gestão pública

apontada por Matias-Pereira (2010), que exige:

Page 123: Monografia Raphael Final

122

Liderança;

Planejamento e pensamento estratégico;

Conhecimento da gestão pública gerencial;

Implantação e gerenciamento de mudanças;

Análise e gerenciamento de conflitos;

Negociação coletiva;

Motivação e obtenção de compromissos de pessoas e equipes;

Conhecimento sobre desenvolvimento de sistemas e recursos

humanos;

Delegação de responsabilidades e cobrança de resultados;

Gerenciamento de recursos financeiros; e

Legislação de recursos humanos.

Segundo Lerner (1992), o assunto Organização & Métodos deve ser

cultura e prática de todos os participantes da organização e não mais a

exclusividade que foi de alguns técnicos.

Para ele é fundamental que isso ocorra em benefício da renovação e

inovação das instituições brasileiras, visto que, nossa nação é carente de eficácia e

competitividade nas organizações comparativamente às de países avançados.

Fruto da inadequada prática de experiências, maus esclarecimentos e

baixa familiarização com o assunto, que redunda na grande dificuldade de aplicação

prática, eficaz e bem sucedida de O&M.

Na década de 90, praticamente todas as empresas necessitavam dos

trabalhos de e soluções típicas de O&M, porém, ainda hoje, duas décadas se

passaram e ainda é com dificuldade que as idéias novas são aprovadas e

implementadas.

Page 124: Monografia Raphael Final

123

Existem dúvidas de estratégia e de táticas a serem adotadas, assim

como à cultura de aplicação.

Barreiras estruturais e humanas que se antepõem às atividades de

O&M nas instituições têm que ser vencidas.

Page 125: Monografia Raphael Final

124

3 METODOLOGIA

Conforme Vergara (2008 apud Morgan, 1983, p. 21) ―metodologias são

esquemas de resolução de problemas que diminuem a distância entre a imagem

sobre o fenômeno e o próprio fenômeno‖, ou seja, tem em seu foco o

estabelecimento das formas necessárias para captar e entender a realidade. É a

reunião dos procedimentos utilizados na realização do estudo.

Silva (2001) corrobora afirmando que a metodologia possui a função de

mostrar como andar no ―caminho das pedras‖ da pesquisa, auxiliá-lo a refletir e

instigar um novo olhar sobre o mundo: um olhar curioso, indagador e criativo.

3.1 Classificação da pesquisa

Gil (2002) entende que a organização dos procedimentos a serem

seguidos na pesquisa varia conforme as especificidades de cada trabalho, de modo

que é necessário apresentar informações sobre o tipo da pesquisa, coleta e análise

dos dados obtidos.

Com essas abordagens é possível estabelecer as bases teóricas e

conceituais desta pesquisa, classificando-a quanto a sua finalidade, objetivos gerais,

métodos de abordagem e delineamento, conforme parâmetros metodológicos

estabelecidos nas subseções a seguir.

3.1.1 Quanto à finalidade ou natureza

O estudo em questão, de acordo com sua finalidade, é classificado

como uma pesquisa aplicada, pois produziu informações no intento de conhecer

para agir e que, por sua vez, poderão ser empregadas para contribuir com a

administração do CBMDF e, ainda, segundo Gil (2002), também é decorrente do

desejo de conhecer do autor, com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente e

eficaz.

Page 126: Monografia Raphael Final

125

3.1.2 Quanto aos objetivos gerais

A pesquisa exploratória, de acordo com Gil (2002), tem por objetivo

proporcionar maior intimidade com o problema, para torná-lo mais explícito em

relação à realidade estudada e, assim, subsidiar a construção das hipóteses.

Este estudo obteve esta maior intimidade com o problema, por meio do

desenvolvimento de um levantamento bibliográfico e pesquisa sobre órgãos onde

ocorreram aplicação do processo de Análise Administrativa e seus resultados.

No intuito de verificar a possibilidade de emprego da mesma

ferramenta administrativa no âmbito do CBMDF e de confirmar as hipóteses de que

tal adoção agregará valor à gestão da instituição. Por conta disso, o estudo, é

classificado como exploratório.

3.1.3 Quanto ao método de abordagem

Conforme Marconi e Lakatos (2004), quanto ao método de abordagem,

o trabalho em desenvolvimento pode ser definido como hipotético-dedutivo, pois,

partindo de uma lacuna no conhecimento, foi formulado um problema; e, para

solução deste, foram propostas hipóteses, as quais foram testadas.

3.1.4 Quanto ao delineamento

Conforme Gil (2002), o delineamento expressa em linhas gerais o

desenvolvimento da pesquisa, enfatizando os procedimentos técnicos de coleta e

análise de dados, sendo o primeiro elemento para a identificação de um

delineamento.

Neste contexto, quanto aos procedimentos técnicos adotados em uma

pesquisa, de acordo com Gil (2002), o elemento principal é o de coleta de dados

que, entre outras, pode ser realizada por meio de fontes de papel, que podem ser

classificadas em bibliográficas e documentais.

Page 127: Monografia Raphael Final

126

Esta modalidade de estudo tenta responder o problema formulado, a

partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, periódicos, dissertações,

teses e com material disponibilizado na Internet.

Atentando para as definições que são atribuídas aos tipos de

procedimentos, esta investigação científica pode ser classificada como bibliográfica,

uma vez que foi executada busca, seleção, leitura, fichamento, organização de

conteúdos e materiais já desenvolvidos, de relevância, para sua elaboração.

Apesar de predominantemente bibliográfica, a presente pesquisa tem

traços de pesquisa documental, uma vez que foram analisados Boletins Gerais e

dispositivos legais pertinentes à corporação e ao tema estudado.

Porém, para que preventivamente não ocorresse a reprodução, ou

ainda a ampliação de eventuais erros existentes em fontes consultadas, o autor

buscou verificar as condições em que os dados foram obtidos, analisando cada

informação no intuito de constatar possíveis incoerências ou contradições, para

tanto, lançou mão do emprego de fontes diversas.

Conforme Vergara (2008), a qualidade da referência bibliográfica que

dá suporte ao estudo deve ser minuciosamente selecionada, visando assinalar ao

leitor o quanto ele pode ou não ser instigante no intuito de fundamentar a

confirmação ou refutação das hipóteses formuladas.

Nesse sentido, os trabalhos acadêmicos e literários pesquisados

também subsidiaram tanto a confecção da revisão de literatura quanto as

discussões apresentadas nesta pesquisa.

A síntese da classificação do presente estudo é exposta por meio do

quadro a seguir:

Figura 15 - Quadro classificação da pesquisa. Fonte: O autor, baseado em Vergara (2008), Marconi e Lakatos (2004), Gil (2002) e Silva (2001).

CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA QUANTO

a Finalidade ou Natureza

aos objetivos gerais

ao método de abordagem

aos procedimetos técnicos de coleta de dados

Aplicada Exploratória Hipotético-dedutivo Bibliográfica, documental e de

campo

Page 128: Monografia Raphael Final

127

3.2 Universo e amostra

Segundo Gil (2010b, p. 89), o universo representa ―um conjunto de

elementos que possuem determinadas características‖.

Diante deste conceito, o universo selecionado foram os 73 oficiais

superiores nomeados nos cargos de chefia, comando ou administrador dos órgãos

de direção setorial, de apoio e execução, até o dia 26 de outubro de 2011.

O espaço amostral foi definido utilizando o método de Viegas (2007),

para cálculo de populações finitas (menores que 100.000 componentes). Seguindo o

protocolo do autor, adotando um erro estimado máximo de 5% e um nível de

confiança de 95,4 %, resultou num grupo de 73 militares, conforme descrito na

Fórmula 1:

Onde ― n ‖ corresponde ao tamanho da amostra, ― ‖ ao nível de

confiança escolhido1 (2), ―p‖ à proporção do universo que possui a propriedade

pesquisada2 (50); ―q‖ à proporção do universo sem a propriedade pesquisada3 (50);

―N‖ o tamanho da população (73) e ― e ― ao erro permitido de estimação (5).

Realizada a devida aproximação, obtemos uma amostra de 62

militares.

1 O nível de confiança é expresso pela quantidade de desvios-padrão escolhidos. Para um nível de

confiança de 95,4%, de acordo com o método utilizado, são considerados 2 desvios-padrão ( = 2).

2 Considerando que a propriedade pesquisada é desconhecida, uma vez que não há estudos prévios

sobre o assunto, de acordo com o autor, supõe-se a situação mais desfavorável (50%), logo, p= 50. 3 Se, de acordo com o método, a propriedade pesquisada foi considerada 50% pela inexistência de

estudos anteriores, de forma análoga, este item corresponde aos outros 50%, portanto, q=50.

86,6111800

730000

50.50.4)173.(25

73.50.50.4

)1(

...22

2

pqNe

Nqpn

(

(1)

Page 129: Monografia Raphael Final

128

3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

Foi realizado levantamento bibliográfico preliminar na intenção de

apontar o problema de forma clara e precisa, visto que se objetivou trazer para a

realidade do CBMDF a aplicação de um processo no qual não se encontra

precedentes do seu emprego na instituição, visando obter uma maior familiaridade

com o assunto e também a adequada e precisa delimitação do tema.

Esclareceu-se acerca dos principais conceitos que envolvem o tema de

pesquisa, por meio do contato com trabalhos de natureza teórica capazes de

proporcionar novos conhecimentos sobre o tema, bem como, com pesquisas

recentes que abordaram o assunto.

Realizada a devida definição do problema e a delimitação do tema,

iniciou-se o procedimento de elaboração do plano de assunto, onde foram inseridos

os tópicos a serem abordados, em conformidade com o que se vislumbrava

pesquisar.

Inclusive, levando em conta o alcance dos objetivos e o teste das

hipóteses que foram formuladas, visto que, deveria haver flexibilidade na

modificação do referido estudo, à medida que novos conhecimentos fossem

agregados à pesquisa.

Sobre esta peculiaridade do estudo, Silva (2001) acrescenta que o

caminho, recorrentemente, requer ser reinventado a cada etapa.

Após a devida identificação das fontes e posterior reunião dos

documentos e outras bibliografias, foi feita a devida leitura exploratória e iniciou-se o

procedimento de leitura seletiva, quando em seguida, foram separadas as fontes a

serem analisadas.

A pesquisa documental realizada contemplou também dados oriundos

do CBMDF, os quais foram obtidos por meio do exame das publicações e produções

documentais internas à corporação.

A pesquisa documental foi empreendida realizando-se levantamento

das publicações em Boletim Geral da corporação que referenciassem os

Page 130: Monografia Raphael Final

129

instrumentos executivos (IEX), que conforme Cury (2007), evidenciassem o apoio da

administração estratégica no período iniciado em dezembro de 2010 até agosto de

2011.

A pesquisa descrita acima foi empreendida, em sua maior parte, por

meio dos dados disponíveis na intranet do CBMDF. Neste sentido, foram

pesquisados na ferramenta de busca do sítio eletrônico os resultados pertinentes às

palavras planejamento, diretrizes, política e gestão.

Para o alcance dos objetivos, a pesquisa de campo foi realizada com a

adoção de um instrumento de coleta de dados: o questionário.

O questionário foi adotado como instrumento na pesquisa, pois,

segundo Marconi e Lakatos (2004), apresenta vantagens sobre outros instrumentos,

no que se refere à facilidade de aplicação no que tange à precisão de medir a

percepção de quem responde.

O questionário foi elaborado com sete perguntas, sendo as cinco

primeiras para qualificar os participantes e as outras duas para verificar percepção,

levando em conta o conhecimento empírico do participante, quanto à existência de

problemas administrativos, atualmente, no CBMDF.

3.4 Tabulação, interpretação e análise de dados

Ao ser executada a leitura analítica, quando são ordenadas as

informações contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a devida produção

de conhecimento e, conseqüente, obtenção de respostas ao problema da pesquisa,

foram confeccionadas fichas bibliográficas com a seleção do conteúdo de relevância

para a pesquisa.

Em seguida, por meio da atualização definitiva do plano de assunto,

prosseguiu-se para a fase de construção lógica do trabalho, quando foram

organizadas as ideias com o objetivo de atender aos objetivos e testar as hipóteses

formuladas no início da pesquisa.

Page 131: Monografia Raphael Final

130

Segundo Gil (2002), é nesta etapa que se estrutura logicamente o

trabalho para que ele possa ser entendido de modo sistêmico, coerente e coeso.

O processo foi finalizado quando se executou a redação do relatório

monográfico definitivo, com a discussão e confirmação ou refutação das hipóteses

originariamente propostas.

Page 132: Monografia Raphael Final

131

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o intuito de fundamentar o processo de análise de viabilidade de

aplicação da ferramenta de gestão, Análise Administrativa, no âmbito do Corpo de

Bombeiros Militar do Distrito Federal, de forma a fornecer informações consistentes

para permitir a discussão das hipóteses propostas, a presente pesquisa de campo

se deu por meio da aplicação de questionário, a fim de constatar a existência de

problemas administrativos, atualmente, no âmbito do CBMDF.

A seguir serão apresentados os resultados obtidos, bem como, as

considerações pertinentes.

4.1 Questionário

Foi aplicado um questionário a 69 oficiais, sendo que o universo de

pesquisa contemplava os 73 oficiais superiores nomeados nos cargos de chefia,

comando ou administrador dos órgãos de direção setorial, de apoio e execução, em

26 de outubro de 2011.

O instrumento composto por sete perguntas, sendo cinco para a

caracterização do perfil dos participantes e duas sobre a existência de problemas

administrativos, atualmente, no âmbito do CBMDF.

4.1.1 Perfil dos participantes

Os oficiais que responderam ao instrumento, conforme delimitação do

universo e da amostra, tratam-se de militares que possuem entre treze e vinte e

nove anos de serviços prestados ao CBMDF e compõem o círculo dos oficiais

superiores da corporação.

Page 133: Monografia Raphael Final

132

Figura 16 – Tempo de serviço dos participantes Fonte: O autor.

Todos ocupantes, no mínimo, do posto de major, dos quadros

combatente, médico e cirurgião dentista, ou seja, fazem parte do grupo dos

decisores estratégicos da instituição.

Figura 17 - Posto dos participantes Fonte: O autor.

0

2

4

6

8

10

13

AN

OS

14

AN

OS

15

AN

OS

16

AN

OS

17

AN

OS

18

AN

OS

19

AN

OS

20

AN

OS

21

AN

OS

22

AN

OS

23

AN

OS

24

AN

OS

25

AN

OS

26

AN

OS

27

AN

OS

28

AN

OS

29

AN

OS

1 0

4 4 6

3

9

4

8 7 7

5 5

2 2 1 1

TEMPO DE SERVIÇO DOS PARTICIPANTES

33%

51%

16%

POSTO DOS PARTICIPANTES

MAJOR TENENTE CORONEL CORONEL

Page 134: Monografia Raphael Final

133

Pelo fato de todos os oficiais que compuseram o universo da amostra

serem detentores, no mínimo, do posto de major bombeiro militar, que demanda

como pré-requisito ter realizado, com aproveitamento o Curso de Aperfeiçoamento

de Oficiais com Especialização em Administração Corporativa (CAO-AC), todos são

detentores, pelo menos, do título de especialistas na área de gestão.

Há aqueles que possuem, também, o Curso de Altos Estudos para

Oficiais com Especialização em Gestão Estratégica Corporativa (CAEO-EGEC),

qualificação esta demandada para a habilitação de promoção ao posto de Coronel

Bombeiro Militar.

Figura 18 - Qualificação dos participantes Fonte: O autor.

65%

35%

QUALIFICAÇÃO

CAEO-EGEC SÓ POSSUEM O CAO-AC

Page 135: Monografia Raphael Final

134

Figura 19 - Quadro dos participantes. Fonte: O autor.

Cada um dos oficiais ocupava uma das seguintes funções, pelo menos,

em 26 de outubro de 2011.

ÓRGÃOS DE

DIREÇÃO SETORIAL APOIO EXECUÇÃO

Chefe de Departamento Ajudante-Geral Comandante Operacional

Controlador Comandante de Centro Comandante de Área

Operacional

Diretor Comandate da Academia de Bombeiro Militar

Comandate do Comando Especiliazado

Chefe de Seção de Corregedoria Administrador de Policlínica

Comandante de Grupamento Especilizado

Chefe de Seção de Auditoria Comandante de Esquadrão

Chefe de Seção de Ouvidoria Comandante de Grupamento Bombeiro Militar

Figura 20 - Órgão de direção setorial, apoio e execução Fonte: O autor.

O intuito foi coletar informações de profissionais que tenham não só

vivência profissional na instituição, conferida pelo tempo de serviço, mas também

experiência prática de gestão de OBMs, esta conferida, pelo fato de já ter exercido,

como titular de uma das funções já citadas.

Além disso, a qualificação mínima exigida atualmente pelo comando-

geral da corporação, de especialista em administração corporativa ou

65

2 2 0

10

20

30

40

50

60

70

COMBATENTE MÉDICO CIRURGIÃO DENTISTA

QUADRO DE OFICIAIS DOS PARTICIPANTES

Page 136: Monografia Raphael Final

135

correspondente, para exercer as funções supramencionadas, foi, gradativamente,

tornando mais seleto o rol de militares que atendesse todos estes quesitos.

4.1.2 A existência de problemas administrativos, atualmente, no CBMDF

Esta subseção coincide com parte da discussão do objetivo específico

―a‖.

O instrumento propositalmente não possuía nenhuma definição de

problema administrativo, visto que, o intuito era coletar os dados considerando

somente a percepção do oficial em função de suas experiências profissionais, em

relação à atual incidência de problemas administrativos no CBMDF.

Figura 21 - Quadro pergunta 6 do questionário Fonte: O autor.

Intuitivamente, a totalidade da amostra afirmou que existem,

atualmente, problemas administrativos no CBMDF.

D’Ascenção (2001) afirma que problema administrativo é o resultado

indesejável de um processo.

0

20

40

60

80

SIM, POSSUI

NÃO, NÃO POSSUI

69

0

Considerando sua experiência profissional, o(a) senhor(a) pode afirmar que, atualmente, o CBMDF possui problemas

administrativos?

Page 137: Monografia Raphael Final

136

Podemos inferir que, intuitivamente, este seleto grupo estratégico,

afirma que ocorrem resultados indesejáveis em processos administrativos da

corporação.

D’Ascenção (2001) afirma que a técnica de levantamento chamada

observação pessoal, consiste na verificação in loco, de tudo o que acontece em

determinado ambiente.

Os oficiais da amostra possuem, no mínimo, treze anos de serviço, o

que é tempo mais do que suficiente para se conhecer uma instituição, o que se dirá

dos demais, visto que, a maior parcela da amostra (50%) possui entre dezenove e

vinte e três anos de serviços prestados à corporação.

Em contrapartida, Araújo (2006) afirma que a observação pessoal não

poderá ser o único instrumento a ser utilizado para a realização de tomada de

informações, qualquer que seja o estudo em desenvolvimento.

E justifica esta restrição pelo fato de não ser possível admitir que um

simples olhar possa dar contornos nítidos e definitivos a uma situação qualquer.

Certamente a observação pessoal em questão não se trata de um

simples olhar, mas sim, da experiência de vários anos de serviço que proporcionam

legitimidade, para observar contornos nítidos e definitivos à questão da existência,

atual, de problemas administrativos no CBMDF.

Não fosse o que afirma Oliveira (2002), que a partir do momento em

que a observação pessoal serve a um objetivo formulado de pesquisa e é

sistematicamente planejada e submete-se a verificações e controles de validade e

precisão, torna-se uma técnica científica.

O que leva a retrair à conclusão anterior. Porém, a afirmação convicta

da totalidade de um grupo tão específico de oficiais, não possui respaldo suficiente

para indicar de modo absoluto, nada em relação à questão em lide?

Obviamente que possui, e muito, pois, Cury (2007) ressalta que o início

do projeto de aplicação da ferramenta de gestão ―Análise Administrativa‖ deve

ocorrer após o diagnóstico preliminar da situação-problema.

Page 138: Monografia Raphael Final

137

Portanto, afirmação dos principais gestores dos níveis de direção

setorial, até órgão de execução da corporação de que o CBMDF possui problemas

administrativos certamente chancela qualquer diagnóstico preliminar de situação-

problema.

O instrumento, porém, possibilitou que os problemas percebidos pelos

componentes da amostra fossem melhor especificados, por meio da listagem de

onze (de ―a‖ até ―k‖) problemas administrativos.

Foram formulados e divididos também, pelos critérios de:

Cenário de atuação do problema;

Demandarem a adoção de ações menores (ou microações) para serem

diagnosticados e terem auxílio no processo de resolução;

Demandarem ações mais complexas para serem diagnosticados e

terem auxílio no processo de resolução.

CENÁRIO DE ATUAÇÃO LETRAS INDICADORES

Processos & métodos de trabalho

A Fluxogramas

B

QDT

C

D

F Lay out

G

H Manualização

I

Figura 22 - Cenário, problemas e indicadores I Fonte: O autor.

Costa (2010) considera microações a aplicação setorial de métodos de

trabalho e ferramentas de O&M como: fluxogramas, quadros de distribuição de

trabalho, lay out e manualização.

4.1.3 Problemas administrativos, extraídos de Lerner (1992), D’Ascenção

(2001), Araújo (2006), Cury (2007), Costa (2010) e Macêdo (2010)

Page 139: Monografia Raphael Final

138

4.1.3.1 Problema assinalado pela letra “a”

LETRA PROBLEMA

A

Carência de análise de processos organizacionais que redunda na falta de

entendimento do funcionamento da instituição, que por sua vez, inviabiliza a

definição adequada de responsabilidades, a utilização eficiente dos recursos, a

prevenção e solução de problemas, a eliminação de atividades redundantes e a

identificação clara dos usuários e fornecedores.

Figura 23 – Letra “a”. Fonte: O autor

Figura 24 - Letra “a” Fonte: O autor.

O referido problema pode ser diagnosticado e ter auxílio no processo

de resolução, por meio do emprego de fluxogramas, como veremos a seguir.

Araújo (2006) afirma que as modernas tecnologias de estudo e gestão

organizacional apontam a análise de processos como sendo a melhor alternativa

para se atingir uma melhor dinamicidade no cotidiano da organização.

Oliveira (2002) assinala que o método administrativo chamado

fluxograma é empregado para pesquisar falhas na distribuição de cargos e funções

nas relações funcionais, na delegação de autoridade, na atribuição de

responsabilidade e na otimização de outros processos administrativos.

70%

30%

Carência de análise de processos organizacionais que redunda na falta de entendimento do funcionamento da instituição, que por

sua vez, inviabiliza a definição adequada de responsabilidades, a utilização eficiente dos recursos, a prevenção e solução de

problemas, a eliminação de atividades redundantes e a identificação clara dos usuários e fornecedores.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 140: Monografia Raphael Final

139

Aponta as tramitações ilógicas e a dispersão de recursos materiais e

humanos, constituindo, assim, o fundamento de todo trabalho racionalizado,

dividindo-o e dispondo-o no tempo e no espaço.

70% dos oficiais da amostra afirmaram que este problema

administrativo ocorre, atualmente, no âmbito do CBMDF.

4.1.3.2 Problemas assinalados pelas letras “b”, “c” e “d”

LETRA PROBLEMA b Distribuição desbalanceada das tarefas e da carga de trabalho, onde determinados

setores e profissionais acabando trabalhando mais do que outros.

c Demora na transmissão de informações, atraso na entrega de documentos,

divulgação de dados incorretos.

d Insuficiência de qualificação do efetivo destinado à execução das diversas

atividades existentes em uma Organização Bombeiro Militar (OBM) para cumprir as

funções e responsabilidades que lhe são atribuídas.

Figura 25 – Letras “b”,” c” e “d” Fonte: O autor

Figura 26 – Letra “b” Fonte: O autor.

72%

28%

Distribuição desbalanceada das tarefas e da carga de trabalho, onde determinados setores e profissionais acabando

trabalhando mais do que outros.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 141: Monografia Raphael Final

140

Figura 27 – Letra “c” Fonte: O autor.

Os referidos problemas podem ser diagnosticados e terem auxílio no

processo de resolução, por meio do emprego de quadros de distribuição do trabalho

(QDT), como veremos a seguir.

Oliveira (2002) afirma que o Quadro de Distribuição de Trabalho (QDT),

trata-se de um instrumento de estudo que viabiliza:

A comparação entre as tarefas executadas por diferentes profissionais;

Aferir se há equilíbrio no volume de trabalho executado pelos

profissionais;

A comparação da duração das tarefas;

Aferir o grau de especialização demandado.

74%

26%

Demora na transmissão de informações, atraso na entrega de documentos, divulgação de dados incorretos.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 142: Monografia Raphael Final

141

Figura 28 – Letra “d” Fonte: O autor.

Cury (2007) afirma que o estudo da distribuição do trabalho possibilita:

Diagnosticar eventuais tempos mortos;

Indicar as tarefas de maior relevância ou que demandem maior tempo

de manipulação;

Controlar a relação entre treinamento dos profissionais e as tarefas e

serem desempenhadas.

Ballestero-Alvarez (2000) indica que os objetivos do QDT são os

seguintes:

Avaliar a fluência do processo produtivo;

Verificar sobrecarga ou ociosidade de trabalho;

Verificar a equivalência entre a formação do pessoal com a tarefa a ser

executada.

4.1.3.3 Problemas assinalados pelas letras “f” e “g”

72%

28%

Insuficiência de qualificação do efetivo destinado à execução das diversas atividades existentes em uma Organização Bombeiro Militar

(OBM) para cumprir as funções e responsabilidades que lhe são atribuídas.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 143: Monografia Raphael Final

142

LETRA PROBLEMA f

Incorporação da desorganização ao dia-a-dia dos profissionais, não sendo mais

percebida como tal. Tendo como exemplo a ocorrência de encontrar caixas de

papelão e processos jazendo em corredores e cantos de salas, sem serem

retirados e devidamente organizados.

g

Perda de tempo no deslocamento de uma unidade (departamento, diretoria, centro,

comando, grupamento ou seção) a outra, redundado em dificuldades de

comunicação no interior da instituição, devido à escassez de tempo para

deslocamento.

Figura 29 – Letras “f” e “g” Fonte: O autor.

Figura 30 – Letra “f”. Fonte: O autor.

39%

61%

Incorporação da desorganização ao dia-a-dia dos profissionais, não sendo mais percebida como tal. Tendo como exemplo a ocorrência de

encontrar caixas de papelão e processos jazendo em corredores e cantos de salas, sem serem retirados e devidamente organizados.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 144: Monografia Raphael Final

143

Figura 31 – Letra “g” Fonte: O autor.

Os referidos problemas podem ser diagnosticados e terem auxílio no

processo de resolução, por meio do emprego de lay out ou leiaute, conforme

veremos a seguir.

Ballestero-Alvarez (2000) relata que lay out ou leiaute, foca a

disposição e a localização em uma planta de todas as variáveis que são objeto de

manipulação em qualquer empresa. Alguns princípios básicos são os seguintes:

Redução do tempo de percurso, empregando as mínimas distâncias

possíveis;

Áreas mais adequadas para favorecer a produtividade.

Cury (2007) cita os seguintes objetivos de um projeto de lay out:

Diminuir a movimentação de pessoas, materiais, produtos e

documentos no interior da organização;

Otimizar as condições de trabalho dos profissionais na organização;

Aproveitar da melhor forma o espaço útil disponível.

43%

57%

Perda de tempo no deslocamento de uma unidade (departamento, diretoria, centro, comando, grupamento ou seção) a outra, redundado em dificuldades de comunicação no interior da instituição, devido à

escassez de tempo para deslocamento.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 145: Monografia Raphael Final

144

Oliveira (2002) relata que as organizações que apresentam os

seguintes óbices, são as que costumam adotar um estudo de arranjo físico:

Excessiva demora no desenvolvimento dos trabalhos;

Planejamento espacial inadequado, proporcionando

descontentamentos e baixa produtividade;

Necessidade de locomoção de pessoas por grandes distâncias, no

interior da organização.

4.1.3.4 Problemas assinalados pelas letras “h” e “i”

LETRA PROBLEMA

h Falta de documentos formais de organização que apresentem claramente a

definição das linhas de autoridade e estabeleçam atribuições, gerando indefinição

das funções e até ociosidade de profissionais.

i

Escassez de manuais administrativos ou operacionais que apontem como fazer, ou

seja, tenham como escopo maior ensinar a fazer o trabalho, gerando o

desconhecimento do funcionamento interno de determinados serviços.

Figura 32 – Letras “h” e “i” Fonte: O autor.

Figura 33 – Letra “h” Fonte: O autor.

45%

55%

Falta de documentos formais de organização que apresentem claramente a definição das linhas de autoridade e estabeleçam

atribuições, gerando indefinição das funções e até ociosidade de profissionais.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 146: Monografia Raphael Final

145

Figura 34 – Letra “i”. Fonte: O autor.

Os referidos problemas podem ser diagnosticados e terem auxílio no

processo de resolução, por meio do emprego do método de manualização, conforme

veremos a seguir.

D’Ascenção (2001) define manual como sendo o conjunto ou coleção

de normas, diretrizes, políticas, objetivos, instruções e orientações que indicam para

todos os profissionais da organização o que deve ser feito, como, onde, quem,

quando deve fazer e por que é feito.

O objetivo dos manuais, afirma Cury (2007), é uniformizar

procedimentos que devem ser observados por todos os profissionais da

organização.

Araújo (2007) relata que, os manuais têm como escopo orientar como

fazer, ou seja, ensinar a realizar o trabalho.

O autor finaliza dizendo que o foco da manualização é facilitar a

reunião de informações de modo sistematizado, criteriosa e especializada, atuando

como instrumento facilitador do bom e adequado funcionamento da organização.

64%

36%

Escassez de manuais administrativos ou operacionais que apontem como fazer, ou seja, tenham como escopo maior ensinar a fazer o

trabalho, gerando o desconhecimento do funcionamento interno de determinados serviços.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 147: Monografia Raphael Final

146

4.1.3.5 Problema assinalado pela letra “e”

CENÁRIO DE ATUAÇÃO LETRA INDICADORES

Institucional e Áreas de políticas & estratégias

Figura 35 – Cenário, problema e indicador III Fonte: O autor.

LETRA PROBLEMA

e

Debilidade de adoção de atitudes proativas de antecipação às novas tendências, aos novos cenários, às novas necessidades dos usuários, aos desenvolvimentos tecnológicos, aos requisitos legais, às mudanças estratégicas (com ganhos de poder, visibilidade, produtividade e qualidade) dos concorrentes, inclusive os não tradicionais e aos anseios da sociedade.

Figura 36– Cenário, problema e indicador III. Fonte: O autor.

Figura 37 – Letra “e” Fonte: O autor.

O referido problema pode ser diagnosticado e ter auxílio no processo

de resolução, por meio do emprego do indicador áreas políticas e estratégias.

Este problema foi inserido no instrumento no intuito de verificar se

também havia percepção por parte dos componentes da amostra da existência de

problemas do cenário dos processos organizacionais, que demandam ações mais

complexas para efetuar seu diagnóstico e também a sua solução.

67%

33%

Debilidade de adoção de atitudes proativas de antecipação às novas tendências, aos novos cenários, às novas necessidades

dos usuários, aos desenvolvimentos tecnológicos, aos requisitos legais, às mudanças estratégicas (com ganhos de poder,

visibilidade, produtividade e qualidade) dos concorrentes, inclusive os não tradicionais e aos anseios da sociedade.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 148: Monografia Raphael Final

147

4.1.3.6 Problemas assinalados pelas letras “j” e “k”

CENÁRIO DE ATUAÇÃO LETRAS INDICADORES

Processos organizacionais j Estrutura organizacional

k

Figura 38 – Cenário, problemas e indicadores II Fonte: O autor.

LETRA PROBLEMA j

Demora excessiva na tomada de decisão, acarretando, por ocasião da chegada da

decisão ao interessado, a extrapolação do prazo para a ação.

k

Existência do ―Chefe do Chefe‖ (Diretor do Diretor), redundando no fato de uma das chefias permanecer ociosa, ocorrer conflitos pelo poder e despesas desnecessárias com uma das chefias.

Figura 39 – Letras “j” e “k” Fonte: O autor.

Figura 40 – Letra “j” Fonte: O autor.

O referido problema pode ser diagnosticado e ter auxílio no processo

de resolução, por meio do emprego do indicador estrutura organizacional.

Este problema foi inserido no instrumento no intuito de verificar se

também havia percepção, por parte dos componentes da amostra, de problemas do

cenário dos processos organizacionais que demandam ações mais complexas para

efetuar o diagnóstico e solução.

48%

52%

Demora excessiva na tomada de decisão, acarretando, por ocasião da chegada da decisão ao interessado, a extrapolação do prazo

para a ação.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 149: Monografia Raphael Final

148

Figura 41 – Letra “k” Fonte: O autor.

O instrumento nos demonstrou que os problemas administrativos, entre

os citados no instrumento, que obtiveram os maiores percentuais de percepção

foram os relacionados à aplicação da ferramenta de quadro de distribuição de

trabalho, seguido por aqueles relacionado à confecção de fluxogramas.

4.2 A necessidade de adoção de ações para solucionar os problemas

administrativos no âmbito do CBMDF

Face o exposto, fica evidente que é válida a percepção de problemas

administrativos por parte dos oficiais superiores, não só pela experiência adquirida

pelo tempo de serviço, mas também pelo exercício de funções de comando e chefia.

Esta percepção não se restringe ao cenário dos processos e métodos,

mas percorre todos os demais da organização e de atuação das ferramentas e

indicadores de O&M.

As cobranças de melhorias nas gestões estão à porta, como ilustra

Pereira Filho (2009), afirmando que o Distrito Federal figura como o campeão de

45%

55%

Existência do “Chefe do Chefe” (Diretor do Diretor), redundando no fato de uma das chefias permanecer ociosa, ocorrer conflitos pelo poder e

despesas desnecessárias com uma das chefias.

SIM, OCORRE NÃO, NÃO OCORRE

Page 150: Monografia Raphael Final

149

desperdícios de recursos públicos por ineficiência, em virtude das particularidades

de organização, manutenção e funcionamento de seu sistema de segurança pública.

O Sistema de Gestão Estratégica para Resultados da PMMG (2010) é

decorrente da necessidade de adequações estruturais em função das influências do

ambiente, bem como de pressões sociais e partes interessadas, exigindo que o

órgão policial, além de realizar processos eficientes, obtenha resultados com

impactos efetivos sobre o fenômeno da segurança.

Oliveira (2002) afirma que a eficiência está atrelada a fazer as coisas

bem, resolver problemas, salvaguardando recursos, cumprindo seu dever e

reduzindo custos.

Maximiano (2004) afirma que é assegurar a eficiência e a eficácia das

organizações, o papel da administração.

E completa dizendo que quando isto não ocorre, é um forte indicativo

de que os gestores estão falhando e suas ações, que por sua vez, necessitam de

revisão.

Madeira (2008) relata que o princípio da eficiência deve orientar toda a

administração pública, devendo esta ser eficiente, por ocasião da prática dos seus

atos, não sendo admitido que o administrado seja punido pela inoperância

injustificada do órgão administrativo.

Afirma também, que a Administração Pública deve buscar os melhores

resultados, sem desperdícios, tornando a execução de suas atribuições a melhor

possível, a custos menores.

Expõe, também que em matéria de direito é este princípio que

determina que a Administração Pública tenha a obrigação, como sempre teve, de

otimizar os recursos de pessoal e material de que dispõe, em razão da carência de

recursos públicos, para aplicá-los em favor do atendimento às várias finalidades de

interesse público.

Em outras palavras, os órgãos públicos são obrigados a fornecer

serviços adequados, eficientes e seguros.

Page 151: Monografia Raphael Final

150

Todos sabem que o problema está lá, indubitavelmente. Há, não só

desejo de solucioná-lo, mas também o dever, porém, surgem as perguntas:

Como diagnosticar precisamente o problema administrativo ?

Como solucioná-lo?

Costa (2010) afirma que a incapacidade do modelo burocrático de

atender às demandas dos diversos segmentos da sociedade tem levado

administradores públicos a buscar formas de gerenciamento mais flexíveis e

dinâmicas.

Aponta também que novas ferramentas de gestão, de aplicação

consagrada na iniciativa privada, vêm sendo experimentadas e adaptadas às

especificidades do setor público.

Segundo Cury (2007), a ferramenta de gestão conhecida como

―Análise Administrativa‖ é um processo de trabalho que objetiva efetuar diagnósticos

das causas e estudar soluções integradas para os problemas administrativos.

A sociedade clama por serviços públicos de qualidade e cada dia que

passa, tolera menos que os serviços públicos não atinjam os resultados que

requerem: o de atender às suas expectativas.

A aplicação da ferramenta de gestão Análise Administrativa deve

ocorrer após o diagnóstico preliminar da situação-problema.

Dada a grande relevância da opinião dos oficiais que compõem a

amostra o presente relatório pode sim servir como um diagnóstico preliminar.

Araújo (2006) veda a observação pessoal como o único instrumento a

ser utilizado para a realização de tomada de informações, qualquer que seja o

estudo em desenvolvimento.

Araújo (2006) ressalta que o emprego de três destes instrumentos

(questionário, entrevista e observação pessoal) possibilita o cumprimento de uma

boa análise organizacional.

Page 152: Monografia Raphael Final

151

Oliveira (2002) afirma que a observação pessoal deve servir a um

objetivo formulado de pesquisa, ser sistematicamente planejada e submete-se a

verificações e controles de validade e precisão para torna-se uma técnica científica.

Conforme o exposto, os gestores do CBMDF têm, não só a

necessidade, mas a responsabilidade e o dever de agir tecnicamente e com

consciência, de modo a atender integralmente os requisitos técnicos para efetuar o

preciso diagnóstico dos problemas administrativos, aqui levantados.

4.3 Apresentação do processo de análise administrativa e sua consonância

com o que é proposto pelo Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da

Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) (objetivo B)

4.3.1 A ferramenta de gestão análise administrativa

A ferramenta de gestão ―Análise Administativa‖ foi detalhada ao longo

da subseção secundária 2.20 da Revisão da Literatura e segundo Cury (2007):

Para maior eficácia, a Análise Administrativa deve ser realizada por

meio de uma metodologia que procure atingir as condições absolutamente

necessárias à sobrevivência de uma organização na sociedade coeva, de grandes,

rápidas e complexas mudanças em todos os setores, sendo estas as seguintes:

o constante aperfeiçoamento das práticas de trabalho; e

a renovação organizacional.

Cury (2007) salienta que é relevante o apoio da administração

estratégica para proporcionar condições adequadas para a aplicação da

metodologia com ações que promovam:

O descortinamento de cenários;

A enunciação de visões;

A formulação de estratégias; e

Page 153: Monografia Raphael Final

152

A definição das diretrizes gerais do projeto de mudança.

Somado ao fato de a equipe de trabalho responsável pelo processo ter

uma visão global da Instituição, aliado à predisposição de convergir os atendimentos

das necessidades institucionais e individuais, considerando a organização como um

sistema aberto, compatibilizando o ambiente externo com os subsistemas internos,

compõem os fundamentos para o êxito da intervenção.

Para Cury (2007), o processo tem que ser iniciado com um

planejamento cuidadoso que contemple o envolvimento positivo do público interno

da organização por meio da:

Conscientização de aprender a ver os problemas por si mesmo;

Participação no diagnóstico dos problemas;

Co-responsabilidade na manipulação da solução final.

Almejando o alcance destes propósitos, segundo Cury (2007), é

necessário que seja elaborada uma estratégia balizada por uma sucessão de

atividades variáveis, tanto em conteúdo, como amplitude, conforme a demanda da

natureza do projeto e sua própria evolução, senão vejamos:

Contatos iniciais entre a equipe responsável pelo processo com os

dirigentes da organização para a identificação preliminar da situação-

problema;

Contato da equipe responsável pelo processo com a força de trabalho

da organização expondo as razões da intervenção e os objetivos

visados por ela;

Estruturar o processo de intervenção-diagnóstico com ampla

participação da força de trabalho no andamento do projeto por meio de

reuniões, seminários de treinamento, entrevistas, questionários e

outros recursos similares;

Emissão de relatórios periódicos noticiando o andamento dos trabalhos

a fim de evitar prejuízo ao funcionamento normal dos diversos órgãos e

Page 154: Monografia Raphael Final

153

nem tão pouco constituir foco potencial de reações ao esforço de

mudança.

Cury (2007) apregoa que mudanças somente serão permanentes,

profundas e bem sucedidas se atingirem a cultura da organização.

De acordo com Cury (2007), uma organização saudável terá o maior

número possível de normas explícitas, em contrapartida, uma instituição ineficiente,

altamente burocrática, possui maior quantidade de normas implícitas.

Ainda segundo Cury (2007), de acordo com estudos das ciências do

comportamento, é comum o ser humano agir em função daquilo que recebem de

recompensa ou esforço.

É indispensável, portanto, ao longo do desenvolvimento do trabalho,

identificar se a empresa possui um sistema adequado de recompensas que viabilize

aos gerentes, não só laurear os empregados de diferenciado rendimento, mas que

também auxilie no processo de estímulo aos menos dedicados.

Projetada a solução, abrangendo a indispensável compatibilização,

dentro da perspectiva de sistema aberto, elaborada na crítica do levantamento,

segundo Cury (2007), deve ser verificado até que ponto a mudança estruturada

atenderá às exigências de uma adequada interação da organização com a

ambiência externa.

Em complemento a esse enfoque, o autor recomenda que a equipe

deva avaliar se a solução projetada atenderá à basilar harmonia e equilíbrio entre os

sistemas internos da organização, visto que qualquer mudança em um dos sistemas,

como vimos, afetará os demais.

Normalmente, as mudanças nos sistemas técnico e gerencial são

prontamente percebidas ou implementadas, pelo próprio interesse organizacional,

deve ser dada, portanto, atenção redobrada ao sistema social.

É importante, também constatar, segundo o autor, se foram

devidamente atingidos pela solução os aspectos relacionados à integração das

necessidades organizacionais, grupais e individuais, por meio do atingimento da

Page 155: Monografia Raphael Final

154

própria cultura organizacional, tornando-a mais saudável, com a revisão de normas,

criação de incentivos e recompensas para os profissionais, mudança de estilos

gerenciais inadequados e aspectos correlatos.

A referida integração das necessidades redundará em uma melhor

internalização das mudanças, favorecendo sua aceitação.

Assim, por meio da Análise Administrativa, as mudanças são sempre

recicladas, pois as soluções implantadas num tempo, lidando com coisas dinâmicas,

podem exigir novas modificações, num tempo futuro.

4.3.2 Propostas do Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação

Nacional da Qualidade (FNQ) aplicados à PMESP e à PMMG

A PMESP (2010), ressalta que toda a gestão da Instituição tem como

parâmetro a observância dos fundamentos da excelência, ou seja: Pensamento

Sistêmico, Aprendizado Organizacional, Cultura de Inovação, Liderança e

Constância de Propósitos, Orientação por Processos e Informações, Visão de

Futuro, Geração de Valor, Valorização das Pessoas, Conhecimento sobre o Cliente

e o Mercado, Desenvolvimento de Parcerias e Responsabilidade Social.

Para internalizar esses fundamentos a PMESP adota o Modelo de

Excelência da Gestão® (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

Este Modelo entre outras coisas possui critérios de avaliação do

desempenho e diagnóstico organizacional próprios e os adapta à realidade das mais

diversas instituições por meio da adoção de adendos interpretativos.

Os adendos interpretativos foram instituídos para compatibilizar o MEG

ao sistema de gestão da Instituição e fomentar a compreensão dos fundamentos de

excelência para que os gestores possam aperfeiçoar continuamente as suas

práticas.

O modelo estabelece padrões desejáveis de desempenho, e

recomenda que por meio de avaliações e premiações periódicas, sejam

Page 156: Monografia Raphael Final

155

comprovadas e laureadas as aderências das práticas de gestão das organizações,

aos critérios de excelência estabelecidos.

A adoção do MEG, segundo a PMESP (2010), tem garantido àquela

instituição o alinhamento ao ambiente altamente competitivo que se apresenta,

buscando incessantemente seu aperfeiçoamento, inovando e se adaptando a este

ambiente competitivo e turbulento, adotando a administração gerencial por

resultados, traduzindo sua ação diária em eficiência, eficácia e efetividade.

Com o objetivo de atender às demandas de todos os stakeholders (ou

partes interessadas), e alcançar metas e resultados estratégicos, a PMESP tem

consolidado um modelo de gestão na área de segurança pública internalizando os

princípios norteadores da Administração Pública.

Afirma ainda que a evolução daquela organização centenária rumo à

consolidação de um Sistema de Gestão, contou com a observância sábia, prudência

estratégica e a segurança para se desenvolver e alcançar novos níveis de

excelência, sem que houvesse solução de continuidade na prestação de serviços à

comunidade que usufrui de seus serviços.

O Modelo também proporcionou àquela organização o estabelecimento

de maneira clara, do Pensamento Sistêmico em sua gestão, ao permitir que os

princípios da eficácia, eficiência e efetividade se consolidassem a partir de

processos e padrões definidos e consubstanciados sob a visão mais moderna da

administração gerencial.

Nesse contexto, a PMMG (2010), também tem buscado aplicar os

princípios da eficiência e da efetividade, com a reconfiguração dos processos de

administração, a reformulação da gestão interna e das ações gerenciais na

produção dos serviços operacionais e realização de políticas pública de segurança.

A PMMG (2010), ao considerar que a reforma gerencial do Estado,

com a transição do modelo burocrático para o gerencial, tem como base o

planejamento de longo e médio prazo, a otimização do orçamento, a gestão com

sistematização de métodos e técnicas de monitoramento e avaliação de resultados,

Page 157: Monografia Raphael Final

156

a instituição buscou se adequar a este ambiente, em aderência às mudanças

sociais.

A instituição adotou o Sistema de Gestão Estratégica para Resultados,

também nos moldes do Modelo de Gestão da Excelência da FNQ, que configura a

modernização da administração dos recursos, dos processos e dos serviços.

Este sistema é estabelecido organizacionalmente de forma intersetorial

e formato externo voltado aos destinatários das políticas públicas de segurança,

focadas no cidadão e na satisfação com a qualidade do serviço prestado, tudo em

consonância com as prerrogativas do padrão de gestão pública gerencial, em

detrimento do burocrático.

A PMMG (2010), também salienta que um ponto fundamental para o

sucesso do sistema de gestão é a participação.

Que por sua vez assume a significação interna, de que cada policial

deve ser um colaborador, contribuindo para o alcance dos objetivos institucionais e,

externamente, aplicando a mesma metodologia participativa com a comunidade,

estimulando a solução de problemas diagnosticados no âmbito local.

Para que o sistema de gestão seja implementado, as pessoas que

compõem a Instituição devem estar capacitadas e satisfeitas, atuando em um

ambiente propício à consolidação da cultura de produtividade e excelência.

Essas pessoas têm o papel de executar e gerenciar adequadamente os

processos, com vistas à produção de segurança pública, tendo como destinatário a

população.

4.3.3 A consonância

A convergência do que é proposto pela aplicação da ferramenta de

gestão Análise Administrativa, com o que é ofertado pela adoção do Modelo de

Excelência da Gestão da FNQ é constatada pelos seguintes pontos:

a) Constante aperfeiçoamento das práticas e renovação

administrativa:

Page 158: Monografia Raphael Final

157

A Análise Administrativa deve ser realizada por meio de uma

metodologia que procure atingir as condições de constante

aperfeiçoamento das práticas de trabalho e a renovação

organizacional.

O MEG fomenta o contínuo aperfeiçoamento das práticas de

gestão e a reconfiguração dos processos de administração, a

reformulação da gestão interna e das ações gerenciais

b) Enfoque sistêmico, compatibilização com o ambiente externo e

busca da convergência de necessidades institucionais e

individuais:

Compõem os fundamentos para o êxito da intervenção por meio

da Análise Administrativa, o atendimento da necessidade da

equipe de trabalho responsável pelo processo ter uma visão

global da Instituição, aliada à predisposição de convergir os

atendimentos das necessidades institucionais e individuais,

considerando a organização como um sistema aberto,

compatibilizando o ambiente externo com os subsistemas

internos;

O MEG também proporciona às instituições o estabelecimento

de maneira clara, do Pensamento Sistêmico e um formato

externo voltado aos destinatários das políticas públicas de

segurança, focadas no cidadão e na satisfação com a qualidade

do serviço prestado, objetivando atender às demandas de todos

os stakeholders (ou partes interessadas);

c) Comprometimento e participação ativa do público interno no

processo de mudança:

O processo da Análise Administrativa tem que se iniciar com um

planejamento que contemple o envolvimento positivo do público

interno da organização;

Page 159: Monografia Raphael Final

158

O MEG também estimula a instituições participação positiva dos

profissionais das organização, como na PMMG, onde cada

policial deve ser um colaborador, contribuindo para o alcance

dos objetivos institucionais;

d) Atenção à manutenção da continuidade dos serviços:

O a ferramenta Análise Administrativa defende que sejam

evitados prejuízo ao funcionamento normal dos diversos órgãos

durante a sua aplicação;

O MEG também defende que não haja solução de continuidade

na prestação de serviços em razão das mundaças

proporcionadas pela adesão da instituição ao Modelo

e) Mudança cultural:

É preconizado pela ferramenta que mudanças somente serão

permanentes, profundas e bem sucedidas se atingirem a cultura

da organização;

O MEG propõe que por meio da satisfação e capacitação das

pessoas que compõem a organização, seja promovido um

ambiente propício à consolidação da cultura de produtividade e

excelência;

f) Avaliação e recompensas:

A ferramenta propõe a adoção de um sistema adequado de

recompensas que viabilize aos gerentes, não só laurear os

empregados de diferenciado rendimento, mas que também

auxilie no processo de estímulo aos menos dedicados;

O MEG recomenda avaliações e premiações periódicas, para

que sejam comprovadas e laureadas as aderências das práticas

de gestão das organizações, aos critérios de excelência

estabelecidos.

Page 160: Monografia Raphael Final

159

g) Atenção às constantes mudanças ambientais:

A ferramenta observa perspectiva de sistema aberto, e

considera a exigências de uma adequada interação da

organização com a ambiência externa;

O MEG adota o enfoque sistêmico e apregoa a busca da

adequar ao ambiente, em aderência às mudanças sociais.

Pelo comparativo apresentado, constatamos que os balizamentos da

ferramenta de gestão Análise Administrativa, convergem com vários noreamentos

preconizado pelo MEG aplicado tanto à PMESP, quanto à PMMG.

4.4 Experiência em que a aplicação do processo de Análise Administrativa

em órgão público redundou em resultados satisfatórios (objetivo C)

Na subseção 2.17 é descrita a experiência de aplicação da ferramenta

de mudança e modernização organizacional, Análise Adminsitrativa, na Terceira

Vara da Criança e do Adolescente de Porto Alegre-RS, onde, segundo Costa (2010),

apesar de na época da aplicação da ferramenta:

Terem sido realizadas ações de baixo custo;

A Terceira Vara haver passado por uma série de reformulações

insuficientes do ponto de vista gerencial;

Haver escassez de recursos financeiros e materiais;

Os usuários internos e externos terem demonstrado insatisfação

com a situação em que o órgão se encontrava;

Ter sido necessário buscar a adesão em torno de um amplo

projeto de mudança organizacional;

Não terem sido eliminadas todas as resistências, dúvidas e

questionamentos dos clientes internos;

Page 161: Monografia Raphael Final

160

Existirem conflitos entre equipes e entre técnicos, e a

compartimentalização de atividades e funções imposta pelo

modelo burocrático de gestão, vigente até então;

Havido alto grau de impacto sobre a rotina dos membros da

unidade em razão das mudanças pretendidas

Os entraves encontrados terem superado as mais pessimistas

expectativas;

Existir o engessamento provocado pela estrutura burocrática

ainda vigente;

Terem ocorrido ataques pessoais ao líder e aos participantes da

mudança em geral, com direito a ânimos inflamados e

informações de bastidores;

A desorganização já ter sido incorporada ao dia-a-dia dos

servidores;

No início dos trabalhos não haver um padrão único para os

relatórios de acompanhamento, nem no que se referia a prazos

de entrega, nem ao conteúdo;

O ritmo de implantação das mudanças ter sido bastante

acelerado;

A sobrecarga corriqueira de tarefas da Vara somou-se o volume

de trabalho imposto pela revisão dos processos administrativos

e demandas extraordinárias;

A redistribuição da carga de trabalho não ter agradado a todos;

Muitos servidores já haverem passado por diversos processos

de mudança e acreditavam que, ao final, as atividades não

trariam resultados duradouros nem proveitosos para as equipes;

Page 162: Monografia Raphael Final

161

Frases como ―vamos mudar tudo para não mudar nada‖ e ―a

mudança vai durar enquanto durar o juiz‖ terem sido,

repetidamente, ouvidas durante a realização do estudo.

Os membros do grupo não escolhidos para compor o staff

tornaram-se mais reticentes ao projeto de mudança

transformaram-se em líderes negativos, disseminando idéias

contrárias ao projeto de modernização e mostrando-se

refratários a qualquer tentativa de envolvimento.

O uso isolado das ferramentas e técnicas disponíveis não

garantirem, por si só, a desburocratização total dos serviços, já

que a vara se insere numa instituição complexa, de grande

porte, com características fortemente burocráticas;

Em todo serviço público, haver o grande desafio de continuidade

dos projetos de mudança, após a saída do líder principal.

Os seguintes frutos foram gerados:

O Envolvimento da liderança no processo desde seu início;

A criação de um clima favorável à realização dos trabalhos;

Alto impacto na melhoria dos processos organizacionais;

Foram levados a termo, pelos funcinários, cursos nas áreas

técnica e comportamental, em paralelo às mudanças

administrativas;

Do trabalho, resultaram fluxogramas dos processos

organizacionais;

Os cursos realizados foram promovidos na própria Vara, da

mesma forma que foram desenhados os macrofluxos, os

fluxogramas, os manuais e formulários;

Ocorreu uma arrumação geral do ambiente laboral;

Page 163: Monografia Raphael Final

162

O processo de análise, definição e padronização de

procedimentos possibilitou o treinamento de novos funcionários

e a simplificação e racionalização das rotinas de trabalho;

Ocorreu uma reflexão sobre o próprio modelo burocrático, um

modelo que se caracteriza pelo seu apego a regras e padrões

obsoletos e desnecessários;

Houve melhor distribuição do volume de trabalho e eliminaram-

se as possíveis dissociações no atendimento. Os adolescentes

passaram a ser trabalhados com foco no indivíduo e não na

medida recebida, de forma integral e sistêmica

Proporcionou que cada técnico desenvolvesse uma relação mais

próxima e profunda com os adolescentes atendidos,

favorecendo a criação dos vínculos tão necessários ao processo

de reinserção social;

Eliminou-se, assim, a impessoalidade burocrática, que tratava

cada adolescente como um elemento estanque, sem considerar

sua história de vida, suas motivações, necessidades e

especificidades.

A comunicação passou a fluir com maior eficiência e rapidez

Ocorreu a integração de três equipes técnicas numa sala única,

com a devida redefinição de suas atribuições;

Os formulários desenvolvidos representaram não apenas a

formalização de procedimentos usuais, mas sua revisão e

aprimoramento, com a inclusão de etapas no processo de

atendimento, anteriormente inexistentes, resultando na cessão

um legado da equipe que participou do processo, à organização;

O Plano de Atendimento, novo padrão desenvolvido, que

representou uma inovação nos métodos de trabalho. Foram

criados os formulários: Informação, dando conta sobre o

Page 164: Monografia Raphael Final

163

comparecimento ou não do adolescente a uma audiência

admonitória coletiva, início de todo o processo de atendimento;

Todos os formulários estão disponíveis na rede e contam com

instruções de preenchimento relativas a cada campo definido;

Houve também o surgimento de entusiastas, principalmente

entre os que viam vantagens na transição, como aqueles que

puderam compartilhar com os colegas uma carga de trabalho

desproporcional;

O trabalho de identificação e desenvolvimento de potenciais e a

formação de uma equipe informal de staff, ligada ao projeto;

O líder do projeto procurou, de imediato, cercar-se de elementos

motivados, qualificados e alinhados em torno do projeto da

proposta, que passaram a constituir um grupo de assessoria

informal e a dedicar-se de forma mais intensiva à coordenação,

acompanhamento e execução dos trabalhos;

Tal estratégia permitiu, de um lado, que houvesse um grupo

estável e coeso levando a termo os trabalhos e garantindo que

as mudanças ocorressem dentro do escopo, do prazo e dos

objetivos planejados;

A indicação de um staff garantiu o aproveitamento de talentos e

habilidades até então subutilizados pelo esquema burocrático e,

como conseqüência, uma maior motivação dos membros

escolhidos;

Evidenciou-se um incremento da integração entre as equipes da

vara e as equipes da rede de atendimento, possibilitando um

acompanhamento mais efetivo e sistêmico dos adolescentes;

No nível do sistema judiciário, observou-se a melhoria da

comunicação entre os técnicos e juízes das três varas

Page 165: Monografia Raphael Final

164

responsáveis pela infância e juventude no Foro Central de Porto

Alegre;

Houve uma visível e forte melhoria na integração entre as

equipes técnicas (unificadas a partir dos trabalhos) e a equipe

cartorária, resultando, igualmente, na prestação de um

atendimento mais qualificado e sistêmico;

Melhorias significativas também foram observadas nos

mecanismos de gestão e de controle interno;

Foi possível mapear com clareza informações necessárias à

tomada de decisão, tais como o número médio de processos

acompanhados pelos técnicos, por medida socioeducativa; o

tipo de abordagem empregada na reinserção social dos

adolescentes; os elementos disponíveis na rede de atendimento;

e o tempo médio de conclusão dos processos;

A padronização do atendimento e a criação dos formulários

correspondentes permitiram a garantia de um padrão mínimo de

atendimento, o controle dos prazos e o acompanhamento dos

resultados;

A vara também passou a contar com registros de suas

atividades para fins de futuras pesquisas;

Em relação aos servidores, houve incremento das habilidades

técnicas, principalmente relativas à informática e aplicação de

ferramentas da qualidade;

A prontidão para que se efetivasse a municipalização das

medidas socioeducativas de meio aberto, sem que a Terceira

Vara perdesse o controle dos processos, já que a Vara manteria

sua função de controle e acompanhamento jurisdicional;

Foi possível observar a criação de um foco de disseminação de

novas idéias no Foro Central, compartilhado por outros juízes

Page 166: Monografia Raphael Final

165

simpatizantes do movimento pela qualidade no Poder Judiciário

e por juízes inoculados pelo vírus da inovação;

Os efeitos mais amplos do trabalho, cujo escopo envolveu as

demais instituições que fazem interface com a Terceira Vara e

que acabaram por rever alguns de seus processos a fim de

acompanhar as novas demandas administrativas;

4.5 A mínima demanda organizacional, para a aplicação da ferramenta de

gestão, Análise Administrativa, no âmbito do CBMDF (objetivo D)

4.5.1 Quanto ao apoio da direção geral

Cury (2007) salienta ser fundamental, para o sucesso da aplicação da

ferramenta, o apoio da administração estratégica com ações que promovam:

O descortinamento de cenários;

A enunciação de visões;

A formulação de estratégias; e

A definição das diretrizes gerais do projeto de mudança.

4.5.2 Quanto às características dos profissionais que comporão a equipe de

trabalho encarregada

Somado ao fato da equipe de trabalho responsável pelo processo ter:

Uma visão global da Instituição;

Aliado à predisposição de convergir os atendimentos das

necessidades institucionais e individuais,

Considerando a organização como um sistema aberto,

compatibilizando o ambiente externo com os subsistemas

internos, compõem os fundamentos para o êxito da intervenção.

Page 167: Monografia Raphael Final

166

Segundo D’Ascenção (2001) é importante que o profissional para

desempenhar esta atividade, possua:

Facilidade em simplificar e racionalizar processos.

Uma boa percepção para definir qual o melhor fluxo para o

processo;

Quais as atividades que compõem o processo e que realmente

são necessárias,

Quais as áreas da estrutura organizacional que realmente

devem participar do fluxo do processo,

Quais os formulários necessários, bem como elaborar os

manuais do novo processo.

É desejável, conforme D’Ascenção (2001), que o profissional também

possua as seguintes habilidades pessoais:

Atitude interrogativa: perguntar até que todas as dúvidas sejam

esclarecidas;

Competência conversacional: saber escutar, principalmente e

falar com fluência;

Criatividade e boa imaginação: estar sempre receptivo às novas

idéias, ter flexibilidade para poder inovar;

Capacidade de liderança: ter facilidade em para encontrar

alternativas para transpor obstáculos considerados

intransponíveis por outras pessoas;

Ser bom vendedor: saber persuadir.

Quanto às qualidades pessoais, as mais relevantes são as seguintes:

Ética: no convívio tanto pessoal, quanto no profissional;

Page 168: Monografia Raphael Final

167

Humildade: reconhecer seus limites;

Amizade: ser solícito aos colegas e não ter dificuldades em

partilhar conhecimentos e experiências.

Não divergindo muito do perfil da nova liderança na gestão pública

apontada por Matias-Pereira (2010), que exige:

Liderança;

Planejamento e pensamento estratégico;

Conhecimento da gestão pública gerencial;

Implantação e gerenciamento de mudanças;

Análise e gerenciamento de conflitos;

Negociação coletiva;

Motivação e obtenção de compromissos de pessoas e equipes;

Conhecimento sobre desenvolvimento de sistemas e recursos

humanos;

Delegação de responsabilidades e cobrança de resultados;

Gerenciamento de recursos financeiros; e

4.5.3 Quanto ao emprego dos comandantes, chefes, diretores,

administradores e outros profissionais do setor a ser analisado

comporem a equipe de aplicação da ferramenta

Costa (2010) relata que a Terceira Vara, onde foi aplicada a ferramenta

de gestão Análise Administrativa, é administrada por um juiz de direito, apoiado

fortemente, na condução do cartório, pelo escrivão. A equipe técnica não contava

com um gestor, sendo administrada diretamente pelo juiz.

Page 169: Monografia Raphael Final

168

D’Ascenção (2001) ressalta que um trabalho de análise pode ser feito

setorialmente, focando somente determinados processos e problemas, pelos

próprios profissionais ou até mesmo pela chefia daquele setor, desde que sejam

considerados os seguintes pontos:

Conheçam a metodologia proposta, ou outra e saibam utilizar

um software específico para este trabalho;

Qualquer proposta de mudança para o processo seja levado em

consideração a interdependência ou inter-relação com os

demais processos da organização e que passe por avaliação de

profissionais mais capacitados e experientes neste tipo de

análise, dentro da organização, objetivando a validação do

trabalho e a devida disseminação das mudanças para toda

organização.

O trabalho de análise não prejudique suas atribuições

cotidianas.

Segundo o autor, o profissional ou a chefia do setor analisado costuma

possuir conhecimentos mais aprofundados dos processos que conduzem na

organização, o conhecimento sobre análise, para eles, é complementar ou

superficial, suficiente apenas para tentar melhorar o próprio processo.

Outro aspecto importante, apontado por D’Ascenção (2001), é o fato

dos responsáveis pelo processo estar envolvidos diretamente com os problemas

cotidianos e com a sua condução, perdem, em parte, a visão sistêmica da

organização, configurando assim, mais um motivo para que o trabalho seja

submetido a profissionais mais capacitados e experientes neste tipo de análise.

4.5.4 Quanto ao emprego de técnicas científicas, por parte da equipe

responsável

Segundo Cury (2007), corroboram para o sucesso dos trabalhos o

desenvolvimento por profissionais que utilizem técnicas de pesquisa científica

prática e possuam pensamento criador, que viabilizará:

Page 170: Monografia Raphael Final

169

A identificação dos problemas;

A determinação de suas causas; e

A criação de soluções.

4.5.5 Quanto à composição da equipe por analistas internos, externos ou

mista

Oliveira (2002) afirma que a situação ideal é a organização trabalhar,

simultaneamente, com analistas organizacionais internos e externos, visando

usufruir das vantagens de atuação da cada um deles.

Cury (2007) acrescenta que independentemente da natureza do

trabalho a ser executado, a Análise Administrativa, deve ser realizada por uma

equipe especialmente constituída para esta finalidade, com técnicos internos e/ou

externos ou mista.

Corroborando com isso, Cury (2007) recomenda que quando for viável,

a etapa de crítica ao planejamento, deve contar com a colaboração de analistas não

envolvidos no processo o que fomentará a compensação das falhas de observação

e as influências subjetivas.

Costa (2010) afirma que o juiz da Terceira Vara da Infância e

Juventude de Porto Alegre optou por realizar a Análise Administrativa e implantar os

projetos de mudança dentro da metodologia da qualidade e com o apoio de

consultores da área, tanto internos como externos.

Costa (2010) descreve que foram confeccionados na própria Vara, os

macrofluxos, os fluxogramas, os manuais e formulários, estes com a consultoria de

assessores externos.

4.5.6 Quanto ao estabelecimento de um anteprojeto de trabalho

Oliveira (2002) ressalta também ser importante, estabelecer um

anteprojeto de trabalho, com indicação de responsáveis pelas tarefas, tempos

previstos e datas esperadas para a conclusão de cada passo, etapa e fase.

Page 171: Monografia Raphael Final

170

4.6 Discussão das hipóteses

4.6.1 Hipótese 1

A primeira hipótese enumera que o CBMDF, atualmente, não possui

problemas administrativos, não sendo necessária a aplicação de metodologia

específica para realizar diagnósticos e soluções.

Problemas administrativos podem ser caracterizados como resultados

não desejados oriundos de um processo em uma organização.

Segundo Cury (2007), uma organização é um sistema de recursos que

visa realizar algum tipo de objetivo, por meio de processos de transformação e

divisão do trabalho.

Os recursos não são ilimitados, principalmente os públicos, e nem

devem ser, pois, segundo Pereira Filho (2009) a oferta excessiva de recursos

acarreta uma alta relação custo-benefício nos bens vinculados.

Ressalta ainda que, especificamente, na área de segurança pública do

Distrito Federal, apresentamos a ocorrência deste fenômeno de alta na relação-

custo-benefício, em virtude da oferta excessiva de recursos, o que prejudica a sua

eficiência relativa.

O mesmo autor ilustra esta oferta excessiva por meio de um

comparativo entre o montante de recursos destinados ao Programa Nacional de

Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) do Governo Federal, com

dispêndios previstos até o final de 2012, para todo o território nacional de R$ 6,7

bilhões de reais, enquanto que só no ano de 2008 a União destinou exclusivamente

para o FCDF R$ 6,6 bilhões de reais, sendo que R$ 3,5 bilhões somente para o

setor de segurança pública.

E finaliza indicando que no que se refere aos índices de desperdício, o

Distrito Federal também se destaca, infelizmente, mais uma vez, de modo negativo,

figurando como o campeão de desperdícios de recursos públicos por ineficiência,

Page 172: Monografia Raphael Final

171

em virtude das particularidades de organização, manutenção e funcionamento de

seu sistema de segurança pública.

Segundo Maximiano (2004) existem organizações que por

conseguirem ser, ao mesmo tempo, extremamente ineficientes e ineficazes acabam,

ao invés de proporcionar soluções, gerando problemas e aborrecimentos.

Afirma também, que isto vai depender somente de como a organização

é administrada, visto que, ela adquire e processa recursos originariamente para

solucionar problemas e suprir necessidades de seus usuários e dos indivíduos que a

criaram.

Verifica-se que a segurança pública no Distrito Federal, coordenada

pela Secretaria de Segurança Pública não tem apresentado os resultados

desejados, visto que, segundo Madeira (2008) o princípio da eficiência determina

que a Administração Pública tem a obrigação, como sempre teve, de otimizar os

recursos de pessoal e material de que dispõe, em razão da carência de recursos

públicos, para aplicá-los em favor do atendimento às várias finalidades de interesse

público.

Constata-se que, segundo os autores, a Secretaria de Segurança

Pública do Distrito Federal possui problemas administrativos, pois o resultado que se

espera daquele órgão é que proporcione serviços de segurança pública de

qualidade, que atendam às expectativas da sociedade, otimizando os recursos de

pessoal e material de que dispõe.

E não por meio de uma alta relação-custo benefício e com o título

campeão de desperdícios de recursos públicos, por ineficiência, como afirma Pereira

Filho (2009).

É certo que há problemas administrativos, atualmente, no CBMDF,

visto que, todos os componentes da amostra de pesquisa afirmaram, considerando

suas experiências profissionais, sua existência.

Porém, esta percepção dos oficiais da amostra assemelha-se ao

método de investigação chamado de observação pessoal, que conforme Araújo

Page 173: Monografia Raphael Final

172

(2006), não poderá ser o único instrumento a ser utilizado para a realização de

tomada de informações, qualquer que seja o estudo em desenvolvimento.

E procura justificar esta restrição pelo fato de não ser possível admitir

que um simples olhar possa dar contornos nítidos e definitivos a uma situação

qualquer.

Podemos argumentar que a percepção que levou os oficiais da

amostra a afirmar, categoricamente, que existem problemas administrativos no

CBMDF, não foi pautada em um simples olhar, mas em experiências profissionais

variando entre treze e trinta anos de serviços prestados.

Araújo (2006) reitera, afirmando que, mesmo considerando que o olhar

não foi tão simples assim, é extremamente difícil interpretar, com precisão o que

está verdadeiramente ocorrendo na área observada.

Além do que, segundo Oliveira (2002), para a observação pessoal se

torne uma técnica científica, deve servir a um objetivo formulado de pesquisa, ser

sistematicamente planejada e submete-se a verificações e controles de validade e

precisão. Requisitos que a percepção dos oficiais da amostra não atendem, pois

trata-se de um empirismo.

Porém, no conhecimento popular também há racionalidade e

objetividade, obviamente que não na profundidade do conhecimento científico, mas

com o bom-senso também é um conhecimento verdadeiro e comprovável.

Segundo Marconi e Lakatos (2004) o bom-senso ou conhecimento

popular, apresenta limitação de objetividade e racionalidade, pois está estreitamente

vinculado à percepção e à ação

Empiricamente, não restam dúvidas de que existem problemas

administrativos, atualmente no CBMDF, porém, conforme Oliveira (2002) não houve

comprovação com validação científica disto.

Em contrapartida, a PMMG (2010) relata que adotou postura

profissional na espinhosa tarefa de gerir aquilo que é público em razão das

influências do ambiente, bem como de pressões sociais e partes interessadas,

Page 174: Monografia Raphael Final

173

exigindo que o órgão policial, além de realizar processos eficientes, obtenha

resultados com impactos efetivos sobre o fenômeno da segurança.

Não há mais espaço para o amadorismo e falta de profissionalismo ao

gerir o que é de todos.

Algumas organizações da área de segurança pública, já perceberam

isso e já vem se adaptando a esta nova realidade. A PMMG (2010) é uma delas,

pois desenvolveu um sistema de gestão voltado aos destinatários das políticas

públicas de segurança, focadas no cidadão e na satisfação com a qualidade do

serviço prestado, tudo em consonância com as prerrogativas do padrão de gestão

pública gerencial, em detrimento do burocrático.

Neste contexto, o CBMDF não pode e nem deve se contentar com o

superficial, com o comum, com o geral, com a emenda, mas deve pautar-se pela

busca com afinco, do aprofundado, do preciso, do específico, do íntegro.

Madeira (2008) afirma que a Administração Pública deve buscar os

melhores resultados sem desperdícios, tornando a execução de suas atribuições a

melhor possível, a custos menores.

Porém, para efetuar diagnósticos precisos e científicos das causas e

estudar soluções integradas para os problemas administrativos, há a metodologia de

mudança organizacional chamada, Análise Administrativa.

Cury (2007) ressalta que, para o sucesso dos trabalhos é primordial o

emprego de técnicas de pesquisa científica prática, que viabilizará:

a identificação dos problemas;

a determinação de suas causas; e

a criação de soluções.

Ou seja, há a necessidade de aplicação de metodologia específica

para realizar diagnósticos e apresentar soluções de problemas administrativos.

Page 175: Monografia Raphael Final

174

Face ao exposto, quanto à avaliação da hipótese, conclui-se que ela foi

refutada.

4.6.2 Hipótese 2

A segunda hipótese traz que o CBMDF, atualmente, possui problemas

administrativos e é necessária (viável) a aplicação de metodologia específica para

realizar diagnósticos e soluções.

A comprovação empírica da atual existência de problemas

administrativos no CBMDF ocorreu com base na percepção adquirida por meio da

experiência profissional do oficial e principalmente por meio da afirmação uníssona

dos componentes da amostra que responderam ao instrumento.

O compromisso de gerir bem o que é público não permite que não seja

aplicada uma metodologia específica para a realização de diagnósticos se há

viabilidade nesta aplicação, conforme veremos a seguir.

Segundo Lerner (1992) o assunto Organização & Métodos deve ser

cultura e prática de todos os participantes da organização e não mais a

exclusividade que foi de alguns técnicos.

Para ele é fundamental que isso ocorra em benefício da renovação e

inovação das organizações.

Em 1998, Costa (2010) relatou que um juiz de direito, chefe da Terceira

Vara da Infância e da Juventude de Porto Alegre aplicou a metodologia de mudança

organizacional chamada ―Análise Administrativa‖ com parcos recursos.

O objetivo da autora foi relatar uma experiência de modernização em

um nível específico da Administração Pública e de chamar a atenção para a

possibilidade de serem realizadas ações de baixo custo e alto impacto na melhoria

dos processos.

D’Ascenção (2001) ressalta que um trabalho de análise pode ser feito

setorialmente, focando somente determinados processos e problemas, pelos

Page 176: Monografia Raphael Final

175

próprios profissionais ou até mesmo pela chefia daquele setor, desde que sejam

considerados os seguintes pontos:

Conheçam a metodologia proposta, ou outra e saibam utilizar um

software específico para este trabalho;

Qualquer proposta de mudança para o processo seja levado em

consideração a interdependência ou inter-relação com os demais

processos da organização e que passe por avaliação de profissionais

mais capacitados e experientes neste tipo de análise, dentro da

organização, objetivando a validação do trabalho e a devida

disseminação das mudanças para toda organização.

O trabalho de análise não prejudique suas atribuições cotidianas;

Assim, a aplicação da ferramenta no âmbito do CBMDF é viável, pois:

a prática de atividades de O&M não deve mais ficar restrita aos

profissionais desta área, segundo afirma Lerner (1992);

a metodologia apresenta baixo custo, conforme Costa (2010); e

Pode, inclusive, no caso de microações, ser aplicada pelos funcionários

e chefias dos locais de intervenção, de acordo com D’Ascenção.

Diante do exposto, quanto à avaliação da hipótese, conclui-se que ela

foi acatada.

Page 177: Monografia Raphael Final

176

5 CONCLUSÃO

As ações cada dia mais efetivas de órgãos de controle externo, a

iminência da ocorrência de grandes eventos esportivos e a própria percepção de

que o atendimento às necessidades da sociedade clama por mudanças, motivaram

a direção geral da corporação a editar uma série de norteamentos estratégicos que

devem balizar a gestão da instituição.

Foi dado o primeiro passo.

Agora, os órgãos de direção setorial, apoio e execução podem, dentro

de suas esferas de atribuições, segundo Costa (2010) realizar uma série de

microações que redundarão na melhoria da gestão organizacional.

Segundo PMMG (2010), as influências do ambiente, bem como de

pressões sociais, exige que os órgãos, além de realizar processos eficientes,

obtenha resultados com impactos efetivos em suas áreas de atuação.

O emprego de soluções que efetivamente dão resultado, com baixo

custos de implantação chamam a atenção.

Uma destas soluções, já adotada pela PMESP e pela PMMG é a

aplicação do Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação Nacional da

Qualidade (FNQ).

Outra solução que, segundo Costa (2010) é de baixo custo e alto

impacto na melhoria dos processos é a ferramenta de gestão, ―Análise

Administrativa‖ aplicada na Terceira Vara da Infância e Juventude de Porto Alegre -

RS.

Este processo se propõe a efetuar tecnicamente e com precisão,

diagnósticos situacionais das causas e estudar soluções integradas para os

problemas administrativos existentes atualmente na corporação.

Ambas as soluções se mostraram viáveis para implantação no âmbito

do CBMDF, o que certamente redundaria em resultados semelhante, senão

melhores, aos ocorridos nas polícias militares de São Paulo, Minas Gerais e na

Page 178: Monografia Raphael Final

177

Terceira Vara da Infância e Juventude de Porto Alegre – RS, respectivamente, na

resolução dos problemas administrativos apontados neste trabalho.

Page 179: Monografia Raphael Final

178

6 RECOMENDAÇÕES

Do exposto ao longo do presente estudo, são apontadas as seguintes

recomendações:

1) Apresentar o relatório monográfico ao Chefe do Estado-Maior-Geral

do CBMDF para que os levantamentos realizados contribuam para a gestão do

CBMDF;

2) Apresentar o relatório monográfico ao Chefe do Estado-Maior-Geral

do Comando Operacional do CBMDF para que os levantamentos realizados

contribuam para a gestão do CBMDF;

3) Emprego pelo CBMDF do Modelo de Excelência da Gestão da

Fundação Nacional da Qualidade;

4) Como recomendação acadêmica, sugere-se que estudos sobre a

ferramenta de gestão Análise Administrativa sejam realizados, preferencialmente, de

forma aplicada a uma unidade administrativa do CBMDF..

Page 180: Monografia Raphael Final

179

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