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Monografia I

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UNIVERSIDADE DE CABO VERDEDEPARTAMENTO DE CINCIAS SOCIAIS E HUMANAS

LICENCIATURA EM ENSINO DE FILOSOFIA

CINCIA E RELIGIO NA PERSPECTIVA DE BERTRAND RUSSEL E HANS KNG

ORIENTANDA: VERA PATRICIA ANDRADE RODRIGUESORIENTADOR: PROF. MESTRE, RUI MANUEL DA VEIGA PEREIRA

PRAIA, OUTUBRO DE 2014 ANO LECTIVO 2013/ 2014

UNIVERSIDADE DE CABO VERDEDEPARTAMENTO DE CIENCIAS SOCIAIS E HUMANAS

LICENCIATURA EM ENSINO DE FILOSOFIA

Cincia e Religio NA PERSPECTIVA DE BERTRAND RUSSEL E HANS KNG

ORIENTANDA: VERA PATRICIA ANDRADE RODRIGUESORIENTADOR: PROF. MESTRE, RUI MANUEL DA VEIGA PEREIRA

PRAIA, JUNHO 2015

Trabalho cientfico apresentado na Universidade de Cabo Verde (UNICV) para a obteno do grau de Licenciatura em Ensino de Filosofia, sob orientao do Prof. Mestre, Rui Manuel Da Veiga Pereira.

Trabalho Cientfico:Cincia e Religio na perspectiva de Bertrand Russel e Hans Kng.

Elaborado por:Vera Patrcia Andrade RodriguesOrientado pelo:Prof. Mestre, Rui Manuel Da Veiga PereiraAprovado pelos membros do Jri, e homologado pelo Conselho Cientfico aos:___________/____________/ 2015

O Jri------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Praia, aos ______ de_______________________ de 2015

Dedicatria

Agradecimentos:

cincia cabe dizer como vai o cu, e religio como se vai ao cuGalileu Galilei

Quem o autor desta frase?

Resumo:

Com a temtica Cincia e Religio na perspectiva de Bertrand Russel e Hans Kng, procuramos demonstrar ou mesmo descobrir qual posio da cincia perante a religio, nas perspectivas de Bertrand Russell e Hans Kng. Pretendemos demonstrar a possvel ligao ou a diferena entre a cincia e a religio, que desde h muitos sculos se confrontam ora conflituosamente ora pacficamente. Queremos mostrar tambm qual a posio desses dois autores mediante a cincia e a religio, que so dois temas que vem levantantado enumeras questes e debates. A cincia e a religio representam dois grandes sistemas do pensamento humano. A religio sempre teve uma influncia predominante na conduta do homem. Porm, a cincia interfere na vida do homem de uma forma marcante h pelo menos dois sculos atravs da tecnologia. O Resumo deve ser uma viso geral e abreviada do trabalho.

ndice

CAPTULO I: A RELAO OBJECTUAL E METODOLGICA ENTRE CINCIA E RELIGIO1. Diferena e proximidade objectual entre a Cincia e a Religio (Ver, o texto de Jose Schimtz e.....)2. Natureza da experincia religiosa e da experincia cientfica ( ver os Textos sobre a Experincia Religiosa in Charles Talifiero, Alain Charmers, O que afinal a Cincia/ Steven French, Ciencia- Conceitos Bsicos, Richard Dawkins, Deus um Delrio... e...) 3. O mtodo cientfico, a crena e a possibilidade da verdade (Ver Russell, A perspectiva cientfica, Richard Dawkins, Deus um Delrio, 4. Cientificidade da religio e a religiosidade da cincia (Ver N. Farouki, A f e a Razo, Roger Trieg Racionalidade e Religio......., CAPTULO II: A RELAO ENTRE A CINCIA E A RELIGIO: PERSPECTIVAS HISTRICAS1. A antiguidade: onde a Cincia e a Religio se confundem (ver David_C._Lindberg_Los_Inicios_De_La_Ciencia_Occidental... 2. Idade Mdia: So Boaventura e a Reduo das Cincias Teologia (David_C._Lindberg_Los_Inicios_De_La_Ciencia_Occidental.. e o Texto de So Boaventura em questo...3. Idade Moderna: Criacionismo, filosofia mecanicista e evolucionismo (ver Robert Lenoble Histria da Ideia da Natureza, e solicitar outros textos ao Prof.)4. Cincia e a Religio hoje: um dialgo (que continua a ser) possvel? Ver o Texto de A. Torres Queiruga, in Deus no Sc. XXI e....)CAPTULO III: A NATUREZA CONFLITUOSA ENTRE A CINCIA E A RELIGIO EM BERTRAND RUSSELL.1. Cincia, Religio e filosofia em Russell. (Ver Russell, a introduo da Histria do Pensamemento Ocidental / A filosofia entre a Cincia e a Religio, A Perspectiva Cientfica/ Os Problemas da Filosofia)2. Eventuais Contribuies da Cincia e da Religio para a Civilizao (ver, Russell, Porque no sou Cristo....)3. A Revolta da Cincia contra a Filosofia e as novas questes ticas da cincia (Ver a Histria do Pensamemento Ocidental particularmente, o ltimo captulo, A Perspectiva Cientfica)3. A razoabilidade do Cepticismo e as questes ltimas da existncia humana (Ver Russell, A Perspectiva Cientfica/ Os Problemas da Filosofia))CAPTULO IV: ACERCA DAS RELAES ENTRE A CINCIA E A RELIGIO EM HANS KNG1. A religio e os critrios ecumnicos da verdade (Ver H. Kung, O projecto de uma tica Mundial/ Ser Cristo/ O Cristianismo)2. A importncia da Religio para um ethos mundial Ver H. Kung, O projecto de uma tica Mundial)3. Hans Kuns e o imperativo do dialgo cientfico e espiritual Ver H. Kung, O projecto de uma tica Mundial) 4. Como a Cincia descobre os seus limites e a religio a necessidade da Cincia. Ver H. Kung, O Princpio de Tudo)

Introduo

A dificuldade em abordar a questo das relaes entre a cincia e a religio que a sua explicao exige que se obtenha, partida, alguma ideia clara do que se quer dizer com os termos "religio" ou "cincia". Temos de compreender o tipo de conexo, que existe entre as duas esferas e s depois tirar, ento, algumas concluses especficas a respeito da situao que os contemporneos enfrentam.O conflito entre cincia e a religio o que naturalmente ocorre nossa mente quando pensamos nesse assunto, mas tambm para o crente natural a harmonia entre as duas actividades. Durante a ltima metade de sculo XX, os resultados da cincina e as crenas da religio chegaram a uma posio de evidente desacordo, do qual no pode haver escapatria, excepto pelo abandono ou do claro ensinamento da cincia ou do claro ensinamento da religio. Quando consideramos o que a religio como a cincia so para a humanidade, no h nenhum exagero em dizer que o caminho futuro da histria depende do que esta gerao decidir quanto s relaes entre uma e outra. Nessa concluso, insistiram os defensores representantes de cada um dos lados. Encontramos, por exemplo, Bertrand Russel e Hans Kng, que so o foco deste trabalho.Quando compararmos a ciencia e a religio, descobrimos imediatamente dois grandes fatos: em primeiro lugar, sempre existiu um conflito entre religio e cincia e, em segundo lugar, tanto religio como cincia sempre estiveram em estado de contnuo desenvolvimento. Nos primeiros tempos do cristianismo, havia uma crena geral entre os cristos de que o mundo estava chegando ao fim exactamente no perodo da existncia das pessoas, que ento viviam. S podemos tirar inferncias indirectas sobre at onde essa crena era autorizada, mas o certo que era amplamente aceite e formava uma parte considervel da doutrina religiosa popular. Hans Kngs mostra, por sua vez, como no h incompatibilidade entre a religio e a cincia. Kng menciona explicitamente a Ps-Modernidade.Este estudo quer a partir do mago destas suas reflexes, perceber seus pontos de proximidade com as possibilidades ps-modernas. Segundo Hans Kng no haver sobrevivncia sem uma tica mundial. No haver paz no mundo sem paz entre as religies. E sem paz entre as religies no haver dilogo entre as religies. Como justificativa, ele diz tratar-se de umatentativa provisriade umaanlise do tempodas transformaes atuais, da nova constelao geral que est se esboando e vai marcar poca, do novo macro paradigma para mim um termo chave de envergadura histrico-universal.Esse mundo, na viso de Kng, no necessita de uma religio unitria nem de uma ideologia nica, mas de uma tica bsica (macro-tica) para toda a humanidade. A credibilidade futura de todas as religies, grandes e pequenas, acredita o autor, vai depender em que medida se acentua mais aquilo que as une e menos aquilo que as divide.A questo entre a cincia e religio ainda foi alvo de ateno de autor como Bertrand Russel que tambm um dos autores desse trabalho. Bertrand Russel tem sido durante a sua vida, um escritor fecundo, e alguns de seus melhores trabalhos se encontram em pequenos opsculos. Em relao a religio so poucas as coisas conhecidas, fora certo de crculos racionalistas. A igreja defendia que a terra aina deveria ser considerada o centro do universo por isso considera Galileu por defender que a terra orbitava em volta do sol e no o contrrio. A igreja a muitos j no aceitava as opinies contrrias, condenaram galileu por apresentar argumentos slidos resultantes da utilizao do telescpio. Como exemplo podemos citar os argumentos de qua a lua, em vez de ser uma esfera perfeita, tinha montanhas na sua superfcie. As pessoas acreditavam realmente que a igreja est inevitavelmente apreensiva quanto mudana e no reage favoravelmente s alteraes radicais na cincia e ao entendimento do universo que tem a tendncia para ser conservadora. A igreja apreendeu muito com o cas de Galileu por isso no manifestaram publicamente contra Darwin.Contudo a igreja tem que aceitar que a luta entre a cincia e a religio inevitvel para que ambas possam progredir. Uma das caractersticas do caso que Galileu foi o facto de a cosmologia defendida pela igreja, na altura nem sequer ser a viso vinculada pela bblia. Ali temos um universo em trs camadas, com uma terra plana entalada entre o cu, em cima e o inferno por baixo. E a igreja defendia uma cosmologia baseada em esferas, com a terra no centro.Hans Kng claro ao afirmar os tempos atua como os da Ps-Modernidade, uma nova poca mundial aps a Modernidade (REESCREVER SFF). Vrias so as coordenadas e caractersticas desse novo mundo, que se esboa de novo macro paradigmae que se caracteriza por uma nova constelao geralque est a exigir novas condutas das religies.Muitas vezes, acreditamos num Deus que castiga ou recompensa e no num Deus pessoal. Isso significa que a natureza se manifesta de forma extremamente regular, que h leis da natureza e essas leis tm que ser descobertas e reveladas. A noo de Deus como criador realmente uma ideia extraordinria, e a nossa tendncia de pensar que toda a actividade criadora de Deus e todo o resto foi devolvida a humanidade. Temos que pensar em Deus como o Deus do cosmo e temos a dificuldade em perceber que a comunidade humana neste planeta apenas uma parte desses cosmos. A igreja reage virando-se para si mesma, ela j no condena os cientistas isso j no est no seu poder, mas assinala o seu cepticismo perante certas teorias novas. O fantstico avano da cincia obrigou a igreja a uma a uma profunda reflexo teolgica. Reconheceu qua escritura no tem em vista fornecer uma descrio do mundo e da sua criao, do seu funcionamento. Reconhece o seu o caracter mtico dos textos sagrados. Este tem por objectivo fazer-nos compreender alguma coisa da obra e do desgnio de Deus. O Genesis no tem por finalidades ensinar-nos que houve primeiro as plantas etc. mas diz-nos que toda a criao obra de Deus, a quem ela deve ser. Oque conta so os textos bblicos no da natureza histrica ou cientifica. Sendo assim a apresentao por meio de crena os fundamentais, fora do campo da cincia.[footnoteRef:1] [1: Cf. ARSAC, Jacques. A cincia e o sentido da vida, p. 30-32.]

1. Estrutura do trabalhoEste trabalho composto por 3 captulos e diversos subcaptulos. E encontra-se estruturado da seguinte forma:Capitulo I: a relao objectual e metodolgica entre a cincia e religio, onde iremos analisar at que ponto a cincia e religio tem uma relao complexa e mostrar as influncias que a religio tem sobre o desenvolvimento cientfico, enquanto o conhecimento cientfico. Historicamente, a cincia tem tido uma relao complexa com a religio porque tem causado efeitos sobrecrenasreligiosas. O que podemos ver claramente que a religio e a cincia inevitavelmente competem pela autoridade sobre a natureza darealidade, de forma que a religio est gradualmente perdendo a competio contra a cincia ao passo que as explicaes cientficas tornam-se mais poderosas e gerais.[footnoteRef:2] [2: Cf. COPLESTON, F-Histria da Filosofia, vol.4]

Esse captulo tem cinco subcaptulos. No primeiro vamos falar dos elementos bsicos da religio, isto , mostra, os elementos constituintes das religio onde temos as que denominam de religioso primrio (componente racional e interno) reconhecimento interior da existncia de Deus e da dependncia do homem em relao a Ele, moldado num conhecimento superior que a f, das realidades terrenas e transcendentes (concepo do mundo, do homem e de Deus); religioso secundrio (componente afectivo e externo) manifestaes externas e objectivas, pessoais e colectivas, derivadas desse reconhecimento da existncia e da dependncia de Deus, que moldam e externam o desejo de honrar, servir e amar a Divindade (ritos, cerimnias, moral).Pretendemos ainda analisar a diferena e a proximidade objectual, ou seja mostrar onde a cincia e a religio aproximam e onde deferem em relao ao objecto de estudo.No terceiro captulo falaremos da natureza da experincia religiosaNo quarto falaremos do mtodo cientfico a crena e a possibilidade da verdadeE por ultimo a cientificidade da religio e a religiosidade da cincia ou cientismoNo Captulo II: a relao entre a cincia e a religio: onde pretendemos mostrar que as relaes entre cincia e religio mudam ao longo da histria e envolvem uma gama muito grande e complexa de aspectos, como polticos, sociais, econmicos e aqueles que envolvem as relaes de autoridade e poder, vises epistemolgicas das pocas, forma das prticas cientficas em cada poca, relao cincia e sociedade, choques entre culturas distintas. Esse captulo composto por trs subcaptulos no primeiro subcaptulo onde pretendemos analisar: Relao entre a cincia e a religio na antiguidade: Grega e Roma: Em todos os tempos, o ser humano sempre buscou conhecer osobrenaturalos deuses e a natureza. NaAntiguidade havia diversas formas de buscar conhecer a natureza, mas algumas delas estavam vinculadas acultosde natureza espiritual, cultos adivindadese rituaismsticos, emitologia[footnoteRef:3].Aidolatriababilnica,sumria, egpciae posteriormente a grega consistiam em adorar coisas da natureza, invocando-as como deuses para que elas provessem o que necessitavam ou desejavam. [3: Cf. Bensaude- Vicente Lavoisier: uma revoluo cientfica editora terramar 1989]

No segundo subcaptulo abordaremos a relao entre a cincia e religio na Idade Media: Filosofia Ocidental e Islmica No terceiro falaremos da relao entre a cincia e a religio na Idade Moderna: Deus com substancia do mundo (Descartes e Spinoza) e como ser necessrio em Kant.E por fim o terceiro e o ltimo captulo composto por cinco subcaptulos.Captulo III: a Idade Moderna e contempornea como desconstruo da onto-teo-logia: contributos de Hans Kng e Russel, assim sendo, temos com subcaptulos o ataque onto -teologia de KantO segundo subcaptulo a filosofia e a crena a partir de Darwin: evolucionismo e criacionismo. Temos no terceiro captulo cincia e religio em Russel e Hans Kng. No quarto a cincia e a religio hoje: um dilogo (que continua a ser) possvel? E por ltimo a filosofia entre a cincia a religio: Os conceitos da vida e do mundo que chamamos filosficos so produto de dois factores: dos quais denominados de factores religiosos e ticos herdada e pela espcie de investigao denominada de cientfica, empregando a palavra em seu sentido mais amplo. Filosofia uma palavra que tem sido empregada de vrias maneiras, umas mais amplas, outras mais restritas. A filosofia algo intermedirio entre a teologia e a cincia. A teologia, consiste em especulaes sobre assuntos a que o conhecimento exacto no conseguiu at agora chegar e cincia apela mais razo humana do que autoridade, seja esta a da tradio ou a da revelao.

CAPTULO I: A RELAO OBJECTUAL E METODOLGICA ENTRE A CINCIA E A RELIGIODessenvolver os tpicos 1-3 trs pginas cada o mnimo

Distinguir ideias suas recolhidas nos textos de textos transcritos. Onde esto as citaes para confirmar as ideais de um trabalho de investigao. Em cada tpico tem de mostrar diferentes perspectivas quanto ao assunto. No vejo isso no seu trabalho

1. Elementos bsicos da religio

Constituem elementos bsicos de toda religio, o que denominam de religioso primrio (componente racional e interno) reconhecimento interior da existncia de Deus e da dependncia do homem em relao a Ele, moldado num conhecimento superior que a f, das realidades terrenas e transcendentes (concepo do mundo, do homem e de Deus); religioso secundrio (componente afectivo e externo) manifestaes externas e objectivas, pessoais e colectivas, derivadas desse reconhecimento da existncia e da dependncia de Deus, que moldam e externam o desejo de honrar, servir e amar a Divindade (ritos, cerimnias, moral). Se, por um lado, tudo o que o homem faz pode ser considerado como religioso secundrio (dada a total dependncia do homem em relao a Deus: quer comais, quer bebais ou faais qualquer outra coisa, fazei-o por amor a Deus), por outro, o mais especificamente religioso secundrio, como manifestao caracterstica do culto a Deus, constitudo por, oraes com suas variadas formas de gestos e palavras; sacrifcios oferecidos Divindade, em suas variantes cruentas e incruentas; ritos sagrados, tanto pblicos e sociais, quanto privado, altares e templos em que se realizam essas oraes, sacrifcios e cerimnias.

2. A diferena e proximidade objectual

As vezes influenciaram o desenvolvimento cientfico, enquanto o conhecimento cientfico Historicamente, a cincia tem tido uma relao complexa com a religio as doutrinas religiosas por tem causado efeitos sobrecrenasreligiosas. A viso doser humanosobre osdeusesinfluencia a viso dele sobrenaturezae vice-versa, j que o ser humano um ser integral. que a cincia e a religio lidam com aspectos fundamentalmente distintos da experincia humana, e desta forma, quando cada uma delas permanece em seu prprio domnio, elas coexistem de maneira pacfica. O que podemos ver claramente que a religio e a cincia inevitavelmente competem pela autoridade sobre a natureza darealidade, de forma que a religio est gradualmente perdendo a competio contra a cincia ao passo que as explicaes cientficas tornam-se mais poderosas e gerais.[footnoteRef:4] [4: Cf. Copleston, F-Histria da Filosofia, vol.4]

3. Cincias e religies: construes humanas

A religio e a cincia so construes humanas, que variam com o tempo. Dentro de qualquer religio h uma variedade de posicionamentos, ramificaes, segundo as diversas interpretaes que fazem dasescriturasque consideram sagradas, inspiradas por Deus ou deuses, e geralmente tidas como revelaes directas deste (s) ao homem. H uma multiplicidade muito grande de opinies teolgicas dentro de cada religio, acompanhando assim a variedade de formas com que o ser humano v as questes que envolvem os deuses e o homem. Assim tambm na cincia, h diversas vises sobre suaepistemologia, ou seja, h concepes distintas sobre como o conhecimento cientfico gerado e sobre a natureza e autoridade da cincia. Alguns cientistas entendem a cincia como instrumento para se aproximar a Verdade Absoluta, outros a vm limitada e restrita s limitaes racionais e experimentais humanas. Outros entendem que s possvel excluir possibilidades e outros acham que as infinidades de possibilidades e conjecturas da mente, as formas de pensar humanas no esgotam todas as variveis do problema, que as experincias criadas so limitadas pelas pr-suposies de como a natureza e que as prprias percepes, medies e sensibilidadeaos fatos so limitados. Podemos constatar que existe uma grande variedade de concepes epistemolgicas da cincia e da religio ou seja de como os conhecimentos religiosos e cientficos so adquiridos e das relaes entre a cincia e a religio, isto , variando doantagonismoe separao at a colaborao prxima.

5. A natureza da experincia religiosa

Experincia religiosaouexperincia mstica (no a mesma coisa) uma experinciasubjectivaem que um indivduo diz ter tido um encontro ou uma unio com umaentidade divina, ou ter tido contacto com uma realidadetranscendental. Muitas tradies religiosas e msticas vem a experincia religiosa como um encontro directo com Deus, deuses ou contacto com outras realidades a viso cientfica normalmente afirma que a experincia religiosa um experincia normal do crebro humano que evoluiu em algum momento durante o curso da evoluo do crebro. A religio, enquanto experincia humana, estende-se desde a escravido ao medo primitivo, no selvagem em evoluo, at a liberdade sublime e magnfica da f, naqueles mortais civilizados que se acham esplendidamente conscientes da sua filiao ao Deus eterno. A religio ancestral da moral superior e das ticas avanadas, na evoluo social progressiva. Contudo, a religio, como tal, no meramente um movimento moral, embora as suas manifestaes exteriores e sociais sejam fortemente influenciadas pelas foras do momento tico e moral da sociedade humana. A religiosidade sempre inspirao da natureza do homem que evolui, mas no o segredo dessa evoluo.H realmente uma voz interior verdadeira e genuna, aquela luz verdadeira que ilumina todos os homens que vm ao mundo. E esse guiamento do esprito diferente da conclamao tica da conscincia humana. O sentimento de segurana religiosa mais do que um sentimento emocional. A segurana na religio transcende razo da mente, e mesmo lgica da filosofia. A religiosidadef, confiana e segurana. Num artigo sobre a religio intitulado O livro da Urntia defende que a verdadeira religio no um sistema de crena filosfica que possa ser deduzido pela razo, nem unificado por provas naturais, no uma experincia fantstica e mstica de sentimentos indescritveis de xtase a serem desfrutados apenas pelos devotos romnticos do misticismo. A religiosidade no produto da razo, mas, quando vista do seu interior, ela plenamente racional. A religio no se deriva da lgica da filosofia humana, mas, como uma experincia mortal, plenamente lgica. A religio a experincia da divindade efectuada pela conscincia de um ser moral de origem evolucionria e representa a verdadeira experincia com as realidades eternas no tempo, como uma realizao de satisfaes espirituais enquanto ainda na carne.Os Ajustadores do Pensamento no tm nenhum mecanismo especial por meio do qual ganhar auto-expresso, ou seja, no h nenhum atributo religioso-mstico que proporcione a recepo ou a expresso das emoes religiosas. Tais experincias tornam-se disponveis por meio do mecanismo de dotao natural da mente mortal. E isso representa uma explicao para a dificuldade que o ajustador tem de entrar em comunicao directa com a mente material da sua residncia constante. De acordo com o artigo o livro da Urntia a religiosidade no consiste na descoberta de factos novos, nem naquilo que se encontra por meio de uma experincia nica, mas antes na descoberta designificadosnovos e espirituais nos fatos j bem conhecidos da humanidade. A mais elevada experincia religiosa no depende de aces anteriores de crena, tradio e autoridade e nem , a religiosidade, filha de sentimentos sublimes e de emoes puramente msticas. , antes, uma experincia profunda e factual de comunho espiritual, com as influncias do esprito residente dentro da mente humana e, na medida que essa experincia seja definvel em termos de psicologia, simplesmente a experincia de vivenciar a realidade de crer em Deus, como a grande realidade desse evento puramente pessoal. O que podemos perceber que as aspiraes religiosas e os impulsos espirituais no so de uma natureza tal que levaria meramente os homens aquerercrer em Deus, mas, antes, so de uma natureza e um poder tais que os homens tornam-se profundamente pressionados pela convico de quedevemacreditar em Deus. O sentido do dever evolucionrio e as obrigaes consequentes da iluminao pela revelao causam uma impresso to profunda sobre a natureza moral do homem, que finalmente alcana a posio de mente e a atitude de alma por meio das quais ele conclui queno tem direito de no acreditar em Deus.A sabedoria mais elevada e supra filosfica dos indivduos esclarecidos e disciplinados instrui-os, em ltima anlise, que duvidar de Deus ou no confiar na Sua bondade seria uma prova de infidelidade.A realidade da religiosidade consiste inteiramente na experincia religiosa de seres humanos racionais e comuns. E nesse sentido, unicamente, que a religio poderia ser considerada como cientfica ou mesmo psicolgica. A prova de que a revelao revelao, esse mesmo facto na experincia humana. O fato de que a revelao sintetiza as cincias da natureza, aparentemente divergentes, bem como sintetiza a teologia da religio numa filosofia, consistente e lgica, do universo, uma explicao coordenada e contnua da cincia e da religiosidade, criando, assim, uma harmonia de mente e uma satisfao de esprito que respondem, na experincia humana, as questes da mente mortal a qual almeja sabercomoo Infinito opera a sua vontade e os seus planos na matria, com as mentes e dentro do esprito. A razo o mtodo da cincia; a f o mtodo da religio; a lgica a tcnica com que a filosofia tenta lidar. A revelao compensa a ausncia, fornecendo uma tcnica para alcanar a unidade na compreenso da realidade e relaes entre a matria e o esprito, pela mediao da mente. E a verdadeira revelao jamais afasta a cincia da natureza, nem a religio da razo ou a filosofia da lgica. A razo, por meio do estudo da cincia, pode levar-nos da natureza a uma primeira causa, mas requer uma f religiosa para transformar a causa primeira da cincia em um Deus de salvao e a revelao ainda requerida para validar tal f e tal discernimento espiritual interior. Conforme a anlise fita pelo livro da Urntia, ao contrrio da religio a cincia completa a sua busca por meio da razo com a hiptese de uma causa primeira. A religio no pra na busca da f, at estar segura de um Deus de salvao. O estudo discriminado da cincia sugere logicamente a realidade e a existncia de um Absoluto. A religio acredita sem reservas na existncia e na realidade de um Deus que fomenta a sobrevivncia da personalidade. Aquilo que a metafsica deixa totalmente de fazer, e aquilo em que at mesmo a filosofia parcialmente fracassa, a revelao faz, isto , afirma que essa Primeira Causa da cincia e o Deus da Salvao da religio souma Divindade e a mesma Divindade (O Livro da Urntia).

5. O mtodo cientfico, a crena e a possibilidade da verdadeCientifidade da religio e a religiosidade da cincia ou cientismo

Captulo II. A relao entre a cincia e a religioRelaes entre Cincias e Religies ao longo da histriaAs relaes entre cincia e religio mudam ao longo da histria e envolvem uma gama muito grande e complexa de aspectos, como polticos, sociais, econmicos e aqueles que envolvem as relaes de autoridade e poder, vises epistemolgicas das pocas, forma das prticas cientficas em cada poca, relao cincia e sociedade, choques entre culturas distintas. Antiguidade Em todos os tempos, o ser humano sempre buscou conhecer osobrenaturalos deuses e a natureza. NaAntiguidade havia diversas formas de buscar conhecer a natureza, mas algumas delas estavam vinculadas acultosde natureza espiritual, cultos adivindadese rituaismsticos, emitologia[footnoteRef:5].Aidolatriababilnica,sumria, egpciae posteriormente a grega consistiam em adorar coisas da natureza, invocando-as como deuses para que elas provessem o que necessitavam ou desejavam. [5: Cf. Bensaude- Vicente Lavoisier: uma revoluo cientfica editora terramar 1989]

Assim, a adorao ao deus sol, por exemplo, consistia em invocao de espritos, acompanhada de oferendas para que se obtivesse a condio climtica favorvel para umacolheitaaprazvel. Naidolatria, a manifestao de espritos sobre aquele elemento da natureza propiciava a bno desejada pelo adorador. Trata-se de uma visoanimista, onde as coisas da natureza ganham vida atravs da invocao da divindade e manifestao de espritos.[footnoteRef:6] [6: Cf. Rocha, A- Uma introduo filosofia da religio , editora vida 2010]

O conhecimento, na Antiguidade, desenvolveu-se em funo daagricultura, que era administrada porsacerdotesque efectuavam os cultos aos dolos, que eram, muitas vezes elementos da natureza. Observar resultados da natureza estava, portanto, muito vinculado prtica da idolatria. Essa forma de conhecer a natureza era associada a invocao de espritos, com excepo da civilizaohebraica, a nica que adorava um nico Deus criador e confiava nele para suas provises, no adorando as coisas criadas. Ao lado da idolatria grega surgira pensadores naAntiguidade gregaque queriam estudar a natureza sem invocar espritos. Esses buscavam se restringir razo como principal instrumento para o conhecimento. Adialcticae odiscursoganharam muita fora nessa poca onde as verdades institudas eram ganhas com base no raciocnio lgico,induo,deduoe na capacidade depersuasodo estudioso. Diversas escolasracionalistasgregas surgiram, das quais as mais famosas so atribudas aPlatoe aAristteles. Oracionalismo um movimento filosfico que cr que a razo instrumento para se aproximar a Verdade Absoluta. Ganhou fora com as vises platnicas de que o mundo das ideias seria um mundo perfeito onde encontra-se a realidade. Idade Mdia Durante toda aIdade Mdia, houve uma luta pelo poder entre aIgreja Catlicae os pensadores da natureza. A Igreja queria impor que ela era a instituio que definiria o que verdade sobre todos os assuntos, inclusive sobre a natureza. Essa atitude impedia a liberdade investigativa da natureza. Inicialmente o conhecimento grego era banido e a partir dosculo XII, comToms de Aquinoe outros pais da Igreja, algumas vises filosficas da natureza dos gregos foram incorporadas na Teologia Catlicae impostas sociedade. Igreja Catlica concentrava-se em si mesma a autoridade para assuntos religiosos e da natureza, autoridade a qual todos deviam se submeter, sob ameaas de terrveis punies. Nosculo XVI,Galileu Galilei lutava pela autoridade da cincia foi pressionado a se retractar diante do tribunal daInquisio, dizendo que era falsa a ideia de que aTerragirava em torno do seu eixo e em torno doSol. A postura impositiva da Igreja, o pensamento de que ela deveria ser quem determina a Verdade, tambm acerca da natureza foi a causa de muitaspolmicasno incio da era moderna. Afilosofia da naturezapassou a lutar para dizer sociedade que ela poderia estudar a natureza e ter autoridade para emitir pareceres. Idade Moderna Cincia no RenascimentoeRevoluo cientficaCom amodernidade, afilosofia da naturezadesenvolveu mtodos prprios de investigao e se tornou institucionalmente laica, isto , independente da Igreja. A observao e a experimentao foram sendo entendidas como sendo muito importantes para o conhecimento da natureza. Ao longo do tempo a viso sobre como realizar o processo de se conhecer a natureza, ou seja, filosofia da natureza foi se modificando.Ren Descartes um dos filsofosmecanicistaspropunha a realidade dualstica, ou seja, a existncia de dois mundos separados reino de extenso material, de carcter essencialmente geomtrico e mecnico e o reino da substncia do pensamento, que no possui extenso.Dessa forma, ele separou amentedocorpopela crena racionalista. O racionalismo uma corrente filosfica que enfatiza o a priori, as ideias como instrumento para se aproximar a verdade. Para Descartes, o corpo era uma mquina e na viso mecanicista, afsicada mquina ou das invenes humanas a mesma que a fsica da natureza. Isso propiciou a viso reducionista, onde o objecto analisado uma amostra reduzida do mundo. Mais tarde, oreducionismovai influenciar a cincia moderna, onde olaboratrio, a reproduo da natureza no laboratrio, visto como uma amostra reduzida do mundo, e por isso ganha o status de poder ser visto como se fosse a prpria natureza. No entanto, sabemos que no a natureza, mas uma tentativa humana de reproduz-la.18Gradativamente ia-se rompendo a antiga relao entre a filosofia e a filosofia da natureza, que mais tarde, vem a se chamar cincia. Isso ocorreu quando as cincias individuais, ou seja, os diversos ramos do saber passaram a ter pretenso de um conhecimento independente e metodologicamente garantido. Nessa ocasio, a filosofia e a cincia passaram a concorrer. Essa atitude ocorreu nosculo XIXe foi fundamentada por uma determinada filosofia, ou modo de entender o mundo, designada positivismo.14Opositivismo uma viso filosfica baseada no indutivismo, no verificacionismo e noempirismo. O empirismo uma doutrina filosfica que entende a experincia como instrumento para alcanar a verdade absoluta de forma progressiva. Os positivistas no isentavam omtodo cientficodas suas limitaes em medidas, mas subestimaram a influncia da viso de mundo do cientista e as concepes a priori que ele tem a respeito de um objecto de estudo na natureza. Tambm superestimavam a experincia que estava aliado razo a priori que concebe a experincia e a magnificncia experimental como instrumentos para verificar e provar algo. Alm disso, os positivistas pensavam que a cincia sempre progride de forma linear, o que ahistria da cinciatem demonstrado ser questionvel, pela idas e vindas de concepes cientficas ao longo do tempo. O empirismo reduz tudo experincia, sem se interrogar pelas formas a priori, ou seja, as pr-suposies e ametafsicaque a envolve.O verificacionismo a convico de que possvel verificar ou provar algo com certeza absoluta e os empiristas acham que isso se d mediante a experincia, com base na observao enquanto os racionalistas acham que isso se d por meio da razo. O indutivismo uma posio filosfica que v como vlido e verdadeiro o exerccio racional da generalizao de uma afirmao sobre algo especfico e no positivismo essa afirmao tem fundamento na observao. Dessa forma, a partir de progressivas observaes se conclui uma lei ou princpio geral.

Da Idade Moderna ContemporneaGrandes revolues no pensamento cientfico, principalmente naFsica, com aFsica Qunticae aRelatividadede Einstein, incentivaram maiores estudos de histria e epistemologia das cincias nosculo XX. Gaston Bachelard,Karl Popper,Thomas Kuhn,Paul Feyerabend,Imre Lakatose outros cientistas, filsofos e historiadores da cincia tentaram descrever o processo de fazer cincia com base nos estudos de histria da cincia e dalgica. Eles perceberam, pelo desenvolvimento cientfico que ocorreu na passagem do sculo XIX para o XX, que as pressuposies positivistas acerca da cincia, como a confiana exacerbada na observao e tambm nos pressupostos lgicos que levavam a criao das experincias, eram pontos que deveriam ser reformados na epistemologia e na cincia. Assim, a imaginao, a viso da pessoa sobre Deus ou os deuses e aorigem do Universo, seu contexto social, poltico, suas premissas sobre eficcia de dispositivos e aparatos experimentais e de que esses reproduzem com fidelidade a natureza, suas preconcepes ou crenas acerca do comportamento da natureza, so elementos que devem ser considerados ao analisar-se o processo de fazer cincia mesmo que ao rigor da definio moderna de cincia estes devam ser excludos do referido processo. Actualmente sabe-se que a experincia laboratorial uma tentativa de reproduo do que acontece na natureza, expondo parte da natureza mas no a natureza em sua totalidade. Dessa forma, simplificamos a natureza para que possamos estud-la, pois se no conseguimos dar conta do nmero imenso de variveis que envolvem um sistema natural ou real simultaneamente, temos que faz-lo por partes. A mensurao um processo limitado de um sistema escolhido segundo hipteses e pr-suposies de natureza terica, que pode ser refinado at o limite da execuo prtica, no encerrando, entretanto, preciso absoluta. Nestes termos, a descrio completa da natureza em seus mnimos detalhes no algo alcanvel mesmo para a cincia moderna. A cincia constri modelos da natureza, e a compreende atravs destes modelos e podem ser refinados at o limite imposto por condies prticas, mas por mais que trabalhe o mesmo, um modelo da natureza no a natureza em si. Neste aspecto a histria da cincia tem mostrado que produzir conhecimento vlido a cerca da natureza um grande desafio para a humanidade. A idade Moderna: Deus como substancia do mundo (Descartes, Spinoza) e como ser necessrio Kant..O dilogo entre a cincia e a religio na actualidadePara falar do dilogo entre a cincia e a religio nunca podemos deixar de lado a posio de problema ou conflito. Com o problema de conflito entre a cincia e a religio acontece algo de parecido algo com que uma metfora. Os cientistas que sabem reduzir-se ao estrito campo da sua competncia no pretendem hoje estabelecer intelectualmente em todos os demais campos e da sua parte, h muito que a teologia se deu conta de que a dignidade do gnero humano no dependia nem do facto de habitar no centro do universo, nem de que o Homo sapiens fosse uma espcie criada de modo separado e instantneo[footnoteRef:7]. Essas questes nunca foram colocadas na sua formalidade abstracta, prescindindo da sua configurao histrica. de citar que Hegel sabia muito bem que as ideias, uma vez entrada na conscincia humana precisam de um longo processo da histria explicitarem as suas consequncias e fazerem sentir a sua efectividade real. [7: J. Polkinginghorne, ciencia y teologa. Una introduccin, Santander, 2000, p12.]

A ideia da radical igualdade humana entrou de modo definitivo com o cristianismo, mas precisou da reforma protestante e da revoluo francesa para tornar-se social e politicamente efectiva. de se lembrar que foi a religio quem abriu as portas para as cincias e no podemos deixar de lado a recomendaes de Karl Rahner que dizia que no devemos esquecer que vivemos juntos com os descendentes atrasados do sculo XIX.[footnoteRef:8] [8: La teologa ante la exigencia de las ciencias naturales, in teologia e cincias naturales, Madrid. 1967, p.85]

Essa advertncia era dirige-se aos telogos, mas a recomendao valida igualmente para os cientistas. Ter em conta esta polaridade, a descoberta de principio e no pela realizao concreta decisivo. Da que a exposio se centre antes de mais em mostrar o nvel em que uma reflexo verdadeiramente responsvel, tanto por parte da teologia, est em condies de ver hoje o problema. O que se v que o enfoque teolgico, o interesse prioritrio ser de o analisar as consequncias que o encontro com a cincia derivam para uma compreenso verdadeiramente da f, mas explicitamente a f crist.Na realidade, hoje dispomos de uma perspectiva histrica suficiente tanto para evitar simplismo interpretativos como sobretudo para procurar uma compreenso ntima do processo. A irrupo da cincia moderna constitua a frente de choque da imensa mudana de paradigma cultural que a entra da modernidade implicava. Desde Thomas S. Kuhn sabemos que nem sequer dentro do mundo, na aparncia assptico, da cincia essas mudanas podem produzir sem resistncia duras e prolongadas, ou seja, todo um mundo de ideias, prticas e valores que aparecia questionado pelas novas respostas. A oposio s novas descobertas no era exclusiva da religio, pois vinha de todos os lados, e no em ltima instancia dos prprios cientistas e, evidentemente, tambm dos filsofos. A religio sentiu-se forada a mostrar resistncia dado que este mobiliza emoes de definitiva repercusso vital e que ainda estava representada por uma instituio poderosa, que tinha influncia, a sua verdade e a sua prpria legitimidade questionada.A nova cincia, consciente da ntima razo do seu contributo histrico, no podia evitar uma natural tendncia imperialista mostrando a suas pretenses em converter-se em instncia exclusiva de saber terico e de domnio prtico. A razo moderna com as suas luzes apresentava-se no fundo como a nova revelao, e com os seus xitos empricos prometia converter-se em alternativa de todos os males, ou seja, como nova alternativa de salvao.A cincia moderna parece estar a caminho de realizar o sonho cartesiano de transformar o homem no dono e senhor da natureza assim, tornar-se-ia a confidente de todas as esperanas da humanidade, que espera dela o que a filosofia no conseguiu oferecer-lhe, isto , a felicidade ou melhor o seu bem-estar material.Para mostrar o embate entre a cincia e a religio podemos citar Galileu que era crente, mas o seu heliocentrismo chocava de frente com a letra da bblia, que em vrias passagens deixa explicitamente que o sol que se move volta da terra. Assim, o conflito tornava-se inegvel. A bblia e a cincia falam de temas e problemas distintos, vistas a partir da cincia, as afirmaes bblica sobre a astronomia no so verdadeiras nem falsas, esto pura e simplesmente a falar de assunto diferente. Na aplicao prtica, o prestgio sagrado da Bblia reforado por longos sculos de interpretao literal, impe restries espontneas e limites instintivos.Na actualidade a distino de campos pode considerar-se como algo adquirido. Os confrontos directos entre a cincia e a Bblia, tanto para atacar como para defender, pertencem ao passado ou representam atitudes. O encontro entre a cincia e a religio no deve ser forado nem mediadas dado que a cincia no pode demonstrar a existncia de Deus nem convencer da sua no existncia. A diferena entre a cincia e a religio pode ser vista com progresso. A progressiva diferenciao que vai modelando o avano da humanidade, medida que esta descobre novos campos e abre novas perspectiva. O que antes aparecia reunido numa unidade englobante diferencia-se depois em sectores e nveis distintos, como soluo de novas necessidades e respostas a novas interrogaes. Assim se produziu a diviso social do trabalho, assim diferenciaram religio e filosofia, e assim, diferenciando assim de ambas, foram as diversas cincias. O processo no se produz sem choques e resistncia nem sem pretenses de domnio, quando uma das divises pretende absorver o conjunto. Em relao a religio uma anlise que pode ser feita tanto a tica, a esttica, ou a filosofia, preciso tornar intuitiva com algum exemplo a razo do novo posicionamento. Assim sendo pode se colocar em questo do nascimento ou da morte dos humanos e perguntar sobre eles hoje mais do que os gregos ou os romanos. a essa questo fcil discutir considerado o normalmente cientifico, basta pensar na sala de obstetrcia ou na unidade de cuidados aliviadores de qualquer hospital, para afirmar que, sem lugar para dvidas a cincia sabe mais.Entre a cincia e a religio podemos dizer de certa forma que existe modos distintos de conhecimento, de diferentes modalidades de abertura consciente ao real. Ambos so legtimos e necessrios, por esse motivo, devem respeitar-se na sua especificidade, sem invases do campo alheio. de salientar que a religio implicou a necessidade de aceitar a secularizao dos saberes acerca das diferentes ordens do real mundano. Para a cincia implica a sua renncia a todo o imperialismo metafsico. Para alguns no s no h conflito entre a f e a religio como nem sequer existiria nenhum ponto de contacto entre elas. Para a cincia, esse no contacto elimina a instncia mais decisiva contra a sua tendncia para a absolutizao. Para religio, ou melhor dizendo para os telogos, isso cria o espao de domnio exclusivo, tao sobrenatural que acaba por ficar imune a toda crtica e no tm de dar respostas a ningum das suas razes nem dos seus pressupostos. Mas basta pensar um pouco para se compreender que essa separao total nem possvel nem seria til para ambas. Feita a distino, impe-se uma integrao que, sem anular a diferena, consiga a unidade a um novo nvel que seria um distinguir para unir. de salientar para que isso acontea tem qua haver um dilogo. Desse modo a impossibilidade de uma separao total aparece j no prprio facto de qua a religio e a cincia nascem do mesmo sujeito humano, procuram responder a necessidade especfica do mesmo e sobretudo so, em ltima analise, tentativas de interpretar a mesma realidade que nos afecta a todos. As diferentes respostas esto chamadas a dialogar, resultando deste modo um consenso ou dissenso, na combate e na colaborao. Por outro lado, se no se nega a priori a legitimidade do outro, preciso clarificar os pontos de contacto, sob a pena de acabar por implicar-se numa atitude buliosa.No dilogo entre eles a princpio no tem que haver privilgios. O que se pode exigir a honestidade intelectual e o interesse pelo humano comum. Segundo Whitehead se tivermos e conta o que a religio para a espcie humana e o que a cincia, no haver exagero em dizer que o decurso futuro da histria depende do que esta gerao decidir em ordem s relaes entre ambas as esferas[footnoteRef:9]. [9: Cf. A cincia e mundo moderno (completar)]

Se for bem estabelecido o dilogo entre eles ambas sairo a ganhar. A f sair a ganhar, porque num mundo profundamente marcado pela mentalidade cientfica e modelado pelos seus avanos, a sua credibilidade no pode manter-se. Se as suas representaes entram em conflito frontal com os dados da cincia, pois apareceriam perante a cultura como algo desconhecido, antiquado e inassimilvel. O que podemos notar da nossa poca que muitos de ns somos crentes seculares, actuamos como judeus ou cremos cristos, mas temos dificuldades em encontrar significativas doutrinas religiosas que colidem com os resultados da cincia [footnoteRef:10]. [10: Ibid., 225]

CAPTULO III: A IDADE MODERNA E CONTEMPORNEA COMO DESCONSTRUO DA ONTO- TEO-LOGIA: CONTRIBUTOS DE RUSSELL E HANS KUNG.- O ataque onto- teologia em Kant, Nietzsche e Heidegger.- A filosofia e a crena a partir de Darwin: evolucionismo e criacionismo- Cincia, Religio e filosofia em Russell.- Cincia, Religio e filosofia em Kung.- Cincia e a religio hoje: um dilogo (que continua a ser) possvel? - A filosofia entre a cincia e a religioA Filosofia entre a Religio e a Cincia Todo conhecimento definido pertence cincia e todo dogma quanto ao que Os conceitos da vida e do mundo que chamamos filosficos so produto de dois factores: dos quais denominados de factores religiosos e ticos herdada e pela espcie de investigao denominada de cientfica, empregando a palavra em seu sentido mais amplo. Filosofia uma palavra que tem sido empregada de vrias maneiras, umas mais amplas, outras mais restritas. A filosofia algo intermedirio entre a teologia e a cincia. A teologia, consiste em especulaes sobre assuntos a que o conhecimento exacto no conseguiu at agora chegar e cincia apela mais razo humana do que autoridade, seja esta a da tradio ou a da revelao. Ultrapassa o conhecimento definido, pertence teologia. Mas entre a teologia e a cincia existe um campo exposto aos ataques de ambos os lados e esse campo a filosofia. Quase todas as questes do mximo interesse para os espritos especulativos so de tal natureza que a cincia no as pode responder, e as respostas confiantes dos telogos j no nos parecem to convincentes como o eram nos sculos passados. Existe a sabedoria, ou aquilo que nos parece tal no passa do ltimo refinamento da loucura tais questes no encontram resposta no laboratrio. As teologias tm pretendido dar respostas, todas elas demasiado concludentes, mas a sua prpria segurana faz com que o esprito moderno as encare com suspeita. O estudo de tais questes, mesmo que no se resolva esses problemas, constitui o empenho da filosofia.Desde que o homem se tornou capaz de livre especulao as suas aces, em muitos aspectos importantes, depende de teorias relativas ao mundo e vida humana, relativas ao bem e ao mal. Isto to verdadeiro em nossos dias como em qualquer poca anterior. Para compreender uma poca ou uma nao, devemos compreender sua filosofia e, para que compreendamos sua filosofia, temos de ser, at certo ponto, filsofos, porm o que existe uma relao causal reciproca.

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