160
i UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO MORGANA MACHADO TEZZA ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE BIGUAÇU 2011

Morgana Machado Tezza DissertaçãoVersãoFinalsiaibib01.univali.br/pdf/Morgana Machado Tezza.pdf · 2012. 4. 2. · ii MORGANA MACHADO TEZZA ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À EDUCAÇÃO

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • i

    UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

    CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO

    MORGANA MACHADO TEZZA

    ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

    UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE

    BIGUAÇU

    2011

  • ii

    MORGANA MACHADO TEZZA

    ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

    UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE

    Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção do título de Mestre em Administração.

    Orientadora: Prof.a Dr.a Christiane Kleinubing Godoi

    BIGUAÇU

    2011

  • ii

    MORGANA MACHADO TEZZA

    ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

    UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE

    Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em

    Administração e aprovada pelo Curso de Mestrado Acadêmico em Administração, da

    Universidade do Vale do Itajaí.

    Área de Concentração: Organizações e Sociedade.

    Biguaçu, 21 outubro de 2011.

    Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto

    Coordenador do Programa

    Banca Examinadora:

    Prof.ª Dr.ª Christiane Kleinübing Godoi UNIVALI Biguaçu

    Orientadora

    Prof. Dr. Flávio Ramos UNIVALI

    Prof. Dr. Miguel Angel Verdinelli UNIVALI

    Prof.ª Dr.ª Silvana Anita Walter FURB

  • iii

    DEDICATÓRIA

    Ao meu esposo Cristian Benedet Tezza,

    pelo amor, carinho e presença

    constante nos momentos difíceis.

    Obrigada por tudo!

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    No momento em que se chega ao fim de mais uma etapa de vida, faz-se

    necessário expressar os justos e sinceros agradecimentos àqueles que participaram,

    de uma forma ou de outra, para que este trabalho fosse realizado.

    Assim, agradeço primeiramente a Deus, pela força interior que me fez concluir

    outra fase de minha formação, na qual cada obstáculo é vencido como uma resposta

    de sua existência em minha caminhada.

    Ao SENAI SC pela oportunidade de ampliar meus conhecimentos.

    À orientadora deste trabalho, Prof.ª Dr.ª Christiane Kleinübing Godoi, em

    especial, por ter sido não só, um modelo de profissional, mas de pessoa e por quem

    tenho grande apreço e admiração. Por sua dedicada orientação com valiosos

    ensinamentos, críticas, sugestões e confiança, não permitindo que em qualquer

    momento eu viesse a fraquejar. Obrigada, por tudo!

    Ao Prof. Dr. Flávio Ramos e ao Prof. Dr. Miguel Angel Verdinelli, pelos

    estímulos, pelas contribuições e por terem aceitado o convite de fazer parte da

    banca examinadora deste trabalho.

    A toda equipe administrativa e docente do Programa de Mestrado Acadêmico

    em Administração da UNIVALI de Biguaçu, os quais sempre estiveram prontos para

    auxiliar nos desafios que surgissem.

    Em especial, às minhas amigas Daiani Machado, Lilian Elci Claas e Selma

    dos Santos Rosa pelas sugestões e incentivos em todas as etapas do trabalho, pela

    disponibilidade em me ajudar e principalmente pelo carinho. Obrigada, por tudo!

    Aos entrevistados pela sua disponibilidade de tempo e a importância dada a

    este estudo.

    À minha família que esteve sempre na torcida por meus resultados. Agradeço

    também por compreenderem que muitas vezes eu não estive presente em virtude da

    rotina acadêmica, sobretudo a meu esposo Cristian.

    É necessário um agradecimento a todos os amigos que me apoiaram nesta

    caminhada e que não foram citados, mas que sempre merecerão um lugar de

    destaque em minhas lembranças.

  • v

    RESUMO

    Essa dissertação, vinculada à linha de pesquisa Organizações e Sociedade do

    Programa de Pós-Graduação em Mestrado em Administração da Universidade do

    Vale de Itajaí (UNIVALI), apresenta uma pesquisa que propôs investigar como as

    dimensões se relacionam com a aceitação e resistência à educação a distância em

    uma empresa de grande porte da cidade de Jaraguá do Sul. O estudo foi conduzido

    da seguinte forma: 1) revisão da literatura; 2) aprofundamento do estudo

    metodológico tratando-se de uma pesquisa qualitativa que teve como estratégia um

    estudo de caso, e teve como sujeitos 7 entrevistados (gerente, chefe, funcionários);

    3) estudo de campo, realizado a coleta de dados no período de junho a agosto de

    2011, utilizando como instrumento, entrevistas em profundidade, com roteiro

    semiestruturados; 4) interpretação e a análise das experiências vividas das pessoas

    relacionadas ao fenômeno em estudo, neste caso “a aceitação e a resistência à

    ECaD”. Em suma, com base na leitura, codificação, classificação e agrupamentos

    dos relatos das entrevistas realizamos nossas interpretações, cujo resultado

    apontaram que, considerando as nove categorias de análise estudadas, os

    empregados entrevistados estão mais inclinados a “aceitar” a EaD do que “resistir” à

    ela. Nosso estudo, apontou que os empregados entrevistados não conhecem

    profundamente as características, os processos e os recursos humanos e

    financeiros que envolvem à ECaD. Esta falta de conhecimento os conduz a

    resistências à esta modalidade de ensino. No entanto, nossas conjecturas nos

    dirigem a interpretar que a empresa, por sua vez, também apresenta equívocos

    sobre um sistema de EaD, o que inclui: o planejamento, o desenvolvimento a

    preparação das pessoas, a execução e a avaliação de seus cursos.

    Palavras-chave: Educação a distância, Educação corporativa a distância,

    Tecnologias de Comunicação.

    Linha de Pesquisa: Organizações e Sociedade.

  • vi

    ABSTRACT

    This dissertation, which is linked to the line of research Organizations and Society of

    the Postgraduate Master’s degree Program in Business Administration of the

    University of Vale do Itajaí (UNIVALI), presents a study that seeks to understand the

    key dimensions of acceptance and resistance to distance education in a large

    company located in the town of Jaraguá do Sul. The study was conducted as follows:

    1) a literature review, 2) a deepening of the methodological study, using qualitative

    research with a case study strategy, and interviews with seven respondents

    (manager, boss, employees), 3) a field study, conducting the data collection in the

    period June to August 2011, using in-depth interviews with a semi-structured script,

    4) Interpretation and analysis of the experiences of people related to the

    phenomenon under study, in this case "acceptance and resistance to ECAD." In

    summary, based on the reading, codification, classification and groupings of the

    reports of the interviews conducted, we formed our interpretations, the results of

    which show that considering the nine categories of analysis studied, the employees

    interviewed are more likely to "accept" DL than "resist" it. Our study showed that the

    employees interviewed did not have an in-depth knowledge of the characteristics,

    processes and human and financial resources involved in ECAD. This lack of

    knowledge leads them to resist this mode of teaching. However, our conjectures led

    us to interpret that the company, in turn, also had misconceptions about a distance

    learning system, which included: planning, development, preparing people,

    implementation and evaluation of their courses.

    Keywords: Distance education, distance education enterprise, Communication

    Technologies.

    Research Line: Organizations and Society

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia – UTAUT ..................... 38

    Figura 2: Estrutura proposta da aceitação e da resistência à ECaD ......................... 41

    Figura 3: Ciclo da análise compreensiva interpretativa da pesquisa ....................... 533

    Figura 4: Estrutura proposta da aceitação e da resistência à ECaD ......................... 73

    Figura 5: Estrutura proposta da aceitação e da resistência à ECaD ......................... 89

    Figura 6: Nova estrutura proposta da aceitação e da resistência à ECaD ................ 90

  • viii

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1: Treinamento e desenvolvimento x universidade corporativa .................... 22

    Quadro 2: Semelhanças e diferenças de concepções de EaD ................................. 29

    Quadro 3: Classificação dos sistemas de informação ............................................... 36

    Quadro 4: Categoria autoeficácia .............................................................................. 42

    Quadro 5: Categoria poucas competências em TI .................................................... 43

    Quadro 6: Categoria interatividade............................................................................ 43

    Quadro 7: Categoria comunicação interna ................................................................ 44

    Quadro 8: Categoria expectativa de desempenho .................................................... 45

    Quadro 9: Categoria expectativa de esforço ............................................................. 45

    Quadro 10: Categoria influência social ...................................................................... 46

    Quadro 11: Categoria condições facilitadoras ........................................................... 47

    Quadro 12: Roteiro de entrevista semiestruturado .................................................... 51

    Quadro 13: Amostra do quadro da análise estrutural ................................................ 53

    Quadro 14: Lista de cursos em português ................................................................ 58

    Quadro 15: Lista de curso em inglês ......................................................................... 59

    Quadro 16: Lista de curso em espanhol .................................................................... 59

    Quadro 17: Relação de cidades brasileiras x usuários ............................................. 61

    Quadro 18: Relações de países no exterior x usuários ............................................. 62

  • ix

    Quadro 19: Categoria autoeficácia ............................................................................ 66

    Quadro 20: Categoria poucas competências em TI .................................................. 67

    Quadro 21: Categoria expectativa de desempenho .................................................. 68

    Quadro 22: Categoria expectativa de esforço ........................................................... 68

    Quadro 23: Categoria influência social ...................................................................... 68

    Quadro 24: Categoria condições facilitdoras ............................................................. 69

    Quadro 25: Categoria interatividade.......................................................................... 70

    Quadro 26: Categoria comunicação interna .............................................................. 70

    Quadro 27: Resistência à EaD na EC ....................................................................... 71

    Quadro 28: Definições da categoria autoeficácia ...................................................... 77

    Quadro 29: Definições da categoria poucas competências em TI ............................ 79

    Quadro 30: Definições da categoria condições facilitadoras ..................................... 84

    Quadro 31: Síntese dos comportamentos dos entrevistados .................................... 88

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Investimento de empresas em educação corporativa a distância e

    presencial...................................................................................................................23

    Tabela 2: Número de unidades de educação corporativa ......................................... 24

    Tabela 3: Quantidade de unidades corporativas por região ...................................... 24

    Tabela 4: Vantagens e desvantagens da ECaD ....................................................... 26

    Tabela 5: Número de instituições credenciadas ........................................................ 31

    Tabela 6: Quantidade de organizações por região ................................................... 32

    Tabela 7: Evolução de EaD nas organizações .......................................................... 32

    Tabela 8: Número de matrículas ............................................................................... 59

  • xi

    APÊNDICE

    APÊNDICE A: ROTEIRO DAS ENTREVISTAS ....................................................... 98

    APÊNDICE B: TRANSCRIÇÕES DAS ENTREVISTAS ......................................... 102

  • xii

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

    1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE

    PESQUISA ............................................................................................................ 14

    2 OBJETIVOS ......................................... .............................................................. 20

    2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 20

    2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 20

    3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................. ............................................ 21

    3.1 EDUCAÇÃO CORPORATIVA ...................................................................... 21

    3.1.1 Educação corporativa a distância ............................................................ 22

    3.2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ......................................................................... 27

    3.2.1 Histórico da educação a distância ........................................................... 30

    3.2.2 Vantagens e desvantagens da EaD ........................................................ 32

    3.3 ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À TECNOLOGIA......................................... 34

    3.3.1 Tecnologia da informação ....................................................................... 34

    3.3.2 Teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia (UTAUT) .................. 36

    3.3.3 Resistência às tecnologias de informação .............................................. 38

    3.4 ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA A EAD CORPORATIVA .............................. 40

    3.4.1 Resistência .............................................................................................. 42

    3.4.2 Aceitação ................................................................................................ 44

    4 METODOLOGIA ....................................... ......................................................... 48

    5 DESCRIÇÃO, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS .... ................. 55

    5.1 HISTÓRICO DA WEG .................................................................................. 55

    5.2 EVOLUÇÃO DA ECaD NA WEG ................................................................. 56

    5.2.1 Estrutura tecnológica ............................................................................... 57

    5.2.2 Gestão da área treinamento e desenvolvimento ..................................... 57

    5.2.3 Cursos realizados a distância ................................................................. 58

    5.2.4 Evolução de matrículas ........................................................................... 59

    5.2.5 Programa do SAP ................................................................................... 60

  • xiii

    5.3 DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS DOS

    FUNCIONÁRIOS EM CURSOS A DISTÂNCIA ..................................................... 62

    5.4 DISCUSSÃO DAS EXPERIÊNCIAS DOS FUNCIONÁRIOS EM CURSOS A

    DISTÂNCIA ............................................................................................................ 70

    5.4.1 Autoeficácia ............................................................................................. 71

    5.4.2 Poucas competências em TI .................................................................. 74

    5.4.3 Expectativa de desempenho ................................................................... 76

    5.4.4 Expectativa de esforço ............................................................................ 77

    5.4.5 Influência social ....................................................................................... 78

    5.4.6 Condições facilitadoras ........................................................................... 79

    5.4.7 Interatividade ........................................................................................... 81

    5.4.8 Comunicação interna .............................................................................. 82

    5.4.9 Resistência à EaD na educação corporativa ........................................... 83

    6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................. ................................................. 88

    7 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 91

    8 APÊNDICE ......................................................................................................... 98

  • 14

    1 INTRODUÇÃO

    A Educação a Distância (EaD) vem desenvolvendo-se de forma significativa

    nas empresas. Entretanto, em muitos casos, os funcionários não aderem facilmente

    a tal modalidade de educação. Se o empregado tem resistências em relação à EaD,

    provavelmente o aprendizado a distância seja aquém do esperado e,

    consequentemente, os resultados do treinamento serão menores. Este capítulo

    inicial apresenta: a contextualização do tema Aceitação e Resistência à EaD, e a

    delimitação do problema de pesquisa.

    1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE

    PESQUISA

    As tecnologias aplicadas e a rapidez com que as mudanças ocorrem

    demandam profissionais com capacidade de adaptação constante. A evolução

    tecnológica exige não somente o saber técnico, mas também competências1

    comportamentais, tais como liderança, capacidade de lidar com adversidades,

    pressões e trabalhar em equipes.

    Há, inclusive, um resgate de Darwin e de sua teoria da evolução, da seleção

    natural da espécie, a qual aponta que sobrevivem os mais aptos ou os que melhor

    se adaptaram ao meio em que vivem (SILVEIRA, 2010). Fazendo uma analogia com

    a teoria, os que se mantêm empregados são os profissionais que melhor se adaptam

    ao meio (às transformações rápidas do ambiente) (MORHY, 2005).

    O Brasil, com a sua amplitude geográfica e diferentes realidades regionais,

    não acompanha, em suas políticas educacionais, a real necessidade educacional.

    1 Nesta pesquisa, utilizaremos o termo competência, o qual terá o seguinte significado: um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo (FLEURY; FLEURY, 2001).

  • 15

    Segundo Portella (2005), a sincronia entre o que se aprende na escola com aquilo

    que o mundo corporativo exige é muito distante. As teorias, extremamente

    necessárias, são fundamentos importantes para o conhecimento e o

    desenvolvimento de competências; desarticuladas da prática, porém, tornam-se

    desapropriadas. Assim, importa alinhar teoria com atividades práticas condizentes

    com a formação profissional que se pretende alcançar, para, com isso, evitar um

    desequilíbrio entre as competências necessárias exigidas pela empresa e aquilo que

    o funcionário tem a oferecer.

    Nesse cenário, diante das necessidades específicas das empresas, não

    contempladas no sistema educacional brasileiro2, surge, no fim do século XX, o

    conceito de Educação Corporativa desenvolvida em Universidades Corporativas

    (UC), por intermédio das quais as empresas buscam suprir suas necessidades,

    qualificando seus funcionários naquilo em que necessitam, por meio de seus centros

    de treinamento.

    No Brasil, os dados fornecidos pelo Anuário Brasileiro Estatístico de

    Educação Aberta e a Distância (ABRAEaD), em pesquisa realizada com 32

    empresas concentradas nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste,

    indicam que, em média, 70% dessas empresas que investem em educação

    corporativa fazem uso da EaD. As demais organizações estão aprimorando seus

    programas rumo à virtualização, seja para se concentrarem apenas em EaD, seja

    para o desenvolvimento de projetos híbridos (parte presencial e parte a distância). A

    ABRAEaD constatou que em 2009, dos 498.653 funcionários e terceiros, 468.855

    são de instituições situadas, principalmente, no Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito

    Federal. Importa salientar que mais de um terço dos participantes dos cursos

    oferecidos por essas empresas não são funcionários, mas sim prestadores de

    serviço e até mesmo consumidores. Em 2010, tais empresas disponibilizaram mais

    de 2.000 cursos, sendo 558 deles voltados a terceiros.

    Dentre as que se apresentam como destaques na Educação Corporativa a

    Distância (ECaD), 58% caracterizam-se como sendo da esfera governamental, 22%

    situam-se na área de serviços, 8% são constituídos pelas indústrias. O comércio, as

    autarquias federais e a gestão do conhecimento são compostos por 4%, cada uma.

    A dispersão geográfica dos alunos aos centros de estudos representa um dos

    2 Nesta dissertação, consideraremos que o sistema educacional refere-se à educação básica e superior.

  • 16

    pontos mais relevantes, dentre as razões pelas quais as empresas estão aderindo a

    tal modelo de educação.

    Outro aspecto levantado pela pesquisa citada diz respeito aos níveis

    hierárquicos que mais receberam treinamentos a distância. Podemos evidenciar que

    os treinamentos, na sua grande maioria, são realizados para servidores de nível

    operacional (74%), enquanto, para os servidores nas áreas de supervisão e de

    gerência, há 57% de participação. Tais dados corroboram o que é afirmado por Silva

    (2009): os investimentos feitos em educação situam-se, basicamente, nas áreas de

    atendimento ou naquelas áreas que tenham relacionamento direto com a sociedade

    (Gráfico 1).

    Gráfico 1: Níveis hierárquicos em que foram ofertados cursos em EaD

    74

    57 57

    39

    179

    4

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    Operação Supervisão Gerëncia Estagiário Diretoria Presidëncia Magistratura

    Fonte: ABRAEaD (2010, p. 80)

    De acordo com o ABRAEaD (2010), as empresas têm realizado investimentos

    significativos na ECaD. Ao compararmos os números em relação aos anos de 2008

    e 2009, percebemos ter havido um aumento de 15,6% nos valores monetários

    direcionados à educação corporativa a distância (2008 – R$ 6.608.194,80 – e 2009 –

    R$ 7.639.132,63). No entanto, em 2009, os investimentos na educação presencial

    continuaram predominando e alcançaram R$ 169.356.521,81.

  • 17

    Segundo a ABRAEaD (2010), quando perguntado aos gestores sobre seus

    objetivos e sobre as vantagens da ECaD, encontramos discrepâncias. Pois, os

    objetivos consistem em: (a) busca da qualidade (91%); (b) facilitação do

    gerenciamento pedagógico (82%); (c) redução de investimento (77%); e (d) agilidade

    na implementação dos cursos (73%). No entanto, quando questionados sobre as

    vantagens, o resultado da pesquisa aponta: (a) redução de investimento (100%); (b)

    agilidade na implementação dos cursos (93%); e (c) facilidade do gerenciamento

    pedagógico (79%). Ou seja, o objetivo de “alcançar qualidade” não aparece entre as

    vantagens do EaD. Mas afinal, estariam as empresas em busca de qualidade em

    seus treinamentos?

    Nessa mesma vertente, Silva (2009) acrescenta outras vantagens da ECaD:

    flexibilidade de tempo e espaço, facilidade de acesso às tecnologias disponíveis nas

    empresas para tais cursos, desenvolvimento da autonomia e estímulo à educação

    continuada. No que tange à escolha das tecnologias, a ABRAEaD (2010) constatou

    que o ambiente corporativo não faz uso consistente das mídias interativas,

    compostas por texto, imagens, áudio e vídeo, as quais, do ponto de vista

    pedagógico, ajudam a reduzir a sensação de isolamento do aluno e, além disso,

    contribuem com o desenvolvimento de competências, como por exemplo, a de

    trabalhar de forma colaborativa.

    Dentre os pontos frágeis da EaD, destacam-se: maior esforço nos estudos por

    parte do aluno e também do professor; falta de motivação, disciplina e organização

    do aluno; limitações quanto à socialização; e dificuldade de interação entre alunos e

    professores. A EaD pode apresentar desvantagens, limitações e dificuldades que se

    apresentam de acordo com o contexto em que o curso está inserido. Há casos, por

    exemplo, relacionados a propostas pedagógicas inadequadas, nas quais são

    desconsideradas as limitações da EaD. Essa situação pode resultar em cursos sem

    qualidade e criar frustrações que podem fortalecer ou até mesmo criar/originar

    resistências impactantes (ARETIO, 1994; GALUSHA, 1997; LANDIM, 1997;

    MUNGANIA, 2003; BRAUER e ALBERTIN, 2010; E-LEARNING BRASIL, 2010).

    Uma limitação que se apresenta quanto à exploração dos potenciais das

    tecnologias como ferramenta de apoio aos processos de ensino e de aprendizagem

    encontra-se na sua aceitação entre os alunos, uma vez que é de grande importância

    que tais inovações sejam aceitas e efetivamente utilizadas nas organizações para,

    com isso, justificar o investimento a elas direcionado.

  • 18

    Por outro lado, Overton (2005) tem observado algumas resistências culturais

    dos gestores no que diz respeito à implantação da EaD. O autor menciona que a

    Business Scholl Ashridge, no seu relatório sobre EaD, publicado em 2004, evidencia

    não serem apenas os alunos resistentes às mudanças, mas também os gestores e

    os responsáveis pela implementação do programa de treinamento.

    De acordo com Page (2005), implementar a EaD é atividade semelhante a

    aprender a andar: o mais difícil é o primeiro passo. Nesse sentido, Brauer e Albertin

    (2010) salientam que tal falta de conhecimento sobre o modelo de EaD a ser

    adotado pode fortalecer a resistência à citada modalidade de ensino por parte das

    pessoas envolvidas (alunos, gestores, etc.).

    Segundo Brauer e Albertin (2010), existem diversas categorias que colaboram

    para a resistência ou a difícil inclusão de usuários em ambientes de aprendizagem

    computacionais. Dentre eles, podem ser citados os sistemas inadequados, a falta de

    capacitação e suporte aos usuários, e o perfil de usuários inadequado em relação ao

    curso proposto. Além disso, os alunos de EaD apresentam algumas inseguranças,

    como a adaptação ao sistema não presencial e a ausência de interação com outros

    alunos comparativamente ao ensino presencial (KNAPPER, 1988).

    Apesar de a ABRAEaD (2010) constatar que há uma tendência segundo a

    qual nos próximos anos a educação corporativa terá a possibilidade de crescer

    muito, a resistência à EaD constitui-se, ainda, como um problema significativo, o que

    torna relevante a sua investigação.

    Litto e Formiga (2009) afirmam que a EaD já é um dos fortes contribuintes

    para as modificações metodológicas e tecnológicas que estão ocorrendo em todo o

    setor de educação e treinamento. Assim sendo, é ela (EaD) que dá acesso ao

    conhecimento e à certificação profissional a pessoas que antes não tinham a

    possibilidade de se aperfeiçoar, por serem portadoras de necessidades especiais,

    por morarem longe dos grandes centros de estudos ou, ainda, por não terem

    condições econômicas para dedicarem-se aos estudos.

    Dentre os pontos de investigação decorrentes de propostas metodológicas

    para EaD, destacamos, nesta pesquisa, o uso das Tecnologias de Informação e

    Comunicação (TIC) no ensino, as quais, segundo Santos Rosa (2009, p. 46),

    constituem um dos campos decisivos de transformação da cultura e da educação [...] fato é que, a cada dia, ganham mais espaço nas atividades cotidianas das pessoas, seja como forma de comunicação rápida e interativa, entretenimento, trabalho ou educação contínua.

  • 19

    De acordo com Siqueira (2005, p. 190),

    no estágio atual, a tele-educação e o uso da tecnologia da informação (TI) não constituem mais que a ponta do iceberg do cenário de possibilidades que as novas tecnologias podem oferecer, como ferramentas extraordinárias para a aprendizagem e a educação na sociedade da informação.

    Nesse sentido, a utilização da TIC como ferramenta de apoio ao

    ensinoaprendizagem não acontece somente nas instituições de ensino, uma vez que

    ela se dá, também, nas empresas. Com a incorporação de tais tecnologias nos

    processos de treinamento e desenvolvimento, a educação corporativa vem

    ganhando força e conquistando vantagens, em situações específicas, em relação ao

    ensino presencial.

    No entender de Meirelles e Maia (2004), para que a EaD apresente o

    resultado e retornos esperados para as empresas, ela deve ser projetada,

    implantada e gerenciada por profissionais qualificados. Para que isso aconteça,

    entretanto, é necessário, inicialmente, que sejam identificadas as principais

    barreiras.

    Desse modo, destacamos a importância dos gestores em identificar as

    condições de uso das tecnologias em suas empresas para fins educacionais. Para

    tanto, é preciso, antes de tudo, conhecer as condições técnicas e comportamentais

    de determinado grupo de pessoas. Assim, não basta intensificar o acesso ao tipo de

    educação em foco sem esses cuidados prévios, uma vez que o resultado incidirá

    sobre a formação das pessoas envolvidas. Assim, ao estabelecer um curso a

    distância, é necessário conhecer suas potencialidades e possibilidades para que

    atenda às expectativas e às aspirações dos entes envolvidos, o que inclui os

    proponentes e os participantes (SANTOS ROSA, 2009).

    Pelo exposto, nesta introdução, dada a relevância da ECaD no Brasil,

    propomo-nos a investigar como as dimensões se relacionam com a aceitação e

    resistência à educação a distância em uma empresa de grande porte da cidade de

    Jaraguá do Sul.

    Na sequência, passamos à apresentação dos objetivos da pesquisa.

  • 20

    2 OBJETIVOS

    Partindo-se da definição do problema de pesquisa apresentado, os objetivos

    que nortearam a realização deste estudo são os seguintes:

    2.1 OBJETIVO GERAL

    Compreender as principais dimensões de aceitação e resistência à Educação

    a Distância em uma empresa de grande porte da cidade de Jaraguá do Sul.

    2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    a) Descrever a evolução da ECaD na empresa WEG, objeto desta pesquisa.

    b) Identificar a percepção de empregados (gerente, chefe, funcionários) da

    empresa estudada sobre as dimensões da aceitação e da resistência à

    ECaD.

    c) Analisar como ocorre a aceitação e resistência da ECaD de empregados

    da WEG.

  • 21

    3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    O presente capítulo trata dos fundamentos teóricos desta pesquisa. Nele

    serão apresentados os seguintes tópicos: educação corporativa, educação

    corporativa a distância, educação a distância, aceitação e resistência à tecnologia e

    aceitação e resistência à EaD corporativa.

    A partir desses tópicos, fizemos uma revisão da literatura e elegemos, para

    dar sustentação ao trabalho, 109 produções (32 artigos, 2 teses, 3 dissertações, 12

    livros eletrônicos, 30 livros impressos e 30 revistas) sobre educação corporativa,

    educação corporativa a distância, educação a distância, aceitação e resistência à

    tecnologia e aceitação e resistência à EaD corporativa identificadas nos sítios

    eletrônicos da Associação Brasileira de EaD, da base de dados da EBSCO, da

    Scientific Electronic Library Online (SCIELO), da Revista de Administração de

    Empresas (RAE), do Periódicos CAPES, da Associação Nacional de Pós –

    Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD) e da biblioteca da Universidade

    do Vale do Itajaí. Fez-se esta escolha em virtude da relevância de tais produções

    para a pesquisa, do ano de publicação e da qualidade dos textos.

    3.1 EDUCAÇÃO CORPORATIVA

    Bayma (2005) lembra que as empresas mais tecnológicas vêm alinhando seu

    discurso à realidade da prática. O autor salienta, além disso, que as empresas estão

    implantando processos educacionais. Para dar conta dessa nova forma de

    aprendizagem, surge a Universidade Corporativa - UC.

    O Quadro 1 sintetiza a diferença entre o departamento de treinamento

    tradicional e o modelo de universidade corporativa de acordo com Éboli (2004).

  • 22

    Departamento de Treinamento Tradicional

    Universidade Corporativa

    Habilidades Objetivo Competências críticas

    Aprendizado individual Foco Aprendizado organizacional

    Tático Escopo Estratégico

    Necessidades individuais Ênfase Estratégias de negócio

    Interno Público Interno e externo

    Aumento de habilidades Resultado Aumento de desempenho Quadro 1: Treinamento e desenvolvimento x universidade corporativa Fonte: Éboli (2004)

    “As UC estão para o conceito de competência assim como os tradicionais

    centros de treinamento estiveram para o conceito de cargo” afirma Éboli (2004, p.

    15). Tal definição é complementada por Meister (1999), ao ressaltar que a UC é

    utilizada para capacitar e educar funcionários, clientes, fornecedores e comunidades,

    a fim de alcançar metas organizacionais e específicas.

    Nos Estados Unidos, na década de 1950, surgiu a primeira UC: a General

    Eletric, conhecida como Crotonville Institute. A Crotonville não visava apenas

    capacitar os executivos, mas sim a todos os funcionários, independentemente de

    nível hierárquico.

    No Brasil, como explica Éboli (2004), embora muitas empresas ainda não

    tenham implantado uma UC, apresentam conceitos de uma UC, pautados por uma

    abordagem de gestão de conhecimento e competências. A autora complementa,

    ainda, que algumas empresas já estão conscientes da necessidade de investir na

    qualificação e no desenvolvimento contínuo de seus funcionários por meio da

    educação corporativa a distância sendo este um dos fatores chave para a

    diferenciação das organizações.

    3.1.1 Educação corporativa a distância

    A possibilidade de utilizar a EaD fez com que os programas de educação

    corporativa tivessem um grande crescimento. No Brasil, de acordo com a ABRAEaD

    (2010), a ECaD vem ganhando força dia a dia. Na Tabela 1, por exemplo, é possível

    notar que, segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), a

    ECaD teve um aumento de 15,6% no ano de 2009 relativamente ao ano de 2008,

  • 23

    apesar de a educação presencial ainda ser o destino de grande parte dos

    investimentos.

    Tabela 1: Investimento de empresas em educação corporativa a distância e presencial

    Informações 2008 2009

    Investimentos em EaD R$ 6.608.194,80 R$ 7.639.132,63

    Diferença 2008/2009 R$ 1.030.937,83 15,60%

    Investimento presencial R$ 170.363.707,00 R$ 169.356.521,81

    Diferença 2008/2009 R$ 1.007.185,19 - 1%

    Total investido em educação R$ 176.971.901,80 R$ 176.995.654,44

    Fonte: ABRAEaD (2010, p. 235)

    No ano de 2009, conforme a ABRAEaD, foram investidos R$ 7.639.132,63 em

    cursos a distância. No mesmo ínterim, a quantia investida em cursos presencias foi

    de R$ 169.356.521,81. Do total de investimentos realizados em educação

    corporativa, o que chega à ordem de R$ 176.995.654,44 no ano de 2009, apenas

    4,31% se refere à EaD.

    Observamos, portanto, que o montante investido em educação corporativa

    nos anos de 2008 e 2009 manteve-se praticamente nos mesmos patamares,

    enquanto os investimentos feitos em educação presencial foram reduzidos em 1%, e

    os investimentos em EaD foram aumentados em cerca de 15% do total destinado a

    cada modalidade de ensino.

    Segundo Senge (2004), a educação corporativa tem conquistado cada vez

    mais espaço nas organizações, as quais estão modificando seus departamentos de

    treinamento e desenvolvimento para universidades corporativas.

    Na Tabela 2, elaborada de acordo com os dados da ABRAEaD (2010),

    percebemos o crescimento no Brasil, nos últimos anos, de novas unidades de

    educação corporativa (centro de treinamento ou universidade corporativa).

  • 24

    Tabela 2: Número de unidades de educação corporativa

    Período Número de unidades

    Até 1990 22

    De 1991 a 2000 45

    De 2001 a 2007 148

    Em 2008 41

    Total 256

    Fonte: ABRAEaD (2010, p. 235)

    Conforme a ABRAEaD (2010), 60% das unidades corporativas estão

    concentradas na região Sudeste, 20% situam-se na região Sul e 20% encontram-se

    na região Nordeste. Em Santa Catarina, consoante Brauer e Albertin (2010), há mais

    de vinte empresas atuando com educação corporativa a distância. Na Tabela 3,

    podemos visualizar esse cenário.

    Tabela 3: Quantidade de unidades corporativas por região

    Fonte: ABRAEaD (2010, p. 235)

    Na busca para identificar as empresas, Éboli (1999) apresenta algumas

    organizações brasileiras e multinacionais que têm adotado o modelo de EaD para

    execução de cursos em suas universidades corporativas. Como exemplos, podem

    ser citados Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Siemens, Vale S. A., Renner,

    Embratel, Universidade Petrobras, Amadeus Brasil, Suzano, Bosch Rexroth Ltda.,

    Datasul, Tigre, Consistem, Pepsico e WEG.

    Éboli (1999) destaca que os recursos didáticos em mídia: on-line, CD-ROM,

    material impresso, videoconferência são os mais utilizados por essas empresas. As

    variações de uso desses recursos são de acordo com o público e o curso. Nesse

    sentido, Averbug (2003) reforça o argumento de acordo com o qual,o maior critério

    Região Quantidade de organizações Participação

    Sudeste (ES, MG, RJ, SP) 154 60%

    Sul (PR, RS, SC) 51 20%

    Nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE) 51 20%

    Total 256 100%

  • 25

    para verificar o acerto na seleção do(s) meio(s) é o resultado que se deseja obter, isto é, sua

    contribuição para uma aprendizagem eficiente e eficaz.

    “A escolha do meio ou conjunto dos meios requer considerar, de forma integrada, o que vai ser abordado (conteúdo), para quem (o público usuário) e as características da situação em que o meio será utilizado; precisa valorizar conhecimentos, habilidades e atitudes do aluno já existentes, proporcionando a reconstrução de outros, favorecendo a inter-relação e a aplicação na sua vida pessoal e profissional” (AVERBUG, 2003, p. 24)

    Glikman (2002) também aborda a função de cada mídia no que concerne ao

    tipo de público e de conteúdo. Collis (1996), por sua vez, afirma que os conteúdos

    podem ser apresentados por meio de várias mídias e que há mais variação entre os

    tipos de distribuição da mídia do que entre o uso da mídia isolada. Além disso, não é

    a tecnologia sozinha que determina o sucesso da EaD, mas sim o modo como a

    tecnologia é empregada.

    Nesse cenário, podemos identificar na pesquisa apresentada pela ABRAEaD

    (2010), a respeito das mídias mais utilizadas em cursos corporativos a distância em

    2009, que 91% das empresas entrevistadas utilizam computador, e que 48% usam

    mídia impressa, como pode ser observado no Gráfico 2.

    Gráfico 2: Mídias mais utilizadas em cursos corporativos a distância

    91

    5248

    39

    26 26

    17 13

    94 4

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    Computador Intranet Mídiaimpressa

    Conferência CD DVD Satélite Teleaulas Tel. Celular Internet MSN

    Fonte: ABRAEaD (2010, p. 82)

    Tais dados corroboram a argumentação de Santos Rosa (2009), que aponta

    que os meios tecnológicos diferem entre si e possuem a capacidade de representar

  • 26

    distintos tipos de conhecimento. A maior parte dos meios é eficiente para

    representar e apoiar os conhecimentos teóricos, enquanto recursos como tele-aulas,

    conferências, satélites ou telecursos são propícios para representar conhecimentos

    práticos. Moore e Kearsley (2007) enfatizam que os materiais impressos e os

    materiais de mídias digitais apresentam-se mais favoráveis à assimilação dos

    conteúdos do que as conferências.

    Silva (2009) reforça que as últimas décadas foram ainda mais importantes

    para o crescimento da educação on-line. Nesse contexto, o avanço experimentado

    pelas tecnologias, particularmente as TIC’s, foi fundamental.

    Kenski (2003) salienta que a revolução digital transforma o espaço

    educacional. Na era digital, o saber é potencializado pelas estradas virtuais da

    informação, pois “não importa o lugar onde o aluno estiver: casa, trabalho, entre

    outros. Ele tem acesso ao conhecimento disponível nas redes, e pode continuar a

    aprender” (KENSKI, 2003, p. 32).

    Mediante o cenário exposto, Santos Rosa (2009) argumenta que os cursos a

    distância requerem recursos didáticos com características e cuidados especiais, pois

    esse tratamento conduz a cursos bem planejados, organizados e esclarecedores.

    Diante da adesão da ECaD no Brasil, notam-se algumas vantagens e

    desvantagens no que se refere à educação a distância, conforme a ABRAEaD

    (2010) (Tabela 4). Como vantagem, destaca-se a redução dos custos na ordem de

    100%, como um dos principais fatores na escolha da forma como a capacitação será

    realizada. No que diz respeito às desvantagens, 73% identificam a impessoalidade

    como aspecto mais importante de influência de não realização da EaD.

    Tabela 4: Vantagens e desvantagens da ECaD

    Vantagens %

    Redução de custos 100

    Agilidade na realização 93

    Facilidade para operação de polos 79

    Desvantagens %

    Impessoalidade 73

    Não há desvantagens 27

    Custo 9

    Método inovador 9

    Fonte: ABRAEaD (2010, p. 84)

  • 27

    Em Litto e Formiga (2009), podem ser encontradas algumas experiências

    pioneiras e de sucesso na junção entre a educação corporativa e a EaD:

    Universidade Algar de Negócios, Universidade Martins de Varejo, Academia Accor

    do Brasil, Petrobrás e Universidade Datasul.

    Constatamos, com isso que, independentemente do modelo de atuação

    adotado, a educação corporativa a distância vem ganhando força, atendendo, assim,

    a muito mais pessoas do que seria possível se os processos educacionais fossem

    presenciais (SILVA, 2009).

    3.2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

    O Ministério da Educação do Brasil, pelo Decreto nº 2.494, define Educação a

    Distância (EaD) como:

    uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998, p.1).

    A educação a distância, do mesmo modo, pode ser considerada como um

    sistema baseado no uso seletivo de meios instrucionais, tanto tradicionais quanto

    inovadores. O uso de tais meios deve ter por finalidade promover o processo de

    autoaprendizagem, a fim de alcançar os objetivos educacionais específicos, com um

    potencial de maior cobertura geográfica que a dos sistemas educativos tradicionais

    (LANDIM, 1997).

    Palloff e Pratt (1999) também elencam algumas definições sobre ensino a

    distância: (a) professor e estudantes separados durante a maior parte do processo;

    (b) uso de uma mídia educacional para repasse do conteúdo; (c) canais de

    comunicação interativos; e (d) aprendizado controlado pelo estudante, e não pelo

    professor.

    A EaD pode, igualmente, ser entendida como uma formação continuada ou

    como educação ao longo da vida, sendo parte de um sistema mais amplo de

    transmissão do saber, de onde vem a seguinte definição:

    ensino a distância é o ensino que não implica a presença física de um professor indicado para ministrá-lo no lugar onde é recebido, ou

  • 28

    no qual o professor está presente apenas em certas ocasiões ou para determinadas tarefas. (LEI FRANCESA, 1971 apud BELLONI, 2001, p. 25).

    Existem, na literatura específica sobre o tema, várias definições de EaD, o

    que indica a falta de um consenso sobre o assunto. Porém, a ideia fundamental da

    EaD é: estudante e professor encontram-se separados fisicamente e, na maioria das

    vezes, também temporalmente (MOORE; KEARSLEY, 2007; SALAS et al., 2002).

    Definições tradicionais descrevem a EaD como aquela que ocorre em

    momento e lugar diferentes, ao passo que definições mais atuais, possibilitadas

    pelas modernas tecnologias interativas, enfatizam a educação a distância como a

    que ocorre ao mesmo tempo, em locais diferentes (síncrona e assíncrona)

    (FILATRO, 2009).

    Para Moran (2010, p. 1),

    educação a distância é ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também pode ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.

    Na busca pela compreensão das definições e com o intuito de evitar

    entendimentos divergentes, Santos Rosa (2009) apresenta algumas características

    de EaD, ensino on-line e e-learning, ressaltando diferenças e semelhanças entre

    eles. O EaD distingue-se pelo afastamento físico e espacial entre professores e

    estudantes, auxiliado por tecnologias de comunicação nos processos de ensino e de

    aprendizagem, não dependendo unicamente da comunicação on-line, podendo usar

    outros recursos, como o fax ou o correio, por exemplo.

    Já o ensino on-line tem como principal característica a mediação tecnológica

    pela conexão em rede, via internet. Por outro lado, o e-learning, mais flexível, difere

    do ensino on-line pelo fato de poder utilizar tecnologias: on-line (videoconferência, e-

    mail, fóruns de discussão, etc.) ou off-line (DVD, CD-ROM, fitas de vídeo) (FILATRO,

    2009).

    A maioria das definições de educação a distância apresentam como

    elementos essenciais o uso de tecnologias, professor e aluno afastados fisicamente,

    disponibilidade de vários recursos para a comunicação entre professor e aluno,

    aulas presenciais e teleconferências (SANTOS ROSA, 2009).

  • 29

    Com base nas definições de EaD anteriores, observamos que nessa referida

    modalidade de ensino o aluno pode utilizar os meios como quiser, onde quiser, no

    horário em que desejar, desde que atenda às exigências do curso do qual participa.

    A flexibilidade para estudar é uma característica importante desta modalidade,

    fazendo com que esse seja um elemento do processo de construção do

    conhecimento. Para isso, exige-se um planejamento específico e uma equipe

    multidisciplinar que prime pelo processo de ensino (BRAUER; ALBERTIN, 2010).

    No Quadro 2, resumimos as definições dadas a EaD, a fim de comparar

    semelhanças e diferenças entre elas.

    Quadro 2: Semelhanças e diferenças de concepções de EaD Fonte: Santos Rosa (2009, p. 44)

    Autores Separação física de professores e estudantes

    Estudo no convívio, fora da

    sala de aula Uso de tecnologias

    Ramble (2003)

    Separação física entre professor e estudante.

    Armengol (1987)

    Não necessita de proximidade física contínua entre professores e estudantes em locais especiais para fins educativos.

    Moran (2002)

    Participantes conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a internet.

    Brasil (1998)

    Forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados.

    Utiliza suportes de informação, de forma isolada ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação.

    Otto (2002)

    Abordagem com estudantes, objetivos, métodos, mídias e estratégias diferentes e, acima de tudo, objetivos diferentes na política educacional.

    Moore e Kearsley (2007)

    Aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local de ensino.

    Exige técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais.

    Filatro (2007)

    Pressupõe separação espacial entre professor e estudante.

    A maior parte da comunicação é mediada por recursos tecnológicos (on-line e off-line).

  • 30

    3.2.1 Histórico da educação a distância

    As primeiras experiências registradas com a EaD no mundo ocorreram por

    volta do século XVIII. Registrava-se, naquela época, a educação por

    correspondência quando, no Japão, os sacerdotes budistas eram treinados por esse

    método, assim como seletos cidadãos na antiga Roma na época de Cristo

    (INDUSTRIAL MANAGEMENT, 1967).

    Estudos mencionam que o apóstolo São Paulo, ao difundir o Evangelho com

    suas cartas para grupos da Igreja, desenvolvia uma forma de educação a distância

    (WILLIAMS; NICHOLAS; GUNTER, 2006).

    No século XIX, surge o primeiro curso formal de educação a distância, este na

    forma escrita. No ano de 1840, Sir Issac Pitman, o inventor do estenógrafo,

    considerado o primeiro educador moderno a distância, teve a ideia de repassar

    informações para uma audiência potencialmente limitada, por meio de um curso por

    correspondência (MATTHEWS, 1999).

    Já no início do século XX, várias universidades passaram a oferecer cursos

    por correspondência nos EUA, na Austrália, na Grã-Bretanha, na Alemanha. Na

    metade do século XX, foi institucionalizada a EaD (nível técnico e superior) na

    França, Canadá, Japão, Inglaterra e Bélgica (GARCIA, 1994).

    Ainda no século XX, com os avanços tecnológicos, as universidades

    passaram a utilizar os recursos do rádio e da televisão para a difusão de programas

    educacionais ou de capacitação, agregando, como suporte e apoio, materiais

    impressos encaminhados por correspondência (MATTHEWS, 1999).

    No Brasil, Formiga (2005) lembra que, conforme a história, os primeiros

    cursos por correspondência foram oferecidos pela Escola Internacional do Rio de

    Janeiro, em 1904. Foi entre os anos de 1920 e 1950 que a EaD concentrou seus

    esforços na educação de jovens e adultos, utilizando o rádio como fonte de

    propagação dos conteúdos (CARDOSO; PESTANA, 2001). Durante os anos de

    1960 e 1970, nem todas as universidades e empresas tinham os recursos e

    tecnologia para fornecer boas experiências de aprendizagem a distância. Sendo

    assim, muitos programas por correspondência falharam por causa da baixa

    qualidade e da falta de interação entre professor e aluno (CAVALHEIRO, 2007).

    Filatro (2004, p. 43) afirma que “a grande revolução representada pelas

    tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) nos processos educacionais se

  • 31

    deu quando a sociedade incorporou o uso da tecnologia”. Diante disso, nos anos de

    1980, a EaD reapareceu vagarosamente e se expandiu nos anos de 1990 com o

    advento da World Wide Web, com o acesso à Internet, com a queda nos custos dos

    computadores portáteis e com a disseminação do seu uso (HUYNH; UMESH, 2003).

    Ainda na década de 1990, dois marcos importantes a serem ressaltados foram a

    criação da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) e a inclusão da

    modalidade de EaD na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

    Segundo o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância

    (2010), até o fim de 2008, foram matriculados 2.648.031 alunos nos cursos de

    Educação a Distância disponíveis. Destes, 1.075.272 alunos foram matriculados em

    instituições credenciadas, 1.074.106 em instituições livres e 498.653 em empresas.

    O número de instituições brasileiras credenciadas para ministrar cursos, tanto

    em âmbito federal (Pós-graduação) quanto estadual (educação básica, cursos

    técnicos e educação para jovens e adultos), teve um crescimento significativo nos

    últimos anos. Esse dado pode ser observado na Tabela 5, que mostra a ascensão

    do número das instituições autorizadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC)

    e dos Conselhos Estaduais de Educação (CEEs), no período de 2006 a 2008.

    Tabela 5: Número de instituições credenciadas

    Fonte: ABRAEaD (2010, p. 166)

    A Tabela 5 permite notar que em 2006 havia 778.458 estudantes em 225

    instituições credenciadas ou com cursos autorizados pelo MEC. Em 2008, esse

    número foi elevado para 1.075.272 estudantes em 376 instituições. Os dados

    mostram uma evolução, no período de 2006 a 2008, de 59% no número de

    instituições credenciadas ou com cursos autorizados e de 72% na quantidade de

    estudantes matriculados, apontando para um crescimento constante desta

    modalidade de ensino.

    Nesse mesmo ritmo evolutivo, encontra-se à ECaD nas empresas, conforme

    apresentado no Capítulo 1. Dentre as regiões onde essas empresas estão situadas,

    destaca-se, com 71%, a região Sudeste (ES, MG, RJ e SP) (Tabela 6).

    2006 2007 2008

    Nº de instituições credenciadas – Sistema de educação 225 257 376

    Nº de estudantes nas instituições 778.458 972.826 1.075.272

  • 32

    Tabela 6: Quantidade de organizações por região

    Fonte: E-learning Brasil (2010)

    Em 1999, apenas cinco empresas utilizavam EaD. Em 2010, esse número

    passou para 640. Os dados apresentados pelo ABRAEaD revelam que tais

    empresas se concentram principalmente na região Sudeste (71%), mas a adoção da

    EaD começou a expandir-se também nas regiões Sul (13%) e Centro-Oeste (8%).

    Tabela 7: Evolução de EaD nas organizações

    Fonte: E-learning Brasil (2010)

    Com a adesão da EaD no Brasil, notam-se algumas vantagens e

    desvantagens, conforme expomos a seguir.

    3.2.2 Vantagens e desvantagens da EaD

    Vários autores afirmam que, ao ser comparada com os métodos tradicionais

    Região Nº de

    organizações Participação

    Sudeste (ES, MG, RJ, SP) 452 71%

    Sul (PR, RS, SC) 87 13%

    Centro Oeste (DF, GO, MS, MT) 52 8%

    Nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE) 36 6%

    Norte (AC, AP, AM, PA, RO, RR, TO) 13 2%

    Total 640 100%

    Ano Qtidade. de organizações Crescimento

    1999 5 -

    2000 48 860%

    2001 100 108%

    2002 253 153%

    2003 331 31%

    2004 423 28%

    2005 468 11%

    2006 542 16%

    2007 567 5%

    2008 626 10%

    2009 638 2%

    2010 640 1%

  • 33

    de ensino em sala de aula, uma das principais vantagens apresentadas pela EaD é

    a flexibilidade do local e do horário (OAKES, 2002; VALLEY et al., 1996), além do

    investimento financeiro (SHUTE, 2004).

    Aretio (1994) e Mungania (2003) elencam como vantagem a redução nos

    custos com a Tecnologia da Informação (TI) e uma série de outros itens: economia

    de escala; eliminação de barreiras geográficas; flexibilidade de horário;

    universalidade; padronização do ensino; personalização e individualização do

    conteúdo; ritmo de estudo definido pelo próprio aluno; planejamento; ensino focado

    no aluno e possibilidade de rever conteúdos inúmeras vezes.

    Embora se possa criar uma lista de vantagens à EaD, Oakes (2002) afirma

    que, o uso do método síncrono, um dos mais utilizados, reduz tal vantagem.

    Segundo o autor, uma das razões para que o referido método permaneça popular é

    o fato de ele reproduzir o formato tradicional de sala de aula, no qual o instrutor

    lidera o treinamento, o que está relacionado com interações em tempo real.

    Outros autores mencionam o conforto e a eliminação de certos

    constrangimentos (THAM; WERNER, 2005). Segundo eles, aprender em uma “sala

    de aula virtual” permite o acesso a uma quantidade ilimitada de informações. Os

    autores argumentam, ainda, que os alunos mais tímidos, ou não, sentem-se mais

    tranquilos, fazendo, assim, independentemente da distância e do seu perfil, com que

    a utilização da EaD contribua com o processo de aprendizagem.

    Por outro lado, a EaD pode ter várias desvantagens, limitações e dificuldades

    (ARETIO, 1994; MUNGANIA, 2003; LANDIM, 1997). Dentre elas, destacam-se a

    falta de disciplina dos alunos; falta de preparação dos professores; afastamento, por

    parte dos alunos; demora no feedback dos professores; menor confiabilidade nos

    resultados da avaliação; falta de reconhecimento ou credibilidade de cursos a

    distância; custos iniciais elevados; problemas tecnológicos e de suporte; falta de

    motivação dos alunos; falta de interação no curso e com os alunos; adaptação de

    cursos presenciais para cursos a distância de forma incorreta; falta de estrutura nas

    empresas, ambiente desapropriado para estudos; falta de serviços administrativos

    mais complexos; pouca familiaridade com computadores e seus programas.

    Zwicker e Reinhard (1994) ressaltam que muitos dos problemas, limitações e

    desvantagens mencionadas podem ser evitados; conforme os autores, há cursos a

    distância, de qualidade, que já superaram alguns desses problemas. Qualquer que

    seja a forma empregada, entretanto, o uso didático do computador só será efetivo na

  • 34

    medida em que se puder envolver ativamente o aluno no processo de ensino

    (BRAUER; ALBERTIN, 2010).

    Percebemos, portanto, que a utilização de metodologias puramente on-line,

    embora tenha utilidade, torna-se uma ferramenta pedagógica insuficientemente

    capaz de ensinar habilidades interpessoais, conceituais e analíticas, as quais são

    fundamentais na educação gerencial (MARTINS; KELLERMANNS, 2004).

    3.3 ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À TECNOLOGIA

    Neste tópico apresentamos uma revisão bibliográfica sobre: Tecnologia da

    informação, Teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia (UTAUT) e

    Resistência às tecnologias de informação.

    3.3.1 Tecnologia da informação

    A Tecnologia da Informação (TI) é usada para dar suporte aos objetivos de

    um sistema de informação. Na definição de O’Brien (2001), um sistema de

    informação é um conjunto organizado de pessoas, hardware, software, redes de

    comunicações e recursos de dados que coleta, transforma e dissemina informações

    em uma organização.

    Ozaki e Vasconcellos (2008, p. 116) afirmam que “no centro dos anseios

    dessa Sociedade de Informação, reside a necessidade de armazenar, acessar e

    compartilhar volumes cada vez maiores de informação, de forma colaborativa e de

    qualquer lugar”.

    De acordo com Stair e Reynolds (2002), vivemos na era da informação.

    Diariamente, as empresas precisam manipular grandes quantidades de informações

    para a definição de um bom planejamento estratégico e operacional (BATISTA,

    2006).

    Laudon e Laudon (2004) ressaltam que, entre os principais benefícios do uso

    do sistema de informação, se destacam o aumento da produtividade, a diminuição

    de custos e a ampliação da qualidade das informações. Segundo os autores, tais

  • 35

    resultados permitem que as empresas ampliem seus lucros e se tornem mais

    competitivas.

    Turban, Rainer, Potter (2005) complementam tal argumentação expondo que

    a TI, em si, não é mais uma fonte de vantagem competitiva, mas pode ser a base

    para o uso estratégico da informação, que poderá vir a se constituir como uma

    vantagem.

    Stair e Reynolds (2002) mencionam outras razões que levam as empresas a

    adotarem o uso da TI. Dentre elas, podemos citar o desejo de explorar novas

    oportunidades, a vontade de tornar mais efetivo o uso da informação, o crescimento

    organizacional, a fusão ou aquisição e mudanças no mercado e no ambiente

    externo.

    Mediante essas razões, Laudon e Laudon (2004) enfatizam que conhecer os

    sistemas de informação é essencial para os administradores, uma vez que a maioria

    das organizações precisa de tais sistemas para sobreviver e prosperar. Os sistemas

    de informação são descritos e classificados por Stair e Reynolds (2002), em várias

    categorias (Quadro 3).

    Tipo Categoria Definição

    Dificuldade

    Simples Possui poucos elementos. Além disso, estes elementos (dados e pessoas interagindo com o sistema) estão relacionados diretamente entre si (relacionamentos simples).

    Complexo Possui muitos elementos (processos com várias etapas, muitos dados de entrada e várias pessoas interagindo com o sistema), com relacionamentos complexos entre si.

    Interação com o ambiente

    Aberto Sistema que interage com o seu ambiente. Ocorre quando o ambiente é composto por vários sistemas. O sistema que interage com outros sistemas é aberto.

    Fechado Sistema que não possui interação com outros sistemas, incapaz de integrar-se a outros sistemas.

    Mudanças

    Estável Sistema que se mantém inalterado ou recebe poucas modificações ao longo do tempo.

    Dinâmico

    Sistema que recebe modificações frequentes, ao longo do tempo. As alterações podem surgir em razão de novas necessidades de mercado ou de melhorias contínuas no sistema, tais como novos recursos implementados para tornar o software mais fácil ou rápido de utilizar.

    Adaptação

    Adaptável

    Sistema que permite que seja configurado para se adaptar às mudanças do ambiente ou mercado, admitindo, assim, personalização dos processos. Neste tipo de sistema, não é necessário que seja liberada uma nova versão do sistema para se adaptar ao ambiente ou mercado.

    Não adaptável

    Sistema que não permite adaptação às mudanças do ambiente, exigindo, portanto, que seja liberada uma nova versão do sistema.

    Continua...

  • 36

    Quadro 3: Classificação dos sistemas de informação Fonte: Stair e Reynolds (2002)

    Num ambiente corporativo, os sistemas de informação podem configurar-se

    como sistemas de processamento de transações, sistemas de informação

    gerenciais, sistemas de comércio eletrônico e sistemas de suporte à decisão. Essas

    categorias de sistemas de informação refletem também a evolução que os sistemas

    informatizados alcançaram ao longo dos anos.

    Stair e Reynolds (2002) lembram que os primeiros sistemas de informação

    que surgiram no meio corporativo eram voltados exclusivamente para o

    processamento de transações, lidando com informações operacionais, como o

    processamento de folha de pagamento, por exemplo. Na sequência, foram

    desenvolvidos os sistemas de informação gerenciais, a internet e os sistemas de

    comércio eletrônicos.

    É importante ressaltar que todo sistema de informação sustenta-se em dois

    grupos de recursos: recursos de TI e recursos humanos. Sobre estes, Laudon e

    Laudon (2004) explicam que os recursos humanos operam os sistemas de

    informação desempenhando diversas funções, que podem ser classificadas em duas

    categorias: os usuários finais e os especialistas de sistemas de informação. Os

    usuários finais são pessoas que fornecem informações/dados para os sistemas de

    informação e/ou consomem as informações geradas pelos sistemas de informação,

    e os especialistas são os profissionais que atuam em atividades, por exemplo, de

    programação de computadores.

    Apesar das várias vantagens trazidas pelo uso das TIs, os usuários finais e as

    organizações reagem de maneiras diferentes, tanto em critérios de aceitação quanto

    em critérios de resistência às tecnologias.

    Nos dois próximos tópicos, apresentaremos as fundamentações sobre estas

    duas abordagens – aceitação e resistência, relacionadas ao uso da TI na educação.

    3.3.2 Teoria Unificada de Aceitação e uso da Tecnol ogia (UTAUT)

    Em 1986, Fred Davis inicia uma pesquisa sobre um modelo de aceitação de

    Período de utilização

    Permanente Sistema utilizado por um longo período de tempo.

    Temporário Sistema utilizado por um curto período de tempo, normalmente, para atender a uma necessidade específica e por tempo determinado.

    ... continuação

  • 37

    tecnologia: o modelo TAM. Outros pesquisadores também estudaram o tema e

    desenvolveram seus próprios modelos, num total de oito modelos.

    Em 1999, Viswanath Venkatesh, Michael Morris, Gordon Davis e Fred Davis

    iniciam novos estudos sobre a aceitação e uso de tecnologias, desenvolvendo uma

    das maiores pesquisas científicas já realizadas sobre a aceitação das novas

    tecnologias, a partir da qual elaboraram e validaram o Modelo UTAUT integrando os

    oito modelos anteriores. As teorias que fundamentaram a UTAUT são:

    1. TRA – Theory of Reasoned Action (Teoria da Ação Racionalizada), foi

    desenvolvida por Fischbein e Azjen, em 1975.

    2. TAM e TAM2 – Technology Acceptance Model (Modelo de Aceitação de

    Tecnologias) desenvolvida por Davis, em 1989.

    3. TPB – Theory of Planned Behavior (Teoria do Comportamento Planejado),

    desenvolvida por Ajzen, em 1991.

    4. MPCU – Model of PC Utilization (Modelo de Utilização do PC), desenvolvido

    por Thompson et al., em 1991.

    5. MM – Motivational Model (Modelo Motivacional), desenvolvido por Davis et al.,

    em 1992.

    6. C-TAM-TPB – Combined TAM and TPB (Modelos TAM e TPB Combinados),

    desenvolvidos por Taylor e Todd, em 1995.

    7. IDT – Innovation Diffusion Theory (Teoria da Difusão da Inovação),

    desenvolvida por Rogers, em 1995.

    8. SCT – Social Cognitive Theory (Teoria Social Cognitiva), desenvolvida por

    Compeau e Higgins, em 1995.

    Os autores revisaram a bibliografia existente sobre a aceitação do uso da

    tecnologia realizando testes empíricos e comparando os oito modelos existentes. A

    pesquisa foi quantitativa e feita em quatro empresas das áreas de telecomunicações

    e de entretenimento, do setor bancário e da administração pública. A duração da

    pesquisa foi de seis meses e organizou-se em três momentos distintos, a saber:

    antes da liberação do novo sistema ao usuário, um mês depois da liberação e três

    meses depois da liberação do novo sistema. Os resultados revelaram que entre 17 e

    53% dos usuários variavam a sua forma de usar a nova TI.

    Com base nas semelhanças empíricas e conceituais dos oito modelos, os

    autores selecionaram os itens que apresentaram maior poder de explicação e os

    moderadores mais influentes. Os itens caracterizados como aqueles com maior

  • 38

    poder de explicação foram a expectativa de desempenho e de esforço, a influência

    social e as condições facilitadoras. Já os moderadores mais influentes foram

    definidos como sendo o gênero, a idade, a experiência e a voluntariedade. Esses

    itens são a base do modelo UTAUT (Figura 1).

    Figura 1: Teoria unificada de aceitação e uso da tecnologia (UTAUT) Fonte: Venkatesh et al. (2003)

    Esse modelo foi testado usando-se os dados originais e os resultados obtidos,

    os quais permitiram explicar melhor os motivos da aceitação e utilização da

    tecnologia do que os modelos anteriores. Os autores fizeram a validação do estudo

    cruzando os dados das duas novas empresas pesquisadas: uma de serviços

    financeiros (uso voluntário da tecnologia) e outra de venda de artigos eletrônicos

    (uso obrigatório da tecnologia). Os resultados obtidos nessa pesquisa provaram ser

    muito semelhantes aos da pesquisa anterior. Dessa forma, verificou-se que a

    capacidade de identificar com mais clareza as causas de resistência ao uso da TI

    pode ser obtida com base no modelo UTAUT, o qual tem sido utilizado para verificar

    a intenção de uso de tecnologias na educação.

    3.3.3 Resistência às tecnologias de informação

    Na busca por melhor produtividade, as organizações têm investido muito em

    TI. Todavia, para que a produtividade almejada seja alcançada, as inovações

  • 39

    precisam ser aceitas pelos usuários finais e efetivamente utilizadas (VENKATESH et

    al., 2003).

    De acordo com Robbins (2007), tanto as pessoas como as empresas resistem

    às mudanças porque essas fazem aflorar forças de integração e desintegração que

    precisam ser neutralizadas para não comprometer os resultados almejados.

    Hernandez e Caldas (2001) acreditam que a resistência à mudança não

    apresenta somente aspectos negativos para as pessoas ou organizações, pois

    essas podem prevenir que sejam adotadas mudanças que não gerem o retorno

    esperado.

    Apesar de ser um assunto importante, verificamos que poucos estudos têm

    sido feitos sobre a resistência à TI (CENFETELLI, 2004). Muitos projetos

    sucumbiram em virtude da resistência dos indivíduos a mudanças e, por isso, faz-se

    necessário investigar as causas desses problemas a fim de preveni-las. Markus

    (1983) acredita que o estudo aprofundado e abrangente sobre a resistência à TI

    possa conduzir a estratégias melhores de implementação das novas tecnologias

    com resultados significativos visando à prevenção e não à superação delas.

    A resistência à mudança dentro das organizações, no que se refere ao uso da

    TI, é expressiva, pois as inovações são frequentes e necessárias. A mudança

    frequente causa desconforto no usuário, gerando incerteza quanto ao sucesso da

    implantação do novo sistema (ROGERS, 1995).

    Segundo Markus (1983), são duas as categorias que explicam a resistência à

    TI: a interação entre o contexto do uso do sistema e a implantação do sistema. A

    resistência à mudança está ligada à percepção de ganho ou perda de poder. Ou

    seja, se a interação promover aumento de poder para o indivíduo ou grupo, não

    haverá resistência. Por outro lado, se essa mudança não suportar a posição de

    poder, haverá resistência.

    Outros pesquisadores, como Joshi (1991), por exemplo, atribuem a

    resistência às mudanças na implementação de TI aos próprios usuários. Tal

    afirmação, contudo, pode ser contestada, uma vez que, se o usuário recebe algum

    benefício com a mudança, ela não será contestada e, se for desfavorável, haverá

    resistência.

    Outra linha de pensamento, defendida por Marakas e Hornik (1996),

    considera que o estresse e o medo são sentimentos desencadeados pela resistência

    à introdução de uma nova tecnologia no mundo conhecido e estável do usuário.

  • 40

    Caso o usuário perceba a alteração da situação atual como perigosa e com

    consequências imprevisíveis, o medo e o estresse logo se instalarão e causarão a

    resistência.

    Martinko et al. (1996) elaboraram uma lista de reações dos indivíduos em

    relação à TI. Conforme a mencionada lista, a resistência é consequência direta das

    influências internas e externas da pessoa e das experiências negativas pelas quais

    tal indivíduo passou por ocasião da implantação de sistemas parecidos. Infelizmente,

    essa experiência negativa com a implantação de um sistema, além de provocar

    resistência, gera preconceito. Dessa forma, fica evidente que é mais fácil e melhor

    prevenir a experiência desagradável do que superar o preconceito estabelecido na

    mente do usuário.

    Lapointe e Rivard (2005) verificaram que a resistência à mudança em TI

    inicia-se no indivíduo e passa para o grupo. Os autores afirmam que os indivíduos

    ou grupos podem ter intenções de comportamentos quando da implantação de um

    novo sistema de TI, que são a adoção, apatia, resistência e neutralidade.

    Outros autores consideram a resistência como uma atitude. Mattar (1997), por

    exemplo, entende a resistência como uma atitude, por ser uma predisposição

    subliminar do indivíduo em razão das experiências anteriores, da cognição e da

    afetividade. Segundo o autor, a reação à implantação de um novo sistema se deve

    em virtude do produto, da organização, da pessoa, do fato ou da situação. A

    mensuração da atitude pode ser realizada com base em três componentes: o afetivo,

    o cognitivo e o comportamental. O componente afetivo concerne aos sentimentos

    em relação às qualidades almejadas, o componente cognitivo mede as crenças do

    indivíduo relativamente às características do produto, e o componente

    comportamental, por sua vez, se refere à mensuração das intenções.

    Na sequência, apresentamos uma breve descrição do modelo utilizado nesta

    pesquisa.

    3.4 ACEITAÇÃO E RESISTÊNCIA À EAD CORPORATIVA

    No tópico anterior, apresentamos as categorias de análise que emergem em

    aceitação e em resistência às TIs. Neste, considerando a relevância do uso da TI na

  • 41

    ECaD, enfatizamos o modelo de aceitação e resistência à ECaD proposto por Brauer

    (2008) o qual tem como base o modelo UTAUT, desenvolvido por Viswanath

    Venkatesh, Michael Morris, Gordon Davis e Fred Davis, em 1999.

    Em 2008, Brauer adaptou e utilizou o modelo UTAUT em sua tese de

    doutorado. Sua pesquisa gerou contribuições teóricas, que resultou no

    desenvolvimento e na validação de um modelo de estrutura teórica de resistência à

    ECaD, e contribuições práticas que podem subsidiar a implementação de ações

    gerenciais que proporcione maior eficácia à ECaD. Assim sendo, julgamos

    pertinente desenvolver esta pesquisa à luz dos estudos de Brauer, os quais

    culminam com as proposições desta pesquisa.

    Dessa maneira, utilizamos e adaptamos o modelo proposto por Brauer, com o

    objetivo de compreender as principais dimensões de aceitação e resistência à

    Educação a Distância em uma empresa de grande porte da cidade de Jaraguá do

    Sul.

    Para isso, iniciamos os estudos sobre aceitação e resistência à TI e, em

    seguida, adaptamos o modelo em questão.

    Na Figura 2, apresentamos a estrutura proposta da aceitação e da resistência

    à ECaD.

    Figura 2: Estrutura proposta da aceitação e da resistência à ECaD Fonte: Adaptado de Brauer (2008)

    Conforme exposto na Figura 2, a estrutura do modelo de aceitação e

    resistência à ECaD é composta por oito categorias de análise, sendo quatro

    categorias de resistência (autoeficácia, poucas competências em TI, interatividade e

    comunicação interna) e quatro categorias de aceitação (expectativa de desempenho,

    expectativa de esforço, influência social e condições facilitadoras). De acordo com

    Brauer (2008), além dessas categorias, possivelmente, há outros que implicam a

    Categorias de aceitação

    Categorias de resistência

    Autoeficácia

    Interatividade

    Aceitação e Resistência a EaD na EC

    Poucas competências em

    TI

    Expectativa de desempenho

    Expectativa de esforço

    Influência social

    Condições facilitadoras

    Comunicação interna

  • 42

    aceitação ou a resistência à ECaD, porém não foram aqui incluídos por não terem

    sido localizados no referencial bibliográfico estudado.

    A seguir, apresentamos uma breve descrição das categorias de aceitação e

    de resistência à ECaD, analisados nesta pesquisa.

    3.4.1 Resistência

    São categorias de resistência: autoeficácia, poucas competências em TI,

    interatividade e comunicação interna. Passamos à descrição de cada uma delas.

    3.4.1.1 Autoeficácia

    A autoeficácia, segundo Galusha (1997), está centralizada no aprendizado e

    no aluno. Assim sendo, conhecer as peculiaridades de cada aluno colabora para que

    as potenciais barreiras do aprendizado sejam antecipadas e prevenidas. Esta

    categoria foi elaborada com base nos estudos de Brauer (2008), conforme os dados

    apresentados no Quadro 4.

    Tópicos Definiç ão Referência

    Autoeficácia

    Capacidade do aluno em aprender sozinho e em realizar o que planeja. Julgamento dos indivíduos de suas capacidades de organizar e executar cursos de ação requeridos para atingir alguns tipos designados de desempenho.

    Cegoc, 2007. Berge, 1998. Mungania, 2003. Galusha,1997. Compeau e Higgings, 1995.

    Cultural Ser disciplinado e ter necessidade de interação face a face.

    Cegoc, 2007. Raffoni, 2006. Compeau e Higgings, 1995.

    Procrastinação Consiste em atrasar ou adiar sistematicamente a realização de atividades relevantes.

    Conceição, 1999.

    Quadro 4: Categoria autoeficácia Fonte: Elaborado pela autora

    Segundo Brauer e Albertin (2010), a categoria autoeficácia pode ser

    considerada naquele aluno de EaD que tenha as seguintes características: ser

    disciplinado, não ser procrastinador, demonstrar capacidade de aprender sozinho e

    realizar o que planeja.

  • 43

    3.4.1.2 Poucas competências em TI

    Segundo Brauer (2008, p. 79), “o indivíduo que tem pouco domínio em TI

    possivelmente tem maior resistência aos cursos a distância”. Esta categoria foi

    elaborada com base nos estudos de Brauer (2008), conforme os dados

    apresentados no Quadro 5.

    Tópicos Definição Referência

    Conhecimento e experiência em TI, Habilidade, Atitudes favoráveis à TI.

    Falta de domínio e treinamentos relacionados à TI são potenciais barreiras para a EaD, tanto em alunos com escolaridade baixa até o doutorado, com pouca ou vasta experiência profissional.

    Mungania, 2003.

    Quadro 5: Categoria poucas competências em TI Fonte: Elaborado pela autora

    Mungania (2003) assegura que estratégias como capacitação em TI, com

    exemplos práticos, são fundamentais para se alcançar os objetivos educacionais.

    3.4.1.3 Interatividade

    A interatividade refere-se à participação do aluno no sistema, compartilhando

    conhecimento com os colegas, professores e com o próprio sistema de forma

    espontânea e rápida (BOFF; GIRRAFA, 2000). Essa categoria foi elaborada com

    base nos estudos desenvolvidos por Brauer (2008), conforme apresentamos no

    Quadro 6.

    Tópicos Defin ição Referência

    Suporte aos alunos – tutores

    Os tutores apontam como suporte ao aluno o atendimento, a frequência, a profundidade das respostas, feedback rápido. Interagir e estimular os alunos ao aprendizado. Conhecer e entender às necessidades individuais de cada aluno.

    Loyolla, 2008. Galusha, 1997.

    Suporte recebido – alunos

    Os alunos avaliam o suporte recebido [...] em termos do detalhamento das informações a respeito do desenvolvimento do curso (atividades, leituras complementares, cronogramas) da avaliação (métodos e critérios de avaliação, datas e aspectos complementares como possibilidade de substituição e repetição de avaliação) e da intensidade da frequência de atendimento dos professores às suas necessidades e questionamentos.

    Loyolla, 2008. Cegoc, 2007.

    Quadro 6: Categoria interatividade Fonte: Elaborado pela autora

  • 44

    Alguns autores sugerem que se ofereçam cursos semipresenciais a fim de

    que tal interação ocorra efetivamente (MOORE; BENBASAT, 1991; SANTOS ROSA,

    2009).

    3.4.1.4 Comunicação interna

    As pessoas, ao serem convidadas para fazer cursos a distância, precisam

    conhecer as vantagens da referida modalidade de ensino e de que forma ela pode

    complementar ou suprir a forma tradicional de aprender. Não existem métodos

    prontos e únicos para tratar as resistências à EaD, mas a comunicação eficaz é uma

    ferramenta básica e essencial para isso (DUTRA, 2010). Santos Rosa (2009)

    corrobora Dutra (2010), informando que as diretivas do curso a distância devem ser

    esclarecidas no início do curso, e o processo de comunicação deve se estender ao

    longo do curso, de forma contínua e eficiente.

    Essa categoria foi elaborada fundamentando-nos nos estudos desenvolvidos

    por Brauer (2008), conforme os dados apresentados no Quadro 7.

    Tópicos Definição Referência

    Comunicação

    As pessoas precisam ser informadas, conscientizadas e sensibilizadas para os benefícios de determinado curso a fim de promover uma maior participação dos alunos e minimizar as resistências. No processo de comunicação, é fundamental que a mensagem seja compreendida e que o ouvinte possa dar um retorno.

    Cegoc, 2007.

    Quadro 7: Categoria comunicação interna Fonte: Elaborado pela autora

    Incentivar e apoiar os empregados a realizarem cursos a distância pode ser

    considerado algo importante. Nesse sentido, a comunicação interna tem o papel de

    ouvir os empregados, transmitir informações importantes e promover o diálogo. Sem

    comunicação interna ou com uma comunicação interna pouco eficaz, possivelmente

    a resistência à ECaD seja maior (BRAUER, 2008).

    3.4.2 Aceitação

    São categorias de aceitação: expectativa de desempenho, expectativa de

    esforço, influência social e condições facilitadoras. Passamos a descrição dessas

    categorias.

  • 45

    3.4.2.1 Expectativa de desempenho

    A categoria expectativa de desempenho, segundo Venkatesh et al. (2003),

    reflete ao grau em que o indivíduo acredita que a utilização do sistema possa ajudá-

    lo a obter ganhos de desempenho em seu trabalho. Essa categoria da UTAUT foi

    elaborado com base nas informações do Quadro 8.

    Tópicos Definição Teoria Referência

    Utilidade percebida

    Grau em que um indivíduo acredita que se utilizar um determinado sistema permitirá reforçar o seu desempenho

    TAM,

    TAM2

    Davis, 1989. Davis et al., 1992.

    Motivação extrínseca

    Grau em que um indivíduo é motivado a executar uma atividade em prol de sua ascensão profissional.

    MM Davis et al., 1992.

    Ajuste ao trabalho

    Grau em que o indivíduo acredita que, a partir do momento em que se usa alguma tecnologia, o desempenho no trabalho melhora.

    MPCU Thompson et al., 1991.

    Vantagem relativa

    Grau em que uma inovação é percebida como uma melhoria na maneira existente de fazer as atividades.

    IDT Moore e Benbasat, 1991.

    Expectativa de resultado desempenho

    Expectativas relacionadas com o resultado nos postos de trabalho.

    SCT

    Compeau e Higgings, 1995; Compeau et al., 1999.

    Expectativa de resultado – pessoal

    Consequência do desempenho individual e sentimento de realização.

    SCT

    Compeau e Higgings, 1995.

    Quadro 8: Categoria expectativa de desempenho Fonte: Adaptado de Venkatesh et al. (2003)

    3.4.2.2 Expectativa de esforço

    A categoria expectativa de esforço, segundo Venkatesh et al. (2003), reflete o

    grau facilidade de uso do sistema. Essa categoria da UTAUT foi elaborado com base

    no que se apresenta no Quadro 9.

    Tópicos Definição Teoria Referência

    Facilidade de uso percebido

    Grau de percepção de um indivíduo em relação à facilidade de uso percebida.

    TAM, TAM2

    Davis, 1989. Davis et al., 1992.

    Complexidade Relacionada direta