Morte

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Morte

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  • 7/17/2019 Morte

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    Q U E M V I V E R

    # 43

    C O M O V I V E R

    A MORTE&

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    2/22

    VER

    "Eu vi a cara da morte e elaestava viva." Um dos refrosde maior sucesso de Cazuza

    talvez nunca tenha feitotanto sentido.

    A cada vez mais comumexposio pblica da vida

    comea a valer para a morte.Aos poucos, sai o vu que

    escondia a dor da perda e oluto passa a ser falado,

    exposto e compartilhado -

    dentro e fora dessaexistncia chamada redessociais.

    Texto Juliana Carpanez

    Design Ren Cardillo

    estudante de veterinria sis Vanilde Leite Souza

    tinha 24 anos quando morreu vtima de cncer,

    em janeiro de 2012. Para poupar a me de mais

    sofrimento, o irmo de sis removeu a pgina da

    jovem do Facebook e trocou o computador dacasa, eliminando fotos, mensagens e vdeos pertencentes jovem.

    O rapaz no sabia, mas Eliana Rocha Leite Souza, 52, foi

    justamente na contramo para lidar com a perda da filha. Ela

    recorreu a amigos de sis e ao Orkut para tentar recuperar imagens

    e criou um memorial no Facebook, onde hoje publica textos, fotos e

    vdeos. " meu ponto de encontro com minha filha. onde

    descarrego toda minha saudade e declaro todo o amor que sinto por

    ela", afirma.

    A

    m

    (http://ww

    u=http://ta

    http://www.facebook.com/sharer/sharer.php?u=http://tab.uol.com.br/morte/
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    Essa exposio da dor e da saudade sinaliza uma transformao

    sobre como encaramos o fim. Ainda causa estranheza para a

    maioria de ns como a morte e suas consequncias foram parar na

    vitrine - ou voc nunca julgou, mesmo sem ter a inteno, aqueles

    que conversam publicamente com seus mortos no ambiente digital?

    Se a privacidade diminuiu em vida, o mesmo comea a valer para a

    morte.

    o

    (https://plu

    url=http://t

    exposio

    da vida

    pblica

    comea

    a valer

    tambm

    para a

    morte.

    Com

    isso,

    cai o

    vu

    que h

    dcadas

    escondia

    o luto)

    # 43

    Morte

    https://plus.google.com/share?url=http://tab.uol.com.br/morte/&text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20da%20vida%20p%C3%BAblica%20come%C3%A7a%20a%20valer%20tamb%C3%A9m%20para%20a%20morte.%20Com%20isso,%20cai%20o%20v%C3%A9u%20que%20h%C3%A1%20d%C3%A9cadas%20escondia%20o%20luto
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    exposio

    da vida

    pblica

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    para a

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    que

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    Apesar de lenta, essa mudana de comportamento ganha fora nas

    redes sociais, seguindo o caminho de outros movimentos

    contemporneos - da insatisfao poltica luta pela igualdade de

    gneros. preciso reconhecer: aquele mesmo Facebook que incita

    o dio e expe o radicalismo dos seus amigos vem contribuindo aos

    poucos para fazermos as pazes com a nica certeza que temos da

    vida. Assim como Eliana, h cada vez mais pessoas dispostas a

    enfrentar a dor da perda sem medo de mostr-la ou receio de

    causar desconforto aos outros - mesmo que estejam sujeitas a

    julgamentos por causa da exposio.

    A me de sis define o momento que vivemos como um paradoxo.

    Divulgada exausto pela mdia, a morte passou a ser consumida

    de forma escancarada, como um espetculo. As pessoasparticipam, sofrem e falam sobre mortes que no lhes pertencem.

    Por outro lado, no conseguem ouvir as manifestaes de algum

    muito prximo que perdeu um filho.

    "Toro por uma mudana na forma como se encara o luto. A

    sociedade no autoriza expresses de dor, lamento e saudade.

    comum a pessoa enlutada se considerar inadequada e acabar se

    isolando", explica Elaine Gomes dos Reis Alves, psicloga do LEM-USP (Laboratrio de Estudos sobre a Morte da Universidade de So

    Paulo). Para ela, a internet cria uma oportunidade de elaborar o luto,

    compartilhar sentimentos e prestar homenagens. " altamente

    necessrio um equivalente no ambiente offline. O enlutado deveria

    ter autorizao para sofrer e lamentar enquanto precisasse",

    completa.

    sis Souza

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    urante o sculo 20, sem considerar as

    peculiaridades de cada cultura ou religio, a

    morte foi tratada como tabu pelos pases doOcidente - sentimentos como tristeza,

    desconforto e angstia tinham o rtulo "use com

    moderao". Nesse contexto, o luto vem com prazo de validade:

    poucos meses aps a perda, espera-se que os afetados respondam

    "tudo bem" quando perguntados como esto - mesmo que nada

    esteja bem.

    No livro "Histria da Morte no Ocidente", de 1975, o historiadorfrancs Philippe Aris relata a transformao. Nos sculos 18 e 19,

    a morte era uma cerimnia pblica, com cortejos, visitas (inclusive

    de crianas) ao quarto do falecido e um luto hoje considerado

    histrico, do qual faziam parte choro, desmaio e jejum. Isso tudo foi

    mudando de forma lenta, como geralmente so as modificaes

    ligadas morte, at ela tornar-se vergonhosa no sculo 20. Isso.

    Vergonhosa, proibida e inominvel, segundo a descrio de Aris.

    " importante que a sociedade, a vizinhana, os amigos, os colegas

    e as crianas se apercebam o mnimo possvel de que a morte

    ocorreu. Se algumas formalidades so mantidas, e se uma

    cerimnia marca a partida, devem permanecer discretas", diz o

    historiador, segundo quem o luto solitrio e envergonhado tornou-se

    uma espcie de masturbao. No fosse assim, perturbaria o dever

    moral e a obrigao social de contribuir para a felicidade coletiva."Uma dor demasiado visvel no inspira pena, mas repugnncia:

    um sinal de perturbao mental ou de m educao. mrbida",

    completa.

    Destacada por Aris assim mesmo, em itlico, a palavra "mrbida"

    no tem ligao direta com a morte. Ela aparece no dicionrio como

    estado ou condio doentia; enfermidade; algo que denota

    desequilbrio psquico. Ou seja: o termo traz todo um julgamento,indicando uma ao ou um sujeito que foi alm dos limites. Assim

    como poderia ser classificado, de forma pejorativa, o luto dramtico

    do sculo 19 ou, mais recentemente, uma homenagem no

    D

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    Facebook. Um memorial online pode ser considerado estranho?

    Sim, porque ainda algo novo. Mrbido? No sentido literal da

    palavra, s um especialista (real, no aqueles de Facebook) para

    saber.

    Aris morreu em 1984, mesmo ano do nascimento de Mark

    Zuckerberg, e no chegou a conhecer a fora social da internet. Se

    voc j usou Orkut, Twitter, Instagram e Facebook - estes dois

    ltimos pertencentes a Zuckerberg -, sabe que a postura descrita

    por Aris entre os enlutados vem mudando - por mais que muitos

    julguem e ainda julgaro imprprias as demonstraes pblicas de

    tristeza. Essas ferramentas vm dando voz queles que querem,

    sim, falar sobre a ausncia, homenagear seus mortos e discutir

    abertamente a dor da perda.

    As transformaes so lentas e desconhecem os limites entre online

    e offline: h tambm cada vez mais grupos de apoio e terapias de

    luto presenciais. Fato que esse novo posicionamento tira, aos

    poucos, aquele vu praticamente obrigatrio que existia h algumas

    dcadas. "Nos ltimos tempos, o psquico deixou de ser to

    mistificado e as pessoas passaram a se interessar mais pelo

    autoconhecimento", explica Sylvia T. Pupo Netto, psicloga filiada

    SBPSP (Sociedade Brasileira de Psicanlise de So Paulo).

    "Quando se d nome aos sentimentos, eles ficam mais naturais.

    Essa normatizao no aplaca a dor da perda, mas facilita a

    identificao e a troca entre as pessoas", afirma.

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    O importante encontrar maneirasde dar forma dor. "Isso muitopessoal: pode ser um ritualtradicional, um perfil no Facebookou at uma tatuagem", diz apsicloga.

    O Q U E V O C Q U E R S E R

    QUANDO MORRER?Precisamos falar sobre a morte - mais

    especificamente, a sua. E sobre o que serfeito dos seus perfis virtuais depois que voc

    se for.

    Antes de morrer, voc pode

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    Programar o que serfeito com seu site

    pessoal

    O domnio (endereo) do site pessoal tem uma taxa. Caso o

    usurio deixe de pagar, outra pessoa pode adquiri-lo - assim, o

    mesmo endereo ter novo contedo. Para impedir essas

    alteraes, o pagamento precisa ser mantido.

    Facebook, que se tornou uma poderosa agenda

    social, alertando sobre aniversrios e eventos,

    agora tambm informa e repercute perdas. Hoje,

    comum as pginas do falecido e de seus

    parentes receberem os psames. A curiosidade

    leva a bisbilhotar os posts de quem se foi. Muitos desses perfis so

    mantidos ou transformados em memoriais, recebendo atualizaes

    publicadas por antigos contatos. Nessa configurao, a realidade da

    morte contrasta com as postagens tpicas de redes sociais, onde

    geralmente se exalta a alegria. Temos assim um novo contexto para

    o verso de Cazuza "Eu vi a cara da morte e ela estava viva". Nas

    redes sociais, numa era de fotos e vdeos abundantes, muitas vezes

    ela realmente parece estar.

    "Existe aquela histria de escrever um livro, plantar uma rvore, ter

    um filho. Hoje, aquilo que voc posta tambm vira um legado de sua

    passagem pela vida", compara Ana Luiza Mano, membro do NPPI

    (Ncleo de Pesquisa da Psicologia em Informtica) da PUC-SP

    (Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo). No que isso seja

    positivo para todos, reforando que o luto um processo

    extremamente pessoal. Da mesma forma que esconder a dor pode

    aumentar o sofrimento, h tambm quem se incomode com a

    exposio.

    "Cada um vai descobrir como construir esse novo relacionamento

    com quem se foi. No tem certo nem errado, apenas formas

    diferentes de tratar a saudade e a memria", resume a publicitria

    Mariane Maciel, 38. Cofundadora do projeto "Vamos falar sobre o

    luto?", ela enfrentou a morte da me em junho de 2008. Exatamente

    um ano depois, seu ento namorado morreu no acidente com o

    avio da Air France. Hoje, ela e mais seis amigas buscam com o

    projeto acolher e inspirar pessoas: "A morte e o luto tambm fazem

    parte da vida, independentemente da nossa vontade", afirma.

    O

  • 7/17/2019 Morte

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    DoloresCoutinho,

    me daJuliana

    BernardoGurbanov,pai doMatias

    "Manter o perfil seriacomo negar a morte"

    "Postar umamaneira de dar forma

    dor"

  • 7/17/2019 Morte

    13/22

    ssim, muitas vezes de forma abrupta, a

    separao chega e exige que se lide com ela.

    essa a situao do jornalista John Lenon

    Viudes, 24, depois que um carro bateu em sua

    moto na Rodovia Anhanguera (SP), em junho

    deste ano. Ele fraturou trs vrtebras e a clavcula. Sua noiva,

    Karen Lima, 22, estava na garupa e morreu. "Passei pelos piores

    dias da minha vida e pensei em fazer besteira. Mas percebi que

    tinha a escolha de lutar para que a morte de minha noiva no

    virasse s uma estatstica. Essa luta por justia deu sentido aosofrimento: quero evitar que outras famlias passem pelo mesmo."

    Segundo o boletim de ocorrncia, o motorista do carro estava

    bbado.

    Apesar de ser tudo muito recente, John j participou de eventos de

    conscientizao e deu palestras para jovens que esto tirando

    habilitao. Tambm criou a comunidade virtual "Justia pela Karen"

    e juntou-se ao movimento "No Foi Acidente", que tenta tornar maisrgidas as leis de trnsito. A organizao tem profissionais

    especializados em luto, que participam de encontros presenciais em

    So Paulo e de um grupo fechado no Facebook chamado

    Acalmando Coraes. Dele faz parte o livreiro Bernardo Gurbanov,

    62, que perdeu o filho Matias aos 26 anos, em janeiro de 2014.

    O professor de espanhol ia de moto para o aniversrio da me

    quando um carro o atingiu na avenida Giovanni Gronchi, em So

    Paulo. Matias morreu na hora. O Facebook do jovem foi

    transformado em memorial, hoje visvel s aos antigos contatos, e

    os amigos criaram uma comunidade para homenage-lo. Bernardo

    um dos administradores desse grupo, que visita todos os dias. "

    uma forma de manter viva a memria do Matias, mesmo que a

    emoo nos leve s lgrimas muitas vezes. Graas pgina,

    diversos amigos nos enviaram fotos e vdeos [do Matias] que noconhecamos", afirma.

    A

    Karen Lima e John

    Lenon

    Karen Lima eJohn Lenon

    Matias Gurbanov

    MatiasGurbanov

  • 7/17/2019 Morte

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    No instituto de psicologia Quatro Estaes, especializado no

    atendimento a pessoas enlutadas, muitos pacientes relatam o uso

    dessas ferramentas digitais para elaborar a perda. Para a scia-

    fundadora Luciana Mazorra, trata-se de uma forma de prestar

    homenagens diante da escassez de rituais mais tradicionais na

    sociedade contempornea. Porm, ela alerta para complicaes,

    caso o enlutado deixe de buscar outras relaes e fontes de apoiopor causa do ambiente virtual.

    Use o teclado para digitar

    Outro problema ligado s novas manifestaes de luto pode ser a

    superexposio. Uma viva que pediu anonimato, por exemplo, se

    diz indignada com tantas postagens na pgina do companheiro,

    morto h poucos meses. Ela mantm o perfil no ar a pedido da

    famlia dele. "Ele era muito discreto e est sendo exposto de uma

    forma como detestaria. Comearam a marc-lo em tudo." J a

    sociloga Dolores Ribeiro Coutinho, 53, enfrentou crticas quando

  • 7/17/2019 Morte

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    travou uma briga judicial com o Facebook para excluir o perfil de sua

    filha nica, Juliana Ribeiro Campos, transformado pela empresa em

    memorial.

    A jornalista morreu em maio de 2012, aos 24 anos, aps uma

    intercorrncia mdica. "Muitos postavam mensagens de saudade e

    de perda profunda, porque sua partida deixou um buraco muito

    grande. A pgina de Juliana virou um muro de lamentaes, muito

    diferente da imagem positiva dela, e isso me incomodava", afirma

    Dolores. A sociloga no tinha perfil na rede, mas pessoas prximas

    lhe relatavam e enviavam as homenagens consideradas de mau

    gosto. Ela tentou a excluso da pgina durante sete meses, sem

    sucesso. O problema, diz, estava no fato de as postagens serem

    feitas, obviamente, sem autorizao da principal pessoa envolvida -

    no caso, sua filha. Uma liminar determinou a excluso do perfil, e ocaso foi concludo em segredo de Justia. O Facebook no comenta

    esse caso especfico.

    A advogada Celina Sobral de Mendona explica que o acesso

    herana digital, seja para preservar ou excluir dados, de interesse

    dos herdeiros (cnjuges, ascendentes e descendentes). "Ainda no

    h uma lei que obrigue os provedores a repassar o contedo

    deixado pelos falecidos. Mas h projetos de lei em tramitao para

    garantir acesso a esses arquivos", afirma a especialista em direito

    digital e de famlia do escritrio Opice Blum Advogados Associados.

    Esse patrimnio no se refere apenas a perfis, como tambm a

    livros, filmes e outros tipos de contedo.

  • 7/17/2019 Morte

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    U M L U G A R

    DESCONHECIDOA presena na internet de pessoas j

    mortas cria situaes estranhas. A seguirvoc v exemplos reais tirados das redes

    sociais.

    Muitas vezes,parece haver

    umadespedida

    Desavisadosfazem

    propagandano perfil

    Descobertada notcia no

    perfil domorto

    Site criadopelo falecidosofre

    mudana

    Frasesaleatriasviram piada

    de mau gosto

    Amigosvirtuais nosabem como

    agir

    Cartas desuicdio sopublicadas

    online

    Alertas deaniversriocontinuam

    Perfil viraponto de

    peregrinao

  • 7/17/2019 Morte

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    alamos at aqui das perdas inesperadas,

    protagonizadas por aqueles que partiram sem

    dizer - entre muitas outras coisas - o que fazer

    com suas pginas pessoais (a propsito: j

    pensou no assunto? Instruiu algum sobre sua

    herana digital?). No sentido oposto, h pessoas que adotam

    intencionalmente a tecnologia como testemunha das partidas.

    "Amo todos vocs. Por favor, no percam um nico segundo comlgrimas. Garanto que tudo est acontecendo conforme o

    planejado", escreveu publicamente no Facebook o usurio

    Plainwhite Tom em janeiro de 2014, antes de acabar com sua vida.

    Ele mandou mensagens privadas para diversos contatos, inclusive

    para a me e o irmo, como mostra um minidocumentrio (em

    ingls) sobre morte e luto na era digital

    (https://vimeo.com/120512142). O radialista Scott Simon, tambm

    dos EUA, compartilhou com mais de 1 milho de seguidores no

    Twitter, em 2013, reflexes sobre os ltimos dias de sua me

    (http://tinyurl.com/qc5db95). "Acabei de perceber: um dia ela me

    deixou partir para o mundo. Agora tenho de deix-la fazer o

    mesmo", escreveu.

    O caso provavelmente mais extremo pertence ao jornalista esportivo

    Martin Manley, que se matou em 2013, no dia em que completou 60

    anos. Durante um ano, ele alimentou em segredo um blog pessoal

    dividido em 34 categorias no qual falava sobre suas motivaes.

    "Quero controlar a hora, a maneira e as circunstncias de minha

    morte." No dia escolhido, agendou posts em seu blog pessoal e na

    sua pgina profissional, alm de e-mails para os mais prximos,

    contando o que havia feito. O Yahoo tirou o site pessoal do ar, e

    hoje esse mesmo endereo anuncia tcnicas para aplique de

    cabelo.

    F

    http://tinyurl.com/qc5db95https://vimeo.com/120512142
  • 7/17/2019 Morte

    18/22

    68%

    29%

    3 %

    #love

    #teamo

    #amor

    #euteamo

    #felicidade

    #feliz

    #paz

    #vida

    #RIP

    #descanseempaz

    #morte

    #luto

    continue a navegar pelo tab

    T E M P O

    REALDividimos em trs categorias as hashtags

    relacionadas morte e tambm vida. Esta a porcentagem de menes de cada

    grupo, considerando as ltimas mil

    postagens no Twitter.

  • 7/17/2019 Morte

    19/22

    &

    O que voc gostaria quefizessem com seus

    registros e perfis digitaisaps sua morte?

    D sua opinio

  • 7/17/2019 Morte

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    s previses do que pode vir a acontecer ainda

    parecem assustadoras - ao menos nos filmes.

    "Transcendence: A Revoluo" (2014) retrata um

    pesquisador beira da morte que tem sua

    conscincia transferida para o computador. J

    em "Violao de Privacidade" (2004), o ator Robin Willians interpreta

    um editor que faz vdeos para homenagear os mortos na cerimnia

    de adeus. A matria-prima de seu trabalho so todos os registros da

    vida, gravados em um implante cerebral.

    Mesmo tratando-se de fico, Willians assegurou-se contra qualquer

    prtica parecida. Morto em 2014, ele restringiu em testamento o uso

    de sua imagem, nome e assinatura por 25 anos. Assim, ficam

    proibidas recriaes digitais e hologramas, como fizeram com ofalecido ator Paul Walker no filme "Velozes e Furiosos 7". A

    diferena entre Willians e Walker, nesse caso, est no fato de o

    primeiro ter planejado sua prpria morte, deixando instrues sobre

    o que exatamente (no) deveria ser feito com sua imagem.

    Quem, assim como Willians, prefere um descanso total ps-morte

    tambm precisa ficar atento a mais algumas possibilidades. J

    existem redes sociais que "aprendem" a personalidade do usuriopara continuar postando aps a morte do mesmo. Veja bem: no se

    trata de um memorial. Seria como se o falecido estivesse a publicar

    temas do seu interesse, fossem eles escndalos de arbitragem do

    futebol, o novo vdeo da cantora Nicki Minaj ou uma mensagem de

    aniversrio ao melhor amigo. Esses servios, como o Eter9, usam a

    inteligncia artificial para captar os hbitos dos clientes e alimentar a

    busca da imortalidade digital. Resta saber se sero capazes de

    sobreviver ao predatrio mundo da inovao, tanto que alguns

    deles, como o Virtual Eternity, j pereceram - no mundo real do

    capitalismo, a morte mesmo implacvel.

    A

    m

    (http://www.facebook.com/sharer/sharer.php?

    u=http://tab.uol.com.br/morte/)

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    (https://plus.google.com/share?

    url=http://tab.uol.com.br/morte/&text=A

    exposio

    da vida

    pblica

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    (https://twitter.com/share?

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    exposio

    da vida

    pblica

    Juliana Carpanez

    Editora do UOL. Passou todas as suas senhas

    para os pais. Mas mudou as combinaes h

    pouco e esqueceu de avis-los.

    [email protected] (mailto:[email protected])

    https://plus.google.com/share?url=http://tab.uol.com.br/morte/&text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20da%20vida%20p%C3%BAblica%20come%C3%A7a%20a%20valer%20tamb%C3%A9m%20para%20a%20morte.%20Com%20isso,%20cai%20o%20v%C3%A9u%20que%20h%C3%A1%20d%C3%A9cadas%20escondia%20o%20lutohttps://twitter.com/share?url=http://tab.uol.com.br/morte/&text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20da%20vida%20p%C3%BAblica%20come%C3%A7a%20a%20valer%20tamb%C3%A9m%20para%20a%20morte,%20que%20agora%20mostra%20sua%20cara&hashtags=uoltab,uol,mortehttp://www.facebook.com/sharer/sharer.php?u=http://tab.uol.com.br/morte/mailto:[email protected]
  • 7/17/2019 Morte

    21/22

    a valer

    tambm

    para a

    morte.

    comea

    a valer

    tambm

    para a

    Esta reportagem tambm contou com apoio de:

    Bruno Landim Pedersoli, cmera. Denis Pose, desenvolvimento; ONG Cabelegria; Hotel Quality Faria Lima, Imagens via CC

    (http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/).

    um contedo produzido semanalmente pela equipe do UOL. Nossa misso entregar umaexperincia nica e interativa com contedo de alta qualidade, em formatos inovadores e com

    total independncia editorial. TAB s possvel por causa do patrocnio de algumas marcas, que

    tambm acreditam em contedo de qualidade. We them big time.

    16.204pessoas curtem TAB m Acompanhe

    (https://www.facebook.com/uoltab)

    Receber por e-mail

    A cara da morteA exposio da vida pblica comea a valer

    para a morte. Com isso, cai o vu que antes

    escondia o luto.

    43

    Processo Seletivo(http://click.uol.com.br/?

    rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/

    detentos/)Quando a sociedade vira o rosto para os ex-

    detentos procura de emprego, gera um

    efeito colateral que fornece mo de obra ao

    crime (http://click.uol.com.br/?

    rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-

    detentos/)

    (http://click.uol.com.br/?

    rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-

    detentos/)42

    Beleza Roubada(http://click.uol.com.br/?

    rf=tab_desktop_indice_publi

    arte/)A fico exagera nas cores para retratar o

    roubo de obras de arte. E ns contamos para

    voc a histria preto no branco

    (http://click.uol.com.br/?

    rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.u

    arte/)

    (http://click.uol.com.br/?

    rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://ta

    arte/)41

    Ver todos

    H

    Direo

    Rodrigo Flores

    Reportagem

    Brbara Stefanelli

    Design/UX

    Denise Saito

    Desenvolvimento

    Fernando Barros

    Vdeo

    Danillo Sperandio

    http://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-detentos/https://plus.google.com/share?url=http://tab.uol.com.br/morte/&text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20da%20vida%20p%C3%BAblica%20come%C3%A7a%20a%20valer%20tamb%C3%A9m%20para%20a%20morte.%20Com%20isso,%20cai%20o%20v%C3%A9u%20que%20h%C3%A1%20d%C3%A9cadas%20escondia%20o%20lutohttp://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-detentos/http://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/ex-detentos/https://twitter.com/share?url=http://tab.uol.com.br/morte/&text=A%20exposi%C3%A7%C3%A3o%20da%20vida%20p%C3%BAblica%20come%C3%A7a%20a%20valer%20tamb%C3%A9m%20para%20a%20morte,%20que%20agora%20mostra%20sua%20cara&hashtags=uoltab,uol,mortehttp://creativecommons.org/licenses/by/3.0/https://www.facebook.com/uoltabhttp://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/roubo-arte/http://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/roubo-arte/http://click.uol.com.br/?rf=tab_desktop_indice_publicacao&u=http://tab.uol.com.br/roubo-arte/
  • 7/17/2019 Morte

    22/22

    Edio

    Daniel Tozzi

    Felipe Pereira

    Juliana Carpanez

    Marco Britto

    Mariana Romani

    Ren Cardillo

    Renato

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