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GRAVEL ISSN 1678-5975 Dezembro - 2014 V. 12 nº 1 119-130 Porto Alegre Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, Brasil - Nota Técnica Vanz, A. 1 & Fernandes, L.G. 2 1 Oceanólogo, M.Sc. Epagri/Ciram, Rod. Admar Gonzaga, 1347, 88034-901, Florianópolis, SC, fone (48) 3239-8002, e-mail: [email protected]; 2 Téc. em Meteorologia e Oceanógrafa. Epagri/Ciram, Rod. Admar Gonzaga, 1347, 88034-901, Florianópolis, SC, fone (48) 3239-8002, e-mail: [email protected]. Recebido em 03 de novembro de 2014; aceito em 09 de dezembro de 2014. RESUMO Este estudo investiga as causas e as características dos afogamentos que resultaram em morte nas praias do Estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil, durante as temporadas, 1° outubro a 30 abril, de 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013. Os dados utilizados foram obtidos da mídia - publicado nas formas faladas e escritas, Corpo de Bombeiros de SC e a EPAGRI/Ciram. Os resultados incluem um total de 106 mortes e a temporada mais trágica foi a de 2009/2010, quando foram registradas 35 mortes. As mortes ocorrem com maior frequência no período da tarde, a maioria das vítimas são do sexo masculino com menos de 30 anos de idade. As principais causas dos afogamentos estão relacionadas com as correntes de retorno e da falta de conhecimento da dinâmica das praias pelos banhistas. ABSTRACT This study investigates the causes and features of the fatal drownings at the beaches of the State of Santa Catarina and Rio Grande do Sul, Brazil, during the following summer seasons: 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 and 2012/2013. The dataset used was prospected from the media - published in the spoken and written forms - the Fire Department and the EPAGRI/Ciram. Results count a total of 106 deaths, and the most tragic season is the 2009/2010, when 35 deaths was verified. The deaths occur more frequently in the afternoon, most of the victims are males, being under 30 years old. The main causes of these drownings are related to the rip currents and the lack of knowledge of the shores' dynamics by the bathers. Palavras-chave: morte, correntes de retorno; mar.

Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina

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Page 1: Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina

GRAVEL ISSN 1678-5975 Dezembro - 2014 V. 12 – nº 1 119-130 Porto Alegre

Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina e do

Rio Grande do Sul, Brasil - Nota Técnica

Vanz, A.1 & Fernandes, L.G.2

1 Oceanólogo, M.Sc. Epagri/Ciram, Rod. Admar Gonzaga, 1347, 88034-901, Florianópolis, SC, fone (48)

3239-8002, e-mail: [email protected]; 2 Téc. em Meteorologia e Oceanógrafa. Epagri/Ciram, Rod. Admar Gonzaga, 1347, 88034-901,

Florianópolis, SC, fone (48) 3239-8002, e-mail: [email protected].

Recebido em 03 de novembro de 2014; aceito em 09 de dezembro de 2014.

RESUMO

Este estudo investiga as causas e as características dos afogamentos que

resultaram em morte nas praias do Estado de Santa Catarina e Rio Grande do

Sul, Brasil, durante as temporadas, 1° outubro a 30 abril, de 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013. Os dados utilizados foram

obtidos da mídia - publicado nas formas faladas e escritas, Corpo de

Bombeiros de SC e a EPAGRI/Ciram. Os resultados incluem um total de 106

mortes e a temporada mais trágica foi a de 2009/2010, quando foram

registradas 35 mortes. As mortes ocorrem com maior frequência no período

da tarde, a maioria das vítimas são do sexo masculino com menos de 30 anos

de idade. As principais causas dos afogamentos estão relacionadas com as

correntes de retorno e da falta de conhecimento da dinâmica das praias pelos

banhistas.

ABSTRACT

This study investigates the causes and features of the fatal drownings at

the beaches of the State of Santa Catarina and Rio Grande do Sul, Brazil,

during the following summer seasons: 2008/2009, 2009/2010, 2010/2011,

2011/2012 and 2012/2013. The dataset used was prospected from the media

- published in the spoken and written forms - the Fire Department and the

EPAGRI/Ciram. Results count a total of 106 deaths, and the most tragic

season is the 2009/2010, when 35 deaths was verified. The deaths occur more

frequently in the afternoon, most of the victims are males, being under 30

years old. The main causes of these drownings are related to the rip currents

and the lack of knowledge of the shores' dynamics by the bathers.

Palavras-chave: morte, correntes de retorno; mar.

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Nota Técnica - Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, Brasil

GRAVEL

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INTRODUÇÃO

Segundo a UNESCO cerca de 2/3 da

população mundial vive atualmente a menos de

50 km do mar. Essa faixa correspondente a menos

de 2% do território terrestre e abriga uma

população aproximada de 4 bilhões de pessoas.

No Brasil, a densidade demográfica da zona

costeira fica em torno de 87 hab./km2, cinco vezes

superior à média nacional que é de 17 hab./km2

(http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/costeiro

s.htm).

Na região costeira, as praias são os locais mais

frequentados por nativos e turistas que procuram

atividades de lazer e descanso para veranear. Em

alguns casos, as atividades de lazer acabam em

tragédias como: afogamentos, acidente com

lancha, jet-ski, brinquedos, queimaduras por

águas-vivas, etc. Os casos de afogamentos são

comuns e suas causas estão relacionadas às

condições do mar e fatores humanos. No que se

refere ao mar, a presença de recifes, rochas,

plataformas costeiras, desembocaduras, correntes

de maré, profundidade da água, variação da

topografia da praia e zona de surfe com cavas,

bancos, canais e depressões, correntes

longitudinais e de retorno, tipo de quebra de onda

entre outros, quando ignorados, contribuem

significativamente para os casos de afogamentos

(Short & Hogan, 1994).

A costa litorânea de Santa Catarina possui

aproximadamente 561,4 km de extensão. O

desconhecimento das características marinhas

locais, falta de atenção, desrespeito e

imprudência em relação aos perigos e

comportamento humano são fatores que afetam a

segurança do banhista (Hoefel & Klein, 1998;

Klein et al., 2003; Maia & Calliari, 2010). Além

desses Bulhões (2010) observou que o número de

salvamentos é maior nos postos salva-vidas

localizados próximos a pontos terminais de

ônibus, ou seja, muitos banhistas utilizam o

transporte público e moram distante da praia,

sendo identificados como grupo de risco aos

afogamentos.

O afogamento é um trauma definido como

aspiração de líquido não corporal por submersão

ou imersão (Szpilman, 2000). Estima-se que

anualmente 490.000 pessoas morram por

afogamento em todo o mundo.

Segundo Mocellin (2009) o afogamento, em

relação às suas causas, pode ser dividido em

primário e secundário. O tipo mais comum é o

afogamento primário. Neste tipo de afogamento

não há nenhum fator incidental ou patológico que

possa ter desencadeado o acidente. Ocorre devido

à limitação da capacidade física ou técnica da

vítima, ou seja, é inerente à vítima. O afagamento

acontece por deficiência de condicionamento

físico, fadiga ou falta de habilidade e destreza

para natação (Mocellin, 2009).

No afogamento secundário patologias ou

incidentes estão associados ao fenômeno. Com

uma menor frequência, ocorrendo em apenas

13% dos casos de afogamento, os seguintes

fatores são apontados como causas: uso de

drogas, principalmente o álcool (36.2%), crise

convulsiva (18.1%), traumas (16.3%), doenças

cardiopulmonares (14.1%), mergulho livre ou

autônomo (3.7%), e outros (homicídio, suicídio,

lipotimias, cãibras, hidrocussão) (11.6%). O

Corpo de Bombeiros de Santa Catarina relata que

o uso indiscriminado do álcool é fator

preponderante na causa de afogamento

secundário.

Segundo Mocellin (2006), em 57% das

ocorrências de afogamento, houve necessidade de

dois guarda-vidas no resgate, sendo que em 45%

deles foram utilizados como equipamento

somente Nadadeiras e salva-vidas. A utilização

de pranchões e bóias vêm aumentando, entretanto

dependem das características do mar. Sendo que

55% das ocorrências acontecem na zona de

arrebentação, este local instável dificulta a

utilização de pranchões em praias com zona de

arrebentação extensa, praias dissipativas.

Uma atitude preventiva aos afogamentos,

além das bandeiras junto ao posto salva-vidas e

trechos da praia, é o salva-vidas chamar a atenção

dos banhistas que se encontram lugares perigosos

da praia (corrente de retorno). Estes locais são

sinalizados com bandeiras vermelhas e placas de

advertência, mas mesmo assim são ignorados

pelos banhistas. Essa atitude preventiva

certamente reduz as mortes por afogamentos e

apontam para a falta de conhecimento dos perigos

do mar e imprudência por parte dos banhistas. A

ação preventiva pode evitar mais de 85% dos

casos de afogamentos, sendo esta a mais poderosa

intervenção que um guarda-vidas pode realizar

(Szpilman et al., 2005). Bulhões (2006) acredita

que a prevenção é a atitude mais eficaz para evitar

os riscos de acidentes fatais e não fatais

associados ao banho de mar.

Os afogamentos comumente ocorrem em

correntes oceânicas que se deslocam de uma

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Vanz & Fernandes

GRAVEL

121

região a outra sendo influenciada por marés e

ventos. Nas regiões de mar aberto como as praias

do litoral sul catarinense as correntes podem

apresentar qualquer sentido (CBM - SP, 2006).

O objetivo do presente estudo é analisar

variáveis ambientais e humanas associados aos

afogamentos com mortes que ocorreram nas

praias do estado de Santa Catarina e do Rio

Grande do Sul nas temporadas de 2008/2009,

2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados de afogamentos foram obtidos de

sites e matérias vinculadas à imprensa escrita e

falada de SC e do RS, corpo de bombeiros de SC

e informações geradas pela Epagri/Ciram. Os

meses analisados foram de 1° outubro a 30 abril

de cada ano; esses meses compreendem o período

de veraneios nas praias de SC e RS e corresponde

ao período de temporada adotado pelo corpo de

bombeiros de Santa Catarina. São apresentados

somente os casos de afogamentos que resultaram

em mortes, pois a probabilidade de serem

relatados pela imprensa é maior em relação os

casos de afogamento sem morte.

Foram computados como mortos, as pessoas

que caíram dos costões, barcos, etc., e que os

corpos não foram encontrados.

O dia foi dividido em manhã, tarde, noite e

madrugada com os respectivos horários, 6:00h-

12:00h, 12:01h-19:00h, 19:01h-24:00h e 00:01h-

5:59h.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas temporadas analisadas foram registradas

106 mortes, sendo 75 em Santa Catarina e 31 no

Rio Grande do Sul. A temporada que apresentou

o maior número de mortos foi a de 2009/2010,

com 35 casos. Por outro lado, a de 2008/2009,

com 10 afogamentos, foi a menos trágica. Na

temporada de 2009/2010 a temperatura da

superfície do mar (TSM) estava acima do normal,

em fevereiro de 2010 foi superior a 29°C na costa

norte catarinense (Fig. 1), o que certamente

contribuiu para o número maior de afogamentos,

uma vez que mais banhistas entram no mar

quando a água da praia está mais quente.

Figura 1. Temperatura da superfície do mar (NCEP/GFS) em 09/02/2010 na costa sul brasileira.

A maior incidência de afogamentos está

associada à temperatura elevada da água.

Segundo Freitas (2009), em SC, ao norte, há o

predomínio das correntes brasileiras com

temperatura média anual de 24ºC, chegando a

27ºC no verão, enquanto que no litoral sul

Page 4: Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina

Nota Técnica - Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, Brasil

GRAVEL

122

predominam as correntes frias vindas da

Antártida, com temperatura média anual de 21ºC,

dificilmente chegando a 25ºC. Para cada grau

centígrado a mais na temperatura da água, o

corpo perde 30% menos energia, permitindo uma

sensação mais agradável em temperaturas mais

elevadas. Isso explica porque os banhistas ficam

pouco tempo dentro da água no litoral sul, e maior

tempo do litoral norte, aumentando o risco de

afogamento.

As mortes por afogamentos nas praias de

Santa Catarina e Rio Grande do Sul concentram-

se na faixa etária menor de trinta anos, 66% do

total. Essa porcentagem sobe para 84% quando

computados as mortes até quarenta anos (Fig. 2).

Comparativamente a maioria das mortes ocorreu

nas praias catarinenses. Estudos realizados na

praia do Cassino (RS) e do Futuro (CE) apontam

valores similares aos registrados nesse trabalho.

Maia & Calliari (2010) relataram para a praia do

Cassino (RS) nos verões de 2006 e 2007 que a

faixa etária com maior número de acidentes era

composta por jovens com idades entre 6 e 25 anos

de idade, sendo 83% para 2006 e 77% para 2007.

A maioria das vítimas na praia do Futuro (CE) é

do sexo masculino (59%), com idade entre 21 e

28 anos (Albuquerque et al., 2010).

Figura 2. Morte por faixa etária nas praias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Nas praias do Rio Grande do Sul, Pereira et

al. (2003) encontraram situação semelhante no

verão de 2002 com a maioria dos acidentes

ocorrendo nas idades entre 11 e 25 anos. Em SC

76% das vítimas possuíam idade entre 6 e 30 anos

(Hoefel & Klein, 1998). Klein et al. (1996)

verificou que 49% dos acidentes ocorreram-na

faixa etária menor que 20 anos. Nas praias do

município do Rio de Janeiro, aproximadamente

86% dos casos situam-se na faixa etária entre 10

e 29 anos (idade média de 22 anos) (Szpilman,

1997).

Segundo Menezes et al. (2000) e Mocellin

(2006) e o perfil dos afogamentos ocorridos nas

praias do litoral catarinense é: pessoa do sexo

masculino (62%); possui até 30 anos de idade

(63%); veranista ou visitante ocasional (81%);

banhista (92%); não sabe nadar (55%); não está

sob efeito de droga (70%); manteve-se calmo no

momento do resgate (65%); sem lesão (71%).

No presente estudo, do total de mortes, duas

não foram citadas o sexo. Do restante,

aproximadamente 90% das mortes são do sexo

masculino e apenas 10% do sexo feminino. Para

ambos os sexos, Santa Catarina registra mais

mortes em comparação com o Rio Grande do Sul

na proporção de 2,5:1. Nas praias do Rio de

Janeiro, em média, 75% das vítimas são do sexo

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 a 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 70

mer

o d

e m

ort

es (

%)

Faixas etárias (anos)

Nᵒ de mortes x faixa etária - 2008 a 2013

SC

RS

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Vanz & Fernandes

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masculino, 83% são solteiros (Szpilman, 1997).

Nas temporadas de 1997 até 2005, no litoral

paranaense, 88% dos mortos por afogamento foi

do sexo masculino e 12% do sexo feminino

(Souza, 2005).

No estado do Rio Grande do Sul, das vítimas

de afogamento, apenas 12% moravam no

balneário, o restante (88%), não eram de outras

cidades do próprio estado. Os afogamentos que

ocorrem em Santa Catarina 37% vieram de outros

estados, 35% eram de outras cidades do próprio

estado, 21% moravam no balneário e 6% eram

estrangeiros (Fig. 3). Segundo estudo de

Szpilman (1997) nas praias Rio de Janeiro 71,4%

residem fora da orla marítima.

Figura 3. Origem das vítimas por afogamento no Estado de Santa Catarina.

No período da tarde ocorreram mais mortes

por afogamentos, 58% dos casos registrados,

seguido pelo período da manhã com 29%. Em SC

ocorrem mais afogamentos no período da tarde

em relação ao Rio Grande do Sul, contrariamente

nos outros períodos do dia, o número de mortos é

maior no RS do que em SC (Fig. 4).

Outros estudos apontam que os afogamentos

ocorrem no período da tarde. Mocellim (2006) e

Santos (2000) observaram que o pico das mortes

ocorre entre 16 e 17 horas. Short et al. (2001)

estudando praias australianas encontraram 46,7%

dos afogamentos entre as 14 e17 horas.

A Figura 5 mostra as principais causas dos

afogamentos. As correntes de retorno foram

responsáveis por 42% dos casos, em seguida as

quedas dos costões rochosos com 10% dos casos.

Pessoas que sofreram mal súbito aparecem em

seguida com 9%. Em torno de 7% dos

afogamentos ocorreram quando a pessoa tentou

salvar a vítima. A prática de esportes (caiaque e

surfe) é citada como a causa de afogamentos em

6% dos registros. Os fatores relacionados ao mal

súbito estão o uso de bebidas alcoólicas,

desmaios, infartos e congestão alimentar. Além

das principais causas citadas, 17% dos

afogamentos ocorrem por outros fatores,

chamando a atenção que as mortes por

afogamentos podem ocorrer nas mais diversas

situações como o pescador que se enrolou na

rede, a prancha do surfista enroscou em algo no

fundo do mar e a vítima ficou presa no banco de

areia. Menezes et al. (2000) para a temporada de

99/2000 verificaram que mais de 90% dos

acidentes estão associados às correntes de retorno

de intensidade moderada a forte.

21

35

23

8

66

Origem das vítimas (%) - 2008 a 2013 - SC

MORA NO LOCAL

SC

PR

RS

SP

ESTRANGEIRO

Page 6: Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina

Nota Técnica - Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, Brasil

GRAVEL

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Figura 4. Número de afogamentos por período do dia.

Figura 5. Número de afogamentos por período do dia.

As principais atividades associadas ao

afogamento relatadas foram falta de habilidade de

natação, álcool ou drogas, mergulho, pesca,

passeio de barco e atividades de lazer.

Outros estudos apontam que nas praias do Rio

de Janeiro 83,5% ingeriram alimentos três horas

antes do acidente e 46,6% achavam que sabiam

nadar (Szpilman, 1997).

Algumas características das praias

potencializam o risco de acidentes com banhistas,

especialmente as correntes de retorno associadas

aos fundos móveis e aos estágios morfodinâmicos

0

10

20

30

40

50

60

70

manhã tarde noite madrugada

mer

o d

e m

ort

es (

%)

Período do dia

Nᵒ de mortes x período do dia - 2008 a 2013

SC

RS

67

42

4

10

9

4

17

Causas dos afogamentos (%) - 2008 a 2013 - RS e SC

Praticava esporte

Tentou salvar outra vítima

Caiu em uma corrente de retorno

Entrou no mar à noite

Caiu de uma rocha

Sofreu mal súbito

Pulou de uma rocha, ponte ou trapiche

Outras causas

Page 7: Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina

Vanz & Fernandes

GRAVEL

125

intermediários (Short & Hogan, 1994; Short,

1999). Hoefel & Klein (1998) e Klein et al.

(2003) apontam que há predominância em

determinantes sociais em relação aos naturais

para a questão da segurança nas praias, mas 86%

dos resgates foram realizados devido à presença

de fracas a moderadas correntes de retorno (rips)

e que 80% dos casos foram registrados em dias

ensolarados com altura de ondas inferiores a 1

metro. No presente estudo as condições do tempo

eram favoráveis ao banho com 66% dos dias

ensolarados, 14% nublados e 20% chuvosos.

Albuquerque et al. (2010) concluíram que o

principal tipo de perigo associado à praia do

Futuro (CE) é as correntes de retorno, com 86%

das ocorrências.

As praias são classificadas em dissipativa,

intermediaria e reflectiva cada uma apresentando

característica morfodinâmicas distintas (Wright

& Short, 1984; Short, 1999; Short, 2006). O

estado dissipativo apresenta zonas de surfe bem

desenvolvidas (>100m), as ondas são de alta

energia e o tamanho de grão varia de areia muito

fina a areia fina. A praia apresenta baixa

declividade (<3º). O tipo de onda é

predominantemente deslizante e normalmente

não ocorrem correntes de retorno muito

persistentes. Sistemas de bancos múltiplos são

observados comumente. Os estados

intermediários caracterizam-se pela presença de

feições rítmicas (bancos e cúspides). Os bancos

são cortados por canais nos quais se desenvolvem

as correntes de retorno, comumente presentes

nestas praias. São compostos por areia média,

podendo variar de areia fina a areia grossa.

Possuem uma declividade moderada entre 3º e 8º.

Existem quatro estados intermediários ocorrendo

uma gradação entre tendências praiais

dissipativas ou refletivas. A zona de arrebentação

é relativamente próxima da beira da praia,

geralmente do tipo caixote ou tubular. O estado

refletivo a zona de surfe é quase ausente. A

quebra das ondas na face da praia ocorre com

grande turbulência. Quando ocorrem ondas,

normalmente são tubulares. São frequentemente

cúspides praiais. A porção da face da praia

apresenta uma declividade acentuada (>8º), ou

seja, a profundidade aumenta rapidamente logo

após a beira da praia. Normalmente a praia é

composta de areia grossa.

Segundo Short (1999 e 2002) praias

dissipativas apresentam grau 8 em escala de risco

de 0 a 10 e praias com ondas de 1,5 m são

classificadas de baixa segurança. O espaçamento

de postos salva vidas de acordo com o estudo de

Mocellin (2006), para praias dissipativas que

apresentam risco médio-alto, é a cada 500 m,

sendo 250 m para cada lado.

Mocellin (2006) verificou que 80% dos

acidentes ocorrem em praias intermediárias no

litoral norte catarinense. Resultados semelhantes

foram encontrados por Hoefel & Klein (1998) e

Santos (2000), com 75 e 80% dos acidentes

ocorrendo neste tipo de praia. Klein et al. (1996),

observaram que 53% dos incidentes com os

banhistas ocorreram em praias com

características dissipativas.

Estudos realizados para a PEGC -

Implantação do Plano Estadual de

Gerenciamento Costeiro (2010) apontaram que

das 117 praias arenosas da Ilha de Santa Catarina,

83% apresentam baixa periculosidade quanto à

balneabilidade em geral, em base à declividade da

antepraia e influência das ondas e correntes de

deriva e de retorno. Praias de média

periculosidade totalizam 10% das praias,

merecendo cuidados especiais para banho. Os 7%

restantes caracterizam praias impróprias,

ressaltando-se as praias do Pontal de Fora (costa

Norte); Moçambique e Mole (costa Nordeste);

Morro das Pedras, Armação e Lagoinha do Leste

(costa Sudeste); Saquinho (costa Sul) e Ponte

(costa Sudoeste).

Com base na classificação feita por Silveira et

al. (2011) foi analisado os afogamentos por

estagio morfodinâmico das praias. A Figura 6

mostra que há pequenas diferenças no número de

mortes registrado por estágios morfodinâmicos,

principalmente entre o estágio dissipativo e o

intermediário. No estágio classificado como

dissipativo ocorreram 36%, no intermediário

35% e no refletivo 29%.

Os dados levantados no presente estudo

mostram que o mais importante não é o estágio

morfodinâmico da praia e sim identificação e

conscientização dos perigos oferecidos pelas

correntes de retorno que estão presentes na praia.

O perigo de afogamento está associado às

correntes de retorno, as quais, em praias

dissipativas são instáveis. Segundo Mocellin

(2006), 80% dos acidentes aquáticos estão

associados às correntes de retorno, sendo que em

SC este valor é de aproximadamente de 97%.

Page 8: Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina

Nota Técnica - Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, Brasil

GRAVEL

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Figura 6. Mortes por afogamento nos diferentes estágios morfodinâmicos praiais.

Além dos estágios morfodinâmicos foi

analisado as mortes por afogamentos em relação

à maré (Fig. 7). A maioria das mortes ocorreu na

maré vazante em ambos os Estados. Entretanto,

no estado de SC a quantidade de mortes na maré

vazante é menor quando comparada ao RS. Para

a maré enchente ocorre o inverso, SC registra um

número maior de afogamentos. Uma explicação

para esse fato pode estar relacionada a

temperatura da água do mar. Cabe salientar que

as mortes ocorreram preferencialmente na parte

da tarde (Fig. 4). E a maré no sul do Brasil é

classificada como semidiurma e, uma das

mudanças de maré de enchente para vazante

ocorre no período da tarde. No RS as pessoas

entram no mar mais no período da tarde (maré

vazante) quando a água do mar está mais quente.

Em SC, mesmo no período da manhã a água

(maré enchente) já está com temperatura boa para

o banho de mar explicando essa relação.

A Tabela 1 mostra a distribuição das mortes

por afogamentos registradas por municípios. Em

Santa Catarina, Florianópolis (25%) e São

Francisco do Sul (16%) são os municípios que

mais ocorreram mortes em suas praias. Penha,

Itapema e Itapoá aparecem em seguida com 7%.

Os demais municípios não alcançam valores

maiores do que 5%. Para os municípios do Rio

Grande do Sul a distribuição é mais homogênea,

sendo as maiores, 16%, para Tramandaí, Rio

Grande e Cidreira, 13% para Imbé e 10% para

Capão da Canoa e Torres.

A Figura 8 mostra o número de mortos por

afogamento publicados pela imprensa e aqueles

registrados pelo corpo de bombeiros para o

estado de Santa Catarina. Os valores apresentam

diferenças em todas as temporadas analisadas. É

compreensível entender quando os valores da

imprensa são menores que os registrados pelo

corpo de bombeiros uma vez que ela não

consegue cobrir todos os casos e por isso não são

relatados. Na temporada de 2008/2009 e

2011/2012 os valores da imprensa são maiores

daqueles registrados pelo corpo de bombeiros.

Isso se deve ao fato que alguns casos que foi

considerado como afogamentos pela imprensa se

tornaram caso de polícia e nesse caso não são

computados pelo corpo de bombeiros. Entretanto,

algumas melhorias poderiam ser adotadas pelo

Corpo de Bombeiro ajudariam futuras pesquisas

e daria mais visibilidade e valorização a esse

trabalho tão importante para a sociedade.

0

10

20

30

40

dissipativa intermediária reflectiva

mer

o d

e m

ort

es (

%)

Classificação morfodinâmica

Nᵒ de mortes x classificação morfodinâmica das praias de SC - 2008 a 2013

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Vanz & Fernandes

GRAVEL

127

Figura 7. Mortes por afogamento relacionadas às variações de maré.

Tabela 1. Mortes por afogamentos por município de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Municípios de Santa Catarina % Municípios do Rio Grande do Sul %

Florianópolis 25 Rio Grande 19

São Francisco do Sul 16 Tramandaí 16

Penha 7 Cidreira 16

Itapema 7 Imbé 13

Itapóa 7 Capão da Canoa 10

Navegantes 5 Torres 10

Barra Velha 5 Arroio do Sal 6

Balneário Camboriú 4 Xangri-lá 3

Palhoça 3 Balneário Pinhal 3

Içara 3 Palmares do Sul 3

Governador Celso Ramos 3

Barra do Sul 3

Piçarras 3

Itajaí 3

Bombinhas 3

Passo de Torres 1

Jaguaruna 1

Laguna 1

Balneário Gaivota 1

Total 100 Total 100

Para Polippo (2011) é de suma importância a

inserção das fichas de acidentes no banco de

dados; o armazenamento seguro e sem extravio

das fichas de cadastros das ocorrências; a

consciência da importância dos guarda-vidas

civis em preencherem as fichas; o preencher

todos os dados solicitados e, ainda, melhorar a

estrutura física dos postos de guarda-vidas civis

dando condições higiênicas para um bom

trabalho e atendimento ao público. Em Santa

0

10

20

30

40

50

60

70

80

vazante enchente

mero

d

e m

ort

es (

%)

Maré

Nᵒ de mortes x maré - 2008 a 2013

SC

RS

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Nota Técnica - Mortes por Afogamentos nas Praias dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, Brasil

GRAVEL

128

Catarina, segundo Mocellin (2001), o serviço de

salvamento aquático cobre quase 320 km de faixa

de areia, com cerca de 120 postos de guarda-vidas

distribuídos em mais de 80 praias.

Klein et al. (2002) mostraram os resultados de

seis de estudo relacionando os tipos de praia e a

segurança do banho no litoral norte do estado de

Santa Catarina, observaram que as mortes

passaram de 37 (temporada de 1995/1996) para 8,

(temporada de 1999/2000). No presente estudo

observa-se que os números de mortes voltaram a

subir indicando a necessidade de continuidade

nas campanhas educativas (Tab. 1).

Figura 8. Número de morte relatado pela imprensa e corpo de bombeiro para o estado de Santa Catarina.

CONCLUSÕES

Os afogamentos fatais na costa dos estados de

Santa Catarina e Rio Grande do Sul nas

temporadas analisadas têm como características

predominantes: atingem mais o sexo masculino e

as faixas etárias até 30 anos, ocorrem no período

da tarde e as vítimas são na maioria oriundas de

outras cidades do próprio Estado (Rio Grande do

Sul ou Santa Catarina).

Santa Catarina teve mais que o dobro de

mortes por afogamento que o Rio Grande do Sul

para o mesmo período. A quantidade de praias

com registro de mortes por afogamento é maior

no Litoral Catarinense.

Na temporada de 2009/2010 foi registrado o

maior número de mortes por afogamento, 35

casos.

As principais causas dos afogamentos com

mortes são as correntes de retorno, como fator

ambiental; e a falta de conhecimento das

características do ambiente marinho pelos

banhistas, como fator humano. A falta de

experiência em identificar as correntes de retorno

nas praias pelos banhistas sugere que o fator

humano é preponderante sobre o ambiental no

caso dos afogamentos com mortes nas praias de

Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

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0

5

10

15

20

25

30

35

2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013

mer

o d

e m

ort

es

Temporadas

Registros na Imprensa x Registros nos Bombeiros - SC / 2008 a 2013

Imprensa

Bombeiros

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