Movimento Zeitgeist Brasil - Guia de Orientacao Ao Ativista

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Guia do Ativista - Movimento Zeitgeist

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O MOVIMENTO ZEITGEIST

Guia de Orientao ao AtivistaOrientaes e Respostas

Traduo para Portugus (Brasil), revisada em: 22/09/2009www.movimentozeitgeist.com.br

Esse documento foi composto a partir das tradues disponibilizadas no site Oficial do Movimento Zeitgeist. O trabalho de traduo e reviso foi realizado por voluntrios. www.thezeitgeistmovement.com | www.thevenusproject.com

Contedo:

1 Capa 2 Prefcio 3 Parte 1: A Economia Monetria 3.1 Captulo 1: Mecanismos e Conseqncias 3.1.1 Mecanismo 1: Necessidade de consumo cclico 3.1.1.1 Conseqncias

3.1.2 Mecanismo 2: Abundncia de escassez 3.1.3 Mecanismo 3: Prioridade em lucrar 3.1.3.1 Conseqncia

3.1.4 Mecanismo 4: Distoro de valores 3.1.5 Mecanismo 5: Manipulao fiscal 3.1.6 Resumo do captulo 1

3.2 Captulo 2: A ltima Falncia 3.2.1 Muito alm da irresponsabilidade 3.2.2 O "ciclo do boom e bust" (tambm conhecido como "ciclo econmico") 3.2.3 O ltimo outsourcing 3.2.4 Resumo do captulo 2

4 Parte 2: O Que Relevante? 4.1 Captulo 3: A Lei da Natureza 4.1.1 Lei natural 1 4.1.2 Lei natural 2 4.1.3 O mtodo cientfico 4.1.4 Equilbrio dinmico 4.1.5 Resumo do captulo 3

4.2 Captulo 4: Os Meios para a Evoluo Social 4.2.1 Metas 4.2.2 Mtodos 4.2.3 Ferramentas 4.2.4 Processo 4.2.5 Resumo do captulo 4

5 Parte 3: Uma Economia Baseada em Recursos 5.1 Captulo 5: Cibernetizao Social

2

5.1.1 O Projeto Venus 5.1.2 A indstria e o trabalho 5.1.3 O governo 5.1.4 Resumo do captulo 5

5.2 Captulo 6: Cidades que Pensam 5.2.1 Cidade circular 5.2.2 Transporte 5.2.3 Estilos de vida 5.2.4 Resumo do captulo 6

6 Parte 4: Superando a Mitologia 6.1 Captulo 7: Natureza contra Criao 6.1.1 O comportamento humano 6.1.2 O sistema legal 6.1.3 Resumo do captulo 7

6.2 Captulo 8: Espiritualidade Funcional 6.2.1 O ideal religioso 6.2.2 Falar fcil 6.2.3 Resumo do captulo 8

7 Parte 5: Fazendo Algo 7.1 Captulo 9: O Movimento 7.1.1 Resolvendo as diferenas 7.1.2 Dicas para difundir esclarecimento 7.1.3 Equipes interdisciplinares 7.1.4 Consideraes finais

8 Notas 9 Referncias

3

PrefcioO Movimento Zeitgeist o brao ativista do Projeto Venus, o qual compreende o trabalho de toda uma vida do designer industrial e engenheiro social Jacque Fresco. Jacque atualmente mora em Venus, Flrida, onde trabalha lado a lado com sua scia Roxanne Meadows. Agora, que se faa compreendido que o senhor Fresco ser o primeiro a lhe dizer que suas perspectivas e avanos no so inteiramente seus, mas to somente frutos da evoluo da investigao cientfica, preservada desde a aurora da antiguidade.

Em termos simples, o que o Projeto Venus representa e o Movimento Zeitgeist, portanto aprova, poderia ser resumido em: "aplicao do mtodo cientfico em benefcio social".

Atravs da aplicao humana da cincia e tecnologia para o design social e a tomada de decises, ns temos os meios para transformar nosso ambiente tribal, voltado escassez e repleto de corrupo em algo extremamente mais organizado, equilibrado, humano, sustentvel e produtivo.

Para fazer isso, temos de compreender quem somos, onde estamos o que somos e como vamos alcanar nossas metas. Dado o corrente estado das atualidades, muito do que abordaremos na primeira parte deste livro, o leitor pode achar que ns no apenas desejamos tomar outro rumo. Temos de faz-lo. O atual sistema econmico est desmoronando num ritmo acelerado, com a expectativa de desemprego aumentando numa escala nunca vista antes ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, estamos chegando ao "fim da linha" no que diz respeito destruio do meio-ambiente.

Est provado que nossos atuais mtodos de conduta social no tm chance de resolver problemas como destruio ambiental, os conflitos humanos, a pobreza, a corrupo e qualquer outro que reduza a possibilidade de sustentabilidade humana coletiva em nosso planeta. Est na hora de crescermos enquanto espcie e realmente examinarmos quais so nossos que eles possam parecer. verdadeiros problemas e suas solues, por mais desconfortveis, no tradicionais e estranhos

4

Esta obra ir primeiramente apresentar os atuais problemas econmicos que enfrentamos, reconhecendo suas razes, conseqncias e inevitabilidades, apresentando em seguida solues derivadas de uma avaliao do que de fato relevante para a vida e a sociedade. Alm disso, sero providenciadas informaes sobre como cada um de ns pode ajudar neste desafio, assim como a apresentao de mtodos de comunicao e ativismo que, com sorte, aceleraro o processo de transformao.

muito importante queles que comearem esta leitura fazer uma pausa e pensar sobre a janela de perspectiva na qual foram doutrinados. Considerando a atual vastido dos valores e ideologias humanos, somada identificao com uma especfica linha de pensamento, tradio ou noo de realidade que cresce com o tempo, pode ser difcil e at doloroso para uma pessoa rever ou remover seus estimados conceitos que considerou como verdades por muito tempo. Essa associao "egosta", combinada a um estado perptuo de "conhecimento limitado" que cada um de ns possui, ser o maior obstculo que muitos enfrentaro quando lerem as informaes aqui presentes.

hora de ampliarmos nossa lealdade e filiaes para alm dos estreitos confins do mercado, da tradio e da nao-estado para abrangermos a espcie humana como um todo, juntamente com o ambiente planetrio que sustenta a todos ns.

Est na hora de vermos a Terra como um conjunto orgnico inseparvel, uma entidade viva composta por incontveis formas de vida, todas unidas numa nica comunidade.

Se a prpria natureza nos ensinou alguma coisa, foi que a nica constante a mudana. No existem utopias. Por isso, para crescermos produtivamente enquanto espcie, temos de nos tornar especialistas em "mudar nossas ideias" a respeito de tudo. Se voc escolher abordar este material com um esforo consciente para manter a mente aberta e ser objetivo, sentimos que as ideias aqui expressas iro realinhar sua viso de mundo, voc mesmo, e o futuro de sua famlia de uma forma mais produtiva, humana e eficaz.

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Parte 1: A Economia Monetria

Captulo 1: Mecanismos e ConseqnciasDefinindo nossos termos:

O termo "economia" geralmente definido como: "cincia social que estuda a produo, distribuio e consumo de bens e servios.[1]

Desde o incio do sculo XXI, o mecanismo que prevalece em praticamente todas as economias do mundo algum tipo de "sistema monetrio". Um sistema monetrio usa um meio intermedirio de troca conhecido como "dinheiro" com o intuito de facilitar os empregos e a produo, distribuio e o consumo de bens e servios.

O uso desse meio de troca monetria como base de um sistema econmico pode ser chamado de "economia monetria".

Embora hoje em dia praticamente nenhuma nao do planeta usa nada alm de teorias de economia monetria, certas variantes so de fato presentes. Generalizando, essas variantes tm a ver com o grau em que o sistema controlado pelo governo de um pas. A atual "escala mvel", indo do mais regulado ao menos regulado, normalmente comea no "comunismo" [nota1]

(mximo controle

do estado) Passa pelo socialismo (controle parcial do estado) e termina no capitalismo (de pouco a nenhum controle do estado). Essas variantes de mecanismos econmicos podem ser chamadas de "sistemas sociais".

O sistema social prevalecente hoje o capitalismo. O capitalismo, que muitas vezes posto debaixo do guarda-chuva de outro conceito terico conhecido como "livre mercado", definido como: "sistema econmico no qual os meios de produo so privados, voltados ao lucro e onde investimentos, distribuio, rendimento, produo e preo de bens e servios so predominantemente determinados atravs da operao do 'livre mercado'.[2]

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Um mercado livre essencialmente uma orientao de troca no regulada onde "o preo dos bens e servios so completamente arranjados pelo consenso de vendedores e compradores; portanto, a lei da oferta e procura do mercado determina os preos e estabelecem os suprimentos disponveis, sem a interveno do governo.[3]

Existem muitas interpretaes e escolas filosficas sobre a noo

de "livre mercado". Por exemplo, uma das mais extremas, ainda que muito ativa, a Escola Austraca a qual defende a noo de "laissez-faire" que basicamente significa no haver literalmente nenhuma interveno do estado nas questes polticas. Dessa perspectiva, o "bem-estar" e outros programas[nota 2]

"sociais"

patrocinados pelo estado seriam considerados como inapropriados.

Agora, terminologia geral a parte, um atributo bastante relevante da economia monetria a "teoria do valor". O grau de "valor" de um produto ou servio se deriva basicamente de dois fatores[nota 3]: 1. A escassez (disponibilidade) do material usado. 2. A quantidade de mo-de-obra necessria para produzir um produto ou servio. Por exemplo: Imagine quanto tempo e esforo seria necessrio para criar uma simples camisa antes do advento da eletricidade e da avanada tecnologia industrial. O processo geral deveria ser: preparar a solo plantar a semente do algodo supervisionar o perodo de crescimento colher o algodo extrair a semente fiar o algodo, transformando-o em linha tecer a linha, transformando-a em tecido e, com o tecido, confeccionar a camisa.

Dado o exemplo acima, apenas levando em considerao a mo-de-obra, o valor da camisa seria relativamente alto e ela provavelmente seria vendida por um preo de acordo com esse extensivo trabalho. O valor da semente do algodo (componente material) seria desprezvel j que ela produzida como um subproduto da colheita principal, fazendo com que seu grau de escassez seja muito baixo. Portanto, o real valor dessa camisa se daria atravs do trabalho envolvido.

Agora, hipoteticamente falando, e se esse processo de produo no requeresse mo-de-obra, enquanto a semente do algodo/gua/luz solar/solo

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mantivesse sua abundncia natural? Qual seria ento o valor da camisa? Obviamente, ela no teria valor algum.

No incio do sculo XXI, mquinas industriais tomaram a funo de plantar e colher produtos agrcolas ao ponto de um nico fazendeiro poder trabalhar mais de 1000 acres de terra sozinho. O advento de equipamentos txteis, como o descaroador de algodo, reduziram dramaticamente o esforo humano, enquanto que, com o moderno uso de computao industrial, estamos vendo uma constante gravitao quase total automatizao das indstrias agrcola e txtil, entre muitas outras.

A questo que o emprego do "valor econmico" como uma noo econmica aparentemente esttica est sendo agora revisado por essa influncia tecnolgica (aumento da facilidade de produo/abundncia material) que pode, teoricamente, eliminar totalmente a noo de "valor".

Quando a mo-de-obra reduzida/substituda por tecnologia e automao, o suposto "valor" que equaliza o "trabalho" ao "preo" cai respectivamente. O "valor" do produto seria ento transferido para a criao/manuteno da maquinaria, que agora faz o papel dos trabalhadores. Conseqentemente, quanto mais eficientes, durveis e sustentveis forem essas mquinas operrias, mais cair o "valor" da produo.

A realizao que a automao das mquinas, juntamente com modernas inovaes que esto encontrando substitutos para recursos "escassos", poderia conduzir-nos a um ponto onde nenhum bem ou servio precisaria de um "valor" ou etiqueta de preo. Simplesmente no faria nenhum sentido terico.

Para a maioria, isso uma coisa muito difcil de considerar, graas ao que estamos acostumados a experimentar em nosso dia-a-dia. Independente de sua opinio, o fato que a tendncia de constante avano tecnolgico unido maquinaria automatizada pode teoricamente criar um ambiente econmico onde a abundncia de materiais e meios de produo so to elevados e eficientes que a maioria dos humanos ter pouca necessidade de "comprar" algo, deixando de lado o "trabalhar para viver" no senso tradicional.

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Mais

especificamente,

mesmo

se

as

mquinas

forem

lentamente

substituindo apenas uma pequena minoria de pessoas, aumentando o desemprego, as conseqncias seriam sintticas e todo o sistema econmico cresceria mais e mais instvel e inopervel.

Esse assunto ser desenvolvido nos captulos 2 e 5. Deixando essa questo um pouco de lado, vamos examinar alguns mecanismos empricos que a economia monetria, no contexto do capitalismo especificamente, precisa para manter a integridade do sistema.

Nas demais sees deste captulo, discutiremos os 5 mais fundamentais atributos necessrios manuteno do sistema, o raciocnio por trs deles, e suas conseqncias.

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Mecanismo 1: Necessidade de consumo cclico

O papel das pessoas num sistema monetrio basicamente dividido em trs distines: O empregado, o consumidor e o patro (ou dono/produtor).[nota 4]

O empregado cumpre tarefas para o patro em troca de um "salrio" ou pagamento em dinheiro, enquanto o patro vende bens ou servios ao consumidor por um "lucro" outra classificao para pagamento em dinheiro.

O patro e o empregado, pela vez deles, funcionam como consumidores, pois os pagamentos em dinheiro ("salrio" e "lucro") que eles obtm so usados para comprar bens e servios relevantes sobrevivncia. O ato de comprar bens e servios, que a funo do consumidor, o que permite ao patro seu "lucro" ao mesmo tempo em que torna possvel o pagamento do "salrio" do empregado.

Em outras palavras, a necessidade de um "consumo" perptuo que mantm o patro nos negcios e o emprego do empregado.

Entretanto, importante compreender que esse ciclo pagamento-consumo (ou "consumo cclico") no pode parar, ou toda a estrutura econmica entraria em colapso, pois o dinheiro no chegaria ao patro e este no poderia arcar com o pagamento do empregado, e tanto o patro como o empregado no poderiam perpetuar o ciclo sendo consumidores.

Conseqncias1. Nada fisicamente produzido pode manter uma durabilidade operacional maior do que aquela que a integridade econmica possa suportar atravs do "consumo cclico". Em outras palavras, cada "mercadoria" produzida deve quebrar num respectivo perodo de tempo de modo que a circulao financeira continue a apoiar os jogadores (consumidor/empregado/patro) no jogo. Essa caracterstica pode ser definida como: "obsolescncia planejada".

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A obsolescncia planejada pode geralmente tomar duas posies:

1. Intencional: a deliberada reteno da eficincia de modo que o produto em questo quebre.

2. Conseqente: atalhos baseados no lucro, normalmente na forma de materiais baratos/design ineficiente, num esforo para poupar dinheiro e criar consumidores repetitivos. Isso imediatamente se traduz num produto inferior (i.e., o uso de plstico para delimitaes eletrnicas mais barato para a companhia e o consumidor, mas a durabilidade desse material pequena comparada, digamos, ao metal titnio, que bem mais caro).

2. A introduo de novos produtos e servios deve ser constante para compensar qualquer aumento na eficincia de geraes anteriores de produtos, independentemente da utilidade funcional, gerando um contnuo desperdcio. Em outras palavras, o desperdcio um subproduto intencional da necessidade da indstria de manter o "consumo cclico". Isso significa que o produto substitudo/obsoleto jogado fora, geralmente para depsitos de lixo, poluindo o meio-ambiente. A multiplicao constante acelera a poluio.

A

"necessidade

de

consumo

cclico",

que

pode

ser

considerada

o

"mecanismo" que fortalece todo o sistema econmico, inerentemente perigosa e corrupta, pois a natureza da necessidade no permite que prticas ambientais sustentveis sejam maximizadas. A constante recriao de produtos inferiores desperdia recursos disponveis e polui o meio-ambiente.

Para

expressar

essa

situao

de

um

ngulo

diferente,

imagine

as

conseqncias econmicas dos mtodos de produo que estrategicamente

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maximizaram a eficincia e sustentabilidade de toda criao, usando os melhores materiais e tcnicas disponveis conhecidos na poca.

Imagine um carro que seja to bem projetado que no precise de manuteno por 100 anos. Imagine uma casa construda com materiais prova de incndio onde todos os utenslios, operaes eltricas, encanamentos e afins sejam feitos dos recursos mais impermeveis e de maior integridade disponveis na Terra. Num mundo mais saudvel como esse, onde ns realmente criamos as coisas para durarem, naturalmente minimizando a poluio/desperdcio graas ausncia de multiplicidade e a maximizao da eficincia, um sistema monetrio seria impossvel, j que o "consumo cclico" diminuiria drasticamente, enfraquecendo para sempre o suposto "crescimento econmico".

Mecanismo 2: Abundncia de escassez

Na economia monetria, o conceito de "oferta e procura" uma construo conhecida, simplesmente denotando que "quanto mais houver algo, menor ser seu valor". Por exemplo, a gua potvel foi um recurso muito abundante ao longo da histria, que normalmente no requeria um pagamento para seu consumo numa perspectiva comercial. Contudo, com a poluio dos lenis d'gua e dos sistemas urbanos de gua, a gua potvel filtrada agora comercializada, muitas vezes por um preo maior do que o do petrleo.

Em outras palavras, lucrativo que os recursos sejam escassos. Se uma companhia puder convencer o pblico de que o produto dela "raro", ela poder cobrar mais por esse produto. Isso fornece uma forte motivao a manter seus itens escassos.

Em ainda outro nvel, devemos chamar a ateno para o fato de que os bancos centrais de praticamente todos os pases tambm criam escassez dentro do prprio suprimento de dinheiro a fim de manter presses no mercado. Bernard Lietaer, designer do sistema monetrio dos EUA ressalta:

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"A ganncia e a competio no so resultados de um temperamento humano imutvel... a ambio e o medo da escassez esto de fato sendo continuamente criados e ampliados como resultados diretos do tipo de moeda que estamos usando... Ns podemos produzir mais do que o bastante para alimentar todos... mas evidente que no existe dinheiro suficiente para pagar por tudo isso. A escassez est em nossas moedas nacionais. Na realidade, o papel do banco central criar e manter a escassez monetria. A conseqncia direta que temos de lutar uns com os outros para sobrevivermos."[4]

As conseqncias dessa abundncia de escassez no so nada seno malignas. Se se pode lucrar atravs da escassez gerada pela poluio ambiental, isso ento cria um incentivo doente indiferena ambiental.

Enquanto as companhias souberem que podem ganhar mais dinheiro fazendo com que seus recursos ou produtos permaneam escassos, como pode um mundo de abundncia algum dia existir?

No pode, pois as corporaes estaro motivadas para, se preciso, criar a escassez. A escassez criada no prprio suprimento de dinheiro pelos bancos centrais, por sua vez, aumenta nossa motivao para competirmos uns com os outros, gerando tribalismo antitico e primitivo com cada um por si, produzindo estresse humano, conflitos e enfermidades.

Mecanismo 3: Prioridade em lucrar

O principal mecanismo motivador de um sistema monetrio o lucro [nota cada jogador deve buscar uma estratgia para ganhar dinheiro.

5]

,

ou a aquisio de dinheiro atravs da explorao dos outros. A fim de sobreviver,

Um "assalariado" procura o melhor pagamento possvel que possa obter por seus servios, enquanto o patro (dono/produtor) busca constantemente reduzir custos a fim de maximizar o lucro. Essa a "mentalidade" dominante num sistema monetrio e aqueles que esto em estado de grande riqueza ("sucesso" material) so geralmente os mais implacveis.

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Apesar

de

muitos

que

so

a

favor

do

sistema

de

lucro

falarem

interminavelmente sobre seus padres "ticos" com relao a suas prticas, a histria nos mostrou que a prioridade em lucrar na verdade uma doena que no s est envenenando nossos bem-estar pessoal/social e padres de vida, como tambm o meio-ambiente, o qual nos proporciona praticamente todas nossas necessidades enquanto espcie.

Entretanto,

antes

de

comearmos

com

as

conseqncias

negativas

resultantes dessa "mentalidade", vamos considerar o que muitos pensam ser o lado bom da prioridade em lucrar o "incentivo".

De

acordo

com a

a

teoria,

a

necessidade trabalhar

de

lucro

fornece

que

pessoa/organizao

motivao

para

novas

ideias/produtos

venderiam no mercado. Em outras palavras, supe-se que se uma pessoa no for motivada pela necessidade de sobreviver por meio do lucro, haveria pouco progresso social.

Em primeiro lugar, as maiores contribuies sociedade no vieram de corporaes buscando lucro. Nikola Tesla no inventou a corrente eltrica alternada porque queria fazer fortuna. Louis Pasteur, Charles Darwin, os irmos Wright, Albert Einstein e Isaac Newton no fizeram suas massivas contribuies sociedade por interesse material.

Embora seja verdade que invenes e mtodos teis vm da motivao para ganho pessoal, o objetivo por trs dessas criaes normalmente no humano ou social, j que o interesse prprio e a sobrevivncia so as reais motivaes.

O interesse no lucro quase sempre precede as questes humanas, e um simples olhar sobre os conservantes causadores de cncer em nossos alimentos, a obsolescncia planejada em praticamente tudo que fabricado, juntamente com um servio de sade que cobra $300 por uma mera plula antibitica, nos mostra que o "incentivo baseado no lucro" na verdade prejudicial, pois seu real incentivo no est em contribuir para a sociedade de um modo significativo, mas apenas para exigir riqueza pela contribuio de todas as formas possveis.

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O lucro na realidade um falso incentivo. Os problemas de nossa sociedade baseada em dinheiro s sero resolvidos quando for lucrativo resolv-los.

Conseqncias

As conseqncias psicolgico-sociais resultantes da prioridade em lucrar so de graves propores em se tratando da conduta dos seres humanos. Na realidade, foi criada toda uma estrutura de controle para lidar com os interminveis problemas associados necessidade de sobrevivncia via ganho/lucro/renda o sistema legal.

Embora os crimes no-monetrios geralmente nasam do ego, da inveja, de privaes emocionais e outros problemas psicolgicos de hoje, a freqncia deles no nada comparada aos crimes cometidos que so motivados pela aquisio de dinheiro e propriedades. Na verdade, se definirmos "crime" como "corrupo" e "corrupo" como "perverso moral, desonestidade", surge ento uma nova perspectiva, pois, se olhar bem de perto, ver que praticamente todo ato para ganho monetrio estratgico essencialmente corrupto... E simplesmente aceito como "normal" pela cultura condicionada a qualquer grau que seja considerado tolervel por consenso.

Por exemplo, quando voc vai ao supermercado e compra uma caixa de cereais, 90% das vezes a quantidade de cereal ocupa apenas 60% do espao dentro da caixa. Essa "estratgia publicitria", como a companhia produtora chamaria, na realidade uma grande e desnecessria mentira.

As agncias de publicidade, com todas suas tticas de manipulao social, so provavelmente as mais corruptas instituies do planeta. Infelizmente, fomos condicionados a chamar isso de "promoo" ou "estratgia". Ser apresentado mais sobre a distoro de valores criada pela propaganda na seo "Distoro de Valores" deste captulo.

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Agora, perspectiva

para

colocarmos

o

espectro esse

da

corrupo

monetria em

numa trs

funcional,

dividiremos

comportamento

aberrante

classificaes: crimes gerais crimes corporativos crimes governamentais.

Os crimes gerais so derivados da busca por dinheiro, abrangem desde pequenos roubos, vendas ilegais, fraudes, at roubos violentos. A esse subproduto do sistema monetrio muitas vezes no dada a ateno necessria para compreender sua origem, uma vez que muitos tendem a rejeitar esses "criminosos" como se eles fossem algum tipo se anomalia social, em vez de relacionar seus motivos necessidade de sobrevivncia. O estresse inerente e outros efeitos colaterais relacionados a privaes so tambm negligenciadas.

O estudo "Merva-Fowles", realizado na Universidade de Utah nos anos 90, encontrou fortes ligaes ente o desemprego e o crime. A pesquisa foi baseada nas 30 maiores reas metropolitanas, totalizando mais de 80 milhes de habitantes.

Os resultados mostram que um aumento de 1% no desemprego resulta em: Aumento de 6,7% nos homicdios; Aumento de 3,4% nos crimes violentos; Aumento de 2,4% nos crimes possessrios.

Durante o perodo de 1990 a 1992, isso se traduziu em: Mais 1459 homicdios; Mais 62, 607 crimes violentos; Mais 223,500 crimes possessrios.[5]

Se voc pegar uma pessoa abastada, tica e "ntegra", despi-la de sua riqueza e jog-la numa cidade pobre com apenas a roupa do corpo, h uma grade possibilidade dessa pessoa comear a mentir, trapacear e roubar para sobreviver.

No de se espantar que os vizinhos mais pobres dos Estados Unidos mantenham as maiores taxas de criminalidade. Uma pessoa que nasce num ambiente escasso com poucos recursos, uma educao fraca e poucas oportunidades de emprego, far o que for preciso para sobreviver.

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A questo que a privao econmica (escassez), e no as supostas "tendncias ao crime", que cria esse tipo de comportamento aberrante.

Os crimes corporativos, que quase sempre so exclusivamente relacionados ao lucro, tomam muitas formas: obsolescncia planejada, manipulao de mercado, terceirizao, congelamento de preos, conluio monopolizador, explorao de mode-obra e conluio governamental so apenas alguns.

Da deciso Enron de desligar as usinas de energia eltrica da Califrnia para aumentar suas reservas de energia[6], distribuio[7]

proposital

da

Bayer

Corporation de medicamentos infectados com HIV

, deve ficar claro para a maioria

das pessoas que o crime corporativo constante e muitas vezes mais insidioso que os "crimes gerais", pois a repercusso deles tendem a afetar enormes grupos de pessoas.

A necessidade de assegurar a rentabilidade de um negcio do "criminoso corporativo" no basicamente diferente da necessidade de sobrevivncia do "criminoso geral". Enquanto o ltimo normalmente comete crimes para sobreviver, o primeiro o faz para garantir ainda mais sua posio de poder, estilo de vida e riqueza. Isso se baseia no medo.

O conceito de "ganncia", que se manifesta a partir de uma insegurana contnua derivada do medo de perder o que possui, serve como fatores motivadores para a maioria dos crimes corporativos. como um vcio. Quanto mais voc ganha, mais deseja ganhar. Essa neurose perpetuada/reforada pela estratificao social que o sistema monetrio cria, pois h uma progresso incessante de "luxrias" disponveis medida que o poder de compra de algum aumenta (i.e: manses, iates, limusines, diamantes, terrenos etc.). Falaremos mais sobre isso na seo "Distoro de Valores".

Os crimes governamentais so umas das mais complexas e difceis formas de conduta a se considerar, j que a percepo do governo bastante modificada pelos valores predominantes que essa "classe dominante" perpetua atravs da sociedade, via mdia de massas e jingosmo tradicional.

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Em outras palavras, se nos recordarmos dos horrores de Hitler, muitos geralmente se esquecem de que muitos dos alemes tambm mantiveram o sistema de valores anti-semita, propagado pelo regime por meio de panfletos e transmisses. Pode-se dizer o mesmo sobre a invaso do Iraque pelos Estados Unidos, que foi primeiramente incentivada pelo apoio pblico, apenas por causa do dio e medo dos supostos "terroristas islmicos", gerado pelos ataques em 11 de setembro de 2001.

Dito isso, vamos por de lado nossos valores tradicionalistas de lealdade e "patriotismo" e dar uma olhada objetiva no que realmente e representa o governo dentro de um sistema monetrio.

Em primeiro lugar, todos os membros do governo devem receber um salrio e todos os projetos devem ser financiados. Essa verba vem aparentemente dos "impostos" que o povo obrigado a pagar, ou emprstimos de bancos ou outros governos. Os impostos so gerados atravs do "comrcio" ou "rendimento comercial", enquanto os emprstimos devem ser devolvidos com dinheiro manifestado de outro modo seno mais comrcio, mais emprstimos ou mais impostos, teoricamente.

A funo central do governo inventar uma legislao regulatria para lidar com o funcionamento da sociedade. Idealisticamente, os interesses gerais do povo seriam a prioridade nmero um do governo. Infelizmente, como mostra a histria, no esse, e raramente foi, o caso.

Antes, o governo como o conhecemos na realidade uma "empresa-me" para todas as outras corporaes ativas dentro da economia de um pas. Isso, claro, faz sentido uma vez que o valor de uma nao de fato determinado pela condio de sua economia. Isso significa que o governo tem um "grande interesse" na situao econmica de sua nao, mais especificamente um interesse naqueles de sua prpria classe a abastada classe alta.

Um "interesse" ou uma pessoa ou grupo tendo algo a ganhar ou perder devido a uma deciso governamental uma estrada de duas vias. Um poltico pode receber "contribuies" em dinheiro de uma companhia que ele favorece em suas

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decises, enquanto a companhia ganha assim pelas decises que ele tomou a seu favor.

Na Amrica, lobbing e contribuies constituem bilhes de dlares por ano e esse dinheiro totalmente concebido sobre o pretexto de "colocar em ao as agendas" das partes contribuintes.

Embora sejam vastos os exemplos de conluio governamental e corporativo, abrangendo desde a permisso de medicamentos no testados pela FDA, at o sucesso no lobby de petrleo em reverter a Lei de Emisso Zero da Califrnia que forava a recluso de carros "eltricos", o maior crime monetrio do governo seu ato de fazer uso da guerra para o benefcio de seus constituintes corporativofinanceiros.

Nas palavras do major-general Smedley D. Butler, duas vezes ganhador da medalha de honra do congresso:

"A guerra uma farsa. Sempre fora. possivelmente a mais antiga, sem dvidas a mais lucrativa, com certeza a mais cruel. a nica internacional existente. E a nica na qual os lucros so contados em dlares a as perdas em vidas. Uma farsa melhor descrita, creio eu, como algo que no o que parece maioria das pessoas. Somente um pequeno grupo 'interno' sabe do que ela se trata. conduzida para o benefcio de muito poucos, custa de muitos. Poucas pessoas fazem fortuna atravs da guerra... Na (Primeira) Guerra Mundial um pequeno grupo recolheu os lucros do conflito. Fizeram-se pelo menos 21 mil novos milionrios e bilionrios nos Estados Unidos durante a Guerra Mundial... O Sexagsimo Quinto Congresso, em reportagem sobre os ganhos corporativos e rendimentos governamentais. Considerando os lucros de 122 empacotadores de carne, 153 produtores de algodo, 299 fabricantes de roupas, 94 siderrgicas e 340 carvoeiros durante a guerra. Lucros abaixo de 25 por cento eram incomuns. Por exemplo, as companhias carvoeiras fizeram entre 100 e 7.856 por cento de seus ttulos de capital durante a guerra. Os empacotadores de Chicago dobraram ou triplicaram seus ganhos. E no vamos nos esquecer dos banqueiros que financiaram a Grande Guerra. Se algum ficou com a nata dos lucros, foram os banqueiros. Sendo um sociedade, em vez de organizaes incorporadas, eles no tiveram que relatar os acionistas. E seus lucros foram to secreto quanto

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imensos. Como os banqueiros fizerem seus milhes e bilhes eu no sei, porque esses pequenos segredos nunca se tornaram pblicos mesmo antes de um corpo investigativo do Senado."[8]

A Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Coria, Vietn e agora do Iraque e Afeganisto no so diferentes. Industrializao acelerada, acordos militares, contratos de reconstruo, aquisio (roubo) de energia/recursos, emprstimos a juros altos e rigorosos feitos pelo Banco Mundial e bancos privados s economias ps-guerra, e at o trfico de drogas da CIA[9], so s alguns dos meios altamente lucrativos. So trs as motivaes para a guerra: 1) Lucro industrial, maximizado para a elite; 2) aquisio (roubo) de recursos e 3) alinhamento geopoltico para facilitar futuros lucros industriais e roubo de recursos. Essa uma das maiores doenas causadas pela necessidade de riqueza e poder. O governo, com seu time de assassinos, vtimas de lavagem cerebral nas mos, est envolvido com a mxima forma de auto-preservao, e enquanto todos os recursos do mundo permanecerem "acumulados" para o interesse de poucos, esse padro de guerra nunca ir acabar.

As

classificaes

de

"corrupo"

acima

so

apenas

um

agrupamento

generalizado. Muitas nuanas de comportamento humano no dia-a-dia so tambm muito envenenadas por esse mecanismo de lucro; desonestamente, estendendo-se da "arte de negociar" onde duas pessoas de negcio competem entre si por interesse prprio, com uma indiferena inerente para com o outro, desarmonia construda na relao patro-empregado, onde um quer maximizar o trabalho para reduzir os pagamentos por hora, ao passo que o outro, busca maximizar o tempo gasto a fim de ganhar mais dinheiro.

A concluso que a prioridade em lucrar causa uma mentalidade dualista "ns contra eles", pois, dentro do sistema monetrio, tem de haver um vendedorcomprador; um trabalhador-patro; um cliente-dono; um rico-pobre. Dada essa realidade, cada parte forada a criar condies que sejam as mais lucrativas a ela, por isso esto sempre buscando estratgias de modo que uma incessante batalha est em furor. Estamos em constante guerra uns com os outros para viver. Essa batalha cria muito pouco em termos de progresso humano sustentvel, e o mundo doente, poludo e distorcido que voc v ao seu redor o resultado.

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Mecanismo 4: Distoro de valores

Nossas crenas e valores so moldados pela cultura. Embora exista uma base gentica para certos atributos e comportamentos humanos, os conhecimentos que possumos e o modo como pensamos e agimos de acordo com esse conhecimento fundamentalmente um fenmeno ambiental.

Tendo isso em mente, o sistema monetrio precisa de uma forma de comunicao para informar ao pblico do que uma companhia disponibilizou venda. Essa forma de comunicao denominada "propaganda". A caracterstica da propaganda a "promoo" e promoo uma maneira de comunicao, que, em geral, cria uma tendncia em favor do produto em questo.

Em outras palavras, a funo da propaganda induzir. Ou em termos mais diretos, manipular o consumidor a comprar um produto. Essa manipulao toma muitas formas, mas a mais eficaz a manipulao e/ou explorao dos "valores" da audincia expectadora o que ele ou ela acham importante.

Entretanto, antes de prosseguirmos, preciso salientar que os padres de consumo em massa atualmente vistos nos Estados Unidos e em outros lugares nem sempre foram o caso.

A Amrica foi originalmente fundada, at certo ponto, numa espcie de tica protestante, onde a economia e a prosperidade eram valores dominantes. Contudo, no incio do sculo XX, um esforo concentrado da comunidade de negcios comearam a distorcer essas noes e formar um novo exrcito de consumidores impulsivos, sempre insatisfeitos, cientes dos status.

As agncias de publicidade mudaram de um foco utilitrio para esse calibrado para o apelo emocional e status. Em conseqncia, hoje o americano padro consome duas vezes mais do que consumia desde o fim da Segunda Guerra Mundial.[10]

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Uma das mais poderosas formas de "manipulao de valores" vem da reassociao da identidade de uma pessoa a um ideal especfico. O patriotismo e a religio so exemplos clssicos, uma vez que atravs da doutrinao na infncia/juventude, a pessoa geralmente condicionada a sentir uma ntima conexo pessoal a um pas ou religio, condicionando assim essa pessoa a querer apoiar as doutrinas, incondicionalmente.

Outro exemplo disso o conceito de "moda". A moda toma muitas formas, de roupas que as pessoas usam a ideologias que elas propagam. Para ilustrar o quo bem sucedido a indstria comercial se tronou em manipular os valores dos seres humanos para ganho prprio, muitas pessoas podem hoje serem vistas andando por a vestindo certos artigos comerciais, apenas pelo propsito de expor a marca da companhia, projetando algum tipo de status social aparente ou "expresso estilizada" delas.

A assinatura camisas "Tommy Hilfiger", a marca comercial de bolsas "Prada" e os reluzentes relgios "Rolex" so exemplos de produtos onde a utilidade ou funo de um item perdeu a relevncia completamente, sendo a importncia agora originada do que o item "representa".

Infelizmente, o que essas pessoas no compreendem que elas nada mais so do que propagandas ambulantes das respectivas companhias, to-somente.

O "status" ou "expresso" de fato existe inteiramente nas condicionadas "projees de valores" dessa pessoa, e se pessoas o bastante so manipuladas do mesmo modo, surge uma "tendncia", que refora mais ainda a iluso via identificao coletiva. Essas tendncias podem se tornar to poderosas, que aqueles que no aderem mania podem ser excludos.

Vaidade parte, devemos tambm examinar os valores distorcidos criados na forma de mentalidades e vises de mundo. Essa constante necessidade de interesse prprio normalmente se espalha como um cncer dentro outras reas psicolgicas, criando e reforando neuroses como "ganncia", "inveja" e "ego".

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A ganncia provavelmente a fora diretriz da propagao do sistema monetrio, depois da sobrevivncia. Graas estratificao inerente de bens e servios (e, portanto, padres de vida) disponveis queles com mais e mais poder de compra, cuidado para que o ser humano sempre queira "mais" riqueza material, j que o "mais" parece ir at o infinito.

O resultado uma cultura na qual no h o conceito de equilbrio, ou um senso do que realmente importante, ou "suficiente". A publicidade faz isso por meio de suas constantes descries das "possibilidades", muitas vezes fazendo as pessoas questionarem o prprio valor porque no tm "as melhores coisas da vida", etc.

A "inveja" parece ser cultivada bem cedo na vida, talvez quando o professor da escola elogiasse o aluno que tirou as maiores notas, e repreendesse os que no conseguissem, fazendo com que aquele aluno se sentisse com inveja daquele que tirou a maior nota. Independente de sua origem, uma ttica clssica de propaganda explorar essa neurose usando a mdia para descrever uma pessoa que tem alguma coisa que voc no tem, fazendo com que voc se sinta como se precisasse possuir isso para ser "igual". Isso muito similar a ganncia, sendo que a diferena que as pessoas acabam por desprezar os outros pelo que eles tm, criando tenso e muitas vezes conflito.

O ego geralmente definido como "uma sensao de superioridade aos outros". Essa distoro toma essencialmente duas formas: 1. Superioridade geral baseada na riqueza da classe ou posio na hierarquia social. 2. Arrogncia relacionada contribuio criativa de algum, exigindo

prestgio, reconhecimento e outras "retribuies".

O ltimo, para muitos, parece quase "natural", pois hoje em dia as pessoas adoram "levar os crditos" por suas ideias e invenes. Isso recebe um forte reforo no sistema monetrio, uma vez que quando algum "lucra", est literalmente sendo "recompensada" e "reconhecida" por suas invenes e aes pessoais. Isso aumenta ainda mais a propenso de uma pessoa exigir crdito pelo que ela faz, mesmo se isso no tiver nada a ver com dinheiro.

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Deve ser ressaltado que nenhum humano de fato "inventa" ou cria algo sozinho. Cada ideia e criao foram formadas com base nas contribuies das geraes anteriores, nas influncias ambientais e/ou alheias. Como certa vez disse Isaac Newton: "Se eu vi alm, foi apenas por estar em cima dos ombros de gigantes."[11] Seu ponto era que ele construiu sua pesquisa, e, por conseguinte descobertas, em cima do trabalho de muitos grandes cientistas que viveram antes dele. O crdito, portanto no s dele; vai para todo o corpo de descobertas cientficas com as quais ele aprendeu e trabalhou.

No h espao para essa forma de ego ao se compreender que TODAS as invenes e criaes so na realidade colaboraes desenvolvidas sucessivamente, de um jeito ou de outro.

Quanto primeira descrio de ego registrada acima ("Superioridade geral baseada...") essa uma disposio voltada classe em que num nvel esto os meios psicolgicos para fazer algum se sentir melhor por ter mais do que outro humano. Uma pessoa abastada andando pela rua acha mais fcil repudiar uma pessoa sem-teto, dizendo "ele s um vagabundo", o invs de reconhec-la como uma vtima da cultura.

Em outro nvel, elitismo cego, na forma de uma espcie de "classe baseada em racismo" leva as pessoas a menosprezar aqueles com menos poder de compra como sendo "inferiores" ou "indignos", pois a estatura social, educao e estilo de vida desfrutados por essa elite largamente fora do alcance daqueles sem uma poder de compra parecido, criando assim grosseiras diferenas na cultura.

No fim das contas, nossos valores se baseiam no que funciona, nos ajuda a criar uma vida mais fcil e melhor. Se vivermos num sistema que recompensa a competio, interesse prprio obscuro, corrupo, vaidade e arrogncia, ento so esses os valores que sero constantemente perpetuados na sociedade. Apesar de muitos elogiarem a "honestidade", a "considerao para com o prximo" e a "humildade", fcil ver por que essas qualidades no prevalecem, j que o sistema de sobrevivncia na sociedade de hoje no as apiam ou reforam.

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Mecanismo 5: Manipulao fiscal

O dinheiro usado hoje a chamada "moeda fiduciria", o que significa que seu valor essencialmente determinado por decreto governamental. Em outras palavras, no h nada "suportando" o valor da moeda a no ser talvez o suor do trabalhador que troca seus servios pela moeda.

H muitos anos, a maioria das moedas era em "padres de outro" o que proporcionava uma base pseudo-emprica para o valor de um papel-moeda, mais isso era ainda totalmente arbitrrio, pois a origem do valor era simplesmente transferida para essa matria-prima chamada "ouro", a qual essencialmente tambm no tinha valor. O "valor" de qualquer material relacionado escassez (suprimento) e demanda, e esses atributos esto sempre em fluxo e, portanto instveis.

Essa suposta equao de "oferta e procura" se aplica tambm diretamente ao valor monetrio. O valor dentro de um sistema de moeda fiduciria originado de quanto dinheiro est em circulao dentro de uma economia. Assim como ocorre com qualquer recurso natural, quanto mais dinheiro estiver em circulao, menos valer cada unidade de moeda fiduciria.

Quando h menos dinheiro em circulao, cada unidade vale mais, respectivamente. Esse fenmeno chamado de "inflao" e "deflao", de um modo geral. iro[nota 6]

Em termos bem simples, se lanado dinheiro novo dentro de subir ao passo que o valor da moeda torna-se

uma economia, sem se considerar a atual demanda de bens e servios, os preos eventualmente proporcionalmente menor. Isso um "efeito inflacionrio".

Contudo, se o novo dinheiro for rapidamente usado para a criao de novos bens e servios, onde exista uma demanda para comprar esses produtos, ele pode ser introduzido na economia se um efeito inflatrio substancial. Por exemplo, se houver demanda de novas casas no mercado, e o governo injeta 1 bilho de dlares em dinheiro novo na economia, e todo esse dinheiro usado na criao de novas casas, que so depois compradas, o efeito inflatrio mnimo.

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O aumento no suprimento de dinheiro disponvel numa economia chamado de expanso monetria, enquanto contrao monetria o nome de uma diminuio nesse suprimento. Quando essas duas foras esto em jogo, voc tende a ter um curso cclico, chamado "ciclo da expanso e contrao", tambm conhecido como "ciclo econmico" ou "ciclo do boom e bust" (mais sobre isso abaixo).

Em termos gerais, o perodo de expanso normalmente associado ao assim chamado "crescimento econmico", pois mais dinheiro est sendo usado e geralmente mais empregos so criados. De maneira oposta, o perodo de contrao normalmente chamado de recesso ou depresso, j que o dinheiro est se esgotando e, portanto existe menos para ser usado. Ento pessoas so demitidas e companhias vo falncia. ]

O conceito de "crescimento econmico" tipicamente definido como: "aumento na quantidade de bens e servios produzidos por uma economia ao longo do tempo". O sistema de medio do PIB (Produto Interno Bruto), que basicamente compara o "rendimento" e "produo" de uma economia em certo perodo de tempo freqentemente usado para calcular esse suposto "crescimento econmico".

Agora, antes de nos adentrarmos mais no assunto, vamos destacar que toda a ideia de crescimento econmico, tal qual tradicionalmente interpretada, absurda em relao ao verdadeiro desenvolvimento humano. No existe o crescimento humano em si, pois o mecanismo fundamental quase que totalmente baseado na quantidade de liquidez (dinheiro) no sistema.

Em outras palavras, se eu falsificasse 100 milhes de dlares americanos a lhe desse para voc comear um negcio (voc no sabe que falso) e voc comprasse e reformasse uma velha estrutura, contratasse um time de empregados e comeasse a produzir um produto que o pblico compre isso seria considerado uma "expanso" da economia. Voc investiu em bens reais aumentou a taxa de emprego e criou novos produtos que os outros compraram, estimulando, portanto a circulao da moeda (o "ciclo de consumo").

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Ento, o que aconteceria se descobrissem que todo o seu dinheiro era falso, e toda a operao fosse suspendida? Isso seria uma "contrao" da economia. J que assim o dinheiro desapareceria; seus empregados seriam despedidos, a construo fechada e a produo cessada.

Dado o panorama acima, voc deve perguntar: O que foi o real crescimento? Se o aumento (expanso) no suprimento de dinheiro pode resultar na criao de empregos e produo, enquanto a reduo (contrao) resulta na perda de empregos e produo, qual o propsito precisamente?

Para compreender isso mais claramente, precisamos olhar em como o dinheiro criado e regulado pelo governo e/ou seu banco central. Usaremos os Estados Unidos e seu banco central o Federal Reserve.

Como expresso acima, o "ciclo de expanso e contrao" um padro cclico, que tem a ver com a infuso e abdicao de dinheiro no sistema. Esse padro em grande parte controlado e manipulado pelo banco central (Federal Reserve) por meio de taxas de juros. Uma taxa de juros uma taxa exigida a um muturio para o uso de uma quantia de dinheiro. Essa taxa baseada na porcentagem de uma soma emprestada.

Uma vez que todo o dinheiro na economia dos EUA e de praticamente todas as outras economias no mundo, so criadas do dbito atravs de emprstimos[12], a rapidez com que o dinheiro adquire existncia depende em quanto de juros uma pessoa deseja pagar para adquirir um emprstimo. Os bancos comerciais baseiam suas taxas de juros em valores determinados pelo banco central.

Por exemplo, na Amrica o "imposto bsico" a mais baixa taxa de juros cobrada pelos bancos para a maioria de seus clientes mais confiveis. Essa taxa baseada na chamada "taxa de fundos federais" a qual imposta pelo Federal Reserve.

Entretanto, este livro no tem como finalidade dissecar os mtodos complexos e cheios de jarges usados pelo sistema bancrio. Contudo, o

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importante propsito aqui compreender que o Federal Reserve tem o poder de influenciar as taxas de juros de todos os bancos. Isso se traduz no poder de controlar a quantidade de dinheiro que est sendo emprestada, e conseqentemente o total em circulao.

Quando o Fed abaixa suas taxas de juros, assim tambm fazem os bancos comerciais e o crdito (emprstimo) se torna mais barato. Quando o Fed aumenta suas taxas de juros, o crdito encarece.

Num ambiente de juros baixos mais pessoas provavelmente iro emprestar dinheiro, coloc-lo em circulao, e criar o suposto "crescimento econmico" (expanso). Num ambiente de altos juros, poucos podem se dar ao luxo de fazer emprstimos, menos posto em circulao e o crescimento econmico atrasado ou revertido (contrao).

O suposto "ciclo econmico" se resume a isso, e o Federal Reserve, atravs de sua manipulao das taxas de juros, pode "regular" a expanso e contrao de dinheiro de acordo com sua vontade, at certo ponto.[nota 7]

Por que o Fed precisa controlar isso? Para compreender isso, voc precisa lembrar-se de que (1) todo dinheiro criado a partir do dbito (emprstimos) e (2) a expanso do suprimento de dinheiro pode levar inflao.

Se o suprimento de dinheiro pudesse crescer constantemente (expandir-se), seria s uma questo de tempo antes de o mercado ficar saturado com excesso de liquidez reprimindo o crescimento econmico resultante. Isso ir depois levar inflao, desvalorizando a moeda, aumentando os preos.

Da mesma forma, a dvida pendente diretamente proporcional ao suprimento de dinheiro, ento quanto mais uma economia "se expande", maior a dvida criada. Isso inicia uma crise sistemtica e inevitvel, pois para o dinheiro necessrio para pagar os juros cobrados nos emprstimos no existe na economia completamente.[nota 8]

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Em conseqncia, sempre h mais dvida pendente do que dinheiro em existncia. Uma vez que a dvida fica maior do que uma pessoa/companhia pode bancar, comea a inadimplncia (muitas vezes sistematicamente), diminuem e/ou cessam os emprstimos e o suprimento monetrio comea a contrair-se. Essa situao especfica do dbito superando e anulando a expanso poderia ser simplesmente chamada de "falncia financeira".

Agora, antes de prosseguirmos, precisamos falar mais especificamente sobre dvida. preciso ser claramente compreendido que o dbito em si tambm uma ferramenta muito usada para o controle social, mas no de forma que a maioria consideraria.

Num sistema monetrio, toda a estrutura baseada na participao humana. A estrutura sempre hierrquica, de modo que aqueles no topo da pirmide sempre se beneficiam mais do que a maioria na base. Por isso, manter as pessoas motivadas a se empregarem e temerosas de perderem seus empregos, logo suas utilidades, uma circunstncia positiva para aquele no topo.

Uma pessoa que "precisa" de um emprego mais propensa a aceitar um salrio mais baixo, e menos passvel a causar problemas. Uma das maneiras mais confiveis de fazer as pessoas trabalharem e manter a subordinao deix-las em dvida.

Uma pessoa que deve muito ser muito mais submissa ao sistema do que uma pessoa sem dvidas. Pouco se fala desse mecanismo de "escravido por meio do dbito, uma vez que a maioria sequer pensa nisso. Cada dlar em existncia teoricamente tem de ser devolvido ao sistema bancrio e para tal, o dinheiro deve ser "adquirido" pelas partes endividadas, geralmente atravs do "salrio" ou "lucro", exigindo, por conseguinte servio/servido humana.

Esse problema composto pela realidade de que sempre existe mais dbito pendente do que dinheiro em existncia (devido aos juros cobrados), tornando ftil a tentativa do pblico de "no perder nem ganhar" dentro do sistema. Haver sempre mais dvida a ser quitada, assegurando a escravido das massas.

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No prximo captulo, continuaremos nossa anlise do sistema financeiro e suas polticas para destacar como as freqentes falhas no sistema so criadas em sua prpria estrutura, de um modo ou de outro.

Antes de o fazermos, vamos resumir o que foi discutido neste captulo:

Resumo do captulo 1Nosso mundo est dominado pela prtica da economia monetria (tambm conhecida como "sistema monetrio"). Com base nesse sistema, o "valor" de uma mercadoria ou servio definido pela disponibilidade (grau de escassez) do recurso necessrio, junto com a quantidade/tipo de mo-de-obra envolvida na produo/servio. De acordo com essa teoria de valor, se bens/servios pudessem ser produzidos sem mo-de-obra, e os recursos estivessem em total abundncia, o valor (etiqueta de preo) seria zero, no possuindo, portanto valor monetrio algum. Se tal situao fosse acontecer, talvez com o uso de automao da mo-de-obra e processos qumicos para encontrar substitutos para recursos escassos, todo o sistema financeiro/de lucro no teria base concreta e, portanto, no poderia existir. Algo que causa uma influncia oculta no mercado a escassez. As indstrias de um modo geral querem a escassez, pois ela aumenta a demanda. Essa realidade cria uma imediata despreocupao com a questo humana/ambiental e refora mtodos abusivos que funcionam para limitar a capacidade de produo e disponibilidade de recursos, em vez de expandi-los para o bem maior. Conseqentemente, a abundncia impossvel. Alm disso, a moeda nesse sistema deliberadamente feita escassa pelos bancos centrais, forando os humanos a lutar uns com os outros diariamente, sendo que nunca h o bastante para todos, o que perpetua misria e estratificao de classes. O sistema monetrio exige "consumo cclico", ou constantes reviravoltas no mercado. Isso se traduz numa propenso/necessidade natural para criar produtos inferiores que estragam rapidamente, uma vez que se fossem criados produtos durveis e sustentveis, o mercado sofreria, pois menos pessoas necessitaram de reparar ou comprar um produto novamente. O que leva a nveis altos de multiplicidade, desperdcio e poluio. Se os produtos na sociedade fossem feitos para realmente durarem por um longo perodo

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de

tempo,

atravs

do

uso

dos

melhores

materiais

e

mtodos

conhecidos, o sistema monetrio no existiria, j que ele s pode funcionar quando uma constante "entrada" financeira gerada pelas compras. O maior problema para um ser humano a questo da sobrevivncia, e num sistema monetrio esse interesse prprio inerente se traduz numa constante busca por "lucro". Foi provado que essa mentalidade causa muito mais problemas do que benefcios sociedade, pois a preocupao social vem sempre depois do ganho monetrio. Se a indstria de fato "se preocupasse" com a sociedade, colocando o bem estar e os maiores interesses das pessoas como prioridade nmero um, o sistema monetrio no funcionaria, pois toda a orientao da estrutura exige "vantagem diferencial". Em outras palavras, "igualdade" e "integridade" no tm lugar num sistema onde toda a base de sobrevivncia tem a ver com competio. Claro, os defensores do sistema lhe diro que ele cria "incentivo", mas esse incentivo apenas para ganho monetrio e nada mais. Nesse sistema, contribuies significativas sociedade no so subprodutos do acaso, no a inteno inicial. A corrupo financeira tambm est sempre presente, sendo que muitas formas so aceitas como "normais" e legais. Ao mesmo tempo, a guerra a forma final de estmulo econmico e isso faz da morte e destruio uma coisa positiva queles que esto em posies polticas/comerciais para se beneficiarem dela. A guerra na realidade buscada pela indstria, independentemente de sua desumanidade. Dada esta realidade, a guerra provavelmente nunca acabar enquanto o sistema de lucro existir, enquanto o prprio comportamento humano ter sempre uma propenso abusiva, devido necessidade de tirar vantagem dos outros para sobreviver. O sistema de valores humanos largamente um produto do ambiente. A influncia do sistema monetrio, bem como as mentalidades inescrupulosas de que ele precisa para ganhar, junto com os valores distorcidos criados pelas agncia de publicidade para condicionar as pessoas a comprarem algo, criaram uma cultura de pessoas vs, egostas, agressivas e inseguras. Vaidade, ego, inveja e ganncia so todos subprodutos do sistema e em se tratando de "promoo" de vendas, o resultado final mais importante do que os meios. Da mesma forma, a motivao competitiva e voltada ao interesse prprio inerente na busca de lucro cria uma indiferena geral para com o bem estar alheio, perpetuando inclinao ao abuso e proveito.

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O dinheiro usado atualmente no mundo a moeda fiduciria e geralmente regulado pelos bancos centrais. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (seu banco central) manipula as taxas de juros para controlar a expanso e contrao do suprimento de dinheiro. O dbito gerado por emprstimos (lembre-se de que o dinheiro passa a existir atravs de emprstimos; portanto o dinheiro criado da dvida) encarecido pelo uso de juro, pois o dinheiro para pagar os juros cobrados pelo emprstimo nunca respectivamente criado no suprimento monetrio. Por isso, quando o suprimento de dinheiro expandido, normalmente criando "crescimento econmico" (dinheiro novo sendo posto em circulao), uma quantia proporcional de dvidas tambm criada, forando as pessoas a se submeter ao trabalho para arcar com as dvidas. Posto que juros mais princpio de emprstimos no quitados, iro sempre exceder o suprimento monetrio disponvel, esse aspecto constitui nada menos do que uma forma de escravido econmica, uma vez que virtualmente impossvel para o publico coletivo se livrar das dvidas. Alm disso, o termo "crescimento econmico" na verdade absurdo, pois todo crescimento expansivo temporrio e deve ser contrabalanceado pela contrao. A nica razo, pela qual mais empregos so criados porque mais dinheiro est em circulao.

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Captulo 2: A ltima Falncia

Muito alm da irresponsabilidade

David Walker, ex-controlador geral dos EUA e chefe do GAO, alertou antes da eleio de 2004 que se no fossem feitas grandes mudanas econmicas, por volta de 2009 os Estados Unidos e seus contribuintes no seriam capazes de bancar os juros da dvida nacional. 2013 as taxas de[13]

Um estudo autorizado pelo tesouro pblico dos EUA teriam de aumentar para 65%. [14]

em 2001 descobriu que para manter a taxa de crescimento da dvida, em torno de juros

Se os Estados Unidos no puderem bancar os juros de seus dbitos, seria o estgio final do colapso econmico e conseqentemente resultaria numa falncia total. A crise sistemtica por sua vez iria provavelmente se espalhar pelo resto do mundo, graas s conexes financeiro-comerciais inerentes.

Como

aconteceu

isso?

Por

que

a

dvida

nacional

dos

EUA

de

$12.250.000.000.000 em janeiro de 2009? Dos 203 pases no mundo atualmente, apenas quatro (!) no devem. A dvida externa coletiva de todos os governos no mundo hoje cerca de 52 trilhes de dlares[15] e esse nmero no inclui a massiva da dvida domstica de cada pas.

O mundo inteiro est basicamente falido. Mas como? Como pode o mundo como um todo dever a si mesmo?

Obviamente, isso tudo absurdo. No existe "dinheiro". Existem apenas os recursos planetrios e a mo-de-obra e ingenuidade humanas. O sistema monetrio no nada alm de um jogo. Alis, antiquado e defeituoso. Aqueles em posies de poderio social alteram as regras do jogo, vontade. A natureza dessas regras orientada pelas mesmas mentalidades competitivas e distorcidas, que so usadas no cotidiano "monetrio", s que desta vez o jogo burlado em sua base para favorecer aqueles que conduzem o show.

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Por exemplo, se voc tivesse 1 milho de dlares e depositasse esse dinheiro numa C.D. a 5% de juros, voc iria gerar $50,000 por ano apenas por esse depsito. Voc estaria tirando dinheiro do prprio dinheiro... papel sendo gerado por outro papel... Nada que acrescente sem invenes sem contribuies sociedade nada.

Estipulado isso, se voc uma pessoa de classe baixa ou mdia, que financeiramente limitada, e precisa fazer emprstimos a juros para comprar a casa ou usar cartes de crdito, logo voc paga juros ao banco, que teoricamente o banco depois usa para pagar o retorno da pessoa com a C.D. de 5%!

Essa no s uma equao ultrajante devido ao uso de usura (juro) para "roubar do pobre para dar ao rico", como tambm perpetua a estratificao de classes justamente pela maneira como ela funciona, mantendo as classes baixas pobres, sob a constante carga da dvida, ao passo que conserva rica a classe alta, com o meios para transformar o dinheiro extra em mais dinheiro, sem criar nada.

Essa realidade aparte existe outros jogos no sistema que funcionaram por dcadas, mas que esto agora comeando a transformarem-se em inevitveis desastres matemticos que deveriam ser antecipados h 100 anos.

O "ciclo do boom e bust"(tambm conhecido como "ciclo econmico")

Definies rasas do "ciclo econmico" normalmente se lem: "repetidas flutuaes na atividade econmica que consiste na recesso e recuperao e crescimento e declnio. oscilao.[1]

Contudo, isso no diz nada acerca do motivo da

Embora existam vrias teorias para a causa, parece que a maioria dos economistas tende a se esquivar do "elefante na sala de estar". E esse o poderoso efeito que a contrao monetria (dinheiro removido) e expanso (adio de dinheiro novo) tm no ciclo econmico.

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Quando se adiciona capital ao suprimento monetrio, esse dinheiro ento geralmente posto em circulao por algum motivo. Motivos esses que muitas vezes incluem abrir um negcio, comprar uma casa, investir na bolsa de valores, etc. Esse investimento freqentemente se traduz no suposto "crescimento econmico".

A expanso do crdito, na forma de emprstimos pessoais e empresariais, de fato a fora oculta por trs do crescimento econmico. Esse basicamente o perodo do boom no ciclo do boom e bust. Se voc examinar as tendncias prvias da expanso econmica nos Estados Unidos, descobrir uma relao ntima com a expanso do crdito (i.e. a bolha na bolsa de valores em 1990-2000).

Infelizmente,

o

dinheiro

no

pode

ser

introduzido

na

economia

indefinidamente, pois o dbito e a

inflao causados pela expanso iro

eventualmente superar os benefcios do "crescimento". Isso se deve ao fato de que sempre preciso dinheiro novo para cobrir a dvida pendente, em grande parte graas necessidade de pagar os juros dos emprstimos (os quais no existem no suprimento de dinheiro respectivamente). Isso significa que depois de um perodo de crescimento (subida) com os ponteiros econmicos agora voltados para o enfraquecimento da economia, os reguladores financeiros/governo podem escolher entre: 1. Continuar a expanso injetando ainda mais dinheiro, normalmente atravs da reduo das taxas de juros (como o "imposto bsico" ou a "taxa de desconto") ou simplesmente da movimentao de grandes somas de dinheiro para certos setores (como a ejeo de 700 bilhes de dlares dos bancos); ou 2. Deixar a contrao (recesso) seguir seu curso, elevar as taxas de juros, e devolver a economia a algum tipo de equilbrio, preparando-a assim para outra expanso.[nota 9]

Ao longo da histria, o padro tem sido fazer os dois, basicamente com a ideia de "amenizar" a recesso por meio do aumento de liquidez. A razo simples. politicamente impopular para a classe dominante que haja cidados desempregados, pobres.

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Isso pode levar desobedincia civil e talvez revoluo. Por conseguinte, existe sempre o jogo de apaziguar o povo com falsa segurana a fim de evitar que venha tona a verdade sobre a disfuncionalidade e corrupo inerentes do Esquema Ponzi conhecido como sistema monetrio.[nota 10]

Ento, o resultado desse "amenizar" da contrao apenas prorroga o inevitvel e uma vez que o governo dos EUA tem virtualmente "amenizado" toda contrao que temos visto nos ltimos 70 anos atravs da infuso de mais dinheiro no sistema, uma "catstrofe" nos espera... a "grande contrao". E ela pode estar acontecendo no momento que isto est sendo escrito.

A figura 1 abaixo a representao do ciclo econmico, oscilando num meio constante, com os picos representando o "boom", e as depresses o "bust".

Mas considerando que esse dinheiro sempre foi estrategicamente injetado no sistema quando havia contrao, a linha "do meio" est na verdade ascendendo. Abaixo, a figura 2 representa o que realmente anda acontecendo durante os ltimos 70 anos e o que est para acontecer conforme se aproxima a "grande contrao".

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A partir de maro de 2006 o governo dos EUA parou de informar o M3, que a soma total de dinheiro na economia em virtualmente todas as formas. Qual o motivo para tal? Eles no querem que o pblico saiba quanto dinheiro est sendo inserido no sistema.

A figura 3, abaixo, mostra o M3 at o momento em que pararam de inform-lo.

Apesar de o Fed ter parado o relatrio, economistas seculares tm sido capazes de rastrear os componentes do M3 independentemente [16] e o que se tem percebido que, desde 2006, o M3 cresceu de 10 trilhes para 14.5 trilhes no final de 2008, um crescimento de quase 50% em menos de 3 anos.

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At que ponto podemos ir? Nesse ritmo, por volta de 2015, o suprimento de dinheiro estar em torno dos 30 trilhes de dlares. Entretanto, nem sempre que o dinheiro est sendo injetado no sistema significa que havendo expanso econmica. Esse um ponto crtico. Por exemplo, uma das marcas do crescimento econmico a criao de empregos. A figura 5, abaixo, mostra a taxa de desemprego nos EUA, incluindo o componente SGS[nota 11] que leva em conta queles americanos que no trabalham, mas que no so contados como "desempregados" simplesmente porque o perodo de reconhecimento j terminou.

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Apesar de as agncias oficiais do governo terem informado que o desemprego estava em torno de 7% no final de 2008, pesquisas aprofundadas demonstraram, que na verdade, ele est prximo dos 18% da populao dos EUA. Falaremos mais sobre o porqu dessa realidade na prxima seo (A ltima Terceirizao). Mas, por enquanto, vamos apenas usar essa informao para compreendermos que a infuso de dinheiro no suprimento monetrio no est surtindo efeito na atual crise financeira.

Como dito anteriormente, o dinheiro no pode ser adicionado economia indefinidamente, porque a dvida e a inflao causadas pela expanso iro eventualmente superar os benefcios do "crescimento".

isso o que est acontecendo agora e nenhuma interveno (operao de emergncia) no sentido de "amenizar" essa crise parece funcionar. Por qu? Principalmente porque os nveis de dvida esto altssimos. A dvida total do governo dos EUA mais a de seus cidados era de aproximadamente 53,000,000,000,000[17] em 2007(figura 6). Isso insano quando voc se d conta de que o suprimento monetrio total (M3) dos EUA em 2007 era de aproximadamente 12,000,000,000,000. Ns vamos agora injetar mais de 40 trilhes de dlares na Economia dos EUA para cobrir isso? No, porque isso no s criaria trilhes em dvida nova, como tambm provavelmente causaria hiperinflao em grande escala. De um ponto de vista diferente: o PIB dos EUA em 2007 estava em torno de 14 trilhes![18]

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Neste exato momento (2009) est ocorrendo deflao e inflao ao mesmo tempo, sendo que a deflao, na forma de contrao, est vencendo. O dinheiro est desaparecendo mais rpido do que pode ser injetado, colocando em termos simples.

Enquanto o prprio sistema impe essa inevitabilidade em si mesmo, a cadeia de eventos para o colapso atual parece comear com uma bolha especulativa crescente no mercado imobilirio. Uma vez que isso quebrou, o mercado derivativo, (o qual detm valores que excedem vrias vezes o PIB do planeta inteiro[19]) que apostou nessas hipotecas, tornou-se "txico" devido aos arrestos. Isso desencadeou a falncia dos bancos de investimento; juntamente com a falncia dos bancos comerciais seguidores; o que leva falncia das corporaes que necessitam de crdito; inevitavelmente resultando na demisso mo-de-obra em si. Essa crise sistmica global, por causa da natureza internacional dos mercados financeiros, e por isso que os pases do mundo ocidental esto agora verificando problemas econmicos similares aos dos EUA.

Contudo, por favor, note que muito embora parea que a bolha imobiliria e os "emprstimos predatrios" sejam "os culpados" por esta crise, eles de fato no so. Esta falncia aconteceria de um jeito ou de outro justamente por causa da natureza do sistema econmico. Mas, a incrvel irresponsabilidade envolvida em gerir esse sistema j prejudicial agravou e acelerou ainda mais a seriedade do colapso iminente, fazendo com que o futuro parece horrvel se essa falsa estrutura, conhecida como "sistema monetrio", for mantida.

O ltimo outsourcing

Tudo que foi descrito na seo anterior de grande importncia em termos de compreender onde estamos e aonde vamos dentro dessa estrutura econmica. Por favor, perceba que essas informaes so to relevantes para no-americanos quanto so para americanos, pois o mundo compartilha do mesmo sistema bsico e esto estritamente interligados. Ento, em resposta a esses problemas, as pessoas muitas vezes sugerem uma "reforma monetria" como soluo. Essas sugestes geralmente consistem

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em: voltar ao padro ouro; proscrever o juro; fechar o Federal Reserve e dar ao governo o direito de imprimir e o dinheiro e distribu-lo livre da dvida, etc..

Embora essas e outras reformas apresentem mritos lgicos, elas no reconhecem um fenmeno incessante que tem acelerado desde o incio do sculo XX e que causou um grande impacto na fora de trabalho: A substituio de mo-de-obra humana por mquinas.

No cerne do sistema econmico est o mecanismo de trabalho por rendimento. Todo o nosso sistema econmico baseado em seres humanos vendendo seus labores como uma mercadoria no mercado livre. Se os humanos no tivessem a opo de "trabalhar para seu sustento", o sistema monetrio como conhecemos, acabaria.

Ningum pode comprar mercadorias se no ganha dinheiro. As companhias no podem produzir se o consumidor no tem poder de compra algum. Essa afirmao anula tudo o que foi anteriormente discutido neste captulo.

Como John Maynard Keynes, em The General Theory of Unemployment, Interest and Money, aponta com desdm: "Estamos sendo afetados por uma nova doena, sobre a qual alguns leitores podem ainda no ter ouvido falar, mas que certamente iro nos anos que esto por vir a saber, o 'desemprego tecnolgico'. Isto , o desemprego causado ele."[20] por nossas descobertas de meios de economizar trabalho ultrapassando o ritmo no qual conseguimos descobrir novos usos para

Embora polticos, lderes empresariais e proletrios debatam acerca dos problemas que eles alegam serem os responsveis pelo crescimento do desemprego mundo afora, como o outsourcing de companhias estrangeiras ou o trabalho imigrante, a verdadeira causa no est sendo abordada no debate pblico: o desemprego tecnolgico.

Nas palavras do economista ganhador do Prmio Nobel Wassily Leontief:

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"O papel dos humanos como os fatores mais importantes na produo est fadado a diminuir do mesmo modo que o dos cavalos na produo agrcola foi primeiramente reduzido e depois eliminado com a introduo dos tratores."[21]

Desde que o capitalismo mercantil baseado na lgica de reduzir os custos de entrada (incluindo os de mo-de-obra) para elevar os lucros, a tendncia a substituir fora de trabalho humana sempre que possvel por automao mecnica uma progresso natural na indstria. Afinal, uma mquina no precisa descansar, no exige plano de sade ou benefcios, e no faz parte de um exigente sindicato trabalhista.

Uma rpida olhada nas estatsticas americanas de trabalho por setores definitivamente revela o padro de automao mecnica substituindo a mo-deobra humana. No setor agrcola, praticamente todos os processos tradicionais so agora executados por mquinas.

Em 1949, as mquinas colhiam 6% do algodo no sul dos EUA. Por volta de 1972, 100% da colheita de algodo passou a ser feita mecanicamente.[22]

Quando

a automao atingiu o setor de produo americano na dcada de 50, 1,6 milhes de empregos de colarinho azul foram perdidos em 9 anos. [23] Em 1860, 60% dos EUA trabalhavam na agricultura, ao passo que hoje so menos de 3%. [24]

Em 1950, 33% dos trabalhadores americanos trabalhavam no setor de produo, enquanto que por volta de 2002 tornaram-se apenas 10%.[25] A indstria metalrgica americana, de 1982 a 2002, aumentou sua produo de 75m toneladas para 120m toneladas, ao passo que seus trabalhadores foram de 289.000 para 74.000.[26]

Em 2003, a Alliancie Capital realizou um estudo das 20 maiores economias do globo, abrangendo o perodo de 1995 a 2002, que descobriu que 31 milhes de empregos no setor de produo foram perdidos, enquanto a produo teve um aumento de 30%.[27] Essa forma de aumentar a produtividade e o lucro, aliada ao aumento do desemprego, um fenmeno novo e poderoso, sem nenhum sinal de mudana vista.

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Ento, para onde foram esses empregos? Para o setor de servios. Enquanto que de 1950 2002, a porcentagem de americanos desempregados nas indstrias de servio estavam ente 59% e 82%[25], nos ltimos 50 anos, o setor absorveu os desempregados da agricultura e produo.

Infelizmente, esse padro est sendo desacelerado medida que a automao computadorizada contida. De 1983-1993, os bancos cortaram 37% de seus caixas humanos, e no ano de 2000, 90% dos clientes usavam caixas eletrnicos.[28]

Os

operadores

de

telemarketing

foram

quase

que

completamente

substitudos por vozes eletrnicas que respondem a perguntas. Os caixas dos correios esto sendo substitudos por mquinas auto-servio, enquanto que os caixas esto sendo substitudos por caixas eletrnicos.

O McDonald's, por exemplo, tem falado sobre uma total automao de seus restaurantes j faz muitos anos, introduzindo quiosques para substituir a equipe do balco, assim como ferramentas culinrias automticas, como viradores de hambrgueres, para a equipe interna.[29]

O fato de ainda no terem feito isso est

provavelmente ligado a questes de relaes pblicas, pois eles sabem quantos empregos seriam cortados no caso de o fazerem.

No h uma rea sequer na indstria de servios que no esteja sendo afetada pela automao computadorizada. Na verdade, se algum pensasse criativamente sobre a aplicao da tecnologia que existe atualmente, mas no ainda aplicada no setor de servios, fcil perceber como, quase que do dia para a noite, a maioria desses servios poderia ser removido, a comear pelos caixas, garons, e operadores de telefone. O economista Stephen Roach alertou: "O setor de servios perdeu sua funo como desenfreado mecanismo criador de empregos dos EUA."[30]

Onde est o novo setor emergente para empregar todos os desempregados quando essa transio ocorrer? De fato no h uma. Pelo menos no ainda. Embora existam muitos campos de especializao emergindo no reino das informaes, eles

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so muitos limitados em suas habilidades de oferecer algo prximo a uma compensao pela vasta perda de empregos que est por vir.

E enquanto economistas se esforam para criar modelos para lidar com esse problema de desemprego que quase no para, estendendo-se desde o apoio financeiro que o governo d ao trabalhador (auxlio-desemprego) at noes modernas como o "imposto de renda negativo", a maioria se recusa a considerar o que realmente preciso para prevenir o caos total neste planeta.

A soluo no reside em tentar "consertar" os problemas que emergiram, mas sim est na hora de transcender o sistema como um todo. Porque o sistema de troca monetria, junto com o prprio capitalismo, est agora totalmente obsoleto em decorrncia da criatividade tecnolgica.

Resumo do captulo 2O sistema monetrio mundial no passa de um jogo. Ele tem pouco fundamento na realidade. Surgiu centenas de anos atrs quando a escassez de recursos era uma realidade. As pessoas de antigamente precisavam distribuir mercadorias e servios de alguma forma, enquanto compensavam aqueles que trabalhavam para cri-los. Esse sistema monetrio baseado no trabalho tem sido a sociedade padro at o momento, e a maioria das pessoas sequer consegue imaginar um mundo sem ele. No obstante, os mecanismos do sistema, tanto estrutural como psicologicamente, criaram graves problemas para toda a sociedade, abrangendo de crimes monetrios e distores emocionais ao abuso e explorao do planeta e dos outros em enormes escalas. O mundo de hoje na realidade uma srie de mfias tribais. A linha entre o crime organizado e os negcios tradicionais de fato no existe. Todo o mundo, por sua vez, est em desacordo consigo mesmo, com indivduos, empresas e naes trabalhando sempre para defender o que tm, ao passo que se esforam para ganhar mais, geralmente atravs da fora e corrupo. Hoje, o mundo inteiro est em dbito consigo mesmo, devendo cmicas quantias de dinheiro, enquanto a integridade da estrutura do mundo financeiro est beira de um colapso graas a suas prprias falhas. Entretanto, mesmo com essas questes expostas, existe uma fora ainda mais poderosa e imprevista que garantir o fim do sistema econmico

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como o conhecemos de uma vez por todas, e ela vem na forma de desemprego tecnolgico. Os seres humanos esto sendo substitudos por tecnologias automticas num ritmo acelerado, dando incio a um desastre de propores jamais vistas, j que se as pessoas no tm empregos, elas no podem manter a economia por meio da compra de algo. Essa realidade a prova final de que nosso sistema est agora desatualizado, e se queremos impedir levantes e misria numa escala sem precedentes, teremos que rever nossos conceitos tradicionais acerca de como funciona a sociedade em seus nveis mais fundamentais. Precisamos de um novo sistema social, um que esteja em dia com nosso atual conhecimento, com a metodologia moderna.

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Parte 2: O Que Relevante?

Captulo 3: A Lei da Natureza

Quando deixamos de lado a complexidade social e analisamos a ns mesmos e o mundo a partir de uma perspectiva mais ampla, temos a tendncia de achar que h uma tremenda quantidade de rudo no sistema. Em outras palavras, os fundamentos da vida foram perdidos em um mar de obrigaes sociais, profissionais e financeiras.

Por exemplo, a necessidade de dinheiro e renda coloca o homem em uma posio onde a escolha freqentemente muito limitada. Normalmente, o trabalho encontrado para obteno de renda no reflete os verdadeiros interesses de uma determinada pessoa, nem os interesses da sociedade como um todo. Se analisssemos as ocupaes que existem hoje, tenderamos a pensar que a grande maioria delas no serve para uma funo maior do que a perpetuao do "consumo cclico". Essa arbitrariedade constitui um tremendo desperdcio de vida e recursos.

Por exemplo, uma pessoa que vende seguros faz parte de uma profisso que s relevante para o funcionamento interno do sistema monetrio, e no tem base no que diz respeito a uma verdadeira "contribuio para a sociedade". O mesmo vale para os corretores, comerciantes e qualquer outra profisso que lide com o setor financeiro. So profisses arbitrrias, funes vs que nada contribuem de real para a sociedade em longo prazo.

Apesar de ser argumentado que o papel que eles exercem afeta as pessoas no dia-a-dia do sistema econmico, est na hora de realmente darmos um passo para trs e comearmos a concentrar os nossos esforos nas questes sociais que so de fato relevantes para o progresso social. Em detrimento de empregos arbitrrios conjurados para extrair a riqueza uns dos outros.

Isso um desperdcio de vida. Conseqentemente, todo o sistema educacional nos dias atuais nada mais do que uma indstria que prepara os seres

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humanos para papis ocupacionais majoritariamente predefinidos. Esse elemento da vida humana tornou-se to tradicional, que muitos erroneamente consideram a natureza de "ter um trabalho" como parte do instinto humano.

Os pais costumam perguntar aos seus filhos "O que voc quer ser quando crescer?" como se houvesse apenas uma coisa a se fazer. Isso preocupante e uma violao do potencial humano.

Agora, por uma questo de argumentao, vamos esquecer os atuais modos de conduta na sociedade e considerar o que realmente verdadeiro. Vamos propor a seguinte questo:

Quais

so

as

facetas

quase-empricas

da

natureza

e

o

que

estes

entendimentos nos ensinam sobre como devemos reger nossa conduta no planeta?

Lei natural 1 Todo ser humano necessita de nutrio adequada, ar puro e gua limpa e, portanto, deve respeitar os processos simbiticos ambientais inerentes.

Em primeiro lugar, cerca de 40 por cento das mortes no mundo inteiro so hoje causados pela poluio da gua, ar e solo.[31]

um nmero assustador.

Como podemos levar a sociedade a srio, quando nem ao menos conseguimos manter os nossos mais vitais recursos e processos naturais em ordem? Porque muitos dos supostos cientistas de hoje trabalham em interesses exotricos como "buracos negros", "campos qunticos" e "terraformao" de outros planetas, mesmo quando ainda mal podemos cuidar de ns mesmos!?

O fato que a maioria dos humanos no compreende ou consideram a interconectividade da natureza e da cadeia de processos pelos quais a nossa comida, o ar e a gua surgem atualmente. No entanto, se analisarmos e aprendermos a partir desses processos, com uma linha lgica de raciocnio

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combinada a uma deduo sugestiva, ir nos guiar a comportamentos humanos mais adequados que nos ajudaro a satisfazer nossas necessidades.

Por exemplo, a gua e o ar so recursos planetrios naturalmente abundantes que apenas exigem da populao humana a manuteno e preservao de suas fontes. Infelizmente, nosso sistema baseado em lucro est tornando a gua utilizvel escassa, pois a indstria continua a poluir o sistema repetidamente.

O ar, por outro lado, embora ainda muito abundante, tem sido fortemente poludo em reas de alta concentrao humana, para o efeito de que na sia muitos usam mscaras faciais quando saem de casa.

Evidentemente, o ar e gua poludos conduzem a inmeros outros problemas. S nos Estados Unidos cerca de 3 milhes de toneladas de produtos qumicos txicos so liberados no ambiente no perodo de um ano que contribuem para defeitos congnitos, distrbios no sistema imunolgico, cncer e muitos outros graves problemas de sade.[31]

Por sua vez, mesmo as fontes de processamento de nosso ar e gua esto sendo comprometidas. Da chuva cida ao desmatamento, estamos a assistir uma contnua degradao do que costumava ser naturalmente abundante e limpo.

No que se refere produo alimentar, devemos em primeiro lugar notar que a indstria hoje forada a produzir alimentos mais baratos e competitivos, conseqentemente sacrificando a qualidade nutricional. Por exemplo, uma grande quantidade dos alimentos de hoje contm algo chamado de "xarope de milho". Esta substituio barata de acar de cana tem sido relacionada em aumentar consideravelmente o risco de diabetes e outros problemas de sade.[32]

Por

que

usamos

isso?

Porque

rentvel,

e

o

pblico,

sempre

economicamente consciente, compra porque mais barato.

A relao simbitica de processos naturais tem construdo um plano de referncia, que se torna acessvel ao entendermos como o mundo realmente

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funciona atravs da investigao cientfica. O nosso comportamento deve ser guiado pela prioridade de buscar a maior otimizao das circunstncias que preservem e maximizem a quantidade e a qualidade de nossas necessidades de vida. Infelizmente, isto no est acontecendo.

O fato que a nossa sustentabilidade est sob grave ameaa pelos atuais mtodos que estamos usando. O sistema monetrio continua a funcionar de acordo com o interesse de lucro em curto prazo, ignorando a destruio em longo prazo.

Conforme indica a Lei Natural, precisamos de alta qualidade do ar, alimentos e gua para viver, por isso, devemos superar os sistemas que atrapalhem, ou criam a circunstncias que atrapalham os processos simbiticos ambientais que mantm as nossas necessidades bsicas em ordem.

Se no o fizermos, as conseqncias da nossa violao da presente lei poder nos colocar em um ponto sem volta em nvel ambiental e, portanto, a sobrevivncia da raa humana estar sob risco.

Lei natural 2 A nica constante a mudana e compreenses humanas esto sempre em transio.

No h provas para suportar a ideia de que tudo o que pensamos que verdade hoje ir manter sua integridade amanh. E sim, paradoxalmente, isso vale para tudo o que voc est lendo aqui. Embora certos fenmenos naturais observados possam parecer quase empricos baseado em dados cientficos atuais, as especificidades de cada noo sempre sero alteradas, pois os nossos instrumentos e mtodos de anlise e medio esto sempre mudando e, esperamos, para melhor.

Nas palavras de C. J. Keyser: "Absoluta certeza um privilgio de mentes ignorantes e fanticos."[33]

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Um breve olhar sobre as amplamente defendidas noes histricas, desde a terra ser plana ao sol girar ao redor da terra, nos ensina que a mudana intelectual constante, por sua vez, seres humanos devem manter sua mente "aberta" o quanto possvel para novas informaes, mesmo que essas informaes desafiem seu senso de identidade.

Um infeliz efeito colateral evolutivo que, na cultura moderna, uma grande dose de ego est envolvida com crenas e valores. Religio, por exemplo, tende a manter vises estticas do mundo que freqentemente refletem uma compreenso da realidade que datam de milhares de anos atrs. Devido prpria construo da muitas ideias religiosas, que tendem a ameaar com conseqncias metafsicas (cu/inferno) aqueles que contradizem seus ensinamentos, muitas pessoas no mundo hoje mantm estas vises do mundo por medo, rejeitando novas informaes que possam ajud-los em suas vidas, para no falar da prpria sociedade.

Evidentemente, a religio est longe de estar sozinha nesta questo, pois aparentemente muitos seres humanos tendem a querer acreditar que o que eles acham certo e verdadeiro empiricamente correto. Isto, obviamente, faz sentido, para uma sociedade que hoje muitas vezes despreza aqueles que "no sabem".

Tudo aquilo que pensamos e "sabemos" so apenas probabilidades e com mtodos modernos de anlise, que j provaram ter benefcios proativos para a sociedade durante longos perodos, podemos agora pesar nossos entendimentos e crenas sobre uma tabela progressiva, variando entre menos provvel para mais provvel, com base no na opinio ou subjetividade humana, mas nas respostas concretas vindas do mundo natural.

O mtodo cientfico

A natureza tem o seu prprio conjunto de leis, e no tm a capacidade de reconhecer ou se importa sobre o que voc ou algum acredita ser verdade. Perante esta realidade, do nosso interesse aprender e alinhar-se com a natureza da melhor forma possvel.

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Caminhar com a corrente do oceano muito mais fcil do que lutar contra ela. E no momento que algum possa acreditar com todo o seu corao que ela pode caminhar pelo teto, sem nenhum amparo da fsica, a Lei da Gravidade no vai permitir isso. O mais conhecido mtodo para a descoberta e a aplicao das leis da natureza denominado: "O mtodo cientfico".

O mtodo cientfico tem basicamente trs passos: 1. 2. Reconhecer uma nova ideia ou problema que precisa ser resolvido; O uso do raciocnio lgico[nota 12] para criar uma hiptese, considerando todas as informaes disponveis; 3. Testar a hiptese no mundo fsico atravs da observao.

O mtodo cientfico se refere a um conjunto de tcnicas utilizadas para investigar fenmenos; adquirir novos conhecimentos; corrigir e integrar conhecimentos prvios e a aplicao de tais conhecimentos.

As tcnicas utilizadas consistem em mtodos de observao emprica (tais como a medio), juntamente com a fundamentao de hipteses e, finalmente, o teste dessas hipteses no mundo real para obter comentrios sobre a validade de uma ideia. Todas as concluses testveis exigem provas, no s deduo ou bom senso. Embora o raciocnio lgico seja importante para o desenrolar da investigao cientfica, ainda est sujeito a falhas, pois cada um de ns est sempre em um estado limitado de conhecimento. Um exemplo clssico disto remonta a Aristteles (384 a.C.-322 a.C.). Ele concebeu a hiptese, atravs de raciocnio lgico baseado naquilo que entendia naquela poca, que um objeto pesado cairia mais rpido do que um objeto mais leve de mesmo formato e material. Ele logicamente presumiu que quanto mais peso um objeto tivesse, mais rpido ele cairia no vcuo. No entanto, ele no testou a ideia. Devido a esta falha na adequada utilizao do mtodo cientfico, o mundo teve que esperar mais 2000 anos, quando Galileu finalmente testou a hiptese de

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Aristteles. Ele descobriu que Aristteles estava errado o peso no determina a velocidade com que um objeto cai no vcuo.

A questo aqui que no importa o quo corretamente fundamentado nossas concluses possam ser, elas devem ser testadas. Se jogar gua sobre uma madeira pegando fogo, o fogo provavelmente vai se apagar.

Isto nos d certo grau de informao obtido com a concluso que: "gua apaga fogo".

Embora esta teoria possa ser vlida para a maioria dos cenrios de incndio, se voc joga gua sobre petrleo pegando fogo, o petrleo vai flutuar rapidamente por cima da gua e o fogo ir se espalhar. Portanto, a hiptese de que "gua apaga fogo" no completamente verdadeira, e teria de ser revisada para levar em conta esse novo cenrio.

O mtodo cientfico tambm uma atitude; uma perspectiva. No importa o quo "correto" algo possa parecer, ns faremos uma checagem e observao para ver se aquilo realmente possui validade. Na verdade, deveramos ser muito cticos sobre qualquer alegao que no possa ser vista ou testada no mundo fsico.