40
82 Tratamento de Água (ETA), a Reserva de Gurjaú possui uma área de 1.077,10 ha definida pela Lei Estadual Nº 9.989 de 1987. Apresenta-se como uma área típica de uma mata, ainda bem conservada, com vegetação de grande porte associada à vegetação de médio e pequeno porte. O local encontra-se bastante ameaçado, não só em decorrência da exploração canavieira, como do uso indiscriminado pelos posseiros para pecuária, fruticulltura e agricultura de subsistência. O trabalho foi realizado nas matas do Mané do Doce, Cuxio e de Secupema. MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA Amostragem Quantitativa. O levantamento quantitativo foi realizado no horário compreendido entre 5h e 30 min às 9h e 30min, durante cinco dias consecutivos. As observações foram realizadas em uma trilha pré-existente na Reserva, com cerca de 4.000 metros, abrangendo o interior e a borda da mata. Além das espécies já registradas no levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et al. 1999), durante cinco dias, das 15h às 17h e 30min. Os ambientes adjacentes aos fragmentos foram considerados nesta amostragem. Foram anotadas as espécies com o tipo de registro (visual ou escuta), estrato ocupado (dossel, sub-bosque ou solo), local do registro (interior, borda ou áreas adjacentes), observações gerais sobre o comportamento dos indivíduos e algumas condições ambientais relevantes. As observações foram realizadas com binóculos 8mm x 30mm e as vocalizações registradas através de gravador AIWA modelo TP560 com microfone externo para casos dúbios. CAPTURAS Foram utilizadas 20 redes de neblina de 36mm de malha, 12 m de comprimento e 2,5m de altura. Essas redes foram dispostas em linhas de rede, em uma seqüência única, segundo a metodologia adotada por Bierregaard Jr. e Lovejoy (1989). Foram armadas desde o interior da mata até atingir a borda e

MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

82

Tratamento de Água (ETA), a Reserva de Gurjaú possui uma área de 1.077,10

ha definida pela Lei Estadual Nº 9.989 de 1987. Apresenta-se como uma área

típica de uma mata, ainda bem conservada, com vegetação de grande porte

associada à vegetação de médio e pequeno porte. O local encontra-se

bastante ameaçado, não só em decorrência da exploração canavieira, como do

uso indiscriminado pelos posseiros para pecuária, fruticulltura e agricultura de

subsistência. O trabalho foi realizado nas matas do Mané do Doce, Cuxio e de

Secupema.

MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA

Amostragem Quantitativa.

O levantamento quantitativo foi realizado no horário compreendido entre 5h e

30 min às 9h e 30min, durante cinco dias consecutivos. As observações foram

realizadas em uma trilha pré-existente na Reserva, com cerca de 4.000 metros,

abrangendo o interior e a borda da mata. Além das espécies já registradas no

levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda

dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et al. 1999),

durante cinco dias, das 15h às 17h e 30min. Os ambientes adjacentes aos

fragmentos foram considerados nesta amostragem. Foram anotadas as

espécies com o tipo de registro (visual ou escuta), estrato ocupado (dossel,

sub-bosque ou solo), local do registro (interior, borda ou áreas adjacentes),

observações gerais sobre o comportamento dos indivíduos e algumas

condições ambientais relevantes. As observações foram realizadas com

binóculos 8mm x 30mm e as vocalizações registradas através de gravador

AIWA modelo TP560 com microfone externo para casos dúbios.

CAPTURAS

Foram utilizadas 20 redes de neblina de 36mm de malha, 12 m de

comprimento e 2,5m de altura. Essas redes foram dispostas em linhas de rede,

em uma seqüência única, segundo a metodologia adotada por Bierregaard Jr. e

Lovejoy (1989). Foram armadas desde o interior da mata até atingir a borda e

Page 2: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

83

área adjacente, amostrando os ambientes da área (Figura 23). A captura

ocorreu em cinco dias consecutivos a cada mês amostrado, permanecendo as

redes abertas das 5h às 10h, e das 15h às 17h, horários que concentram maior

número de indivíduos ativos (Figura 24).

A Identificação das espécies foi realizada através de referências básicas e

guias de campo ilustrados (Dunning 1987, Ridgely & Tudor 1994a, b e Sick

1997) e as vocalizações gravadas foram comparadas às existentes no arquivo

sonoro dos pesquisadores. A separação de indivíduos machos e fêmeas foi

realizada através da análise da plumagem.

AMOSTRAGEM QUALITATIVA

Foram consideradas para a elaboração da listagem específica as espécies

registradas nos levantamentos quantitativos, nas capturas e os registros visuais

e auditivos de aves através de caminhadas realizadas pelos diversos

fragmentos de mata de Gurjaú.

Figura 23 - Mata da Reserva de Gurjaú evidenciando as Matas do Cuxió e Secupema, locais de captura e de levantamento quantitativo para o grupo aves.

Page 3: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

84

Figura 24 -: Rede de captura (rede de neblina) armada na Mata do Cuxió na Reserva de Gurjaú, detalhando um indivíduo de Leptopogon amaurocephalus no momento da captura em 2 de outubro de 2002.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram relacionadas 225 espécies de aves para a reserva de Gurjaú, com um

total de 14 ameaçadas, de acordo com a listagem apresentada pelo Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis em 2003. As

espécies ameaçadas relacionadas para Gurjaú foram: Thalurania watertonii,

Momotus momota macgraviana, Picumnus exilis pernambucensis,

Conopophaga liineata cearae, Conopophaga melanops nigrifons, Curaeus

forbesi, Tangara cyanocephala corallina, Tangara fastuosa, Xenops minutus

alagoanus, Myrmeciza ruficauda, Pyriglena leuconota pernambucensis,

Thamnophilus aethiops distans, Thamnophilus caerulesces, Platyrinchus

mystaceus niveigularis (Figuras de 25 a 28).

No que se refere ao censo, foram registradas 177 espécies, correspondendo a

78,67% do total de espécies catalogadas para a área. A freqüência de

ocorrência variou de 0,09% a 8,36% para os não Passeriformes; de 0,03% a

9,46% para os Passeriformes Suboscines e de 0,04% a 14,55% para os

Passeriformes Oscines (Tabela 12).

As espécies mais abundantes dos não Passeriformes foram: Laterallus viridis,

Porphyrula martinica, Jacana jacana, Pionus maximiliani, Piayia cayana,

Page 4: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

85

Crotophaga ani, Glaucis hirsuta, Phaethornis ruber e Galbula ruficauda. (Figura

29). Para os Passeriformes Suboscines os mais abundantes foram:

Herpsilochmus rufimarginatus, Formicivora grisea, Sittasomus griseicapillus,

Zimmerius gracilipes, Elaenia flavogaster, Hemitriccus zosterops, Todirostrum

cinereum, Tolmomyias flaviventris, Pitangus sulphuratus, Myiozetetes similis,

Legatus leucophaius, Tyrannus melancholicus, Chiroxiphia pareola e Manacus

manacus (Figura 30). Os Passeriformes Oscines mais abundantes foram:

Thryothorus genibarbis, Troglodytes musculus, Ramphocaenus melanurus,

Turdus leucomelas, Cyclarhis gujanensis, Vireo chivi, Coereba flaveola,

Thraupis palmarum, Euphonia violacea, Arremon taciturnus e Saltator maximus

(Figura 31)

Foi registrada a presença da placa de incubação em algumas aves capturadas

na reserva de Gurjaú. Segundo Sick (1997), a placa incubatória costuma ser

restrita às fêmeas, entretanto, Davis (1945) registrou a presença da placa de

choco em machos de tiranídeos. A tabela 13 relaciona as aves, sexo, e os

períodos que foram observados o sinal de choco. Os exemplares da tabela 13,

sem dimorfimo sexual aparecem com o sexo indeterminado. Foram registrados

Camptostoma obsoletum, Coereba flaveola, transportando material para

construção do ninho em um arbusto em 13 de setembro de 2002. Estas

observações sugerem o mês de setembro como parte do período reprodutivo

destas espécies.

Trabalhos desenvolvidos nas matas da Estação Ecológica de Tapacurá

detectaram o período de maio a outubro para a reprodução de algumas aves

de mata (Azevedo Júnior e Serrano 1987 e Azevedo Júnior 1990). Em Gurjaú,

o período reprodutivo foi de setembro a fevereiro com registro em março e

outro em junho.

Foram observados na beira da Mata Mané do Doce, um bando com cinco

Tangara fastuosa e um Tangara cyanocephala corallina, em 28 de agosto de

2002. Em 14 de setembro, dois indivíduos de Tangara fastuosa foram vistos

comendo frutos de bananeira na borda da mata acima citada. Comumente

essas aves são observadas em beira de mata e são muito apreciadas por

passarinheiros (Sick, 1997).

Page 5: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

86

Os beija-flores: Glucis hirsuta, Phaethornis ruber, Eupetomena macroura,

Amazilia vesicolor e Heliothrix aurita foram observados visitando o “mangará”

das bananeiras na mata do Mané do Doce. Na mesma localidade, Euphonia

violacea, Tangara fastuosa, Tangara cyanocephala, Dacnis cayana, Cyanerpes

cyaneus e Saltator maximus, alimentavam-se de bananas cultivadas entre os

fragmentos de mata da reserva de Gurjaú.

A riqueza da avifauna de Gurjaú constituída por 225 espécies, com

representantes ameaçados e endêmicos reforça a necessidade da implantação

de uma unidade de conservação que proteja esses recursos, considerando,

sobretudo, a pressão antrópica do desmatamento, da implantação de culturas

agrícolas e da caça de comercialização.

As Matas do Mané do Doce, Cuxio e do Secupema, em função da ocorrência

de exemplares ameaçados e endêmicos, deveriam ser interligadas por

corredores, acelerando o processo de restauração.

76

64

3754

88

77

4843

34

Laterallus viridis

Porphyrula martinica

Jacana jacana

Pionus maximiliani

Piaya cayana

Crotophaga ani

Glaucis hirsuta

Phaethornis ruber

Galbula ruficauda

Figura 25 - Freqüência de ocorrência das espécies de aves mais abundantes (Não Passeriformes), quantificadas entre agosto de 2002 a abril de 2003 na Reserva de Gurjaú, Pernambuco.

Page 6: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

87

111

108

119

251

178

136290

171

119

126

212103117

157

Herpsilochmus rufimarginatusFormicivora griseaSittasomus griseicapillusZimmerius gracilipes Elaenia flavogaster Hemitriccus zosterops Todirostrum cinereum Tolmomyias flaviventrisPitangus sulphuratusMyiozetetes similis Legatus leucophaius Tyrannus melancholicus Chiroxiphia pareola

Figura 26 - Freqüência de ocorrência das espécies de aves mais abundantes (Passeriformes: Suboscines), quantificadas entre agosto de 2002 a abril de 2003 na Reserva de Gurjaú, Pernambuco.

162

126

142

192

147

247223

341

96

103

173Thryothorus genibarbis Troglodytes aedonRamphocaenus melanurusTurdus leucomelas Cyclarhis gujanensis Vireo chivii Coereba flaveola Thraupis palmarum Euphonia violaceaArremon taciturnus Saltator maximus

Figura 27 - Freqüência de ocorrência das espécies de aves mais abundantes (Passeriformes: Oscines), quantificadas entre agosto de 2002 a abril de 2003 na Reserva de Gurjaú, Pernambuco.

Page 7: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

88

Figura 28 - Tangara fastuosa capturado na Mata do Mané do Doce, Reserva de Gurjaú em 13 de setembro de 2002 (espécie ameaçada)

Figura 29 - Conopophaga melanops (macho) capturado na Mata do Secupema, Reserva de Gurjaú em 2 de outubro de 2002 (espécie ameaçada).

Page 8: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

89

Figura 30 - Conopophaga melanops (fêmea) capturado na Mata do Secupema, Reserva de Gurjaú em 3 de outubro de 2002 (espécie ameaçada).

Figura 31 – Platyrhynchos mystaceus capturado na Mata do Sucupema, Reserva de Gurjaú em 3 de outubro de 2002 (espécie ameaçada).

Page 9: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

90

Tabela 12 – Listagem das aves da reserva de Gurjaú apresentando a freqüência de ocorrência (FO) das espécies relacionadas.

ORDEM/FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME POPULAR FOORDEM TINAMIFORMES FAMÍLIA TINAMIDAE

001 Crypturellus soui nhambu-mata-cachorro 0,47002 Crypturellus parvirostris nhambu-espanta-boiada 0,28003 Crypturellus tataupa nhambu-de-pé-roxo004 Nothura boraquira codorna-de-cabeça-preta 0,19

ORDEM PODICIPEDIFORMES FAMÍLIA PODICIPEDIDAE

005Tachybaptus dominicus mergulhão-pequeno

006 Podilymbus podiceps mergulhão-caçador 0,19 ORDEM CICONIIFORMES FAMÍLIA ARDEIDAE

007 Casmerodius albus garça-branca-grande008 Egretta thula garça-branca-pequena 0,09009 Bulbucus ibis garça-vaqueira 0,85010 Butorides striatus socozinho 0,09011 Tigrisoma lineatum socó-boi 0,47012 Ixobrychus exilis socoí-vermelho013 Botaurus pinatus socó-boi-marron 0,09

FAMÍLIA CATHARTIDAE 014 Coragyps atratus urubú-de-cabeça-preta 1,71015 Cathartes aura urubú-de-cabeça-vermelha 1,8 016 Cathartes burrovianus urubú-de-cabeça-amarela

ORDEM ANSERIFORMES FAMÍLIA ANATIDAE

017 Dendrocygna viduata irerê018 Amazonetta brasiliensis patarrona019 Nomonyx dominicus bico-roxo

ORDEM FALCONIFORMES FAMÍLIA ACCIPITRIDAE

020 Elanus leucurus gavião-peneira021 Gampsonyx swainsonii gavião-pombo022 Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza 1,04

Page 10: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

91

023 Buteo albicaudatus gavião-de-cauda-branca 024 Asturina nitida gavião-pedrez 0,19025 Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta 0,28026 Rupornis magnirostris gavião-carijó 2,37027 Buteogallus urubutinga gavião-preto 0,09028 Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco 0,28

FAMÍLIA FALCONIDAE

029 Herpetotheres cachinnans acauã 0,47030 Micrastur semitorquatus gavião-relógio 0,09031 Micrastur gilvicollis gavião-mateiro 0,28032 Milvago chimachima carrapateiro 0,19033 Caracara plancus carcará 0,28

ORDEM GALLIFORMES FAMÍLIA CRACIDAE

034 Ortalis araucuan aracuã ORDEM GRUIFORMES FAMÍLIA ARAMIDAE

035 Aramus guarauna carão 0,19Continuação da Tabela 12

Ordem/Família/Espécie Nome Popular FoFAMÍLIA RALLIDAE

036 Aramides cajanea três-potes 0,28037 Porzana albicollis sanã-carijó038 Laterallus viridis saracura-marron 3,23039 Gallinula chloropus frango-d'água-preta040 Porphyrula martinica frango-d'água-azul 7,22

ORDEM CHARADRIIFORMES FAMÍLIA JACANIDAE

041 Jacana jacana jaçanã 6,08 FAMÍLIA CHARADRIIDAE

042 Vanellus chilensis tetéu 0,38 ORDEM COLUMBIFORMES FAMÍLIA COLUMBIDAE

043 Columbina passerina rolinha-cinzenta044 Columbina minuta rolinha-cafofa 0,85

Page 11: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

92

045 Columbina talpacoti rolinha-caudo-de-feijão 0,76046 Leptotila rufaxilla juriti 7,5 047 Geotrygon montana parari 1,04

ORDEM PSITTACIFORMES FAMÍLIA PSITTACIDAE

048 Aratinga leucophthalmus maritaca 0,09049 Aratinga cactorum gangarra 0,19050 Forpus xanthopterygius tuim 0,95051 Touit surda apuim-de-cauda-amarela 1,61052 Pionus maximiliani maitaca-de-maximiliano 3,51

ORDEM CUCULIFORMES FAMÍLIA CUCULIDAE

053 Piaya cayana alma-de-gato 4,56054 Crotophaga ani anu-preto 4,08055 Guira guira anu-branco056 Tapera naevia peitica 0,19

ORDEM STRIGIFORMES FAMÍLIA STRIGIDAE

057 Otus choliba corujinha-do-mato058 Pulsatrix perspicillata murucututu 059 Glaucidium brasilianum caburé 0,09

ORDEM CAPRIMULGIFORMES FAMÍLIA NYCTIBIIDAE

060Nyctibius griseus mãe-da-lua FAMÍLIA CAPRIMULGIDAE

061 Nictidromus albicollis bacurau 0,09062 Hydropsalis brasiliana bacurau-rabo-de-tesoura

ORDEM APODIFORMES FAMÍLIA APODIDAE

063 Reinarda squamata tesourinha 0,57 FAMÍLIA TROCHILIDAE

064 Glaucis hirsuta balança-rabo-de-bico-torto 5,13065 Phaethornis pretrei rabo-branco-de-sobre-amarelo 0,47066 Phaethornis ruber besourinho-da-mata 8,36067 Eupetomena macroura beija-flor-rabo-de-tesoura 0,66

Page 12: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

93

068

Melanotrochilus fuscus beija-flor-de-rabo-preto-e-branco

069 Anthracothorax nigricollis beija-flor-de-veste-preta 1,23070 Chrysolampis mosquitus beija-flor-vermelho 1,52071

Chlorestes notatus beija-flor-safira-de-garganta-azul 2,47

072 Chlorostilbon aureoventris besourinho-de-bico-vermelho 0,28073 Thalurania watertonii * beija-flor-das-costas-violeta 1,14074 Hylocharis cyanus beija-flor-roxo 0,47075 Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca 0,09076 Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-branca 0,19077 Amazilia leucogaster beija-flor-de-barriga-branca 0,19078 Heliothryx aurita beija-flor-de-bochecha-azul 0,38079 Heliactin cornuta chifre-de-ouro

ORDEM TROGONIFORMES FAMÍLIA TROGONIDAE

080 Trogon viridis surucuá-de-barriga-amarela 0,28081 Trogon curucui surucuá-de-coroa-azul 0,76

ORDEM CORACIFORMES FAMÍLIA ALCEDINIDAE

082 Ceryle torquata martin-pescador-grande083 Chloroceryle amazona martin-pescador-verde 0,19084 Chloroceryle americana martin-pescador-pequeno 1,52085 Chloroceryle aenea martin-pescador-anão 0,09

FAMÍLIA MOMOTIDAE

086 Momotus momota * udu-de-coroa-azul

ORDEM PICIFORMES FAMÍLIA GALBULIDAE

087 Galbula ruficauda bico-de-agulha 7,31 FAMÍLIA BUCCONIDAE

088 Nystalus maculatus joão-bobo 0,38 FAMÍLIA RAMPHASTIDAE

089 Pteroglossus aracari araçari-de-bico-branco 2,75090 Pteroglossus inscriptus araçari-miúdo-de-bico-riscado 0,85

FAMÍLIA PICIDAE

Page 13: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

94

091 Picumnus cirratus pica-pau-anão-barrado 0,76092 Picumnus exilis * pica-pau-anão-dourado 2,56093 Picumnus fulvescens pica-pau-anão-de-pernambuco 2,09094 Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca 0,09095 Veniliornis passerinus pica-pau-pequeno 0,76096 Veniliornis affinis pica-pau-de-asa-vermelha 1,61

ORDEM PASSERIFORMES FAMÍLIA FORMICARIIDAE

097 Taraba major cancão-de-fogo 098 Thamnophilus doliatus choca-barrada099 Thamnophilus palliatus choca-listrada 0,36100 Thamnophilus caerulescens * espanta-raposa 0,42101 Thamnophilus aethiops * choca-lisa 0,82102 Dysithamnus mentalis choquinha-lisa 0,39103 Thamnomanes caesius ipecuá 0,39104 Myrmotherula axillaris choquinha-de-flancos-brancos 2,61105 Herpsilochmus rufimarginatus chorozinho-de-asa-ruiva 3,36106 Herpsilochmus atricapillus chorozinho-de-chapéu-preto 0,49107 Formicivora grisea papa-formiga-pardo 3,62108 Pyriglena leuconota * papa-taoca 109 Myrmeciza ruficauda * papa-formiga-de-cauda-ruiva 0,36110 Conopophaga melanops * chupa-dente-de-máscara-preta 111 Conopophaga lineata * chupa-dente

FAMÍLIA FURNARIIDAE 112 Furnarius leucopus amassa-barro113 Synallaxis frontalis tio-antônio 0,36114 Poecilurus scutatus estrelinha-preta 0,13115 Certhiaxis cinnamomea casaca-de-couro 0,33116 Phacellodomus rufifrons ferreiro 0,88117 Xenops minutus * bico-virado-miúdo 0,42118 Xenops rutilans bico-virado-carijó 0,1

FAMÍLIA DENDROCOLAPTIDAE 119 Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde 3,52120 Xiphorhynchus picus arapaçu-de-bico-branco 2,41121 Lepdocolaptes angustirostris arapaçu-do-cerrado 0,03122 Lepdocolaptes fuscus arapaçu-rajado 0,55

FAMÍLIA TYRANNIDAE

123 Zimmerius gracilipes poairo-de-sobrancelha 3,88

Page 14: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

95

124 Camptostoma obsoletum risadinha 1,11125 Phaeomyias murina bagageiro126 Myiopagis viridicata guaracava-esverdiada 127 Myiopagis gaimardii maria-pechim 0,49128 Elaenia flavogaster maria-já-é-dia 8,18129 Elaenia spectabilis guaracava-grande 0,1 130 Elaenia mesoleuca gordinho 0,06131 Elaenia cristata papa-enxeico 0,03132 Mionectes oleagineus abre-asas 0,23133 Leptopogon amaurocephalus cabeçudo 2,09134 Capsiempis flaveola marianinha 1,21135 Hemitriccus zosterops sebinho-olho-branco 5,8 136 Hemitriccus margaritaceiventer sebinho-olho-de-ouro 0,42137 Todirostrum cinereum relojinho 4,43138 Poecilotriccus fumifrons ferreirinho 0,07139 Ryncocyclus olivaceus bico-chato-olivaceo 0,68140 Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta 0,1 141 Tolmomyias poliocephalus bico-chato-de-cabeça-cinza 0,78142 Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo 5,12143 Platyrinchus mystaceus patinho144 Myiobius barbatus assadinho-de-peito-dourado 0,03145 Myiophobus fasciatus felipe-de-peito-riscado 0,23146 Lathrotriccus euleri enferrujado 0,1 147 Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu 0,03148 Fluvicola nengeta lavadeira 1,01149 Arundinicola leucoephala viuvinha150 Machetornis rixosus bem-te-vi-do-gado 0,13151 Rhytipterna simplex planadeira 0,16152 Myiarchus ferox mané-besta 0,52153 Miyarchus tyrannulus mané-besta 0,16154 Myiarchus swainsoni irrê 0,16155 Myiarchus tuberculifer maria-cavaleira-pequena 2,41156 Pitangus sulphuratus bem-te-vi 9,46157 Megarhynchus pitangua bem-te-vi-de-bico-de-gamela 1,04158

Myiozetetes similisbem-te-vizinho-de-coroa-vermelha 5,58

159 Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado 0,03160 Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata 3,88161 Empidonomus varius peitica 0,03162 Tyrannus melancholicus suiriri 4,11163 Pachyramphus viridis caneleiro-verde 0,03164 Pachyramphus polichopterus caneleiro-preto 1,24165 Pachyramphus validus caneleiro-de-chapéu-preto 0,1

Page 15: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

96

FAMÍLIA PIPRIDAE

166 Pipra rubrocapilla cabeça-encarnada 2,28167 Chiroxiphia pareola tangará 6,91168 Manacus manacus rendeira 3,81169 Neopelma pallescens fruxu 0,16170 Schiffornis turdinus flautin-marron 0,03

FAMÍLIA HYRUNDINIDAE 171 Tachycineta albiventer andorinha-do-rio 2,05172 Progne chalybea andorinha-doméstica-grande173 Alopochelidon fucata andorinha-morena 0,04174 Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serrador 2,01175 Hirundo rustica andorinha-de-bando 0,13

FAMÍLIA TROGLODYTIDAE

176 Donacobius atricapillus chauá 1,83177 Thryothorus genibarbis garrinchão-pai-avô 6,91178 Troglodytes musculus cambaxirra 5,38

FAMÍLIA MUSCICAPIDAE 179 Ramphocaenus melanurus balança-rabo-de-bico-curvo 6,06180 Polioptila plumbea balança-rabo-de-chapéu-preto 0,77181 Turdus rufiventris sabiá-laranjeira 1,37182 Turdus leucomelas sabiá-branca 8,19183 Turdus amaurochalinus sabiá-poca 0,04184 Turdus fumigatus sabiá-da-mata 0,09

FAMÍLIA VIREONIDAE

185 Cyclarhis gujanensis pitiguari 6,27186 Vireo chivi juruviara 10,5187 Hylophilus poicilotis verdinho-coroado 0,04

FAMÍLIA EMBEREZIDAE 188 Basileuterus flaveolus canário-do-mato 0,64189 Basileuterus culicivorus pula-pula190 Coereba flaveola sebito 9,51191 Cissopis leveriana pêga192 Thlypopsis sordida saíra-canário 0,04193 Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto 0,38194 Tachyphonus cristatus tiê-galo 0,68195 Tachyphonus rufus joão-moleque 0,3 196 Ramphocelus bresilius sangue-de-boi

Page 16: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

97

197 Thraupis sayaca sanhaçu-de-bananeira 0,43198 Thraupis palmarum sanhaçu-de-coqueiro 14,5199 Euphonia chlorotica vem-vem 0,64200 Euphonia violacea guriatã 4,1 201 Tangara fastuosa * pintor202 Tangara cyanocephala * verdelin203 Tangara cayana frei-vicente 1,96204 Tangara velia saíra-diamante205 Dacnis cayana saí-azul 0,81206 Cyanerpes cyaneus saíra-beija-flor 0,55207 Sicalis luteola mané-mago208 Volatinia jacarina tiziu 0,34209 Sporophila lineola bigode210 Sporophila nigricollis papa-capim ou cabeça-preta 0,04211 Sporophila albogularis golado212 Sporophilla leucoptera patativa-chorona 0,09213 Sporophila bouvreuil caboclinho214 Tiaris fuliginosa cigarra-de-coqueiro215 Arremon taciturnus tico-tico-da-mata 4,39216 Paroaria dominicana galo-de-campina217 Saltator maximus trinca-ferro 7,38218 Cacicus solitarius bauá219 Icterus cayanensis xexéu 0,3 220 Icterus jamacaii concriz 0,09221 Leistes superciliaris espanta-boiada222 Curaeus forbesi * papa-arroz 0,3 223 Molothrus bonariensis chopim, galdério

FAMILIA PASSERIDAE

224 Passer domesticus pardal 0,64 FAMÍLIA ESTRILDIDAE

225 Estrilda astrild bico-de-lacre 0,13

*Espécies ameaçadas de acordo com IBAMA (2003)

Tabela 13 – Presença de placa de incubação em aves capturadas no centro da mata de Secupema (08 13 33,3” S , 35 03 44,1” W), na Reserva de Gurjaú, Pernambuco.

Espécie Quantidade Sexo PeríodoTurdus leucomela 5 Indeterminados 01-10-2002Manacus manacus 2 Fêmeas 01-10-2002\\Chiroxiphia pareola 2 Fêmeas 01-10-2002Gluacis hirsuta 2 Indeterminados 02-10-2002

Page 17: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

98

Turdus rufiventris 1 Indeterminado 02-10-2002Leptopogon 1 Indeterminado 02-10-2002Conopophaga cearae 1 Indeterminado 02-10-2002Myrmotherula axilaris 1 Macho 03-10-2002Manacus manacus 1 Fêmea 03-10-2002Hemitriccus zosterops 1 Indeterminado 03-10-2002Pipra rubrocapilla 1 Fêmea 03-10-2002Rhynchocyclus olivaceus 1 Indeterminado 03-10-2002Myrmotherula axillaris 1 Macho 04-10-2002Myrmotherula axillaris 1 Fêmea 04-10-2002Chiroxiphia pareola 1 Fêmea 05-11-2002Platyrinchus mystaceus 1 Fêmea 05-11-2002Glaucis hirsuta 1 Indeterminado 05-11-2002Manacus manacus 1 Fêmea 05-11-2002Conopophaga cearae 1 Indeterminado 06-11-2002Manacus manacus 4 Fêmeas 07-11-2002Pipra rubrocapilla 6 Fêmeas 06-12-2002Manacus manacus 1 Fêmea 06-12-2002Mionectes oleagineus 1 Indeterminado 07-12-2002Tolmomyias flaviventris 1 Indeterminado 07-12-2002Veniliornis affinis 1 Indeterminado 07-12-2002Chiroxiphia pareola 2 Fêmeas 08-12-2002Saltator maximus 1 Indeterminado 08-12-2002Neopelma pallescens 1 Fêmea 08-12-2002Pipra rubrocapilla 1 Fêmea 16-01-2003Chiroxiphia pareola 1 Fêmea 16-01-2003Glaucis hirsuta 1 Indeterminado 16-01-2003Manacus manacus 3 Fêmeas 17-01-2003Myiobius barbatus 1 Indeterminado 15-02-2003Rhynchocyclus olivaceus 1 Indeterminado 15-02-2003Thamnophilus aethiops 1 Fêmea 16-02-2003Neopelma pallescens 1 Fêmea 23-03-2003*Rhynchocyclus olivaceus 2 Indeterminado 17-06-2003

* Foram capturados ao mesmo tempo na mesma rede. Esta informação sugere que seja um casal com o macho também apresentando a placa de incubação. Davis (1945) relata a observação de placa em macho de alguns tiranídeos.

4.2.4 Levantamento de Mamíferos

Introdução

De acordo com Meyrs et al. (2000) a Mata Atlântica apresenta 250 espécies de

mamíferos, das quais 55 são endêmicas. A fragmentação tem produzido

graves conseqüências para este grupo, em particular para as espécies de

maior porte, verificando-se o desaparecimento total de algumas delas em

Page 18: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

99

certas regiões e localidades. A conjunção desses fatores levou a inclusão de

69 dessas na lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçadas de

extinção (MMA, 2003).

Poucas Unidades de Conservação (UC) localizadas em áreas de Mata

Atlântica, particularmente no Nordeste brasileiro, foram inventariadas de modo

satisfatório, havendo consideráveis lacunas no conhecimento taxonômico e

biogeográfico da maioria dos gêneros e espécies, de forma que novas espécies

e novas localidades de ocorrência são freqüentemente registradas a cada novo

estudo. As listas de espécies ameaçadas constituem-se nas ferramentas mais

apropriadas para guiar as ações governamentais e políticas públicas com

vistas à preservação. O controle do tráfico e comércio ilegal de animais,

também não pode prescindir dessas listas (MMA/SBF, 2002b). Daí a

importância da realização do inventário da biodiversidade das matas do

Sistema Gurjaú que servirá de subsídio para a recategorização e embasará o

plano de manejo desta UC.

Assim, o presente estudo objetivou inventariar a mastofauna terrestre existente

em Gurjaú. Esse trabalho inicial deverá também dar origem a futuros estudos

de monitoramento, que possibilitem o acompanhamento da dinâmica das

populações de mamíferos da área (Monteiro da Cruz, 1998), principalmente

daquelas espécies cuja instabilidade populacional possa comprometer a

sobrevivência das mesmas nos fragmentos desta UC.

METODOLOGIA

Área de Estudo

Preparaçãoda Área

O presente estudo foi desenvolvido em vários fragmentos da RESG (Figura

32). As capturas dos animais foram antecedidas pela abertura de novas trilhas

e mapeamento das trilhas já existentes, com o uso de GPS (para

georreferenciamento das localidades de amostragem), e bússola e trenas para

a definição dos pontos de coleta, devidamente identificados através de fitas

plásticas, e distantes 50m um do outro. Para cada área de amostragem

Page 19: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

100

selecionada foi utilizada de uma a duas trilhas cuja extensão variou entre 300m

e 1000m.

Inventário

Para o levantamento da mastofauna foram utilizadas quatro metodologias: 1)

captura com armadilhas metálicas (do tipo Tomahawk); 2) visualização em

campo; 3) identificação através de vestígios; 4) entrevistas com a comunidade

local (Wilson et al., 1996). Foram realizadas excursões mensais com duração

de 04 a 06 dias consecutivos cada, entre agosto de 2002 e abril de 2003. A

classificação taxonômica adotada neste estudo foi a de Wilson e Reeder

(1992).

Captura e Processamento

Nas capturas, foram utilizadas armadilhas de dois tamanhos (45X15X15cm e

75X30X30cm), dispostas em cada ponto de coleta, em número de 01 a 03,

procurando-se, quando possível, colocar ao menos uma no solo e outra

suspensa (a cerca de 1,5m - 2,0m do solo). Como iscas, foram utilizados frutos

(banana e abacaxi) e paçoca de amendoim, sendo as armadilhas iscadas e

revisadas a cada 24 horas. O esforço de captura, no presente estudo, foi

calculado adotando-se a fórmula: EF = NA X NC, onde EF= esforço de captura,

NA= número de armadilhas utilizadas e NC= número de dias de captura. As

armadilhas foram colocadas em 03 fragmentos: Mata da Zabé (01 trilha), Mata

do Cuxio (02 trilhas) e Mata Gurjaú-Secupema (02 trilhas), como pode ser visto

na Figura 32. Além disso, em apenas uma ocasião, fez-se uma amostragem na

região próxima à Estação de Tratamento de Água (ETA) da Compesa.

Os animais capturados foram levados a uma sala de processamento onde

foram anestesiados com Cloridrato de Quetamina (50mg/ml), para em seguida

serem processados. A dosagem do anestésico (10 a 30mg/Kg de peso) variou

de acordo com a espécie e a classe etária de cada animal. Os dados de

morfometria, peso, estado clínico e reprodução foram coletados e anotados em

fichas individuais. Além disso, todos os indivíduos foram marcados através de

tatuagem na cauda. Os animais cuja identificação não foi possível foram

sacrificados, após anestesia, e adequadamente conservados para posterior

Page 20: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

101

identificação, através de chaves taxonômicas específicas para cada grupo, ou

por comparação com material depositado nas coleções da UFPE e UFRPE. Os

espécimens assim coletados encontram-se depositados na coleção de

mamíferos do Departamento de Biologia, Área de Zoologia, da UFRPE.

Visualizações em Campo

As visualizações em campo dos mamíferos (avistamentos), foram feitas

durante os percursos realizados no transecto Gúrjaú/Secupema (a pé ou de

carro) e nas trilhas de diversos fragmentos de mata (a pé), em diferentes

horários (Figura 32). Para os animais avistados foram anotados os nomes da

espécie, o horário e o local da observação, além do número de indivíduos. Aqui

foram consideradas não apenas as visualizações feitas pela equipe de

mastofauna, mas também àquelas realizadas pelos componentes das demais

equipes de levantamento de fauna.

Identificação Através de Vestígios

Durante os percursos, também foram realizadas observações de vestígios dos

animais: pegadas, restos alimentares, fezes, pêlos e carcaças. Além dos

fragmentos de mata onde foram realizadas as capturas, a busca de vestígios

também foi realizada em outros fragmentos da região percorridos pela equipe

de mastofauna e no transecto Gurjaú/Secupema de 4Km de extensão

(Figura 32). As pegadas e carcaças encontradas foram fotografadas e

identificadas com o auxílio de guias específicos (Becker e Dalponte 1991;

Emmons e Feer, 1999).

Entrevistas com a Comunidade Local

Foi utilizado um questionário para as entrevistas com a comunidade local,

dividido em três partes: identificação, grau de conhecimento/consciência sobre

a situação da flora e fauna locais e informação sobre as prováveis espécies

que existem ou já existiram na área (sob foco qualitativo e quantitativo). Para

esta última parte, foram utilizados desenhos e pranchas coloridas (Emmons e

Page 21: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

102

Feer, 1999; Eisenberg e Redford, 1999) para orientar os entrevistados quanto à

identificação dos animais. Deu-se prioridade às pessoas que moram na área há

muitos anos, e àquelas que já praticaram ou ainda praticam a caça. A segunda

parte do questionário inclui a coleta de informações sobre o estado de

conservação do bioma e da biota atual e remota da UC, e buscou indícios

sobre a pressão de caça a que está submetida à mastofauna local. Para

inclusão de espécies citadas nas entrevistas na lista de mamíferos das matas

do Sistema Gurjaú, levou-se em consideração a confiabilidade nas respostas

dos entrevistados e a porcentagem de citações (a partir de 70% de

concordância).

Figura 32 – Matas do Sistema Gurjaú

Resultados

Durante o período do estudo foram inventariadas 32 espécies de mamíferos

para as matas do Sistema Gurjaú, pertencentes às ordens Didelphimorphia (04

gêneros, 06 espécies), Xenarthra (05 gêneros, 05 espécies), Rodentia (11

Page 22: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

103

gêneros, 11 espécies), Lagomorpha (01 gênero e 01 espécie), Carnivora (08

gêneros, 08 espécies) e Primates (01 gênero, 01 espécie), como pode ser

constatado na Tabela 15. Dentre estas, o gato-do-mato (Leopardus tigrinus)

encontra-se na lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção, na

categoria vulnerável (MMA, 2003). Além disso, vale ressaltar, a existência de

uma espécie endêmica do Nordeste brasileiro, Callithrix jacchus (sagüi), e de

um pequeno marsupial, Monodelphis americana (Figura 33), endêmico da Mata

Atlântica. Os resultados obtidos através de cada uma das metodologias

adotadas se encontram pormenorizados a seguir.

Capturas

Ao longo do estudo, através da utilização das armadilhas metálicas, ocorreram

44 capturas e 04 recapturas de mamíferos de pequeno porte (Tabela 14). Além

disso, 04 marsupiais caíram nas armadilhas montadas para répteis, do tipo pit-

fall, e 01 tamanduá-mirim, Tamandua tetradactyla (Figura 34), foi capturado

manualmente por uma pessoa da comunidade, e encaminhado à equipe de

pesquisadores. As espécies mais capturadas foram Didelphis albiventris e

Marmosa murina (Figura 35), com 10 e 9 indivíduos, respectivamente. Durante

o processamento dos espécimens capturados, constatatou-se que 01 de

Didelphis albiventris e 03 fêmeas de Didelphis marsupialis tinham filhotes no

marsúpio (Figura 36).

Figura 33 – Monodelphis americana capturado na Mata Secupema em novembro de 2002

Page 23: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

104

Figura 34 – Tamandua tetradactyla encontrado na Mata Secupema em março de 2003.

Figura 35 – Marmosa murina capturada na Mata da Zabé em setembro de 2002.

Page 24: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

105

Figura 36 – Didelphis marsupialis com filhote capturado na Mata do Cuxiu em dezembro de 2002.

Visualizações em Campo

Através das visualizações em campo, pôde-se observar 07 espécies de

mamíferos, das quais 02 também foram capturadas. Assim, os avistamentos

permitiram a inclusão de 05 espécies diferentes na lista (Tabela 15), das

ordens Xenarthra (01), Rodentia (02), Lagomorpha (01) e Carnivora (01).

Identificação Através de Vestígios

A maioria dos vestígios encontrados constitui-se de pegadas. Quatro espécies

(03 roedores e 01 carnívoro) puderam ser identificadas e acrescentadas à lista

através dos rastros. Além disso, duas carcaças de Bradypus variegatus foram

encontradas flutuando no Lago Gurjaú (Tabela 15).

Durante o trabalho de campo, também foi possível constatar a existência da

atividade de caça nos vários fragmentos de mata percorridos, através da

Page 25: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

106

presença de “esperas”, “fojos”, armadilhas para tatus, cápsulas de balas de

espingarda, tiros de arma de fogo, presença e latido de cães e perfuração à

bala na mandíbula de uma das carcaças de preguiça. Além disso, observou-se

a existência de grandes canis de cães de caça (da raça Fox Hunter) em várias

propriedades e posses da área.

Foram também identificados indícios de caça associada à venda de animais,

especificamente a capivara – Hydrochaeris hydrochaeris – a maior espécie

vivente de roedor do planeta. Em uma ilhota (com menos de 01ha), no açude

de Secupema, um tipo de armadilha grande foi construída para a captura de

capivaras, em local escondido da visão de quem faz o percurso de carro ou a

pé na margem do açude. Cultivou-se um milharal, cercado com arame e

estacas resistentes, limitado por apenas dois acessos em forma de “fojo” – um

tipo de armadilha artesanal para captura de animais vivos, semelhante a um

alçapão – que, no caso específico, correspondia a valas de 1,0m X 1,0m X

1,5m, cobertas por uma base estrutural de gravetos, forrada por materiais da

serrapilheira local. Pelo alto investimento do empreendimento, questionou-se

sobre a possibilidade de que esta captura não se limitasse à caça para

alimentação ou criação do animal como pet (animal de estimação) pela

comunidade local, mas pudesse estar associada ao comércio ilegal da espécie.

Entrevistas com a Comunidade Local

No total, foram realizadas 32 entrevistas. A partir das informações contidas nos

questionários, foi possível listar mais 11 espécies de mamíferos (06 carnívoros,

02 roedores e 03 tatus), como pode ser observado na Tabela 15. Constatou-se

ainda que, há cerca de 30 anos atrás, existiam macacos-prego (Cebus apella),

veados (Mazama gouazoupira) e porcos-do-mato (Tayassu tajacu), que hoje se

encontram extintos na região.

Também através das entrevistas foi possível tomar conhecimento de quão

grande é a pressão de caça local, que não se limita aos caçadores da própria

comunidade mais inclui também os provenientes dos municípios do entorno.

Os mamíferos mais caçados são, sobretudo, cutias, tatus e pacas, secundados

por quatis, raposas e capivaras. O método tradicional de se caçar na região é

Page 26: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

107

através do uso de espingardas, cães de caça e construção de “esperas”,

seguido do uso de armadilhas artesanais. A caça geralmente serve para ser

comida como petisco, acompanhada por bebidas alcoólicas (principalmente a

cachaça), e mais raramente para servir de animal de estimação (cutia, papa-

mel, quati, tatu, coelho, paca, capivara).

Foi unânime e enfaticamente negada, a caça comercial de animais vivos,

apesar dos indícios levantados nesta pesquisa. Foram freqüentes os relatos de

que a “caça à raposa” vem sendo praticada há muitos anos como esporte,

utilizando-se inclusive, afora cães farejadores e espingardas, de cavalos de

montaria. Segundo os entrevistados, esta modalidade de esporte tem sido

praticada, quase que exclusivamente, pelas classes mais abastadas da

população.

Tabela 14 – Áreas de amostragem, esforço de captura, número de animais capturados com respectivas ordens, da mastofauna inventariada nas matas do Sistema Gurjaú.

EXCURSÃO ÁREAS ESFORÇO DE CAPTURA

NÚMERO DE ANIMAIS

CAPTURADOS

ORDENS

1 ETA, Mata da Zabé 30 X 2 = 60 7 Rodentia e

Didelphimorphia

2 Mata da Zabé, Mata

Gurjaú/Secopema

60 X 3 = 180 1 Didelphimorphia

3 Mata Gurjaú/Secopema 60 X 3 = 180 3 Didelphimorphia e

Primates

4 Mata Gurjaú/Secopema 73 X 2 = 146 4 Didelphimorphia

5 Mata Gurjaú/Secopema 73 X 6 = 438 8 Rodentia e

Didelphimorphia

6 Mata Gurjaú/Secopema 73 X 6 = 438 5 Rodentia e

Didelphimorphia

7 Mata Gurjaú/Secopema,

Mata do Cuxiu

54 X 3 = 162 6 Rodentia e

Didelphimorphia

8 Mata Gurjaú/Secopema,

Mata do Cuxiu

74 X 4 = 296 10 Rodentia,

Didelphimorphia e

Primates

9 Mata Gurjaú/Secopema,

Mata do Cuxiu

74 X 4 = 296 4 Rodentia,

Didelphimorphia e

Primates

TOTAL ETA, Mata da Zabé,

Mata Gurjaú/Secopema,

Mata do Cuxiu

2196 48 Rodentia,

Didelphimorphia e

Primates

Page 27: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

108

Tabela 15 – Lista da mastofauna inventariada nas matas do Sistema Gurjaú

ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NOME VULGAR

MÉTODO DE AMOSTRAGEM

Didelphimorph

ia

Didelphidae Didelphis albiventris (Lund, 1840)

Timbú C, E

D. marsupialis(Linnaeus, 1758)

Cachorro do

mato

C, E

Marmosa murina(Linnaeus, 1758)

Cuíca C

Monodephis domestica (Wagner, 1842)

C

M. americana (Müller,

1776)

C

Micoureus demerarae (Thomas, 1905)

Rato fidalgo C, E

Xenarthra Bradypodidae Bradypus variegatus (Schinz, 1825)

Preguiça VC, A, E

Dasypodidae Dasypus novemcinctus(Linnaeus, 1758)

Tatu

verdadeiro

E

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758)

Tatu peba E

Cabassous unicinctus(Linnaeus, 1758)

Tatu rabo de

couro

E

Myrmecophagida

e

Tamandua tetradactyla

(Linnaeus, 1758) Tamanduá

mirim

C, VP, E

Rodentia Muridae Rattus sp. (Fisher,

1803)

Ratazana,

rato

C, E

Mus

musculus

(Linnaeus, 1758)

Catita C, E

Nectomys sp. (Peters,

1861)

Rato d’água C

Akodon sp. (Meyen,

1833)

Rato C, A

Holochilus sp. (Brandt, 1835)

Rato de cana E

Agoutidae Agouti paca (Linnaeus,1766)

Paca E

Dasyproctaprymnolopha (Wagler,

1831)

Cutia VP, E

Cavidae Cavia aperea(Erxleben, 1777)

Preá A, E

Erethizontidae Coendu prehensilis (Linnaeus, 1758)

Coendu VP, E

Sciuridae Sciurus aestuans Paracatota A, E

Page 28: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

109

(Linnaeus, 1766)

Hydrochaeridae Hydrochaerishydrochaeris(Linnaeus, 1766)

Capivara VP, E

Lagomorpha Leporidae Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758)

Coelho do

mato

A, E

Carnivora Canidae Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766)

Raposa A, E

Felidae Leopardus tigrinus(Schreber, 1775)

Gato

maracajá

E

Felis yagouarondi (Lacépède, 1809)

Raposa de

gato

E

Mustelidae Eira barbara (Linnaeus, 1758)

Papa mel E

Galictis vittata (Schreber, 1776)

Furão E

Lontra longicaudis (Olfers, 1818)

Lontra E

Procyonidae Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798)

Guará de

cana

VP, E

Nasua nasua (Linnaeus, 1766)

Quati E

Primates Callitrichidae Callithrix jacchus

(Linnaeus, 1758) Sagüi C, A, E

Legenda: C = Captura; VC = Vestígio/carcaça; VP = Vestígio/pegadas; A = Avistamento; E = Entrevista

DISCUSSÃO

A diversidade da mastofauna terrestre encontrada nas matas do Sistema

Gurjaú assemelha-se às de outros estudos realizados em remanescentes de

Mata Atlântica no estado de Pernambuco como, por exemplo, o Parque

Estadual Dois Irmãos, a Estação Ecológica de Tapacurá, a Estação Ecológica

de Caetés e a Área Piloto RBMA-Complexo Igarassu/Itapissuma/Itamaracá

(Monteiro da Cruz et al., 2002); também é bastante similar àquela do inventário

de mamíferos realizado por Fernandes (2003) em fragmentos de mata no

estado de Alagoas.

Apesar da quantidade de espécies registradas (32) ter sido razoável, o número

de capturas (48, ocorrendo 04 recapturas) foi pequeno em relação ao esforço

de captura realizado (2196). Vale salientar que apenas 12 espécies foram

capturadas em armadilhas; 09 foram adicionadas à lista através de vestígios

e/ou avistamentos e outras 11, através das entrevistas com a comunidade.

Page 29: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

110

Provavelmente o uso de outros tipos de armadilhas, como as de Sherman

(para animais bem pequenos), ou laços e grades pit-fall (para animais de médio

e grande porte) (Wilson et al., 1996), possibilitaria o aumento do número de

indivíduos capturados, mas não necessariamente o de espécies.

O fato da maioria dos mamíferos encontrados constituir-se de animais de

pequeno porte era um resultado já esperado para a região estudada. Isto se

deve, provavelmente, ao alto grau de fragmentação da área, que encontra-se

próxima a centros urbanos, apresentando uma grande pressão antrópica e

conseqüente uso dos recursos naturais, de maneira desordenada. A presença

de assentamentos humanos pode agir como meio de introdução de espécies

exóticas e domésticas que passam a competir, ou até mesmo predar, as

espécies nativas de plantas e animais (Miller e Hobbs, 2002). No caso

específico dos mamíferos, a caça e o desmatamento exacerbados são os

prováveis agentes responsáveis pelo seu desaparecimento gradual nas matas

de Gurjaú, pois estes, segundo How e Dell (2000), são os vertebrados em

maior desvantagem nos remanescentes de mata urbanos. De acordo com

Miller e Hobbs (2002), os assentamentos humanos representam inúmeras

barreiras para o deslocamento dos vertebrados terrestres, especialmente no

caso das espécies de mamíferos que possuem uma grande área de uso e que

acabam confrontando com pessoas. Pimentel (2000), em estudo realizado na

Costa Rica, também aponta os fatores caça e desmatamento como causas da

diminuição da mastofauna terrestre da região.

Observou-se também que a maioria das espécies inventariadas estão bem

adaptadas a áreas perturbadas, sobretudo àquelas próximas a cursos d`água,

plantações e pastagens (Emmons e Feer, 1999; Eisenberg e Redford, 1999), o

que é comum de se encontrar em Gurjaú. De acordo com Terborgh (1984 apud

Pimentel, 2000), em florestas perturbadas, observa-se o desaparecimento de

mamíferos de grande porte e o estabelecimento de espécies generalistas e de

menor tamanho, sem muito valor de caça. Assim, espécies como Leopardus

tigrinus e Felis yagouarondi, essencialmente carnívoras e bastante caçadas,

terão poucas chances de continuar existindo na região. Um fato preocupante

em relação à atividade de caça local de mamíferos, é que esta não é de

Page 30: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

111

subsistência, servindo como uma forma de lazer para a comunidade, além de

haver indícios do comércio ilegal de algumas espécies. A falta de fiscalização é

resultado, inequivocamente, do descaso do proprietário da área, o próprio

governo.

Espirito Santo (2002) fala sobre um consenso, amplamente aceito hoje, de que

áreas protegidas não podem ser administradas isoladas do que ocorre no seu

entorno. Ele propõe vários modos de abordagem para que a comunidade do

entorno passe a se responsabilizar pela preservação da área, pois, de acordo

com Shutkin (2000, apud Miller e Hobbs, 2002), os esforços para proteção de

habitats obtêm melhores resultados quando a comunidade local se mantém

informada e envolvidos no processo, do que quando as ordens e

regulamentações vêm de um órgão superior.

Pelo potencial que as matas do Sistema Gurjaú demonstram ter, nesta rápida

avaliação ecológica, e pelo nível de ameaça que parte considerável de sua

mastofauna vem sofrendo, sugerimos que sejam contemplados no seu Plano

de Manejo a implantação de corredores ecológicos, em curto prazo,

concebidos a partir de novos cenários para a conservação de sua

biodiversidade.

4.2.5 Levantamento da vegetação

Introdução

As florestas tropicais são ecossistemas que abrigam alta biodiversidade,

englobando cerca de dois terços do total de espécies existentes no planeta. O

Brasil graças as suas duas grandes florestas – a amazônica e a atlântica – se

destaca como um dos países possuidores da maior biodiversidade do mundo,

possuindo cerca de 357 milhões de hectares de florestas, 30% de todas as

florestas tropicais do planeta, mais que o dobro da área de quem ocupa o

segundo lugar, a Indonésia (Almeida, 2000).

Sendo o Brasil detentor da maior biodiversidade que se conhece, dos cerca de

1,4 milhão de organismos conhecidos pela ciência, 10% vivem em território

brasileiro (Mittermeier et al, 1992), é imperativo que a população nordestina se

conscientize sobre o valor ambiental e sócio-econômico da biodiversidade.

Page 31: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

112

Entretanto este bioma vem sendo destruído pela ação antrópica onde grande

parte de sua diversidade está sendo extinta antes mesmo que se conheça o

potencial ecológico, genético e a importância econômica das espécies.

Alguns grandes fragmentos ainda estão conservados, como é o caso da

reserva ora em estudo que é a de Gurjaú, que apresenta uma biodiversidade

incomparável à de outras reservas faltando apenas que o governo do estado

de Pernambuco defina urgentemente uma forma de preservar e conservar

aquela unidade.

METODOLOGIA

Localização

A área em estudo localiza-se no litoral sul de Pernambuco entre os municípios

do Jaboatão dos Guararapes e Cabo de St° Agostinho, ditando 40 Km do

centro de Recife entre a latitude 8°13’33” e longitude 35°13’44” oeste de

Greenwich e XXX ocupando uma área de 1070 hectares.

Clima

Os municípios de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de St° Agostinho

apresentam na classificação de Köeppen clima do tipo Am’s que pode ser

definido como clima tropical chuvoso de monção com verão seco e menos de

60mm no mês mais seco, com precipitação pluviométrica anual total muito

elevada (SUDENE, 1973).

No litoral sul, o domínio absoluto da massa equatorial atlântica caracterizada

pelos ventos alísios do hemisfério sul que sofrem reforço com as invasões das

massas polares ocasionam as chuvas de inverno. Os meses mais chuvosos

são junho e julho, enquanto os meses mais secos são outubro, novembro e

dezembro. A precipitação anual total atinge valores acima de 2000mm

(SUDENE 1973).

Page 32: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

113

PROCEDIMENTO DE CAMPO E LABORATÓRIO

Flora

Conforme metodologia apresentada, as visitas a campo foram realizadas duas

vezes ao mês seguindo a sistemática das trilhas existentes. Como também

novas trilhas implantadas para observações e coletas. O período de coleta

ainda se estendera por 5 a 6 meses devido a maioria das espécies arbóreas e

arbustivas não se encontrarem na fase reprodutiva.

As espécies botânicas foram classificadas seguindo o sistema de Cronquist

(1998). Cada indivíduo que foi coletado recebe um único número de coleta cujo

respectivo registro constará na caderneta de campo. Nestas cadernetas foram

anotadas todas as observações relativas ao hábito de crescimento e

características específicas (cor da flor, odor, presença de látex ou resina no

caule e algumas características no fruto), isto é, características florais e

vegetativas que possam ser modificadas e processo de secagem das

amostras. O número de duplicatas coletadas foram sempre três. Observaram-

se também os nomes vulgares dados pelo mateiro, que foram anotados e

comparados com os já existentes na literatura. O material foi processado

segundo o método de Mori et al (1989) e incorporados aos acervos dos

herbários IPA e UFRPE.

No laboratório, o material foi secado em estufa a 60°C e identificado usando-se

como auxílio, microscópio esterioscópico binocular tipo lupa, comparando-se

com espécies do acervo do herbário e usando literatura especificada.

Resultados

Os resultados encontrados estão além do esperado, principalmente com

relação à quantidade e qualidade das espécies, de importância da preservação

da flora, interesse econômico para a região tais sejam: formação de bancos de

sementes de espécies madeireiras a serem usadas para produção de mudas

no reflorestamento com espécies nativas, plantas alimentícias, ornamentais,

extração de cipós para uso em artesanato (Figuras 36 a 39).

Page 33: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

114

Lista das Espécies

As espécies foram coletadas nos diversos fragmentos existentes na área em

estudo, onde foram separadas nas diversas matas que possuem nomes locais

denominados pelo mateiro que nos acompanha e população local (Tabela 16 e

17).

Page 34: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

115

Fam

ília

No

me

Cie

ntí

fico

N

om

e V

ulg

ar

Imp

ort

ânci

aE

con

ôm

ica

Ann

ona

ceae

C

ymbo

peta

lum

bra

silie

nse

(Vel

l.) B

enth

ex

Bai

ll

Mon

nim

iace

ae

Sip

arun

a gu

iane

nsis

Au

bl.

Laur

acea

e C

inna

mom

um c

hana

Vat

tlo

uro

Mad

eire

ira

Oco

tea

opife

ra M

art.

lour

o M

ade

ireir

a M

yris

ticac

eae

Viro

la g

ardi

neri

(DC

.) W

arb.

uruc

uba

M

ade

ireir

a M

yrsi

nace

ae

Ard

isia

sp.

Pip

erac

eae

Pip

er m

argi

natu

m

pim

enta

de

mac

aco

A

risto

loch

iace

ae

Aris

tolo

chia

trilo

bata

L.

papo

de

perú

O

rnam

enta

l N

ymph

aeac

eae

Nym

phea

am

pla

águ

a pé

O

rnam

enta

l U

lmac

eae

Tr

ema

mic

rant

a (L

.) B

lum

e

M

orac

eae

Cla

risia

race

mos

a R

uiz.

Et

Pav

onor

ticic

a da

mat

a M

adei

reir

a

Ficu

s ga

mel

eira

ga

me

leir

a M

ade

ireir

a

Bro

sim

um d

isco

lor

quiri

M

ade

ireir

a

Sor

otea

ilic

ifolia

Miq

.

Hel

icos

tylis

tom

ento

sa (P

oepp

. et

End

l.) M

acbr

.am

ora

U

rtic

acea

eB

oehm

eria

cyl

indr

ica

(L.)

Siv

.ur

tiga

Lapo

rtea

aest

uans

(L.)

Cav

.ur

tiga

Inse

ticid

a

Pile

a hy

alin

a F

enzl

.lín

gua

de s

apo

M

edic

ina

l

Pile

a m

icro

phill

a (L

.) L

ielm

.br

ilhan

tina

Nyc

tagi

nace

ae

Gua

pira

opp

osita

Nee

s.

Pis

onia

sub

cord

ata

Sw

.

A

mar

anth

acea

eG

omph

rena

sp

.

C

acta

ceae

Rhi

psal

is c

assu

ta

rabo

de

cala

ngo

Orn

amen

tal

Pol

ygon

acea

e

Coc

colo

bacf

.aln

ifolia

Cas

arca

baçú

Och

nace

aeO

urat

ea fi

eldi

ngia

na (G

ardn

.) E

ngl.

batip

utá

M

arcg

ravi

acea

eS

oura

bia

guia

nens

is

Qui

inac

eae

Qui

ina

pern

ambu

cens

is

Clu

siac

eae

To

vom

ita b

rasi

liens

is (M

art.

) W

alp.

Man

gue

da m

ata

Clu

sia

nem

oros

a M

ey

mat

a pa

ú O

rnam

enta

l

Page 35: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

116

Car

aipa

den

sifo

lia

cam

açar

í M

adei

reir

a

Fam

ília

No

me

Cie

ntí

fico

N

om

e V

ulg

ar

Imp

ort

ânci

aE

con

ôm

ica

Sym

phon

ia g

lobu

lifer

a L.

bu

land

í M

ade

ireir

a

Car

aipa

den

siflo

ra M

art.

cam

açar

í M

adei

reir

a E

leoc

arpa

cea

e

Slo

anea

obt

usifo

lia (M

oric

) Sch

um.

mam

aju

da

Mad

eire

ira

Bom

baca

ceae

E

rioth

eca

cren

ulat

ical

yx A

. R

obyn

sm

ungu

ba d

a m

ata

T

iliac

eae

Ape

iba

albi

flora

Duc

ke

pau

de

jang

ad

a M

ade

ireir

a Le

cyth

idac

eae

Le

cyth

es p

izon

is C

ambe

ss.

sapu

caia

M

ade

ireir

a

Esc

hwei

lera

lusc

hnat

ii M

iers

. em

biri

ba

Mad

eire

ira

Gus

tavi

a au

gust

a

Fla

cou

rtia

cea

eC

asea

riaa

ff.

com

mer

soni

ana

Cam

bess

Cas

earia

cf.

javi

tens

isH

. B

. K

.ca

fezi

nho

do m

ato

Laci

stem

atac

eae

Laci

stem

asp

.co

cão

bran

co

V

iola

cea

e R

inor

ea s

p.

Sap

otac

eae

Chr

ysop

hyllu

m s

plen

dens

Spr

eng.

asa

de m

orce

go

Chr

ysop

hyllu

m ru

fum

Mar

tca

imito

M

adei

reir

a

Lucu

ma

gran

diflo

ra D

C.

oiti

trub

á

Pra

dosi

a la

tesc

ens

(Vel

l.) R

adlk

cabr

aiba

bra

nca

Mic

roph

olis

gar

dner

iana

(DC

) W

arb.

prej

Mad

eire

ira

Man

ilkar

a sa

lzm

anii

(A. D

C.)

Hit.

Lam

. m

açar

and

uba

M

ade

ireir

a

Myr

tace

ae

Cal

yptra

ntes

sp.

Cam

pom

anes

ia d

icho

tom

a B

erg.

Gom

ides

iana

mar

tiana

DC

.

C

appa

race

ae

Cle

ome

spin

osa

mus

sam

Med

icin

al

Myr

istic

acea

e V

irola

gar

dine

ri (D

C.)

War

b.ur

ucu

ba

Mad

eire

ira

Chr

yso

bala

nac

eae

Cou

epia

rufa

Duc

keoi

ti co

Com

estív

el

Hirt

ella

cf.

birc

onis

Mar

t. et

Zuc

c.fa

xine

iro

P

odos

tem

onac

eae

Mou

rera

fluv

iatil

is A

uble

t. m

urar

é

Fab

acea

Mim

os.

Inga

bah

iens

is B

enth

ing

á M

ade

ireir

a

Inga

cf.

disa

ntha

ing

á de

ca

belo

M

ade

ireir

a

Page 36: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

117

Inga

thib

audi

ana

DC

.in

gá t

áboa

M

adei

reir

a

I. bl

anch

etia

na B

enth

ing

á M

ade

ireir

a

Fam

ília

No

me

Cie

ntí

fico

N

om

e V

ulg

ar

Imp

ort

ânci

aE

con

ôm

ica

I. fa

gifo

lia (L

.) W

illd

ing

á M

ade

ireir

a

Mac

rosa

man

ea p

edic

ella

re (D

C.)

Kle

inh.

jag

uara

na

Mad

eire

ira

Pith

ecel

lobi

um a

vare

mot

emo

Mar

t.ba

rbat

imão

M

adei

reir

a

P. s

aman

(Jac

q.)

Ben

thbo

rdão

de

velh

o M

ade

ireir

a F

abac

ea M

imos

. (c

ont.)

S

chra

ncki

a le

ptoc

arpa

DC

.m

alíc

ia

Mad

eire

ira

Stry

phin

oden

dron

pul

cher

rimum

(Wild

.) H

ochr

.fa

vinh

a

Pla

thym

enia

retic

ulat

a B

enth

amar

elo

Mad

eire

ira

Par

kia

pend

ula

Ben

thvi

sgue

iro

Mad

eire

ira

Fab

acea

Cae

s.

Cop

aife

ra n

itida

Mar

t.pa

u d'

óleo

O

leag

inos

a

Hym

enae

a m

artia

na H

ayn

e.ja

tob

á M

ade

ireir

a

Pel

togy

ne re

cife

nsis

Duc

keba

rabu

M

adei

reir

a

Bau

hini

a ru

bigi

nosa

Bo

ng.

mor

oró

Mad

eire

ira

Bau

hini

a sp

.

Dia

lium

gui

anen

sis

(Aub

l.) S

and

w.e

t. B

arn

eby

pau

ferr

o M

adei

reir

a

Scl

erol

obiu

m d

ensi

floru

m B

enth

ingá

por

co

Mad

eire

ira

Sen

na o

ccid

enta

lis L

.

Sw

artz

ia p

icke

lii K

illip

ex

Duc

keja

cara

ndá

bra

nco

M

ade

ireir

a F

abac

ea F

ab.

Lonc

hoca

rpus

gui

llerm

inia

nus

M

adei

reir

a

Orm

osia

bah

iens

is

olho

de

cabr

a M

adei

reir

a

Pte

roca

rpus

vio

lace

us

pau

sang

ue

Mad

eire

ira

Der

ris n

euro

scap

ha B

enth

.pi

aca

Zolle

rnia

par

aens

is H

ub.

pau

sant

o M

ade

ireir

a

Bow

dich

ia v

irgili

oide

s H

. B

. K

.su

cupi

ra m

irim

M

adei

reir

a

Bau

hini

a sp

.

Pte

roca

rpus

cf.

viol

aceu

s V

og.

pau

sang

ue

Mad

eire

ira

Mel

asto

mat

acea

e C

lidem

ia h

irta

(L.)

D.

Do

n.

Mic

onia

alb

ican

s

Page 37: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

118

Com

bret

acea

e B

uche

navi

a ca

pita

ta E

ichl

. es

parr

ada

Mad

eire

ira

Ola

cace

aeS

choe

pfia

bra

silie

nsis

A.

DC

.ca

belin

ho

Lo

lant

hac

eae

Psi

ttaca

nthu

s di

chro

us M

art.

erva

de

pass

arin

ho

Fam

ília

No

me

Cie

ntí

fico

N

om

e V

ulg

ar

Imp

ort

ânci

aE

con

ôm

ica

Cel

astr

acea

e M

ayte

nus

sp.

Eup

hor

biac

eae

A

ctin

oste

mom

meg

alop

hylla

Apa

risth

emiu

m c

orda

tum

Cro

ton

glan

dulo

so

Cro

ton

hirtu

s L

.

Map

roun

ea s

p.pi

nga

orv

alh

o M

ade

ireir

a

Eup

horb

iace

ae (

cont

.)

Mab

ea s

p.

Per

a fe

rrug

inea

Mue

ll. A

rg.

sete

cas

cos

Mad

eire

ira

Pog

onop

hora

sch

ombu

rkia

na M

iers

co

cão

Ric

heria

gra

ndis

Vah

l.ja

que

ira

d'ág

ua

Mad

eire

ira

Cni

dosc

olus

ure

ns

cans

ançã

o

Cro

ton

loba

tus

feijã

o de

rol

inh

a M

ade

ireir

a

Sap

inda

cea

e A

lloph

ylus

edu

lis (S

t. H

il.)

Rad

lk.

Cup

ania

race

mos

a (V

ell.)

Rad

lk.

cabo

atã

Ser

jani

acf

.gl

abra

taK

unth

Ser

jani

a sa

lzm

anni

ana

Sch

lech

t.

Talis

iasp

.pi

tom

ba d

e m

acac

o

Bur

sera

ceae

P

rotiu

m a

raco

uchi

ni M

arch

and

ames

clin

ha

Pro

tium

cf.

giga

nteu

m E

ngl.

ames

clão

Pro

tium

hep

taph

yllu

m (A

ubl.)

Mar

cha

ndam

escl

a de

res

ina

A

naca

rdia

cea

e

Tapi

rira

guia

nens

is A

ubl.

cupi

uba

Mad

eire

ira

Sim

aro

ubac

eae

Sim

arou

ba a

mar

a A

ubl.

prai

ba

Mad

eire

ira

Pic

ram

nia

glaz

iovi

ana

subs

p.fr

eijó

da

mat

a

Rut

acea

eH

ortia

arb

orea

Eng

ler.

lara

njin

ha

Mel

iace

ae

Tric

hilia

lepd

ota

Mar

tca

boat

ã lis

a M

ade

ireir

a H

umiri

acea

e S

acco

glot

tis g

uian

ensi

s B

enth

Oití

de

mor

cego

Page 38: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

119

Ery

thro

xyla

cea

e E

ryth

roxy

lum

cf.

gran

difo

lium

Mar

t.ja

quei

ra d

a m

ata

Mad

eire

ira

Ery

thro

xylu

m s

quam

atum

Sw

.M

alpi

ghia

ceae

B

iyrs

onim

a se

ricea

DC

. M

uric

í da

mat

a

Pol

ygal

acea

e P

olyg

ala

pani

cula

ta L

.ba

rba

de s

ão p

edro

Fam

ília

No

me

Cie

ntí

fico

N

om

e V

ulg

ar

Imp

ort

ânci

a E

con

ôm

ica

Ara

liace

ae

Sch

effle

ra m

orot

oton

i m

orot

otó

Mad

eire

ira

Log

ania

ceae

S

pige

lia fl

emm

ingi

ana

Apo

cyn

ace

ae

Asp

idos

perm

a di

scol

or

Pau

falh

a M

ade

ireir

a

Him

atan

thus

bra

ctea

tus

Ang

élic

a M

ade

ireir

a S

ola

nace

ae

Phy

salis

nee

sian

a ca

map

u M

edic

inal

Pic

ram

nia

glaz

iovi

ana

subs

p.fr

eijó

da

mat

a

Sol

anum

sp

.

Con

volv

ula

cea

e M

erre

mia

um

bella

ta (L

.) U

rb.

gitir

ana

V

erbe

nace

ae

Aeg

iphi

la v

etel

linifo

lia

Cith

arae

xylu

m p

erna

mbu

cens

is

salg

ueir

o O

rnam

enta

l

Lam

iace

ae

Leon

otis

nep

etae

folia

(L.)

R.

Br.

cord

ão d

e fr

ade

Orn

amen

tal

Mar

sypi

anth

es c

ham

aedr

ys (V

ahl.)

Kun

tz.

Her

etia

ceae

C

ordi

a al

liodo

ra C

ham

.ga

rgáu

ba

Cor

dia

toke

ve

garg

áub

a

Cor

dia

verb

enac

ea

mar

ia p

reta

Aca

ntha

cea

e A

phel

andr

a nu

da

Rue

llia

bahi

ensi

s

Cam

pan

ula

cea

e C

epha

lost

igm

a ba

hien

sis

A.

DC

.

Orn

amen

tal

Cen

tropo

ghon

cor

nutu

s (L

.) D

ruce

M

elíf

era

Rub

iace

aeC

occo

cyps

elum

cor

difo

lium

Fa

ram

ea s

alic

ifolia

G

onza

lagu

nia

dico

dea

Psy

chot

ria b

ahie

nsis

DC

.er

va d

e ra

to

Tóx

ica

Psy

chot

ria ra

cem

osa

(Aub

l.) R

aues

h.er

va d

e ra

to

Tóx

ica

Psy

chot

ria m

anip

ouro

ides

DC

.er

va d

e ra

to

Tóx

ica

Page 39: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

120

Sal

zman

ia n

itida

DC

.

Ast

erac

eae

Aca

ntho

sper

mum

his

pidu

m D

C.

fede

raçã

o M

edic

ina

l E

leph

anto

pus

angu

stifo

lius

Ver

noni

a sc

orpi

oide

s (L

am

.) P

ers.

Com

mel

inac

eae

Dic

horis

andr

a al

bom

argi

nata

Lin

de

n

Fam

ília

No

me

Cie

ntí

fico

N

om

e V

ulg

ar

Imp

ort

ânci

aE

con

ôm

ica

Dic

horis

andr

a th

yrsi

flora

Orn

amen

tal

Cyp

erac

eae

Cal

yptro

cary

a gl

omer

ulat

a (B

rong

n) U

rb.

O

rnam

enta

l

Cyp

erus

larc

us L

am.

Cyp

erus

lasc

um L

am.

Cyp

erus

luzu

lae

(L.)

Ret

zca

pim

est

rela

Cyp

erus

sph

acel

atus

Rol

lb

C

yper

acea

e H

ypol

ytru

m b

ulla

tum

C.

B.

Cla

rke

Scl

eria

pte

rota

Pre

sl.

tiriri

ca

Poa

ceae

C

hlor

is b

arba

ta (L

.) S

w.

Chl

oris

infla

ta L

ink.

Poa

ceae

(co

nt.)

D

igita

ria h

oriz

onta

lis W

ild.

Dig

itaria

insu

laris

Mez

ex

Ekm

anpé

de

galin

ha

Ech

inol

aena

infle

xa (P

oir)

Ch

ase

Era

gros

tis a

rticu

lata

(Sch

r.)

Nee

s

Hom

olep

is a

lture

nsis

(H.

B.

K.)

Cha

se

Ichn

anth

us te

nuis

(Pre

sl.)

Ichn

anth

ussp

.

O

lyra

latif

olia

L.

Pas

palu

m v

argi

natu

m S

wa

rtz.

Pan

icum

lasc

um S

iv.

Set

aria

set

osa

(Sw

art

z) P

. B

eauv

.

S

poro

bolu

s te

nuis

sim

us (S

chra

nk.)

Kun

tz.

Page 40: MÉTODOS DE AMOSTRAGEM DA AVIFAUNA · levantamento da trilha, foram realizadas caminhadas pelo interior e pela borda dos fragmentos com pontos de escuta e observação (Almeida et

121

Hel

icon

iace

ae

Hel

icon

ia p

sitta

coru

m L

.pa

quev

ira

Orn

amen

tal

Cos

tace

aeC

ostu

ssp

.

Mar

anta

cea

e C

alat

hea

cf.

pern

ambu

cens

is L

oes

O

rnam

enta

l

Cal

athe

a sp

.

Orn

amen

tal

Cte

nant

he p

erna

mbu

cens

is A

rns

et M

ayo

O

rnam

enta

l

Isch

inos

ipho

n gr

acili

s (R

udge

) K

oern

.

Orn

amen

tal

Mar

anta

aru

ndin

acea

L.

arar

uta

Com

estív

el

Mar

anta

and

erso

nian

a A

rns

et M

ayo

O

rnam

enta

l

Fam

ília

No

me

Cie

ntí

fico

N

om

e V

ulg

ar

Imp

ort

ânci

aE

con

ôm

ica

Mar

anta

ceae

(co

nt.)

M

aran

tasp

.

Orn

amen

tal

Mar

anta

cea

e M

onot

agm

a pl

uris

pica

tum

(Koe

rn.)

Sar

anth

e kl

otzs

chia

na (K

oern

.) E

ichl

.

Stro

man

the

porte

ana

Gri

s.

Stro

man

the

tonk

at (A

ubl.)

Eic

hl.

Are

cace

aeB

actri

s pi

ckel

ii B

urre

tco

quin

ho

Com

estív

el

Pon

tede

riac

eae

Pon

tede

ria c

orda

ta L

.

Orn

amen

tal

Sm

ilaca

ceae

S

mila

x ca

mpe

stris

Gris

eb.

Dio

scor

iace

ae

Dio

scor

ia tr

ifida

ca

rá n

ambu

C

omes

tível

A

race

ae

Ant

huriu

m p

enta

phyl

lum

(Aub

l.) G

. D

on.

antu

rio

Orn

amen

tal

Mon

ster

a an

dans

onii

Sco

tt.jib

óia

da m

ata

Orn

amen

tal

Phi

lode

ndru

m im

be S

chot

tim

Orn

amen

tal

Ara

ceae

(co

nt.)

P

hilo

dend

rum

frag

antis

sim

um (H

ook.

)im

Orn

amen

tal

Bro

mel

iace

ae

Aec

hmea

aqu

ilega

(Sa

lisb.

) G

riseb

.gr

avat

á O

rnam

enta

l

Aec

hmea

cf.

fulg

ens

Bro

ngn

.gr

avat

á O

rnam

enta

l

Aec

hmea

ligu

lata

(L.)

Bak

er.

grav

atá

Orn

amen

tal

Aec

hmea

mul

ford

ii L.

B.

Sm

ithgr

avat

á O

rnam

enta

l

Can

istru

m a

uran

tiacu

m E

. M

oren

O

rnam

enta

l

Orc

hida

ceae

C

yrto

podi

umcf

f. A

nder

soni

i R.

Br.

rabo

de

tatu

O

rnam

enta

l

Epi

dend

rum

cff

.ci

nnab

arin

um S

alm

.ep

iden

dro

Orn

amen

tal

Van

illa

cham

isso

nis

Kl.

bau

nilh

a O

rnam

enta

l