MUDANÇAS NO PERFIL DO SETOR FLORESTAL MADEREIRO NO BRASIL - UMA ANALISE TEMPORAL DE 1998 A 2009

8/3/2019 MUDANÇAS NO PERFIL DO SETOR FLORESTAL MADEREIRO NO BRASIL - UMA ANALISE TEMPORAL DE 1998 A 2009

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MUDANÇAS NO PERFIL DO SETOR FLORESTAL MADEREIRO NO BRASIL:UMA ANALISE TEMPORAL DE 1998 A 2009

Liliane F. Rosário¹; Sérgio Luiz M. Rivero²

1- Especialista em Engenharia da Produção, mestranda em Ciências Ambientais-PPGCA- UFPA/ EMBRAPA/MPEG,PARÁ-BRASIL: e-mail: [email protected]

2-Prof. Doutor - Centro de Pesquisas Econômicas da Amazônia – CEPEC /Programa de Pós-Graduação em Economia – PPGE -Universidade Federal do Pará – UFPA, PARÁ-BRASIL: e-mail: [email protected]

RESUMOO objetivo geral deste artigo e analisar a evolução da produção madeireira de 1998 a 2009, de florestaplantada (silvicultura) em relação à floresta nativa (extração) identificando possíveis mudanças noperfil da produção brasileira de produtos florestais madeireiros. As análises estatísticas foram feitascom o programa Microsoft Office Excel 2007® ferramenta tabela dinâmica utilizando dadossecundários retirados da base de dados do SIDRA-IBGE. A partir dessas analises, foram feitasprojeções para os principais produtos florestais madeireiros (Carvão vegetal, madeira em tora e lenha)até o ano de 2020 com base nos dados secundários do SIDRA-IBGE (serie histórica de 1998 a 2009),após o qual podemos inferir que a Silvicultura crescerá exponencialmente nos próximos anos, e aextração de floresta nativa ira decrescer, fato este que será bom para preservação da biodiversidade e

dos biomas florestais brasileiro se for associada a técnicas de manejo florestal sustentável e o respeitoàs diversidades de cada região, podendo vir a torna-se um dos mecanismos mais promissores nocombate ao desmatamento de florestas nativas. . PALAVRAS CHAVES: Desmatamento, Floresta nativa, Produtos madeireiros.

ABSTRACT The objective of this paper and analyze the development of timber production from 1998 to 2009,planted forest( forestry) in relation to native forest (extraction) indentifying possible changes in theprofile of Brazilian timber forest products. Statistical analysis was done with the Microsoft®OfficeExcel 2007 pivot table tool using secondary data taken from the database SIDRA-IBGE. Based on thisanalyses, projections were made for the main timber forest products (Charcoal, wood logs and wood)

by the year 2020 based on the data side of the SIDRA_BGE (Historical series from 1998 to 2009).after which we can infer that forestry will grow exponentially incoming years, and the extraction of native forests will decrease, a fact that will be good for biodiversity conservation and forest biomes of Brazil if techniques associated with sustainable forest management and respect the diversity of eachregion, may eventually become one of the most promising mechanism to combat deforestation of native forests.

KEY-WORDS: Deforestation, Native Forest, Wood products.

INTRODUÇÃO

No Brasil a silvicultura surgiu no inicio do século passado, com o estabelecimento dosplantios florestais com espécies exóticas para substituição da madeira das florestas nativas de difícil



reposição. As principais espécies exóticas foram os eucaliptos, introduzidos pela Companhia Paulista

de Estrada de Ferro em 1904, e as coníferas (Pinus), pela Companhia Melhoramentos de São Paulo em

1922 (ABRAF, 2006). Já a silvicultura de florestas tropicais tomou impulso no país a partir da década

de 1970. As experiências silviculturais, na Amazônia brasileira vêm produzindo uma quantidade

apreciável de informações sobre espécies florestais arbóreas e tecnologias a serem utilizadas de

maneira geral na silvicultura de florestas tropicais. No entanto são poucas as iniciativas de condução

dessa atividade em escala operacional (SABOGAL et al., 2006). O setor de florestas plantadas se

integra às diversas cadeias industriais de transformação da madeira, e ocupa atualmente lugar de

destaque entre os diferentes segmentos industriais nacionais (ABRAF, 2006).

Segundo Vital (2009) existe duas fontes distintas de oferta de madeira no País as florestas

plantadas (basicamente com eucaliptos e pínus); e as matas nativas (ora manejadas de modo

economicamente rentável e ecologicamente sustentável, ora extraídas de maneira predatória). A região

amazônica e responsável por 90% da madeira em tora produzida no Brasil (CASTRO; SILVA, 2007).

Apesar da importância do estoque florestal da região, tanto para manutenção de serviços ambientais

quanto para garantia da economia regional, nos últimos trinta anos a floresta Amazônia vem perdendo

suas florestas em ritmo acelerado (ALENCAR et al., 2011). Neste contexto o grande desafio está em

conciliar desenvolvimento da região com a conservação do patrimônio natural. O objetivo deste artigo

é analisar a evolução da produção madeireira de 1998 a 2009, de floresta plantada (silvicultura) em

relação à floresta nativa (extração) identificando possíveis mudanças no perfil da produção brasileira

de produtos madeireiros.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi desenvolvido com base em uma pesquisa teórica, do tipo quantitativo,

o referencial teórico do artigo foi desenvolvido a partir da realização de pesquisa bibliográfica e

documental. Para as analises estatística foram utilizados dados secundários obtidos na base de dados

do SIDRA-IBGE da produção madeireira de floresta plantada e de floresta nativa para os seguintes

produtos: carvão, lenha e madeira em tora, visto que esses produtos somados são os que detêm maior

percentual da produção tanto de floresta nativa (Extrativa), quanto da silvicultura (ABRAF, 2011).As análises estatísticas de dados foram feitas utilizando o programa Microsoft Office Excel

2007® ferramenta tabela dinâmica com a qual foi feita uma projeção até o ano de 2020 para setor

florestal madeireiro de floresta nativa e plantada com base nos dados SIDRA-IBGE que vão de 1998 a

2009, sobre o total da produção de lenha, madeira em tora e carvão vegetal proveniente de florestas

nativas e plantadas para todas as regiões do Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A o fazermos uma projeção para o mercado de floresta plantada e nativa no Brasil, a partir dosdados mostrados na tabela1, por grupo de produtos como mostra a figura 1 relativo à produção de



carvão, a figura 2 relativo à produção de madeira em tora e figura 3 relativo à produção de lenha,

obteve-se uma linha de crescimento linear da silvicultura para os três produtos analisados e

decréscimo da produção desses produtos oriundos de floresta nativa.

Tabela 1-Total da produção Brasileira por região de produtos florestais madeireiros (carvão, lenha etora) de floresta nativa e plantada de 1998 a 2009.

RegiãoFloresta nativa (produção de 1998 a 2009)

Carvão vegetal(t) Lenha (m³) Madeira em tora (m³)

Norte 64.548.518 1.574.092.126 2.110.197.600 Nordeste 129.097.036 3.148.184.252 4.220.395.200

Sudeste 258.194.072 6.296.368.504 8.440.790.400

Sul 516.388.144 12.592.737.008 16.881.580.800

Centro 1.032.775.682 25.183.631.950 33.721.899.122

Total produzido 2.001.003.452 48.795.013.840 65.374.863.122

RegiãoFloresta plantada (produção de 1998 a 2009)

Carvão vegetal (t) Lenha (m³) Madeira em tora (m³)

Norte 606 1.842.066 41.262.478 Nordeste 3.165.194 379.993.113 110.344.915

Sudeste 25.823.592 133.533.080 416.836.219

Sul 873.291 254.123.892 466.819.521

Centro 2.411.576 17.553.912 19.835.667

Total produzido 32.274.259 787.046.063 1.055.098.800

Fonte: Sidra - IBGE

Elaboração: Os autores

O crescimento da silvicultura em relação à floresta nativa pode ser explicado pela analise do

histórico recente do setor florestal (silvicultura), o qual deixa evidente três fases marcantes de acordo

com a ABRAF (2011): A primeira fase de 1960 a 1980 foi responsável pela formação da base florestal

e resultou em uma política governamental de incentivos fiscais para formação de plantios florestais; A

segunda fase 1980 a 2000 foi pontuada pela profissionalização do setor florestal; Na terceira fase de

2000 a 2010 aconteceu a consolidação do Brasil no mercado internacional de florestas plantadas tendo

como principal característica a ampliação das áreas de plantios e a consolidação do processo de

desenvolvimento tecnológico do setor.

Já o decréscimo da extração de produtos madeireiros oriundos de floresta nativa esta

associados à queda no desmatamento ilegal, pois grande parte desta extração tem sua origem na

ilegalidade (CASTRO; SILVA, 2007). Já a queda no desmatamento ilegal pode ser explicada por

vários fatores dentre os quais se destacam: A redução no preço da soja em 2004/2005; Valorização

cambial do Real; Aumento da Fiscalização por parte do Ibama em conjunto com a policia federal;

aumento na difusão de políticas de comando e controle, Mudanças no mercado consumidor que passou

a exigir a responsabilização da cadeia produtiva no intuito de coibir a compra de produtos oriundos de

desmatamento ilegal; Aumento no numero de unidades de conservação (ALENCAR et al., 2011).



Os estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul eMato Grosso do Sul foram os que mais se destacaram no cenário nacional em áreas de florestas

plantadas, sendo os mesmos detentores de 88,0% da área total de plantios florestais. Em 2010, os

estados que apresentaram os maiores índices de crescimento da área de plantios florestais foram o

Mato Grosso do Sul (27,4%), Maranhão (10,2%), Tocantins (7,2%), Minas Gerais (6,7%) e Pará

(6,4%). O estado do Amapá foi o que apresentou o maior índice de redução de área (ABRAF, 2011).

CONCLUSÃO

A partir dessas analises podemos inferir que a Silvicultura esta crescendo no Brasil,caracterizando uma grande mudança no perfil do setor florestal madeireiro outrora pautado somente na

Figura 2 - Projeção para produção de madeira em tora oriundos de floresta nativa e plantada até 2020.

Figura 1 - Projeção para produção de carvão vegetal oriundos de floresta nativa e plantada até 2020.

Figura 3 - projeção para produção de madeira em tora oriundos de floresta nativa e plantada até 2020.



extração de florestas nativas, se este crescimento for associado a técnicas de manejo florestal

sustentável (tecnologia com grau de adoção ainda incipiente no Brasil), respeitando-se a

biodiversidade de cada região e as condições previas das áreas onde será implantada a floresta, poderá

vir a ser um dos mecanismos mais promissores no combate ao desmatamento ilegal de florestas

nativas, visto que de acordo com os resultados encontrados por este estudo o crescimento da

Silvicultura e inversamente proporcional a extração madeireira de floresta nativa, podendo o fomento

a silvicultura ser uma das soluções para alavancar o setor florestal madeireiro no caminho da

sustentabilidade.

LITERATURA CITADA

ABRAF – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS.Relatório Anual 2006, 2011.

ALENCAR, A. C. A.; SILVA, A. C. C.; AZEVEDO, A.A. Monitoramento da implementação dasmetas de redução do desmatamento: O caso PPCDQ-MT. Brasília, 2011.

CASTRO, E. M. R.; SILVA, R. N. M.. Setor Madeireiro, Dinâmica de Atores e Política Florestal. In: Zoneamento-Ecológico Econômico da Área de Influência da Rodovia BR-163(Cuiabá-Santarém):Gestão Territorial/Editor Técnico Adriano Venturieri.-Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2007.P.169-200

SABOGAL, C.; ALMEIDA, E.; MARMILLOD, D.; CARVALHO, J. O. P. Silvicultura naAmazônia Brasileira: avaliação de experiências e recomendações para implementação emelhoria dos sistemas. Belém, CIFOR. 2006, 190 pp.

VITAL, H. F. M. Florestas Independentes no Brasil. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 29, p. 77-130, mar. 2009.

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