16
Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão/ UFRPE 1 A pesquisa sobre Mulher e Ciência na Universidade Federal Rural de Pernambuco, vem sendo desenvolvida desde 2013, neste período foram entrevistadas 68 docentes, mulheres que ocupam ou ocuparam cargos de poder e decisão, além de docentes e pesquisadoras de diversas áreas de conhecimento. Nos dois primeiros anos recebemos financiamento da Secretaria de Políticas para Mulheres SPM/PR e desde 2015 tem sido apoiada pelo PIBIC/CNPq/UFRPE. O objetivo da pesquisa consiste em visibilizar a trajetória de carreiras universitárias de mulheres, a partir de entrevistas, narrativas e discursos sobre o lugar das mulheres no desenvolvimento científico e tecnológico, sua inclusão nas políticas públicas e nos espaços de poder. Os pressupostos teórico- metodológicos numa perspectiva de gênero, fundamentado na teoria feminista, a presente pesquisa aborda questões relacionadas à desigualdade de acesso aos espaços de poder e decisão das mulheres no mundo acadêmico, a partir de coleta de dados com docentes da UFRPE. Compreendemos que o conceito de gênero trouxe à luz as desigualdades sociais e culturais geradas a partir das relações de poder. Dessa forma, o conceito nos fornece suporte para a compreensão das configurações regionais, local de nossa pesquisa, onde o patriarcalismo ainda está fortemente presente. A coleta de dados realizada em entrevistas e nos currículos da Plataforma Lattes das entrevistadas, foram analisados a partir dos seguintes eixos transversais: estudos de gênero e políticas de igualdade de oportunidades, mulheres na ciência e na universidade, gênero na educação superior. No instrumento de pesquisa indagou-se sobre a trajetória profissional dos familiares da entrevistada, sua trajetória profissional, memória intelectual, a utilização do tempo com as atividades profissionais e o trabalho doméstico, o uso do tempo livre, assim como foi estimulado a realização de comentários sobre algum tema que não foi contemplado na entrevista. Os relatos obtidos nas entrevistas apontam que a categoria gênero possibilita expor que muitas diferenças entre homens e mulheres são socialmente construídas, mas estão tão naturalizadas e cristalizadas nas práticas e nos discursos da sociedade, que dificultam desvendar as relações de poder e desigualdades, socialmente construídas e historicamente reproduzidas pelos indivíduos. O estudo, em andamento, permitirá, ainda, a elaboração de outros textos, nos quais dialogarão com o conceito de transversalidade de gênero e com os dados da pesquisa, no que se refere à composição do núcleo familiar; trajetória profissional dos familiares; uso do tempo; trajetória acadêmica e profissional das docentes. Nas considerações finais objetiva-se contribuir para a produção de conhecimento sobre o tema da igualdade/equidade, focalizando a investigação no recorte metodológico que envolve estudos por, para e sobre as mulheres. Palavras-Chave: Ciência; Mulher; Políticas Públicas. 1 Professora Titular da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa- Ação Mulher e Ciência.

Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas.

Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão/ UFRPE1

A pesquisa sobre Mulher e Ciência na Universidade Federal Rural de Pernambuco, vem

sendo desenvolvida desde 2013, neste período foram entrevistadas 68 docentes,

mulheres que ocupam ou ocuparam cargos de poder e decisão, além de docentes e

pesquisadoras de diversas áreas de conhecimento. Nos dois primeiros anos recebemos

financiamento da Secretaria de Políticas para Mulheres – SPM/PR e desde 2015 tem

sido apoiada pelo PIBIC/CNPq/UFRPE. O objetivo da pesquisa consiste em visibilizar

a trajetória de carreiras universitárias de mulheres, a partir de entrevistas, narrativas e

discursos sobre o lugar das mulheres no desenvolvimento científico e tecnológico, sua

inclusão nas políticas públicas e nos espaços de poder. Os pressupostos teórico-

metodológicos numa perspectiva de gênero, fundamentado na teoria feminista, a

presente pesquisa aborda questões relacionadas à desigualdade de acesso aos espaços de

poder e decisão das mulheres no mundo acadêmico, a partir de coleta de dados com

docentes da UFRPE. Compreendemos que o conceito de gênero trouxe à luz as

desigualdades sociais e culturais geradas a partir das relações de poder. Dessa forma, o

conceito nos fornece suporte para a compreensão das configurações regionais, local de

nossa pesquisa, onde o patriarcalismo ainda está fortemente presente. A coleta de dados

realizada em entrevistas e nos currículos da Plataforma Lattes das entrevistadas, foram

analisados a partir dos seguintes eixos transversais: estudos de gênero e políticas de

igualdade de oportunidades, mulheres na ciência e na universidade, gênero na educação

superior. No instrumento de pesquisa indagou-se sobre a trajetória profissional dos

familiares da entrevistada, sua trajetória profissional, memória intelectual, a utilização

do tempo com as atividades profissionais e o trabalho doméstico, o uso do tempo livre,

assim como foi estimulado a realização de comentários sobre algum tema que não foi

contemplado na entrevista. Os relatos obtidos nas entrevistas apontam que a categoria

gênero possibilita expor que muitas diferenças entre homens e mulheres são socialmente

construídas, mas estão tão naturalizadas e cristalizadas nas práticas e nos discursos da

sociedade, que dificultam desvendar as relações de poder e desigualdades, socialmente

construídas e historicamente reproduzidas pelos indivíduos. O estudo, em andamento,

permitirá, ainda, a elaboração de outros textos, nos quais dialogarão com o conceito de

transversalidade de gênero e com os dados da pesquisa, no que se refere à composição

do núcleo familiar; trajetória profissional dos familiares; uso do tempo; trajetória

acadêmica e profissional das docentes. Nas considerações finais objetiva-se contribuir

para a produção de conhecimento sobre o tema da igualdade/equidade, focalizando a

investigação no recorte metodológico que envolve estudos por, para e sobre as

mulheres.

Palavras-Chave: Ciência; Mulher; Políticas Públicas.

1 Professora Titular da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Coordenadora do Núcleo de

Pesquisa- Ação Mulher e Ciência.

Page 2: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

Introdução

A Educação Superior de um país exerce grande influência sobre a sua economia.

Nesse contexto, a ampliação do número de profissionais, homens e mulheres, atuantes

nessas áreas, contribui na formação de recursos humanos geradora de capital cultural.

Nesse cenário, há sub-representação das mulheres nos espaços de poder e decisão. O

artigo dialoga com as contradições que envolvem avanços e retrocessos no que concerne

a equidade de gênero no cotidiano da vida de docentes em uma Universidade Pública

Brasileira.

A pesquisa se propõe a conhecer o lugar ocupado por estas mulheres no universo

acadêmico, as condições de acesso e obstáculos no cotidiano do trabalho. Busca-se

desenvolver questionamentos que estão relacionados às representações das

subjetividades de feminilidade e masculinidades socialmente construídas.

Perguntamo-nos se a inserção das mulheres docentes da área de ciências sociais

na UFRPE tem contribuído na ruptura de paradigmas relacionados à divisão sexual do

trabalho e se colaboram no processo de construção de participação igualitária, plural e

multirracial das mulheres, nesta instituição.

A desigualdade de gênero na ciência se reflete no Brasil e no mundo, na intenção de

minimizar estas desigualdades, o movimento feminista pressionou a realização de

diversas reuniões de caráter internacional cuja missão consistiu em fomentar a

igualdade de gênero e garantir os direitos às mulheres:

1. Convenção Interamericana Sobre a Concessão dos Direitos Civis à Mulher

(1948);

Nesta Convenção, considerou-se a necessidade de concessão de igualdade civil

para as mulheres, foi aprovada pelo Congresso Nacional, pelo Decreto

Legislativo n° 74, de 19 de dezembro de 1951. O artigo 1 da Convenção destaca

que os Estados Americanos deveriam garantir direitos iguais para homens e

mulheres.

2. Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher (1953);

Page 3: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

Nesta Convenção, foram concedidos direitos políticos às mulheres, o direito ao

voto e a ocupar cargos públicos.

3. Convenção Americana de Direitos Humanos, São José (1969);

A convenção ratificou o princípio da dignidade humana, independente do sexo,

raça, etnia e religião.

4. I Conferência Mundial sobre a Mulher (Cidade do México, 1975);

Essa conferência foi realizada em um período considerado a década da mulher

(1975-1985), destacam-se as propostas de: 1) igualdade plena de gênero e a

eliminação da discriminação por motivos de gênero; 2) plena participação das

mulheres no desenvolvimento; 3) maior contribuição das mulheres à paz

mundial. Uma conquista consistiu no reconhecimento ao direito da mulher à

integridade física, inclusive a autonomia de decisão sobre o próprio corpo e o

direito à maternidade opcional.

5. Convenção Para Eliminar Todas as Formas de Discriminação Contra a

Mulher - CEDAW (1979);

O principal objetivo consistiu em rever as leis dos direitos humanas para

eliminar as discriminações com as mulheres em todas as esferas e setores da

sociedade, “convencidos de que o estabelecimento da nova ordem econômica

internacional baseada na equidade e na justiça contribuirá significativamente

para a promoção da igualdade entre o homem e a mulher 2”.

6. II Conferência Mundial sobre a Mulher (Copenhague, 1980);

Nesta II Conferência foi realizada uma avaliação dos avanços oriundos da

Conferência do México. Diante disso, foi diagnosticada uma lacuna entre a

igualdade legalmente reconhecida e a sua aplicação. Sendo assim, a busca pela

igualdade passou a ser reivindicada além de um ponto de vista jurídico, seria

necessário reivindicar acesso aos direitos, para garantir a igualdade de

participação e oportunidades para as mulheres, no que se refere ao acesso à

educação, às oportunidades de trabalho e atenção à saúde das mulheres 3.

7. III Conferência Mundial Sobre a Mulher (Nairóbi, 1985);

2 http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/discrimulher.htm 3 http://sinus.org.br/2012/wp-content/uploads/ConferenciaMulheres-GuiadeEstudosOnline.pdf

Page 4: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

A III Conferência realizada em Nairóbi, em 1985, propôs-se a avaliar os

resultados da Década da Mulher. Além de abordar a mudança de paradigma no

que se refere a igualdade, legislativa e prática, também abordou esta inserção

das mulheres na sociedade na perspectiva do direito legítimo e de necessário

uma evolução social necessária. Para isso, determinaram-se medidas de caráter

jurídico e medidas para alcançar a participação social, política e de tomadas de

decisão4.

8. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência

Contra a Mulher - Convenção de Belém do Pará (1994).IV Conferência

Mundial sobre a Mulher (Beijing, 95).

A convenção de 1994 ocorreu na cidade de Belém no Brasil, que reuniu vários

países do continente Americano, priorizou a garantia às mulheres aos direitos

civis contra a violência de gênero, seja a violência física, moral ou psicológica

contra as mulheres, tanto na esfera pública quanto na esfera privada5.

A partir dessas informações concordamos com Alves e Canenachi (2010) ao

afirmarem que o Brasil, na última década, tem passado por um processo de redução das

desigualdades de gênero e de desconstrução do patriarcado, o que tem estimulado a

criação de ações de combate às diferenças de gênero. Uma das ações que se propõe a

fomentar a igualdade é programa Mulheres na Ciência, com ações para promoção da

paridade e de combate à desigualdade entre homens e mulheres no ambiente de

pesquisa, da produção científica e tecnológica do Brasil.

Algumas Considerações Metodológicas

Numa perspectiva de gênero, fundamentada na teoria feminista6, essa pesquisa

qualitativa aborda questões relacionadas a uma Universidade Pública Brasileira, a

4 http://sinus.org.br/2012/wp-content/uploads/ConferenciaMulheres-GuiadeEstudosOnline.pdf 5 https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/m.Belem.do.Para.htm 6 A teoria feminista é um vasto campo de desenvolvimento conceitual, cujo principal objectivo é a análise

exaustiva das condições de opressão das mulheres. O centro de sua reflexão é a explicação para a

multiplicidade de fatores que são concatenados para sustentar a desigualdade entre homens e mulheres

com base no sexo, que está presente em todas as áreas de atuação das pessoas que fazem parte de

Page 5: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. O recorte metodológico está

inserido no contexto das análises de gênero voltadas para a ciência a partir de:

Aspectos institucionais da participação das mulheres nas práticas

científicas, seus indicadores de produtividade, mas fundamentalmente

aspectos contextuais, conteudísticos e de cultura científica de

diferentes áreas disciplinares LOPES e COSTA (2005, p.77).

Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção

estabelecida por Castañeda Salgado (2008, p. 14) em Metodología de la Investigación

Feminista, na qual considera a pesquisa feminista:

Uma forma particular de conhecer e produzir conhecimento,

caracterizada pelo seu interesse em que eles ajudam a erradicar a

desigualdade de gênero que marca as relações e posições das mulheres

em relação aos homens.

A autora, acima referenciada, chama a atenção para as consequências que

trouxeram o viés androcêntrico da ciência em contraposição a transformação de pontos

de vista que trouxe a crítica feminista a essa expressão cultural, bem como novas

propostas que orientam especialistas em torno da produção de conhecimento não-

sexista. Nesse sentido, interessa a Epistemologia Feminista, a elaboração de um

conhecimento emancipatório, a partir de pesquisas com e para as mulheres.

Assim Castañeda Salgado (2008, p. 14) ao citar Teresita de Barbieri (1998 : 105-

106), chama a atenção sobre a produção do conecimento na direção de construir

equidade de gênero e resistir ao processo de subordinação das mulheres, desta forma, “

esta teoria fornece referências mais ou menos imediatos para a ação política”.

Castañeda Salgado (2008, p.11) afirma que “as intelectuais feministas tiveram

que modifica substancialmente as formas convencionais de fazer pesquisa em

praticamente todas as áreas do conhecimento”. Estas pesquisadoras, questionaram o

androcêntrismo na ciência, visibilizaram a presença de mulheres nas ciências,

problematizaram para criar procedimentos inovadores, para repensar categorias

sociedades marcadas pela patriarcalismo CASTAÑEDA SALGADO (2008, p.12) Patriarcado significa o

conjunto de relações sociais que sustentam a dominação dos homens sobre as mulheres socialmente

legitimadas. Saffiot (1994).

Page 6: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

epistemológicas e para refletir novamente sobre a relação entre filosofia, ciência e

política” .

A pesquisa vem sendo realizada desde 2013, cujos dados são coletados por

meio de entrevistas individuais semiestruturadas a docentes universitárias de diferentes

departamentos da UFRPE, que tem sido selecionada a partir de diferentes perfis: área

de atuação, cargos de direção, pesquisa, pós-graduação. A escolha pela pesquisa

feminista se justifica porque, a) mapeamos as docentes da UFRPE, para fomentar o

resgate da memória, para conhecer trajetórias e visibilizar este conhecimento

socialmente construido em circunstância específica; b) Para a pesquisa que coloca

problemas que só podem ser abordados em suas determinações mútuas e múltiplas,; c)

há um contexto específico sobre ensino, pesquisa, extensão, cargos de poder e decisão

em uma Instituição Fedeeral de Educação Superior no Nordeste brasileiro; d) há um

contexto localizado a UFRPE, que agrega docentes homens e mulheres, que apresentam

diferenciação cotidianas no que se refere ao mundo público e privado, e mesmo a

naturalização dos lugares de homens e mulheres na sociedade.

Assim, por meio da teoria feminista a pesquisa busca contribuir na compreensão

da dominação, da subordinação e da opressão às mulheres docentes. Conscientes de

que as ações acima mencionadas são geradas a partir da socialização/naturalização das

relações de gênero que estabelece os valores sociais considerados inerentes as

subjetividades de masculinidades e feminilidades.

Neste artigo se contou com a contribuição de docentes das áreas de História, e

Comunicação. Para a participação, foram estabelecidos como critérios de inclusão: a)

ser professora universitária da UFRPE; b) ter disponibilidade e interesse em participar

da pesquisa. As profissionais docentes foram selecionadas a partir de lista nominal

fornecida pelos Departamentos. Além dos critérios, acima citados, foram respeitados o

interesse e a disponibilidade em participar.

O roteiro da entrevista semiestruturada organizou-se em blocos temáticos,

congregando perguntas afins num mesmo bloco e numa sequência, de acordo com a

finalidade das informações que pretendíamos coletar. A semiestruturada combina

perguntas abertas e fechadas, em que a entrevistada tem a possibilidade de discorrer

sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada.

Page 7: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

O instrumento de pesquisa indagou sobre a trajetória profissional dos familiares

da entrevistada, sua a trajetória profissional, memória intelectual, a utilização do tempo

com as atividades profissionais e o trabalho doméstico, o uso do tempo livre, assim

como foi estimulado a realização de comentários sobre algum tema que não foi

contemplado na entrevista.

Em síntese, o tratamento e a interpretação dos resultados foram submetidos à

uma fase de organização e sistematização das ideias iniciais contidas nas entrevistas.

Foram sublinhados trechos relacionados aos objetivos da pesquisa e que dialogavam

com a fundamentação teórica; b) seleção das unidades ou categorias de análise, que

contemplavam frases ou temas, elaborados de acordo com as questões da pesquisa.

A proposta é potencializar a voz destas docentes, considerando que grande parte

da história publicada, é uma história divulgada a partir da cultura patriarcal, enaltecendo

as ações masculinas, e relegando às mulheres espaços coadjuvantes. Atualmente, tem-se

indagado sobre as mulheres na configuração dos relatos históricos, porque no cotidiano

elas estavam e estão presentes. Importante pensar o porquê do silêncio.

Pese ao silêncio acima mencionado, autoras como Londa Schiebinger (2001)

evidenciam a participação das mulheres na ciência. Ela destaca Hipatia, famosa

matemática da Grécia Antiga e Marie Curie no século XX. Schiebinger chama a tenção

de pesquisas desenvolvidas a partir da proposta de: 1) encontrar mulheres que haviam,

realmente, criado ciência para se opor à noção de que mulheres não produzem ciência

por limitações biológicas e emocionais7 e 2) contribuir na evidenciação de modelos de

papéis femininos, para as jovens mulheres que ingressam na ciência, para

contrabalancear com os estereótipos masculinos8.

Segundo Shiebinger (2001, p.334) os avanços na configuração de igualdade de

gênero na ciência é importante a partir da concepção de [...] “O que precisamos é de

7 Com isso se iniciou um trabalho dos enciclopedistas que reuniam os nomes das mulheres renomadas, no

sentido de provar a capacidade de realizações da mesma e que deveriam ser admitidas nas instituições

científicas. Então, no final do século 17, surge a primeira enciclopédia devotada exclusivamente à história

das conquistas das mulheres nas ciências naturais. 8 Na década de 1970, houve o crescimento de participação da mulher na ciência. A partir desse momento,

algumas mulheres escreveram suas biografias fornecendo relatos inéditos sobre suas pesquisas, na

intenção de deixarem suas marcas na historia. Segundo a autora, esses livros chamam a atenção para

mulheres que desafiaram a convenção para reivindicar uma posição proeminente num mundo

essencialmente masculino e também analisam as condições que aumentaram ou diminuíram o acesso de

mulheres aos meios de produção cientifica (SCHIEBINGER, 2001, p. 59).

Page 8: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

um relacionamento de trabalho saudável entre estudiosos envolvidos no

desenvolvimento de críticas de gênero da ciência e aqueles que fazem ciência”.

Nas Universidades, desde sua fundação no século XII até o final do século XIX,

as mulheres geralmente eram excluídas. Especialmente no inicio do século XX,

algumas mulheres ingressaram na produção da ciência por meio de um homem, assim

tinham acesso a laboratórios e pesquisas por serem ajudantes de seus maridos ou filhos.

No entanto, na maioria das vezes seus nomes eram invisibilizados. Com isso, a

visibilidade das mulheres na ciência é expressiva após o movimento das mulheres das

décadas de 1870 e 1880 (SCHIEBINGER, 2001, p. 71).

Divisão Sexual do Trabalho

Escrever sobre relações de gênero e o lugar das mulheres na história da ciência,

dialoga com o conceito de divisão sexual do trabalho, Kergoat (2016) e Hirata (2007,

2016) teorizam sobre o tema a mais de uma década, para as autoras, o conceito de

trabalho deve ser problematizado a partir do trabalho doméstico, do trabalho não

remunerado, do trabalho formal e informal, o que possibilita visibilizar parcela de

trabalho geralmente atribuída às mulheres.

No inicio da pesquisa realizamos um quadro do quantitativo de docentes

mulheres e homens para conhecer a divisão sexual do trabalho na UFRPE.

Quadro 1 - Quantitativos de docentes - Departamentos da sede UFRPE.

DEPARTAMENTO FEM MASC TOTAL % Mulheres

Administração 14 13 27 52%

Agronomia 9 27 36 25%

Biologia 38 19 57 66%

Ciência. Florestal 18 5 23 78%

Ciências. Domésticas 20 1 21 95%

Ciências. Moleculares 3 11 14 21%

Ciências Sociais 11 15 26 42%

Educação 42 18 60 70%

Educ. Física 4 6 10 40%

Page 9: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

Estatística e informática 11 13 24 46%

Física 1 17 18 5,5%

História 13 5 18 72%

DLCH/Economia 7 11 18 39%

DLCH/Letras 17 9 26 65%

Matemática 12 15 27 44%

Medicina veterinária 22 18 40 55%

Morfologia e fisiologia animal 12 17 29 41%

Pesca e aquicultura 3 15 18 17%

Química 12 8 20 60%

Tecnologia rural 17 36 53 32%

Totais 286 279 565

Fonte: Quadro elaborado com dados da pesquisa.

De acordo com o Quadro 1, observamos que a realidade de ocupação desigual

das mulheres segundo as áreas de trabalho, na UFRPE, corrobora com o diagnóstico

realizado pelo SNIG/ Sistema Nacional de Informações de Gênero.

O SNIG faz parte do Programa de Estatísticas de Gênero no IBGE, o qual

publicou, no ano passado, o livro “Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados

do Censo Demográfico 2010”. Os dados do IBGE informam que as áreas gerais de

formação9 nas quais as mulheres estão em maior proporção, isto é, "Educação" (83,0%)

e "Humanidades e Artes" (74,2%).

A pesquisa que desenvolvemos, sobre docentes em Universidade Pública

Federal, engloba sujeitos sociais que superaram diversas desigualdades de gênero e raça

para desempenharem uma atividade de trabalho que exige muitos anos de formação, no

mínimo 15 anos de estudo, mas provavelmente, 21 anos de estudo. O gráfico abaixo,

indica, a partir das regiões brasileiras, a média de estudos das mulheres. Em

Pernambuco, lócus de nossa pesquisa, a média está entre 7,8 a 8,3, quantidade de anos

que não possibilita as mulheres desenvolverem a atividade de docência universitária.

9 As áreas gerais de formação, segundo o IBGE, são: Educação; Humanidades e artes; Ciências sociais,

negócios e direito; Ciências, matemática e computação; Engenharia, produção e construção; Agricultura e

veterinária; Saúde e bem-estar social.

Page 10: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

Fonte: Painel Observa Gênero

Sobre divisão sexual do trabalho, Carla Cabral (2006) no texto “O

conhecimento dialogicamente situado: consciência crítica de ciência, tecnologia e

gênero”, aborda as mulheres na ciência a partir de dados coletados em pesquisa, a partir

de histórias de vida, ela se depara com o relato de uma docente do Departamento de

Engenharia Civil da UFSC, que em 1975, com 17 anos, ao entrar na sala de aula, se

deparou com uma mensagem escrita no quadro negro: “Deus perguntou: queres ser

bonita ou fazer engenharia”? A autora mostra a preponderância das subjetividades de

masculinidade no fazer ciência na área de Engenharia e expressa que foi perceptível nas

histórias de vida das professoras de Engenharia existência de preconceito e

discriminação.

A partir das entrevistas realizadas, coletamos os dados que fundamentam nossa

compreensão nos seguintes aspectos: o cotidiano das relações de trabalho, das

atividades e dificuldades enfrentadas por estas mulheres numa perspectiva

fundamentada na sociologia do trabalho e com recorte de gênero.

A literatura sobre o tema informa que o século XXI tem sido significativo para

o aumento das mulheres nas carreiras cientificas, fomentado com o acesso legal à

educação superior. Entretanto, em algumas áreas as mulheres são sub-representadas e

Page 11: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

em outras há uma predominância de sua representatividade. Isso não é fruto de decisões

pessoais e sim da socialização dos meninos e das meninas.

Sobre o tema, Cabral (2006) problematiza a partir dos dados publicados por

Hildete Pereira de Melo (2004), o lugar destas pesquisadoras nas áreas tecnológicas e

nos espaços de poder, ainda redutos predominantemente masculinos. A autora chama a

atenção para as áreas em que há a predominância numérica das mulheres, por exemplo,

as ciências humanas, apesar da representatividade feminina, isso não redunda em maior

poder para as mulheres. Destaca ainda que o maior número de bolsas de produtividade

e pós-doutorado atribuídas às mulheres estão nas Ciências Biológicas, considerada a

área mais feminina das ciências.

Uma das expressões da desigualdade de gênero nas ciências é construída e

vivenciada a partir da divisão sexual do trabalho socializada no âmbito privado e na

educação básica. Uma docente ao ser indagada sobre a diferença em relação ao uso

do tempo, entre os homens e mulheres docentes na UFRPE. A resposta evidenciou a

desigualdade.

Sim, eles só são profissionais. Absolutamente profissionais, e nós as

mulheres, nós temos que nos dividir, temos que ser profissionais, temos

que ser esposa de qualidade, temos que ser mãe e doméstica. São muitas

atividades, nós somos a mulher bombril10 (Hist. 1).

Sobre o tema, outra entrevistada expressa sobre essa questão ao responder a

seguinte pergunta: “Já sentiu dificuldade em conciliar as atividades profissionais ou

acadêmicas com os trabalhos domésticos?”.

Veja essa dificuldade eu acho que é comum para qualquer mulher

profissional, não é? Porque existe uma pratica, e isso muito característica

na minha geração, quer dizer, eu vejo que essa geração mais jovem, não é,

já é uma coisa quase que tácita a divisão do trabalho dentro de casa, eu

vejo minha filha, por exemplo, ela... o marido dela põe rouba na máquina

e faz comida e isso e aquilo. Outros também, pessoas da minha família,

cuidam de bebe, etc. Mas na minha geração, a coisa era muito assim, tudo

o que dizia respeito da casa e aos filhos é a mulher que tem que se ocupar.

Então, por exemplo, muitas vezes, a criança adoecer, eu que faltava o

trabalho. Viagens, porque vida acadêmica ela demanda, principalmente,

na universidade Federal Rural de Pernambuco, que mesmo as aulas

práticas a gente faz fora daqui. Agora mesmo, eu estou indo amanha pro

sertão com os alunos da pós graduação, POSMEX, então nós vamos pro

sertão do Pajeú passar quatro dias, quer dizer, hoje eu não tenho mais

criança pequena, mas de qualquer maneira, a própria gestão da casa, isso

10 Fazendo alusão a uma publicidade em que afirmava que Bombril era uma marca de palha de aço que

tinha mil e uma utilidades.

Page 12: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

já me sobrecarrega porque eu tenho que tomar decisões de planejamento

antes de viajar , tem que deixar tudo planejado, a geladeira cheia, isso

ainda é uma coisa muito presente na minha vida. (DED)

Na pesquisa sobre as docentes da UFRPE observamos que desenvolveram

estratégias para sobreviverem a discriminação e conciliar as demandas, naturalizadas,

de seus papéis sociais: ser mulher, mãe, esposas e profissional. Por exemplo, quando

questionada sobre o seu uso do tempo e o dos seus colegas de trabalho. Ela docente

respondeu:

[...] uma vez tinha uma charge do Clériston que mostrava a mulher com a

trouxa na cabeça, o menino do lado, mexendo a panela. Frequentemente

eu me sinto caricaturada daquela forma, porque a gente tem [...] tudo o

que eu faço é correndo certo, porque eu tenho que dá conta das

obrigações que são requeridas pela minha posição na família, pela minha

posição como mulher e as que eu desejo dar conta porque acredito minhas

questões profissionais. Então pra dar conta daquilo que eu gosto de fazer

o meu trabalho eu tenho que dar conta dessa carga requerida. Então isso

faz com que eu esteja sempre com uma pauta carregadíssima e fazendo

tudo correndo pra poder ter tempo, então isso ai foi tema de uma conversa

muito seria com meu marido sabe, porque ele também como eu, por

exemplo, as crianças, eu tinha que dar conta das crianças, alimentá-las e

vesti-las e tudo quando ia sair. E eu queria também, como mulher, sair

bonita, eu queria me pintar, me maquilar, me depilar, pentear o cabelo e

sobrava muito pouco tempo pra isso. (DED).

Os dados do IBGE/201411, sobre atividade profissional e trabalho doméstico,

confirmam as respostas das docentes entrevistadas.

11 http://painelobservagenero.mmirjdh.gov.br/dashboard.html#/layout/tema2.

Page 13: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

Fonte: Painel Observa Gênero

Neste contexto, outra estratégia adotada pelas professoras, confirmada nas

entrevistas e nomeada por Cabral (2006) corresponde a “ser mais”, ou seja, ser mais

competente para ser respeitada, produzir mais, participar mais, trabalhar mais.

Algumas Considerações

Assim, por meio do diálogo com teoria feminista esta pesquisa contribuiu na

compreensão da dominação, da subordinação e da opressão às mulheres docentes. As

desigualdades estão presentes nos discursos das docentes ao afirmarem que os homens

“só são profissionais. Absolutamente profissionais, e nós as mulheres, nós temos que

nos dividir, temos que ser profissionais, nós somos esposa de qualidade, temos que ser

mãe e doméstica”. Os resultados desta pesquisa possibilita um diálogo crítico que

contribui no fomento de reflexões que poderão influenciar mudanças sociais.

Nesta pesquisa que iniciamos com a narrativa da vida de mulheres docentes

foram identificadas dificuldades em conciliar trabalho doméstico e profissional,

especialmente a partir de um recorte geracional, conforme afirma a entrevistada que

Page 14: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

considera um conflito comum para qualquer mulher profissional, especialmente as da

sua geração que já estão há várias décadas no mercado de trabalho.

As questões inseridas nas informações do parágrafo anterior chama a atenção

sobre a necessidade de visualizar e desnaturar a posição de gênero, relacionada a

condição e situação das mulheres na sociedade. Os dados desta pesquisa revelam que

há processos inerentes à invisibilidade e naturalização, que subordinam as mulheres a

determinadas práticas sociais.

São argumentações cristalizadas em práticas discursivas reproduzidas de geração

a geração, nas quais as atribuições das mulheres as demandas do trabalho doméstico,

não as afastam da eficiência em suas atividades profissionais, mas as subordinam a uma

sobrecarga de trabalho desigual, evidenciado nessa narrativa, “tudo o que eu faço é

correndo certo, porque eu tenho que dá conta das obrigações que são requeridas pela

minha posição na família, pela minha posição como mulher e as que eu desejo dar conta

porque acredito minhas questões profissionais”.

Nossas entrevistadas são mulheres com uma trajetória docente consolidada, uma

realizou pós-doutorado no exterior, outra ascendeu a Titular. Elas superaram os

obstáculos indicados em suas narrativas, especialmente, no que se refere ao uso do

tempo, a desigualdade na divisão das atividades domésticas e as cobranças iguais ou até

superiores as dos homens nas atividades profissionais. Concluímos o texto com o

questionamento elaborado por Cabral (2006): ISSO É JUSTO?

As narrativas das docentes demonstram que há necessidade de reconstruir

atitudes, valores culturais e sistemas reguladores em circulação relacionados a divisão

sexual do trabalho.

Referências

ALVES, José Eustáquio Diniz. CAVENAGHI, Suzana Marta. 2013. Indicadores de

Desigualdade de Gênero no Brasil. Dossiê Análises Quantitativas e Indicadores

Sociais. V18. n1. 83-105.

Page 15: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,

CABRAL, Carla. O conhecimento dialogicamente situado: consciência crítica de

ciência, tecnologia e gênero. Anais do VII Seminário Fazendo Gênero, 2006. p.1-7.

CASTAÑEDA SALGADO, Martha Patricia. Metodología de la Investigación

Feminista. Guatema, Fundación Guatemala y CEIICH/UNAM. 2008.

HIRATA, Helena. O cuidado em domicílio na França e no Brasil. IN Gênero e

Trabalho no Brasil e na França: perspectivas intersecionais/organização Alice

Rangeu Paiva Abreu, Helena Hirata, Maria Rosa Lombardi; tradução Carol de Paula. –

1ª Ed. – São Paulo: Bomtempo, 2016, p. 193-202.

__________. Novas configurações da divisão Sexual do trabalho. Cadernos de

Pesquisa. v. 37, n. 132, set./dez. 2007.

KERGOAT, Danièle. Cuidado e a imbricação das relações sociais. IN Gênero e

Trabalho no Brasil e na França: perspectivas intersecionais/organização Alice

Rangeu Paiva Abreu, Helena Hirata, Maria Rosa Lombardi; tradução Carol de Paula. –

1ª Ed. – São Paulo: Bomtempo, 2016, p.17-26.

LOPES, Maria Margaret; COSTA, Maria Conceição da. Problematizando ausências:

mulheres, gênero e indicadores na História das Ciências. n MORAES, Maria Lygia

Quartim de (Org.). Cadernos Pagu. Gênero nas Fronteiras do Sul. Unicamp, 2005.

MELO, Hildete Pereira de; LASTRES, Helena Maria Martins. Mulher, ciência e

tecnologia no Brasil. In Proyecto Iberoamericano de Ciencia, Tecnología y Género

(GENTEC): Reporte Iberoamericano. Madrid: OEI, UNESCO, 2004.

SAFFIOTI, H. I. Violência de Gênero no Brasil Atual. ESTUDOS FEMINISTAS.

Florianópolis: Ed. UFSC, 1994, pp. 443-461.

SCHIEBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Bauru, SP : EDUSC, 2001.

Page 16: Mulher e Ciência: trajetórias e narrativas. Maria do ......Sobre a Epistemologia Feminista trabalhamos no artigo a partir da concepção estabelecida por Castañeda Salgado (2008,