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• Ministros do Supremo, Carlos Velloso e Gilmar Mendes, debatem temas constitucionais • Desconsideração da pessoa jurídica é tema da ministra Nancy Andrighi (STJ) • Herbário UNIP é reconhecido internacionalmente • Processamento de alto desempenho pode auxiliar o projeto Genoma • Herbário UNIP é reconhecido internacionalmente • Robô de soldagem substitui homem em ambiente hostil • Processamento de alto desempenho pode auxiliar o projeto Genoma • Ministros do Supremo, Carlos Velloso e Gilmar Mendes, debatem temas constitucionais • Desconsideração da pessoa jurídica é tema da ministra Nancy Andrighi (STJ) • Presidente do Supremo, ministro Nelson Jobim, revela como tramitam as leis no Congresso Junho, 2004 Multi Multi informações UNIVERSIDADE PAULISTA • Presidente do Supremo, ministro Nelson Jobim, revela como tramitam as leis no Congresso Nesta edição Nesta edição • Empreendimentos turísticos na esteira do sucesso • Empreendimentos turísticos na esteira do sucesso • Robô de soldagem substitui homem em ambiente hostil • Para Delfim Netto, desenvolvimento demanda ousadia Nizan Guanaes faz publicidade da perseverança Nizan Guanaes faz publicidade da perseverança

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• Ministros do Supremo, Carlos Velloso e GilmarMendes, debatem temas constitucionais

• Desconsideração da pessoa jurídica étema da ministra Nancy Andrighi (STJ)

• Herbário UNIP é reconhecido internacionalmente

• Processamento de alto desempenho pode auxiliar o projeto Genoma

• Herbário UNIP é reconhecido internacionalmente

• Robô de soldagem substitui homem em ambiente hostil

• Processamento de alto desempenho pode auxiliar o projeto Genoma

• Ministros do Supremo, Carlos Velloso e GilmarMendes, debatem temas constitucionais

• Desconsideração da pessoa jurídica étema da ministra Nancy Andrighi (STJ)

• Presidente doSupremo,ministro NelsonJobim,revela comotramitam as leisno Congresso

Junho, 2004MultiMulti informações

UNIVERSIDADE PAULISTA

• Presidente doSupremo,ministro NelsonJobim,revela comotramitam as leisno Congresso

Nesta ediçãoNesta edição

• Empreendimentos turísticos na esteira do sucesso

• Empreendimentos turísticos na esteira do sucesso

• Robô de soldagem substitui homem emambiente hostil

• Para Delfim Netto,desenvolvimentodemanda ousadia

• NizanGuanaes faz publicidade da perseverança

• NizanGuanaes faz publicidade da perseverança

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2 informações

MultiMulti informações

Não é novidade que a psicologiafreqüenta o cinema. Personagens densos, comconflitos existenciais ou neuróticos, enfim, apsique humana, dramatizada ou ironizada emfilmes e mais filmes, sempre provocou platéiasdo mundo inteiro. Nada melhor então queexperimentar o caminho inverso: levar ocinema para a sala de aula. Se isso tambémnão significa novidade ao menos arepresentação cinematográfica da subjetividadehumana permite instigar o aluno para adiscussão de temas relevantes da sociedade eda formação do psicólogo. A transmissão defilmes, apoiada pelo debate com especialistasda área, possibilita ao estudante ampliarconhecimentos e concretizar conceitos atéentão só abordados em textos teóricos.

A projeção é ótima oportunidade para o alunoassimilar, por exemplo, os conceitos psicanalíticos deforma viva e dinâmica. Filmes como A invenção dapsicanálise, produção francesa que conta cem anosde paixões, lirismo, ambições e loucuras, propicia emimagens o romance das origens da psicanálise. Estãopresentes no filme homens, memória, conceitos,movimento. Freud além da alma (John Huston, EUA,1962), que retrata de forma romanceada a vida do paida psicanálise, pode ser útil para entender, porexemplo, o embrião do Complexo de Édipo (etapa nocrescimento psicológico da criança que se tornapatológica quando não resolvida), a partir do

relacionamento de Freud com sua mãe. Algunssonhos de Freud também foram recriados no filme. JáO jovem Freud, do diretor austríaco Axel Corti (1977),conta de forma simples as lembranças do rapaz queum dia revolucionaria o pensamento de sua época,com a revelação do inconsciente.

Nascido em 1856, na Moravia, Europa, SigmundFreud estudou medicina na Universidade de Viena, naÁustria, e, desde cedo, especializou-se em neurologia.Durante muito tempo, trabalhou na elaboração dapsicanálise.

Mas a psicanálise também foi parar no “divã” deLacan (documentário que reúne as imagens da vida eda obra de um dos seguidores que mais contribuíram

para a releitura da obra de Freud). Televisão,entrevista de Lacan concedida a Jacques-AlainMiller, para um filme realizado por BenoitJacquot, tornou-se documentário célebre,pelas idéias ali contidas.

Jacques Lacan nasceu em Paris, em1901. Neurologista e psiquiatra, para ele, apsicanálise não era apenas uma abstração,mas se estruturava como uma linguagem.

Ainda com uma idéia na cabeça e umacâmera na mão, o cineasta sensível podeenfocar questões da atividade profissional dopsicólogo, como escola e sociedade, relaçõesfamiliares e deficiência, e seu trabalho servirpara estudo em classe. Em Quando tudocomeça, (França, 1999), cujo personagemcentral ensinava crianças numa cidadezinha

do interior francês, o diretor Bertrand Taverniertomou depoimentos de diversos professores sobre arealidade das escolas públicas. Já Parente é serpente(1992), do diretor Mario Monicelli, é umatragicomédia sobre os desencontros de umatradicional família italiana que se reúne no Natal. EmBanhos (China, 1999), de Zhang Yang, um homem,que tem um irmão com deficiência mental, visita ovelho pai, que dirige uma casa de banhos tradicionalem uma cidade interiorana. O drama familiar éretratado com bastante delicadeza.

Nada como uma boa película para refletir ariqueza da psique humana.■

Cenas da psique humana

automobilística, substituir a soldagemmanual pela robotizada. Para falar sobresoldagem robotizada, o SistemaMultiensino convidou o professorGuilherme Caribé de Carvalho, pós-doutorado em tecnologia de soldagempela universidade de Cranfield,Inglaterra. A palestra aconteceu no dia13 de abril, e os alunos puderamformular perguntas, em tempo real, pelainternet e pelos canais da RedeBrasileira de Informação (RBI),instalados em São Paulo e Brasília.

Segundo o professor, robôs parasoldagem podem ser agrupados em trêscategorias. Os robôs cartesianos, querealizam movimentos lineares, possuemgeralmente três eixos de translação. Osrobôs bicilíndricos, que são formadospela combinação de eixos demovimento rotativo num planohorizontal e de movimento linearvertical, são utilizados no processo desoldagem de placas de circuitoimpresso. E os robôs de revolução, quepossuem diversos eixos demovimentação exclusivamente rotativa,são os mais flexíveis entre as trêscategorias, porém, os mais difíceis decontrolar e programar.

O movimento de um robô podeser do tipo interpolado, em que todas asjuntas se movem ao mesmo tempo, de

forma suave. Outra forma demovimento é o cartesiano, em que éfornecida ao robô uma coordenada noespaço, que é o ponto de destino domovimento.

Existem dois tipos deprogramação dos movimentos de umrobô industrial: on-line e off-line. Noprimeiro, o operador programa o robôdiretamente, em geral, por meio deum joy-stick. Na programação off-line,o operador cria o programa em umcomputador e utiliza ambiente virtual.

De acordo com o professorGuilherme, diferentemente dosoldador humano, que pode iradequando o processo de soldagemenquanto realiza a tarefa, um robôdepende de que nenhum imprevistoocorra durante a execução dasoperações programadas. Atualmente, amonitoração é feita por meio desensores, que podem ser de calor, desom, eletromagnéticos, óticos etc.

“O grande benefício da soldagemrobotizada é a retirada do elementohumano de um ambiente hostil, emque, além de temperaturas elevadas,há grande concentração de vaporestóxicos e radiação ultra-violeta. E oBrasil, neste princípio de século, épromissor mercado para a indústriarobótica”, salientou o professor. ■

Apossibilidade

de a máquinasubstituir o homemem diferentesatividades do dia-a-dia e deixá-lo livrepara tarefas mais criativasé algo com que muitossonham. A literatura de ficçãoe o cinema já contaram muitashistórias em que robôs

aparecem como personagens. Atéa indústria de brinquedos aposta no

filão. Há alguns anos, brinquedos-robôsvêm fazendo a alegria das crianças e deoutros nem tão crianças assim.

Mas quem imagina que robôsforam gerados de pedaços de metal eparafusos não conhece o pai deles: Isaac

Asimov, premiado escritor de ficçãocientífica que nasceu na antiga UniãoSoviética, em 1920, e foi criado em NovaIorque, Estados Unidos. A linguagemsimples e o senso de humor presentesem seus textos abriram as portas daciência para o público leigo e inspirarammuitos filmes de sucesso. Famoso porsuas obras envolvendo robôs (atribui-se aele criação da palavra robô), Asimovlançou as Três Leis Fundamentais daRobótica. A primeira diz: “Um robô nãopode causar dano a um ser humano nem,por omissão, permitir que um serhumano sofra.” A segunda: “Um robôdeve obedecer às ordens dadas por sereshumanos, exceto quando essas ordensentrarem em conflito com a primeira lei.”E a terceira: “Um robô deve proteger suaprópria existência, desde que essaproteção não se choque com a primeiranem com a segunda lei da robótica.”Isaac Asimov criou as leis para provocarnova visão a respeito dos robôs, afinal,muitos críticos acreditavam que asmáquinas destruiriam o homem.

Nos dias atuais, a soldagem é oterceiro processo de fabricação industrialmais utilizado. Fica atrás apenas damontagem e da usinagem. E anecessidade de oferecer produtos dequalidade a preços competitivos tem feitoa indústria, principalmente a

Robô de soldagem retira homem de ambiente hostil

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em São Paulo, e pelo canal 17-UHF, em Brasília. Aliás, na capital da

República, a RBI também é sintonizada nos canais por assinatura

Net (25) e Mais TV (64).

O convidado realiza a palestra, e o estudante pode formular

perguntas e esclarecer dúvidas sentado na platéia ou diante de um

computador. E se desejar acessar o mesmo evento posteriormente

e mais uma vez interagir, o aluno poderá fazê-lo ao utilizar

softwares especiais que integram todas as modernas tecnologias de

comunicação e informação disponíveis (bancos de dados,

informações audiovisuais, canais de televisão, internet e

TV web) e digitalizam os eventos.

Tecnologia é para isso mesmo, para

servir de instrumento ao debate

de grandes questões.

O conhecimento de questões importantes para a sociedade e

que interessam profundamente a comunidade acadêmica pode ser

debatido entre lideranças de diferentes setores, talentosos

profissionais de diversas áreas, professores de várias disciplinas,

alunos e demais pessoas atentas e questionadoras. Muita gente? Sim.

E todas ao mesmo tempo? Claro. Como? Ora, para responder a

tantas questões, nada como dispor da ferramenta tecnologia.

O Sistema Multiensino é assim, capaz de reunir muitos

especialistas, prontos para o debate de temas essenciais para a

humanidade, a partir do palco de um teatro ou de um estúdio de

televisão, e, em tempo real, atingir inúmeros interessados. Como?

Via internet e com o auxílio da transmissão televisiva

da Rede Brasileira de Integração (RBI), pelo

canal 14-UHF,

Educação superior

1opiniões

Junho, 2004MultiMulti opiniões

Sistema Multiensino

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2 opiniões

MultiMulti opiniões

Editora Soldiretora

Sandra Miessa

consultoria

Elisabete Brihy

editoras

Sandra Miessa e Wilma Ary

multimídia

Marcelo Souza

comunicação institucional

Marcus Vinicius Mathias

chefia de redação

Wilma Ary

reportagem

Carla Linhares

Fernanda Milani

Roberta Abrahão

textos especiais

Sandra Miessa

diagramação e arte

Homart Artes Gráficas

MultiMultiinformações

UNIVERSIDADE PAULISTA

Presidente do Supremo revela comotramitam as leis no Congresso

No dia 26 de maio, para falar

sobre o processo legislativo e suas

peculiaridades, o presidente do

Supremo Tribunal Federal (STF),

ministro Nelson Jobim, preferiu

dar ênfase à tramitação de projeto

de lei. Os alunos puderam assistir

à palestra e participar com

perguntas pela internet e pelos

canais da televisão RBI, instalados

em São Paulo e Brasília.

O ministro Nelson Jobim disse

que a primeira fase do processo

legislativo é a da iniciativa de lei,

e esta classifica-se em concorrente

e privativa. A iniciativa

concorrente é aquela que pode ser

exercida por diferentes pessoas,

como o presidente da República

ou membros do Congresso

Nacional, de tribunais de Justiça,

da Procuradoria Geral e da

iniciativa popular. Já a privativa

pertence a um diferente conjunto

de temas, e somente determinada

pessoa ou ente político pode dar

início à tramitação de um projeto

de lei.

Para demonstrar o processo

legislativo de uma lei ordinária, em

iniciativa concorrente, o ministro

escolheu o Poder Executivo como

iniciador. Primeiramente, a temática

é levada em pauta por meio de um

anteprojeto de lei, o qual é

elaborado, em regra, por comissão

nomeada pelo ministro da Justiça.

Encerrada essa etapa, o titular da

pasta da Justiça encaminha o

anteprojeto, juntamente com a

exposição de motivos, ao presidente

da República. O anteprojeto é

analisado pela Casa Civil, que o

discute e revisa, acompanhada por

outras áreas do governo, e

novamente o envia ao presidente da

República. Somente então o

anteprojeto fica apto para ser

remetido ao Congresso e tornar-se

projeto de lei para ser votado.

No sistema bicameral que

vigora no Brasil, a Câmara dos

Deputados é a casa que inicia a

maioria dos projetos de lei; ao

Senado Federal cabe a revisão. Na

Câmara dos Deputados, é aberto um

prazo, a partir da leitura do projeto,

para que os parlamentares ofereçam

emendas ao projeto. As emendas

são classificadas em supressivas,

aditivas, substitutivas ou

modificativas. As supressivas

excluem dispositivo do projeto. As

modificativas alteram o projeto de

maneira não substancial. As

substitutivas modificam radicalmente

o texto. As aditivas acrescentam

texto autônomo, o qual, porém,

deve ter relação com o projeto

apresentado.

Na fase seguinte, o conjunto

de emendas é analisado por uma

comissão temática. O relator pode

emitir parecer autônomo

sobre o projeto e emendas, mas

tem como alternativa a

apresentação de um substitutivo.

A fase constitutiva ocorre no

plenário da Câmara. Nessa etapa,

de acordo com o presidente do

Supremo, o plenário debate o

conjunto de emendas, o

substitutivo e o projeto de lei e

dá início ao processo de votação.

“Esse é o momento de grande

importância técnica, no qual

surgem os destaques, que têm

como objetivo aprovar algum

texto do projeto que não se

encontra no substitutivo”, enfatizou

o ministro. Ele salientou ainda que

o substitutivo tem preferência na

votação sobre o projeto. Ainda no

caso de o parlamentar não

considerar conveniente a aprovação

de alguma matéria que esteja no

texto substitutivo, terá duas

alternativas: o destaque supressivo

e o destaque para a votação em

separado.

Aprovado o substitutivo,

ocorre a votação da matéria

destacada. Contudo, rejeitado o

substitutivo, votam-se o projeto

de lei e os destaques. Não

aprovada a matéria, o projeto será

arquivado.

O resultado é levado para

Comissão de Constituição e

Justiça (CCJ), para redação final.

A redação final também é

submetida a votação. Uma vez

aprovada, encerra-se a fase

instrutória na Câmara dos

Deputados.

O ministro explicou que, no

Senado, há tramitação semelhante.

Se o Senado alterar o texto, este,

com as modificações, volta para

exame na Câmara dos Deputados,

que deliberará sobre o novo texto

ou o antigo. Prevalece, nesse

caso, a decisão da Câmara.

O projeto segue para a

Presidência da República. O

presidente pode sancionar o texto

e mandar publicar. No entanto, o

chefe do Executivo pode vetar o

texto, total ou parcialmente. “A

matéria retorna ao Congresso, que

pode derrubar ou não o veto ao

texto”, encerrou o ministro. ■

O presidente do Supremo,

ministro Nelson Jobim

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3opiniões

MultiMulti opiniões

contraposição ao direito de outrotitular, poderá surgir a chamadacolisão de direitos fundamentais.

A colisão entre dois direitosfundamentais pode permitir aolegislador estabelecer restrições aum deles. Em uma situação, alguémrefere-se a outro, e este podeconsiderar as palavras ofensivas àsua dignidade ou à de sua família.De um lado está a liberdade deexpressão, de outro, a idéia deproteção à imagem, à privacidadedas pessoas. Há outra situação,como o confronto entre direitosfundamentais e outros direitosconstitucionais __ caso, porexemplo, da liberdade deexpressão, de um lado, e dosinteresses do Estado, de outro.Também existe a possibilidade decolisão entre direitos fundamentaisidênticos.

Em geral, o princípio daproporcionalidade, especialmentesob a forma do subprincípio emsentido estrito, tem sido oparâmetro adotado. ■

De acordo com o ministroGilmar Mendes, do SupremoTribunal Federal (STF), aConstituição Federal de 1988assegura que os direitos e garantiasindividuais são cláusulas pétreas,elementos centrais do textoconstitucional, portanto, não podemser removidos nem afetados, demaneira radical, por emendas. Essefoi o tema da palestra realizada nodia 31 de março, pelo ProgramaMultiensino. Os alunos puderamformular perguntas, em tempo real,via internet e pelos canais datelevisão RBI, instalados em SãoPaulo e Brasília.

“As cláusulas pétreas compõema identidade da Constituição, noentanto, quando se lida com osdireitos fundamentais, é precisofazer algumas distinções”, disse oministro. Existem os direitosfundamentais de defesa, de caráternegativo, e os direitos fundamentaisa uma prestação, de caráterpositivo. Os direitos de defesa sãode perfil liberal e impõem aoEstado, em princípio, dever deabstenção. Contudo, se vier aintervir, o Estado deve seguirparâmetros estabelecidos. Entreoutros, são considerados direitos dedefesa o direito de propriedade, asliberdades individuais, o direito deir e vir e a liberdade do exercícioprofissional.

Entre os direitos de perfil

positivo, estão os decaráter social, ou seja,o que o cidadãodeseja do Estado. “Eele quer participação,

prestação positiva,como, por exemplo,

direito a salário mínimojusto”, explicou o ministro.

Segundo o palestrante, osdireitos fundamentais podem

receber limites, mas há distinçãoentre reserva legal simples equalificada. Na primeira, arestrição é exercida na formada lei, ou seja, o constituintenão estabelece exigênciasadicionais, apenas limites aoexercício de dado direito. Nocaso da reserva legalqualificada, como não háexpressa limitação, o constituintepode entender que um direitofundamental só poderá sofrerrestrição se atendidos certospressupostos. Contudo, o legisladornão pode perder de vista o núcleoessencial, que é o espaço além doqual ele não pode ir.

Além do núcleo essencial, épreciso considerar o princípio daproporcionalidade, que se divideem três subprincípios: daadequação, da necessidade e daproporcionalidade em sentidoestrito. Pelo primeiro item, os meiosestabelecidos deverão estaradequados aos fins propostos. Sepassar nesse teste de adequação, amedida deverá contemplar oprincípio da necessidade. Quanto àproporcionalidade em sentidoestrito, de um lado, é importantesaber se o interesse público justificaintervenção; de outro, é preciso terconhecimento sobre a agressão quese impõe ao direito ou garantiaindividual.

Segundo o ministro GilmarMendes, diversos direitosfundamentais protegem situaçõesassemelhadas, porém, se houver

“A colisão entredireitos fundamentaispode estabelecerrestrições a um deles.De um lado pode estara liberdade deexpressão, de outro, aidéia de proteção àimagem, à privacidadedas pessoas”

Ministro Gilmar Mendes fala sobre os direitos fundamentais

Ministro Gilmar Mendes diz que direitos fundamentais

podem ser limitados

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A ministra Nancy Andrighi, do

Superior Tribunal de Justiça (STJ),

contou aos alunos do Sistema

Multiensino a história de uma

sociedade comercial cujos sócios

foram dolosamente dilapidando os

bens, a ponto de contrair dívidas e

deixar de honrar compromissos. Essa

história nunca existiu, é

hipotética. Serviu para

ilustrar a palestra da

ministra, ocorrida no dia

12 de maio. Atentos, os

estudantes puderam

formular perguntas, em

tempo real, pela

internet e pelos

canais da

televisão RBI,

instalados em

São Paulo e

Brasília.

Mas, continuando a história daquela

sociedade, quando os credores passaram

a exigir dos sócios o pagamento de suas

4 opiniões

MultiMulti opiniõesMinistra explica

“levantamento de véu” da pessoa

jurídica

Internado na Unidade de

Terapia intensiva (UTI) de um

grande hospital de São Paulo, o

estado do paciente José era

gravíssimo. Oitenta anos, médico,

culto, espirituoso, ele nem sabia

que estava inchado, sedado e

respirava por aparelho. Os

colegas médicos e os enfermeiros

faziam de tudo para salvá-lo. Os

fisioterapeutas revezavam-se na

mesma luta. E a família

agüentava-se na esperança.

Diariamente, os

fisioterapeutas faziam o paciente

sentar-se e verificavam níveis do

oxigênio circulante, do padrão

respiratório, enfim, realizavam o

trabalho a que chamavam de

procedimento. Certo dia, um

fisioterapeuta, que durante os

procedimentos sempre

conversava com o doutor José

como se ele o estivesse ouvindo,

percebeu que o paciente estava

consciente. Ao movimentar a

cânula introduzida na traquéia do

doente, o profissional conseguiu

que ele falasse. Por coincidência,

começava a hora da visita, e a

família pôde presenciar aquilo

que considerava milagre. Doutor

José pronunciou os nomes dos

filhos e chegou a exprimir frases

de brincadeira. Foi a última vez

que falou. Dias mais tarde, a

doença o venceria.

O cardiologista Carlos

Alberto Pastore, diretor do

Serviço de Eletrocardiologia do

Instituto do Coração (InCor), que

integra o complexo do Hospital

das Clínicas de São Paulo,

reconhece a importância do

trabalho dos fisioterapeutas. Ele

ministra aulas de

eletrocardiograma no curso

dirigido pela chefe do Serviço de

Fisioterapia do InCor, doutora

Maria Ignez Zanetti Feltrim. “A

doutora Maria Ignez está no

serviço praticamente desde o

início do instituto, que tem quase

trinta anos. O trabalho é a vida

dela”, afirmou o médico.

Segundo o cardiologista, quando

o InCor começou a tratar os

pacientes da UTI com o auxílio

da fisioterapia, cabia ao

profissional dessa área realizar

atendimento em curto espaço de

tempo. Durante sua permanência,

o doente podia ter ótima

resposta; porém, após a saída do

profissional, muitas vezes o

estado do paciente piorava.

De acordo com o médico,

hoje, na UTI especializada

(cardiológica, pneumológica,

neurológica, infantil), o

fisioterapeuta tem de estar

presente 24 horas ao dia. Nesse

sentido, o InCor saiu na frente.

Em 1981, tornou-se o primeiro

hospital a dispor da presença do

fisioterapeuta durante as 24 horas

do dia na UTI. “O serviço é tão

importante que, atualmente, um

curso de especialização é

realizado dentro do InCor, para

qualificar fisioterapeutas”,

ressaltou o cardiologista.

De acordo com o doutor

Pastore, a unidade de terapia

intensiva que se encontra nos

hospitais de grande porte e

mantém equipamentos de última

geração, exige fisioterapeuta

exclusivo. Para a doutora Feltrim,

o fisioterapeuta que atua dentro

desse tipo de UTI precisa saber

como funcionam os sistemas

vitais e ter uma compreensão

profunda dos episódios que

podem ocorrer ao doente. “Ele

tem de estar preparado para

responder imediatamente às

necessidades mecânicas e

tecnológicas, contudo, ao mesmo

tempo, não pode esquecer o lado

humano. Tem de compreender o

doente com todas as variáveis

que ele apresenta”, explicou.

Até hoje uma família é grata

a um certo fisioterapeuta que

conversava com um paciente

grave chamado José como se este

pudesse ouvir e responder. �

Ministra Nancy Andrighi, do Superior

Tribunal de Justiça

UTI especializada exige fisioterapeuta permanente

respectivas dívidas, descobriram que não

havia bens em nome da sociedade.

Então, surgiu a dúvida: os sócios

deveriam responder pelas dívidas da

sociedade com seus bens particulares?

A ministra explicou que a idéia da

limitação da responsabilidade do sócio

advém da preocupação natural com o

fato de as pessoas investirem em

negócios e correrem o risco de perder

os bens pessoais que foram adquiridos

anteriormente à formação da sociedade.

Para incentivar o desenvolvimento

societário, a lei instituiu a pessoa

jurídica, que funciona como um escudo

protetor do patrimônio particular do

sócio.

No entanto, o novo código, sem

negar o princípio da separação

patrimonial, prevê a desconsideração da

pessoa jurídica em algumas situações.

Segundo a ministra, o juiz pode

desconsiderar a pessoa jurídica para

evitar fraudes e prejuízo aos credores.

Essa determinação encontra-se tanto no

Código Civil (CC), como no Código de

Defesa do Consumidor (CDC), além de

outras leis, de ordem trabalhista,

tributária, ambiental e econômica.

O Código Civil autoriza a

desconsideração em casos de abuso ou

de desvio de finalidade. Quando, por

exemplo, fraudulentamente, os mesmos

sócios constituem nova sociedade e

passam a transferir os bens para ela, a

desconsideração pode permitir a

invasão nos patrimônios dos sócios

ou dessa outra pessoa jurídica. Já o

Código de Defesa do Consumidor é

mais abrangente. Enquanto o Código

Civil exige a prova de que os sócios

agiram de má-fé, o CDC não faz tal

cobrança e permite a invasão no

patrimônio dos sócios toda vez que a

personalidade jurídica prejudicar o

ressarcimento do prejuízo ao

consumidor.

“Entretanto,o juiz não pode

limitar-se a simplesmente interpretar a

regra. Precisa considerar também a

conjuntura jurídica”, disse a ministra.

Como no CDC não há necessidade de

questionar a atuação dos sócios, e

eles podem responder pela

inadimplência da empresa mesmo

sem ter contribuído para isso, o

investidor pode não se sentir

motivado a aplicar em empresas com

separação patrimonial. Afinal,

qualquer problema que ocorra com

ela coloca em risco seu patrimônio

pessoal.

A ministra ainda ressaltou que

a desconsideração não extingue, por

si só, a empresa. “O chamado

‘levantamento do véu’

(desconsideração) da pessoa jurídica

deixa de existir depois que os

pagamentos são realizados”,

afirmou. �

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ECampus Bacelar

1unidade

Maio, 2004MultiMulti unidade

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MultiMulti unidade

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1destaques

Junho, 2004MultiMulti destaques

O ministro Carlos Velloso, do

Supremo Tribunal Federal (STF), foi

convidado pelo Sistema

Multiensino, para falar, no dia 3 de

maio, sobre os princípios

constitucionais tributários. Os

alunos formularam questões

durante a palestra, em tempo real,

via internet e pelos canais da

televisão RBI, instalados em São

Paulo e Brasília.

Segundo o ministro, no Brasil,

existe um direito tributário

constitucional que, na verdade,

integra um sistema constitucional

maior. Impostos, taxas,

contribuições e empréstimos

compulsórios fazem parte de nosso

sistema constitucional tributário.

Também o compõem as limitações

à tributação e a discriminação das

rendas tributárias.

De acordo com o palestrante,

os princípios estabelecidos na

Constituição Federal são garantias e

dividem-se em gerais e especiais. O

primeiro princípio geral é o da

legalidade. Segundo o ministro,

não há tributo sem lei. A exceção

ao princípio da legalidade

restringe-se aos impostos de

exportação e importação, bem

como aos impostos sobre produtos

industrializados e operações

financeiras. Tais impostos podem

ter alíquotas alteradas por decreto

do Poder Executivo, porém, dentro

dos limites mínimos e máximos

previstos em lei.

O princípio da igualdade

realiza-se pelo princípio da

capacidade tributiva, no caso de

impostos; pelo princípio da

utilização, na eventualidade de

taxas; e pelo princípio da

proporcionalidade, na hipótese de

contribuições.

O princípio geral da

irretroatividade impede que a lei

altere, por exemplo, um negócio já

realizado, aquilo que já foi julgado

e todo e qualquer direito que a

pessoa já possua.

Ainda de caráter geral, tem-se

o princípio da anterioridade.

Segundo o ministro Carlos Velloso,

o tributo não pode ser cobrado no

período financeiro em que tenha

sido instituído, que no nosso caso

corresponde ao ano civil. Somente

poderá ser cobrado no exercício

financeiro subseqüente. Trata-se,

hoje, de cláusula pétrea da

Constituição Federal. A novidade é

a denominada anterioridade

“nonagesimal”, em que o tributo

não pode ser cobrado antes de

noventa dias após a publicação da

lei instituidora. O objetivo é

impedir que, ao final de cada

exercício, o contribuinte seja

surpreendido por número

excessivo de tributos e/ou

majorações que passariam a

vigorar no dia 1º de janeiro de

cada ano. Entretanto, a

anterioridade “nonagesimal” não se

aplica a certos casos, tais como:

imposto de renda; impostos sobre

produtos industrializados; impostos

sobre operações financeiras;

Imposto sobre a Propriedade de

Veículo Automotor (IPVA) e

Imposto sobre a Propriedade

Territorial Urbana (IPTU), entre

outros.

Ainda sob caráter geral, a

União não pode instituir tributos

diferentes entre os estados, o

Distrito Federal e os municípios.

Pode apenas, justificadamente,

estabelecer incentivos fiscais. A

União também não pode fixar

tributos sobre as dívidas públicas

dos estados, do Distrito Federal e

dos municípios.

Já as isenções podem ser

heterônimas ou autônomas. O

ministro afirmou que as primeiras

são concedidas por quem não

pode instituir o tributo. Já as

autônomas são outorgadas por

quem possui competência

tributária. Dentro do estado

federado, há entidades parciais e

uma entidade total. Os estados, os

municípios e o Distrito Federal são

entidades parciais. “A União é, ao

mesmo tempo, entidade total e

parcial. Na condição de entidade

parcial, com atividade e

competência internas, não pode

Ministro Carlos Velloso debate princípios constitucionais tributários

Ministro Carlos Velloso fala sobre osprincípios constitucionais tributários

conceder isenções. Não lhe cabe

isentar os tributos dos estados, do

Distrito Federal e dos municípios.

Porém, a União representa também

a República Federativa, logo, pode,

sim, realizar tratados com amplos

reflexos internos”, explicou o

ministro.

Existem ainda os princípios

específicos, especiais, que atingem

apenas alguns tributos. O primeiro

é o Imposto de Renda, que deve

ser marcado por três princípios:

generalidade, progressividade e

universalidade. Outro princípio

específico é o da não

cumulatividade. Diz respeito ao

Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços (ICMS) e ao

Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI). O terceiro

princípio específico é o da

seletividade e também abrange o

IPI e o ICMS, que são impostos

considerados seletivos em razão

dos produtos, pois há alíquotas

com valores mais altos para itens

“A União, comoentidade parcial, nãopode isentar tributosdos estados, do DF edos municípios.Porém, comorepresentante daRepública Federativa,pode realizar tratadoscom amplos reflexosinternos”

supérfluos e mais baixos para

gêneros de primeira necessidade.

O ministro encerrou a palestra

explicando o princípio da

progressividade, que atinge o

Imposto sobre a Propriedade

Territorial rural (IPTR). “A alíquota

é maior quanto menor a

produtividade da terra rural”,

ressaltou. ■

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Doutor em ciência ambiental pelaUniversidade de São Paulo (USP), oprofessor Eduardo Ehlers, no dia 25 demaio, deu uma aula sobre turismo edesenvolvimento sustentável. Os alunosdo Sistema Multiensino assistiram àpalestra e formularam perguntas viainternet e pelos canais da televisão RBI,instalados em São Paulo e Brasília.

O professor Ehlers iniciou aconferência com uma boa notícia:embora na década de 90, no Estado deSão Paulo, parte da Mata Atlânticativesse encolhido (houve redução de15,2% para 14,9% da cobertura original),em 204 municípios paulistas a matacresceu. Ou seja, nas regiões em que seencontram esses municípios, que namaioria estão agrupados, são vizinhos

entre si, havia, ao final dos anos 90, maismata do que no início da mesma década.

De acordo com o palestrante, sãovários os motivos que explicam ofenômeno, entre eles: adoção delegislação e fiscalização mais rigorosas;ampliação das ações governamentais; eredução das atividades agropecuáriasnessas regiões. No entanto, na opiniãodo professor, o motivo mais importantefoi o avanço dos empreendimentos quepromovem o aproveitamento dopatrimônio natural, por meio deatividades turísticas. “Entre os 204municípios que apresentam aumento deMata Atlântica, 75 deles apontam oaproveitamento do patrimônio culturalrelacionado a uma série de atividadesvoltadas para o turismo”, revelou. Mudoua paisagem: áreas antes ocupadas pelaagricultura cederam espaço parapousadas, chácaras de lazer, fazendasturísticas etc.

O palestrante explicou que adensidade empreendedora de ummunicípio é calculada pelo número demicros e pequenas empresas instaladasdividido pela população. Dos dezmunicípios com maior densidadeempreendedora no Estado de São Paulo,

pelo menos três dependem diretamentedo turismo. Em Águas de São Pedro, háhoje 1 micro ou pequena empresa paracada 9,6 habitantes. Índice altíssimo,pois, no Brasil, a média é deaproximadamente uma micro oupequena empresa para cada cinqüentahabitantes.

Por outro lado, há municípios quenão possuíam atividades turísticas masacabaram seguindo por essa trilha. Nacidade paulista de Dourados, porexemplo, corre o rio Jacarepepira, omesmo que é aproveitado pelomunicípio de Brotas para uma série deatividades turísticas, principalmente deaventura (esportes radicais realizados nanatureza). No passado, Douradosproduzia móveis, hoje, grande parte desuas empresas dedica-se ao turismo. Ehá cidades, como Campos do Jordão,com grande fluxo turístico, que acabamdividindo com municípios vizinhos atarefa de receber as pessoas.

O professor salientou que nosagrupamentos de recuperação da MataAtlântica existem arranjos locais (ouclusters) em torno do aproveitamentoturístico do patrimônio natural. Clusterssão uma espécie de teia de relações

sociais estabelecidas entre indivíduos,organizações, associações e poderpúblico, que geram condiçõesinstitucionais muito favoráveis tanto aoempreendedorismo como à conservaçãoambiental. A razão é simples: se nãoexistir ambiente preservado, os negóciosevaporam. Atualmente, é mais vantajosoconservar a natureza para manter umbom negócio. Afinal, cada vez maiscresce o interesse da população urbanapelo turismo ecológico, em busca desossego e de ar puro.

Segundo o professor, o turismo éforma bastante significativa de havercrescimento econômico, sem destruiçãodo patrimônio natural ou cultural. E auniversidade tem papel fundamental,pois as pesquisas podem transformar-seem políticas públicas importantes.

O que se vê em São Paulo tambémacontece em outros estados brasileiros.No entanto, o Brasil, tão imenso e belo,e, ao mesmo tempo, carente deoportunidades, de trabalho e de renda,precisa transportar essa bagagem deexperiências para muito mais municípios.“Temos um leque muito grande deoportunidades empreendedoras”,finalizou o professor. ■

2 destaques

MultiMulti

Empreendimentos turísticos na esteira do sucesso

O professor Eduardo Ehlers diz que nem tudoestá perdido para a Mata Atlântica

Processamento de alto desempenho

significa executar tarefas de forma mais

rápida. A professora Alba Cristina Melo,

doutora em ciência da computação por

Grenoble (França), explicou aos alunos do

Sistema Multiensino, no dia 16 de abril, que

existem basicamente três maneiras para

reduzir o tempo gasto na execução de dada

tarefa, seja ela de computação ou não. Para

ouvir a professora e participar com

perguntas, os estudantes acompanharam a

palestra, em tempo real, pela internet e

pelos canais da televisão RBI, instalados em

São Paulo e Brasília.

A primeira maneira de encurtar tempo

na realização de tarefa, segundo a

palestrante, é trabalhar mais rapidamente. A

pessoa realiza as mesmas coisas, porém,

com mais velocidade. Em se tratando de

computação, um caminho para se chegar a

esse aumento de velocidade seria a troca

dos processadores atuais por outros mais

velozes. Trabalhar de modo mais inteligente

é outra maneira de conseguir agilidade. A

pessoa modifica a forma de trabalhar, em

busca de maior eficiência. Quanto à

implementação computacional, a professora

aconselha a substituição dos algoritmos

atuais por outros mais eficazes.“A terceira

maneira”, explicou, “é pedir ajuda”. Do

ponto de vista computacional, a solução

seria a utilização de diversas máquinas, todas

trabalhando juntas na tentativa de resolver o

mesmo problema.

O processamento de alto desempenho

é feito em computadores paralelos, que se

comunicam e cooperam com a intenção de

resolver dada tarefa no menor tempo

possível. A justificativa para a utilização de

computadores paralelos advém da

complexidade dos problemas tratados em

algumas aplicações, que chegam a envolver

grande número de complexos cálculos

matemáticos. De acordo com a palestrante,

tais aplicações são chamadas de “grandes

desafios”.

Em ciência e engenharia, a aplicação

de “grande desafio” é problema com alto

impacto econômico e científico, cuja solução

pode ser obtida com computação de alto

desempenho. Como exemplos desse tipo de

aplicação, a professora citou: modelagem de

realidade virtual em tempo real; Projeto

Genoma Humano (PGH); simulações das

evoluções de galáxias; modelo climático

global; e radioastronomia (estuda os

fenômenos extraterrestres pela análise das

ondas eletromagnéticas na freqüência de

rádio, emitidas pelos astros e pela matéria

cósmica de modo geral) em tempo real.

Existem dois tipos de máquinas de alto

desempenho: a computação de alta

performance e a de alta vazão. A eficiência

da computação de alta performance é

medida em quantas operações com números

reais a máquina é capaz de realizar em um

segundo. Os computadores são usados de

maneira dedicada, e todos executam apenas

a aplicação de alto desempenho. Na

computação de alta vazão, a eficácia é

medida em número de programas executado

por unidade de tempo (segundos, horas,

dias etc). Nesse caso, as aplicações de alto

desempenho somente serão executadas

quando as máquinas estiverem ociosas.

A mais tradicional entre as duas

abordagens é a computação de alta

performance. É possível realizá-la por meio

de supercomputadores, que possuem

estrutura específica e extremamente cara.

Como solução mais barata, há os clusters,

máquinas construídas com elementos

(processadores, memórias, componentes de

rede etc) acessíveis no mercado e que

executam programas de domínio público,

conhecidos da maioria dos usuários (Linux,

TCP/IP etc). Cluster é um sistema de

processamento paralelo ou distribuído,

composto de um conjunto de computadores

completos e interconectados.

Quanto à computação de alta vazão, a

idéia é criar um supercomputador para

executar aplicações de alto desempenho

pela interconexão das inúmeras máquinas

que se encontram ociosas na internet. Ou

seja, o supercomputador estaria espalhado

pelo mundo todo.

O Projeto Genoma Humano __

empreendimento internacional que procura

fazer o mapeamento dos genes que

compõem o DNA das células do corpo

humano e, com isso, armazenar informações

em bancos de dados para a realização de

novas pesquisas biológicas __ é um exemplo

de aplicação de “grande desafio”. A

necessidade de computação de alto

desempenho nesse tipo de aplicação está no

fato de a estrutura do DNA ser imensa;

portanto, atividade de busca

computacionalmente complexa. ■

Professora Alba Cristina Melo, na palestrapara o Sistema Multiensino

Processamento de alto desempenho pode auxiliar projeto Genoma

destaques

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de modo diferente, pois é formado em

administração de empresas. “Não dá

para pensar em publicidade se você

não consegue compreender o negócio

e o marketing do anunciante. A

publicidade não é uma atividade

artística”, explicou.

Quando retornou à vida de

publicitário, Nizan decidiu criar uma

agência para atender a poucos e bons

clientes (são apenas nove), porém, de

forma global, com tempo para detalhes.

Batizada de Africa, a agência, que

também presta consultoria, é a que

mais rapidamente cresceu no Brasil.

Hoje, é uma das três agências que

compõem o grupo de comunicação

idealizado por Nizan __ as outras são a

MPM e a DM9- DDB. O publicitário

pretende ainda criar mais uma agência,

esta especializada em ação social.

Aos alunos, Nizan aconselhou

persistência, garra. Segundo ele, se

alguém imagina que pode vencer

apenas com talento, engana-se. A

inteligência não pode ser inimiga da

determinação, da vontade. “Pessoas de

sucesso trabalham muito. Qualquer um

de nossos ídolos passa por dúvidas,

por dilemas. Este trabalho que

apresentei aqui não é fruto da

inteligência apenas, mas também do

esforço, da persistência, da tenacidade”,

concluiu. �

de que sucesso é resultado de muito

trabalho e de muito amor. “Publicidade

é uma coisa pela qual tenho paixão. E

eu adoro segundas-feiras. Se quer saber

se seu trabalho profissional está bom,

pergunte a você mesmo se ama

segundas-feiras”, disse Nizan.

Para o publicitário, a propaganda

brasileira é uma das melhores do

mundo. Segundo ele, em um país de

terceiro mundo como o nosso, é difícil

uma área possuir tanta excelência como

a publicitária. De acordo com Nizan, a

propaganda foi feita para vender. A

publicidade tem de ser popular. “Eu

trouxe comerciais aqui, de estilos

diferentes, que têm vinte anos e vão

continuar na memória porque foram

feitos para isso. Eu faço comercial para

mexer com a população. As pessoas

têm que repetir o bordão, têm que

contar para o amigo, têm que lembrar.

Comunicação é como mandar flores

para alguém; o que importa é o

cartão”, enfatizou.

Segundo Nizan, a publicidade

alimenta-se da vida, e o publicitário

tem de ter curiosidade pelo mundo,

pelos outros. Ele afirma: “Quem

conversa com a própria mãe pode ter

grandes idéias. As mães possuem idéias

espetaculares sobre as coisas.” E mais:

“Em restaurantes, por exemplo, é ótimo

ouvir a conversa dos outros. Você

consegue ver a amplitude da vida, e é

da vida que você pode extrair grandes

idéias, estão todas lá.”

Depois muitos anos como

publicitário e de montar uma agência

de sucesso, a DM9, Nizan Guanaes

esteve do outro lado da publicidade, na

cadeira dos clientes. Por dois anos,

dedicou-se a implementar e

desenvolver o projeto de Internet

Grátis (iG), que hoje é o maior

provedor do País. Durante esse

período, Nizan pôde enxergar as

coisas pela ótica do cliente,

embora ele mesmo

reconheça que já via

a publicidade

televisão RBI, instalados em São Paulo

e em Brasília, percebeu que a

propaganda é a alma de Nizan

Guanaes. Os alunos puderam

rememorar fatos, rir de frases geniais,

aprender com a narrativa das

experiências e guardar preciosos

conselhos de que é preciso muita

garra, para atingir objetivos.

Durante a conferência, Nizan

apresentou um vídeo que continha

mais de quarenta comerciais feitos por

ele e equipe. Os anúncios iam desde a

idade de vinte anos até chegar aos

recém-nascidos. Todos de sucesso.

Muitos premiados nacional e

internacionalmente. De “pipoca com

guaraná”, passando por criancinhas

vestidas de bichinhos e tomando leite,

até chegar a quem foi “provar outro

sabor” ou a sujeitos “inteligentes,

apressados, urbanos”, as imagens

falaram por mil palavras e poderiam

repetir-se muitas outras vezes, sem

intervalos.

Para os mais velhos, ficou a

possibilidade de cantarolar antigos

jingles e rever imagens bastante

familiares. Para os mais novos, ficou

a comprovação da

contemporaneidade dos comerciais

realizados nas décadas de 80 e

90. E, para todos, restou a certeza

Para Nizan Guanaes, um dos

grandes publicitários brasileiros de

todos os tempos, o comercial é a

programação do intervalo, e ele só se

torna relevante se emociona as pessoas,

se é inesquecível. De fato, em algum

momento da vida pelo menos uma

propaganda veiculada na televisão

tornou-se marcante para uma pessoa.

Também é difícil encontrar alguém que

nunca tenha participado de brincadeiras

ou de rodas de conversas com

referências a anúncios. Além disso, é

muito comum bordões extraídos de

comerciais alcançarem as ruas, o

vocabulário das pessoas. Isso para não

falar dos jingles que passam a compor

o repertório de canções memoráveis.

Exagero? Talvez não. Não importa

o motivo, se pela alegria, pela beleza

poética ou pela consciência provocada,

uma propaganda pode, sim, fazer-nos

rir, chorar, mexer com nossa emoção, e

tornar-se inesquecível.

Sincero, irreverente e “católico-

apostólico-baiano” (como ele se

define), o publicitário Nizan Guanaes

sabe mexer com o Brasil. Não foge de

falar nem mesmo sobre recentes

episódios que envolveram o cantor

Zeca Pagodinho e anúncios de marcas

de cerveja. Quem assistiu à palestra

que realizou pelo Sistema Multiensino,

no dia 11 de maio, tanto no local,

como pela internet ou pelos canais da

MultiMulti destaques

destaques3

"Comunicação é comomandar flores paraalguém; o que importaé o cartão"

“A publicidade não é uma atividade artística”, afirma Nizan Guanaes

Nizan Guanaes mexe com o Brasil

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4 destaques

MultiMulti destaques

professor, liberou-se o câmbio,

aconteceu o primeiro superávit

primário (saldo positivo) e surgiu

a preocupação com o crescimento

da dívida interna. “O Brasil é um

país que, ao fim do governo

passado, devia 56% do PIB, que é

tudo que a nação brasileira inteira

consegue produzir ao longo de

um ano. Uma dívida

extremamente elevada”, disse

Delfim.

O economista explicou que,

devido à existência de um câmbio

defasado por muitos anos, o País

acabou por acumular um déficit

em contas correntes de 180

bilhões de dólares. “Déficit em

contas correntes significa que o

mundo nos empresta uma parte

daquilo que ele poupou. O que

tomamos emprestado ao mundo,

infelizmente, não entrou nos

investimentos”, salientou o

professor.

Como o crescimento

econômico anual era da ordem de

2,1%, e a população crescia em

torno de 1,5%, houve

empobrecimento importante da

sociedade brasileira. Com isso,

o crescimento reduziu e o

desemprego cresceu. O

professor Delfim defende que

o atual governo olhe para o

problema do desemprego de

forma especial. Deve acelerar o

crescimento econômico ao lado

da implantação de um programa

de educação forte, que permita

àquele que não está preparado

adquirir conhecimento. “O

desenvolvimento é um processo

de ajuste entre a máquina

produtiva e a nova tecnologia.

Diante disso, o fator mais

importante é a educação”,

enfatizou o ministro.

Quanto à inflação, o

economista afirmou que, depois

de dominada no governo anterior,

começou a crescer na mudança

de mãos. No entanto, após a

implementação de uma política

monetária e fiscal muito dura, em

maio de 2003, o novo governo

havia vencido a batalha da

inflação.

Para o professor,

desenvolvimento econômico é

estado de espírito e requer

ousadia. O setor público também

tem de correr alguns riscos e

aumentar os investimentos. “O

Brasil carece da boa revolução

administrativa que está se

realizando no âmbito privado. É

preciso construir uma sociedade

em que o cidadão se sinta parte

do processo. Crescimento é o

nível do mar que sobe, e, junto

com ele, sobem todos os navios”,

concluiu. �

Ele foi ministro de Estado por

três vezes. Conhece a fundo a

situação econômica brasileira. O

economista e deputado federal,

professor Delfim Netto, falou do

que mais entende aos alunos do

Sistema Multiensino, no dia 27 de

abril. Os estudantes formularam-

lhe perguntas ao acompanhar a

palestra, em tempo real, pela

internet e pelos canais da

televisão RBI, instalados em São

Paulo e Brasília.

O professor Delfim Netto

disse que a transição na

presidência na República ocorreu

de forma extremamente tranqüila.

Mas, antes, fez uma análise sobre

os dois períodos do governo

Fernando Henrique Cardoso, que,

para ele, foram marcadamente

distintos. No primeiro mandato, a

política foi formulada

internamente, apoiada em câmbio

fixo. No segundo mandato, houve

desvalorização cambial, e o Brasil

adotou uma política de

estabilização recomendada pelo

Fundo Monetário Internacional

(FMI) e utilizada por mais de 150

países. Ainda nesse período,

segundo o

“Crescimento é o nível do mar quesobe, e com ele sobem todos os navios”

“O desenvolvimentoé um processo deajuste entre a máquinaprodutiva e a novatecnologia. Diantedisso, o fator maisimportante é aeducação”

Delfim Netto diz que o cidadão precisa se sentir parte do processo de desenvolvimento

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1atividades

Junho, 2004MultiMulti atividades

Alfabetização com a, de adultoA,b,c, d... Ca + sa. Casa.

João, com as mãos trêmulas,

escreve as primeiras letras, as

primeiras sílabas. A boca sem os

dentes da frente se esforça para

soletrar cada palavra. Quanta

emoção se passa na cabecinha

de um alfabetizando. Alegria a

olhos vistos, João já é capaz de

ler o próprio nome. Essa é uma

sensação indescritível. Chega de

xis, basta de dedo borrado de

tinta, essas coisas de criancinhas.

Maria, colega de João, não

irá mais entrar no ônibus errado.

Antônio, outro colega, não

sentirá mais vergonha de

perguntar o nome das ruas a

gente estranha. E Severino

finalmente entenderá o que vai

escrito nos jornais velhos que

recolhe todos os dias e dos

quais tira seu sustento. Nas

carteiras, adultos começam a

conhecer o mundo das páginas

dos livros. À frente das lousas,

mestres de primeiras letras

adquirem com mestres-de-obras,

ou de cozinha, o conhecimento

sulcado e penurioso das páginas

da vida.

Os docentes são alunos e

professores da UNIP. Pelo

programa de Alfabetização de

Adultos, implementado pela

vice-reitoria de Extensão

Comunitária da universidade,

eles atuam junto à população

necessitada, incluindo a

capacitação de professores da

comunidade. E não é só. A

população ainda tem à

disposição cursos para iniciantes

de espanhol, de técnicas de

redação, de trabalhos manuais,

de fotografia, de matemática

financeira, de noções de

enfermagem, além de oficinas de

coral e de teatro. O programa

atende a comunidades próximas

da UNIP, em campi localizados

em São Paulo e no campus de

Sorocaba. Os cursos duram cerca

de seis meses e são dirigidos a

pessoas acima de catorze anos.

Diminuir a distância sócio-

cultural é, de longe, o anseio

mais intenso experimentado

pelos estudantes de pedagogia.

Ciente disso, a UNIP há alguns

anos mantém parceria com o

programa Alfabetização

Solidária, do Ministério da

Educação (MEC), e atua junto às

populações das regiões Norte e

Nordeste. A UNIP já viajou para

municípios como Coité do Nóia,

Atalaia e Limoeiro de Anadia, em

Alagoas. Desembarcou também

em Sítio do Mato, Boninal e

Mucugê, na Bahia. Visitou dois

São Bento, o do Potengi e o do

Trairi, ambos no Rio Grande do

Norte. Foi capacitar

alfabetizadores locais, oferecer

auxílio pedagógico, verificar a

freqüência dos estudantes,

enfim, acompanhar, mês a mês,

o andamento das aulas.

Atualmente, 11 municípios

baianos, cada um com 28 salas

de aula e cerca de 25 alunos por

classe, recebem apoio da UNIP.

E seis cidades do Ceará já estão

cadastradas.

Dados do IBGE dão conta

de que os índices de

analfabetismo vêm despencando

a cada ano, graças ao programa

Alfabetização Solidária. Muitos

antônios, marias e severinos

exibem sorrisos de satisfação.

Podem escrever, com letra

caprichada, as próprias cartas.

Conseguem ler as palavras mais

miudinhas das páginas de livros,

revistas e jornais.

Quem sabe um dia o

analfabetismo entre adultos, no

Brasil, torne-se página virada. �

Imagine reunir Palmeiras e

Corinthians, adversários históricos,

no mesmo campo de ação para

defender o que mais entendem: o

futebol. Imagine palmeirenses e

corintianos reunidos sem produzir

atritos, nem barreiras, nem faíscas.

Esse encontro existiu, sim, e

aconteceu no campus Indianópolis,

durante o Primeiro Congresso

Brasileiro de Ciência do Futebol,

realizado no dia 24 de maio. O

evento foi organizado pelo curso

de Educação Física da UNIP, em

parceria com Flanax,

antiinflamatório para alívio das

dores musculares do fabricante

Roche.

Médicos, preparadores físicos

e, claro, jogadores, participaram de

amistoso debate. Em discussão

apenas questões como preparação

física adequada, aspectos

fisiológicos do futebol, testes

relacionados à aptidão física do

jogador, entre outras. Bateram um

bolão.

O médico Renato Lotufo,

diretor clínico do Instituto de

Avaliação Física do Esporte (IAFE)

é especialista em medicina

esportiva e fisiologia. Ele atua no

Sport Club Corinthians Paulista e

trabalhou na Seleção Brasileira de

Futebol, no período de 1998 a

2001. O professor Lotufo

posicionou-se na sua área e chutou

a gol ao explicar sobre atividades

vitais, como crescimento, nutrição,

respiração etc. Também no time da

medicina esportiva, o médico

ortopedista Maurício Bezerra, que

atuou na Seleção Brasileira e no

Palmeiras, jogou para escanteio as

dúvidas dos alunos. Já o professor

Irineu Loturco, preparador físico da

Sociedade Esportiva Palmeiras,

dividiu, ombro a ombro, com o

colega de profissão e de time,

Walmir Cruz, o importante tema do

bom condicionamento físico do

atleta. Eles tinham mando de

campo, o científico, para falar de

preparação física no futebol da

atualidade.

Os jogadores profissionais do

Palmeiras, Pedrinho (meio-

campista) e Sergio (goleiro) deram

passes certeiros ao expor os

desafios da carreira. Não se

sentiram impedidos de revelar

avanços e recuos, ou seja, sonhos,

realizações e dribles nas

dificuldades da profissão. Os

jornalistas esportivos Paulo Calçade

e Fernando Fernandes, ambos da

Rede Record de Televisão,

narraram experiências e

comentaram fatos interessantes do

futebol.

Na grande área do debate,

alunos, professores e convidados

ainda contaram com a participação

da comissão técnica de juniores e

juvenil do São Paulo Futebol

Clube. Show de bola. �

Palmeiras, Corinthians e São Paulo entram em campus

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2 atividades

UNIVERSIDADE PAULISTAMultiMulti atividades

Pesquisa é caminho para a capacitação profissional

Herbário é o local onde se guardam

plantas secas para estudo científico.

Cabe aos taxinomistas identificá-las e

documentá-las. No ano passado, o

Herbário UNIP, sob a curadoria do

biólogo Mateus Barradas Paciencia,

passou a ser reconhecido

internacionalmente. Foi inserido no

Index Herbariorum (IH), publicação

periódica editada pela International

Association for Plant Taxonomy (IAPT),

entidade que normatiza a nomenclatura

das plantas, e pelo Jardim Botânico de

Nova Iorque (New York Botanical

Garden), um dos maiores e mais

importantes do mundo.

Na publicação, são listados todos os

herbários do mundo reconhecidos pela

IAPT, bem como os pesquisadores

associados. Na versão on-line, o IH

apresenta dados de instituições de 165

países e fornece informações sobre o

número de exemplares registrados nos

diferentes herbários. Também aponta o

foco de interesse das pesquisas

desenvolvidas, bem como a

especialidade taxinômica (classificação

da planta) dos curadores das coleções

científicas e dos pesquisadores

associados. Além disso, oferece

endereços e números telefônicos das

instituições, a fim de viabilizar a

integração entre os pesquisadores do

planeta.

Outro importante periódico da

IAPT, a revista austríaca Taxon, de

tempos em tempos também divulga

junto à comunidade científica as

novidades sobre os herbários, como o

reconhecimento de novas coleções e o

credenciamento de instituições no IH. A

publicação possivelmente irá divulgar o

Herbário UNIP, como forma de

efetivar-lhe o reconhecimento científico

mundial.

O herbário da UNIP encontra-se

instalado no campus Paulista desde

1997. Foi criado pelo médico

oncologista Drauzio Varella, diretor

científico do Programa de Pesquisas

com Produtos Naturais da UNIP, que se

dedicava ao projeto de identificação de

extratos vegetais farmacologicamente

ativos contra células tumorais humanas

e bactérias, executado principalmente

na Floresta Amazônica. Como serviriam

para estudo ou uso medicinal, as

plantas que vinham sendo coletadas

pelo Laboratório de Extração da UNIP

passaram a ser armazenadas e

registradas adequadamente.

A coleção científica de plantas da

universidade foi oficialmente registrada

como Herbário UNIP, na Sociedade

Botânica do Brasil (SBB), em 1999. Com

o incentivo à pesquisa por parte da

universidade, outros estudos na área da

botânica e da ecologia foram agregados

ao projeto inicial do cientista Drauzio

Varella. Desde então, o Herbário UNIP

passou a receber material botânico de

diversas localidades.

Hoje, a coleção de plantas da UNIP

conta com cerca de sete mil

exemplares, e aproximadamente cinco

mil estão catalogados como espécies

amazônicas. O acervo é considerado um

dos principais herbários particulares

do Estado de São Paulo e importante

fonte de referência das espécies

encontradas na Amazônia.�

Herbário UNIP é reconhecido internacionalmente

O desenvolvimento das

organizações está ligado à

disponibilidade de recursos

humanos e tecnológicos

adequados a seus propósitos. Por

sua natureza e funções, a

universidade necessita de um

contingente humano

profissionalmente capacitado,

interessado e competente. Atenta

a essa necessidade, a vice-reitoria

de Pós-graduação e Pesquisa da

UNIP desenvolve programas de

incentivo à produção científica e

à capacitação docente, como

forma de estimular o

aperfeiçoamento de alunos e

professores, caminho inevitável

para os que desejam adquirir uma

compreensão sempre nova da

realidade.

O resultado do

desenvolvimento desses

programas pôde ser conferido no

Encontro Científico (quarto) e de

Iniciação Científica (sexto),

realizado, simultaneamente, entre

os dias 2 e 4 de junho, nos campi

de Brasília, Goiânia, Manaus,

Chácara Santo Antônio e

Indianópolis __ estes dois últimos

na capital paulista. Todo o

trabalho teve a coordenação da

vice-reitora, professora Gohara

Yvette Yehia, e da coordenadora

do setor de Pesquisa e Produção

Científica, professora Marina

Ancona-Lopez Soligo.

O evento contou com a

participação do coordenador do

projeto Instituto Fábrica do

Milênio, da Escola de Engenharia

de São Carlos (USP), professor

João Fernando Gomes de

Oliveira. Ele realizou uma palestra

sobre as pesquisas do instituto

que incentivam a iniciação

científica. O Fábrica do Milênio,

criado pelo Ministério da Ciência

e Tecnologia (MCT), apóia o

desenvolvimento de instituições

que desenvolvem a vanguarda do

conhecimento científico e

tecnológico. O professor explicou

que gerir a integração dos

projetos e difundir os resultados

aplicáveis às necessidades

industriais do Brasil são as metas

principais do instituto. A intenção

é elevar a novos patamares o

desempenho brasileiro nessa área,

para o progresso social e

econômico do País.

No evento, estiveram

expostos pôsteres das pesquisas

dos alunos de iniciação científica.

Também foram apresentados os

trabalhos dos 31 grupos de

pesquisa da UNIP registrados no

Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), além das

pesquisas dos mestrandos dos

diversos programas de pós-

graduação stricto sensu da

universidade. �