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MUNDO RURAL

Mundo Rural - policiamilitar.mg.gov.br · Cada vez mais há uma integração das práticas e elementos tidos como tipicamente rurais no espaço das cidades ou práticas urbanas no

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MUNDO RURAL

ESPAÇO RURAL

O espaço rural envolve todo o espaço não constituído

por cidades. Ele está ligado a práticas agrárias e não

agrárias.

O espaço rural, assim como o urbano, é diverso e cheio de contrastes. A

análise desse ambiente leva em conta uma série de fatores e elementos

O espaço rural é constituído pelas áreas não

urbanas. São espaços não ocupados por cidades

ou adensamentos populacionais. A maior parte

das atividades produtivas típicas desse espaço

está relacionada com a agricultura, pecuária e

extrativismo.

Para compreender melhor a amplitude conceitual

que envolve o espaço rural, é preciso distinguir as

expressões rural e agrário. Nem sempre as

atividades realizadas no meio rural são agrárias.

É cada vez mais comum a utilização do espaço

rural para atividades turísticas, esportivas,

áreas de preservação ambiental, spas, clínicas,

centros de pesquisa, entre outros, que não estão

vinculadas a atividades agrárias.

RELAÇÃO ENTRE O ESPAÇO URBANO E O

RURAL

A distinção entre rural e urbano nas atividades econômicas realizadas na cidade e no campo e nas diferentes práticas cotidianas tem sido reduzida. Cada vez mais há uma integração das práticas e elementos tidos como tipicamente rurais no espaço das cidades ou práticas urbanas no espaço do campo.

O cultivo de hortaliças no ambiente urbano, por exemplo, tem sido incentivado em vários lugares do mundo, da mesma maneira que uma clínica de estética ou relaxamento é encontrada em regiões afastadas dos centros urbanos. São atividades típicas do meio rural e urbano realocadas nas cidades e no campo.

Além disso, a concepção de que o espaço rural é

um ambiente de atraso no desenvolvimento

também tem sofrido modificações. Altos níveis

de mecanização, utilização de tecnologia e

especialização da mão de obra têm sido vistos em

muitas propriedades rurais.

O espaço rural tem sido transformado pelo

trabalho humano e pelas técnicas utilizadas

MODERNIZAÇÃO DO MEIO RURAL

A modernização que gradativamente alcança o

espaço rural é resultado da intensificação de

capital empregado na produção rural sob a forma

de máquinas, defensivos químicos, engenharia

genética, serviços meteorológicos, além de

avançadas técnicas de irrigação, manejo de

animais, preparação do solo e assessoria

tecnológica e financeira. Dessas transformações

surge a categoria de empresas rurais, que em

quase nada se assemelham às práticas que

remontam ao surgimento das primeiras

atividades agrícolas.

A utilização

de

tecnologias,

como as da

Engenharia

Genética,

têm

contribuído

para a

configuração

de um novo

espaço

rural.

As modificações ocorridas no meio rural não

trazem apenas benefícios. É crescente a

preocupação sobre os impactos dessas atividades

na saúde e bem-estar das pessoas, bem como os

danos causados ao meio ambiente.

DE ACORDO COM O OBJETIVO DA PRODUÇÃO:

Agricultura comercial: algodão, cana-de-açúcar,

soja. Nos últimos anos esse modelo de produção

passou a ser denominado de agronegócio – que é

entendido como o monocultivo de exportação até

então chamado de agribusiness, ganhou sua

expressão na língua portuguesa: o agronegócio.

Tratava-se de substituir e diferenciar a agricultura

do agronegócio. É considerada uma atividade

econômica voltada para a produção de commodities

(mercadorias) para o mercado mundial. Não pode ser

confundido com a atividade econômica milenar de

produção dos alimentos necessários e fundamentais

à existência da humanidade.

Mas, sim um modelo que busca incessantemente

Garantir as condições de produção convenientes a

acumulação ampliada, as custas da exploração do

trabalho e da natureza, chancelando assim a

apropriação e o controle do território.

AGRIBUSINESS

Agribusiness (do inglês, negócios agrícolas), que na

prática significa ―Agroindústrias‖, é o termo

utilizado para denominar a fusão da produção

primária da Agricultura e pecuária com a

indústria, onde ocorre o processamento ou

industrialização dos produtos oriundos da

Agropecuária. São exemplos de Agroindústria

(Agribusiness): laticínio, frigorífico, indústria têxtil,

entre outras.

CARACTERÍSTICAS DO AGRONEGÓCIO:

Conjunto de empresas capitalistas que estão

relacionadas aos processos de produção,

beneficiamento, industrialização e comercialização

de produtos subprodutos de origem agrícola,

pecuária, florestal e agroextrativista;

Produção monocultora de commodities

( são produtos que funcionam como matéria-

prima, produzidos em escala e que podem ser

estocados sem perda de qualidade, como petróleo,

suco de laranja congelado, boi gordo, café, soja e

ouro. Commodity vem do inglês e originalmente

tem significado de mercadoria.) destinadas

prioritariamente para exportação;

Adição de modelo tecnológico mais avançado

(mecanização e automatização da produção, sementes

transgênicas, etc) adepto grande escala;

· Controle oligopolista das terras (concentração),

águas, florestas, biodiversidade, recursos naturais;

· Controle das políticas publicas, dos meios de

comunicações, economia, tecnologia, formação da

opinião publica, etc;

· Pouca mão-de-obra ou superexploração do trabalho

(neoescravidão ou trabalho degradante);

·Maximização dos lucros.

Agricultura de subsistência: feijão, arroz, milho, mandioca, que podem também ser produzidos comercialmente. Alguns autores reelaboraram esse conceito e passaram a denominá-la de agricultura camponesa ou familiar. É entendida como aquela em que a família, ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo. Essa atividade não é necessariamente do adapta do produtivismo, ou seja, não está baseada na produção de uma única cultura e com exclusividade para o mercado e nem se utiliza predominantemente de insumos externos. Seu potencial de produção de alimentos está na diversidade, no uso múltiplo dos recursos naturais. Nas regiões onde há concentração de pequenos agricultores, a desigualdade é menor e, por conseguinte os índices de desenvolvimento estão entre os maiores.

Enquanto, a agricultura capitalista se realiza a

partir da exploração do trabalho assalariado e do

controle político do mercado; a agricultura

camponesa ou familiar é intensamente explorada

por meio da renda capitalizada da terra, ficando

somente com uma pequena parte da riqueza que

produz, a maior parte é apropriada pelas empresas

que atuam no mercado

CARACTERÍSTICA CAMPESINATO

(Campesinato, cujo indivíduo chama -se Camponês, é o conjunto de grupos

sociais de base familiar que se dedica a atividades agrícolas, com graus

diversos de autonomia) :

Pequena propriedade;

Trabalho familiar;

Produção diversificada de alimentos -

autoconsumo e excedentes;

Busca pela autonomia e controle do processo

produtivo;

Produção ligada à natureza (agricultura

orgânica, agroecologia, sementes crioulas);

Interação entre saberes tradicionais e

conhecimento científico;

Ações comunitárias (solidariedade: mutirão, troca

de dias de serviço, serviços de transporte, uso de

máquinas; festividades culturais e religiosas, etc.)

· Resistência X subordinação;

· Ações coletivas (luta política);

A AGRICULTURA AINDA PODE SER

CLASSIFICADA EM FUNÇÃO DA PERIODICIDADE

DA SAFRA:

Lavoura temporária: em que os produtos são

cultivados anualmente e têm uma única safra.

Lavoura permanente: em que os produtos são

plantados em determinadas épocas, oferecendo

várias colheitas em anos consecutivos. São

produtos quase sempre de agricultura comercial:

café, cacau, laranja, maçã, banana e uva.

ESTRUTURA AGRÁRIA BRASILEIRA

À forma como as propriedades rurais estão

distribuídas segundo suas dimensões denominamos

estrutura fundiária. A principal característica da

estrutura fundiária brasileira é o predomínio de

grandes propriedades. As origens dessa

distribuição desigual de terras em nosso país estão

em nosso passado colonial. As capitanias

hereditárias que inseriram o Brasil no sistema

colonial mercantilista, foram os primeiros

latifúndios brasileiros: a colônia foi dividida em

quinze grandes lotes entre doze donatários.

A expansão da lavoura açucareira no litoral

manteve o latifúndio como uma de suas

características, ao lado da monocultura e da

escravidão da mão-de-obra africana no sistema

de plantation, voltado para a exportação.

Portanto, a ocupação das terras brasileiras

aponta para uma acentuada concentração de

terras.

Foi a Lei de Terras, promulgada em 18 de agosto

de 1850, que praticamente instituiu a

propriedade privada da terra no Brasil. Ao

determinar que as terras públicas ou devolutas

(ociosas) só poderiam ser adquiridas por meio de

compra, essa lei limitou o acesso à posse de

terras a quem tivesse recursos para satisfazer

essa condição.

Dessa forma, imigrantes europeus recém-chegados, negros libertos e pessoas sem recursos ficaram sem direito às terras livres, que foram compradas por abastados proprietários rurais.

Com o passar do tempo, essa desigual distribuição de terras acabou gerando conflitos cada vez mais violentos e generalizados entre proprietários e não proprietários, As décadas de 1950 e 1960 marcaram o surgimento de organizações que lutavam pelos direitos dos trabalhadores rurais. Entre elas, podemos citar as Ligas Camponesas e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

ESTATUTO DA TERRA - LEI N° 4 504, DE

30 DE NOVEMBRO DE 1964

Os objetivos finais dessa lei eram a execução da reforma agrária e a promoção da política agrícola. Os principais pontos do Estatuto da Terra consistiam em classificar os estabelecimentos rurais por sua "função social".

O primeiro parágrafo da lei diz o seguinte: a pro-priedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente:

a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias;

b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;

c) assegura a conservação dos recursos naturais;

d) observa as disposições legais que regulam as

justas relações de trabalho entre os que a possuem e

os que a cultivam.

No texto da lei foram considerados os seguintes

tipos de estabelecimentos rurais:

I. Imóvel rural. Área que se destina à exploração

extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial, seja

pela iniciativa privada seja pela iniciativa pública.

II. Propriedade familiar. O imóvel rural explorado

pelo agricultor e sua família e que lhe garanta

trabalho e subsistência com área máxima

estabelecida por região.

III. Minifúndio. O imóvel rural de área e

possibilidades inferiores à propriedade familiar.

IV. Latifúndio:

a) Por dimensão. Propriedades com área superior a

seiscentas vezes o módulo rural fixado para a região

onde se localiza.

b) Por exploração. Propriedades que tenham área

menor do que o estabelecido, mas que esteja sendo

mantida inexplorada ou deficientemente explorada,

para fins especulativos, não podendo ser

considerada uma empresa agrária.

V. Empresa rural. É o imóvel rural explorado

econômica e racionalmente por pessoa física,

jurídica, pública e privada. Entre as atividades

realizadas no estabelecimento estão as áreas de

cultura, reflorestamento, matas, pastagens e

benfeitorias. Possui de 1 a 600 módulos rurais de

área.

VI. Módulo rural. É o modelo ou padrão que deve

corresponder à propriedade familiar. A área do

módulo rural vai depender das características

ecológicas e econômicas de onde está localizado. É

claro que as dimensões do módulo rural em áreas

de pecuária extensiva vão ser bem maiores do

que em áreas de policultura comercial.

O MÓDULO FISCAL

Em 1993, durante o governo do presidente Ita-mar Franco, a Lei n° 8 629 reafirmou que a terra tem de cumprir uma função social. Foram definidos novos conceitos referentes às dimensões e classificações dos imóveis rurais. Com base no conceito de módulo rural foi utilizado o conceito de módulo fiscal.

Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (lncra), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, entende-se por módulo fiscal a unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada região, considerando os seguintes fatores:

· Tipo de exploração predominante no município;

· Renda obtida com a exploração predominante;

· Outras explorações existentes no município que,

embora não sejam predominantes, são significati-

vas em função da renda e da área utilizada;

· Conceito de propriedade familiar.

O tamanho do módulo fiscal varia de região para

região, pois depende de alguns fatores, como as

características do clima de cada área ou região.

Ainda segundo a Lei n° 8629, ficou assim a clas-

sificação dos imóveis rurais quanto ao tamanho:

a) Minifúndio: o imóvel rural com área inferior a

um módulo fiscal.

b) Pequena propriedade: o imóvel rural de área

compreendida entre um e quatro módulos fiscais.

c) Média propriedade: o imóvel rural de área

superior a quatro e até quinze módulos fiscais.

d) Grande propriedade: o imóvel rural de área

superior a quinze módulos fiscais.

CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA

FUNDIÁRIA BRASILEIRA

Existe uma concentração muito grande de terras

em nosso país, onde poucos latifúndios ocupam a

maior parte da área total brasileira. A

desigualdade na distribuição de terras no país

permaneceu inalterada nos últimos 20 anos.

Segundo o senso agropecuário do IBGE de 2006,

enquanto as unidades rurais com até 10 hectares

ocupam menos de 2,7% da área total dessas

unidades, a fatia ocupada pelas propriedades com

mais de mil hectares concentram mais de 43% da

área total. Esses dados revelam uma realidade

rural semelhante aos últimos censos produzidos

pelo órgão, em 1996 e 1985.

Como consequência temos um grave quadro socioeconômico:

· Poucas propriedades rurais com 1 000 hectares ou mais concentram mais de 40% da área total do país, geralmente, uma grande concentração fun-diária pode gerar terras ociosas e improdutivas porque seus donos aguardam melhores preços para arrendá-las ou vendê-las (estão concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste).

· Muitas propriedades rurais não chegam a possuir 3% da área total, inviabilizando, muitas vezes, o plantio de algum produto. A despesa com sementes pode ser maior que o montante obtido com a colheita.

· Êxodo rural como consequência da mecanização

em algumas grandes propriedades rurais no

CentroSul e entre os pequenos proprietários,

porque produzem pouco, ficam endividados e não

têm capital para investir.

· Aumento do número de desempregados e subem-

pregados que migram para as periferias das cida-

des e acabam ocupando áreas de mananciais.

E o fato mais grave: o aumento dos conflitos so-

ciais no campo. Mais de 50% dos conflitos no

Brasil ocorrem. respectivamente, nas regiões

Nordeste e Norte. São regiões de grande

concentração de propriedades rurais e de imóveis

improdutivos, onde muitas vezes a polícia é mal

preparada e mal equipada e os latifundiários

impõem sua vontade às leis.

Outro triste exemplo da violência no campo são os inúmeros assassinatos e conflitos entre 1991 e 1998, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Incra e o MST. Soma-se a esse quadro brutal e desumano o uso improdutivo de muitas propriedades rurais que geram o ciclo: êxodo rural-desemprego-violência. A porcentagem dos imóveis improdutivos no Brasil mostra a necessidade urgente de uma política agrícola e de uma reforma agrária que contemplem os trabalhadores rurais excluídos. A forma de obter a propriedade da terra fez surgir duas figuras que estão frequentemente envolvidas nos conflitos pela terra: o posseiro e o grileiro.

Posseiro. Indivíduo que tem a posse da terra e

nela trabalha sem. porém, possuir o título de

propriedade.

Grileiro. Pessoa que toma posse da terra de

outros, usando para isso falsas escrituras de

propriedade. A Amazônia é a região que mais

sofre a ação de grileiros; na maior parte do

território amazônico não existem títulos válidos

de propriedade de terras.

TENSÃO NO CAMPO

Nos anos 1950, os trabalhadores rurais começa-ram a organizar sindicatos que tiveram sua expressão máxima nas Ligas Camponesas de Francisco Julião, na região Nordeste, duramente combatidas pelo regime militar.

Entretanto foi no Rio Grande do Sul. na década de 1970, que surgiram os primeiros movimentos dos trabalhadores rurais sem terra. Esses movimentos se espalharam por outros estados e reuniram um número cada vez maior de adeptos. Em 1984, foi criada a entidade que tem por objetivo fazer uma reforma agrária rápida e justa - o MST.

Entretanto, a interpretação do que é "função social"

da terra é feita de modo diferente pelo governo e

pelos proprietários rurais. Os invasores do MST ar-

gumentam que estão tomando posse de terras

improdutivas e o outro lado considera essa atitude

um ato que fere o direito de propriedade.

Esses diferentes pontos de vista têm causado vio-

lentos conflitos com baixas em ambos os lados,

embora o número de trabalhadores rurais mortos

nesses embates seja bem maior que o de policiais ou

de homens contratados por fazendeiros para

defender suas terras. Muitas vezes, grileiros que

pretendem lucrar com a especulação imobiliária

promovem verdadeiras chacinas de posseiros e

famílias que ocupam a terra para produzir.

RELAÇÕES DE TRABALHO (MÃO-DE-OBRA)

Posseiros - Instalam-se em terras que não lhes

pertencem legalmente, isto é, terras devolutas (do

governo) ou de terceiros;

Parceiros –Forma de utilização da terra em que o

proprietário dispõe de sua terra para um terceiro

(o parceiro), que a cultiva. Em troca, o parceiro

entrega ao proprietário parte de sua colheita.

Arrendatários – alugam a terra de alguém

pagando em dinheiro. Em geral, dispõem de certo

capital e de equipamentos;

Assalariados permanentes - moram nas

propriedades em que trabalham, mantendo

vínculo empregatício , com registro profissional e

todos os direitos legais;

Assalariados temporários – são contratados por

dia e por tarefa ou empreitada, sem direito a

morar na terra; geralmente habitam a periferia

das cidades e deslocam-se diariamente para

trabalhar no campo. Em outras palavras, recebem

por dia segundo a sua produtividade. Eles têm

serviço somente em determinadas épocas do ano e

não possuem carteira de trabalho registrada.

Embora completamente ilegal essa relação de

trabalho continua existindo, em função da presença

do ―gato‖, um empreiteiro que faz a intermediação

entre fazendeiro e os trabalhadores. Por não ser

empresário, o ―gato‖ não tem obrigações

trabalhistas, não precisa registrar os funcionários.

o.

Em algumas regiões do Centro-Sul do país,

sindicatos fortes e organizados passaram a fazer essa

intermediação. Os bóias-frias agora recebem sua

refeição no local de trabalho, tem acesso a serviços de

assistência médica e recebem salários maiores que os

bóias-frias de região onde o movimento sindical é

desarticulado.

Não remunerados – são membros do grupo

familiar do trabalhador ( mulher, filhos e outros

dependentes), que o ajudam sem receber

pagamento pela atividade.

Meeiro: trabalhador, geralmente desprovido de

terras, que oferece sua mão-de-obra e seus

equipamentos em troca de metade da

produção, conforme acordo firmado com o

proprietário da terra a ser trabalhada.

Posseiro: agricultor pobre que ocupa terras

abandonadas; legalmente, pode valer-se do

usucapião para reclamar a posse definitiva das

terras após ocupá-las por certo tempo (quinze,

dez ou cinco anos, dependendo dos casos

estabelecidos em lei).

Trabalho infantil: O censo de 2006 revelou que havia mais de 1 milhão de crianças com menos de 14 anos trabalhando na agropecuária.

Trabalho escravo ou Escravidão por divida: trata-se do aliciamento de mão-de-obra através de promessas mentirosa. Ao entrar na fazenda, o trabalhador é informado de que está endividado e, como seu salário nunca é suficiente para quitar a divida, fica aprisionado.

Infelizmente no Brasil ainda persiste uma moda-lidade desumana de trabalho em áreas agrícolas - o trabalho escravo. Segundo a Organização Mundial do Trabalho, o país está entre os que apresentam mais problemas relacionados a essa questão. Uma forma ainda comum em algumas regiões do país é a prestação de serviços ao proprietário para saldar dívidas (escravidão por dívidas).

QUESTÃO AGRÁRIA

A questão agrária pode ser explicada pelo movimento do conjunto de problemas relativos ao desenvolvimento da agropecuária e das lutas de resistência dos trabalhadores, que são inerentes ao processo desigual e contraditório das relações capitalistas de produção.

Nesse contexto a Geografia estuda e explica as forma como as sociedade utiliza os bem da natureza - que é a terra . Portanto é o processo de ocupação humana no território. A História estuda e explica a evolução das lutas políticas e da luta de classe para o domínio e o controle dos territórios e da posse da terra.

PROBLEMÁTICA DA QUESTÃO AGRÁRIA:

§ Concentração da estrutura fundiária;

§ Processos de expropriação, expulsão e exclusão dos trabalhadores rurais: camponeses e assalariados;

§ Luta pela terra, pela reforma agrária e pela resistência na terra;

§ Produção, abastecimento e segurança alimentar;

§ Políticas agrícolas;

§ Acesso ao mercado;

§ Campo e a Cidade;

§ Qualidade de vida e a dignidade humana.

§ Renda capitalizada da terra;

§ Superexploração do trabalho e trabalho degradante;

§ Agronegócio e agricultura de precisão;

§ Impactos ambientais;

Sendo a questão agrária um elemento estrutural

do capitalismo, ou seja, um conjunto de

problemas constantes, não é possível ser

solucionada. Podemos amenizá-la, diminuir suas

escalas através de medidas de caráter político e

socioeconômico para amenizar a intensidade dos

problemas. Nesse sentido temos: As políticas

públicas por parte do Estado (reforma agrária,

subsídios para a agricultura camponesa) e a luta

dos trabalhadores como catalizadores do processo

de ―amortecimento‖ da questão agrária.

PORQUE NÃO É POSSÍVEL ELIMINAR OS

PROBLEMAS AGRÁRIOS?

O pequeno agricultor, o camponês está em

constante processo de destruição e recriação

dentro do sistema capitalista.

Se por um lado ao entrar na competição do

mercado os arrendatários ou os camponeses,

pequenos produtores acabam ou sendo

expropriados de suas terras se transferindo para

as cidades se transformando em assalariados

urbanos ou sendo assalariados do campo.

Por outro lado nesse processo de diferenciação ao

mesmo tempo em que o capital destrói uma

parcela do campesinato em um lugar recria-o em

outro lugar e em outro tempo. Seja através da

resistência as tentações do mercado, produzindo

somente para a subsistência ou buscando inserir-

se novamente na terra por meio da luta.

Medidas de caráter político e socioeconômico para

amenizar a intensidade dos problemas:

Políticas públicas por parte do Estado;

Luta dos trabalhadores.

POLÍTICAS PÚBLICAS ESTATAIS

Nesse contexto o Estado vem amenizar as

escaramuças entre o capital e os trabalhadores.

O estado tem o papel determinante na elaboração de políticas públicas que garantam a diminuição das desigualdades geradas pelo processo de diferenciação.

Nos países que o estado cumpre seu papel (Europa), com políticas públicas de controle fundiário, crédito, e subsídios para os camponeses, o processo de expropriação é menos intenso.

O Estado e o Congresso são controlados pelos interesses do empresariado e dos ruralistas, são raríssimas as políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento da agricultura camponesa.

Reforma agrária – Mecanismo capitalista para

amenizar as mazelas da reprodução ampliada do

capital.

POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

Vários são os povos hoje considerados

comunidades tradicionais no Brasil, como por exemplo: os faxinalenses, os de cultura cigana, os indígenas, os quilombolas, os seringueiros, os ribeirinhos, as catadoras de mangaba, as quebradeiras de coco-de-babaçu, os povos de terreiro, os pomeranos, as comunidades tradicionais pantaneiras, os caiçaras, os extrativistas, os retireiros do Araguaia, as comunidades de fundo de pasto, os geraizeiros, os caatingueiros, os piaçabeiros, os pescadores artesanais. As questões envolvendo a restauração dos direitos humanos desses povos perpassam temas diversos, mas não raras as vezes estão relacionadas à terra e à cultura.

Neste último caso, dado o caráter multiétnico da

população brasileira, a preservação de tradições e

costumes assume papel central, pois são o principal viés

da identidade coletiva de cada uma dessas comunidades.

A definição legal da expressão ―povos e comunidades

tradicionais‖ busca contemplar, por meio de sua

amplitude, a multiplicidade étnica da população

nacional, dispondo que se trata de ―grupos culturalmente

diferenciados e que se reconhecem como tais, que

possuem formas próprias de organização social, que

ocupam e usam territórios e recursos naturais como

condição para sua reprodução cultural, social, religiosa,

ancestral e econômica, utilizando conhecimentos,

inovações e práticas gerados e transmitidos pela

tradição‖, segundo o inciso I do art. 3º do Decreto Federal

nº 6.040, de 20071, que institui a Política Nacional de

Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades

Tradicionais — PNPCT.

Já inciso II do mesmo dispositivo define territórios tradicionais como ―os espaços necessários à reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária‖. Ressalta-se que a PNPCT surgiu em face das dificuldades de se assegurar o acesso efetivo das comunidades tradicionais a seus direitos, visando, de modo geral e em âmbito nacional, não apenas garantir a sustentabilidade dos povos que as constituem, mas também valorizar sua identidade e assegurar seus direitos. Por seu amplo escopo, a PNPCT envolve diversas áreas, ações e atividades, sendo, por excelência, intersetorial. Sua coordenação, conforme determina o art. 2º do já citado Decreto Federal 6.040, de 2007, está a cargo da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais — CNPCT —, antes denominada Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais.

A CNPCT, cuja secretaria executiva está a cargo do Ministério do Meio Ambiente — MMA —, criou grupos de modo a facilitar o monitoramento das ações relacionadas à PNPCT, denominados Câmaras Técnicas Permanentes de Infraestrutura, Fomento e Produção Sustentável, Inclusão Social e Acesso aos Territórios e aos Recursos Naturais.

Vale lembrar que os temas tangenciados pelas questões relativas aos povos e comunidades tradicionais já encontram amparo na Constituição Federal, de 19882. Menciona-se, nesse sentido e a título de ilustração: o art. 215, no qual o Estado se compromete a garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais, a incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais, a proteger ―as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras‖

— bem como as ―de outros grupos participantes do

processo civilizatório nacional‖ —, a defender o

patrimônio cultural brasileiro e a valorizar a

―diversidade étnica e regional‖; e o art. 216, que

reconhece como constituidores do patrimônio cultural

brasileiro os ―bens de natureza material e imaterial,

tomados individualmente ou em conjunto, portadores

de referência à identidade, à ação, à memória dos

diferentes grupos formadores da sociedade

brasileira‖, entre os quais as formas de expressão

(inciso I), os modos de criar, fazer e viver (inciso II) e

as obras, objetos, documentos, edificações e demais

espaços destinados às manifestações artístico-

culturais (inciso IV).

Apesar dessas definições amplas, nota-se que, nas

políticas públicas devotadas aos povos tradicionais, há

uma concentração nos indígenas, quilombolas e nas

comunidades de matriz africana (o que pode ser

justificado por serem esses os maiores grupos e

também os historicamente mais marcantes e

presentes no País), bem como, por vezes, um diálogo

ou mesmo uma sobreposição com as políticas públicas

direcionadas à promoção da igualdade racial. Pode-se

citar, como exemplos:

a educação escolar indígena e quilombola, integrante

das Diretrizes Curriculares Nacionais3 e com

pedagogia própria, considerando as especificidades

étnico-culturais desses povos e prevendo formação

específica de seu quadro docente;

a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos

Indígenas4, integrante da Política Nacional de Saúde

e praticada no âmbito do Sistema Único de Saúde —

SUS — por meio do Departamento de Saúde Indígena

— Desai —, com serviços de tratamento primário,

saúde bucal, orientação sobre doenças sexualmente

transmissíveis, malária, câncer de mama e colo de

útero e o combate ao alcoolismo e ao suicídio;

o Programa Brasil Quilombola5 — PBQ —,

envolvendo ações e recursos de 23 Ministérios e

objetivando, entre outros, a garantia do acesso à

terra, à saúde e à educação, bem como construção de

moradias, eletrificação, recuperação ambiental,

incentivo ao desenvolvimento local e medidas de

preservação e promoção das manifestações culturais

dessas comunidades;

a criação da Agenda Social Quilombola6, dentro do

PBQ, para a promoção da integração dos diversos

órgãos federais aí envolvidos, mediante coordenação

da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade

Racial — Seppir —, abrangendo o acesso à terra,

infraestrutura e qualidade de vida, inclusão

produtiva e desenvolvimento local e cidadania como

suas quatro diretrizes básicas;

políticas fundiárias específicas7 para a delimitação e

o reconhecimento de terras quilombolas e indígenas,

ressaltando-se que, no primeiro caso, é reconhecida a

propriedade definitiva e o Estado deverá emitir os

títulos respectivos, sem qualquer custo ou ônus8, e,

no segundo, as terras pertencem à União, a quem

compete protegê-las9;

a existência, no âmbito Ministério da Cultura, da

cultura afro-brasileira como item integrante de suas

políticas, programas e ações, assim como a

promoção, em parceria com organizações da

sociedade civil e o Colegiado Setorial de Culturas

Indígenas, do Prêmio Culturas Indígenas, desde

2006 e hoje em sua quarta edição, visando

reconhecer iniciativas de fortalecimento cultural dos

povos indígenas.

No que diz respeito a políticas públicas que

contemplem outras comunidades e povos tradicionais,

nota-se, ainda, um movimento mais incipiente, por

vezes devido até mesmo à falta de dados consistentes

sobre esses povos, a exemplo do que ocorre com os

ciganos, para quem não há opção de registro de

origem como tal no censo demográfico realizado pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística —

IBGE. Percebe-se, no entanto, uma mobilização

crescente dessas comunidades e povos, por meio

sobretudo de entidades do terceiro setor. Mas mesmo

diante desse movimento mais incipiente na

concretização das políticas públicas dedicadas a esse

segmento, pode-se mencionar algumas iniciativas

bastante relevantes, tais como:

o Plano Nacional de Promoção da Igualdade

Racial10 — Planapir —, baseado em 12 eixos

(trabalho e desenvolvimento econômico, educação,

saúde, diversidade cultural, direitos humanos e

segurança pública, comunidades remanescentes de

quilombos, povos indígenas, comunidades

tradicionais de terreiro, política internacional,

desenvolvimento social e segurança alimentar,

infraestrutura e juventude), visando favorecer ações

afirmativas que considerem o recorte étnico-racial

no rol das políticas públicas e contando com a

participação de 15 representantes de Ministérios e 3

da sociedade civil em seu Comitê de Articulação e

Monitoramento;

a Política Nacional de Segurança Alimentar e

Nutricional11 — PNSAN —, visando à ―promoção,

universalização e coordenação das ações de

segurança alimentar e nutricional voltadas para

quilombolas e demais povos e comunidades

tradicionais, povos indígenas e assentados da

reforma agrária‖ e também buscando propiciar o

acesso dessas pessoas a certos programas

federais, como o Programa de Aquisição de

Alimentos da Agricultura Familiar — PAA —,

que integra o Fome Zero;

a meta 6 do Plano Nacional de Cultura12, de dezembro de 2011, a qual prevê que 50% dos povos e comunidades tradicionais e grupos de culturas populares que estiverem cadastrados no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais serão atendidos por ações de promoção da diversidade cultural;

a criação do Dia Nacional do Cigano13, em 2006, celebrado em 24 de maio desde então, e a constituição de um grupo de trabalho no âmbito do Ministério da Cultura, no mesmo ano, visando subsidiar a elaboração de políticas públicas que promovam a inclusão sociocultural dessas comunidades.

Em Minas Gerais, de acordo com artigo 256-A, XVI

da Lei Delegada nº 180, de 21 de janeiro de 201114,

que dispõe sobre a estrutura orgânica da

Administração Pública do Poder Executivo do Estado

de Minas Gerais e dá outras providências, cabe

à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário -

Seda -, entre outras atribuições,

formular, coordenar e executar políticas e diretrizes

de desenvolvimento rural, com ações dirigidas à

agricultura familiar, aos assentados da reforma

agrária, aos pescadores, aos extrativistas, às

comunidades indígenas e quilombolas, às

agroindústrias familiares e às cooperativas rurais e

urbanas (MINAS GERAIS, 2011).

Para isso, integra a área de competência da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, por subordinação administrativa, a Comissão Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais - CEPCT-MG, criada pelo Decreto nº 46.671, de 16 de dezembro de 201415, de caráter paritário e deliberativo, com a finalidade de coordenar e implementar a Política Estadual para o Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, de que trata a Lei Estadual nº 21.147, de 13 de janeiro de 201416. Já em seu artigo 256-F, I, a Lei Delegada 180 estabelece para a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania - Sedpac - a atribuição, entre outras, de elaborar e divulgar, de forma articulada, as diretrizes das políticas estaduais de atendimento, promoção e defesa de direitos e, no

limite de sua competência, executar, de forma

direta ou indireta, as ações relativas à igualdade

racial. Sua estruturar orgânica conta com a

Subsecretaria de Igualdade Racial, por sua vez

composta pela Superintendência de Políticas

Afirmativas e Articulação Institucional e pela

Superintendência das Comunidades Tradicionais.

Integra também a área de competência da

Secretaria de Estado de Direitos Humanos,

Participação Social e Cidadania, por subordinação

administrativa o Conselho Estadual de Promoção

de Igualdade Racial — Conepir.

CONFLITOS NO ESPAÇO AGRÁRIO E

COMUNIDADES TRADICIONAIS

O Centro de Estudos sobre o Sistema de Justiça

(Cejus) da Secretaria de Reforma do Judiciário do

Ministério da Justiça (SRJ/MJ) divulgou , duas

pesquisas inéditas sobre conflitos fundiários.

Tratam-se de estudos de casos emblemáticos de

conflitos de terras em áreas urbanas e do campo.

As publicações analisam como é possível resolver

esses problemas além das formas tradicionais.

Em relação aos conflitos fundiários rurais, a

pesquisa cita casos emblemáticos nos Estados de

Pernambuco, Paraná e do oeste do Pará, apontada

como a região de fronteira na expansão de frentes

de desenvolvimento em direção à Amazônia.

"As recentes iniciativas de integração dessa

região ao ‗desenvolvimento nacional‘ ou à

chamada ‗globalização‘, mediante vultosas obras

de infraestrutura, ao tomarem corpo no espaço

geográfico, geram conflitos fundiários, na medida

em que estes territórios já são historicamente

ocupados por povos indígenas, comunidades

tradicionais e agricultores familiares", explica o

estudo.

A pesquisa completa que na região, existem,

intensos conflitos socioterritoriais com

comunidades de ribeirinhos, indígenas,

extrativistas e outras comunidades tradicionais.

Os conflitos que envolvem a Resex de Prainha, no

município de Itaituba, a demarcação da Terra

indígena Maró, no curso do rio Maró, no

município de Santarém, são paradigmáticos, a

ponto de lideranças indígenas da região estarem

inseridas no Programa Nacional de Proteção a

Defensores de Direitos humanos, da secretaria de

Direitos humanos da Presidência da República.

Indígenas

Pelo relato do levantamento, a terra indígena Maró, que compreende as etnias Borari e Arapium, com uma população de 239 habitantes distribuídos em 43 famílias, está encravada numa vasta extensão de terras públicas devolutas sob a jurisdição do Estado do Pará, denominadas gleba Nova Olinda I, gleba Nova Olinda II, gleba Nova Olinda III, gleba Mamuru e gleba Curumucuri, em uma região marcada por um alto potencial de recursos naturais e pela multiplicidade cultural e territorialidades tradicionais, sendo residentes comunidades indígenas, extrativistas, pescadores e ribeirinhos. Essas glebas, sobretudo a Nova Olinda I, têm sido palco de conflitos que perduram ao longo dos últimos anos, motivados pela disputa por terras, pela exploração e uso de seus recursos naturais e pela indefinição fundiária.

Sem uma atuação efetiva do Iterpa e da Funai e o aumento da pressão madeireira e por terras, a pesquisa ressalta que foi criado por movimentos sociais e organizações, em 2004, o ―grupo de Trabalho em Defesa da Nova Olinda‖, com o objetivo de promover discussões orientadas aos moradores acerca da ordenação de seus territórios e acompanhar os trabalhos da demarcação na área. Por outro lado, também foi fundada pelas comunidades Fé em deus, Repartimento, Sociedade dos Parentes e sempre serve a associação das Comunidades dos Trabalhadores Rurais do Maró (Acotarm), que passou também a realizar reuniões com o intuito de propagar as ideias de promoção do desenvolvimento local, com o apoio da organização dos madeireiros por meio da Cooperativa do oste do Pará (CooEPa).

SUPERAÇÃO

Para superar os conflitos, foram necessários ainda o envolvimento de outros atores sociais como o Poder Judiciário do Estado, representado pela comarca de Santarém, para decidir sobre as ações judiciais referentes ao conflito na região; o Ministério Público do Estado, que passou a realizar medidas consistentes a partir do agravamento dos conflitos; do Ministério Público Federal, única instituição constitucionalmente competente e presente na região para tratar das questões indígenas. Segundo o levantamento, apesar do avanço na região, ainda há denúncias de exploração madeireira dentro da terra indígena. ―A Sema não realizou mais fiscalizações na área, apesar das solicitações dos indígenas. As políticas públicas, enfim, verificam-se quase inexistentes ou prestadas precariamente pelo Estado‖, critica o estudo.

Diante desse exemplo, o secretário da Reforma do

Judiciário, Flávio Caetano, falou sobre a necessidade de

mudar a cultura do litígio e trazer à tona a mediação, que é

mais eficiente para resolver os conflitos fundiários, segundo

mostram as pesquisas. Ele ressaltou os três caminhos que

estão em curso no país para mudar essa realidade. O

primeiro é o Projeto de Lei 406/2013, aprovado no Senado,

que trata da mediação. O segundo é a criação de um curso

específico na Escola Nacional de Mediação. Intitulado

―Resolução consensual de conflitos que envolvem políticas

públicas‖, o curso será direcionado a servidores de órgãos

públicos que atuam em conflitos envolvendo questões

fundiárias e a membros de organizações do terceiro setor

que atuam com questões indígenas. O terceiro é a criação do

Cadastro Nacional de Mediadores, que está em fase de

elaboração numa parceria entre MJ e Secretaria-Geral da

Presidência da República.

AGROSSISTEMAS

Consolidam-se nos tipos de cultivo ou de criação

que serão produzidas as espécies de plantas e/ou

raças de animais, assim como as técnicas

envolvidas na produção agrícola ou na pecuária,

além de analisar o tamanho das propriedades

rurais e o nível tecnológico.

CLASSIFICAÇÃO DOS AGROSSISTEMAS

As propriedades rurais são classificadas segundo

o nível tecnológico aplicado na pecuária e

agricultura, com isso os Agrossistemas podem ser:

Pecuária Tradicional: Criação de gado sem

preocupação com a genética, com a saúde animal,

com a qualidade das pastagens, os animais são

criados soltos em grandes áreas sem receber

maiores cuidados e com baixa produtividade.

Pecuária Moderna: E a criação a partir de

cuidados com a genética, analisando as vantagens

da criação de uma determinada raça, utilização

de medicamentos, além de acompanhamento de

um veterinário. Nesse sistema de criação a área

pastoril é de pastagens de qualidade e com

elevado índice de produtividade.

Agricultura Tradicional: É o cultivo de uma determinada cultura sem utilização de defensivos agrícolas, as sementes não são selecionadas, não há correção de solo, as técnicas praticadas são rudimentares, como arado de tração animal, com produção baixa pela falta de modernização. Agricultura Moderna: É o cultivo intensivo, ou seja, alta produtividade em menos terras cultivadas, isso ocorre porque a produção é estruturada nas mais modernas técnicas e máquinas. Nesse tipo de produção é realizada primeiramente a correção do solo, são observadas as previsões do tempo para executar o plantio, as sementes são selecionadas, imunes a pragas e também são adaptadas ao clima, aplicação de fertilizantes, além do acompanhamento de um agrônomo, o trabalho de plantio e colheita é realizado por modernos tratores e colheitadeiras, garantindo alta produtividade.

Os agrossistemas são analisados também a partir

do tamanho das propriedades rurais, podendo

ser: latifúndio (grandes propriedades rurais com

mais de 200 hectares), minifúndio (são pequenas

e médias propriedades rurais).

OS SISTEMAS AGRÁRIOS

Os principais sistemas agrícolas mundiais são

agricultura itinerante, agricultura de jardinagem

e agricultura moderna.

Apesar de serem muitas as formas de praticar a

agricultura, todos os sistemas agrícolas têm três

que fatores comuns:

O capital- fator que define se o sistema agrícola é

atrasado ou moderno, intensivo ou extensivo..

A terra – Local de fixação das sementes. Define o

tamanho das propriedades.

O trabalho- Utiliza grande ou pequena mão-de-

obra, qualificada ou desqualificada.

AGRICULTURA ITINERANTE

Este tipo de atividade concentra-se em torno da

produção para subsistência. Na agricultura

itinerante, o agricultor trabalha sozinho ou em

conjunto com seus familiares em uma pequena ou

média área de produção, geralmente próximo à

sua moradia. São utilizadas técnicas arcaicas de

plantio, de colheita e de tratamento de solo.

Queimadas são muito usadas neste tipo de atividade.

Este tipo de modelo de produção acarreta na perda

rápida de produtividade do solo. Não é difícil a

utilização de queimadas para a limpeza da terra, o

que acaba por diminuir rapidamente seu número de

nutrientes. Isto, então, acarreta na migração destas

famílias produtoras para outras terras, onde se

repete o mesmo ciclo até seu esgotamento. Daí o

nome itinerante.

As queimadas, em geral, proporcionam um

aumento de nitrogênio da constituição do solo, o que,

em curto prazo, pode significar um aumento em sua

produtividade. Porém, após alguns meses, as chuvas

carregam esta fina camada de nutrientes, deixando,

no fim, um saldo muito negativo.

A agricultura itinerante é comumente praticada

na América Latina, África e no sudeste asiático.

AGRICULTURA DE JARDINAGEM

A agricultura de jardinagem é amplamente

praticada em países da Ásia, como a China, a Índia,

o Vietnã e a Tailândia.

Nestes países, o pouco espaço disponível para a

agricultura e o relevo pouco propício levou a uma

interessante adaptação no cultivo. Por lá, vales de

grandes rios e encostas de morros são aproveitadas

através de um processo conhecido

como terraceamento, que consiste na formação de

degraus em regiões íngremes com o intuito de

aproveitar as grandes chuvas do verão e impedir a

degradação dos solos.

Neste tipo de atividade, existem também a

construção de diques (canais) que auxiliam no

processo de distribuição de água. Utiliza-se

também grande mão de obra, além de, em geral,

necessitar de um cuidado minucioso em sua

produção, próximo ao cuidado que se deve ter a

um jardim. O produto mais cultivado por esta

técnica é o arroz. E também devido a beleza das

plantações parecendo jardins.

PLANTATION

A plantation é um tipo de produção agrícola

centrada na produção em larga escala e utilizando

uma grande porção de terra de um único produto,

em uma chamada monocultura.

Este tipo de atividade surgiu com o colonialismo

dos séculos XV e XVI, sendo posto em prática nas

colônias tropicais da América, África e Ásia. É

exemplo a produção de cana-de-açúcar, no Brasil, e

a de algodão, no sul dos EUA.

Plantation de tabaco nos EUA.

O principal intuito da plantation era garantir

uma produção em larga escala que gerasse lucro

rápido para a metrópole. Todo o dinheiro da

produção, portanto, era enviado aos cofres das

coroas europeias. Porém, até hoje este sistema

continua vivo, principalmente na América Latina.

Historicamente, a adoção da plantation relaciona-

se com os problemas de mau distribuição de terras

no Brasil e em outros países onde ela foi

implementada.

AGRICULTURA MODERNA

A agricultura moderna é resultado das alterações

do mercado financeiro mundial nas últimas

décadas. Atualmente, grandes grupos empresariais

passaram a administrar diversas fazendas pelo

mundo, aplicando técnicas modernas de cultivo,

que permitem uma grande produtividade. Dentre

as técnicas utilizadas, podemos citar o uso de

adubos químicos, da manipulação genética e de

equipamentos de última geração.

É típica de economias desenvolvidas, mas

também é praticada em países com industrialização

recente.

AGROSSISTEMAS ALTERNATINOS

Os agrossistemas alternativos compreendem o

uso de técnicas de plantio que procuram causar

menores danos do que os dois anteriormente

apresentados. Este tipo de produção busca ser

ecologicamente sustentável, utilizando técnicas

como a agricultura orgânica, a ecológica e outras.

Nos agrossistemas alternativos, a opção é quase

sempre pela agropecuária orgânica, com a renúncia

de produtos químicos que possam vir a afetar a

qualidade dos produtos e agredir o meio ambiente.

Ao invés da utilização de agrotóxicos, opta-se pela

utilização de adubos orgânicos ou naturais, como o

esterno e restos de outros vegetais.

Representa uma forma de produção

ecologicamente correta para amenizar os

problemas sociais e ambientais. Nesse sistema,

busca-se a eliminação de agrotóxico, que são

chamados de produção orgânica, atualmente o

produto orgânico tem conseguido um valor mais

elevado, o preço maior é devido à qualidade dos

produtos, pois são mais saudáveis, não há adição

de substâncias químicas, pois o combate às pragas

e os fertilizantes são feitos com controle biológico,

ou seja, agentes que não são prejudiciais ao

organismo e à natureza.

A produção alternativa pratica a policultura

(cultivo de várias culturas), jamais a monocultura

(cultivo de uma única cultura). Os objetivos são

alimentos saudáveis e equilibro ambiental,

diminuição do êxodo rural e do desemprego.

Apesar do crescimento da produção orgânica, a

agricultura moderna provavelmente não será

superada, pois a produção orgânica oferece

produtos saudáveis, porém o resultado é baixo e se

pensarmos na população mundial, que soma 6

bilhões de pessoas no mundo, não será possível a

prática restrita da produção orgânica.

AGRICULTURA ORGÂNICA

A agricultura orgânica é uma forma

ambientalmente sustentável de se utilizar

o solo para a produção, ou seja, de forma a

garantir a preservação dos recursos naturais

para as gerações futuras. A principal preocupação

e objetivo da agricultura orgânica é garantir a

saúde no consumo dos alimentos, diminuindo ou

eliminando a presença de agrotóxicos e outros

produtos químicos durante o cultivo.

EXISTEM QUATRO PRINCÍPIOS BÁSICOS DA

AGRICULTURA ORGÂNICA, A SABER:

1 – respeito à natureza: considerando a

necessidade de se preservar os solos, os recursos naturais, os animais etc.;

2 – diversificação de culturas: com a preocupação de desenvolver a diversidade de produtos cultivados, tanto para equilibrar o solo quanto para garantir variedade;

3 – independência entre os sistemas produtivos: de modo a separar a produção agrícola dos sistemas industriais e comerciais, ao contrário da agricultura mecanizada;

4 – o solo é um organismo vivo: o entendimento de que o solo deve ser preservado, incluindo a manutenção de seus nutrientes, micro-organismos e seres vivos em geral.

Nesse sentido, todo o processo é realizado de

maneira a não empregar qualquer produto químico

que possa alterar a qualidade dos elementos

cultivados e nem a capacidade dos alimentos em

fazer bem à saúde. Assim, fertilizantes e defensivos

agrícolas são substituídos por adubos orgânicos e

métodos naturais de controle de pragas, entre

outras formas de cultivo.

Na maior parte dos casos, a agricultura orgânica

é mantida no contexto da agricultura familiar, com

pequenos produtores que utilizam, sobretudo, o

trabalho manual, ou seja, sem recorrer a grandes

maquinários. Além disso, em áreas de produção em

maior escala, emprega-se uma grande quantidade

de mão de obra, gerando mais empregos no campo.

A maioria dos produtos cultivados refere-se à chamada

―cultura do pobre‖, que envolve basicamente aqueles

alimentos que são cotidianamente consumidos pelas

famílias, como arroz, feijão, verduras, frutas etc.

O Brasil é o décimo maior país em área destinada

à agricultura orgânica. No entanto, isso equivale a

apenas 0,25% de todas as terras agrícolas do país, o

que revela a necessidade de se aumentar os

investimentos públicos e privados nesse setor,

principalmente para garantir mais alimentos

saudáveis na mesa das pessoas. Os países que mais

possuem agricultura orgânica são Austrália,

Argentina, Estados Unidos, China e Espanha.

A REVOLUÇÃO VERDE E A MODERNIZAÇÃO

AGRÍCOLA

A Revolução Verde foi uma evolução tecnológica

que ocorreu no meio rural a partir da década de 60,

foi possível devido ao incremento tecnológico que

favoreceu a produção em grande escala. A intenção

primordial no aumento de oferta de alimentos era de

combater a fome, pensava-se que se a produção de

alimentos ofertasse um grande excedente seria

possível amenizar a problemática da fome.

A Revolução Verde consistiu no desenvolvimento

biotecnológico para gerar uma variedade maior de

cereais, nesse período iniciou também a utilização de

fertilizantes para um melhor rendimento dos

vegetais.

A Revolução Verde não conseguiu eliminar o problema da fome, apesar de ter diminuído o problema em países Asiáticos. A eliminação total da fome através apenas do aumento de oferta de alimentos é impossível, pois o que adianta ter oferta e um amplo estoque, se a maioria das pessoas que passam fome possui renda muito baixa, além do mais os alimentos são vendidos, não oferecidos gratuitamente.

A Revolução Verde favoreceu o aumento da produção, mas por outro lado provocou uma aceleração da desigualdade fundiária, as grandes propriedades rurais possuíam recursos financeiros para se modernizar e acompanhar as novas técnicas e tecnologias, já as pequenas propriedades se encontravam excluídas do processo de modernização, em razão da falta de apoio financeiro e técnico.

Muitas vezes ocorre com esses pequenos proprietários a expropriação, o produtor encontra-se endividado, então para sanar suas dívidas é obrigado a vender sua propriedade, às vezes são os latifundiários que fazem a compra, aumentando ainda mais seu latifúndio. Na visão ambiental, o desenvolvimento da agropecuária tem provocado ao longo das ultimas décadas profundas alterações no meio ambiente, como o empobrecimento e perda de toneladas de solo, poluição, surgimento de erosões, poluição dos mananciais provocada por agrotóxico, criação de novas áreas de cultivo com derrubadas da cobertura vegetal natural e uma série de graves problemas ecológicos decorrente da prática da agricultura moderna.

ESPAÇO RURAL

(CAMPO)

ESTRUTURA FUNDIÁRIA

Grandes e pequenas

Distribuição

Alta ou baixa utilização

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

O que ele produz

A quantidade de tecnologia

NOVAS QUESTÕES DO ESPAÇO RURAL

A modernização das atividades agrícolas trouxe novas questões que são objeto de análise e preocupação. As transformações ocorridas no espaço rural trouxe consequências como:

a elevação dos níveis de endividamento dos agricultores;

a diminuição da biodiversidade;

o êxodo rural provocado pela redução da mão de obra no campo;

poluição do solo causada pelo uso de fertilizantes.

Além das consequências citadas, a modernização do campo não solucionou o problema da fome mundial, pois grande parte da produção agrícola modernizada é destinada a abastecer os países ricos industrializados.

TIPOS DE AGROPECUÁRIA

Intensiva

Extensiva

Sistema intensivo é o modo de produção agrícola

ou de pecuária onde é implantado nas

propriedades que fazem uso constante de técnicas

e tecnologias modernas, como seleção de

sementes e plantas, irrigação, estufas, adubos

herbicidas equipamentos e veículos modernos

assim como na produção de animais e diminuem

a dependência das condições naturais para

alcançar maior produtividade em menor tempo de

utilização da terra.

Sistema extensivo é o modo de produção

tradicional sem tecnologias modernas nem

métodos mais avançados de conservação da terra,

e com o uso do arado de tração animal, onde há

dependência direta das condições naturais da

terra e dos fatores climáticos, em razão das

condições, comumente a produtividade alcançada

por área é baixa. Sendo assim também na

criação de animais.

O PROTENCIONISMO NA AGRICULTURA

O proteccionismo é o desenvolvimento de uma política económica que, para proteger os produtos do próprio país, se impõem limitações à entrada de similares ou iguais produtos estrangeiros mediante a imposição de imposto sobre à importação que encareçam o produto de tal sorte que não seja rentável. A política proteccionista tem conhecido diferentes períodos de auge e decadência. De forma geral, em situações de economia de guerra ou de autarquia, o proteccionismo aplica-se de maneira tajante. Em situações de crise econômica, certos níveis de proteção aos próprios produtos evita uma queda fulminante de preços e o consequente descalabro de algum setor da economia nacional. Na atualidade o proteccionismo está claramente presente à Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia e dos Estados Unidos, em frente ao resto das economias do Terceiro Mundo ou emergentes para evitar que, com mão de obra e custos mais baratos, a agricultura daqueles se veja em claro retrocesso, e é um dos debates abertos na Organização Mundial do Comércio, toda a vez que tal nível de proteção impede o desenvolvimento das economias mais pobres.

EXEMPLO

Os responsáveis pelo comércio, indústria, importação e exportação desses produtos fazem elevar os impostos - e consequentemente o preço - dos produtos vindos de fora, ou até proíbem a importação deles. Ao mesmo tempo, baixam os impostos para os produtos que querem favorecer, para que os mesmos sejam vendidos para outras regiões por preço menor que o dos produtos locais. Há também outras represálias, como por exemplo, para o Brasil não vender laranja nos Estados Unidos, eles lá proíbem a entrada de outros produtos brasileiros, como por exemplo açúcar, álcool, calçados, políticos corruptos e povo frouxo. Se quiser saber mais a respeito, digite no Google "protecionismo" e aparecerão centenas de opções para você se informar.

A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E A FOME

Produção, distribuição e consumo de

alimentos

Em várias partes do mundo persistem os problemas de saúde ligados à falta de alimentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a subnutrição ainda é causa indireta de cerca de 30% das mortes de crianças no mundo. Afetando o desenvolvimento físico e mental de milhões de crianças, a subalimentação também compromete seu desenvolvimento intelectual e profissional, diminuindo o número de cidadãos preparados para contribuir com o desenvolvimento de seus países.

Este é o ciclo vicioso a que são condenadas regiões pobres em todo o mundo: falta de acesso a alimentos gera subnutrição. Esta prejudica o desenvolvimento intelectual e profissional de parte da população. Na falta de cidadãos preparados, o crescimento da economia fica comprometido e desta forma não geram-se menos recursos para produzir ou comprar alimentos para toda a população – principalmente aquela mais necessitada. Por isso, é preciso que os países detentores de tecnologia agrícola desenvolvida atuem nestes países na transferência de conhecimentos.

A fome ainda presente no século XXI não é por

falta de alimentos. A produção mundial de

comida é suficiente para abastecer os atuais 7,3

bilhões de habitantes da Terra. Se parte da

população dos países menos desenvolvidos não

tem acesso a quantidades suficientes de comida,

isto se deve a fatores como insuficiente produção

local; falta de recursos do país para adquirir

alimentos no mercado internacional; e elevação

dos preços internacionais devido a ações

especulativas, entre outros.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e

Agricultura (FAO) alerta que a população mundial

deverá atingir 9 bilhões em 2050, o que incrementará

a procura por alimentos. Segundo os especialistas,

para fazer frente a esta demanda, o mundo deverá

atacar este problema em três frentes principais.

Primeiro, aumentar a produção de produtos agrícolas,

sem comprometer os recursos naturais, não

avançando sobre áreas de vegetação natural. Isto

significa que o Brasil, por exemplo, precisará investir

muito mais em pesquisa e tecnologia – o que em parte

já vem fazendo – para obter uma melhor

produtividade das áreas agrícolas já existentes.

O segundo aspecto a ser considerado é a melhoria

dos sistemas de armazenagem e distribuição das

colheitas. Dados apontam que cerca de 30% dos

produtos agrícolas mundiais são perdidos entre o

campo e o ponto de venda do produto. Será

necessário, na maioria dos países produtores,

construir mais silos e armazéns, ampliar a rede

rodoviária, ferroviária e ampliar e modernizar as

instalações portuárias.

A última providência sugerida pelos estudiosos é reduzir a perda de alimentos nos pontos de venda e entre os consumidores. Segundo um relatório elaborado pela FAO, depois de comprados, aproximadamente 50% dos alimentos são jogados fora, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. No Brasil aproxima 70.000 toneladas (aproximadamente 2.800 carretas) de alimentos acabam no lixo a cada ano no Brasil. Compra de produtos em excesso, mal acondicionamento são fatores que fazem com que milhões de famílias descartem quantidade imensas de alimentos, sem reaproveitá-las. No futuro serão necessárias campanhas em todos os países – principalmente os ricos – incentivando e ensinando o reaproveitamento de alimentos. Se os alimentos forem melhor manuseados e aproveitados, haverá comida para todos.

A EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL E OS

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

A superexploração do ambiente pelo agronegócio

causa vários impactos ambientais, que devem ser contidos por meio de um desenvolvimento sustentável da economia.

Embora a economia brasileira tenha se dinamizado, o agronegócio ainda é muito importante para o país. Para se ter uma ideia, estima-se* que cerca de 21% de todo o PIB brasileiro em 2014, cerca de 5,52 trilhões, seja oriundo dessa atividade, que se encontra em plena expansão, mesmo durante a crise que o país atravessa atualmente. Nos últimos quarenta anos, a área cultivada cresceu* cerca de 53%. Dos 851 milhões de hectares que o Brasil possui, cerca de 329,9 milhões estão ocupados por propriedades rurais, e a produtividade passou de 1.258 kg por hectare para 3.484 kg.

Esses números de crescimento do agronegócio são

muito animadores em uma perspectiva meramente

econômica. Contudo, em uma perspectiva ambiental,

esse avanço gera preocupação em virtude dos

diversos impactos ambientais causados pela

superexploração do meio ambiente. Na busca pelo

desenvolvimento e lucro imediato, muitas empresas

desrespeitam as legislações ambientais e exploram o

meio ambiente sem se importar com as

consequências dessa exploração, causando diversos

problemas ambientais no espaço agrário. Entre esses

problemas, destacam-se:

O Desmatamento é a primeira consequência da

atividade agropecuária no Brasil. Desde o início da

colonização, grande parte das áreas de vegetação

nativa do litoral, região Sul e Centro-Oeste do

Brasil foi desmatada para abrir espaço para áreas

de pastagem e cultivo. Em virtude desse crescente

desmatamento, o Cerrado e a Mata Atlântica já

foram introduzidos na lista mundial de biomas

com grande diversidade que estão ameaçados de

extinção (os chamados Hotspots), existindo ainda a

previsão do desaparecimento do Pantanal e da

Amazônia nos próximos anos caso sejam mantidos

os mesmos índices de desmatamento nesses

biomas.

Perda da biodiversidade: Com o desmatamento, muitas espécies da fauna e da flora entram em extinção, pois não conseguem garantir a sua sobrevivência nas pequenas reservas que restam de seu ecossistema.

Degradação do solo: O desenvolvimento extensivo da agricultura tem causado a degradação do solo, que acaba se tornando improdutivo ao longo do tempo, gerando não só problemas ambientais, mas também problemas econômicos para aqueles que o degradaram. As técnicas de cultivo inadequadas, o uso intensivo de máquinas e a não rotatividade das culturas produzidas no solo podem ocasionar o esgotamento dos nutrientes, compactação, erosão e aceleração da desertificação. Na pecuária, o pisoteamento contínuo do gado pode compactar o solo e favorecer o desenvolvimento de processos erosivos.

Esgotamento dos mananciais: em todo processo produtivo das atividades relacionadas com o espaço agrário, utiliza-se grande quantidade de água. Para se ter uma noção, na produção de milho, gastam-se 1750 litros por quilo produzido. Já para a produção de carne no Brasil, gastam-se, em média, 4325 litros por quilo de frango, 15.400 litros por quilo de carne bovina e 10.400 litros para cada quilo de carne suína. A progressiva retirada de água de mananciais e de reservatórios de águas subterrâneas por essas atividades pode acarretar a diminuição do volume ou até mesmo o esgotamento de rios e lençóis freáticos.

Contaminação do solo, ar e água. O uso indiscriminado de agrotóxicos, fertilizantes e antibióticos tem causado a contaminação do ar, do solo e da água no meio rural brasileiro. O agrotóxico, ao ser lançado nas plantações ou no pasto, pode espalhar-se pelo ar, infiltrar-se no solo, atingir o lençol freático ou ser levado pela água da chuva para os mananciais.

Geração de resíduos: é cada vez maior a

quantidade de resíduos gerados durante a

produção agropecuária no Brasil. Esse fato pode

ocasionar problemas no descarte desses materiais

e, como resultado, contaminação ambiental, já que

muitos dos resíduos gerados, como potes de

agrotóxicos e as fezes dos animais, devem ter uma

destinação especial.

Nos últimos anos, tem sido crescente o incentivo

por práticas agrárias mais conscientes e que haja

um desenvolvimento sustentável do

agronegócio no Brasil. A sustentabilidade favorece

não só o meio ambiente, mas também aumenta a

produtividade das empresas e diminui os gastos

futuros.

Porém, ainda é muito comum o desrespeito com as

leis ambientais, já que, como a fiscalização ainda é

ineficiente, raramente se pune algum tipo de crime

ambiental no país e, quando isso acontece, na

maioria dos casos, as punições são relativamente

brandas, as medidas de reparação exigidas não são

postas em prática ou não conseguem recuperar a

área degradada.

*De acordo com a Confederação de Agricultura e

Pecuária do Brasil, o agronegócio representa 21% do

PIB brasileiro e tem se expandido no país.