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Museu do Futebol: Programa de Acessibilidade Larissa Graça gerente de projetos da área de patrimônio da Fundação Roberto Marinho, graduada em Arquitetura e Urbanismo Resumo Acessibilidade. Está no dicionário Aurélio: condição de acesso aos serviços de informação, documentação e comunicação por parte de portador de necessidades especiais. No Brasil, segundo dados do censo demográfico do ano de 2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há 24,5 milhões de pessoas com deficiência. E cada uma delas têm o direito, garantido pela constituição brasileira, não só de transitar ivremente pelas ruas e calçadas, mas também de ir a museus, a visitar exposições, a ter acesso à cultura de modo amplo e irrestrito. O Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, é um museu da história do Brasil. Uma história que tornou o futebol uma das mais reconhecidas manifestações culturais do país. Por representar uma das maiores paixões do povo brasileiro, esta história merecia ser contada de forma plena, para todos os públicos. É nesse contexto que ressaltamos a importância social de um projeto de inclusão como o do Museu do Futebol, não perdendo de vista que o museu funciona, além de local de preservação de patrimônio e infusão cultural, como um importante espaço didático-educativo em nossa sociedade. De maquetes táteis a sensores sonoros, boa parte do conteúdo é acessível para pessoas com deficiências no Museu do Futebol. Abstract Accessibility. In dictionary’s definition: an access condition to the information services, documentation and communication to people with special needs. In Brazil, according to the 2000 census, conduced by the IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics), there are 24.5 million people with disabilities. And each of them have the right, guaranteed by the Brazilian constitution, not only to walk freely in the streets and sidewalks, but also going to museums, visiting exhibitions, getting in touch with culture in a broad and unrestricted way. The Museum of Football, located at Pacaembu stadium in Sao Paulo, is a museum of Brazilian history. A story that made the football one of the most recognized cultural events in the country. Representing one of the greatest passions of Brazilian people, this story deserves to be fully expressed to all audiences. In this context we emphasize the importance of a social inclusion project like the Museum of Football, not forgetting that the museum works, not only as a preservation heritage site and cultural diffusion, but also as an important didactic- education space in our society. From tactile models until sound sensors, much of the content is accessible to people with disabilities at the Museum of Football.

Museu do Futebol: Programa de Acessibilidade · projeto de inclusão como o do Museu do Futebol, não perdendo de vista que o museu funciona, além de local de preservação de patrimônio

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Museu do Futebol: Programa de Acessibilidade Larissa Graça

gerente de projetos da área de patrimônio da Fundação Roberto Marinho, graduada em Arquitetura e Urbanismo

Resumo

Acessibilidade. Está no dicionário Aurélio: condição de acesso aos serviços de informação, documentação e comunicação por parte de portador de necessidades especiais. No Brasil, segundo dados do censo demográfico do ano de 2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há 24,5 milhões de pessoas com deficiência. E cada uma delas têm o direito, garantido pela constituição brasileira, não só de transitar ivremente pelas ruas e calçadas, mas também de ir a museus, a visitar exposições, a ter acesso à cultura de modo amplo e irrestrito. O Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, é um museu da história do Brasil. Uma história que tornou o futebol uma das mais reconhecidas manifestações culturais do país. Por representar uma das maiores paixões do povo brasileiro, esta história merecia ser contada de forma plena, para todos os públicos. É nesse contexto que ressaltamos a importância social de um projeto de inclusão como o do Museu do Futebol, não perdendo de vista que o museu funciona, além de local de preservação de patrimônio e infusão cultural, como um importante espaço didático-educativo em nossa sociedade. De maquetes táteis a sensores sonoros, boa parte do conteúdo é acessível para pessoas com deficiências no Museu do Futebol.

Abstract

Accessibility. In dictionary’s definition: an access condition to the information services, documentation and communication to people with special needs. In Brazil, according to the 2000 census, conduced by the IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics), there are 24.5 million people with disabilities. And each of them have the right, guaranteed by the Brazilian constitution, not only to walk freely in the streets and sidewalks, but also going to museums, visiting exhibitions, getting in touch with culture in a broad and unrestricted way. The Museum of Football, located at Pacaembu stadium in Sao Paulo, is a museum of Brazilian history. A story that made the football one of the most recognized cultural events in the country. Representing one of the greatest passions of Brazilian people, this story deserves to be fully expressed to all audiences. In this context we emphasize the importance of a social inclusion project like the Museum of Football, not forgetting that the museum works, not only as a preservation heritage site and cultural diffusion, but also as an important didactic- education space in our society. From tactile models until sound sensors, much of the content is accessible to people with disabilities at the Museum of Football.

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1 – Introdução Ao chegar no Museu do Futebol, instituição cultural idealizada pela Fundação Roberto Marinho, Prefeitura da Cidade de São Paulo e Governo do Estado, o público especial (pessoas com limitações sensoriais, físicas ou mentais) logo perceberá que está numa instituição adaptada para atender às suas necessidades, voltada ao processo de inclusão, que se dá por meio da acessibilidade. A instituição conta com um dos mais modernos programas do país, que incluem desde: 20 vagas de estacionamento, elevadores e banheiros adaptados nos quatro pavimentos da instituição; passando por áudio-guia, piso tátil e acervo com mais de 10 peças para serem tocadas, entre maquetes táteis, jogos sensoriais, sensores sonoros e reproduções em relevo; até monitores que se comunicam em Libras (Língua Brasileira de Sinais). A acessibilidade a bens culturais tem um importante papel de promover a inclusão social, “processo pelo qual a sociedade e o portador de deficiência procuram adaptar-se mutuamente tendo em vista a equiparação de oportunidades e, conseqüentemente, uma sociedade para todos.” 1. Neste sentido, é que a museóloga Amanda Pinto da Fonseca Tojal, na introdução do livro Museologia – Roteiros Práticos: Acessibilidade 2, diz que “essas iniciativas acabam por beneficiar também a todos os usuários, possibilitando, sem dúvida, tornar esses locais mais inclusivos e freqüentados por mais pessoas”. 3 No Brasil, segundo dados do censo demográfico do ano de 2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há 24,5 milhões de pessoas com deficiência para uma população total de aproximadamente 170 milhões de habitantes. Trata-se de “uma população especial expressiva, usuários potenciais dos espaços culturais, que, por sua vez, precisam se adaptar a esse contingente populacional.” 4 Segundo Viviane Panelli Sarraf, dentro de um movimento conhecido como nova museologia, já existe uma conscientização em relação à inclusão de indivíduos excluídos dos museus, incluindo-se aí os portadores de deficiência. É o que ela chama de museologia social, que tem preocupações sociais e defende uma maior participação da comunidade nesse universo. “Atualmente, a maior parte dos profissionais de museus, quando consultados, afirma que os deficientes visuais têm direito de ter acesso ao museu, mas ainda são escassas as iniciativas de inclusão desse público em tais espaços. Com relação aos museus, as pessoas que perderam sua visão – ou as que nasceram sem saber o que significa ver – têm uma desvantagem maior, em comparação com pessoas que apresentam outros tipos de deficiências. Como já mencionado, os museus ainda se comunicam basicamente por meio de recursos visuais. Para receber pessoas com deficiências auditivas ou mentais, por exemplo, esses espaços não precisam de grandes modificações, já que é possível ver as imagens, ler as identificações e textos e perceber visualmente os espaços. No caso dos deficientes físicos, as modificações são basicamente arquitetônicas, sendo que alguns dos museus de

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construção ou reforma recente já receberam essas adaptações, descritas na Norma Brasileira de Acessibilidade (NBR 9050)”. 5 Na mesma linha, segue o pensamento da museóloga portuguesa Sónia Maria Almeida Santos, pós-graduada em Museologia pela Universidade do Porto, em sua tese de Mestrado intitulada Acessibilidade em Museus. “O papel social dos museus tem-se apresentado como uma crescente preocupação por parte dos profissionais e das instituições museológicas, constituindo um novo desafio, resultante do alargamento do conceito de públicos, dos programas dos serviços educativos, da renovação dos projetos museológicos e discursos museográficos, assim como da disposição arquitetônica dos espaços e edifícios. (...) O museu atual assume vários papéis: lazer, educacional, cultural, social. (...) A nova visão museológica preocupa-se com os públicos e planeja a sua projeção social. Envolve-se em filosofias democráticas, prevenindo-se contra o escrutínio do público e desenvolve estratégias de marketing, de forma a alterar as tendências, em prol das necessidades das diversas audiências, cada vez mais exigentes e conscientes dos seus direitos enquanto público cultural. (...) Os museus, para além do papel educativo e cultural têm ainda uma grande responsabilidade social, devendo ser completamente integradores para que os visitantes com deficiência possam usufruir ao máximo da exposição e da sua interpretação.“ 6 É nesse contexto que ressaltamos a importância social de um projeto de inclusão como o do Museu do Futebol, não perdendo de vista que museu funciona, além de local de preservação de patrimônio e difusão cultural, como um importante espaço didático-educativo em nossa sociedade.

2 – O projeto O Museu do Futebol ocupa uma área de 6.900m2 no avesso das arquibancadas, na entrada principal de um dos mais tradicionais estádios brasileiros: o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, popularmente conhecido como Estádio do Pacaembu, Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) no ano de 1998 . A instituição pertence à rede estadual de museus do Estado de São Paulo e é um espaço dedicado à celebração desse esporte a partir de três eixos que norteiam a visita: Emoção, História e Diversão. O conceito do projeto arquitetônico de Mauro Munhoz é brutalista, ou seja, revela a estrutura do prédio deixando seus pilares e vigas aparentes, mostra as instalações e opta por revestimentos simples e autênticos. Com base nesse conceito, a diretora de cinema e cenógrafa Daniela Thomas e o arquiteto Felipe Tassara criaram a concepção museográfica com referências em moboliários urbanos, que conversam com o partido da arquitetura.. A curadoria do jornalista Leonel Kaz apresenta o futebol como um elemento transformador da cultura brasileira. A história do Brasil é contada através do futebol... A direção de arte do Museu é do designer Jair de Souza. Uma equipe de consultores liderada pelo jornalista João Máximo, que inclui os jornalistas Celso Unzelte e Marcelo Duarte, também participou do projeto. Fundamentado em três pilares: arquitetura, conteúdo e museografia, cada uma dessas áreas complementa a outra, esse

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modelo de concepção de museus teve sua primeira experiência no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Ao longo de três pavimentos, o visitante vivencia diversas experiências distribuídas em 15 salas dedicadas a temas variados, como a torcida, as origens do futebol e grandes nomes da cultura brasileira. O Museu tem também um auditório com capacidade para 180 lugares e uma sala de exposições temporárias. Inaugurado em 29 de setembro de 2008 com a primeira exposição temporária “As Marcas do Rei”, uma homenagem ao maior atleta da história do esporte brasileiro: Pelé. O Programa de Acessibilidade nasceu na concepção do equipamento museológico e a equipe tem sido continuamente formada para receber diferentes públicos. Enquanto instituição a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, o Museu do Futebol entende que o conceito de acesso/ acessibilidade deve compreender todos os públicos, com ou sem deficiência, ampliando assim o conceito para além do usualmente empregado em ações voltadas ao público com deficiência. Esse conceito foi criado por uma equipe multidisciplinar, com especialistas nas áreas de Recursos de Apoio Sensoriais, de Áudio-guia para deficientes visuais e de Publicações adaptadas em tinta e braile. Partindo dessa premissa, o objetivo maior do Programa é proporcionar a diferentes perfis sócio-econômicos e culturais de público, o acesso nos âmbitos social, sensorial, físico e intelectual, no sentido de reconhecer a identidade individual e ainda desenvolver confiança e prazer na experiência museal. Para isso, foram criados uma série de recursos que visam facilitar e potencializar o acesso ao museu. Os recursos que visam facilitar e potencializar o acesso ao museu são; No âmbito social:

• Ingressos a preços populares; • Um dia gratuito na semana; • Políticas de isenção para grupos de escolas

públicas e instituições sociais.

No âmbito físico:

• Elevadores para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção;

• Escadas rolantes; • Piso tátil para cegos e pessoas com baixa visão; • Vagas reservadas para pessoas com deficiência

no estacionamento da Praça Charles Miller; • Banheiros para cadeirantes em todos os

andares; • Telefone para surdos.

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No âmbito intelectual:

• Áudio-guias para estrangeiros (em inglês e espanhol);

• Atendimento agendado com educadores; • Atendimento a grupos de pessoas com diferentes

deficiências: sensorial, física e intelectual; • Totens em 3 línguas (português, inglês e

espanhol) e Braille em todas as salas do Museu; • 23 maquetes táteis para o público cego, com

baixa visão e limitação de compreensão de linguagem.

Durante a visita no Museu do Futebol, o público recebe materiais multisensoriais, distribuídos pelo Museu, proporcionando total integração entre visitante e ambiente. Diversos recursos são utilizados, entre eles o áudio-guia nas versões inglês, espanhol e um especialmente criado para portadores de deficiência visual, que compreende um percurso sonoro da exposição com orientação e informações, além de sinalizações táteis. Sensores sonoros, relevos, cores, legendas, maquetes táteis completam a lista de materiais especiais e disponíveis no local. A Sala de Gols é um exemplo de grande interação. Nela, é possível apreciar, em baias separadas, imagens de gols memoráveis narrados por personalidades. Legendas em "Closed Caption", que podem ser acionadas quando necessário, garantem a participação do público com limitações auditivas. Publicações especializadas e materiais didáticos também estão disponíveis durante as visitas, além de CD's com fragmentos de 20 hinos dos principais times brasileiros e equipamentos portáteis sonoros. Uma ação educativa inclusiva complementa o projeto, que também capacita funcionários e educadores. O serviço de visita agendada da instituição engloba grupos de pessoas com diferentes deficiências: sensorial, física e intelectual. Como destaques, o Museu tem, no hall de entrada, uma maquete tátil, onde estão representados o estádio do Pacaembu e seu entorno, incluindo sensores sonoros dos principais pontos de localização, como a praça, a entrada do estádio, o Museu e o campo de futebol.

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Imagem 1_Maquete tátil do Museu, com sensores sonoros

dos principais pontos de localização

No Salão dos Torcedores, há uma bandeira do Brasil e mais 20 bandeiras dos principais times do futebol brasileiro confeccionadas em tecido texturizado. E brasões dos principais times do futebol brasileiro produzidos em relevo colorido e texturizado. Nesse local, o visitante também tem à disposição dois bonecos fixos, com altura aproximada de 40 cm, vestidos com uniforme da Seleção Brasileira, onde os emblemas são confeccionados em relevo texturizado e ainda jogos imantados em relevo formando um quebra-cabeça tátil, onde estão representados os brasões e/ou bandeiras dos principais times do futebol brasileiro. A Sala dos Anjos Barrocos reproduz a idéia das crianças brasileiras que jogam o futebol do improviso e chegam a deuses do esporte. Imagens de 25 craques do país de todos os tempos são exibidas em tamanho natural, entre eles Pelé, Newton Santos, Didi, Garrincha, Romário, Ronaldo, Sócrates e Rivelino. Essas imagens são projetadas em telas transparentes suspensas no ar tendo-se a ilusão de que os jogadores flutuam diante dos olhos do visitante. Também há dois bonecos articulados, com altura aproximada de 50 cm, vestidos com uniforme da Seleção Brasileira, que permitem a percepção dos diferentes posicionamentos dos jogadores em momentos de ação (correndo, cabeceando, driblando, fazendo gol de bicicleta, entre outros). Reproduções em relevo de resina acrílica de alguns dos principais jogadores e máscaras em relevo representando rostos de jogadores famosos completam o acervo desta sala.

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Imagens 2 e 3_Bonecos articulados, com altura aproximada de 50 cm

Imagem4_Máscaras em relevo com rostos de jogadores

A Sala dos Heróis mostra como o futebol se inseriu como um instrumento de afirmação nacional nos anos 20/30, quando a força do rádio disseminava a arte, música e política. O espaço ressalta a época na qual o esporte vira fenômeno cultural. O acervo da sala é composto por painéis fotográficos, fotografias, um painel eletrônico que permite ao visitante acessar biografias e imagens de personalidades. Uma maquete que traz três diferentes imagens em relevo, tanto de personalidades do futebol quanto de ídolos da cultura brasileira nas décadas de 30 e 40. A Sala das Copas destaca as competições mundiais e campeonatos nacionais com vídeos painéis, ilustrações, cartazes, documentos, além de 80 minutos de imagens audiovisuais e camisas originais da seleção brasileira de todas as copas. Uma maquete tátil representa a expografia da sala composta por totens-taça. Ainda para os portadores de deficiência visual, o Museu criou a Sala Experiência Pelé-Garrincha que roteiriza o papel desses jogadores no cenário mundial, através de imagens em movimento e montagem cenográfica. Reproduções em relevo de resina acrílica com imagens de Pelé e Garrincha representam os rostos dos dois jogadores. Uma maquete de campo de futebol com arquibancada, jogadores e torcedores, incluindo sensores de áudio informando a localização espacial de cada item representado.

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3 – Acessibilidade física e social

Num projeto que foi além, pensando na inclusão intelectual dos portadores de deficiência, a acessibilidade física foi, certamente, uma das prioridades no projeto de concepção. Assim, temos no Museu do Futebol, e não devemos deixar de mencionar neste artigo, vários equipamentos para atender a esse tipo de público. Entre eles, destacamos elevadores para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção; escadas rolantes; piso tátil para cegos e pessoas com baixa visão; vagas reservadas para pessoas com deficiência no estacionamento da Praça Charles Miller; banheiros para cadeirantes em todos os andares e telefone para deficientes auditivos.

Imagem 5 imagem 6

No âmbito social, o Museu do Futebol oferece ingressos a preços populares, além de um dia gratuito na semana e políticas de isenção para grupos de escolas públicas e instituições sociais. O Museu do Futebol é também um museu da história do Brasil e da cultura brasileira. Popular, visa democratizar o acesso ao seu conteúdo, contemplando todos os públicos e tem como missão investigar, divulgar e preservar o futebol como manifestação da cultura brasileira. Neste caso, proporcionar acessibilidade de portadores de deficiência ao seu conteúdo é mais um passo na consolidação desse papel social.

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Notas 1 SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 2. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997. Citado em SARRAF, Viviane Panelli. A inclusão dos deficientes visuais nos museus, in http://museuacessivel.iv.org.br/portal/publicacoes/artigos/inclusao%20dos%20deficientes%20visuais%20nos

%20museus.doc 2 Resource: The Council for Museums, Archives and Libraries Acessibilidade/Resource: The Council for

Museums, Archives and Libraries; [tradução Maurício O. Santos e Patrícia Souza]. – São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo: [Fundação] Vitae, 2005. 3 Citado no livro “Museologia – Roteiros Práticos: Acessibilidade” 4 Idem. 5 SARRAF, Viviane Panelli. A inclusão dos deficientes visuais nos museus, in http://museuacessivel.iv.org.br/portal/publicacoes/artigos/inclusao%20dos%20deficientes%20visuais%20nos%20museus.doc 6 SANTOS. Sónia Maria Almeida, Acessibilidade em museus. Dissertação de Mestrado do Curso Integrado

de Estudos Pós-Graduados em Museologia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. In

http://www.doxtop.com/browse/ae6c906d/acessibilidade-em-museus.aspx