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museu emilio goeldi - fcw.org.br · A criação de associações culturais, jornais e partidos políticos; a freqüente visita de naturalistas, artistas e aventureiros; o embelezamento

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FOTO AÉREA DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI NO CENTRO DE BELÉM

INFORMAÇÕES COLHIDAS NO SITE www.museu-goeldi.br

INSTITUCIONAL

O Museu Paraense Emílio Goeldi é uma instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil.

Está localizado na cidade de Belém, Estado do Pará, região amazônica. Desde sua fundação, em 1866, suas atividades concentram-se no estudo científico dos

sistemas naturais e socioculturais da Amazônia, bem como na divulgação de conhecimentos e acervos relacionados à região.

MISSÃO E OBJETIVOS

Produzir e difundir conhecimentos e acervos sobre sistemas naturais e socioculturais relacionados à Amazônia.

Catalogar e analisar a diversidade biológica e sociocultural da Amazônia, tornando-a de

conhecimento público, contribuindo para a

formação da memória cultural e para o desenvolvimento regional, é o papel do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Objetivos institucionais:

1. Desenvolver pesquisas sobre a diversidade dos sistemas naturais e culturais da Amazônia;

2. Conservar, ampliar e atualizar os acervos científicos da Amazônia; 3. Disseminar informações sobre a Amazônia através de ações de educação,

comunicação científica e museologia; 4. Formar recursos humanos qualificados para pesquisa;

5. Subsidiar a formulação de políticas públicas, com base em informações científicas.

HISTÓRIA – LINHA DO TEMPO

1861 - A Amazônia e os viajantes naturalistas

Estampa da obra Reise in Brasilien, de J. B. von Spix e

C. F. P. von Martius (1831).

O século XIX foi o auge das expedições naturalistas à Amazônia. Desde os primeiros anos, acorreram à região viajantes ingleses, alemães, franceses, italianos, americanos e russos. Talvez esse seja o motivo da primeira tentativa de criar, em Belém, um museu de história

natural: servir como apoio às expedições, formar cientistas e iniciar coleções que pudessem ser preservadas no próprio país. No ano de 1861, um artigo aditivo à Lei do Orçamento Provincial foi proposto - sem a necessária execução - para a criação de um

museu no Pará.

1866 - A fundação da Associação Philomática

Domingos Soares Ferreira Penna (fotógrafo e data não identificados). Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica.

Louis Agassiz está diretamente ligado à fundação do Museu Goeldi. Suíço, professor atuando nos Estados Unidos, chefiou uma expedição científica através do Brasil nos anos 1865/1866. Sua presença em Belém certamente reforçou as condições para a criação da Associação Philomática (Amigos da Ciência), núcleo do nascente museu. No mesmo

período, a Província do Grão-Pará tinha como presidente o General Couto de Magalhães, ele próprio naturalista e etnólogo. No dia 6 de outubro, no Palácio do Governo, realizou-se

a primeira sessão da Associação Philomática, sob a presidência de Domingos Soares Ferreira Penna.

1871 - Belém no final do século XIX. Fotografia de F. A. Fidanza

A segunda metade do século XIX marcou a história da capital do Pará. No período, a borracha passou a ser o produto mais exportado do Estado, gerando lucros cada vez

maiores. O movimento cultural expandiu-se com o enriquecimento de uma classe ilustrada. A criação de associações culturais, jornais e partidos políticos; a freqüente visita de

naturalistas, artistas e aventureiros; o embelezamento e urbanização da cidade deram a Belém do Grão-Pará as condições para se tornar a metrópole da Amazônia. Em 25 de março, o Museu Paraense foi instalado oficialmente pelo Governo do Estado, tendo sido

nomeado Domingos Soares Ferreira Penna como seu primeiro diretor.

1889 - O 2º Império chega ao fim

Marechal Deodoro da Fonseca

A conjuntura política na década de 1880 era bastante complicada. Grupos monarquistas e republicanos brigavam por causas próprias. Domingos Soares Ferreira Penna, republicano, envolveu-se em acirradas disputas políticas, as quais, somadas à sua delicada saúde, não permitiram que o Museu Paraense fosse instalado adequadamente. Faltava pessoal e apoio para as pesquisas. As coleções acabaram perdendo-se pelas más condições de conservação. A produção científica do nascente museu foi mantida pelos próprios trabalhos de Ferreira

Penna, sobre geografia, arqueologia e outros assuntos. A morte do naturalista, nos primeiros dias de 1889, coincide com o fechamento do Museu Paraense.

1891 - A nascente República Brasileira

Lauro Sodré (fotógrafo e data não identificados)

Três ilustres republicanos foram responsáveis pela reabertura e reforma do Museu Paraense: Justo Chermont, o primeiro governador republicano; José Veríssimo, diretor da Instrução Pública e mentor da recuperação do museu, iniciada em 1891; e Lauro Sodré, governador a partir de 1893, que prosseguiu na execução do antigo sonho de Ferreira Penna. Renegando tudo o que pudesse estar vinculado ao Império e influenciados pelo

Positivismo, corrente filosófica que valorizava o saber como fato útil, prático e verdadeiro, os homens do início da República perceberam a importância que o Museu Paraense, obra

bastarda da Monarquia, deveria ter na nova administração.

1894 - O Ciclo da Borracha na Amazônia

Goeldi (fotógrafo e data não identificados). Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica

De 1890 a 1910, o Pará se tornou o maior exportador de borracha do mundo. Os lucros desse comércio deram a Belém nova fisionomia e novos hábitos. Apesar do esforço do Governo do Estado em recuperar o Museu Paraense, faltava direção científica e pessoal habilitado. O governador Lauro Sodré manda vir do Rio de Janeiro o naturalista Emílio Goeldi, demitido do Museu Nacional por questões políticas após a Proclamação da

República. O zoólogo suíço assumiu em 9 de junho de 1894 a direção do Museu Paraense. Teria irrestrito apoio do governo para transformá-lo num centro de pesquisa de renome

internacional.

1895 - A consolidação do Museu da Amazônia

Prédio da Rocinha, na entrada do Parque Zoobotânico, ca. 1902. Fotografia de F. A. Fidanza

Com uma nova estrutura, que o enquadraria nas normas tradicionais de museus de história natural, o Museu Paraense ganhou uma produtiva equipe de cientistas e técnicos. Em 1895, foi criado o Parque Zoobotânico, mostra da fauna e flora regionais para educação e lazer

da população. Exposições e conferências públicas foram organizadas para ilustrar o conhecimento da época. Em 1896, foi instalado um modelar Serviço Meteorológico. Iniciou a publicação do boletim científico, com boa repercussão. Grande parte da Amazônia foi visitada, onde se fez intensivas coletas para formar as primeiras coleções zoológicas,

botânicas, geológicas e etnográficas.

1900 - O Contestado do Amapá

Na virada do século, o Brasil consolidava suas fronteiras. Nessa ocasião, os limites entre Brasil e França no norte do Pará estavam sendo questionados por ambos os países. As

pesquisas que o Museu Paraense iniciava na região, levantando dados sobre a geologia, a geografia, a fauna, a flora, a arqueologia e a população, foram decisivas para municiar a

defesa dos interesses brasileiros, representada pelo Barão do Rio Branco. Em 1º de dezembro, pelo laudo de Berna, na Suíça, sede do julgamento internacional, o Amapá seria

definitivamente incorporado ao território do Brasil. Em homenagem a Emílio Goeldi, o governador Paes de Carvalho alterou a denominação do Museu Paraense para Museu

Goeldi.

1902 - O combate à febre amarela

Sobre desenho de Ernst Lohse para a obra Os Mosquitos no Pará, de Emílio Goeldi (1905).

Desde 1850 a febre amarela causava muitas mortes em Belém. Dentre as vítimas, dois pesquisadores recém-chegados da Europa para trabalhar na Seção de Geologia do Museu Paraense. Emílio Goeldi decidiu incorporar-se à luta contra a doença. Procurou identificar as principais espécies de mosquitos da Amazônia, o ciclo reprodutivo e biológico desses

insetos. As pesquisas intensificaram-se a partir de 1902, quando Goeldi publicou no Diário Oficial os meios de profilaxia e combate à febre amarela, malária e filariose, antecedendo em muito as recomendações do médico Oswaldo Cruz quando esteve em Belém, em 1910.

Goeldi acreditava ser necessário combater o mosquito para controlar a doença

1905 - Tempos modernos

Emília Snethlage (fotógrafo e data não identificados).

Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica.

No início do século XX o mundo passou por transformações radicais nas artes, na indústria, na política. É dessa época a luta feminista por direitos iguais. O Pará foi pioneiro no Brasil ao permitir o ingresso da mulher nas atividades de nível superior e no serviço

público. A primeira mulher contratada no estado foi a zoóloga Emília Snethlage, em 1905. Nascida na Alemanha, de pais protestantes, atendeu o convite de Emílio Goeldi para

trabalhar na Amazônia. Deixou família e lar para dedicar-se, durante 25 anos, ao estudo de sua nova pátria. Enfrentou preconceitos pelo seu reconhecimento profissional. Morreu só,

em Rondônia.

1907 - Ciência na Amazônia

Funcionários do Museu Paraense de História Natural e Ethnografia, ca. 1907. Sentado, no centro, Emílio Goeldi (fotógrafo não identificado). Museu Paraense Emílio

Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica.

Depois de 13 anos de atividades incessantes em Belém, Emílio Goeldi retirou-se. Doente, retornou à Suíça, onde veio a falecer em 1917, aos 58 anos. Jacques Huber, botânico

conterrâneo, o substituiu na direção do Museu Goeldi. Ambos foram responsáveis por uma intensa atividade científica. Nesse período, o Museu foi reestruturado e ganhou o respeito internacional. Foram desenvolvidas pesquisas geográficas, geológicas, climatológicas, agrícolas, faunísticas, florísticas, arqueológicas, etnológicas e museológicas. O papel

educacional do Museu foi reforçado com o parque zoobotânico, publicações, conferências e exposições.

1914 - A grande desilusão

A década de 1910 iniciou com uma grande desvalorização da borracha amazônica no mercado internacional, provocada pela concorrência inglesa. Logo depois sobreveio a

deflagração da 1ª Guerra Mundial, interrompendo de vez o comércio com a Europa. Era a ruína financeira da Amazônia, com a pobreza rondando todos os segmentos da população. A crise chegou a inviabilizar a própria manutenção do Estado, prejudicando drasticamente o Museu Goeldi. Todas as atividades científicas e educacionais foram interrompidas. Emília Snethlage, então diretora, foi a única pesquisadora a permanecer na instituição. Viu os

últimos momentos do agonizante museu.

1921 - A estagnação amazônica

Viveiro de aves no Parque Zoobotânico (fotógrafo e data não identificados). Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica

Nos anos seguintes ao choque da borracha, a economia da Amazônia sofreu uma retração sem precedentes. No Museu Goeldi, problemas funcionais forçaram Emília Snethlage a transferir-se para o Museu Nacional (RJ), em dezembro de 1921. Assumiu a direção o

médico Antônio Ó de Almeida, senador no Congresso Estadual e genro do ex-governador Lauro Sodré. Ficou na direção até 1930, período em que o Museu esteve em total

abandono. Apenas o Parque Zoobotânico permaneceu funcionando. Não fosse o zelo de alguns funcionários, como Rodolpho Rodrigues, preparador de botânica e zoologia que chegou a ser diretor interino, tanto as coleções quanto a biblioteca teriam se perdido.

1930 - A Revolução e o Estado Novo

Getúlio Vargas (fotografia publicada em jornal da época, sem indicação de autor

A Revolução de 1930 e o período posterior, marcado pela ditadura de Getúlio Vargas, foi o início da transformação pela qual o Estado brasileiro passaria. As velhas oligarquias agrárias estavam sendo substituídas por uma nova classe, representante do poder

industrial. No Pará, o interventor Joaquim de Magalhães Barata nomeou o pernambucano Carlos Estevão de Oliveira para a direção do Museu Goeldi. De acordo com o estilo e a

ideologia de governo instaurada com o golpe, caracterizado pelo populismo e nacionalismo, recuperou as dependências do Parque Zoobotânico, a principal área de lazer da população,

e alterou novamente o nome da instituição, para Museu Paraense Emílio Goeldi.

1931 - O melhor Parque Zoobotânico do Brasil

Tanque de criação de peixes no Parque Zoobotânico (fotógrafo e data não identificados). Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica.

A partir de 1931, investimentos regulares na ampliação e equipagem do Parque

Zoobotânico o tornaram reconhecido nacionalmente. Chegou a abrigar 2.000 exemplares de animais vertebrados, de centenas de espécies da região, muitas das quais raras ou pouco conhecidas. Esse crescimento foi possível graças à subvenção que o Governo

Estadual impôs às prefeituras do interior, obrigando-as a remeter mensalmente animais e parte de sua arrecadação ao Museu Goeldi. Muitas espécies foram reproduzidas em

cativeiro com sucesso, em especial répteis e peixes. Somente nos três primeiros anos de coletas sistemáticas, foram descritas cinco novas espécies de peixes, inclusive um gênero

novo.

1932 - Pesquisa pura ou aplicada?

Carlos Estêvão de Oliveira (desenho de Guilherme Leite, s.d.). Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica.

A administração de Carlos Estevão de Oliveira mudou bastante os rumos científicos deixados pela equipe de Emílio Goeldi. Sua formação, as oportunidades da época e a própria situação financeira do Estado impuseram novas perspectivas para a pesquisa científica. Em 1932, foi criado um programa de piscicultura, com ótimos resultados na

reprodução e comercialização de espécies amazônicas; foi lançado o desinfetante Goeldina, distribuído para todo o estado; em 1936, foi proposta a criação de uma fazenda de coelhos e cobaias. Oliveira passou a vender o que foi possível: publicações, couros, frutas, plantas e sementes, animais, coleções taxidermizadas e penas de aves, arrecadando mais de vinte

vezes o que o estado aplicava em recursos na instituição.

1940 - A etnologia brasileira

Curt Nimuendajú (fotógrafo e data não identificados). Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica

Em 1940 iniciou-se o segundo período de colaboração de Curt Nimuendajú no Museu

Goeldi. Alemão radicado no Brasil, com seus trabalhos prolongados entre os indígenas da Amazônia deu novos rumos à etnologia, com a permanência mais demorada em campo e a

insistência no uso da língua nativa como instrumento de comunicação. Trabalhou com vários grupos étnicos, ministrou cursos, reorganizou as coleções etnográficas e elaborou o primeiro mapa etno-histórico do Brasil, indicando a localização e a migração de cada grupo indígena. Havia sido colaborador do Museu Goeldi na década de 1910 e o foi até o ano de

sua morte, em 1945

1946 - A Herança do Estado Novo

Antiga biblioteca do Museu Goeldi (fotografia de Janduari Simões).

Um novo período de crise para o Museu Goeldi coincide com o fim do Estado Novo e da 2ª Guerra Mundial. Durante 15 anos o Museu desenvolveu suas atividades com certa

normalidade, apesar das dificuldades econômicas do estado. Pesquisas em botânica, zoologia, etnologia e arqueologia tiveram impulso. O Parque Zoobotânico foi recuperado, a biblioteca foi organizada e ganhou novas instalações. A partir de 1946, devido à precária situação econômica do Pará no pós-guerra e ao desinteresse dos governos que sucederam a ditadura, o Museu Goeldi decaiu completamente, de maneira igual ou pior à crise da

década de 1920. Em junho de 1946, morreu Carlos Estevão de Oliveira.

1948 - Arqueologia Amazônica

Urna funerária marajoara, Coleção Betty Meggers, Arqueologia, MPEG/MCT (fotografia de Vera Guapindaia).

O ano de 1948 pode ser considerado como o início das pesquisas arqueológicas sistemáticas na Amazônia. Com a chegada de Betty Meggers e Clifford Evans, do

Smithsonian Institution (EUA), procurando explicar a ocupação humana pré-histórica da Amazônia, o Museu Goeldi conheceu uma nova abordagem de pesquisa arqueológica,

mediante escavações planejadas e a análise de milhares de fragmentos de cerâmica. Os arqueólogos norte-americanos estabeleceram a primeira seqüência de desenvolvimento cultural da foz do rio Amazonas, elaborando, com seu criterioso trabalho, teoria científica

que viria a influenciar a Arqueologia Brasileira até os dias atuais

1954 - Novos rumos à Ciência Brasileira

Entrada do Parque Zoobotânico pela Av. Magalhães Barata (fotógrafo e data não identificados).

Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica.

As perspectivas para o Museu Goeldi no início dos anos 50 não eram promissoras. Foi a criação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), em 1951, durante o governo do

presidente Eurico Gaspar Dutra, e a imediata instalação, em Manaus, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que trouxeram a solução para o velho Museu Paraense. No dia 7 de dezembro de 1954, José Olympio da Fonseca, diretor do INPA, firmou com o governador do Pará, General Zacarias de Assunção, um Termo de Acordo pelo qual o Museu Goeldi seria administrado e recuperado pelo INPA, durante 20 anos. Com essa

medida, o Museu Goeldi pôde, mesmo com dificuldades, intensificar a pesquisa científica e salvar suas coleções.

1955 - Recomeçando a história

Coleção de répteis e anfíbios, MPEG/MCT (fotografia de Janduari Simões).

A recuperação do Museu Goeldi deu-se em todos os sentidos. Novos cientistas ingressaram, pesquisas e publicações em todas as tradicionais áreas foram retomadas. A partir de 1955, as coleções foram largamente ampliadas e, em alguns casos, iniciadas outras até então inexistentes, como a de Herpetologia (répteis) e Ictiologia (peixes). A Biblioteca, com importante patrimônio de obras clássicas do século XVI em diante, recebeu atenção

especial. Essa movimentação reforçaria a idéia surgida no início do século, e que retornou sem sucesso em 1938 e 1955, da necessidade de ampliação das instalações do Museu,

premidas pelo Parque Zoobotânico.

1961 - Egler e Galvão

Walter Egler (desenho de Guilherme Leite, s.d.). Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Coleção Fotográfica.

Na nova fase do Museu Paraense, dois diretores merecem referência pelo trabalho

científico que deixaram: Walter Egler (na foto, 1955-1961), que iniciou - em cooperação com instituições estrangeiras - um inédito levantamento florístico do estado do Pará, ao norte do rio Amazonas, tendo falecido tragicamente em uma das viagens de coleta; e Eduardo Galvão (1961-1962), com notável contribuição na Antropologia Social, em particular nos estudos de mudança cultural, religiosidade, áreas culturais indígenas e

populações caboclas. Galvão foi o responsável pela formação de vários pesquisadores do Museu Goeldi, bem como pela renovação dos estudos antropológicos na Amazônia.

1966 - Centenário do Museu Paraense

Desenho de Ernst Lohse para o Álbum de Aves Amazônicas, de Emílio Goeldi (1900), utilizado como logomarca do Simpósio da Biota Amazônica.

De 06 a 11 de junho de 1966, em Belém (PA), foi realizado o primeiro grande evento sobre a Amazônia, o Simpósio sobre a Biota Amazônica, organizado pelo Conselho Nacional de

Pesquisas (CNPq) e Associação de Biologia Tropical. O evento homenageou o centenário do Museu Paraense e contou com a participação de 16 países, representados por 97

instituições. No total, 256 conferências e trabalhos originais foram apresentados, nas áreas de Ciências Humanas e Naturais.

1968 - Estudos Sócio-Culturais na Amazônia

Eduardo Galvão. Museu Paraense Emílio Goeldi / Arquivo / Fundo Adélia Rodrigues.

Eduardo Galvão e Oracy Nogueira organizaram o Centro de Estudos Sócio-Culturais da Amazônia (CESCA), que estabeleceu um marco na história da pesquisa em Ciências

Humanas no Museu Goeldi. Tradicionalmente voltados para a Etnologia e a Arqueologia, os estudos antropológicos

ampliaram os horizontes, alcançando as áreas rurais e urbanas como cenário de pesquisa. Desde então, pescadores, agricultores e migrantes, além de populações indígenas, passaram a ser objetos das preocupações científicas do Museu. Galvão e Nogueira

desenvolveram estudos e formaram recursos humanos para pesquisa social, ampliando o núcleo do atual departamento de Ciências Humanas.

1975 - Programa Flora Amazônica

Fotografia de Janduari Simões

O Programa Flora foi criado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) em 1975, tendo como objetivo inicial fazer o inventário da cobertura florística do território brasileiro,

iniciando pela região amazônica. O Museu Goeldi sediou os trabalhos, tendo sido convidado para sua coordenação o botânico João Murça Pires. Como resultado do projeto, houve a

ampliação e capacitação dos recursos humanos do Departamento de Botânica, a introdução das linhas de pesquisa em Palinologia e Anatomia Vegetal, a reativação dos estudos de

vegetais inferiores, a modernização e expansão do Herbário, em mais de 43.000 amostras, e a descoberta de 81 novas espécies vegetais, até o ano de 1981.

1976 - Programa de pesquisas arqueológicas

Urna funerária Guarita, Arqueologia, MPEG/MCT (fotografia de Vera Guapindaia).

Em 1976, teve início o Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas da Bacia Amazônica (PRONAPABA), seguindo programa semelhante realizado na década de 1960. O

PRONAPABA foi o maior programa de pesquisas arqueológicas já realizado na região, sob a coordenação de Mário Simões, do Museu Goeldi. Em convênio com instituições estrangeiras

e brasileiras, Simões liderou extensivas pesquisas nos estados da região Norte e Mato Grosso, especialmente ao longo dos tributários da margem direita do Amazonas. Foram 5 anos de estudos e 21 áreas selecionadas, ampliando muito as informações disponíveis

sobre a pré-história amazônica.

1978 - Campus de Pesquisa

Entrada do Campus de Pesquisa, na Av. Perimetral (fotografia de Janduari Simões).

Na década de 1970, a limitação do espaço do Parque Zoobotânico, no centro de Belém, impedia o crescimento do Museu Goeldi. Esse foi o principal motivo para a aquisição de um campus de pesquisa, durante a administração de Luís Miguel Scaff no Museu e de Warwick

Kerr no INPA. Numa área de 10ha, adquirida em 1978, na periferia da cidade seriam construídos, ao longo dos anos, os departamentos de pesquisa, biblioteca e administração. A transferência ainda não está completa, mas o Campus de Pesquisa já é o local principal da realização dos experimentos científicos e da guarda das coleções do Museu. O Parque

Zoobotânico permanece como uma mostra viva da natureza amazônica e ponto de referência para o programa de educação científica do Museu Goeldi.

1983 - Autonomia e ampliação do Museu Goeldi

Exposição sobre Coleção Etnográfica (fotografia de Antonio Carlos Lobo Soares).

Em março de 1983, o Museu Goeldi deixou de ser subordinado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, para constituir-se em unidade autônoma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Alterações na estrutura administrativa do Museu foram efetuadas pelo então diretor, José Seixas

Lourenço. Desde 1982 as atividades do Museu Goeldi ampliavam-se, incluindo a instalação de novos serviços de informação e documentação, museologia, educação e comunicação científica. Atualmente, essas atividades são organizadas em setores próprios, os quais

formam o sistema de difusão científica do Museu.

1988 – Renovação e Pós-Graduação

Além da expansão da infra-estrutura física e das áreas de atuação, a autonomia do Museu Goeldi proporcionou a contratação de novos funcionários. Entre 1985 e 1988, mais de 110 servidores ingressaram no museu. É esse grupo que caracteriza o atual quadro funcional da instituição. Em 1988, também teve início a Pós-Graduação no Museu Goeldi, através de um convênio assinado com a Universidade Federal do Pará para a implantação do Curso de

Mestrado em Zoologia (atual Programa de Pós-Graduação em Zoologia). Desde então, outros cursos foram abertos e a instituição pôde garantir, pela primeira vez em sua história,

a formação de recursos humanos de alto nível na própria região amazônica.

1994 - Centro de Referência Internacional

Fotografia de Janduari Simões.

A partir de 1994, teve início o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), assinado pelo Governo Brasileiro e pelo Grupo dos Sete Países mais Ricos

do Mundo (G7) durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92). A melhoria na infra-estrutura e na capacitação institucional do

Museu Goeldi foram incluídos como prioridades no PPG-7, pela contribuição dada ao conhecimento da maior floresta tropical do mundo e pelas preciosas coleções que a instituição formou ao longo de uma história centenária. Reconhecido como centro de

referência internacional, o Museu ampliou as parcerias vigentes com outros países, como Inglaterra, Canadá, Japão, Alemanha, França, Holanda e Estados Unidos

1996 - 130 anos

Prédio da Rocinha, no Parque Zoobotânico (fotografia de Rômulo Fialdini, Banco Safra).

Duas conferências marcaram os 130 anos da mais antiga instituição científica da Amazônia, avaliando os rumos da pesquisa e da difusão científica na região: o Workshop

"Comunicação Pública da Ciência na Amazônia" e o Simpósio "Diversidade Biológica e Social da Amazônia em um mundo em transformação", ambos em setembro de 1996. Representantes de instituições e cientistas de vários países estiveram no Museu Goeldi discutindo questões relacionadas à evolução de ecossistemas, inventário e análise da

biodiversidade, ocupação humana da Amazônia, diversidade étnica e cultural, educação e comunicação científica. Esses temas apontam, de maneira geral, em que sentido a Ciência contribuirá, num futuro próximo, para a preservação da última grande reserva genética do

planeta.

2000 – Ministério da Ciência e Tecnologia

Quase vinte anos depois de conquistada sua autonomia institucional, o Museu Goeldi passou por nova re-estruturação. Em 2000, saiu do âmbito do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde encontrava-se desde 1954, e foi subordinado diretamente ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Maior agilidade

administrativa, maior poder de interlocução na esfera federal e maior articulação no âmbito das políticas públicas para a Amazônia são algumas das vantagens que essa mudança

trouxe.

2002 – Redes científicas e tecnológicas

Os resultados dos investimentos públicos e internacionais verificados no Museu Goeldi na última década puderam ser avaliados nos anos de 2001/2002. Pela primeira vez em sua história, os recursos captados pela instituição através de projetos, fundos setoriais e

editais superaram a dotação orçamentária do governo federal. O crescimento institucional também pôde ser sentido na capacidade científica instalada no Museu Goeldi. Em 2001, a instituição abriu mais um curso de pós-graduação, na área de Botânica, em convênio com

a Universidade Federal Rural da Amazônia. Em 2002, consolidaram-se os programas científicos institucionais e foi lançado o Programa Biodiversidade da Amazônia, em conjunto

com a Conservação Internacional (CI-Brasil). No período, o Museu Goeldi também ingressou em importantes redes científicas e tecnológicas, como a Rede Nacional de Pesquisas (RNP), o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), o Tropical Ecology Assessment and Monitoring (TEAM), o Experimento de Grande Escala da Biosfera-

Atmosfera na Amazônia (LBA) e a Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia (GEOMA).

BASES FÍSICAS

O Museu Goeldi possui três bases físicas. A mais antiga foi instalada em 1895 numa área de 5,2 ha, atualmente conhecida como Parque Zoobotânico. Localizado no centro urbano de Belém, nele se encontram a Diretoria, as Coordenações de Administração e Museologia,

a Assessoria de Comunicação Social e a Editora do Museu.

Em 1980, inaugurou-se, nas imediações da cidade, um Campus de Pesquisa com 12 ha, para onde foram transferidas as Coordenações de Botânica, Zoologia, Ciências Humanas,

Ciências da Terra e Ecologia, Informação e Documentação, Planejamento, além dos laboratórios institucionais.

A mais recente base física, a Estação Científica Ferreira Penna (ECFP), foi inaugurada em 1993, em 33.000 ha da Floresta Nacional de Caxiuanã, Município de Melgaço (PA). A área foi cedida pelo IBAMA e a base foi construída com recursos da Overseas Development

Administration (ODA, atual DFID/Reino Unido). A ECFP destina-se à execução de programas de pesquisa e ações de desenvolvimento comunitário nas diversas áreas do

conhecimento, recebendo cientistas de instituições nacionais e estrangeiras.

Diretoria

Av. Magalhães Barata, 376 - São Braz CEP: 66040-170 - Belém - PA - Brasil

Tel.: (55) 91-2193301/2491302 Fax: (55) 91-2490466

Diretor: Peter Mann de Toledo E-mail: [email protected]