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MAIS QUE PROMESSAS NA SUA CIDADE Eleições Municipais 2020

N A S U A C I D A D E P R O M E S S A S M A I S Q U E · 2020. 10. 21. · A p a n d e m i a d a C o v i d - 1 9 e x a c e r b o u a n e c e s s i d a d e d e p o l í t i c a s p

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  • MAIS QUE PROMESSAS NA SUA CIDADEEleições Municipais2020

  • MAIS QUE PROMESSAS NA SUA CIDADEEleições Municipais 2021-2024

    REALIZAÇÃOFundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)Florence Bauer — Representante do UNICEF no BrasilPaola Babos — Representante adjunta para Programas do UNICEF no BrasilMichael Klaus — Chefe de Comunicação e Parcerias do UNICEF no Brasil

    NÚCLEO EDITORIALElisa Meirelles Reis, Michael Klaus e Pedro Ivo Alcantara (CoordenaçãoEditorial); Ítalo Dutra (Educação); Cristina Albuquerque (Saúde); Augusto Souza,Luiza Teixeira e Rosana Vega (Proteção à Criança); Mário Volpi (Adolescentes);Liliana Chopitea e Santiago Varella (Política Social); Boris Diechtiareff e WillianWives (Dados Estatísticos); Anyoli Sanabria (Território Amazônico); DennisLarsen (Território Semiárido); e Luciana Phebo (Território Sudeste)

    Foto de capa:©UNICEF/BRZ/José Nilson

    unicef.org.brfacebook.com/unicefbrasiltwitter.com/unicefbrasilinstagram.com/unicefbrasil

    Outubro, 2020

  • Mais que promessas, cr ianças e adolescentes como prioridade no município — Florence Bauer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Para cada menina e menino, todos os direitos, integralmente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    1. Água, saneamento e higiene: Colocar o saneamento básico comoinvest imento central para prevenir doenças e reduzir desigualdades. . . .

    2. Educação: Reabrir as escolas com segurança e invest ir naaprendizagem, porque fora da escola não pode! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    3. Desenvolvimento infanti l : Invest ir na pr imeira infância , uma dasgrandes janelas de oportunidades para o presente e o futuro. . . . . . . . . . . . . . .

    4. Proteção contra a violência: Cr iar um pacto pela proteção decrianças e adolescentes contra a v iolência letal e outras violências. . . . .

    5. Adolescência: Oferecer a cada adolescente oportunidades reaispara cr iar um mundo melhor para si e para os outros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    6. Proteção social : Fazer da infância e da adolescência a grandeprior idade do orçamento e das pol í t icas públ icas municipais . . . . . . . . . . . . . .

    MAIS QUE PROMESSAS NA SUA CIDADE

    Eleições Municipais 2020

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    07

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    ©UN

    ICEF/BRZ/Manuela Cavadas

  • ©UN

    ICEF/BRZ/Manuela Cavada

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  • O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da Covid-19, e seus impactos na vida de cadabrasileiro. Embora crianças e adolescentes não sejam os mais afetados, diretamente, pelovírus, elas e eles são as vítimas ocultas da Covid-19, sofrendo de forma mais intensa asconsequências da pandemia no médio e longo prazos. O longo tempo de fechamento das escolas e o isolamento social impactaramprofundamente a aprendizagem, a saúde mental e a proteção de crianças e adolescentescontra a violência. A crise econômica provocada pela pandemia afetou meninas e meninos deforma mais intensa. Suas famílias tiveram as maiores reduções de renda e uma piora naqualidade da alimentação, em comparação com quem vive em casas sem crianças eadolescentes. Todos esses fatores atingiram, em especial, meninas e meninos que já viviamem situação de vulnerabilidade, ampliando as desigualdades no País. Chegado o momento das eleições municipais, mais que promessas, é preciso propostas,programas e ações concretas que priorizem a infância e a adolescência. É no município quemeninas e meninos vivem, então é lá que se pode impactar diretamente a vida delas e deles.Para tanto, é fundamental fortalecer e adaptar os serviços públicos de acordo com as novasrealidades pós-pandemia. O município é responsável, prioritariamente, pela educação infantil e pelo ensinofundamental. É urgente reabrir as escolas em segurança e implementar políticas para garantira todos o direito de aprender. A gestão municipal é responsável, também, pelos serviços desaúde – incluindo a atenção primária a mulheres gestantes, mães, crianças e adolescentes –que precisam ser adaptados às novas realidades trazidas pela pandemia e fortalecidos,sempre de forma articulada com os governos federal e estaduais. Água, saneamento e higienetambém têm de estar entre as prioridades da nova gestão. O mesmo vale para a assistênciasocial, o cuidado com a primeira infância e a adolescência, e a proteção de meninas emeninos contra as diversas formas de violência, negligência e exploração. Os novos gestores e legisladores municipais, certamente, têm um grande desafio pelafrente, mas estão diante de uma oportunidade única: colocar crianças e adolescentes comoprioridade em cada município. Conheça, a seguir, as propostas do UNICEF para as eleições municipais 2020 no Brasil.

    Mais que promessas, cr ianças e adolescentes

    como prioridade no município

    ©UN

    ICEF/BRZ/Manuela Cavada

    Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil

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  • 1

    ©UN

    ICEF/BRZ/José Nilson

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  • Para cada menina e menino,todos os direitos, integralmente

    Nas últimas décadas, o Brasil promoveu umforte processo de inclusão social. Entretanto,uma significativa parcela das crianças e dosadolescentes continuava excluída antes dapandemia da Covid-19. E o cenário se agravouem 2020. A exclusão, a vulnerabilidade e aviolência dificilmente estão associadas a umfator único. Em geral, elas são resultado de umconjunto de aspectos que se sobrepõem. Assim como os desafios são multifatoriais,as respostas a eles também devem ser. Osdireitos de meninas e meninos, comoestabelecido pela Convenção sobre os Direitosda Criança (CDC), são indissociáveis einegociáveis. Ou seja: não adianta a criança teracesso a educação, por exemplo, se não temacesso a saúde e é vítima de violência. Umdireito está diretamente relacionado einterligado a todos os outros.

    Essa visão integral e integrada deve nortearas políticas públicas em cada municípiobrasileiro. A mesma criança ou adolescente vaipara a escola, acessa o posto de saúde, éacompanhado pela assistência social, entreoutras ações. Cada área tem suas atribuiçõesespecíficas, mas a menina e o menino queacessam os serviços são os mesmos. Para que os direitos de cada um sejamefetivados, ações de saúde, educação, proteçãosocial, proteção contra a violência, entre outras,devem estar conectadas e alinhadas. Nas próximas páginas, o UNICEF apresentapropostas em diferentes frentes. Em conjunto,elas contribuem para que cada criança, cadaadolescente tenha todos os seus direitosgarantidos, em uma resposta sustentável eadequada à realidade e aos desafios trazidospela pandemia.

    “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e aojovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

    comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,exploração, violência, crueldade e opressão”

    Art. 227 – Constituição Federal

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  • A pandemia da Covid-19 exacerbou anecessidade de políticas públicas quegarantam a cobertura universal deserviços de água e saneamento,cruciais para que a população possamanter hábitos de higiene, evitar ocontágio pelo coronavírus e outrasdoenças, e cuidar da saúde. No Brasil, milhões de pessoas vivemem locais sem acesso a água tratadae limpa (veja ao lado). Os números são igualmente gravesquando se fala em coleta e tratamentode esgoto. No País, mais de 100milhões de pessoas não possuemacesso a uma rede segura de esgoto.Desse total, 21,6 milhões usaminstalações inadequadas, e 2,3milhões ainda defecam a céu aberto. A falta de acesso a água esaneamento impacta mais as regiõesNorte e Nordeste do País, em especialas áreas rurais. O problema também se refletefortemente nas escolas: 39% delasnão contam com serviços básicospara lavagem das mãos, e milharesnão têm acesso ao abastecimentopúblico de água e esgoto.

    ©UN

    ICEF/BRZ/Yareidy Perdomo

    26%32%

    49%

    5% 15%

    1. Água, saneamento e higieneColocar o saneamento básico como investimento centralpara prevenir doenças e reduzir desigualdades

    Estimativas do Programa Conjunto de Monitoramento da Organização Mundial da Saúde(OMS) e do UNICEF para Saneamento e Higiene (JMP), com base em dados de 2017

    1.

    de brasileiros que vivem emáreas urbanas não têm acesso

    a água tratada.

    Nas áreas rurais,

    gozam apenas de um nívelbásico desses serviços .

    15 milhões

    25 milhões

    1

    1

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  • Água, saneamento e higiene devem estar entreas principais prioridades dos novos governosmunicipais, em coordenação com Estados eUnião. Tendo em vista a urgência trazida pelapandemia da Covid-19, as intervenções podemser organizadas em dois níveis. Em caráter emergencial, é preciso proveralternativas para a reabertura segura das escolase a continuidade de serviços essenciais, comounidades básicas de saúde, Centros deReferência em Assistência Social (Cras) eCentros de Referência Especializada emAssistência Social (Creas). Isso pode incluirestações móveis de higiene, abastecimento comcaminhões pipa, entre outras opções. Em paralelo, a gestão municipal, articulada aEstado e União, deve priorizar a implementaçãode um plano municipal de saneamento. Há quese focar, também, na capacitação deprofissionais dos serviços públicos em temasrelacionados a saúde e higiene, para orientar apopulação, em especial famílias com crianças.

    não têm acesso aoabastecimento público de água.

    26%

    não têm acesso à rede públicade esgoto.

    49%

    ©UN

    ICEF/BRZ/XXXXXX

    Mais que promessas, o UNICEF recomenda:

    Assegurar a implementação de um plano municipal de saneamento que priorize os territóriosmais vulneráveis – entre eles, as escolas de áreas rurais, ribeirinhas, indígenas, quilombolas eperiféricas.

    Volta às aulas presenciais: Prover o apoio necessário para o sistema público de educação,com foco em água, saneamento e higiene nas escolas.

    Continuidade de serviços: Investir para a continuidade dos serviços de saúde materna einfantil, fortalecendo práticas e protocolos e higiene, saúde e prevenção da Covid-19 e deoutras doenças. Facilitar o acesso a lavagem de mãos e higiene em Cras e Creas, paraprevenção da Covid-19 e de outras doenças.

    Informar e formar a população: Capacitar profissionais dos diversos serviços públicos eefetivar o direito de famílias em situação de vulnerabilidade a informações confiáveis sobre aCovid-19 e sobre boas práticas de saúde e higiene.

    Implementar um plano municipal de saneamento em territórios vulneráveis

    Investir em ações emergenciais de água, saneamento e higiene nos serviços públicos

    das escolas brasileiras não têmserviços básicos para lavagemdas mãos.

    39%

    2. Estimativas JMP, com base em dados de 20173. Censo Escolar, 2018

    2

    3

    3

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  • O fechamento das escolas – emboranecessário para conter a Covid-19 –teve e ainda tem impactos profundosna vida de crianças e adolescentes. Considerando as desigualdadesbrasileiras, as opções de continuidadedas aprendizagens em casa não sederam da mesma forma. Antes dapandemia, 4,8 milhões de estudantesviviam em casas sem acesso àinternet – o que teve forte impactonas oportunidades de acesso aoensino online na pandemia. Em agosto de 2020, 4 milhões deestudantes do ensino fundamental(14,4%) estavam sem acesso anenhuma atividade escolar. A maiorianegros, vivendo em famílias comrenda domiciliar inferior a ½ saláriomínimo. Escolas fechadas tiveram tambémoutros impactos. O tempo prolongadode isolamento prejudicou a saúdemental. Sem acesso à merenda, aalimentação dos mais vulneráveispiorou. E, longe da rede de proteçãoprovida pela escola, crianças eadolescentes ficaram ainda maissuscetíveis a diversas formas deviolência, entre elas o trabalho infantil.

    Total

    Norte

    Norde

    ste

    Sude

    ste

    Centr

    o-Oes

    te Sul

    40

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    2.EducaçãoReabrir as escolas com segurança e investir naaprendizagem, porque fora da escola não pode!

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    ICEF/BRZ/Luiz Marques

    Percentual de estudantes de ensino fundamentalsem acesso a atividades escolares (agosto, 2020)

    14,4%

    35,9%

    20,5%

    8,2% 8% 4%

    4. Pnad 2016 (último dado disponível) 5. Pnad Covid, agosto 2020

    4

    5

    5

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  • Investimento: Assegurar, no orçamento municipal, os recursos necessários à implementaçãodo Plano Municipal de Educação (PME), adaptado aos desafios trazidos pela pandemia.

    Retomada do ensino presencial: Implementar protocolos para a reabertura segura dasescolas. Acesse unicef.org/brazil/reabertura-segura-das-escolas.

    Busca Ativa Escolar: Desenvolver estratégias de busca ativa de crianças e adolescentes forada escola, envolvendo diversas áreas da gestão pública. Mais em buscaativaescolar.org.br.

    Trajetórias de sucesso escolar: Desenvolver políticas educacionais específicas, focadas nosestudantes em atraso escolar para ajudá-los a permanecer na escola, avançar a aprender.Mais em trajetoriaescolar.org.br.

    Aprendizagem digital, inclusiva e contexualizada: Desenvolver estratégias articuladas comgovernos estadual e federal para ampliar o acesso à internet nas escolas. Oferecer propostasde aprendizagem digital e rever os currículos de modo a incluir competências para a vida e omundo do trabalho, seguindo a BNCC.

    Priorizar a reabertura segura das escolas

    Ir atrás de quem está fora da escola, investir na aprendizagem e na inclusão digital

    Retomar o ensino presencial e garantir o direitode crianças e adolescentes à educação sãoações essenciais para os novos governosmunicipais. Essa reabertura deve ocorrer comtoda a segurança, preservando a saúde decrianças, adolescentes, profissionais daeducação e das famílias de todos. Além de reabrir as escolas, é essencial ir atrásde quem não conseguiu se manter aprendendona pandemia – ou quem já estava fora da escolaou em atraso escolar antes da Covid-19. Essascrianças e esses adolescentes precisam deiniciativas e propostas específicas para queconsigam retomar a aprendizagem. É importante, também, investir para que aescola seja um ambiente inclusivo e seguro, quecontribua para proteger contra diferentesviolências, para desenvolver competências paraa vida, ingressar no mundo do trabalho e acessaras tecnologias digitais, seguindo as orientaçõesda Base Nacional Comum Curricular (BNCC) econsiderando as especificidades locais.

    dos estudantes* com rendadomiciliar de menos de ½ salário mínimo nãoreceberam nenhuma atividadeescolar em agosto de 2020.

    Entre aqueles com rendadomiciliar de mais de 4salários mínimos, foram

    21,5%

    7,9%

    Mais que promessas, o UNICEF recomenda:

    6. Pnad Covid, agosto 2020*Educação básica e ensino superior

    6

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  • Milhões de crianças de até 6 anos emulheres gestantes já enfrentavamdesafios, antes da pandemia, para seupleno desenvolvimento por causa dobaixo acesso a uma alimentaçãoadequada e saudável, a serviços depré e pós-natal de qualidade, àimunização em tempo oportuno, asaneamento e água potável em casa,a creche e pré-escola de qualidade, e àproteção contra a violência. Com a pandemia, os desafios seagravaram. Em todo o mundo, houvequeda nas coberturas vacinais. Maisde 117 milhões de crianças de 37países podem não receber a vacinacontra o sarampo. A insegurançaalimentar e nutricional se acentuou,com impactos na infância. 33 milhõesde brasileiros (21%) relatarammomentos em que os alimentosacabaram e não havia dinheiro paracomprar mais. Nas famílias comfilhos, o percentual foi de 27%. Com o isolamento social, criançaspequenas ficaram longe da rede deproteção e da educação infantil. Elastambém foram muito afetadas peloaumento da violência doméstica epela redução da renda familiar.

    Com

    crian

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    40%

    30%

    20%

    10%

    0%

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    ICEF/BRZ/Mariana Zarth

    31%

    18%27%

    17%

    3.Desenvolvimento infanti l Investir na primeira infância, uma das grandesjanelas de oportunidades para o presente e o futuro

    7. UNICEF e Organização Mundial da Saúde (OMS), 20208. Ibope-UNICEF, julho 2020

    7

    8

    8

    12

    Famílias em que oconsumo de alimentosnão saudáveis aumentou

    Famílias em que a comidaacabou e não havia dinheiropara comprar mais

  • Investir no cuidado integral e integrado nos seisprimeiros anos de vida – olhando conjuntamenteos diferentes aspectos do desenvolvimentoinfantil – traz mais resultados do que emqualquer outra fase da vida. No município, iniciativas multissetoriais paraessa faixa etária devem ser fortalecidas ouimplementadas. Isso inclui programas de visitasdomiciliares, com profissionais capacitados paraorientar mães, pais e cuidadores sobre osdiferentes aspectos do desenvolvimento infantil,como saúde, nutrição, cuidado carinhoso,desenvolvimento cognitivo, fortalecimento devínculos e prevenção contra diversas violências. É essencial, também, fortalecer a atençãoprimária, garantindo o acesso continuado àsaúde para crianças, mães e mulheres gestantes– em especial aquelas em situação devulnerabilidade. Diante do cenário atual, éurgente ampliar as coberturas vacinais. As políticas de educação infantil tambémdevem estar entre as principais prioridades.

    de crianças de 37 paísespodem deixar de receber avacina que protege contra osarampo, em meio à pandemia.

    milhões117

    ©UN

    ICEF/BRZ/XXXXXX©

    UNICEF/BRZ/XXXXXX

    Investimento: Assegurar, no orçamento municipal, recursos para implementar a lei 13.257/2016,que dispõe sobre as políticas para a primeira infância. Reforçar o orçamento da atenção primáriade saúde, responsável pelo atendimento inicial à população e pela prevenção da Covid-19.

    Atenção multissetorial à criança: Implementar e/ou ampliar programas multissetoriais voltados acrianças e gestantes, com visitas domiciliares às famílias, especialmente as mais vulneráveis.

    Imunização: Aumentar a cobertura vacinal de rotina por meio da busca ativa domiciliar; daabertura das Unidades Primárias de Saúde em horários não comerciais; da ampliação dascampanhas de imunização, adaptadas aos protocolos de prevenção da Covid-19.

    Nutrição: Fortalecer programas de melhoria do estado nutricional de crianças e adolescentes,incluindo a promoção do aleitamento materno e da alimentação saudável, inclusive nas escolas.

    Educação: Garantir a ampliação do acesso a creche e pré-escola: ver página 10.

    Água, saneamento e higiene: ver página 08. Proteção contra a violência: ver página 14.

    Implementar programas multissetoriais voltados à primeira infância

    Investir em saúde, educação e proteçao para crianças e famílias

    Mais que promessas, o UNICEF recomenda:

    9. UNICEF e OMS, 2020

    9

    13

  • No Brasil, milhões de meninas emeninos nascem e crescem emterritórios diretamente afetados pelaviolência, em especial a violênciaarmada, com pouco acesso a serviçospúblicos, sujeitos a uma superposiçãode violações e privações de direitos. Antes da pandemia, em 2018, 9.781meninas e meninos foram vítimas dehomicídio no Brasil, a maioria negrose vivendo nesses territórios. Havia,também, 2,4 milhões de crianças eadolescentes em trabalho infantil(2016), sendo 64% negros. A violênciasexual já era um tema de alerta.Quatro meninas de até 13 anos foramestupradas por hora em 2019. Durante a pandemia, crianças eadolescentes ficaram ainda mais emrisco. Muitas das violências física,psicológica e sexual ocorrem dentrode casa. Longe da escola e dosserviços de saúde e assistência social,meninas e meninos perderam ocontato com a rede de proteção. Alémdisso, a crise econômica provocadapela Covid-19 impactou especialmenteos mais vulneráveis, podendo ampliar o trabalho infantil no País.

    ©Coletivo Rua/Tercio Teixeira

    4. Proteção contra a violência Criar um pacto pela proteção de crianças eadolescentes contra a violência letal e outras violências

    de crianças e adolescentesestavam em situação de trabalho

    infantil antes da pandemia daCovid-19.

    2,4 milhões

    10. Datasus, 2018 11. Pnad 2016, (último dado disponível)

    12. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2019

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  • No município, é essencial o bom funcionamentodo Sistema de Garantia de Direitos (SGD), comdestaque para o Conselho Municipal dos Direitosda Criança e do Adolescente (CMDCA), oConselho Tutelar e o Centro de ReferênciaEspecializada em Assistência Social (Creas). O CMDCA formula diretrizes para promoção,proteção e defesa dos direitos da criança e doadolescente, e fiscaliza as políticas públicas. OsConselhos Tutelares zelam pelos direitos,podendo orientar e agir em casos de violaçõescontra meninas e meninos. Já o Creasacompanha famílias em situação de risco, sendoresponsável, também, por executar as medidassocioeducativas em meio aberto. Além de fortalecer o SGD, é fundamentalimplementar políticas municipais de prevenção eresposta às diferentes violências. Há, também,que se investir em oportunidades paraadolescentes, com foco em afastá-los dotrabalho infantil (mais na página 16) e de outrasformas de violência e exploração.

    são estupradas por hora noPaís, com idades até 13 anos.

    4 meninas

    ©UN

    ICEF/BRZ/XXXXXX©

    UNICEF/BRZ/XXXXXX

    Garantir, com Estados e União, apoio financeiro e técnico a CMDCA, Creas e ConselhosTutelares, incluindo infraestrutura adequada e equipes em número suficiente para a demanda.Promover a intervenção articulada de todos os atores da rede de proteção para contar com umSDG responsivo e eficiente.

    Redução de homicídios: Implementar políticas municipais de enfrentamento da violência letal,com foco na redução de homicídios de adolescentes, principalmente negros. Envolveradolescentes na elaboração e no aprimoramento dessas políticas. Fortalecer o papel da escolana prevenção e proteção de criancas e adolescentes vulneráveis.

    Redução da violência baseada em gênero: Adotar programas de prevenção e resposta àviolência baseada em gênero, ao abuso e à exploração sexual.

    Apoio a vítimas e testemunhas: Promover a denúncia e ofertar serviços integrados deatendimento a crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, via Lei 13.431/17.

    Investimento na socioeducação em meio aberto: Fortalecimento dos Creas para implementaçãode medidas socioeducativas em meio aberto.

    Fortalecer o Sistema de Garantia de Direitos

    Investir em políticas de prevenção e resposta às diferentes violências

    Mais que promessas, o UNICEF recomenda:

    criança ou adolescente é vítimade homicídio por hora no Brasil.Em 2018, foram 9.781 vítimas.

    Mais de 1

    13. Datasus, 201814. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2019

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  • A adolescência é uma oportunidadeúnica de desenvolvimento parameninas e meninos, muito relacionadaà socialização, ao contato com seuspares e à aprendizagem. Por esse motivo, a pandemia daCovid-19 trouxe desafios importantespara adolescentes. A suspensão dasaulas presenciais – especialmente emcomunidades populares, sistemasocioeducativo e abrigos – impactoua saúde mental de meninas emeninos. Segundo uma enquete doUNICEF com 4 mil adolescentes, 72%sentiram necessidade de pedir ajudana pandemia. Nos territórios maispobres, os problemas foram aindamaiores. Meninas e meninos sofreramcom a falta de espaços adequadosdentro das moradias. A baixa conexãoà internet dificultou o contato comamigos, prejudicou o acesso a aulasonline e afastou os adolescentes decanais de apoio e proteção contra aviolência. A tudo isso, somam-se aspreocupações com a situaçãofinanceira das famílias, levandoadolescentes ao trabalho precárioremunerado e também doméstico.

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    ICEF/BRZ/Gabriel O

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    30%

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    10%

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    Reposta de 4 mil adolescentes à pergunta:Qual opção descreve melhor como você estáse sentindo nos últimos dias?

    31%

    15%

    7%5%

    14%8% 9%

    13%

    15. Enquete realizada pelo UNICEF com 4 mil adolescentes ejovens, em setembro de 2020, por meio da plataforma U-Report

    5. Adolescência Oferecer a cada adolescente oportunidades reaispara criar um mundo melhor para si e para os outros

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    15

    16

  • Oferecer canais de apoio e oportunidades aadolescentes, em especial os mais vulneráveis,deve ser parte das ações municipais. Para tanto,é essencial garantir a continuidade dos serviçosde apoio psicossocial – sobretudo nos Centrosde Atenção Psicossocial (Caps). É preciso,também, garantir o acesso de adolescentes acanais de apoio, escuta e aconselhamento nopróprio município ou por meio de acesso ainiciativas online. Outra prioridade deve ser oacesso seguro de adolescentes à internet; e aformulação de propostas pedagógicasespecíficas para meninas e meninos que nãoconseguiram se manter estudando na pandemia. Junto com isso, há que se prover oportunidadesde educação, aprendizagem e trabalho protegidopara adolescentes – inclusive nos órgãosmunicipais – em especial aqueles em contextosvulneráveis. Em diálogo com Estados e o setorprivado, a gestão municipal pode investir paraampliar a oferta de vagas de aprendiz e o acessoa elas no município.

    dos adolescentes ouvidos peloUNICEF sentiram necessidadede pedir ajuda durante apandemia, mas, desses,

    72%

    não recorreram a ninguém.

    41%

    ©UN

    ICEF/BRZ/XXXXXX©

    UNICEF/BRZ/XXXXXX

    Mais que promessas, o UNICEF recomenda:

    Garantir a continuidade dos serviços de apoio psicossocial a esse público – em especial nosCaps. Garantir o acesso de adolescentes a canais de apoio, escuta e aconselhamento nopróprio município ou por meio de acesso a iniciativas online. Capacitar profissionais dosserviços públicos para qualificar o atendimento voltado à saúde mental de adolescentes.

    Dentro dos órgãos públicos municipais, oferecer oportunidades de trabalho decente, criandovagas de aprendiz, estágio e emprego formal para adolescentes e jovens. Estimular ocumprimento da oferta de vagas de aprendizagem pelas empresas contratadas pelosmunicípios. Articular, com a gestão estadual, para que sejam ofertadas oportunidades aadolescentes nos órgãos públicos estaduais presentes no município. Articular, com o setorprivado local, para que sejam ofertadas oportunidades a adolescentes no município.

    Investir em propostas específicas para quem estava excluído ou não conseguiu continuaraprendendo na pandemia (ver página 10).

    Cuidar da saúde mental de adolescentes

    Criar oportunidades de educação, aprendizagem e trabalho protegido

    Apoiar quem deixou a escola ou está em atraso escolar

    16. Enquete realizada pelo UNICEF com 4 mil adolescentes e jovens, emsetembro de 2020, por meio da plataforma U-Report

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  • A crise provocada pela pandemia daCovid-19 impactou diretamente arenda das famílias brasileiras comcrianças e adolescentes. Segundo uma pesquisa realizadapelo Ibope para o UNICEF em julho de2020, 55% dos brasileiros afirmam queo rendimento de seus domicíliosdiminuiu desde o início da pandemia.Os impactos foram maiores nasfamílias com crianças e adolescentes.Dessas, 63% viram sua renda diminuir. A redução também está maispresente nas camadas mais pobres:67% daqueles com renda familiar deaté um salário mínimo tiveramredução de rendimentos, contra 36%daqueles com renda familiar de maisde 10 salários mínimos. O auxílio emergencial foi pedido por46% dos brasileiros entrevistados.Entre quem vive com crianças eadolescentes, o percentual chegou a52%. A pandemia mostrou que haviauma parcela importante da populaçãoque não era alcançada peloscadastros dos programas detransferência de renda existentes.

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    ©UN

    ICEF/BRZ/Pedro Andrade

    Percentual de famílias que viram seurendimento domiciliar diminuir desde o

    início da pandemia (julho, 2020)

    63%55%

    67%

    36%

    6. Proteção social Fazer da infância e da adolescência a grandeprioridade do orçamento e das políticas públicas municipais

    17. Ibope-UNICEF, julho 2020

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  • As políticas municipais devem estar focadas nasfamílias que mais precisam: aquelas comcrianças e adolescentes, com altos índices devulnerabilidades, acentuados pela pandemia. No planejamento fiscal e orçamentário, aproteção social deve ser vista não como umgasto, mas como um investimento. Crianças,adolescentes e suas famílias devem serprioridade no Plano Plurianual (PPA), em que omunicípio planeja suas ações de médio e longoprazos; e na Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA), quedefinem e organizam a implementação dosinvestimentos anuais. As políticas detransferência de renda também precisam sergarantidas, priorizadas e ampliadas emarticulação com os Estados e a União. Éfundamental fortalecer o Sistema Único deAssistência Social (Suas) no município, dandoapoio ao cadastramento e às transferências derenda, e também prevenindo e agindo emresposta a situações de vulnerabilidade que vãoalém da renda.

    dos brasileiros que vivem emdomicílios com crianças eadolescentes pediram auxílioemergencial.

    52%

    ©UN

    ICEF/BRZ/XXXXXX©

    UNICEF/BRZ/XXXXXX

    Mais que promessas, o UNICEF recomenda:

    Identificar e dar visibilidade ao orçamento público destinado, direta e indiretamente, acrianças e adolescentes, de modo a dar maior transparência aos gastos públicos.

    Priorizar o investimento em políticas públicas que beneficiam crianças, adolescentes e suasfamílias

    Garantir, prioritariamente, em articulação com Estados e União, a continuidade e a ampliaçãode políticas de transferência de renda voltadas a famílias com crianças e adolescentes emsituação de vulnerabilidade.

    Realizar busca ativa e cadastramento de famílias vulneráveis por meio dos Cras. Encaminharas famílias para os programas, serviços e benefícios previstos no Suas.

    Ampliar as capacidades do Suas de resposta ao agravamento da pobreza, ao crescimento davulnerabilidade, incluindo sua preparação para situações de emergências sociais, migratóriase de saúde pública.

    Priorizar a infância e a adolescência nos orçamentos municipais

    Promover políticas de proteção social e transferência de renda para famílias

    Fortalecer o Suas localmente

    18. Ibope-UNICEF, julho 2020

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