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Não desistam de mim (Súplica do Filho Pródigo) Texto: Assuero Gomes Imagens: Web Música: Verão de 42

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Page 1: Não desistam de mim (Súplica do Filho Pródigo) Texto: Assuero Gomes Imagens: Web Música: Verão de 42

Não desistam de mim(Súplica do Filho Pródigo)

Texto: Assuero GomesImagens: WebMúsica: Verão de 42

Page 2: Não desistam de mim (Súplica do Filho Pródigo) Texto: Assuero Gomes Imagens: Web Música: Verão de 42

Mesmo quando as decepções se sobrepuserem sobre os sonhos e sobre as esperanças sonhadas para mim, mesmo

quando o brilho que almejavam para meu futuro já não cintilar, nem como estrela, nem mesmo como reflexo de

uma lágrima doída, não desistam de mim.

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Lembrem-se que embalei seus sonhos ainda no ventre seu, minha mãe, e quantas horas passava

meu pai a sussurrar palavras de carinho na pressa amorosa para que viesse à luz o filho

querido.

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Hoje se não passo de um estorno ou um problema ou uma frustração a mais, ou um espinho a espetá-lhes a

carne ou uma pedra colocada no coração de vocês, mesmo assim não desistam de mim, pois quando

desistimos do que sonhamos, mesmo da mais vã das utopias, morremos um pouco e quando morremos o mundo ao nosso redor morre também, fenece como

uma aurora abortada pela escuridão.

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Não fui o filho ideal e fui menos que o possível. Gastei meu tempo, sua paciência e seus conselhos em

momentos fúteis e companhias vãs. A idade de vocês avança e o medo da solidão toma conta de mim como um monstro sinistro, que devora meu amanhã. Terei

amanhã? Ou ele já se foi embalado no adeus da prematura partida de um filho vivo, quase morto?

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Não desistam de mim. Tratem-me como tratam ao mais serviçal dos seus empregados, mas tratem, não se esqueçam das minhas quedas quando tropeçava ao tentar correr nos primeiros passos, dos joelhos ralados, dos

soluços medonhos, das crises de asma, da febre, do choro incontido, do primeiro passeio sozinho com a escola, do primeiro dente a nascer, da primeira vela de

aniversário, da lembrancinha mal feita na escola para o dia dos pais, da felicidade que senti de ter vocês junto aos meus colegas, do coração pulsando, pulsando, batendo de alegria com o primeiro gol, a primeira medalha da natação,

o primeiro orgulho, a primeira namorada.

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Não desistam de mim, mesmo com as

grosserias, os deslizes, as revoltas. Temo que ao cair da madrugada, estando sozinho nesta vida, reste-me apenas o

primeiro relógio que me deram, com as horas quebradas,

numa dança cruel de números partidos, e

eu perdido no infinito deste não encontrar,

não possa nem balbuciar o nome de

vocês.

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Uma palavra, uma mão, um olhar, um pequeno gesto de acolhimento me

basta.Quanto ao meu

irmão, como está ele? Mando um

abraço para ele. Sei que não quer nem

me ver. Criei tantos problemas, foram

tantas brigas quais feridas de Abel e Caim que jamais saram, apenas

cicatrizam como tatuagens feitas no

coração.

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Não precisam dar-me sandálias, caminharei descalço até vocês; não precisa de anel

nem festa nem sorriso sequer, basta que não desistam de mim, e quando de queda em queda eu chegar até vocês, se vocês

permitirem, apenas um afago de perdão nos meus cabelos, eu lhes peço, como uma

bênção; saberei então que valerá a pena ter nascido, por este simples gesto de perdão.

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Não desistam de mim, pois estarão desistindo de vocês

mesmos, de um pedaço de vida que é de vocês também. Uma

certeza, mesmo que já não possa fazer chegar ao coração

de vocês estas palavras, eu amo, e como amo vocês!