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Não é a morte. As estrelas vão-se para reapareceram noutra margem. E, cintilantes na coroa ornamentada do céu, brilham até à eternidade. Não é a morte. Nas florestas as folhas dão vida ao ar diáfano. As rochas desorganizam-se de modo a alimentarem o manto esfomeado de musgo que as cobre. Não é a morte. A poeira que calcamos transformar-se-á, sob as chuvas de verão, em grãos dourados ou fruta madura de flores pinceladas de arco-íris. Não é a morte. As folhas cairão, as flores desvanecer-se-ão, irão embora. Mas esperam apenas que, após as horas invernais, surja o hálito quente e doce de Maio. Não é a morte. Apesar de chorarmos quando belas formas familiares, que aprendemos a amar, são arrancadas dos nossos braços acolhedores. Apesar do coração se nos curvar e doer e, de vestes escuras e passos silenciosos, deitarmos a dormir a sua poeira inerte, dizendo que estão mortos… Não estão mortos. Passaram apenas através da névoa que aqui nos cega, para uma vida nova e maior na serena esfera. Apenas deixaram cair o seu manto de barro para se trajarem de brilho. Não andam longe, não estão perdidos nem desaparecidos. Apesar de invisíveis aos nossos olhos mortais, cá permanecem e amam-nos ainda. Jamais esquecerão os entes queridos que deixaram para trás. Às vezes, quando febris, sentimos o seu toque, um sopro de bálsamo. A nossa alma vê-os, o nosso coração reconforta-se com a sua presença. É verdade. Para sempre perto de nós, apesar de invisíveis, vagueiam os nossos queridos espíritos imortais. Pois todo o ilimitado universo é vida – os mortos não existem. Tradução: Joana Maia

Não é a Morte

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Poema de J. L. McCreeryTradução livre

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  • No a morte. As estrelas vo-se para reapareceram noutra margem. E, cintilantes na coroa ornamentada do cu, brilham at eternidade. No a morte. Nas florestas as folhas do vida ao ar difano. As rochas desorganizam-se de modo a alimentarem o manto esfomeado de musgo que as cobre. No a morte. A poeira que calcamos transformar-se-, sob as chuvas de vero, em gros dourados ou fruta madura de flores pinceladas de arco-ris. No a morte. As folhas cairo, as flores desvanecer-se-o, iro embora. Mas esperam apenas que, aps as horas invernais, surja o hlito quente e doce de Maio. No a morte. Apesar de chorarmos quando belas formas familiares, que aprendemos a amar, so arrancadas dos nossos braos acolhedores. Apesar do corao se nos curvar e doer e, de vestes escuras e passos silenciosos, deitarmos a dormir a sua poeira inerte, dizendo que esto mortos No esto mortos. Passaram apenas atravs da nvoa que aqui nos cega, para uma vida nova e maior na serena esfera. Apenas deixaram cair o seu manto de barro para se trajarem de brilho. No andam longe, no esto perdidos nem desaparecidos. Apesar de invisveis aos nossos olhos mortais, c permanecem e amam-nos ainda. Jamais esquecero os entes queridos que deixaram para trs. s vezes, quando febris, sentimos o seu toque, um sopro de blsamo. A nossa alma v-os, o nosso corao reconforta-se com a sua presena. verdade. Para sempre perto de ns, apesar de invisveis, vagueiam os nossos queridos espritos imortais. Pois todo o ilimitado universo vida os mortos no existem. Traduo: Joana Maia