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8/18/2019 Não, nós Dilma não renunciarei, por Sérgio Saraiva _ GGN.pdf
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SERGIO SARAIVA DOM, 03/04/2016 - 18:10
Não, nós Dilma não renunciarei, por SérgioSaraiva
A construção do ideal democrático e republicano é uma obra que já dura neste mundo
mais de vite e cinco séculos, desde os romanos da antiguidade. Na Europa, custou o
sangue de reis e plebeus, nas Américas o sangue cidadão. Na América Latina, há
duzentos anos cobra-nos esforços democráticos. No Brasil parece assemelhar-se aos
trabalhos de Sísifo – sua pedra e sua montanha.
Por Sérgio Saraiva
“O senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à Presidência. Candidato, não deve
ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para
impedi-lo de governar”. Carlos Lacerda, em 1º de junho de 1950, no jornal Tribuna da
Imprensa.
“A presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o país. O Tribunal Superior
Eleitoral julgará as contas da chapa eleita em 2014 e poderá cassá-la. Di lma Rousseff deve
renunciar já, para poupar o país do trauma do impeachment e superar tanto o impasse que o
mantém atolado como a calamidade sem precedentes do atual governo”. Otavio Frias Filho, em
3 de abril de 2016, no jornal Folha de São Paulo.
No Brasil, nossa República padece desde o seu início da doença do golpismo. A República nascida
do golpe, “o povo assistiu bestializado” a sua chegada entre nós em 1889. Povo esse que até o
ano anterior se dividia entre senhores e escravos com título de propriedade passado em cartório.
O início da nossa República, tal qual o da nossa independência, tem data diferente da que consta
nos livros de história.
Seguiram-se uma ditadura militar, uma oligarquia, uma ditadura caudilhista e um breve interregno
democrático como preâmbulo de uma nova ditadura militar.
Em cada golpe, perseguições, prisões, torturas e mortes. Execuções sumárias, assassinatos
covardes e cadáveres jamais restituídos para o justo pranto e a justa sepultura. Restam, namemória, insepultos.
Tanta dor, no entanto, não foi capaz de abafar as vozes da República, atar seus braços ou destruir
seu sonho – uma Pátria de iguais em direitos. Não mais senhores e escravos – com títulos de
propriedade ou não.
Essa Pátria de iguais em direitos é a nossa pedra a ser levada ao alto da montanha. Somos Sísifos
da Silva.
Em 1985, ao fim de mais um pesadelo – a ditadura de 64 – surge um novo sonho, uma nova
República. E por trinta anos a democracia republicana pareceu-nos consolidada.
A Nova República, no entanto, não resistiu a quatro governos populares. Era uma nova República,
mas não era uma república nova – renovada. Era uma república que se legitimava com o voto do
povo, mas não suportava o povo no poder.
Essa nova República acabou em 2003.
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mas n o era uma rep ca nova – renova a. ra uma rep ca que se eg mava com o vo o o
povo, mas não suportava o povo no poder.
Essa nova República acabou em 2003.
Surgiu a República Nova.
O novo da República Nova é o elemento povo no poder – onde Lula é tão somente um rosto a
simbolizá-la. Somos a República Nova dos Sísifos da Silva.
Somos mais de duzentos milhões de Sísifos Silvas cônscios de que um cidadão, qualquer cidadão
e todos os cidadãos – um a um e cada um, vale um voto e que assim se constrói uma Pátria de
iguais em direitos. Essa é a República Nova – nova entre nós – os brasileiros.
É essa República Nova que está sob ataque quando o mandato da presidente Dilma Rousseff,
ungido pelo voto povo e legitimado por sua postura pessoal estoica e ética, recebe a ordem de
“ponha-se para fora” dada pela voz da plutocracia.
Não, não somos mais inquilinos desta República, nosso país não tem mais senhorios.
Em que pese a prepotência da nossa plutocracia, é momento de cada cidadão, cada Sísifo da
Silva, dizermos em voz alta:
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