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Dra. Janaína de Aquino Ferraz Dra. Ormezinda Maria Ribeiro Ma. Scheyla Brito Alves MÓDULO II Aspectos gerais da Redação Oficial

Naquela tarde de inverno, o por do sol estava ... · especialização. No ensino superior, ministra as disciplinas Oficina de Produção de Textos, Processos de Leitura e Escrita,

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Dra. Janaína de Aquino FerrazDra. Ormezinda Maria RibeiroMa. Scheyla Brito Alves

MÓDULO IIAspectos gerais da Redação Oficial

As autoras JANAÍNA DE AQUINO FERRAZ

Doutoranda em Linguística pela Universidade de Brasília. Graduada em Letras, pela mesma instituição. Atuou como professora do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP) da UnB. É professora e orientadora de monografia do curso de Letras da Faculdade Michelangelo e da Pós-Graduação em Língua Portuguesa do Uniceub. É membro da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), do Grupo de Estudos de Linguística do Centro Oeste (GELCO) e da Associação Latino-americana de Estudos do Discurso (ALED). Autora de artigos e de livros na área de Linguística, com ênfase nos seguintes temas: Multimodalidade, ensino de Segunda Língua, Ideologia, Identidade e Análise de Discurso crítica.

ORMEZINDA MARIA RIBEIRO

Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP); mestra em Linguística pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU); especialista em Linguística Aplicada pela UFU e em Pedagogia da Expressão pela Universidade de Uberaba (Uniube); graduada em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Patrocínio (FAFI). É Avaliadora Institucional de Cursos do MEC/INEP, professora da Universidade de Brasília e formadora nacional do Gestar II Língua Portuguesa. Atua em formação continuada de professores, avaliação, leitura e produção textual, e ensino-aprendizagem, presencial e a distância. Publicou diversos artigos acadêmicos em periódicos e anais de eventos nacionais e internacionais, capítulos e livros nas áreas de linguagem e educação e EaD. É autora do Projeto Pedagógico de Implantação dos Cursos de Letras na UFTM e de vários projetos pedagógicos para cursos de graduação e pós-graduação.

SCHEYLA BRITO ALVES

Mestra em Linguística, especialista em Língua Portuguesa, licenciada em Letras (Português), formada em Magistério para séries iniciais. Exerce o magistério desde 1986, tendo lecionado Língua Portuguesa em instituições públicas e privadas, no ensino básico, fundamental, médio, superior e especialização. No ensino superior, ministra as disciplinas Oficina de Produção de Textos, Processos de Leitura e Escrita, Leitura e Produção de Textos, Fonética e Fonologia, Morfologia, Sintaxe, Sociolinguística, Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, Estágio Supervisionado e orienta Trabalho de Conclusão de Curso. Na pós-graduação, leciona Metodologia de Pesquisa, Revisão de Textos e orienta Trabalho de Conclusão de Curso. Participou de avaliações governamentais e privadas, avaliando provas discursivas. No ensino a distância, atuou como supervisora do curso Especialização para Professores da Secretaria do Estado de Educação do Distrito Federal ofertado pela parceria UnB/CEAD/SEEDF, em 2008/2009.

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Prezados Cursistas,

Vocês estão iniciando o segundo módulo do curso de extensão em Língua Portuguesa: Oficinas de leitura e produção textual com ênfase em Redação Oficial. Nesta etapa, serão trabalhados alguns gêneros específicos de redação oficial, visando principalmente ao desenvolvimento das suas habilidades de produção textual pela escrita simulada de textos oficiais.

Procuramos desenvolver um roteiro que os aproxime mais da

realidade da produção de textos oficiais a fim de que possam realizar as atividades de forma contextualizada. Para tanto, apresentaremos as principais diretrizes na escrita de textos emitidos pela Administração Pública, utilizando como referência principal o Manual de Redação da Presidência da República. Porém, complementarmente, serão utilizados outros manuais, entre eles o Manual de Redação da Câmara dos Deputados.

Assim como no primeiro módulo, haverá um tempo dedicado à

reflexão sobre a língua, quando serão trabalhadas as principais dificuldades da norma padrão e da nova ortografia, de modo a levá-los a desenvolver a capacidade de adequar os enunciados às situações, aos objetivos da comunicação e às condições de interlocução.

Esperamos que vocês apreciem as leituras e as oficinas propostas. A

dedicação e paciência de vocês no processo de reescrita serão fundamentais para a formação das habilidades almejadas pelo curso.

Bom estudo!

As autoras.

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Sumário

1 O gênero Redação Oficial

1.1 Regimento 1.2 Organograma

2 A linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais 2.1 Características da Redação Oficial 2.2 A padronização no tratamento 2.3 Atos administrativos de Correspondência oficial

3 Analisando alguns gêneros oficiais

3.1 Ofício, Memorando, Aviso 3.2 Carta 3.3 Declaração, Atestado, Certificado 3.4 Requerimento 3.5 E-mail (correio eletrônico)

4 Lidando com o Novo Acordo Ortográfico (Parte 2)

Referências

ANEXO A – REGIMENTO DO MINISTÉRIO DA LINGUAGEM ANEXO B – ORGANOGRAMA DO MINISTÉRIO DA LINGUAGEM ANEXO C – FORMAS DE TRATAMENTO ANEXO D – OUTROS EXEMPLOS

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Segunda-feira, 8 de julho. Para muitos, na capital do país, seria apenas mais uma manhã de inverno; entretanto, para Valéria era uma manhã especial, pois era o dia de sua posse no Ministério da Linguagem. A ansiedade que sentiu antes de sua ida ao Ministério fez com que se arrumasse com bastante antecedência. Vestida com um terninho verde-água e um discreto brinco de pérolas, Valéria dirigiu-se ao seu futuro local de trabalho, acompanhada de Carlos, que, depois de elogiar seu bom gosto, ressaltando seu cuidado com a etiqueta ao se vestir para o trabalho, desejou-lhe boa sorte e sucesso.

Com elegância e um pouco de tremor nas mãos, Valéria desceu do

carro, deu um beijo carinhoso em seu companheiro de todas as horas e se dirigiu ao belo jardim do Ministério. Ela nunca se cansava de admirar a beleza daquele jardim, que, no meio da aridez do planalto, conseguia permanecer tão verde no inverno. Após respirar fundo e sentir a paz que aquele jardim lhe proporcionava, dirigiu-se à recepção do Ministério onde se apresentou, aguardando ser chamada para o ato solene que oficializaria suas atividades naquele órgão, como Coordenadora da Consultoria de Linguagem.

1 O gênero Redação Oficial Como vimos anteriormente, Valéria deu os primeiros passos para

ocupar um cargo no Ministério da Linguagem, mas, antes de se apresentar para a posse, ela procurou ler o regimento interno do Órgão e conhecer o seu organograma. Essa leitura é extremamente importante porque é neste documento que estão previstas as ações possíveis de serem desenvolvidas em uma instituição, seja ela pública ou privada. Como o próprio nome diz, é o texto que rege, que regula as ações de todos os setores da instituição. Valéria já havia estudado o Regimento, porque fazia parte do conteúdo das provas do concurso. Mas agora ela fez uma leitura diferente... Seu objetivo

Dica da norma padrão

Onde se hospedar (ou onde hospedar-

se) em Brasília? Há alguns tipos de

palavras que atraem o pronome para antes do verbo

(próclise). "Onde" pode funcionar como

advérbio ou como pronome relativo.

Nas duas situações, motiva a próclise.

Ex.: Saiba onde se hospedar com

conforto em Brasília.

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foi conhecer melhor o lugar onde irá trabalhar, sabendo de suas atribuições e como o seu setor de trabalho está organizado, a fim de desempenhar com competência a função para a qual foi designada. EXEMPLO DE REGIMENTO INTERNO1

1 Exemplo criado com finalidade didática. Semelhanças com documentos reais são apenas

coincidências.

Conheça também um pouco mais do Regimento do Ministério da Linguagem no ANEXO A.

Leia agora apenas a primeira página desse Regimento!

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Veja que Valéria se preocupou em conhecer a estrutura do órgão

onde tomou posse, a fim de desenvolver um trabalho eficiente e organizado. Ciente de suas atribuições e conhecendo a organização e competência dos demais setores da casa, ela pode traçar um plano de trabalho coerente.

1.1 Regimento

É um ato oficial normativo que “regula o funcionamento de um

órgão e indica sua competência e atribuições”, apresentando como devem ocorrer as formas de ação e normas de condutas internas, quais as condições para o exercício de determinados cargos ou funções e suas atribuições. É um regulamento interno, que é comumente estabelecido nos mais diversos órgãos públicos. Exemplos: Regimento Interno do STF e Regimento Interno do TRF (MEDEIROS, 2006, p. 305). Normalmente, possui a seguinte estrutura:

Título: REGIMENTO...

Texto: o formato obedece ao padrão de escrita de leis e decretos.

Data e local

Assinatura e dados do signatário

1.2 Organograma

Segundo o Novo Dicionário Eletrônico Aurélio, ORGANOGRAMA é a

“representação gráfica de uma organização ou de um serviço, e que indica os arranjos e as inter-relações de suas unidades constitutivas, o limite das atribuições de cada uma delas etc.”. O Dicionário Houaiss define-o como “gráfico da estrutura hierárquica de uma organização social complexa, que

Imagine que você também é um servidor do Ministério. Leia com atenção o seu regimento e organograma, e fique sabendo o que são esses documentos.

Leia as páginas 79 a 81do Manual de Redação da Presidência da República para saber mais sobre a organização do regimento.

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representa simultaneamente os diferentes elementos do grupo e as suas ligações”.

É um gênero muito utilizado em muitas instituições. No serviço

público, por meio de um gráfico, rapidamente, pode-se ter um panorama da organização interna de um órgão. Essa organização está descrita em detalhes no Regimento do órgão público. O ORGANOGRAMA, por ser um texto construído a partir do desenho e da escrita (multissemiótico), possibilita a compreensão dessa estrutura organizacional de maneira lúdica, rápida e objetiva, servindo como uma síntese de partes do Regimento. Normalmente, os modernos programas editores de textos oferecem recursos de construção de organogramas diferentes e criativos. O usuário precisa apenas escolher o modelo mais adequado à organização e digitar nos campos próprios os termos representativos da estrutura.

2 A linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais Como vocês perceberam, o Regimento é um texto norteador de várias

ações dentro do Ministério; assim, os demais textos deverão obedecer ao que está previsto nele.

A atribuição de funções deve ser regida pela hierarquia definida no

organograma. Dessa forma, os textos oficiais expedidos nesse órgão devem-se pautar por ele. Os pronomes de tratamento, o fechamento e até mesmo o conteúdo dos textos oficiais devem obedecer a essa hierarquia.

Valéria tomou posse na Consultoria de Linguagem e deverá liderar as

equipes de Coordenação de Normas Técnicas, Coordenação de Revisão de Textos e Coordenação de Expressão e Estilo. Portanto, uma de suas atribuições, como coordenadora, é articular as ações da Consultoria com as demais Secretarias do Ministério. Caberá a ela elaborar relatórios para análise e avaliação das atividades executadas pelo Ministério, bem como assessorar as ações propostas pelas demais secretarias e coordenadorias do Ministério, com vistas a assegurar a consecução de um trabalho unificado e em sintonia com as diretrizes gerais da política ministerial; além disso, deve promover a integração, a veiculação de informações de interesse do Ministério, utilizando uma linguagem clara, precisa e coerente.

Como coordenadora da Consultoria de Linguagem, Valéria deve orientar

sua equipe a empregar com precisão a Redação Oficial, pois essa é a maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.

Veja, no ANEXO B, o ORGANOGRAMA do ML!

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Além de se inteirar do organograma e do regimento interno do

Ministério da Linguagem, outra preocupação de Valéria foi ler o Decreto n. 4.176, de 28 de março de 2002, que possui a seguinte ementa: “Estabelece normas e diretrizes para a elaboração, a redação, a alteração, a consolidação e o encaminhamento ao Presidente da República de projetos de atos normativos de competência dos órgãos do Poder Executivo Federal, e dá outras providências”.

2.1 Características da Redação Oficial

De acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, de 2002, a Redação Oficial é a forma de expressão escrita utilizada em atos normativos e comunicações oficiais pelo Poder Público. Por causa dessa natureza oficial e pública, a linguagem na Redação Oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade, conforme dispõe o artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988:

A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...](BRASIL, 2004).

O conteúdo comunicado pelos órgãos públicos ─ concretizado pelo

servidor público ─ precisa ser inteligível a todo e qualquer destinatário letrado em Língua Portuguesa, por isso a necessidade de uso de linguagem correta gramaticalmente, clara, com ideias precisas e pertinentes ao objetivo do texto.

É preciso observar que nesse tipo de comunicação há sempre um

único emissor, que é o Serviço Público, mas o receptor dessas comunicações pode ser o próprio Serviço Público, quando forem expedientes dirigidos por um órgão a outro, ou o público em geral, formado pelo conjunto dos cidadãos ou instituições. Tanto um quanto o

Saiba mais Ementa é o resumo do tema central ou da finalidade principal da lei. Deve possibilitar ao leitor o conhecimento imediato da matéria legislada. Situa-se logo após a Epígrafe, que é composta pela denominação do ato, numeração e data.

Importante! Leia a seção II e III, do Capítulo II (DA ELABORAÇÃO, DA ARTICULAÇÃO, DA REDAÇÃO E DA ALTERAÇÃO DOS ATOS NORMATIVOS), do

Decreto n. 4.176, de 28 de março de 2002.

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outro devem ser tratados de forma homogênea. Nesse sentido, fica claro também que as comunicações oficiais são necessariamente uniformes.

Visto que a finalidade básica da Redação Oficial é comunicar com

impessoalidade e máxima clareza, não se pode tratar a sua linguagem com a mesma criatividade de outros gêneros textuais, como os que circulam socialmente, conforme apresentado no Módulo I.

Concisão e Clareza

O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá ser obrigado a oferecer

atendimento integral para prevenir e tratar a obesidade, conforme projeto de lei dispondo sobre essa exigência, apresentado nesta semana à Mesa da Câmara, que decidiu encaminhá-lo imediatamente às comissões técnicas para exame em caráter urgência da matéria, já que ela foi considerada de relevante interesse social.

O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá ser obrigado a oferecer atendimento integral para prevenção e tratamento de obesidade. A exigência está prevista em projeto de lei apresentado nesta semana à Mesa, que o encaminhou imediatamente às comissões técnicas para exame em caráter de urgência, dado o relevante interesse social da matéria.

O que você achou desse texto? Está bem escrito?

Realmente, não está! Ele não é um bom exemplo de texto conciso e claro. O parágrafo é constituído de uma frase apenas, que está muito longa e com várias orações subordinadas. O ideal é produzir parágrafos mais curtos com poucas orações subordinadas e coordenadas. Veja o texto reconstruído:

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Veja como a nova organização torna o parágrafo mais conciso e claro:

a) a expressão “prevenir e tratar a obesidade” é transformada em “prevenção e tratamento de obesidade”, reduzindo duas orações do parágrafo.

b) a oração subordinada “conforme projeto de lei dispondo sobre essa exigência” passa a ser a oração principal do novo período.

c) a locução verbal “decidiu encaminhá-lo” é reduzida para um verbo apenas: “encaminhou”.

d) a oração “já que ela [matéria] foi considerada de relevante interesse social” é reduzida para “dado o relevante interesse social da matéria”.

A concisão é uma qualidade essencial do texto oficial. É o texto que

transmite as informações procedentes com poucas palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, tempo necessário para revisar o texto depois de elaborado. É nessa releitura que, muitas vezes, percebem-se eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.

Organizar o texto hierarquizando as ideias fundamentais e ideias

secundárias é indispensável para que a mensagem seja expressa com clareza e concisão. Quando se percebe que algumas informações nada acrescentam ao que se pretende explicitar, é necessário eliminá-las no texto final. O bom revisor avalia se o produto final será facilmente compreendido pelo destinatário ou não. Nem sempre o que nos parece claro é assim entendido por terceiros. Muitas vezes, compartilhamos com o leitor um conhecimento específico sobre assuntos adquiridos pela experiência profissional, mas nem sempre isso pode ser compartilhado com todos os nossos interlocutores: é possível que a maioria das pessoas não compreenda o assunto tratado. Nesses casos, então, é necessário desenvolver uma dissertação com mais argumentos, com mais definições e um certo didatismo, a fim de que o leitor construa a base cognitiva necessária para compreender o conteúdo veiculado no texto.

Importante:

Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dispensados.

A revisão atenta exige tempo. A pressa quase sempre compromete a clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão.

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A Impessoalidade A uniformidade advém do fato de haver um só enunciador – o

Serviço Público (Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção) – que trata o destinatário da comunicação sempre de forma homogênea e impessoal, quer se trate de um cidadão brasileiro ou de um órgão público. Por isso, o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão emissor; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União. A impessoalidade é a característica básica desse gênero.

Por causa dessa impessoalidade, o servidor público não representa,

nos comunicados que escreve, a sua própria pessoa. Ele representa o Serviço Público sob a perspectiva de uma determinada função, tratando de assunto de interesse do órgão. Dessa forma, não deve haver marcas de pessoalidade, de subjetivismos na comunicação.

Assim, o tratamento impessoal nos textos oficiais decorre de alguns

cuidados:

ausência de impressões individuais de quem comunica: o assinante da redação (signatário), seja ele quem for, sempre estará assinando a comunicação em nome do Serviço Público;

impessoalidade do receptor da comunicação, que é sempre tratado de forma homogênea e impessoal. Esse destinatário pode ser um cidadão, concebido como público ou um outro órgão público;

tratamento impessoal do assunto: se o tema das comunicações oficiais restringe-se a questões que dizem respeito ao interesse público, o tom particular ou pessoal não caberá nestes textos;

A Redação Oficial deve ser isenta da interferência da individualidade de quem a elabora.

Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios fundamentais de

toda administração pública, essas características devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunicações oficiais. Em vista disso, tem-se também a necessidade de se empregar determinado nível de linguagem nos atos e expedientes oficiais

Não existe mais o trema em língua portuguesa, a

não ser em casos de nomes estrangeiros e seus derivados, ex.: Müller, mülleriano.

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De acordo com o uso que se faça tanto da língua escrita como da falada, ela compreende diferentes níveis. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos empregar determinado padrão de linguagem que reúna expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, é natural que se empregue um vocabulário técnico correspondente. O enunciador de um texto sempre deve escolher a variação linguística mais adequada à situação em que fala ou escreve, ou seja, ao contexto. E o leitor competente percebe essa adequação.

Nos textos oficiais, por seu caráter impessoal, por sua finalidade de

informar com o máximo de clareza e concisão, exige-se o uso do padrão culto da língua. Há, portanto, de se observar as regras da gramática formal e o emprego de um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma.

Porém, a necessidade de uso da norma culta na Redação Oficial não

significa preciosismo na linguagem, o que, aliás, é um defeito no texto. Como enfatiza o Manual de Redação da Presidência da República, o padrão culto situa-se “acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo que todos os cidadãos possam compreender a mensagem”.

Formalidade e Padronização As comunicações oficiais devem obedecer a certas regras de forma:

além das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imprescindível, ainda, certa formalidade de tratamento.

Essa formalidade diz respeito não apenas a certas regras de formas,

como o uso adequado e necessário dos pronomes de tratamento, mas também à polidez e à cordialidade, que são obrigatoriamente características da Administração Pública na exposição do assunto comunicado. Isso não quer dizer que o servidor tenha de escrever com rebuscamento e frieza; pelo contrário, deve haver simplicidade de

Importante:

Não existe propriamente um “padrão oficial de linguagem”, mas o uso do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada. A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, e deve-se evitar o seu uso excessivo.

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expressão utilizando-se o nível culto da língua e, de forma comedida, termos técnicos.

Também é importante observar a clareza da digitação, o uso de

papéis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação do texto, condições indispensáveis para a padronização.

A padronização, portanto, faz-se necessária a fim de garantir a boa recepção dos textos produzidos nacionalmente nos mais diversos âmbitos e localização geográfica dos órgãos públicos emissores. O Manual de Redação da Presidência da República é o veículo oficial que apresenta integralmente as decisões do poder executivo no sentido de uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comunicações oficiais.

Muitos manuais de redação utilizados em órgãos públicos respaldam-se no Manual de Redação da Presidência da República, principalmente no que tange à parte da legislação nacional, porém nem por isso há uma completa coincidência de padronização em todos os aspectos textuais. Na verdade, uma vez atendidas as principais imposições legais, os órgãos públicos usufruem de autonomia na composição de certas normas para redigir seus atos e expedientes oficiais. Existem, portanto, quando comparados documentos de diversos órgãos, algumas diferenças de diagramação ou de estrutura nos seus expedientes.

Valéria, depois de ler o Regimento, conhecer o Organograma do órgão para o qual trabalhará e ciente das características que devem conter

Importante:

Os atos oficiais possuem caráter normativo, estabelecendo regras para a conduta dos cidadãos ou regulando o funcionamento dos órgãos públicos; já os expedientes oficiais são os textos oficiais de natureza informativa.

Sobre essa caracterização, leia as páginas 4 a 7 do Manual de Redação da Presidência da República.

ATENÇÃO! É necessário que o escritor atente-se para a padronização específica do órgão no qual trabalha. Mais adiante, quando apresentarmos as características específicas de algumas comunicações oficiais, entenda-se, portanto, que o modelo apresentado constitui-se uma possibilidade textual, que deve ser utilizada apenas se não houver um manual de redação específico do órgão emissor que você representa.

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os documentos expedidos por esse órgão, procurou saber se na instituição havia um modelo próprio de documentos. Como não havia, adotou o Manual de Redação da Presidência da República e sabendo que este manual não apresentava todos os modelos dos quais necessitaria em sua atividade, optou por também utilizar o padrão adotado no Manual de Redação da Câmara dos Deputados, principalmente para consulta de certos atos e expedientes oficiais que não constavam do Manual da Presidência. Assim, solicitou à sua secretária que redigisse a minuta de um memorando, por meio do qual seria comunicado a todas as secretarias da Casa que este seria o padrão a ser adotado a partir de sua investidura no cargo de consultora.

EXEMPLO DE MINUTA DE MEMORANDO

Vejam a minuta de memorando que a secretária da Valéria escreveu:

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Ao ler a minuta, Valéria verificou que havia muitos problemas no texto. Sentou-se ao lado de sua secretária e, pacientemente, releu a minuta em voz alta, explicando e anotando no próprio texto o que precisaria ser corrigido.

Vejamos quais foram os principais apontamentos de erro que

Valéria fez a sua secretária:

DESCRIÇÃO DOS ERROS: (1) Local e data devem ficar à margem direita e por extenso. (2) O assunto está pouco informativo. (3) Não se coloca vocativo em memorando. Mas, se fosse o caso,

“excelentíssimos” não seria um pronome adequado para chefe de secretaria.

(4) Falta de objetividade: essa expressão “Venho por meio deste” é desnecessária. Sem ela, o texto fica mais conciso.

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(5) Termo desnecessário. Comunicar é função básica dos atos e expedientes.

(6) Termo desnecessário. O destinatário já sabe que todos que lerem o memorando serão comunicados.

(7) Erro de ortografia. (8) Erro de coesão: deve-se utilizar o pronome “neste”, porque o

emissor está se referindo ao próprio Ministério. (9) Deve-se escrever essa palavra com letra maiúscula por ser a

redução de Ministério da Linguagem. (10) Expressão longa e repetitiva. Deve-se reduzi-la e/ou torná-la

mais informativa. (11) Espaços diferentes nos parágrafos. Deve-se uniformizá-los. (12) Falha na revisão: dois pontos-finais. Deletar um deles. (13) Os nomes dos manuais estão escritos erradamente. Falta o

termo “de redação”. Além disso, não é necessário ler todo o manual: apenas as partes úteis ao Ministério da Linguagem.

(14) Falha na revisão. Deletar um ponto-final. Corrigir problema de coesão: utilizar o pronome “esses” e não “estes”, pois já foram mencionados no parágrafo anterior.

(15) Falha na concisão: “serão” é melhor que “vão ser”. (16) Frase confusa, obscura. Deve-se torná-la mais clara. Digno deve

ser todo e qualquer órgão público: retirar essa expressão! (17) Falha na revisão: números e pontos desnecessários. (18) Fecho inadequado: os destinatários não são superiores de

Valéria. Retirar o itálico. Centralizá-lo. (19) Não há necessidade de colocar a linha para assinatura. (20) Falta mencionar o cargo de Valéria para identificá-la

adequadamente. Centralizá-lo. Após essa minuciosa orientação, sua secretária dirigiu-se ao

computador novamente, modificou-o e desta vez conseguiu a aprovação de Valéria.

Veja como ficou a versão final do memorando:

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2.2 A padronização no tratamento

Há certos aspectos da padronização que devem ser obrigatoriamente seguidos por toda a Administração Pública. Vejamos alguns deles, que são comuns à maioria das modalidades de comunicação oficial.

a) Emprego adequado dos pronomes de tratamento de acordo com o

destinatário. Para tanto, é necessário atentar-se à disposição elencada na tabela apresentada a seguir, que faz parte do Manual de Redação da Câmara dos Deputados. Esse manual reproduziu tais instruções do Manual de Redação da Presidência da República, porém complementou apresentando a forma de abreviação, vocativo e endereçamento de todos os destinatários, além de dispô-los em tabela, facilitando a consulta.

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FORMAS DE TRATAMENTO

b) O Manual de Redação da Câmara dos Deputados optou por padronizar as abreviaturas das formas de tratamento sem o sobrescrito, uma vez que nem todos os processadores de texto oferecem facilidade em formatar fontes sobrescritas em corpo menor com ponto ou barra embaixo. Dessa forma, escreve-se, por exemplo, “V. Exa. Revma.” para abreviar a forma “Vossa Excelência Reverendíssima”, e não “V. Exa Revma”. O Manual de Redação da

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Presidência da República não aborda essa questão, apresentando os pronomes por extenso. Já o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), apresenta esse pronome reduzido para “V.Ex.a Rev.ma”. Verifique, portanto, qual sistema de redução foi adotado pela sua chefia.

c) Doutor não é considerado forma de tratamento e sim título

acadêmico. Nesse caso, deve-se utilizar o tratamento Senhor.

d) Dispensa-se a utilização do superlativo “ilustríssimo”. Nesse caso, deve-se utilizar apenas o tratamento Senhor.

e) Ministros de Estado, além dos titulares dos Ministérios, são o Chefe da Casa Civil da Presidência da República, o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Advogado-Geral da União e o Chefe da Corregedoria-Geral da União (Decreto n. 4.118, de 7 de fevereiro de 2002).

2.3 Atos administrativos de Correspondência Oficial

João Luiz Ney, no Prontuário de Redação Oficial, informa que os atos

administrativos são aqueles emanados tanto pelo Poder Executivo como pelo Legislativo e Judiciário. Atos administrativos são “atos de manifestação da vontade individual do Estado, praticados pelo Poder Público, em conformidade com a lei, e com o fim de produzir efeitos de direito, ou impor obrigações” (NEY, 1976). Para ele, os atos administrativos oficiais são expressos e formalizados por meio de seis categorias. Aproveitando tal classificação, veja a tabela com o enquadramento de alguns documentos. Evidentemente, ela não consegue contemplar todos os gêneros textuais possíveis de serem produzidos no serviço público, mas esta didática separação tipológica nos ajuda a enquadrar gêneros mais atuais ou até mesmo abrir novas categorias para enquadrá-los.

ATOS ADMINISTRATIVOS CONCEITOS Alguns tipos de DOCUMENTOS

ATOS DELIBERATIVO-NORMATIVOS

São regras ou normas imperativas expedidas por autoridade administrativa ou deliberações do Congresso Nacional ou outro colegiado.

Lei, Decreto-Lei, Estatuto, Decreto, Regulamento, Resolução, Portaria, Ordem de serviço, Instrução Normativa, Ato-Declaratório, Regimento, Termo de referência.

ATOS DE CORRESPONDÊNCIA

Possuem destinatários declarados, podendo ser correspondência individual ou pública.

Alvará, Aviso, Carta, Circular, Edital, Exposição de motivos, Intimação, Manifesto, Memorando, Mensagem, Nota-Ministerial, Notificação, Ofício,

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Ofício Circular, Relatório, Telegrama, Correio eletrônico, Fax, Nota técnica.

ATOS ENUNCIATIVO-ESCLARECEDORES

São documentos esclarecedores ou opinativos sobre um processo em análise.

Informações, Parecer, Voto.

ATOS DE ASSENTAMENTO

Registram fatos ou ocorrências. Apostila, Ata, Auto de infração, Termo.

ATOS COMPROVATIVO-DECLARATÓRIOS

São declarações, com finalidade comprobatória, embasadas em assentamentos, registros, processos ou conhecimento de quem assina o ato.

Certidão, Certificado, Atestado, Cópia Declaração.

ATOS DE PACTO OU AJUSTE (bilaterais)

Documentos que expressam acordo mútuo entre a União e outra parte.

Tratado, Convênio, Contrato.

ATOS DE PETIÇÃO Documentos que solicitam algo a alguma autoridade pública.

Requerimento.

Como dito anteriormente, muitos tipos de comunicação oficial

podem não ter sido elencados nessa tabela. E alguns dos que estão elencados não serão objeto de análise em nosso curso, pois nosso foco estará em tipos mais usuais e presentes no dia a dia do servidor.

Começando agora e finalizando no módulo 3, vocês analisarão as

características específicas de alguns tipos de expediente, atentando sempre para o uso da linguagem e para a estrutura apresentada. Como já mencionamos, os modelos de textos apresentados nos módulos podem variar em sua estrutura dependendo de decisões internas do órgão público usuário.

Nosso objetivo, portanto, é discutir, pelo menos, um modelo de

apresentação em sua estrutura e, principalmente, em sua forma de construção linguística.

Valéria, logo que assumiu suas atividades na Consultoria de Linguagem, encontrou o desafio de organizar um importante evento, o I Congresso Internacional de Linguagens (I CIL). Sua primeira providência como consultora foi solicitar o apoio dos deputados federais ligados à Comissão de Educação e Cultura (CEC), da Câmara dos Deputados. Para tal, ela enviou um ofício circular aos membros da CEC. A seguir, apresentamos o ofício enviado por Valéria à Presidenta da CEC, Deputada Maria do Rosário.

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Valéria tomou o cuidado de contatar a Presidenta da Comissão de

Educação e Cultura da Câmara dos Deputados para representar essa Casa na cerimônia oficial de abertura do evento, e também enviou ofício circular a todos os membros do Congresso Nacional.

Observe a diferença entre ofício e ofício circular, analisando a cópia

enviada por mala direta aos deputados e senadores, e comparando-o com o ofício anterior.

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Valéria enviou a todos os membros do Congresso um ofício circular. O ofício e ofício circular constituem modalidades de correspondência oficial praticamente idênticas. Exatamente por serem documentos da correspondência oficial, só podem ser expedidos por órgão público, em objeto de serviço. Seu destinatário, no entanto, além de outro órgão público, pode ser um particular.

Observe que a diferença entre ofício e ofício circular está no fato

de que o primeiro é enviado somente para um órgão e o segundo é enviado para diversos órgãos ao mesmo tempo, apesar de ambos terem o mesmo conteúdo. No caso específico desse ofício, Valéria suprimiu o último parágrafo, por se tratar de assunto direcionado apenas à representante oficial da CEC.

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3 ANALISANDO ALGUNS GÊNEROS OFICIAIS

3.1 Ofício, Memorando, Aviso Compare esses três exemplos de gêneros oficiais, apresentados

no Manual de Redação da Presidência da República, focalizando a estrutura de cada um deles. Perceba como ocorreu a ordem dos elementos que o constituem.

EXEMPLO DE OFÍCIO

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Fonte: Manual de Redação da Presidência da República (2002).

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EXEMPLO DE MEMORANDO

Fonte: Manual de Redação da Presidência da República (2002).

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EXEMPLO DE AVISO

Fonte: Manual de Redação da Presidência da República (2002).

Como vocês perceberam, esses três gêneros são todos atos de

correspondência e são muito semelhantes: possuem a mesma estrutura de composição, a mesma forma. Na verdade, diferenciam-se, basicamente, pela finalidade com a qual são escritos. Dependendo de quem é o emissor, para quem escreve (destinatário) e o que se quer comunicar (conteúdo), o gênero será diferente.

Essas semelhanças devem-se à padronização imposta pela

Instrução Normativa n. 4, de 6 de março de 1992. A essa padronização

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denominou-se Padrão Ofício, que se refere aos três gêneros: ofício, memorando, aviso. A estrutura recomendada para essas três comunicações é a seguinte:

N. ELEMENTO EXEMPLO

1 Informações do remetente: nome do órgão ou setor; endereço postal; telefone e endereço de correio eletrônico. Essas informações podem vir no cabeçalho ou rodapé (para ofício apenas).

[Ministério]

[Secretaria/Departamento/Setor/Entidade]

[Endereço para correspondência].

[Telefone e Endereço de Correio Eletrônico]

2 Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede.

Of. 123/2002-MME

Mem. 123/2002-MF

Aviso 123/2002-SG

3 Local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita.

Brasília, 15 de março de 1991.

4 Assunto: resumo do teor do documento. É antecedido pela palavra Assunto.

Assunto: Produtividade do órgão em 2002.

Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.

5 Destinatário: o nome, o cargo da pessoa e o endereço a quem é dirigida a comunicação. No caso de memorando, o destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.

A Sua Excelência o Senhor

Deputado [Nome]

Câmara dos Deputados

70.160-900 – Brasília – DF

Em memorando:

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos

6 Vocativo (para ofício e aviso): invocação do destinatário, seguido por vírgula.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Senhora Ministra,

Senhor Chefe de Gabinete,

7 Texto: os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.

Em caso de encaminhamento, o texto será bem objetivo na introdução, fazendo referência ao expediente que solicitou tal encaminhamento. Se não for mero encaminhamento, o texto deve ser escrito nos moldes de uma dissertação com introdução, desenvolvimento e

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conclusão. Recomenda-se numerar os parágrafos.

8 Fecho Atenciosamente,

Respeitosamente,

9 Assinatura do autor da comunicação.

(espaço para assinatura, sem linha)

10 Identificação (nome e cargo) do signatário.

Nome do assinante

Cargo do assinante

A Instrução Normativa n. 4, de 6 de março de 1992, também impôs

uma diagramação única para esses três, que, aliás, também se aplica à exposição de motivos e à mensagem. Veja a transcrição dessa exigência apresentada no Manual de Redação da Presidência da República (p.12-13):

Comparando-se as principais características desses três gêneros,

de acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, temos:

GÊNERO INTERLOCUTORES FINALIDADE

OFÍCIO É expedido para e pelas demais autoridades.

Tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e com particulares. Quando dirigida a vários destinatários, intitula-se Ofício Circular.

MEMORANDO É modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes.

Forma de comunicação eminentemente interna e rápida. Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adotados por determinado setor do serviço público. Quando dirigida a vários destinatários, intitula-se Memorando Circular.

AVISO É expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia.

Tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si.

A Instrução Normativa n. 4, de 6 de março de 1992, também impôs uma diagramação única para esses três, que, aliás, também se aplica à exposição de motivos e à mensagem. Veja a transcrição dessa exigência apresentada no Manual de Redação da Presidência da República (p.12-13):

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Embora o AVISO tenha essas características, verifica-se que no dia a dia é mais utilizado semelhantemente a COMUNICADO, EDITAL (gêneros que analisaremos no próximo módulo) e OFÍCIO. Dessa forma, acaba sendo utilizado na correspondência particular, oficial e empresarial. Nesse caso, pode ser uma comunicação direta ou indireta, dirigida a um ou vários destinatários, publicada na imprensa ou afixada em local público (MARTINS; ZILBERKNOP, 2007).

O Manual de Redação Oficial do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) apresenta o AVISO como expediente para “tornar público, externamente, assunto de seu interesse, podendo ou não solicitar a participação dos interessados”, afirmando ainda que por ser “multidirecional (dirigido a entidades diversas, não identificadas previamente), geralmente não traz destinatário, fecho ou expressões de cortesia” (TCDF, 2002, p. 34).

3.2 Carta

É emitida por particular ou autoridade e trata de assuntos particulares. Veja a estrutura da carta: Local e data

Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário, cargo e endereço.

Vocativo

Texto

Fecho

Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo.

Importante:

Embora o AVISO tenha essas características, verifica-se que no dia a dia é mais utilizado semelhantemente a COMUNICADO, EDITAL (gêneros que analisaremos no próximo módulo) e OFÍCIO. Dessa forma, acaba sendo utilizado na correspondência particular, oficial e empresarial. Nesse caso, pode ser uma comunicação direta ou indireta, dirigida a um ou vários destinatários, publicada na imprensa ou afixada em local público (MARTINS; ZILBERKNOP, 2007).

Observe um exemplo de carta (Manual de Redação da Câmara dos Deputados/2004):

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Fonte: Manual de Redação da Câmara dos Deputados (2004).

Valéria, por ser a Coordenadora da Consultoria de Linguagem,

recebe diariamente várias correspondências externas, procedentes de vários órgãos públicos, IES, ONGs e empresas privadas. Às vésperas da realização do I CIL, ela recebeu uma correspondência de uma Universidade do Rio Grande do Sul, solicitando informações sobre alojamento público para os estudantes inscritos no evento. Inteirou-se do assunto e solicitou a sua secretária que fizesse a minuta de uma carta em resposta à IES, explicando os procedimentos a serem tomados. Após ler o texto, Valéria precisou fazer algumas correções.

Veja a minuta da carta que Valéria leu e corrigiu:

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Veja agora a carta corrigida por Valéria:

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3.3 Declaração, Atestado, Certificado

Declaração e atestado constituem-se atos comprovativo-

declaratórios, por serem declarações, com finalidade comprobatória, embasadas em assentamentos, registros, processos ou conhecimento de quem assina o ato. Já o Requerimento é um ato de petição. Analisemos separadamente cada um deles. DECLARAÇÃO É uma informação prestada por autoridade ou particular, ou seja, é um documento em que se informa, sob responsabilidade, algo sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura da DECLARAÇÃO (Manual de Redação da Câmara dos Deputados/2004)

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Título: a palavra DECLARAÇÃO, centralizada.

Texto: exposição do fato ou situação declarada, com finalidade, nome do interessado em destaque (em maiúsculas) e sua relação com a Câmara nos casos mais formais.

Local e data

Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de autoridade, função ou cargo.

EXEMPLO DE DECLARAÇÃO

Fonte: Manual de Redação da Câmara dos Deputados (2004).

ATESTADO

É documento comprobatório de fato, situação ou obrigação.

Diferencia-se da certidão apenas pelo objeto de comprovação. Enquanto atestado se refere a fatos transitórios, a certidão – que possui a mesma

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natureza – prova fatos permanentes. Podem ser de diversos tipos: atestado de sanidade mental, atestado de bons antecedentes, atestado médico, atestado de residência etc.(MEDEIROS, 2006).

O Manual de atos e comunicações oficiais da UFF (2003) define

ATESTADO como “documento firmado por servidor em razão do cargo que ocupa, ou função que exerce, declarando um fato existente, mas que não consta em livros, papéis ou documentos em poder da Administração”.

Observe a estrutura do atestado:

Timbre do órgão ou da empresa que fornece o atestado.

Título: a palavra ATESTADO, centralizada, em letras maiúsculas.

Texto: exposição do fato ou situação declarada, com identificação do emissor, objetivo do documento, nome do interessado e dados de identificação, exposição do fato que se atesta.

Local e data

Assinatura: nome e cargo da autoridade que atesta.

EXEMPLO DE ATESTADO

Fonte: Manual de atos e comunicações oficiais da UFF (2003).

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CERTIFICADO

É documento em que uma autoridade afirma ou atesta um fato, declarando-se testemunha (MEDEIROS, 2006). Alguns exemplos são: certificado de conclusão de curso, certificado de garantia, certificado de qualidade. Veja a estrutura do certificado:

Timbre do órgão que fornece o certificado.

Título: CERTIFICADO DE..., centralizada, em letras maiúsculas.

Texto: descrição do fato ou situação certificada, com identificação do emissor e dados relevantes à situação.

Local e data

Assinatura: nome e cargo da autoridade que certifica.

EXEMPLO DE CERTIFICADO

3.4 Requerimento

É um ato de petição, “um instrumento por meio do qual o interessado requer a uma autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor” (BRASIL, 2004a, p. 300). Quando há mais de um requerente, com objetivo de solicitar, reivindicar ou manifestar algo, o

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documento utilizado será um abaixo-assinado, com semelhante estrutura, porém devendo identificar as assinaturas.

Veja a estrutura do requerimento:

Vocativo; cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da autoridade competente.

Texto; incluindo: a) Preâmbulo, contendo nome do requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei n. 10.741/2003), e domicílio (caso o requerente seja servidor, precedendo à qualificação civil deve ser colocado o número do registro funcional e a lotação). b) Exposição do pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do requerimento e os elementos probatórios de natureza fática.

Fecho: Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data

Assinatura: e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Observe um exemplo de requerimento:

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Fonte: Manual de Redação da Câmara dos Deputados (2004).

Valéria tem um excelente currículo na área administrativa e uma

sólida formação em Letras. Por conta desse conjunto de habilidades, foi designada para a Coordenação da Consultoria de Linguagem (CONLIN), um dos setores mais ativos do Ministério. Ela sabia que enfrentaria vários desafios e um deles seria comandar uma equipe bastante heterogênea: alguns dedicados e eficientes servidores, com currículo compatível com as suas funções, mas também outros servidores acomodados e desinteressados em se atualizar e investir na formação continuada, mesmo que oferecida pelo ML.

Um dos cuidados de Valéria foi estimular a capacitação

profissional entre sua equipe e para isso procura sempre mantê-los informados sobre cursos de formação, articulando junto à SRHC a agilidade do processo de progressão por capacitação.

Percebendo que uma de suas auxiliares mostrou-se bastante

interessada em fazer o Curso de oficinas de leitura e produção textual com ênfase em Redação Oficial, promovido pelo MEC, Valéria não só a estimulou, como também a orientou a apresentar requerimento a SRHC, solicitando a merecida progressão.

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Leia o Requerimento apresentado pela servidora:

Ao receber o processo da SRHC, Valéria fez a declaração como chefe

imediata da servidora, despachando-o conforme a praxe e redigiu um e-mail, solicitando que a mantivesse informada sobre o andamento do processo.

Veja o e-mail de Valéria endereçado à Diretora da SRHC:

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3.5 E-mail (correio eletrônico)

É um dos meios mais utilizados atualmente em comunicações informais e também em oficiais que não exijam confirmação de assinatura. Em se tratando de modalidade oficial, deve primar pela linguagem tanto quanto em qualquer outro gênero oficial. O campo “Assunto” e, se houver, o(s) arquivo(s) anexado(s) sempre deve(m) ser preenchido(s) com uma frase ou termo informativo e sintético, para facilitar a organização no seu armazenamento.

O e-mail (correio eletrônico), o fax e o telegrama são meios de

transmissão de mensagens, não podendo ser considerados documentos propriamente ditos. Para obterem esse valor documental, é necessário que haja certificação digital, que atestará a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei (BRASIL, 2004).

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4 LIDANDO COM O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO (Parte 2)

Como vimos no Módulo 1, o casal Carlos e Valéria procurou elaborar um manual sobre as novas mudanças ortográficas com base na leitura de autores como Tufano, Houaiss, Medeiros e do próprio VOLP, reunindo as informações no intuito de ter sempre em mão um material de consulta para dúvidas mais urgentes. Chegamos agora à segunda parte do manual elaborado pelo casal, em que veremos o que foi modificado em relação ao uso do hífen.

Uso do hífen

Vimos anteriormente que a ortografia de uma língua consiste na padronização da forma gráfica de suas palavras para o fim de uma intercomunicação social universalista e, somente em casos excepcionais, são admitidas duas grafias para uma mesma palavra (HOUAISS, 2008). Nesse sentido, a exemplo do que ocorre com a acentuação gráfica, que é utilizada para marcar diferentes fonemas, ou mesmo diferenciar o significado de palavras de mesma grafia e som, o hífen mostra-se como um recurso da língua escrita para solucionar possíveis inconsistências ortográficas.

Carlos e Valéria optaram por registrar as situações que pedem o uso desse sinal gráfico, antes de se aterem às modificações das regras do hífen com o novo acordo:

USO DO HÍFEN

Na separação das sílabas de uma palavra O-fí-cio

Na maioria dos substantivos e adjetivos compostos

guarda-costas

Nas formas verbais ligadas a pronomes Amá-lo, viram-na

Na separação do dia, mês e ano, nas datas, além

do ano de nascimento e ano de morte

18-12-1957,

Camões (1524-1580)

Na união de certos prefixos a palavras super-homem; sem-terras

Agora, para demonstrar com mais clareza o que foi modificado, na organização de Carlos e Valéria segue um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecias pelo Acordo. Vamos a essas modificações.

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Para falar sobre o hífen, vamos iniciar pelas palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero-, agro-, além-, ante-, anti-, aquém-, arqui-, auto-, circum-, contra-, eletro-, entre-, ex-, extra-, geo-, hidro-, hiper-, infra-, inter-, intra-, macro-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pós-, pré-, pró-, pseudo, retro-, semi-, sobre-, sub-, super-, supra-, tele-, ultra-, vice- etc. Em um primeiro momento, a lista pode parecer extensa, mas existem formas de organizá-la em categorias. Vejamos como:

1. Mantém-se o hífen em palavras derivadas por prefixação quando o segundo elemento inicia por h. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Pré-história Pré-história

Super-homem Super-homem

Extra-humano Extra-humano

Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

2. Eliminação do hífen em vocábulos derivados por prefixação, cuja vogal final do prefixo é diferente da vogal inicial do segundo elemento. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Extra-escolar Extraescolar

Auto-escola Autoescola

Auto-estrada Autoestrada

Plurianual Plurianual

Co-editor Coeditor

Agroindustrial Agroindustrial

Semianalfabeto Semianalfabeto

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Exceção: o prefixo co- aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras. Exemplos:

Esse procedimento segue as recomendações da Nota explicativa do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa,(VOLP), conforme abaixo:

Excluir o prefixo co- do caso 1o, letra a, da Base XVI, por

merecer do Acordo exceção especial na observação da letra b da mesma Base XVI e por também poder ser incluído no caso 2

o, letra B, da Base II (coabitar, coabilidade, etc.). Assim, por

coerência, co-herdeiro passará a coerdeiro. (2009, l. II)

Ainda de acordo com orientações do VOLP, “devemos incluir, por coerência e em atenção à tradição ortográfica, os prefixos re-, pre- e pro- à excepcionalidade do prefixo co-, referida na observação da letra b do caso 1o da Base XVI: reaver, reeleição, preencher, proótico.”.

coobrigação, coedição, coeducar, cofundador, coabitação, coerdeiro, correu, corresponsável, cosseno.

Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.

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3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Contra-regra Contrarregra

Extra-regular Extrarregular

Co-seno Cosseno

Contra-senso Contrassenso

Saiba mais A “NOVA ORTOGRAFIA” dos textos digitais

Alguns estudiosos defendem que as regras de ortografia devem ser preservadas nos textos digitais; outros defendem a liberdade de expressão, por considerarem que as simplificações são ditadas pelos usuários.

A maioria, porém, concorda que a linguagem deve ser coerente com seu objetivo e com o estilo linguístico de seu criador. Assim, em um texto científico, deve-se usar uma linguagem formal; em um texto descontraído ou na internet, pode-se adotar uma linguagem coloquial.

Como a comunicação via internet vem aumentando cada vez mais, o número de expressões criadas para tornar a troca de informações mais rápida vem se multiplicando a cada dia e são essas expressões que devem ser utilizadas com parcimônia, pois o que é preciso ter em mente é qual o papel do gênero no contexto virtual, por exemplo, o e-mail tem várias possibilidades de comunicação que vão do formal ao informal. Em se tratando de redação oficial, muitas vezes, substitui gêneros como o aviso circular, o que pede o uso da linguagem formal, diferentemente do que ocorre com e-mails pessoais que trocamos entre amigos. Assim, deixemos de lado as abreviaturas comumente usadas nos textos digitais quando nosso propósito é escrever profissionalmente (DALEFI et al., 2008, p. 255, com adaptações).

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4. Manutenção do hífen em vocábulos derivados por prefixação, cujo prefixo terminar por vogal igual à vogal inicial do segundo elemento. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Antiinflacionário Anti-inflacionário

Antiintelectualismo Anti-intelectualismo

Microondas Micro-ondas

Pseudo-organizado Pseudo-organizado

Contraassinatura Contra-assinatura

Semiinternato Semi-internato

5. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Inter-racial Inter-racial

Inter-regional Inter-regional

Sub-bibliotecário Sub-bibliotecário

Sub-base Sub-base

Super-resistente Super-resistente

Como podemos ver, essa regra já era praticada antes do acordo, o que reforça o fato de que o novo acordo não trouxe tantas modificações para o português do Brasil.

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Atenção:

Nos demais casos, não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.

Com o prefixo sub-, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.

Com os prefixos circum- e pan-, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

6. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Interestudantil Interestudantil

Hiperativo Hiperativo

Superestrutura Superestrutura

Superexigente Superexigente

7. Usa-se sempre o hífen com os prefixos ex-, sem-, além-, aquém-, recém-, pós-, pré*-, pró*-. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Pós-graduação Pós-graduação

Ex-ministro

Ex-ministro

Pré-formular

Pré-formular

Pró-reitoria Pró-reitoria

Recém-empossado Recém-empossado

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8. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: -açu, -guaçu e -mirim. Exemplos:

Amoré-guaçu

Anajá-mirim

Capim-açu

Obs.: É importante frisar que esta regra contempla um número pequeno de palavras.

9. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

10. Manutenção do hífen em palavras compostas por justaposição cujos elementos constituem uma unidade semântica, mas mantêm uma tonicidade própria e em compostos que designam espécies botânicas e zoológicas.

Observação: esta regra, em alguns momentos, pode causar dúvidas por não explicitar os casos em que a mudança deve ou não ocorrer. Como sugestão de consulta, indicamos o VOLP, que contém o registro da Ortografia Oficial das palavras em Português.

Ano-luz

Arco-íris

Tio-avô

Amor-perfeito

Segunda-feira

As exceções sobre o uso do hífen com os prefixos pre- e pro-, anteriormente apresentadas, continuam válidas, pois se referem às formas átonas desses prefixos. O uso do hífen continua obrigatório para as formas tônicas pré- e pró- como descrito na última regra.

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Bem-te-vi

Cravo-da-índia

Atenção: eliminação do hífen em palavras compostas, cuja noção de composição, de certa forma, perdeu-se.

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Pára-quedas Paraquedas

Manda-chuva Mandachuva

Cabra-cega Cabracega

Toca-fitas Tocafitas

Roda-viva Rodaviva

Girassol Girassol

Madressilva Madressilva

11. Eliminação do hífen das palavras compostas com elemento de ligação, como: locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, salvo algumas exceções de uso consagrado pela tradição lexicográfica.

12.

Cão de guarda

Fim de semana

Pé de moleque

Sala de jantar

Cor de vinho

Cada um

Quem quer que seja

À parte

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Acerca de

A fim de que

Exceções de uso consagrado:

Água-de-colônia

Arco-da-velha

Cor-de-rosa

Mais-que-perfeito

Pé-de-meia

Ao deus-dará

À queima-roupa

13. Eliminação do hífen nas formas conjugadas do verbo haver seguido

da preposição de (Antes, apenas em Portugal era obrigatório esse uso)

Antes do acordo Depois do acordo

Hei-de Há-de

Hei de Há de

14. Para clareza gráfica, se, no final da linha, a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidirem com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos:

Na cidade, conta- -se que ele foi exonerado do cargo de coordenador. O coordenador recebeu os ex- -alunos.

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Saiba mais

Leitor X quer saber por que constroem não é acentuado, se existe aí ditongo aberto /ói/ Prezado leitor, é bom não esquecer que a norma de acentuação usa conceitos de ditongo, hiato etc. exclusivamente gráficos. Encontramos o ditongo ói (na escrita) em constrói, mas não em constroem. Um bom exemplo é Leo e léu – o segundo é acentuado por apresentar o ditongo aberto eu, enquanto o primeiro, nome próprio, não se enquadra na regra (embora ambos soem /léw/). Assim, o que vale aqui é o escrito, não o falado. (MORENO, 2003, p. Com adaptações)

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Referências

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global, 2009. BRASIL. Congresso. Câmara dos Deputados. Manual de redação. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004a. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais n. 1/92 a 44/2004 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão n. 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2004b. BRASIL. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. 2. ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. DALEFI, Roberto G. et al. Enciclopédia do Estudante: gramática e linguística: história, regras e usos da língua portuguesa. São Paulo: Moderna, 2008. DISTRITO FEDERAL (Brasil). Tribunal de Contas do Distrito Federal. Manual de Redação Oficial. Brasília: DIPLAN, 2003. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. Positivo Informática Ltda., 2004. [Edição eletrônica] HOUAISS, Antonio (Ed.). Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. [S.l.]: Editora Objetiva, 2001. 1 CD-ROM. Versão 1.0. HOUAISS, Antonio. Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Publifolha, 2008. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 2000.9 ______. Manual de Redação e Normalização Textual: técnicas de editoração e revisão. São Paulo: Atlas, 2002. ______. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MORENO, C. Guia Prático do Português Correto. São Paulo: Cortez, 2003.

51

NEY, João Luiz. Prontuário de Redação Oficial. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976. SILVA, M. O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: o que muda e o que não muda. Rio de Janeiro: Contexto, 2008. TUFANO, Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia. São Paulo: Melhoramentos, 2008. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Manual de atos e comunicações oficiais. Niterói: 2003.

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ANEXO A – REGIMENTO DO MINISTÉRIO DA LINGUAGEM

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ANEXO B – ORGANOGRAMA DO MINISTÉRIO DA LINGUAGEM