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na poesia e na fotografia
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NARRATIVAS DE TEMPO E ESPAO NA POESIA E NA FOTOGRAFIA
Clarissa Xavier Pereira
Orientador: Antnio
Vicente Seraphim
Pietroforte
Departamento de
Lingustica, FFLCH - USP
QUESTES DA PESQUISA
A semitica e o estudo dos textos sincrticos;
Manifestao Sequencial vs. Paralela:
O poema, enquanto texto verbal, estabelece um sistema no qual a linguagem
necessariamente temporal, pois o sentido se d pela sucesso de fonemas atravs do
tempo;
A fotografia apresenta um sistema visual, no-verbal e plstico, que se organiza em
sequncias espaciais e no mais temporais;
Deslocamento do espao-tempo no sincretismo.
CORPUS
O corpus da pesquisa consiste em trs livros nos quais o fenmeno sincrtico se estabelece
entre poemas e fotografias, so eles:
ET EU TU, com poemas de Arnaldo Antunes e fotos de Mrcia Xavier;
Calendrio Philips, de Dcio Pignatari;
Paranoia, com poemas de Roberto Piva e fotos de Duke Lee.
ET EU TU
Cosac & Naify - No final das contas, este no um livro de poemas do Arnaldo, nem um livro
de fotografias da Marcia...
Arnaldo - Nem poema, nem imagem, mas dilogos, parceria de dois cdigos.
Entrevista da editora com os autores do livro, em 01/07/2003.
vejo
de longe
longe
vejo
o que desejo desde
dentro
e entro
entro
dentro
do que vejo
O FAZER MISSIVO NO POEMA
No plano da expresso:
O poema mostra uma plasticidade simtrica quando dividido ao meio, gerando duas
partes nas quais em cada uma h trs versos com uma slaba potica e um verso com
duas slabas poticas. Ao fim da primeira parte h um verso maior com seis slabas
poticas, e ao fim da segunda h outro verso maior com trs slabas poticas;
Os versos menores geram uma pulsao curta, articulada por muitas paradas, o que
na anlise missiva representa o fazer remissivo.
Os versos maiores interrompem as sucessivas paradas, gerando, portanto, a parada
da parada, ou a continuao, representante do fazer emissivo.
O FAZER MISSIVO NO POEMA
No plano do contedo:
A primeira metade do poema afirma o fazer remissivo: vejo/de longe, pois o
enunciador no est em conjuno com o objeto de valor: o que desejo;
A segunda metade afirma o fazer emissivo: ementro/dentro/do que vejo pode-se
afirmar que o enunciador entra em conjuno com o objeto de valor, aquilo que na
primeira parte via e que desejava.
QUIASMO SINTTICO
vejo
de longe
longe
vejo
(...)
dentro
e entro
entro
dentro
(...)
verbo
advrbio
advrbio
verbo
(...)
advrbio
verbo
verbo
advrbio
(...)
QUIASMO SEMNTICO
longe
vejo
entro
dentro
O QUIASMO NO FAZER MISSIVO
Os quiasmos sintticos e semnticos presentes no poema so tambm pontos nos quais se cruzam o fazer missivo e o remissivo:
advrbio
verbo
verbo
advrbio
longe
vejo
entro
dentro
Fazer remissivo Fazer missivo
O FAZER MISSIVO NA FOTO
A foto possui um plano principal, da
praia, obstrudo pelo primeiro plano, no
qual esto as folhas secas. Onde as folhas
cobrem a praia o espao se fecha,
caracterstica representante do fazer
remissivo; e onde se v a praia o espao
se abre, afirmando o fazer emissivo. H,
portanto, duas categorias plsticas
relacionadas s folhas e praia que
articulam a missividade na foto:
foto
O FAZER MISSIVO NO SEMISSIMBOLISMO DA FOTO
Contorno: H um contraste no que se refere s linhas do primeiro e do segundo plano: no
plano desfocado, que encobre a praia e afirma o fazer remissivo, as linhas do contorno so
pouco definidas, do estilo pictrico; e no plano focado, onde o espao da praia se abre e
afirma-se o fazer emissivo, as linhas do contorno so bem definidas, do estilo linear
(Wlfflin).
A cor: H ainda um contraste de cores, o fazer emissivo da foto est caracterizado
predominantemente por cores frias, enquanto o fazer remissivo est caracterizado por cores
quentes.
PARCERIAS DE DOIS CDIGOS
Nos estudos semiticos acerca dos textos sincrticos necessrio voltar-se aos
mecanismos desenvolvidos de anlise para que os textos constitudos de mltiplos planos no
sejam reduzidos ao que cada plano diz em separado, posto que linguagem trata-se, sobretudo,
de articulao (Greimas e Courts, 2013: 289-291).
No texto analisado foram descritos os processos de continuao e parada do tempo
pelos quais passa o poema, e tambm os processos de abertura e fechamento do espao ntidos
na fotografia. Atravs da anlise missiva, no entanto, possvel tambm demonstrar como o
tempo e o espao se cruzam no texto, alinhados numa mesma pulsao. Ento, observamos o
percurso do tempo na fotografia: o fechamento do espao articula uma parada, e a abertura
articula a continuidade.
PARCERIAS DE DOIS CDIGOS
No poema certamente ocorre o mesmo processo: na primeira parte, quando o tempo est
no modo remissivo e o que o rege a parada o espao se fecha e o enunciador v de longe o
objeto de valor, sendo incapaz de entrar em conjuno com ele. Na segunda parte do poema,
quando sabemos que o tempo est no modo emissivo, o espao se abre e o enunciador ento
capaz de entrar dentro do que v, em outras palavras, entrar em conjuno com o objeto de
valor.
OBJETIVOS DA PESQUISA
Objetivo geral:
Desenvolver conhecimentos acerca da semitica francesa, adquiridos em campos
que se estabelecem para alm do verbal, principalmente no que concerne
fotografia, quando dispostos atravs do fenmeno sincrtico.
Objetivo especfico:
Verificar de que maneira linguagens de manifestao sequencial e linguagens de
manifestao paralela operam suas relaes de tempo e espao quando so
produzidas no mesmo enunciado.