Tempo e Espaço (23)

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    m e nt es : e a v id a d e a ca m pa m en todivide-soem dllaS partes: 0'') ,'~ . prim e~ penodo, d e a c am p a U ne n to s p e qu e no s~temporArios, e

    -0 ~ 0 p er lo do f in at , d e g ra nd e, ( )O n ce nl r~ iS es7. I C M : a i squ o slo'ioeup .~ todosos 11lQJ. . /. ~ .

    o S , A e sc as se z l 1 e"aumentos.um ~ ~ologia p ob re , e a f al ta) d I d e c om ~r cl o t or na m o smembros y. grupos loeals -pequenos

    c,) .....:.. d ir eW ll en te 1 nt er de pe nd en te s~ t n cl em a I ra ns fo rm l- lo s e m ..~j corpor~bes e C 1 J n l .\ m i e ll S eaiD eras unidades mll1enciais b:5 '. quais$I: viDcula umd ete nni na 0v li or p o Un e o:t \l qn es m as e on -~ " di~i!e5e0 lato de se lev er rnavi ila pastorU em circunst incias-6 advcrsas produzemu ma t er de pe nd !n cl a i nd lt et a e nt repessoas

    . que y{vcmem Areas to mslores e fo~a a llcell~lo, p er p ar tec ? . . delas. d, conven \ ~ ente e nq ua nl ? c on ju nt o d e r el a~ I) eS C li ~t ur al s' e nt re ~. .:; gmentos territorialllmajores do qu e as' comunidades das .. _~\j Iil~eIU, . .

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    N e s te e a pl tu l o . t c rn a m os a e x ar n ln a r n o ss a d es ci I~ loJ oi nt ef el iS t: do s N u er .p ol o s ad o e adescri~io de sua e co lo gi a, e.laremos urnr e la t a d e s u a e s tr u tu r a p o U Il ~ a. A s I i ll 1 ;l ta < ;h e se o : . .16gicIS e outrasinnueneiam s u as r e la ~ O eSs oc ia ls , m a so'valor'atribuldoa srela~Oe$'ecol6gic8s E19ualmentes ignif icat ivo para'Ii.compreensllodo s is te m a s oc ia l, q ue E u r ns istema dentrod o s is -tema eco16giCQ,p a rc i al m e nt e d e pe o de n tedeste e p ar cl al me nl e .existlndopor d lr el to p ri ll ,' ri o. E m 6 lt im a a n li ~e , a m a lo ri a -talVel: t od os - d os e on ce ll os d e e s p a~ oe ' t emppsI i i deitermln-lidosp el o a m bi en te f is te ~ , m a so S v a lo r es q u eeles e nc ar na m c on s-t it ue m a pe na s u ma d as m ul ta s p os sl ve ls r es po st as a . e~ te.a~.b ie nt e e d ep en de m t am M m d e p ri nc ip lo s e st ru tu ra ls , q ue p er-t en ce m a u ma e rd em d if er en te d erealidade, Neste' . li v ro n l oe sta me s d es cr ev en do a e os mo lo gl a D uc r m as s iii i6uas!II~tiluiool!l;r.P O U t iC I lS o u tr a s, e e s ta m o s, p o rt a nt o , l n te r es s ad c s p r in c ip a l-lrierite'n a i n fi u @ nc i a d a s r e la ~ lS e secol6gl

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    A

    tempo ecologico- e o s , < I u~do reflexes de suas rela~oes mUluasdentro da esl ru lu ra soc ia l - que chamarernos de tempo estru-tural. Ambos referern-se a sucessi5esde acontecimentos que pos-suem bastante interesse para que a comEnidade as note e rela-c lone , uns aos out ros, conceitualmente.ps period os malores detempo sAo quase que inteiramente est ru tura is , porque os aeon-tecimentos que relacionam do rnudancas no relacionamento degrupos sociais. Alem disso, ocal cu io do tempo baseado nasmudaneas da na tureza e na resposta dohomem a e la s llmlta-sea urn ciclo anual e, portanto, nAopode ser empregado para dife-r en ci ar p er io do s m a is l on go sdo que esta~iies do anol E , t am -bern, ambos possuem notaeses Ilmltadas I) fil(as. As mudaneasde estat;:iioI) da lua repetem-se, ana apos ano, de modo que urnNuer situadc em qualquer ponto do tempo possui urn conheci-mento conceltual daquito que \;lIt. a sua Ir en te e pode prediRr eorganizar sua vida deacordo comele, 0 futuro estrutural de urnhomem estfi, iguatmente, jll fixado e ordenado em diversosperiodos, de modo que a s mudaneas totals de status por quepassad, urn menino em sua ordenada passagem pelo sistemasocial - se viver basta nte te mpo - podem ser previstas. 0tempo estrutural parece ser intel ramente progressive para urnindividuo que paisa atraves do sistema social, mas. como vere-mos, sob certo sentldo, lsso6 uma Ilusio. 0 tempo eco16gico

    . p ar ec e ser, e e , eicHco.o ciclo ecol6gico e de urn ano, Seu ritmo distint ivo e 0

    movlrnento para a Irente e para tr(u; de aldeias para acampa-mentos, que const itui a resposta dada pelo Nuer l dicotomiacltmatlca dechuvase seea. 0 ano (roo,,) tern duas esta~Oesprln-cipais, tot e mai. Tot, de meados de rnarifo a meados de setern-bra, eorresponde grosseiramente ao aumento na curva de preci-pitat;:iiode ehuvas, embora nao abranja todo 0 perlodo de chu-vas. Pede haver chuvas forles em rins de setembro e comeco deoutubro, e a regil io ainda esta alagada nesses meses, que per-tencem, niloobstante, Ametade mai do ano, poisela comeea nodeclinar das ehuvas - nlio quando elas cessam -e-- e abrange,digamos, a depressio da curva, de meados de setembro a mea-dos de marco. As duas esta~~s, por conseguinte, apenas seaproximam de nossa divisiloem chuvas e estiagem, e a c1assifiC8\;iionuer resume de modo adequado a maneira de encarar 0mevimento do tempo, sendo 0 foco de aten~iio nos meses mar-ginais tllo significativoquanta as eondlebes climaticas concretes.Em meados de setembro, 0 Nuer pratieamente volta-se para avida de pesea e acampamentos de gado e sente que a residcncianas aldeias I) a horticultura situam-se num tempo passado_ OsNuer com~am a falar de acampamentos como se jli estes exis-t issem, e anseiam por com~ar a movimentarse . Essa inquie-ta~lIofica ainda mais marcada em fins da seca quando, obser vando os c~usencobertos, as pessoas voltamse para a vida nas

    T EM PO B E SPAC ;O 109

    a ldei as e faum os prepa ra ti ves para abandone r os acampa-mentes. Os meses marglnais podem, portanto, ser classiticados,_. e tot ou mal, jli que fazem parte de urn conjunto de atividades,mas ccnstituem presSlIgiosdooutro conjunlo, pois a conceito deestacees deriva mais das atividades socla isdo que das mudancasclimaticas que as deterrninam, e 0 ano consiste para os Nuernum periodo de residllncia na aldela (efeng) e em outre de resi-denclll no aeampamento (wee).

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    Ja observer as mudancas flsieas significativas a ss oc ia da s A schuvas .e a estiagem, e algumas delas foram apresentadas nast abel as da p . 63. Tambem descrev i, no capitulo preeedenteo movimento eeo16gicoque se segue II, essas rnudaneas flsica~quando ele ateta de algurna maneira a vida do homem. A svariaO;1Iesperi6dicas nas a tividades soc ia ls , nas quais se ba-seiam fundam.entalmenle os eonceitos nuer de tempo, tam-bem ja foram apontadas e reglstradas, sob seu aspecto econb-mico, com alguma extensae. Os aspectos prlncfpais desses trbpianos de rltmo - fisico, eeo\6gicoe s oc ia l - constam do dia-grama da p~gina segumte. -

    Os movimcntos dos corp os celestes alcm do Sol e d a L ua,a dire,.lo e variaeao dos ventose a migra~Aode algumas especiesde passaros slo observados pelos Nuer, porern estes nao regulam

    suas atividades em rela~iio aqueles, nem os .empregam comopontes de refer8ncia no c~lculo do tempo periedlco, Os aspectospelos quais as esta\;iles sllo delinidas com maior c1arC7.B. iloaqueles que controlam os movimentos das pessoas: Agua,vege-la\;10, movimenlos dos peixes, etc.; seudo as necessidades dogado e as varia,.iies no suprimento de alimentos que traduzemprindpalmente 0 ritmo ecologieopara 0 ritmo social do ano, e 0contrasle entre 0 mododevida noauge das chuvas e no auge daseca que fomece os p610sconceituals na contagem do tempo.

    Alem das duas estat;:6esprincipais, tot e m

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    TEMPO B ESPA!;O

    presas, f f t 1 . e mqueunadas e formam os primeiros acampamentos,e abrange de meados de setembro a meados de dezembro, Ec on ta do co mo p ar te d a me ta de rnai d o a no , e mb or a c on tr ast ecom 0 mai p ro pr la me nte d ito , q ue v ai d e m ea do s d e d ez em br o ameados de marco, quando sllo form ados os principais acam-p ame nl osj Em te rm os gerais. portanlo, btl duas esta~&:s prin-c lpals de seis meses e quatro esta~6es secundarlas de tr& meses,m as n ilo se d ev e e on si de rs r e ssa s d iv is (i es c om mu lt a r ig id ez j llq ue n 50 s Ao ta nto u ni da de s c xa ta s d e t em po , q ua nt o v ag a s c on -cettuaeoes de mudancas nas rel~Oes ecologtcas e nas atlvidadesso ci a is q ue p as sa m im per ce pti ve lm en te d e u rn e sta do a o ut ro .

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    112 O S N UE R

    unidades de contagem de tempo, mas Iazem as vezes de anion-to ad os de a ti vi da de s s oc ia ls c ara cte ri stlc as d o a uge d a s eea e d oauge das chuvas, pode-se ouvir urn nuer dizer que ete vai "lot"ou "mai" em determinado lugar.

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    ~ Parte do ano pauada nos acampamen10l

    o a no te rn d oz e rn es es , s eis d e cads estae lto princ ipal , e amaloria dos Nuer adultcs pede dizc-Ios em ordem. Na lista deme ses ab aix o, n ~o f oi p oss lve l re lac io na r c ad a n ome n ue r c omu rn no me p ort ug us s, p or qu e n oss o c ale nd fl ri o r oma no n ao t er nna da a v er co m o s me se s I un ar es . P od er- se -a v er , co ntu do , q uec ad a ms s nu er c 6a br an gi do n or ma lm en te p elo s d ais m es es n os .sos que foram rclacionados a ele na lista e teude, em. geral, acoincidir rnals com 0 prlmelro do que com 0 segundo.

    teer set.s-out. duong mar.s-abr,klr" (boor} out.e-nov. g\WIak abr.-rnaiokllr ncv.v-dez. dwat maio-jun.tiop [in] dit dez.-jan. kOTIJ),lIol jlln.-jul.( jop ( ill ) 10 1 jan.-fev. paiyrwu' {paiyene} jul.-ago.pel fev.v-mar, thoor agQ.-set.

    TE MPO E E SPA C;O 113

    Os N uer s e ve ria m l ogo e m d ll ic ul da dc s COlli seu C c:IJcn."d ar io l una r s e lossem con tar uni formemcnte a succssao de luas " ,mas hf t d et err nin ad as a ti vi da de s n sso ela da s a ca da me s, s cn do aassoc ia

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    114 O S N UE R

    perlodo de invisibilidade. Os 6nicos termos que sin e pl lc ad os ~sucessao noturna de fases lunares 510 os que descrevem sua apa-renda imediatamente antes II durante sua plenitude.

    o curse do Sol determina multos pontos de refer&ncia, euma maneira comurn de indlcar a cpoca dos aconteeimentos I!

    apontando para a parte doceu que !erAsido alcal1~ada p~IQ Solem seu curse, Hi tambem virias expressoes, que var iam emgrau de precisao, descrevendo as posi"lIes do Sol no ch, em -bora, pelo que pude constatar, as (micas que slo empregadasusualmente slio as que se referem aDS movimentos rnais nitlda-mente diferen"ados: 0 primeiro albor da madrugada, 0 nascerdo sol , o meio-dia e 0 por-do-sol. Talvez seja significativo queexista quase que 0 mesmo numero de pontos de refer&nciaentrequatro e selsboras da manbi , quantos hi para 0 resto do dia.lsso "ode ser causado principalmente pelos contrastes notAveiscausados pelas modifica~i5esnas relal;lIesda Terra com 0 Soldurante essas duas horas, mas pode-se notar tambem que ospontos de refer&nda entre elas sil.o usados mais 'Para dirigir asatividades ( ta lcomo comecar v iagens , acordar,. prender 0 gadono kraat, cacar gazelas, ete.), doque como pontes de referendadurante a maior par te do restante do dia, especlalmente nope riodo calmo ent re uma e t r& horas da tarde, Hi tambem

    virios termos para descrever 0 tempo noturno. Atl! urn pontomulto limitado, eles do determinados pelo curse das estrelas.Mals u ma v ez, e xis te aqui uma termlnologla mals rlca para 0perlodo de transicil.o entre dia e no it e do que para 0 resto danoite e pode-se sugerlr as mesmas razees para expllcar 0 fato.H a tambem expressoes para dislinguir 0 dia da noite, antes edepoisdo meio-dia, e a parte do dil lque ja passou da parte queesta por vir.

    Bxeetuando-se os termos mals comuns para divis(les dodia, eles SiDpouce empregados em comparaejo com expressoesque descrevem as atividades rotineiras diurnas. 0 re16giodiano6 0 gado, 0 c lrculo de t ar efas pastor is , e a bora dod la e a pas sagem do tempo durante 0 dia slIo para 0 Nuer, fundamental-mente. a sucessio dessas tarefas e sues f1l1a~!iesmutuas. Ospontes melbor demareados 510: levar 0 gado do e !t ibu lo ao

    {kraal. ordenhar, Ievar 0 rebanho adulto para 0 pasto, ordenhareabras e ovelhas,levar 0 rebanho de ovelhase os bezzerosaD

    pasto, Iimpar estAbuloi e kraals, t raze r pan . casa as o re lhas ebezerros, trazer de volta 0 rebanbo adulto, ordenhar as vacas Atarde e guarde r os anima ls nos estabulos, Em gera l, a s Nuerempregam essas atividades, mais do que pontos. concretos nomovimento do Sol atrav6s do c~u, para coordenar acontecimentos. Assim, urn bomem diz: "Eu voUarei para a ~rdenha't,"Partirei quando os bezerros estiverem de volta". etc.

    a claro que, emultima analise, a contagem de tempo teO-16gico6 totalmente dete"noinada pelo movimento dos COrpOI

    T EM PO E E SPAQ O

    celestes; mas apenas algumas de suas unidades e notacoes ba-seiam-se dlretamente nesses movimentos (por exemplo, meses,dil l, nol te e algumns partes dodla e da nolte), e presta-se aten-~llo e seleciona-se tals pontos somente porque SiD significativospara as ativldades socials. 510 as pr6prias atividades, notada-

    mente asde tipo econemlco, que constituem as bases do sistemae fornecem a maioria de suas unldades e nota.;Oes,e a passagemdo tempo e p er ce bld a n a rela~lo que uma atividade mantemcomas outras, Ii que as atividades dependem do movimentodos corpos celestes e que 0 movimento dos corpos celestes e slgnificativo somenle em rela~llo is atividades, multas vezes pede--5efaz!;rreferhcla a qualquer delesquando seindica a 6poca.deurn aconlecimento. Asslm, pode-se dizer "na esta~llo jiom" ou"no comeeo das chuvas", 0 "mS de dwat" () u "a voila As al-deias", "quando 0 sol esqucnta" ou "na ordenha", 0 $ m ov i-mentos dos corpos celestes permitem que os Nuer selecionempontes natu rais que Silo signilicativos em relacllo as ativldades,Dal, no uso Iingfiislico, as noites, ou melhor, os "sonos" , seremunidadcs de tempo definidas com maior clareza do que os dlas,ou "sels", porque sAo unidades indlferencadas de atlvldadesocial; II os meses , ou rnelhor, as "Iuas", embora sejam unldadesde tempo claramente diferenl;lIdas, sio pouco empregados como

    pontos de refere nda porque nio sio unidades de atlvldadeclaramente dlferencadas, enquanto que 0 dia, 0 ano e suas est a-COesprinclpaisSilounidades ocupacionais completes,

    Pode-se t irar certas conclusOes dessa qualidade que 0tempo tern para os Nuer. 0 tempo nao passu! 0 mesmo valor _-QIl.r.!I!)te.todc o ana. Assitii~nos acampamentcs da estlagem,e mb or a a starefas pastoris quotidianas se desenrolem na ruesmaordem do que nas chuvas, elas nilo ocorrem na mesrna hora,constituem uma retina mais preclsa devido a severidade dascon-di~s da e5tal ;1Io,especialmente no que diz respeito a igua epast6s e cxigem maior ccordenaeso e cooperacao. Por Dutrolado, a vida na est llci lo da sees transcorre em geral sem aeon-tecimentos marcantes, fora das tarefas rotineiras, e as relac(lesecol6gicas e soeiais SiDmais mon6tonas de mes II mSsdo quenas ehuvas, quando bi freqilentes festas, daneas.e ccrimdnias.Quando se considera 0 tempo enquanto relal ;~s entre atlvi-.dades, compreende-se que ele tenha uma conctaeao dilerentenas chuvas e na seca, Ni l s eea, a con tagem do tempo d ift rl o emais uniforme e preclsa, enquanto que a contagem lunar reeebemenos atenl;lIo,como 56 pode constatar pelo usa mals redu1.ldodo! nomes dos meses, pola menor confian",aem direr seus no'mes, e ~ 10 tra"o c ornum a toda a~_dgJ~~~. de tra lar dai smeses d estacilo da seea pelo mesmo nome .V,!op in d'-I e t jo p i ntot), ~ a ordem freqiienlemente 6 troeada,.. Q transcorrer dotempo pode variar de acordo com isso, ji que a percepr;io dotemp 6 fun~io dO$sistemas de contagem do mesmo, mas nio

    1 1 S

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    11 6 OS NUBR

    I

    podemos fazer qualquer afirma~i1o defhlitiY~ quanto a essaquestAo.

    Embora cu tcnha falado em tempo e unidades de tempo,as Nuer nio possuem uma expressso equivalen te .. ao " tempo" denossa lingua e, porlanto, naa podem, como n6s podemos, Ialar

    do tempo como S6 fosse alga de c:oncreto, que passa. pode setperdido. pede ser economizado, e assim por diante. Nio creioque eles [amais tenham a mesma sensacao de 1utar contra 0tempo ou de terem de coordenar as atividades com uma pas-sagem abstrala do tempo, porque seus pontos de referenda'siloprlncipalmente as pr6prias atividades, que, em geral, tern 0c: ara te r d e la ze r, O s a co nte ci me nt os s eg ue m u rn a o rd em 1 6gi ca ,ma s n io S il o c on tr oJa do s p or u rn s ist ema a bs tr ato , n llo h av en dop on to s d e r ef er en da a ut ~n om (J s a os q uai s a s a ti vld ad es d ev em s ec on fo rm ar c om p re cis ao , O s Nu er t ern s ort e.

    Eles tern tam bern melos multo llmitados de caleular ad ur aCio re ia ti va d e p eri od os d e t emp o in te rc or re nt es a os ae on -tecimentos, ja que tern poueas - e nlo bem definidas au slste-matizadas - unidades de tempo. Nito tendo horas au outrasu ni da de s p eq ue na s d e t em po , e les n ao p od em m ed ir o s p ert od osq ue tr an sc: or re m e ntr e po si ~O es d o S ol a u at iv ld ad es d Uma s. verdade que 0 a na e st ! d iv id ld c em d oz e u nld ad es l un a r es , ma sos Nuer nlio as contam como fra~Oes de uma uoidade. Pode serque eles possam afirmar em qual mes ocorreu urn aconteei-mento, mas e com grande dificuldade que ales calculam areln~l!o ent re acontec imentos em slmbolos numer icos abs tratos .Elcs pensam com muito maier facilidade em fun~io das ativi-dades e de sucessaes de atividades e em fun~llo da estruturasocial e das diferenees estruturals do que em unidades purasde tempo. .

    iP od emo s c on cl uir q ue 0 sistema nuer de contagem de ~

    t emp o d en tro d o ci clo an ua l e da s p ar te s d o c ici o c on sis te n umaser le de concepcees das mudancas naturals e q ue a s elC 4;l o d epontes de refer~ncia e d ete rmi na da p ela si gn lf ic a~ lo q ue es sa smudanc;,as naturals ternpara as a ti ll idades humanas .It ----.. - . .;~-

    Num certo sentldo, todo a tempo e estruturl!l, ja que euma Idea~lIo de a tividades colateral s, coordenadas au coopera-tivas: as movimentos de urn grupo. De outra forma, conceltos

    .desse tipo nllo po de ria m e xi sti r, p ai s ( ; p re cis e q ue t en ha m u rnslgn if icado semelhante para cada membra do grupo . A hora dao rd en ha e a. bora das refeicoos s ilo aproximadamcnte as mesmaspara todas as pessoas que normalrnente man ISm conla tos m6-

    . tuns, e 0 movimento de a ldeias para acampamentos possu i apro-xlmademente II mesma conotaeao em todas as partes do terri-

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    ll8 as NUER

    :, ,

    torid nuer, embora possa ter uma conola .. l0 e sp ec ia l pa ra u md ete rm in ad o g ru po d e pesseas. Existe, e on tu do , u rnponto ondepodemos dlzer que as conceitos de tempo cess a m de ser deter-minados pot fatores ecologieos e tornam-se mais determinadospelas inter-relac;lIes estruturals,' nlo sendo mais urn reflexo do

    dependSncia do homem da natureza, mas urn reflexo d a l nt e-ra910 de grupos scc ia ls ,o ana e a m ai er unidade de tempo ecolegico. Os N ue r

    possuem palavras para 0 ano retrasado, 0 a na p as sa dc , e ste a no ,o ano que vem e 0 anD depois desse . Acontec imentos ecorr idesnos ultimo! anos slio. entia, as pontos de referenda na con-ta ge m d e te mp o, e ta is p on to s s io d ife re nte s s eg un do 0 g ru po d epessoas que o s e mp re ga : I am il iareunida, aldela, sClfll.otribal.t ribo , e tc . Uma das manei ras mais c om un s d e dizer 0 an o d e u rnacontecimento e menclonar 0 lugar onde as pessoas da aldeiafizeram 0 acampamento da estiagem, ou fazer referenda aa lg uma d esg ra ea q ue a eo nte ce u a o g ad o. U ma f ami lia r eu nid apode calcular 0 tempo pelo nascimento de bezerros de seusr eb an ho s. Ca sa me nt os e o ut ra s c er im fln las , lu ta s e p il ha ge ns ,podem, igualmente, fornecer pontes do tempo, embora, It faltade datas numericas, ninguem possa dl~r sem fazer longos dlculos hi q ua nt os a no s a co nt ec eu u rn Iato. AI~m disso, um a v ezque 0 tempo ~ para os Nuer uma ordem de acontecirnentos des ig pif lc a~ io i mp oc ta nte p lII "a u m g ru po , ca ds g ru po p os su i s eu sp r6 pri os p on to s d e r efe r~n ci a, e 0 t emp o ~ . e m co ns eq iiS nc ia ,r ela tiv o a o e sp ac o e st ru tu ra l, c on sid er ad o e m t er mo s d e I oc ali -dade. Isso se torna 6bvlo quando examinamos os nomes dados.IIOS a no s p el as d lv er sa s t ri be s, o u a lg uma s v ez es p or t rlb os a dja -centes, pois conslstem em inundacbes, epidemias de peste,fo me , g ue rr as , e tc . p or q ue II t rib o p as so u, C om 0 d ec urs o d otempo. os names dos anos siio esquecidos e todos os aconteci-m en te s a le m d os l im lt es d es sa c on ta ge m h ls te ri ca g ro sse ira d es-f aze m-s e n o h or lz on te e ne vo ad o d o fllZ mui to , mul to tempo. 0t empo his t6rico , nes te sen t ido de seqUencia de acontec lmentosnotavets de significa .. llo para uma tribo, afasta-se no tempomulto mals para tras do que 0 te mp o h is t6 ri co d e g r,u po s me 'nores, mas 6 provavel que cinqilenta anos seja seu limite, II,quanto mais afastado do dill de hoje, rnais esparsos e vagosternam-se seus pontes de refer~ncia.

    Os N ue r, en tr et an to , p oss ue m o utr a r na nei ra d e i nd ic ar d emodo grosseiro quando os fatos ocorreram; nao ern numero deMOS, ma s e m r efe re nd a a o s is te ma d e co nj un to s- eta rio s. A d is-t in da e ntr e a eo nte ci me nt os c es sa d e se c c al cu la da e m t er mo s d et emp o, ta is co mo n 6s a c om pre en de mo s, e e calcu lada em termosde dis tinc ia est ru tura l, sendo a rela~a.o ent re grupos de pessoas ,, portanto, intelramente relativo a est ru tura soc ia l. Ass lrn, urnNuer po de direr que urn acontecimento ocorreu depois que 0conjunto etflrioThut n as ceu o u n o p eri od o d e in ic ia ~lI o d o c on -

    .j

    !; ,. i

    II

    T EM PO E E SPA~ O 11 9

    junto etArio Boiloc, mas ninguem pone dlzer h:i quantos anosaconteceu . 0 t~pl) e , aqur, C81CUladoem conjuntos . So urnhomem do eonjunto Da'lgunga dlsser que urn acontec lmentoocorreu no per iodo de lnleia . .ao do conjunto Thut, e le e 5M d i-z en dc q ue~conteceu tras conjuntos antes do s eu , ' ou hi seis con-Juntos. 0 SIStema .de ~onjuntos c tArios ser fi .dl scut ldo no Cap. 6 .P or e nq u~n to , e p re ci se d lz er a pen as q ue n [o p od emo s t rad uz ircom preetsao It contagem de conjuntos para urna contagem erna no s, ma s p od emo s es tim ar d e mo do g ro sse ir o u rn i nt er va lo d edez. anos entre 0 comeco de conjuntos sucessivos. Bl(istem selsconjuntos em existencia, o s n o m es dos conjuntos n lio sao clelicose a ot~em dos coniuntos extintos - exceto 0 "!illimo - e logo.esquec l~a, d~modo que a contagem por conjuntos e ta rlos possu isete umdades que abrangem urn periodo de algo menos do que 'urn K6cl!lo. .

    . . 0 sistema estrutural de contagem de tempo consiste par-c.lalmente na se1e~~o de pontes de referencia que sejarn slgnillca-tivos a gropos !OC8IS e q u~ fo rn ee am a e ss es g ru po s u ma h ls I6 riacomul~ e dlsh~ta; parcialmente na dis t&ncia ent re conjuntose sp ect fl~ os n o s is te ma d e c on ju nto s e ta rlo s: e p ar cia l m en te n asdistancI8s de uma ordem d~ parentesco e Jinhagem. Quatrograu~ d.e gera~1I0 (.tath) no sistema de parentesco silo rehic1!es

    l Inglbs ticamente d lfereR

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    p ar en te se o n es sesentido estrito, a conotaf i: io vern. express a emtennos 40 s is tema de l in1i .agens . Como esse tema serA tra tado noCap. S , l lm lt ar em o s n os sadlscussl!o_ a .!1m'comentArio expllca-

    tivo do diagrama da p. 1 19 . A b as e d o t rii ng ulo r ep re se nta u rndado grupo de agnatos e as llnhas pontiIhadas representam seusa nc es tr ai s e c or re mda base para urn ponto de. estrutura deIinhagem: ponte que 6 0 anc~s~al eomum de todo$ o s m e m br o sdo grupo. Quante mu! este~a.er :mos a amplldio do grupo (tantom ais J irg a f le a a b as e) , m ai ql ll ra b 'b n a es tr utu ra d e 11n ba ge nsenccntea-se 0 a nc es tra l c om un \ ( qu an to ma ls lo ng e d a b ase es-tiver o vErtlce do t ri ln gu to ), O s q ua tr o b iA ng ulo s si lo a ssi m a sprofundldades tempora ls de quab'o extensaes de retac io~amento'agnitico Dum plano existenclal e represent am as Jinh~gensminima, menor, maior e mUima de urn clll..0 t empo da l inha gem 6, ass im, a d lsUnci ll est ru tura l entre grupos de pessoas nalinha AB. 0 tempo estrutural, portanto, nllo pode ser co";!'preendido enquento 010 s e s ab e qual a d is tinc la est ru tura l, JII .q ue 6 r ef le xo d es ta , e d ev em os , p or c on se gu ln te , p ed lr a o l elt orque desculpe uma cer ta {al ta de c l~eza nes te ponto ~ que reservesuas criticas at6quc tenhamos tidQ uma oportumdade. de ex-

    '-plicar com maior elareza 0 que' se quee d izer com dlstinclaestrutural.

    Re str in glm os n os sa d is cu ssl lo s ob re o s s ist em as n ue r d econtagem de tempo, e nllo levarnosem ccnslderseac a manei~apela qual urn indlvlduo percebe 0 tempo, 0 assunto esta ehelode 'd if lculdedes. Ass im, urn indiv iduo pode calcu la r Apassagemdo tempo em referenda l aparen~ia f1s i~a ~ ao &tatus de outrosindivlduos e A s m ud an ce e e msua pr6pr lA VIda, m~s tal met?dode contagern d o t emp o. n io possui u ma am ~la v ali de z coletfva.COnfess l imos , contudo , que as ob.serva~Oes fed as por n6s sobre 0assurito foram sU'periiciais e que uma ani li se mals completa esto.a l6 m d e nossa capacidade. Indicamos meramente os aspecto~ do.problema que est lio d iretamente relac ion_ado.s com ~ desc! l~II .oa nt eri or d os mo do s d e v id a e eo m a d es cn ~lI .o a s eg ui r d as in st i-tulc1les polltlcas.

    Ii observamos que 0 movimento do. tempo estrutural 6, em .c er to se nt td o, u ma l lu sa o, p ols a estru,tura permanece bastan~econstan te e a percep9lio do tempo nlo 6 mais do que ~ movr-mento de pessoas , f reqi ientemente ,enquanto grupos, a t~av6s daestrutura. Assim, 0.5 conjuntos etArlos sucedern-se uns aos outrospara sempre, mas jamals hi, mais de sels existind~ ao n,tesmotempo e as pos it rQes relat ivas ocupadas. p~r e s se s s e tsconJunt~ss il o, a t od o m eme nt o, p on to s es tru tu ra ls I ix os ' a tra ve s d os q ua isp as sam c on ju nt os re ai s d e p es sc ia s e m e te rl la s uc ess io . D a me sorn a f or ma , p or r az 6e s q ue e xp li ca mo s" ma is ad ia nt

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    - se d uv id ar q ue e la p OS SI ls up or ta r u ma p op ula ea o mu it o ma ie rdo que a a tual . I sso se apl ica par ticu la rmente l r eg i! o a o est e d oNilo, e e p ro va ve l - c on fo rm e o s p ro pr io s N ue r su gerem - ques ua e xp an si o p ar a 0 l es te t en ha s id o d ev id a A su pe rp op ul a ~lo . 2p os si ve l q ue a c on ce nt ra ~ii .o lo ca l s ej a m ul to g ra nd e a pe sa r d ab aix a d en sl dad e d as Ar ea s t rib ai s, p ol s a s e st lm ati va s d a q ui to -

    met ragem quadrada lnc luem vas tas extensees de ter ra des tl tu idad e al de ias e a ea mp am en to s, q ue e usada como pas te na est iagemo u m era m en te a tra ve ss ad a n a m cv lme nt aea o a nu al p er i6 dic a. 0g ra u d e d en si da de re al , n ess e s en tid o, v ari a d e t rib o p ar a t ri be ede s~iio tribal para s~lIo tribal. e tarnbem de esta~lo paraesta!;!io.

    Nii .oposso s ituar essas d is tr ibui~( jes de modo mais acuradod o q ue o s m ap as d as p p. 6 7- 69 -7 1 e s om en te p os so a po nt a- la s,verba lmente , nos termos mais gener icos . Como vimos , 0 tamanhod e u ma a ld el a d ep en de d o e sp ae o d is po ntv el p ara c on str uc ee s,p as ta g en s e h ort ic ul tu ra , e a s c as as e sUl o d ls po sta s n um b lo coOU n um a fi la d e a co rd o c om e ss e e sp ac o, f or ma n d o, n a m aio rl ad as a ld eia s, p eq ue no s a gru pa me nto s d e e ho up an as e e stl ib ulo sa os q ua is d am es 0 nome de aldeolas, caoa uma separada dasv lz in ha s' p or h or ta s e te rra n io c ul ti va da o nd e p as ta m b ez err os ,ovelhas e cabras. A popula~lIo de uma aldeia - nllo podemosf az er a fir ma~ &s p re cls as - p od e v ar ia r d e ei nq tie nt a a t6 v ui as

    centenas de pessoas e pode abranger desde u mas poucas cen-tenas de metros ate virios quUometros. Uma aldela em geralest li bern demarcada pela contigl lidade des casas e pelos t reehosd e ma to , f lo re st a o u p an ta no q ue a s ep ar am d as a ld eia s c irc un -v lz inhas, Pelo pouco que pude ver, na malor parte da terra nuerpode-se andar de oito a trlnta quilometros entre uma aldeia eout ra . Com eer teza e 0 q ue a co nte ce n a p art e o dd en ta l d o t err i-t6rio nuer. Pot outro lade, onde a natureza do solo permite, asa ldeias podem estar multo mais p ro xl ma s e s eg ui r- se ,umas A so ut ras , c om in te rv al os p eq uen os , p or a mp la s Ar ea s_ Assim, am aio r p ar te d os Lo u e sti c on ee ntr ad a a clnqaenee quUometrosdo Muot Tot, a maior parte dos Dok a quinze quil8metros doLer, enquanto que os Lak, Thiang e parte dos Gaawar espa-lh am -se d e m od o b as ta nt e c on tin uo p or u ma Ia ix a l arg a e ntr e 0

    ~ Nito e 0 Zeraf . As a ldeias esl llo sempre l iga.das A s viz lnbas port ri lhas crladas e mantidas pelo inter-relac ionamento soc ia l, Partoda a terra dos Nuer hi t amb em g ra nd es f ir ea s, a la ga da s n as

    chuvas, com pOUCIlS, ou nenhuma aldeia .. As partes das Areast ri ba is d eix ad as e m b ra nc o o u s omb re a.d as a fun de mostrar aocupa~lio durante a estiagem, que cons t am dos diagramas,a pre se nta m p ou co s, e lD uit as v ez es n cn hu m, lo ca is a de qu ad ospara aldeias, e, na regUla ocidental da terra des Nuet', toda aAr ea e nt re a Ni lo e 0 Baht e l Ghaza l est fl mui to ralamente ponti -!hada de pequenas a ldeias ; provave imente 0 mesmo se apl iea aregUlo ao nor te do Bahr e l Gha:zat .

    TEMPO E ESPAyO 125

    Sou lorcado a descrever a d is tr lbulcao dos acampamentosda esta!;ilo d a secade modo t lIo impreciso quanto a dis tr ibui~l Iodas ' a ldelas . Os primeiros acampamentos podem ser encontradosq ua se q ue em q ua lq ue r p ar te e m uit as v ez es a bra ng em s om en tea lg um as m or ad ia s; p od e-s e s ab er, c on tu do , q ua l a lo ca li za t; 1I 0d os ac am pa me nt ds rn ai or es, f or ma do s q ua nd o a e sta ea o ji e st a

    m nis a van ea da , p orq ue e xis te m so me nte a lg un s p ou co s lu ga re sonde ht\ ' gu a b as ta nte .: 0 t ama nh o d aq ue le s d ep en de p rin ci pa l-mente da quantldadede Agua e de pastas, e sua populaejo variade cerca de uma centena a v ar io s m il h ar es d e p es so as . Es sa s-c o nc e nt ra ce c s j a ma lssao tribais, m a s e o m pr c en d em se~oes triobais maiores ou rrienores, Em volta de um lago, urn acampa-m en to p od e e sta r d ls trl bu td o e m v ad as secses, dis tanc iadas potalgumas poucas centeuas de metros; ou enUlo pode-se Ialar dea ea mp am en lo s c on tl gu os . Em q ual qu er a ca mp ar ne nto h a s em-pre alguns 'abrlgos contra 0 vento que d,o adjaeentes au quequase se tocam.: e muitas vezes pode-se ver de imediato que talg ru po co ns tlt ui .u ma u ni da de d is tin ta c om s ua p r6 pri a s e~ 1I0 d okraal comum. Ao longo da margem esquerda do- Sobat e-dadlrel ta do Baro, pode-se o bs erv er a ca rn pa me nto s q uas e q ue e mto~a parte, sepa~lIdos uns dos ou tros por apenas uns poucosqullomelros; mas em riachos, tais como 0 Nyand ing e 0 Filus,o nd e p er ma nec er n a pe na s p o. ;a s I so la da s d e a gu a, o s a ca mp a-mentes est ilo separados por v 'r los qui lometr (l s. Alguns grandesacarnpamentos no inter ior da reg ii lo dos L ou e nc on tr am - se s ep a-ra do s p or ma is d e t rin ta q ui ld me tr os d e ma lo .

    Correm gr:,-odes rios pela terra dos Nuer, e freqiiente- --mente sio essas frontelras naturals que indiearn as linhas dadivisi!.o polltica, 0 Sobat separa a tribo gaajok da tribo lou; 0Pibor separa a t ribo lou do povo anuak; (I Zeraf separa os Thiange os Lak dos Dinka; 0 Ghazal separa a se

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    malor e mais compacta do que em outras. Nas trlbos maiores,inu itas vezes uma grande populacao & f or ea da, p ela n at ur ez a d aregilO, a co ns tr ul r s ua scasas de.nt ro de urn p eq ue no r ai o, 3 ; O nd ehi rela. tivamente grande densidade d e p op ula cl lo n as ch uv ~s ,ex is te t amb em a te nd sn cla a h av er ma lo r n ec ess id ad e, n a e sti a-gem, de mudaneas prematuras e d is ta nt es p ar a n ov os p as ~o s_~t%'J~~~sldaM forca ao reconh~cimento de urn valor tribaltomum por grandes Areas e permtte-nos compreender melhor'como.6 que, apesar de uma necessaria falta de eoesao polltica~ntre-ani'ibos, elas freq!lentemente possuem uma populae1o t io' ,~~ nd e e o cu pa m u rn t err it6 rio ti o v as to .

    vJiI notamos que ..a dis~S_I}_~iastrl!tl!~.!ItJ_ ~ _djs~&_I!c;:l!)...~e

    g~de pessoas_l!l!_estru~ura social e_gY.!L1

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    ~p ar s ua l oca lid ad e, e , a pe sa r dDS habitJs nClmades dos Nuer, aspesscas que nasceram e c re sc er am e m \ 'l im aaldeia s en te m s au -d ad es d ela e p ro va vel me nt e v ol ta rao ~ ara Ii e farllo ali suasc asa s, m es mo q ua nd o r esi dir am e m o l,i tr Qs l ug are s p or m uit osan os , Os me mb ro s d e u ma a ld eia l uta m'i l ad e a l ado e a pe ia m-s emutuamente nas contendas, Quando o~ rapazes de uma aldeia

    vllo as dancas, e les ent ram n Bdanca .prmando uma meira deguerra (dep), cantando sua can~i1o de guerra especial.

    :. Urn acampamento de gado, que as pessoas de urna aldeiaformam durante a estiagern e do quaL:participam membros dea lde ia s v ia inh as , 6 e ham ad o d e wee. E'. iquanto essa palavra s ig-n lfl ca "a cam pa me nto " q ua nd o e m o pd si~ il o a cierlC, "aldeia",a mb as a s p al av ra s si o u sad as n o m esm o s en ti do g er al d 'e co mu -nldade local . Ass im, quando se db: queurn determlnado ell nllotern wee, devemos compreender que ele, em parte alguma delima se~40 tribal ou aldeia, forma ui~ n uel eo d omi na nte d acomunidade e que, portanto, nenhuma' comunidade local adotaseu nome. Um grande ncamparnento recebe urn nome de acordo -- ,co m a l in ha gc m q ue p re do mi na n ele e s eg un do a c or nu nid ad e d a I ,a ldeia que 0 o cu pa , e p eq ue nos a ca mp ame nto s a lg um as VC1 .e srceebem 0 nome de urn anclso de impoTtancia que ali tenha Iconstrutdo seu abrigo contra 0 ~nto. y'Imos que a composicao .social .de urn acampamento varla ' em :~pocas d ifcren les da es-t ia ge m, d es de a s . pes so as d e um a a ld eo ta a te a s p es so as de lo dauma aldeia ou de aldeias vizinhas. e que os homens algumasvezes acampam com parentcs que v tvcmem acampamentcsdiversos d aq ue le d e s ua pr op ria al dc ia h Conseqiientemente, en-quanta que as comunidades locals na tuva tendem II ser tam-bem comunidades locals 11a es tia ge m, u a c omp os ic ao p od e s eralgo dilerente, Novamente ressaltsmos i e nilo s6 a s p es so as d eurn acampamento vivcm num grupo nlais compacto do que aspCSSOIIS de uma aldeia, mas tambem 9ue na vida do acampa-mento hi! conta tos mals f requentes ent t e seus membros e maioreoordcnaeao de suas ativldades. 0 ga 0 6 pastoreado em con-junto, ordenhado ao mesmo tempo, . tc, Numa aldeia, cadaa gr up am en to [a mi li ar c uid a d e s eu p r(, ~r io g ad o, sc e que chcgaa s et I orm ad o u rn r cb an ho , e d csc mp ~n b.a s ua s ta re fa s d ome s-tic a s e no kraal in de pe nde nt eme nte e r em h or as d if en :n lc s. Naestiagern, hli uma crescente concent ra{~o e maior uni fc rmidadeem resposta it maior severidade da est~ao.~

    Algumas vezes falamos em "dis~rl!o" para descrever urn ., agregado de a ldeias ou acampamentos que se comunlcam facil eI reqt ienternente ent re s i. As pessoas (~essas a ldeias par tlclpamdas mesmas daneas, casam-se entre~ 5 1 . executam veridetas,Ia ze m e xp ed ie be s de s aq ue co nj un ta s] p art il ha m d os a ca mp a-me nte s d a e sti age m o u J az em a cam p~t l1 en to s n a me sma lo ca li -dade. e tc : Esse agregado indef in ido 4 ,c conta tos nao const ituiu r na c at eg ori a o u g ru p 0 p ol iti co n uc ~J p or qu e a s p css oa s n il o

    ;~

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    vSerna s imesmas, nern sw vistas pe las demais, como urna co-munidade unica, mas "dis tr ito" 6 urn termo que ernpregamospara denotar a esfera de contatos sociais de um homem ou doscantatos socials das pessoas de urna aldeia e.c, portanto, relativoapessoa au comunidade da qual se fala. Urn dist ri to , nesse sen-tldo, tende a corresponder a urn scgmento t ribal tercii rio ousecundarlo, deacordo com 0 tamanho da tribo. Nas tribos me-nares. toda urna tribo constitui 0 distrito de um homem, e urndistrito pade mesrno atraves.sar~os limites tribais pols, burnatr ibo gr ande. uma aldeia de fronteira pode ter mais contatos.

    com as aldeias viz .inhas de outra t riba do que com aldeias dis -tantes de sua propria tribe, A estera dos cantatas socials de umhoinem pede, eutao, nD.ocoincidir inteiramente com qualquerdivisao estrutural.

    Yarias aldeias adjacentes, variaado em numero e extenslototal de acordo com a tamanho da triba, sD.o agrupadas. empequenas s~Oes tribais e estas, em se-;i5esmaiores. Nas tribesmaiores, convem distinguir entre seq~s tribais primarias,secundarias e terclarias . Tais s~Oes, qualqucr que seja 0 tamanho,sao tratadas, como as aldeias, de "cieng". Jl que 0 capituloseguinte sera dedicado a tais aegmentos tribals, nAo se dira maisnada aqui sabre e les,

    V I

    As principals tr ibos nuer estD.ona p. 13. 0 nome "Jagei"colocado a oes te do Ni lo inc1ui uma s~rie de pequenas tribos- lang, bar, rengyan, e wot. HA tarnbem algumas tribospequenas - se e que se pode considera-las corretamente comotribes, pois for am feitas poucas pesquisas na area - na.$ vizi-nhan"as dos Nl ler Dok: beegh, jaalogh. (gaan) kwac e rol . Umrecenseamento grosseiro .compilado de virias fOlltes governamentals, fomeee, em Dlirliero arrcdondado. as estimatiw$ mailreeentes' para as tribos maiores, a seguir:

    Nuer do Sabat: gujak. 420Cl0: lupanS, 1000;gujok, 42000; lou .3 3 0 0 0 .N ue r d o uraf: 18k . 24000: thiaog, 9000; gaawar, 20000. Nuer oriel l't.ais; bul, 17000; l~k.. 11000. as t r a : s tribos jikany do l es te , I1 0 00 : a s vUi.astribos jagci, 10000; dok, 12000: OUOIIS,9000. p ro vb el q ue esse : snumeros

    sejam mais eorretos para os Hllcr do leste do que para os Nuer do oeste. AsestUnat ivas mostram grandes discn :p&nciu e tem bavido mui tas col ljeturas .Tomando-se pot b.sc u u e fo ~ ~gistradfs. os Nuer do Sobat slo 91000. osd o Zc ra f. 5 30 00 e o s d o teste. 70000, total lzuda 214000 para toda 0 tenit6rionuer. Conhcc:e-se 0 mOQta.D.tede &p.c!Da$ allIUM segmeotO$ Cribais. Entte 0$ Lou.a ~ lo primm. dos Rim chela': U!2$ 22()(x) 0 .. seo ;lo prlmhia dos mo l' . . IIII.S12000; entre 05 GaaW"u w:lo priD1lr l& dos tvld/l .tlnge 10000 0 a sco;lo pri.mlria des bar. UIIS 1 00 00 : e OQ m: .. t ri oo l ak , a ~l o p rim 6ri . . kwachur totallucere. do12000 o' a sco;lo prirniria dos 1eoyuI, 120Cl0. .

    Dcve-sc notal que as l ribos da ~gi.lo ocldenW do tcrritbrio lIuor slo emgera! menores que u do Z e r o .e III do Zcraf. lI1onores que a5 do Sobat. A len

    TEMPOE ESPA~O 1 3 1

    danei. du tr ib os , au men w q uan ta m aisse camlnha pll '& 0 Ies te , Seul ter ri .t6rios tamb~m tCm tcnd~ncla para tomar-se mal' extensos, Pede-se JUlleri!' que& poplIl~lo malar das trlbos llrienlals nuer sola dcyld",lOS cfeitO!l de intcgw;lodu eonqulstas e da tix~lo. e to ab,o~1I0 do Sfandes numcrol de dink. quem ul to u d eh u.mlS nlo a c ha m D ' q u etail explica~6cs justlflquema (ato de elesmll\torem um .. pecto d e u n ld a de t riba l por "cas flo I Ir.ndes scm qualquerp er no c en tr al. Ii e vi den te q ue 0 t ama nh o d a poput~lo da t ribo uti dhctamute ret.donado c om a extcnslo de ter re no mais elevadodlsponJvcl .. ser eeu-pado nl estar ;lo das ehuvu, e lambem com a dispO$i~lo des te , pois t ribos comoo s G aa jo k e Ga a;e k d o le st e e o s lo u p ad em a pt es en ta r u rn . ( on ce nlf a

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    l inhas de di. ido polhlca C flo cOlllr6rios ! c oc. lo c d nvelvime n10 poillico;m B S , p O Tentre lado. torn am n ec eu 'r io e xt cn sa s a re -a slfibai$ dentre das qoai5.. . lste 11msentlmente de comllnidad. e uma dl.p~i~Jo d. coop.rar.

    , ,

    Cada tribe possui urn nome que 'tanto se refere a seusmembros. quanto A reg i! lo que ocupa (rot): p or ex emp lo , l ee k.

    gaawar, Iou. lak, etc. (ver mapa na p. 13). elida uma tern senlerrit6rio particular e possul e defende seui pr6pdos locals dec on st ru ea o, se us p as te s, re se rv es d e lI gu a e .r es erv at 6ri os d e p ci-

    \ xes. Grandes rios ou amplos trechos de terras dcvolutas nno: apenas d iv idem, em geral , secbes adjacentes de t ribos contlguas .: mas essas se~Oes tendem a movimentar-se em dire~iks opostas( na seca . N!o hI! duvida de que as condi~oe~ -estao se modlli-

    c an do a e ss e r es pei to , m as p eo em os c it ar c omo e xe rn pl os a t ri bogaawar que tende a movimentar-se p ara les;t~, -em d ir e,~ o a oZeral, e nllo a entrar em contato com a se~!o prlmarta gUll datrib 0 lou. que se agrupa em torno de seus lagos in teriores oumuda-se para 0 Sobat e 0 Pibon II secao tribal mar d os Lo u, q uese m ov ime nt a p ara 0 Nyanding e Alto Pibor, na direo;!o dosGaajok, nao se juntarn a eles, mas mudam-se, para os bracessuperiores do Sobat e os braces inierloresdo Pibor; e os Jikanvocidentals que se movimentarn em direIJi!.oaQS"pintllnos do Nilo' .e nq ua nto q ue o s Le ek m ov lm en tam -se p ar a oeste. para a jun~ao

    do Bahr el Ghazal com seus riachos e lagoas, . . .Os membros de urna tribo tern u rn s en ti me nt o c om um

    p ar a c om s ua re gi li o e . p or ta nt o, p ar a com os demais mernbros.Esse sentimento evidencia-se no orgulho com que falam de suat rib o en qu an to o bj et o d e s ua le al dad c. n a d ep re cia ca o j oe ns a d eo ut ra s t ri bo s e n a i ll dic ac ;il .od e v ar ia, lie s c ult ur ais e m s ua p ro pria tribe como slmbolos de sua singularidade. Urn homem deuma tribe vc as habitantes de outra como um, grupo ind iferen-c ad o, p ara 0 qu al ele tern urn padran. indiferencado de com-portamento, cnquuntc vi! a si mesmo como membro de urn seg-menlo de sua propria tribo. Assim, quando 11m l eek dlz quefulanu e urn flac (rengyall), el e d ef in e i med ia ta me nle se u r ela -cionamento com este. 0 sentimento tribal baseia-se tanto nao po si o;l io As o ut ra s tr lb os , co mo n o n om e c omu m, n o te rri lo ri ocomum. na acao conjunta na guerra, e na: estrutura comum deI inhagem de urn elli dominante. .

    A f or4 f1 ld o se nt im en to tr ib al p od e se r e ou sta ta da p elo f at ol de que . a lgumas vezes, o s h om eRS q ue p re le nd em d ei xa r a t ri bo1o,~de nasceram ~ara estabclecer se pe~manen: temcntc em out ra., mbo levam conslgo urn pouco da terro de sua regiilo natal e al

    j' be bem n um a so l~ ~! o d e ~ gu a. a cr es cc n la n~ o d ev ag a~. a e ad ad os e, u ma q Ul ln ud ad c m aJO r d a te rra d e S lIa n ov a r eg li io , ro mpendo, ass im. os la~os mls ticos com a ant iga.e con5t ru indo la~"sl Il iS lk os c om a n o\ 'a . Oi sse ra m me q ue .' se u m h om em d eix ar d l!

    TEMPO E ESPM;n:!

    13 3

    :fazer lsso , podera vir a morrer de !lueer, ,~anc;l\oque pune 1I in-f ra~ao de cer tas obr lgacoes r itua ls , 'i

    Uma trlbo const itul 0 maior grupolcujos membros consi -d ,e rn m c om o s eu d ev er j un ta r-s e p ara a t~q ue s o u 0 't 0e s d ef en -stvas, .05 home,os mais mocos da t ribe 11m. at~ Iaz pouco, eme xp ed l~o es c on J~n ta s c on tr a o s D in ka e ~e mp ree nd ia m g ue rr ascontra outras tribes nuer, As guerras entre tribos eram menosfr e~! ie nle s d o q ue os ataques contra o~ Dinka, mas existem": Iu .t os e xem pl os, n a r ec en te h is to rla n ue r. d e d isp ut as fr on tei -r~~as e n Ire trlbos e mesmo de uma I ribo atacar a ou t r a tendo emvista 0 g ad o; t ai s lu ta s sa o t ra di cio na is t {n tre o s N ue r, A tr ib ole,ek sa.qu~~va as tribos jikany e jagei, eum membro dos Leekd.sse~me; 0 gado com que meu pal casou era gada dos Gce(Jagel)", Poncet cementa: "Os EHiab (itok) lutam contra os~g n~ o (n uo ng ) d o su i, e . os R ei an (r en gy a\l ) d o n or te ; o s R or d oin te ri or , c on tr a e ste s u _1 tl mo s e o s Bi er (b er ) d e G az al (r io Gh a-z al ). Tod ~s a s s ua s b rlg as p ro v~ m d os p qs to s, q ue d is pu tam , 0que nao Impede que uns viajem peJas ,erras dos outros semq ~a lq ue ~~ is co , a m e.n os , c on tu .d o, q ue h aj a a lg um p are nt e a s ervI??ado . E m t eo ri a, urna trlbo era con~idcrada urna unidademil itar, e . se duas seeees de t ribos d iteren jes mantinham hos ti li -dades~ cada uma ~odia de~ender ? Oa po ig d as d em ais s ec oe s d e>s ua tr ib ct n a p rl it lca , p ore m, m un as v ez es e la s s om en te e ntr a-riam na luta se 0 outro lado estivesse recebendo ass is tenc ia dese ~5 e5 v iz in ha s. Qu an do u ma t rib o u nia -s e p ar a a g ue rra , h av iau ma tr eg uo n as d lsp ut as i nt er ne s d en tr o f e SUIlS fronteiras,

    > A s tr lb os - e sp ec ia lm en te a s m en or es - Ir eq uc nte me ntcu ma !l1 .se . p ar a s aq ue ar o s es tra ng ei ro s, p s Le ek u nia m- se ao sJa!!c. : Jikany ,do ~ste, ..e os Lou aos ~rawar para atacar osDlnks: os Lou as tribes jikany do teste Plfa atacar os Anuak e

    . a ssim por dianle. E~sas aliancas milit;.res e nt re t rl b os , f~eq Ue nt eme nt e s ob a e g. de d e u m d eu s q uc ~f al av a p or i nte rmC diode seu pr?fet~ (p. 197). e ram de cur ta du~~~ilo. n lio havia qual-q ue r o b. ng alJ ao mo :a l p ar a f orm fi -la s e .) e mb ora a a ~i lo fo ss eh ar rn fm ic a, c ad a tr ib o lu ta va s ep ara da me nte so b s eu s p r6 pri os!i~er~s e vivia em aearnpamentos separados dentro da reglaoimnnga. Ii

    A luta ent re as d iferen tes t ribos r iuet .e ra de carater d iversed a l uta e nt re Nu er e Di nk a.. A lu ta l nte rl rl ba l e ra c on sld er ad amais feroz e mais perigosa, mas estavaRsujeifa a certas con-v en ~o es : r nu lh er es e c ri an ea s n ad a s oi ri Am , ca sa s e e st ab ulo sn li o c~ om d es tr u{ do s e n ii o s e f Bz ia p ris io pe ir os . E , t amb em , o sd em o.s N ue r n llo e ra m c on si de rad os c om r p re sa n at ura l, c omocram os Dlnka ,

    J. 01'.

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    TEMl'O E ESPA~O 135,

    Outra earac te ri st ica def in ldora d~urna t ri bo ~ q ue ,denlrodela, exlste eur ; r iq ue za p ag acomo res,sarcimento d e u rn h oml -etdlo, e os N u er e x pl ic a m0 valor t riba l em termos dela. Assim,os membros da tribo lou dizem que. e~tre eles, existe a indeni-za cilo de sangue, ma s nllo entre eles e qs Oaajok ou 0$ Oaawar;e essa e a d ef in ~1 !o i nv ar iav el d e l ea ld ~d e t rib al e m t od a p art eda terra nuer, Entre membros de umar tribo hi tambem rook,ressarclrnento por danos que nio s ilo hd,mlcfdios , embora a obr i-gac;:ilode pag6-lo seja menos enfafizadajou executada, enquantoque entre uma tribo e outranjc se reconheee qualquer obri-g a~ !o d es se g en ero . P od em os, p or tan td , d iz er que existe lei -no sentido l imit ado e relot ivo der in ido n oCap. 4 - entre mem-bros de uma tribo, mas nAo hA lei entre tribos. Se alguem co-mete um c ri me c on tra u rn m em br o d e iu a me sma t rib e, e sta be -Ie ee e ntr e e le e se us p are nt es u rn v [n cu lo . l eg al c om aq ue le m emobro e os paren tes dele. e as relac ;:Oeshos ti s que se seguem podemser desfei tasc om p ag ame nt o d e g ad o. ~e a lg ue m c ome te 0 mesomo at o c on tr a u rn h om em d e o ut ra trib*. nio se reconhece qual.q uer r om pim en to d a l ei. n ll o s e s en te q1lehi qualquer obriga~lI.opara dlrimir II questlio, e nilo M negoci~~1Ies para conclul-Ia. Ascomunidades l oc ai s f or am c lass lf icadb como tribes au seg-me nt es t ri ba is d e ac or do c om 0 reconheclmento ou n1l0da obr i-ga1fi la de pagar ind im~a~1I0 de sanguc.~Ass im, os gun e os mar

    s lio c la ss lf lc ad os c omo s eg me nt os P ri f1 6r lO S d a tr ib o l ou , e n-q ua nt o q ue o s Ga aj ok d o l es te , o s Ga aj k , e o s Ga ag wan gf or amc la ss if ica do s c om o t r~ s tr ib os e n ll o c o a s eg me nt os p ri ma rio sde oma tinica tribo jikany.

    Pode ter acontecido que casas ronteirieos entre tribesd if er en te s t en ha m s id o a lg uma s v ez es l cs ot vid os c om re ss arc i-me nt es , m as n il o te nh o q ua lq ue r re gi s\r o d es sa s n eg ce ia eo es anllo ser a declara'j!o duvidosa Ielta n~ p. 198; e mesmo queten ham ocorr ido, de mane i ra a lguma i l}va \idam nossa def in iq!od e e st rut ur a t rib al . C on tu do , d ev e-s e c om pre en de r q ue e st amo sdefinindo uma tribo do modo mais for~al e que, conforme mos-t ra remos mals adian te , a reconheeimejt to da responsabil idadelegal denlro de uma tribo nio signific~ que, de fato, seja fsci!o bte r r ess ar cim en to p el os d an os , E: dfl e p on ca s oli da rie da ded ent ro d e um a friba e as disputas sil! Irequentes e de longadura~lIo. Com efe ito, a d isputa 6 uma ~ns ti tu i~ i1o cal .. '~rlslicada organlza~ilo tribal. .. I

    Urna trlbo foi definida por; :i . umtnomecomum e distinto;2. u rn s en ti me nt o c om um; 3 . u m 't er ri t6 t' io c o mu me d is tln to d osdemals: 4 . urna ohdga'rllo moral de urqr-se para a guerra; e S_Ulna obrigacIIo moral de resolver b rjg ~s e d isp ut as a tra ve s d earbitramento. Pode-se acrescentar a e es cinco pontes outrasc ar act er ls ti ca s, q ue s er ao d is cu tid as ma s a dia nt e; 6 . u ma tr ib eeurna est ru tura ' segmentada e hii OPOSi10 entre seus segmentos;

    I

    !.,

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    136 as NUER

    7. dentro de cada tribe exlste urn elD. d orninante e a relacnoent re I Iest ru tura de l lnhagem desse ell!.e 0 si ste ma te rri to ria l d ulribo e d e g ra nd e i mp or ta nc la e st ru tu ra l; 8 . u ma t ri becoustlruiUllin unidade dentro de u rn s is te m u de tribes; e 9. as conjuntosetarios sao organizados triba!mcnte:' ~

    VI I

    ,..j:

    I

    Tribes adjaceute opucm-sl! umus i \s ~11111WiC lurum entre si.Algumas vezes e las se juntam < ; 0 1 1 1 1 " 1 1o s Di uk u, m ns I , l is comhi-nac ;l Ies const ituem federa"Oes I rouxus c ICllIplIrilrias pam umaf inul idudc espcc lf ica e nan correspondem II qualquer \':IJ(,r poll-tico nitldo. Ocaslonalmeme 1Il11l1 trlbo permitc q\IC limit scCiio~e outra tribe fa

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    i1

    I

    ~13 8 O S N UE R

    Ihhel d is tingui r ent re : 1. d is ta nci a p oll tl ca n o s ent id o d e d is -tllncia estrutural entre segmentos de uma tribe, (a maior unl-dade politic a) e entre tribes dentro de urn sistema de rela~1Iespollt1cas: 2. distAnda estrutural geral no sentido de uma dis-ta ne ta n Jo po liti ca e ntr e v Ari os gr up os s oci al s n a co mu nid adeqUII Iala a lingua nuer - as rela~Oes estruturais nlo politicassilO mais for tes ent re t ribos adjacentes, mas uma est ru tura soc ia lcomum abrange toda a terra nuer; II 3. a esfera social de urnindlv lduo , sendo seu c ircu lo de conta tos soc ia is de u!11tipo ou deout ro com out ro nuer, .

    1II'

    Ii'I,I

    I;

    VIII

    A est ru tura poUtica dos Nuer somente pode ser compreen-dida quando 6 colocada em rela~lo a de seus vizinhos, comquem formam urn unieo sistema politico. Tribes nuer e dinkaeontlguas Silosegmentos dentro de uma est ru tura comum, tantoquanto 0 sio os segmentos de uma mesma tribo nuer. Seu rela-c lonamento soc ia l ~ de hos ti lidade , que encontra sua eXPless l!ona guerra.

    \

    0 povo dinka 6 0 mimlgo imemorial do Nner. Asse-r ne lh am- se n a e col ogi a, c ul tu ra e s is te ma s s oc ia ls, d e ta l mo do

    \

    que os indivlduos pertencentes a um dos povos do facilrnenteass imilados pelo out ro ; e , quando a oposj~110 de equll ib rlo ent reum segmento polilico nuer e urn segmento politico dinkS: setransforms nurn relac ionamentc onde Q segmento nuer torna-seto ta lm en te do ml nan te , r es ult a u ma fu sao e na o u ma e st ru tur ade classes.

    AU o nd e ch ega m a h ist 6r ia e a tr adi ~110, en os h ori zo nte sdo mito ate onde este alcanca, sempre tern havido inimizadeentre os dais povos. Quase sempre os Nuer tern sido os agres-sores, e eles encaram pilhar as Dinka como urn estado normalde c ois as e c omo ur n de ve r, p ai s tern urn mito, como 0 de Esaa eJac6, que explica e j ust if ica esse fato, Nesse mito, 0 Nuer e 0Dinka silo representados como dois filhos de Deus, que prometeu dar 0.0 Dlnka sua velha vaca e ao Nuer, 0 [ovem bezerro,o Dinka vela de noite ao estabulo de Deus e, imitando a vox doNuer, conseguiu 0 b ez err o. Qu an do De us d es co br in q ue ti nhas ido enganado. f icon zanga do, e encar regou 0 Nuee de vingar a

    injuria pilhando 0 gado do Dinka ate 0 f in al do s te mp os. Ess ahlst6ria, familiar a todo Nuer, (, nlio sornente urn reflexo dasrel~i3es polUieas ent re bs dois POYOS, co mo ta mb tm u rn co m e nUri o s abr e os c ar act er es d cs me smo s. Os Nu er a tac arn p or c aus ado gado e 0 to rn am a ber ta me nte e pc ll l fOJ\':i das armas. OsDinka roubarn 0 g ad o o u 0 to ma m po r me io d e tr ap a.;a s. To dosos Nuer consideram as Dinka - e c om rada - co mo l ad roe s, ear emesmo os Dinka parecern aceitar a censura, se (, que atri-

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    J i

    T E MP O E l iS PA C ;O

    bulmos 0 significado correto A dec la ra~~o fei ta a K.C.P. Struve,em 1907. pelo guardi!o dlnka do templq de Deng Dit em LuangDeng. Depots de contar 0 mi to d a v aca le d o be zer ro , e le ac re s-centou: "E ate hoje 0 Dinka lem vivjdd sempre roubando, e 0Nuer, guerreando'i", ,i

    lu ta r, c om o e rla r g ad o, e ul na d 1s pr in cip als at iv ida des eurn dos i nt er es se s d om in an te s d e t od os q s h om en s n ue r, e a ta ca ros Dinka pol' causa de gada e urn dosJjpassalempos prediletos.Com eleito, 0 termo joang, ou sejll, Di nk a, p or v eze s e empre-g ado c om re fe re nd a a q ua lq ue r tr ib o qu e o s N ue r n or ma lme ntesaque le rn e onde Iacam prisionei ros. Osjmeninos aguardam comexpectallva 0 di n e m q ue p ri~c rilo ac omp anh ar a s ma ls v el hosnesses ataques contra os Dlnka, e, tog~ que os rapazes sao i l-eiados, cornecam a planejar urn ataque para ficar ricos e paraf lrmar sua reputa~il .o como guerrei ros. Toda t rlbo nuer saqueavans Dinka a cad a dois ou tres anos, e alguma parte da terra din-ka deve ter sido saqueada anualmente, Os Nuer nutrem des-p rez o p elo s Oi nks e r id icu la riz am su ~ q ua li dad es be li cas , d i-z end o q ue e le s d emo nst ra m ta o p ou ce jh ab lli dad e q uan ta co rn-gem. Kur jQlI!tg, l uta r c om o s Dln ka. ' ~ !c ons id era do u m te ste dev al or t ll osuper ficial que nao s e a eh a:)lecess~rio levar escudosdurante urn a taque ou prestar qua lque j a te lU,' ao a posstbi lldadede lnsucesso , e e fei to urn contras te com os pertgos de kllr Nflrl,.lutar ent re os pr6pr ios Nucr. Esses a lanles s lo jus tl ll cados tan topeJa bravura inabalAvel dos Nuer, quanta por seus sucessosmilitates. !!

    I.~ij

    Os primetrcs viajanlci r e gi s tr a m Q u eos ~ucr oeupavam ambas as mar-gens do Niln. ma. 6 provive\ que ladAa ilha Z e X . rlcnha sido num tempo ocu-pad. pol o. Di nka e e c er lo q ue t ed , eg iA o c j~ e val d o 7 . .r.r a o P ib or c. 00norte doSabal. de$de os Ilin. da Ie". dGSsli ll luk ate scarpa eltop. (exce-tuando-se pmoamentes A nu a.k n as m ar ge ns d ~riDS). a in da e st av a e n, ml05destes al~ meadO:! do ,~culo pus.do quando ~j>l lom~d. " .I os N ue r e m t lu .,linha. de exp.n.lo. 00 norte e .0 suI do Sabat . [Sabe-se dissc por meio de alir-n \. ~~ s t an to d os N u. , q ua nt o d es D in k a, p cl .~ p r ov a s Icrnecid pel genea-tOilas e ct' rio, Cpelos " '8i. t ros do, ' viajanles. que IrequentementeIazem r tf .,Snci . . Aluta entre os dets povo s, ~ {i~i~a. dominant. dos Nucr emm c io a s .e us v 1z in Jl os .A .dm;r.,;lio ~ue in5piuJam. a su a bravura e casalhci-ri,m05. A e en qu is ta , q ue p ar ec e t er r cs ul ta dd n a . bs on ;~ o e m hd g. na eA o.m .i , d D qu e n x t. rm in .~ lo . f oi 110 r Ap id . " ilo b em l uc cd id . q ue l ot i. o ss a

    Ii

    i4. Sud"" l"/~lIill'''''' R.porl. n. ISl . I '/P7.i$S. WERNE, o p . e lI ., p. 163; ABD!i/-HAMID, o p. c il . pp. 613;

    PHILIPPE TERRANUOVA D'ANTONIO, "1~.I.I;on d'un vo~ag.au FI.uBlanc", N l le s "nn.lts des .oya Paris. 1.859.lFJEAN. op. eif.. p. 232;PONCET.op . it., p p. 1 8, 2 6. 3 9. 4 1 le 4 01 ; PE:rHIlRICK. op. cit. v. II , p. 6:HEUGLlli, Rei... in do. G.b ie l de. Wei .. . " Nil . nd . . in., wUffr"." Z./1;;...in dm Il>hr.n 18621864. 1869. p. 104. GEORG SCHWEINFURTH. The Heart0/ A/rica (Iredu~lIo ingles'). 1873. v. I. pp. 11819; GAETANO CASAT.. TellYe"rs in Eq"~/ori. and ,n .R./llrr. wirlr Emi.. 1'#,11. {lra6uelo inlllesa). 1891. v.,I

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    14 0 OS NUER

    . a. l. bea 6 1I 0J . ~ upa da pel ", Nue r cet uandc -s e u ns pouc cs ba ls6e s dedinki no SobAl,F il ., A lar . AI ~m dl)Ssu unidades indcpondente$, hi muitaseonmnldad!l loeais nuer n& R gi lo o ri en ta l q ue r ee on he ee m t er u~ndenclad in k a, e p eq ue ne s U nl t. ge ns d e o ri ge m d in k. p od em s er e n~ on tr.d as e m l od aald.ia 0 ac.mpamento. Alguma. tribas dinka rdugiaram'" com compatr iolasaosui, and. osGaawlr e o. Lo u conlinu.rom a s a qu ", "'O S. D a m es ma f or ma ,0.Nuer dooeste penis tentemente pllharam !al ias astr ibos dink. que f .zem frontei ra com eles, par!icul.rmenle as do sul e oeste, obl.ndo urn. asc.nd@ncia moralsobre 010.1e fOft;ando-os a ttcuar mai, para Ionge de suas Ironl.iros , A oes te d oNita, como I teste , ospt ls!oncl,os dinks ersm animilados e It, multas pequenas!inhagens de d es ee ad en te s d in ka e mtoda n lb o, enlo raro el.. prepnndcram na.comunidades locai. O. tod. .. .osDinh, semente r05as, ma s apcnas lat

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    TEMPO E . ESPAC;:O

    aceltos e lncorporados as trlbos nuer. Em tempos de paz, tam-bern, os Dinka vls itavarn 05 p ar en tes q ue h avi am s id o c ap tu -rados ou que se haviam' f ixado na. terra nuer, e,como jA_loiobservado . a ntes, parece que em certas regilles houve a lgumcomercio ent re os dais povos . As I inhas de relac ionamento soc ia lde tipo geral, que silo frcqiientement~ numerosas atraves dosIlmltes de tribos nuer adjacentes e que se estendem por toda at er ra do s N uer, si lo a ssi m p ro lo ng ad as d e mo do U! nue alem doslimites da terra nuer em eontatos ocasionats e casuals comestrangeiros. .

    Todos os Dink.a slo agrupados na categoria dos jaQlIg. eas Nuer acham que essa categorla estli mals pr6xima deles doque out ras categor ies de est rangei ros. Esses povos est rangei ros- os Nuer atingiram com todos eles urn estado de hoslilidadeequilibrada, urn equilibrio d e o p os l eo e s, expresso ocaslonal-mente em Iutas - silo, a excecao dos Bel r, e lass lf lcados gene-ricamente Como bar, povossem gada ou que possuem multopouco gado. Urna outra categorla ~ ajur. povos sem gado queo s Nu er c on si de ra m si tu ar -s e n a p eri fer ia de s eu m und o, co mo 0grupo de povos Bongo-Mittu, os A7.ande, as Arabes e n6sme smo s. Co nt ud o e le s p os su em n ame s d iv er so s p ar a a ma lor lad e ss e s p o v os ,

    JA dlssemos que os Nuer acham que as Dinka sito mals

    pr6ximos deles do que outros estrangeiros, e, a esse respeito,chamamos a a te l) .~ io para 0 Iato de que as Nuer demonstramin aio r h ost l1 id ad e e a ta ca rn c om ma ier p crs ist enc ia a s Di nka ,

    . q ue s il o s ob to do s os a sp ect os ma is as se me lh ad os a e le s, d o q uequalquer outro povo estrangeiro. Sem diivlda, lsso se deve atecerto ponto, a facilidade com que podem saquear os vastosrebanhos Dinka. Tambem pode-se atrlbuir, em parte, ao fatod e q ue , d ent re to da s a s ' re as v iz in ha s, 1n pen as a te rra d os Din kan io oP Qe s ~r ia s d es va nla ge ns e co lo gic as a u rn p ov o p as to ril ,Co nlu do , p ode -s e a in da s ug er lr q ue 0 t lp o d e g uer ra e xl st en teent re Nuer e Dinka , levando tambem Qff iconslderacao a asslmi-la~ilo dos cat ivos e as relacoes soc ia is ihtcrmi tentes ent re os doisp ov os e nt re a s g uer ras , p are ce ri a e xig ir urn reconhccimento dea fln ida de s e ul tu ral s e d e v alo res s eme lh an te s. A g uer ra e ntr eD in ka eNuer nilo ISmeramente urn COilfllto d e in te re sse s, ma s I Sta mb em u rn r ela cio na me nt o es tru tu ra J.e nlr e o s d oi s p ov os ; e t alr el aci on ame nto r eq ue r u rn c ert o r eco nh ec im en to , p or a mb os o s

    lades, de que cada urn, ate determlnado ponte, a partilha doss e nt im e n to s e h 6 .b i to sdo outro. Somos ievados por essa refiexiloa n ota r q ue a s r ela lj 'Qe s p ol lt ic as s io p ro fu nd ame nte ln ilu en -ciadas pelo grau de diferencia~i!o cultural existente entre osNu er e se us v izi il ho s. Qu an to r na ls pr ~x imo s d os Nu er e st ao o spovos em termos de subsit@ncia, lingua e costumes, rnaisin tim am ent e o s N uer o s e nca ra m, m ats fa cll me nte in ic ia m re la -

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    14 4 OS NUER

    ,.Oe5 de hoslilidade com eles e mais facilmente fundern-se aeles. A diferenci~ilo cultural esta fortemente influenciada peJasdivergencias ecol6gicas, par ticularmentepelo grau em qu e povosviz.inhos silo pastoris, 0 que depende dos solos , reservas de l igua ,insetos e assim par dlante, Mas 6 tamMm, numa extensaoconsiderbel , independente de c ircuns tinc ias ecol6giCIIS , sendoa ut 8n om a e h is t6 ric a, P cd e- se su st en ta r q ue a se mel ha nea c ul-tural entre Dinka e Nuer pode determiner amplamente suasrela, .6es est ru tura ts ; da m es ma f or ma , t am be m,como as rela-, .6es ent re os Nuer e out ros povos s lio amplarnente determinadas.par sua diferem;a cul tura l cada vez maior. A clivagem cultural 6mellor entre as Nuer e as Dinka; torna-se mals ampla e nt re a sNu er e as p ovo s q ue fa la rn s hi ll uk; e ~ m als a mp la en tr e a s N uere povos como os Kama, Buron e Bongo-Mittu,

    Os Nuer guerreiam contra urn povo que possui umacultura p ar ec ld a c om a sua, mais do qu e e ntr e 5 1 o u c on tr apavos com culturas mu it o d if ere nt es d a sua. A s rela,.Oes entreestrutura social e cultura 5 1 1 0o bsc ur as, ma s po de mu lto b em s erq ue , s e o s Nu er n lo ti ve ss em po di do e xp an dir -s e as cus tas dosDinka e pilha-10s , e les 56 teriam demonstrad() mais antagllnicosquanto a pessoas de sua mesma origem, e as mudaneas estru-turais que dal resultass$m leriam levado a uma maior hetero-geneldade cultural na terra nuer do que a que existe atualmente.

    Isso pode n io p as sa r de m erac on je tu ra , ma s p od em os d iz er a om eno s qu e a v iz inh an ~a de u rn p ov o p ar ec id o, p oss ul dor -degrandes rebanhos a serem pilhados, pode ter tido 0 efe tto dedidgir os impulses agressivos dos Nuer para oul ros qu e nlio seuscompatr io tas, As tendt !ncias preda t6rias , que os Nuer par ti lhamc o m o u tr o sn8madea, e nc on tr am u m a p rQ l lt a v 61 v ul ade escapecontra as Dinka, e isso pode explieat nllo apenas as poucasguerrlls entre t ri bo s n ue r, c om otamb6rn, c o ns e ql 1 en t em e n te , s e tum a d as ex pl ic ac 5e s d o n ot iv el ta ma nh o d e m ui tas tr ib os fiuer,pois elas nAo poderiam 'manter a unidade que possuem se suasse"lSes ficassern saqueando-se umas ih outras com a mesmap er sb tS nc ia c om q ue at aca m o s Di nk a,

    IX

    O. Nuer Ii.. ,am pouquea . . m os h.b .. e as eomunldsdes d .. montanhu Nub.; " iulgor porlima .linn.vla leUa par Jul.s Poneet, 0 problenla re' .renle a !guo e pa, tallensn a n l. ~b da s et a que oe or re hoj . en tr e N ll er e ' rabu ""i ll . h4 me it o l emp o6.

    . O s e s cr g i ot as e m er ea do re s d e m an ln i 6 ra be ., q ue p ro vu e. ra ln l an lamir ia d.s lrui~10 entre os 10.0. doSudlo mdridional depois ,da conqulda doSudlo >clontrional por Muhanlmad AUem 1821, incomodaram muilo pouoo 01N u c .r. A l gu m a s vcus e1es atacarBm aldeilli.$de"be.~ra de r io . m as nio ~on~oqLJalquff regis~ro d e q ue t cu ha m penc.frado l11~.tD p e t o i nt er io r, e p ar ec e q ue'Dram 'pc:nas a s . se r ;i !l e s m . a is a ss t w: i s d e s : tripOl do rio Zeta.f que so'reramalgum dana com suas d.preda~Oe.s. Nlo creio:que em parte .Igurna OS Nuert .hnl ' ido proluodarnenl . aletados petoconl~to Arab.~. 0 go.erno eglpdo e.Tnl.is tarde. 0 go~e.rlloml1hdh:ta, qu e Sup05itam~nte controlBram 0 SudB.o del [ te1821 .t~ a final do ,Eculo, de modo alsum admiili.t.aram os Nuer ou ox.rc.ramquatquer conlrol obr. er partir dO$POSI~ que .. lab.leecr.m .t. beira do.r io s n o $.cannAS de. s u a t e. rr a . A lg u m as Ye1.~.Ii o s : N u e r slque:.v.am e ste s p os ta ! eo u _ ra S Ye .U ' S c r a m s aq ue ad os partir dellC:sa~:mast em .inhas Senis, pode-s-ed lw q ue e le , p ro "o gu la m e m , u as . Id . . f il a" ;' l ua nd o o m o on !l d. ra ~l o.

    Esn nlo-considera~lo conUnuou dcpoit: da ,econqulsla do Sudlo pelsslo.-.;.s .nglo-.glpciA~ do "Ia~el.cim~.to d. u.". nova admin;'IT.~io. 0. Nuer

    6. PONCIIT, .p.

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    146 O S N UE R

    foram 0 oll1imo pOYOi mp or ta nl e a s er c nn tr ol ad o, e a . dm in l. l. a~ lo d e s ua r e- .glADnlo pod. ser chamada demuire .ficienCe senlo parti r d. 1928, sende quea n te s d e- IS "ano 0 g ov e. rn D c on si s. ti a e m p a lN 1 hf .S o ca si on .' $. q u e. a p -e n asconse-g ui am a li en l lo s r na ;' . in da . A n al \l .e za d e gi lo t or n d il l, "" l. .. .m un l.cal;be5 e i .mpedja 0 t st .b e le c ir n e nt o d e-POSI05n l p ropr ia t er ra nue" e os Nuernlo mOSlravam de

    Na descri~no que fizemos da contagem de tempo nuer,notamos que numa parte do tempo, 0 sistema de eonta-lo i ! : ,emsentido ample, uma transform~1I0 em concertos, em termos de

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    9. Para urn. del

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    atividade, au de modlllcacbes flsicas qpe fornecem pontes dereferdncla convenientes para as atividades, O L Ja qu ela s f as es d or it rno ecol6gico que t (\m par ticu la r s igni ficaIJ il .o para e les, Notamas alnda q ue, em outra parte do tempo, ele e uma ldealiza

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    150 . OS NUER

    r ela cio nam en to e str ut ura l da s p es soa s e nv olv id as na lu ta e doseu pr6pr io relac lonamento com cada urn dos lades .

    Preclsamos fazer referenda a outro importante principle daest ru tura pol it ic a nuer: quanta menor 0 grupo local , mats for teo sentimento que une seus membros . 0 sentimento tribal e malsf ra co d o q ue 0 se nti me nto n um de se us s eg rn en to s, e 0 senti-mento num dos segmentos e mals fraco do que 0 sentimenton uma a ld eia q ue f aJ ;a p art e de le. Log ic am en te, p od e- se su pe rq ue ts so oc or re , p eis , s e a u nld ad e d en tr o d e um g ru po e fun"aode sua oposi~lo a gru po s d omesmo t ipo, pode-se infer ir que 0sen timento de unidade denlro de u rn g r up o deve s er m a is I or ted o q ue 0 s ent lm en to de u nid ade d en tro d e u rn g rup o r nai or q uec en te nha () p rime iro . M as eo ta mb em e vid en te q ue , q uan tamenor 0 grupo , majores os conta tos ent re s ims membros , maisvar iados do esses conta tos, e mais coopera ti ros SiD eles, Numgrupo grande como a tribo, os contatos entre as membros siopouco freqilen tes e a cooperacac limita-se a ocaslonais Incurssesmilltares, Num grupo pequeno como a aldela, nio somenteexistem conta tos d ia ries de habita~ao , f reqi ientemeute de natu-r eza cc op era tl va, c om o t am ber n o s m em bro s es li o un ldo s p orintimos laces agnaticos, cognaticos e de afinldade, que podem SCfexpressados na a~i lo rec lp roca, Os tacos tornam-se menos e malsdl st an te s q uan ta ma io r fo r 0 grupo, e a coesao de urn grupopolitico depende sem duvida alguma do numero e lorca dosvinculos de Upo nAo politico.

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    Tambem deve ser dito que as realidades politicas SiDconfuses e confl lt an tes. S lio conlusas porque nem sempre, mes-.m o nu m contexte p oli ti co, e st ll o de a cor do c orn o s v alo re sp ol it ic os , e mb ora le nh am t end cn cia s a co nf or ma r-s e a e le s, eporque as vlnculos soclais de tipo diverse operam no mesmocampo, algumas v ez es r ef or ca nd o c o utr asin do em s en Ud ocontrsrio a e le s. S ao conffitantes porquc os valores que as

    rdelermi nam, devido a relat iv idade da est ru tura pol it lea, estAo,e le s t am b em , em conllitc. A coerencia das realidades politicasp od e s er v is ta ap en as q ua nd o 0 dinamismo e relat iv idade daestrutura politica s1l0 comprcendldos e quando a rela.,l() daestrutura politics com outros sistemas socials c levada em consi-dera,lo.

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    . As t ri bo s n ue r d ivl de m-s e em s eg men tns . Os s eg mcn tosmaiores 510 chamados de secees t riba is priml lr ias, e estes d iv i-dem-se mais em secees tribais secundarias, que sll.(J:por sua VC1.,segrnentadas em secoes trlbais terciarias. A el(pericncia provouque "pr lmar ia", "secundar ia" e " te rc i; l. rl a/~l Io suf lc lentes ell-q ua rtt o te rmo s d e d cf in i~Ao , e, na s t ri b~ me no re s, p ro vav el -mente precisa-se de menos lermos. U,rria se,no tribal terciariacompreende vil rias comunidades de a ldeias , que s~o compostaspar grupos domestlcos e de parente~co.

    . Assim, a trlbo lou, como s{ po de ver no diagrams nbaixo,estJi segmentada nas sec;oe)./primilrias sv c mOT. A sc~i! l)prim aria gun estil.segmentada nas se~oes secundarias rumok: egaa/bal. A secao seculi9tia gao/bill est;\. alnda segmentada nnssecoes terciarias leng e'I)'lIrkwac. Apenas alguns segmentos saomostrados no diagraJ ria, pois a se~lo CIIQUek divide-se em lIyaake buth, a rumjok jmlalker. nyajikall)', kwacgien, etc.

    . / T RIB D LOUSt~aQ pri,E l ; :awor Sc~iiio'PIimlida tim

    se.;~o ~cunddfia nUll/uk

    ,(;.0 >e(undilli. i;'lIar

    i ._ /"'~.osecundari_ja%ah

    ~ - - - - - - - - - - - - - - - -sc~ao ll"fci~ria irll,f s c " a n,,;c~und.

    g 'halsc t ; iu t c r c i a r i L a uya, .kmic/-L_ ~ _____J

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