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Naturalização dos direitos da Criança e do Adolescente MÓDULO II Fundamentos Jurídicos de Direitos Humanos Autoria: DENISE DO CARMO FERREIRA Veiculação e divulgação livres para efeitos educacionais

Naturalização dos direitos da Criança e do Adolescente · História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação

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Naturalização dos direitos da

Criança e do Adolescente

MÓDULO II – Fundamentos

Jurídicos de Direitos Humanos

Autoria: DENISE DO CARMO

FERREIRA

Veiculação e divulgação livres para efeitos educacionais

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FUNDAMENTOS JURÍDICOS DE

DIREITOS HUMANOS

DENISE DO CARMO FERREIRA

Graduada em Serviço Social pela UCSAL (BA), Mestranda em Educação pela UFAL (AL)

Pós-graduada em Serviço Social e Política Social pela UNB (Universidade de Brasília)

Membro dos grupos de pesquisa: Relações Raciais na Educação (ERER) e Políticas Sociais e Educação Brasileira

(GEPE)

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OBJETIVOS DO MÓDULO II

Princípios norteadores do ECA;

Abordar as diferentes formas de violência;

Estratégias de enfrentamento da violência;

Funcionamento da rede de proteção;

Órgãos de proteção;

Papel da escola frente as violências.

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1830 - Código Criminal do Império

Criminalizava maiores de 14 anos

sanções a atos considerados antissociais

Pobreza, Mendicância, Vadiagem, Furto, Roubo.

Baseava-se pelo Código Filipino:

Pena de morte ao arbítrio do julgador

( maior de 17 até 20 anos).

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Os projetos legislativos tratavam com veemência osdireitos do “menor”:

1913 – Criação do Instituto Sete de Setembro

Objetivo: Acolher menores abandonados einfratores.

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1924- Criação do 1º Juizado de Menores1927 – Entra em vigor o Código de Menores1ª legislação específica para crianças e adolescentes.

Autor: juiz de Menor Mello Mattos, baiano a serviço no DF.

Princípios:Código de Menores do Uruguai.Teses do início do século publicadas em ParisPublicações do Congresso Internacional de Juízes de Menores.

Concepção: “INTERNAR para EDUCAR e RECUPERAR”

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(COSTA, 2004)

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Declaração Universal dos Direitos do Homem:

todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimôniogozarão da mesma proteção social.

Instrumentos da Normativa Internacional: Declarações, Diretrizes, Convenções e Resoluções

Regras Mínimas da ONU para Administração da Justiça do Menor

(Beijing,1985). estabelecem condições mínimas aceitáveis

para o tratamento de menores de 18 anos infratores

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Diretrizes de Ryad, resolução nº45/113 de 1990

prevenção da delinquência juvenil, a partir de serviços e

programas de caráter comunitários, assessoria e orientação.

Instrumentos da Normativa Internacional: Declarações, Diretrizes, Convenções e Resoluções

Regras Mínimas de proteção de jovens privados de liberdade,

ONU (1990)

direito a atividades e programas úteis ao desenvolvimento

saudável e digno, promovendo a responsabilidade.

respeito total aos direitos humanos.

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CF/88

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ECA

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ECA: “uma revolução em três pontos legais cruciais” (COSTA,2004):

1. Revolução de Conteúdo;

2. Revolução de Método;

3. Revolução de Gestão.

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ESCOLA: UM ESPAÇO DE REFLEXÃO

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Alinhamento conceitual

Segundo o art. 2º do ECA:

Criança: 0 até 12 anos incompletos;

Adolescentes: entre 12 e 18 anos incompletos;

Jovem adulto: 18 a 21 anos incompletos, em casos excepcionais da lei.

Ato Infracional: adolescente comete conduta descrita analogamente no

código Penal como crime ou contravenção.

Medida socioeducativa: é uma responsabilização jurídica especial aplicada

pela Justiça da Infância e Juventude através do juiz.

Medida Socioeducativa

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Medidas socioeducativas

Classificação das medidas socioeducativas:

1. Advertência;

2. Obrigação de reparar o dano;

3. Prestação de Serviço a Comunidade (PSC);

4. Liberdade Assistida (LA);

5. Semiliberdade;

6. Internação.

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A escola na medida socioeducativa de LA:Que papel é este?

Escola como medida protetiva.

Espaço comunitário de atuação social real.

“Tudo que serve para trabalhar com adolescentes, serve para trabalhar com o adolescente em conflito

com a lei.” (COSTA, 2004)

As práticas educativas, portanto, devem ser comosólido aporte para a vida social do educando emsituação de conflito com a lei (IMBERT,2003)

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“Tudo que serve para trabalhar com adolescentes, serve

para trabalhar com o adolescente em conflito com a lei.”

(COSTA, 2004)

As práticas educativas, portanto, devem ser como sólido

aporte para a vida social do educando em situação de

conflito com a lei (IMBERT,2003)

ECA – LEI 8.069/1990DIREITO À EDUCAÇÃO E AO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO

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Múltiplas formas de violência

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EXPRESSÕES DA VIOLÊNCIA

Violência física

Violência sexual

Violência psicológica

Exploração do trabalho infantil/exploração sexual

Negligência ou abandono

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Criança e Adolescente

Como propriedade privada

Coisificação

Posse

Desprovida de Direitos

Exercício de Poder

Naturalização da Violência

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Pais

vitimizados

Abuso deautoridade

Hábito culturalmente aceitoPunição física como

Ação “disciplinadora” e “educacional”

Pais “donos”de seus filhos

Solução

de

conflitos

pela

força

Comportamentoexplosivo

violento

perverso

03

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VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA

Rejeição

Depreciação

Cobranças exageradas

Discriminação

Desrespeito

Punições humilhantes

Bulling

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NEGLIGÊNCIA E ABANDONO

Negligência: omissão de cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social:

> privação de alimentos e medicamentos

> falta de atendimento e cuidados

> descuido com a higiene

>ausência de proteção contra frio ou calor

> falta de estímulo para escolarização

Abandono: forma extrema de negligência

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“ O termo bullying surgiu na Noruega, na década de 80, e éoriginário da palavra inglesa bully, que quer dizer ameaçar,intimidar, amedrontar, tiranizar, oprimir, maltratar. Oprimeiro a relacionar a palavra ao fenômeno foi DanOlweus, professor da Universidade da Noruega. Aopesquisar as tendências suicidas entre adolescentes,Olweus descobriu que a maioria desses jovens tinha sofridoalgum tipo de ameaça e que, portanto, bullying era um mala combater.” ( 2005).

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VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR

Orientação educacional

ouCaso de polícia

Ato Infracional:conduta descritaanalogamenteno código Penalcomo crime oucontravenção.

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A VIOLÊNCIA CONTRA OS NEGROS NO CÉNARIO ESCOLAR BRASILEIRO.

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Negros e o Bullying: Violências Físicas e Simbólicas.

“De acordo com a pesquisa sobre preconceito ediscriminação no ambiente escolar, realizada pelaFundação Instituto de Pesquisas econômicas (Fipe), apedido do Instituto Nacional de Estudos e PesquisasEducacionais Anísio Teixeira (Inep), negros, pobres ehomossexuais estão entre as principais vítimas deagressões físicas, acusações injustas e humilhações nasescolas públicas. Segundo a pesquisa o bullying contranegros chega a 19% dos casos. A pesquisa ouviu cerca de10,5% dos 18.599 alunos, pais, diretores, professores efuncionários de 501 escolas públicas do país, entreoutubro e novembro de 2009.”(AFROBRASNEWS)

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LEI 10.639.03

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.§ 3o (VETADO)""Art. 79-A. (VETADO)""Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.“

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVACristovam Ricardo Cavalcanti BuarqueEste texto não substitui o publicado no D.O.U. de 10.1.2003

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Lei 10. 639/2003

Princípios e construção da identidade etnicorracial

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MEDIDAS DE PREVENÇÃO E ASSISTENCIA

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Maus-tratos: suspeita, Notificação e Conduta

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Órgãos de Proteção a Criança e Ao adolescenteMaceió - AL

Conselho Tutelar

Ministério Público ( Poço)

Vara da Infância e Juventude (Ponta Verde )

Delegacia especializada ( Jacintinho )

Disque 100 ( violência sexual)

PETI ( Centro - SEMAS)

DPSE ( Centro- SEMAS)

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MUITO OBRIGADO

http://www.ufal.edu.br/aedhesp

[email protected].

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REFERÊNCIAS BAZÍLIO, Luiz Cavalcante. Infância, educação e direitos humanos, Ed.

Cortez, 2003.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília: Senado, 1990.

COSTA, Antônio Carlos Gomes. LIMA, Isabel Maria Sampaio Oliveira. Estatuto e LDB: direito à educação. In: Pela Justiça na educação. Brasília, MEC, 2000,14-735.

COSTA, Antônio Carlos Gomes da. Caminhos e descaminhos de uma ação educativa, 2ª ed., Belo Horizonte: Modus Faciendi, 2001.

FALEIROS, Vicente de Paula. Infância e processo político no Brasil. In: A arte de governar crianças: a história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância do Brasil. Rio de janeiro: Instituto Interamericano Del Nino, Ed. Universitária Santa Ursula, Amais Livraria e Editora, cap. II, 1995, 13-379

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REFERÊNCIAS IMBERT, Francis. Para uma práxis pedagógica. Tradução de Rogério

de Andrade Córdova, Brasília: Plano Editora, 2003.

MUNANGA, Kabengele. Negritude. Usos e sentidos. São Paulo: Ática, 1996.

SANTOS, Ana Katia Alves dos. Infância e afrodescendente: Epistemologia Crítica no ensino fundamental, Salvador: EDUFAL, 2006.

SILVA JR., Hédio. Discriminação Racial nas Escolas: Entre a Lei e as Práticas Sociais, Brasília, UNESCO, 2002.

SILVA, Roberto da. Os filhos do governo: A formação da identidade criminosa em crianças órfãs e abandonadas. Ed. Ática,1997.

Sociedade Brasileira de Pediatria.