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Navalha na Carne
Marcas de Oralidade e Relações de Poder
Eixo temático
• Linguagem, comunicação e sociedade
Palavras-Chave
• Linguagem Oral • Relações de Poder • Teatro
Introdução
• Este trabalho pretende fazer uma análise sociolingüística, abordando o tema da violência urbana, por meio da fala das personagens da obra Navalha na Carne (1968), de Plínio Marcos.
Objetivo
• Examinar como algumas marcas da modalidade oral da língua são mobilizadas na obra, de modo que o diálogo entre as personagens, mesmo sendo ficcional, apresente diferentes efeitos de sentido (relações de poder) típicos da interação face a face.
Metodologia
• Contextualização da obra
• Categorias de análise:
– Exame das marcas lingüísticas no nível lexical– Gíria– Malícia– Vocábulo Obsceno
Neusa Sueli
A prostituta
Definição explícita no texto
• Prostituta
Marcas de oralidade que a caracterizam dessa forma
Não está, né? Agora, olha, sua puta sem-vergonha! (p. 12)
Vai morrer morfético! Tu e essa perebenta! Essa suadeira! (p.34)
Será que você não é capaz de lembrar que eu venho da zona cansada
pra chuchu? (p.39)
Definições implícitas no texto
• Descontentamento perante a sua realidade– Interjeição
Poxa, isso arreia qualquer uma (p.15)Poxa, será que eu sou gente? (p.15)
• Sensibilidade– Sufixo diminutivo
Toma cuidado, Vadinho. Vê lá o que tu vai fazer (p.15)Ele paga sim, Vado. O Veludo é bonzinho (p.19)
• Sensatez– Advérbio de negação
Não vai machucar ele! (p.15)Não estou gostando dessa zorra aqui dentro (p. 21)
Forma como estabelece o poder:
• Ao ser chamada tanto por Vado quanto por Veludo de velha
– Ofensas verbais
Entrei bem. Quem manda aqui é a galinha velha.
Galinha velha é a tua mãe! (p.29)
A vovó das putas todas é metida a família, é?
Vovó das putas é a vaca que te pariu. (p.34)
Você está uma velha podre.
Nojento! (p.40)
Forma como estabelece o poder:
– Ameaças físicas com sua navalha
Vou te arrancar os olhos! (p.23)
Vado, se você dormir, eu te capo, seu miserável! (p.43)
Veludo
Faxineiro homossexual
Definição explícita no texto
• Homossexual
Marcas de oralidade que o caracterizam dessa forma
Nem dos meus homens agüento maltrato (p. 16)
Presta bem atenção no que eu vou te dizer seu veado de merda! (p.18)
Você vai me pagar, sua bicha. Está botando o meu homem contra mim (p.30)
Definições implícitas no texto:
• Polidez
Com licença (p. 15)Desculpe, seu Vado (p.15)
• Linguagem culta
O senhor está aí, seu Vado? (p.14)Não sei do que vocês estão falando (p.16)
• Religiosidade
Bate em mim machão. Bate nesta face, te viro a outra. Como Jesus Cristo (p. 16)Pelo amor de Deus, não deixa esse tarado me judiar (p. 17)Ai meu São Jorge guerreiro! Está todo mundo doido (p.17)
Forma como estabelece o poder:
• Quando enfrenta a violência de Vado
– Uso de imperativos
Bate! Bate! Bate! ....Mata! Mata! Mata mesmo, homem! Mas eu não fumo tua
maconha! Não fumo!....Me mata, meu homem! (p.31)
Vado
O cafetão
Definição explicita no texto
• Cafetão
Marcas de oralidade que a caracterizam dessa forma
Sou o teu macho, se eu não tenho um tostão quem está errado? (p.13)
Ai, ai, seu cafetão nojento! Tua mulher não te dá dinheiro? (p.20)
É meu cafifa. Leva minha grana. Tem que me fazer gozar. Custe o que custar (p.43)
Definição implícita no texto:
• Fragilidade- Súplicas
Por favor, Veludo, fuma essa droga, senão eu faço uma desgraça! Por favor, fuma! (p. 31)
Sueli, meu amor, me ajuda! Sueli, minha santa, me ajuda! (p.15)
Forma como estabelece o poder:
• Ameaças de Agressão
Quer tomar outro cacete?
...Já estou cabreiro com você, se espernear te meto a mão (p. 10)
Te dou uma porrada que você vê (p.22)
• Ofensas
Vagabunda, miserável! Sua puta sem calça, que você pensa que é? (p.12)
Veado! Veado de merda! Porco nojento! Ladrão sem vergonha (p.22)
Forma como estabelece o poder:
• Linguagem do grupo social malandro
Que nada! Sou é da firmeza. Meu defeito é brincar muito! (p. 45)
Minha embaixada! Sabe como é! Escuta esse papo que é de verdade. Eu estava borocoxô. Não queria fazer a obrigação. Inventei a onda. Grudou. Azar teu. (p.45)
Sou Vadinho, cafifa escolado. Judio de mulher pra elas gamarem. (p.45)
Resultados
• A análise mostra que há uma estreita ligação entre as marcas de oralidade e as relações de poder que se estabelecem entre as personagens;
• Naturalidade ao diálogo ficcional;• O texto literário também pode contribuir para o exame de realidades
sócio-históricas.
Bibliografia
MARCOS, Plínio - A Navalha na Carne. Editora Maltese, 1992, 10ª edição.
PRETI, Dino - A Linguagem Proibida, um estudo sobre a linguagem erótica. T.A. Queiróz Editor, 1984, 3ª edição.
PRETI, Dino - Sóciolinguística: Os Níveis da Fala. Editora USP, 2000, 9ª edição.
ApresentaçãoFábio Rodrigues Lemes
Vany Cristina Beccaria
ComponentesFábio Rodrigues Lemes
Vany Cristina Beccaria
Isabel Camargo
Samuel Alves Monteiro
Sérgio Macedo Jr.
OrientadoraProfª Dra. Andrea Pereira de Melo