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NBR 15575:2013 Os impactos da Norma de Desempenho no Setor da Arquitetura e Engenharia Consultiva

NBR 15575:2013 Os impactos da Norma de Desempenho no … · 2016. 10. 19. · Manifestação da Abece sobre o impacto da NBR 15575 na Estrutura 23 Anexo III.Manifestação da Abrasip

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NBR 15575:2013

Os impactos da Norma deDesempenho no Setor da

Arquitetura e Engenharia Consultiva

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Sinaenco NacionalJosé Roberto Bernasconi – Presidente

Sinaenco Regional SPCarlos Roberto Soares Mingione - Presidente do Sinaenco/SP

Coordenador do Grupo de TrabalhoRicardo Hunziker

Está é uma publicação do Sinaenco e a reprodução deste conteúdo, em sua totalidade ouparte dele, é permitida desde que citada a fonte.

Julho de 2015

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Grupo de Trabalho da Norma de Desempenho / GT- SINAENCO

SINAENCO e SINAENCO/PEMichelle Pinheiro Pessôa

SINAENCO/SPCarlos Roberto Soares Mingione

Claudinei FlorencioCleber Garcez

Eduardo MartinsFabio Giannini

Fernando Jardim MentoneLuciano Alcazar Tani

Maria Amalia Sá MoreiraOrlando BotelhoRicardo HunzikerRicardo França

Stella Maris Miguél LopezRoberto de Castro Mello

SINAENCO/MGEmmerson Ferreira da Silva

SINAENCO/RSRicardo Santiago

ABECEMarcelo Rozenberg

ABRATECRogério PeriniGisele Galvão

Heloisa BolorinoLuis Borin

ABRASIPSérgio Kater

AGESCCecília Levy

ASBEAEdison Borges Lopes

FERCABCarlos Henrique Raguza

PRÓ ACUSTICADavi Akkerman

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EXPEDIENTE:

Sindicato Nacional das Empresas de Arquiteturae Engenharia Consultiva - SINAENCO

Rua Marquês de Itu, 70, 3º. andar

01223-000 - São Paulo - SP11 3123-9200

[email protected]

Departamento de Estudos Econômicos:Pâmela C. Barbosa Felício

APOIADORES

SIGLAS:ABECEAssociação Brasileira de Engenharia EstruturalABRASIPAssociação Brasileira de Engenharia de Sistemas PrediaisABRATECAssociação Brasileira das Empresas de Tecnologiada Construção CivilAGESCAssociação Brasileira dos Gestores e Coordenadores de ProjetoASBEAAssociação Brasileira de Escritórios de ArquiteturaFERCABFerreira Cabral, Raguza & Monteiro Sociedade de AdvogadosPRÓ ACUSTICAAssociação Brasileira de Qualidade AcústicaSINAENCONacionalSINAENCO/MGRegional Minas GeraisSINAENCO/PERegional PernambucoSINAENCO/RSRegional Rio Grande do SulSINAENCO/SPRegional São Paulo

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O SINAENCO Nacional promoveu umareflexão sobre os possíveis impactos da Nor-ma de Desempenho no setor da Arquiteturae Engenharia Consultiva, com a participaçãodos representantes das regionais do sindicato,através da adesão ao Grupo de Trabalho Nor-ma de Desempenho, criado na regional de SãoPaulo, mas que correspondia a uma demandanacional. Além dos representantes das regio-nais, contou com integrantes das entidadesprofissionais e empresariais, tais como: ABE-CE, ABRASIP, ABRATEC, AGESC, ASBEA ePROACÚSTICA.

Além das reuniões periódicas do GT, re-presentantes do SINAENCO participaram dediscussões técnicas no Ministério das Cidades,com assento presencial no CTECH (ComitêNacional de Desenvolvimento Tecnológico daHabitação) e no CN-SIAC (Comissão Nacionaldo Sistema de Avaliação da Conformidade deEmpresas de Serviços e Obras da ConstruçãoCivil), com a oportunidade para opinar, anali-sar e contribuir na elaboração de documentospor esses órgãos produzidos.

Faz parte integrante dessa publicação,além de informações referente à norma ABNTNBR 15575:2013, uma coletânea de anexos,contendo as manifestações das entidades su-pracitadas, bem como alertas sobre o aspectojurídico.

Esse trabalho tem o objetivo de subsidiaras empresas de Arquitetura e Engenharia Con-sultiva para um melhor esclarecimento e se-gurança na aplicação da norma em epígrafe, prin-cipalmente quanto às definições das especi-ficações para elaboração de projetos habita-cionais, mitigando futuros riscos técnicos, admi-nistrativos e jurídicos.

O SINAENCO Nacional se sente estimu-lado a tornar público para as empresas filiadase associadas esse trabalho, contribuindo commelhores práticas empresariais.

Editorial

Enga. Michelle Pinheiro PessôaVice-presidente de Ciênciae Tecnologia do Sinaenco Nacional

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Em vigência desde julho de 2013,a NBR 15.575 – Norma de Desempenho atéhoje é motivo de preocupação, dúvidas e ex-pectativas entre dirigentes, colaboradores econsultores de empresas associadas e filiadasao Sinaenco. As incertezas relativas às mudan-ças que podem advir com a vigência destanorma técnica têm dado origem a inúmerosdebates, que invariavelmente abordam ques-tões relacionadas aos riscos profissionais eempresariais, ao incremento dos custos, àsmudanças nos contratos, às dificuldades paraatendimento das novas exigências e as possí-veis medidas para minimizar a probabilidadede futuros problemas. Também têm sido men-cionadas as novas oportunidades de trabalhoe a valorização dos serviços prestados pelasempresas de arquitetura e engenharia consul-tiva, decorrentes do atendimento dos requisi-tos definidos na Norma de Desempenho.

Diante deste ambiente em ebulição, foiconstituído um Grupo de Trabalho (GT) paraanalisar, debater e identificar os possíveisimpactos nos serviços desenvolvidos pelasempresas representadas pelo Sinaenco.

Os trabalhos tiveram início com profissio-nais ligados a empresas da Regional-SP, masrapidamente o grupo passou a contar com acolaboração, presencial ou por videoconfe-rência, de membros de outras regionais dosindicato, adquirindo abrangência nacional. Nasprimeiras reuniões, concluiu-se que ao grupodeveriam ser agregados profissionais atuantesnas diversas especialidades técnicas envolvi-das na produção de unidades habitacionais e,portanto, foram contatadas entidades profis-sionais e empresariais ligadas a estas ativida-des, a saber: Abece, Abrasip, Abratec, Agesc,AsBEA e ProAcústica. Destaca-se também aparticipação de um profissional da área jurídi-ca, que complementou o trabalho com análises

Prefácio

Eng. Carlos Roberto Soares MingionePresidente do SINAENCO - SP

e informações distintas daquelas fornecidaspelos profissionais das áreas técnicas.

É preciso ressaltar que o trabalho desen-volvido pelo grupo tem por objetivo difundir econscientizar os dirigentes e profissionais daarquitetura e engenharia consultiva sobre asmudanças inerentes ao novo diploma norma-tivo. E os autores deste trabalho não tiverama intenção de produzir um manual ou roteiro,pois esta tarefa tem sido eficientemente cum-prida pelas entidades associativas represen-tadas no Grupo de Trabalho.

A presente publicação constitui-se no pri-meiro produto elaborado pelo GT e consolidaos entendimentos e opiniões obtidos até a pre-sente etapa dos trabalhos. Os trabalhos do grupocontinuam e estamos programando eventospara interagir com os demais atores da cadeiaprodutiva da construção habitacional (Sindus-con, Secovi, Ministério das Cidades, CaixaEconômica Federal, CDHU, Abramat, Abrafati,Afeal etc).

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Editorial 5

Prefácio 6

1. Um breve histórico 8

2. Impactos sobre o setor de A&EC 9

2.1. Aspectos jurídicos 9

2.2. Visão sistêmica 11

2.3. Gestão 13

2.4. Capacitação 14

2.5. Riscos e valor 16

3. Recomendações gerais 17

4. Considerações finais 18

Anexo I. Manifestação da AsBEA sobre o impacto NBR 15575 na Arquitetura 19

Anexo II. Manifestação da Abece sobre o impacto da NBR 15575 na Estrutura 23

Anexo III. Manifestação da Abrasip sobre o impacto da NBR 15575 nas Instalações Prediais 25

Anexo IV. Manifestação da Abratec sobre o impacto da NBR 15575 no Controle Tecnológico 31

Anexo V. Manifestação do Sinaenco sobre o impacto da NBR 15575 no Gerenciamento 36

Anexo VI. Manifestação da ProAcústica sobre o impacto da NBR 15575 na Acústica 41

Anexo VII. Aspectos Jurídicos sobre a NBR 15575 44

Sumário

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1. UM BREVE HISTÓRICO

Até entrar em vigor, a partir de 19 de Ju-lho de 2013, a NBR 15.575:2013 EdificaçõesHabitacionais – Desempenho percorreu umlongo caminho. Uma década transcorreu desdeos seus primeiros esboços, até que represen-tantes dos setores da cadeia produtiva daconstrução civil, o poder público, os agentesfinanceiros, as universidades, os institutos detecnologia e demais interessados convergirampara a sua definição e conformação atual.

Esse instrumento normativo, que norteiatodo o ciclo da realização da edificação habita-cional, ou seja, desde os projetos arquite-tônico, estrutural, de instalações, entre outros,até a conclusão da obra, e deverá referenciara avaliação desse produto pelo usuário com-prador, foi desenvolvido no âmbito do ComitêBrasileiro da Construção Civil – ABNT/ CB-02.

A abrangência e os requisitos de desem-penho nela caracterizados conferem à NBR15.575 grande potencial de impacto sobre osincorporadores, construtores, projetistas, fa-bricantes de materiais, componentes e siste-mas e responsáveis pelo controle tecnológico.Além desses atores, já presentes no processode implantação da edificação habitacional, anorma contempla também o usuário, inter-veniente novo a ser incumbido de responsa-bilidade para o pleno cumprimento dos requi-sitos.

Por meio da caracterização das incum-bências, a norma procura estabelecer respon-sabilidade respectiva aos processos realizadosna produção e uso da edificação, ao longo daVida Útil de Projeto (VUP). A VUP defineentão o prazo de tempo durante o qual aedificação pode ser utilizada sob condiçõessatisfatórias de segurança, saúde e higiene.

O ciclo da edificação habitacional não seencerra mais na sua alienação ao usuário. Vaialém desse evento e, de acordo com os prazosde VUP, estabelecidos na etapa de concepção

(projeto), cada subsistema – por exemplo, devedações internas e externas (paredes, estru-turais ou não, com suas respectivas aberturas– portas e janelas) - terá um horizonte devida a ser cumprido, mantendo seu desem-penho, desde que observadas as prescriçõesde uso, operação e manutenção.

A norma implica em responsabilidadesadicionais em relação às existentes até a suaentrada em vigor. Por isso, os agentes presen-tes na produção de edificações habitacionaisidentificam um acréscimo de risco no negócio.Mas, em contrapartida, vislumbram a neces-sidade de melhoria em todos os processos,colocando em evidência as empresas queproduzem com qualidade, visando ao aten-dimento dos requisitos de desempenho daedificação ao longo da sua vida útil, definidaem projeto.

A qualidade dos produtos associada a umpermanente aumento de eficiência certamenteserão atributos que irão diferenciar e privi-legiar as empresas que atuam com esses cri-térios nos diversos setores da cadeia produtivada construção, cujo elo inicial, ou ponto departida, é o projeto (arquitetônico e de enge-nharia), responsável por definir a edificaçãoem suas características fundamentais (forma/desenho, sistema construtivo, subsistemascomponentes etc.). Esse movimento deveráinduzir uma evolução tecnológica com benefí-cios para as empresas e para a sociedade.

O Sinaenco acompanha a implantação daNBR 15.575 desde o início, quando sua dis-cussão e repercussão foram introduzidas noâmbito do Programa Brasileiro de Qualidadee Produtividade no Hábitat (PBQP-H). Comassento no Comitê Nacional de Desenvol-vimento Tecnológico da Habitação (Ctech), oSinaenco participa, opina e contribui para acriação e implantação desse importante ins-trumento de aprimoramento da qualidade naconstrução de empreendimentos habitacio-nais.

Os impactos da Norma de Desempenho nosetor da arquitetura e engenharia consultiva

Autoria: GT Norma de DesempenhoCoordenação e Relatoria: Ricardo Hunziker

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Com representação nacional, o Sinaencocongrega, como sindicato patronal, as empre-sas de arquitetura e de consultoria de enge-nharia, que realizam estudos, projetos, ge-renciamento e controle tecnológico. Cons-titui-se assim importante ator no âmbito dacadeia produtiva da habitação e imprescindívelparceiro para os demais integrantes, na reper-cussão da NBR 15.575 e na avaliação de seusimpactos, a fim de contribuir não apenas naadesão a esse referencial, mas principalmenteno aprimoramento da construção habitacionalcomo atividade primordial na formação do há-bitat. Vale ressaltar, ainda, que a aderênciado setor de arquitetura e de engenhariaconsultiva (A&EC) à Norma de Desempenhonão se processa sem algum grau de apreensãoe cautela.

Se por um lado é certo que essa normairá demandar capacitação maior, com o con-sequente acréscimo de valor, a atribuição deresponsabilidade pelo desempenho representaum incremento de risco que necessariamentedeve ser reconhecido, inicialmente pelo própriosetor de A&EC, mas também pelo contratante,pelas autoridades, pelos demais atores, pelousuário final e pela sociedade.

Nesse ambiente de estímulo ao conhe-cimento e ao desenvolvimento tecnológico,associado à atribuição de responsabilidademais bem caracterizada e evidente, em abrilde 2014 o Sinaenco criou o GT Norma de De-sempenho. Ficava clara a necessidade de umfórum que pudesse repercutir a NBR 15.575entre as empresas filiadas e associadas aosindicato, realizar uma análise crítica dessereferencial, para efetuar uma avaliação de seuimpacto sobre o setor e propor recomendaçõespara uma devida e consequente aderência.

Durante esse um ano de atividade, o GTrealizou 16 reuniões, que propiciaram amplaanálise e discussão, e também estabeleceu eestimulou a interação com associações de em-presas de arquitetura e de engenharia consul-

tiva. Além disso, integrantes do grupo, porintermédio de sua participação em outros fó-runs, enriqueceram os debates, trazendo a ex-periência de outros setores e contribuindo paraa evolução de toda a cadeia de produção deedificações habitacionais.

Neste momento, o Grupo de Trabalho con-siderou que já havia acumulado material sufi-ciente para uma demandada divulgação do Re-latório Geral, consequente às reflexões e con-tribuições geradas por esse fórum a partir daanálise da NBR 15.575.

2. IMPACTOS SOBRE O SETOR DE A&EC2.1. Aspectos Jurídicos

A realização de um empreendimento ha-bitacional requer a contribuição de váriosagentes, que se relacionam, transferindo infor-mações, bens e serviços. Não raramente taistransferências envolvem mais de uma organi-zação como, por exemplo, empreendedor(construtora e/ou incorporadora), fornece-dores de bens e serviços, usuário, autoridadepública e concessionárias de serviços públicos.

É razoável esperar que, em sistemas com-plexos como esse, em que vários processosconcorrem para a produção da edificação, hajauma caracterização bem definida e preesta-belecida, para os respectivos produtos – proje-tos de arquitetura e de engenharia, sistemaconstrutivo, subsistemas hidrossanitários, devedação (paredes, janelas, portas, reves-timento e pintura), de transporte vertical (ele-vadores), de cobertura etc., que resultam des-ses processos.

Na medida em que a atividade de produçãose desdobra em especialidades, em busca deeficiência e congregando competências, é re-querido um protocolo de interação para os atores.

O termo “protocolo”, tão frequente hojeno âmbito da informática, sem o qual não seestabelece a comunicação entre os sistemas,

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também serve para definir as regras de rela-cionamento entre as organizações interve-nientes.

Desde a antiguidade, a sociedade elaborae aprimora protocolos que regem os relaciona-mentos interpessoais, interempresariais e in-ternacionais. Tais interações são regidas porcontratos e leis que servem como referenciaispara a validação da conformidade do forneci-mento. Em contrapartida, servem tambémpara análise e julgamento de demandas quecontestem essa conformidade com o ajustecelebrado.

A atribuição de responsabilidade é ine-rente ao relacionamento social e, na maioriados casos, é caracterizada em leis, normas einstruções emanadas de autoridades compe-tentes. Da mesma forma, estabelecem-sepenalidades e sanções correspondentes ao nãocumprimento do prescrito por esses instru-mentos de ordenação da sociedade.

Assim é que, nesse contexto regulatório,desenvolveu-se e vem evoluindo a relação en-tre as organizações e, especificamente, entreos agentes que se relacionam no ambiente deprodução da habitação.

Surge então nesse cenário um novo refe-rencial que altera o paradigma de concepçãoe realização desse tipo de edificação. Desde19 de julho de 2013 entra em vigência a NBR15.575 Edificações habitacionais – Desem-penho.

Com seu advento, é ressaltada a exigên-cia de conformidade com os requisitos de de-sempenho dos sistemas e ampliam-se os ho-rizontes de tempo para a abrangência de res-ponsabilidade, que não mais se restringe aoprazo de garantia contratual e legal. O hori-zonte contempla o período de Vida Útil de Pro-jeto (VUP) e traz para o conjunto de interve-nientes o usuário, com direitos, mas tambémcom responsabilidade.

Além de trazer uma nova visão, um novohorizonte e um ator adicional, a norma expli-

cita a incumbência dos intervenientes: Forne-cedor de insumo, material, componentes e/ou sistemas; Projetista; Construtor e incor-porador; Usuário. (veja capítulo 5 da ABNTNBR 15574-1: 2013)

Nesse contexto de explicitação de res-ponsabilidade, associada à VUP e à designaçãodo usuário como agente interveniente, é com-preensível o surgimento de certa apreensãoenvolvendo a cadeia produtiva da construçãoe, mais especificamente, o setor de arquiteturae engenharia consultiva.

Vivemos um novo momento em que, apartir de uma norma técnica, contratante efornecedor terão de validar a conformidadedo produto com os requisitos de desempenho.

O usuário passará a exigir da habitaçãouma funcionalidade definida e explicitada emprojeto, mas em contrapartida terá de obser-var as instruções de uso, operação e manu-tenção, apresentadas em manual.

A sociedade precisará estabelecer novasregras para administrar os conflitos e julgaras demandas por reparação de danos, que cer-tamente surgirão.

No entanto, esperamos que, rapidamente,a turbulência e a instabilidade iniciais deemlugar a um ambiente de estabilidade e segu-rança jurídica, em que se obtenha um aumentosignificativo de qualidade da habitação e aconsequente valorização dos processos quedeterminaram tal evolução.

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Não obstante isso, as Normas Técnicasemanadas por entidades ou órgãosreguladores reconhecidos são deinquestionável relevância para asrelações jurídicas sociais, poisestabelecem diretrizes, técnicas epadrões de qualidade que devem serrespeitados pelos diversos segmentosna indústria e prestadores de serviços.(Veja Anexo VII Aspectos Jurídicos)

2.2. Visão sistêmica:

Uma abordagem inicial da NBR 15.575 jáidentifica o tratamento sistêmico que o docu-mento confere à edificação habitacional:

Nessa visão importa menos os atributosintrínsecos dos materiais e componentes doque o efeito que cada elemento irá compor no

desempenho da edificação para o seu usuário.Esse enfoque, no entanto, não elimina, masaté ressalta e evidencia o atendimento às nor-mas prescritivas elaboradas no âmbito da As-sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)com relação à edificação habitacional.

Porém, a observância das normas pres-critivas, apesar de exigida e necessária, nãoé suficiente para o atendimento aos requisitosde desempenho, sejam eles mínimos (M),intermediários (I) ou superiores (S), conformeas exigências dos chamados atributos primor-diais, abaixo:

Atributos primordiais

Segurança

Habitabilidade

Sustentabilidade

Os atributos primordiais são obtidos pormeio de uma estrutura de requisitos quepermeiam a edificação como um todo e cadaum dos subsistemas que a compõem. O aten-dimento a tais requisitos é verificado por meiode indicadores que permitirão a comparaçãodos resultados obtidos com aqueles definidosno projeto, a partir dos níveis de desempenhorequeridos pelo empreendedor: Mínimo,Intermediário ou Superior.

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Esse desdobramento da edificação habi-tacional, na abordagem que a NBR 15.575apresenta os vários requisitos, resulta nas seispartes que a integram:

Parte 1: Requisitos Gerais;

Parte 2: Requisitos para ossistemas estruturais;

Parte 3: Requisitos para ossistemas de pisos;

Parte 4: Requisitos paraos sistemas de vedações internase externas – SVVIE;

Parte 5: Requisitos para ossistemas de coberturas;

Parte 6: Requisitos paraos sistemas hidrossanitários.

Dessa abordagem decorre, então, que oatendimento aos requisitos ocorrerá pela açãode diversos atores que concorrem para a rea-lização de cada um dos subsistemas e, no con-junto destes subsistemas, para o desempe-nho da edificação.

Os fornecimentos devem ser vistos comopartes de processos, cujos elementos de en-trada – os produtos/matérias-primas – devematender às especificações, e a transformaçãodeverá observar diretriz e normas para que oproduto final, a edificação, saia conforme odesejado.

Cada processo tem um responsável e seinsere numa cadeia de processos que se suce-dem para produzir um determinado subsis-tema que, por sua vez, irá compor a edificaçãohabitacional.

Nesse contexto, a conformidade de umproduto, por exemplo, um projeto estrutural,não poderá ser validado no seu recebimento.Segundo a NBR 15.575, os requisitos de se-gurança, habitabilidade e sustentabilidade so-mente serão validados por meio do desem-penho verificado nos sistemas que resultaram

daquele produto e de outros tantos, prove-nientes de outros processos.

Assim, na medida em que o produto nãopode ser validado no recebimento, sua eficáciadependerá da conformidade de outros produ-tos, realizados em processos que lhe são sub-sequentes e que em grande parte estão fora deseu controle.

Então, não basta o meu produto estarconforme, mas toda a cadeia deverá ser eficazpara que o requisito de desempenho sejaalcançado naquele sistema.

“O entendimento é de que a NBR 15575define claramente os agentes eresponsabilidades no atendimento aoconjuntos de Normas pertinentes àconstrução civil”.“Cabe aos arquitetos e projetistas umimportante papel de codificar (pormeio da documentação de projetos)junto aos construtores e fornecedoresas expectatativas de desempenhopretendidas pelos incorporadores econtratadas por seus clientes”.(Veja Anexo I - Projeto Arquitetônico)

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2.3. Gestão

A abordagem sistêmica da norma, aoreferenciar o desempenho, requer necessaria-mente o trabalho de gestão. Gestão de projeto,de fornecimento, de construção e, ainda, de uso,operação e manutenção.

“As soluções técnicas desenvolvidaspelos projetistas das diferentesespecialidades devem ser compatíveisentre si, devem atender àsnecessidades e níveis de desempenhodefinidos pelo incorporador e devemser executáveis dentro do orçamentodisponível para o empreendimento”.“Neste cenário, ganha força a figurado Gerenciamento”.(veja Anexo V - Gerenciamento)

A norma brasileira NBR ISO 10006 –Sistemas de gestão da qualidade – Dire-trizes para a gestão da qualidade em em-preendimentos define que a gestão do em-preendimento inclui “planejamento, organi-zação, monitoramento, controle e relato detodos os aspectos de um empreendimento ea motivação de todos os envolvidos no alcancedos objetivos do empreendimento”.

A adesão à Norma de Desempenho de-mandará ações gerenciais, que ocorrem emtrês dimensões: interprocessos, intraproces-sos e nas diversas fases do empreendimento.

Enquanto as fases acompanham a evo-lução do empreendimento, os processos sãorealizados em cadeia, na qual o produto deum será entrada para outro, muitas vezesperpassando as fases e evoluindo à medidaque o empreendimento se materializa. Paraexemplificar: o projeto de arquitetura é oproduto final elaborado pelo escritório dearquitetura, mas ele é, para a construtora, o

“O controle tecnológico é fundamentalpara a avaliação de desempenho deuma edificação. Por meio deste, pode-se confirmar se a edificação apresenta(ou não) as características indicadas noprojeto, além de se identificar e secorrigir eventuais problemas de nãoconformidade”.(Veja Anexo IV - Controle Tecnológico)

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Podemos considerar, em síntese, que ogerenciamento do empreendimento de edifi-cação habitacional deverá realizar a gestãodos processos apresentados na mencionadanorma NBR ISO 10.006. Esses processos sãorelativos a:

Recursos;

Pessoas;

Interdependência;

Escopo;

Prazo;

Custo;

Comunicação;

Risco;

Aquisições;

Melhoria.

produto inicial da edificação que ela irá cons-truir. Há que se cuidar ainda da gestão dasatividades que ocorrem internamente aos pro-cessos. Podemos imaginar um ciclo de Demingocorrendo em cada uma dessas dimensões:

Além dos processos acima descritos e rea-lizados no domínio da organização do empre-endimento, é preciso mencionar o Processo Es-tratégico, do qual sairão diretrizes que nor-tearão os demais processos.

A abordagem sistêmica conferida pelaNBR 15.575 à edificação habitacional resulta,por consequência, na gestão de processos combase em conhecimento e ferramentas adequadas.

2.4. Capacitação

A Norma de Desempenho não revoga nemaltera as normas prescritivas já existentes,mas, ao contrário, busca evidenciar a sua exi-gibilidade e seus requisitos adicionam signi-ficativo diferencial à atividade de construir edi-ficações habitacionais.

Requisitos de segurança, habitabilidadee sustentabilidade terão seus atendimentosverificados por indicadores e índices. A normaestabelece ainda procedimentos e condiçõespara a realização dessas verificações de de-sempenho.

A conformidade não é verificada apenasem relação aos materiais e componentes, maspor meio do desempenho dos sistemas com-ponentes da edificação e da habitação comoum todo. Assim, não basta que a janela sejafabricada de acordo com as exigências danorma específica da ABNT, mas é preciso quetodo o sistema de vedação, composto pelaparede e seus outros elementos constitutivos(blocos, argamassa, cerâmica ou tinta de re-vestimento, por exemplo) apresentem o de-sempenho requerido para aquele nível (Míni-mo, Intermediário ou Superior) definido emprojeto, em relação à segurança, ao confortotérmico e acústico, à resistência contra o fogo,por exemplo.

Nesse contexto é exigida do profissionalde projeto a capacidade de identificar quaisatributos do objeto projetado serão prepon-

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Especificações e instruções de construção,montagem e instalação mais abrangentes irãodemandar profissionais mais bem preparadospara realizar as atividades de fiscalização econtrole tecnológico. Adicionalmente ao con-trole regular, a NBR 15.575 impõe uma aferi-ção do cumprimento dos requisitos de desem-penho. Serão demandados ensaios e respecti-vos registros em locais e fases diversas,dependendo do objeto a ser verificado.

Portanto, será por intermédio do conheci-mento que o profissional de projeto, arquitetoou engenheiro, especificará materiais, compo-nentes e sistemas e, ainda, procedimentos deconstrução, instalação e montagem que resul-tem no atendimento dos requisitos de desem-penho.

No entanto, se o conhecimento técnicoespecializado é imprescindível para o estabe-lecimento da relação de causa e efeito, tal atri-buto não é suficiente para a observância àNBR 15.575.

É necessário que a capacitação técnicaseja complementada por uma infraestruturaque propicie o pleno exercício daquele atributo.Há que se prover espaço físico, equipamentos,softwares e demais recursos exigidos para queo conhecimento possa se manifestar e permitirque os processos resultem em produtos ade-quados.

Além disso, a Norma de Desempenho, porconta de sua visão sistêmica, requer uma caracte-rização mais cuidadosa dos processos, comescopo, produto e responsável bem definidos.Em contrapartida, cada interveniente na ca-deia produtiva deverá produzir os registroscorrespondentes ao atendimento dos requisi-tos, nas etapas significativas dos processosno seu domínio de atuação.

Como podemos observar, o atendimentoà norma deverá impactar, em maior ou menor

“... Este fato (a NBR 15575) demandados escritórios de projeto um esforçotécnico e financeiro, em capacitação etreinamento de profissionais qualificadose experientes, para implantar sistemasde gestão capazes de rapidamentemultiplicar procedimentos que garantamo atendimento à Norma de Desempenho”.(Veja Anexo I - Projeto de Arquitetura)

“Para que os sistemas hidrossanitáriosatinjam a vida útil de projeto (VUP),preconizada na norma de desempenho(maior ou igual a 20 anos), énecessário que sejam respeitados todosos critérios e especificações do projeto,bem como a operação e instalaçãocorreta dos equipamentos e do sistemahidrossanitário e a suamanutenibilidade”.(Veja Anexo III - Projeto Hidrossanitário)

derantes no condicionamento do desempenhodo sistema que o mesmo irá integrar. Porexemplo, a capacidade de reflexão da tintade revestimento externo irá influenciar o com-portamento térmico do sistema de vedaçãovertical externo.

Analogamente, é importante que o proje-tista detenha conhecimentos que permitamavaliar a suficiência dos dados de entrada, paraavaliar possíveis condições adversas ou não-usuais que o seu projeto deverá considerarpara preservar o desempenho esperado. Porexemplo, ventos fortes, fontes de ruído no en-torno, edificações na vizinhança etc., exigirãotratamento adequado de projeto para propor-cionar o desempenho acústico prescrito pelanorma para aquela localização específica doedifício.

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“O que se deve ter em mente,entretanto, é que o partícipe dasdiversas etapas da construção civilhabitacional deverá estar atento aoônus da prova e, desta forma, sugere-se a adoção de medidas preventivaspara a hipótese de ser chamado ademandar em juízo”. (Veja Anexo VII -Aspectos Jurídicos)

Fica evidente a necessidade de maiorformalismo nos vínculos e nos relacionamentosentre os atores intervenientes. No entanto,podemos afirmar que os investimentos neces-sários ao atendimento à NBR 15.575 e, alémdisso, o aumento do risco e da responsa-bilidade colocam o setor de arquitetura e en-genharia consultiva em novo contexto dentroda cadeia produtiva.

Será do produto dos escritórios de arqui-tetura e de engenharia consultiva que emana-rão as especificações e os procedimentos quepoderão, se corretamente seguidos nas etapasda construção, fazer com que o empreendi-mento habitacional atenda ao desempenho re-querido. E será por meio do controle tecnoló-gico que os requisitos serão verificados e aconformidade atestada.

grau, os escritórios de arquitetura e de enge-nharia consultiva. Seja pela necessidade deinvestimentos em capacitação técnica ou ad-ministrativa, seja pela adequação dos recursosfísicos.

2.5. Riscos e valor

Uma característica da NBR 15.575 é adefinição das incumbências relativas a cadainterveniente da cadeia produtiva da cons-trução habitacional. Os fornecimentos de bense serviços se realizam por meio de processose cada processo tem um responsável que devegerar um produto conforme os requisitos exi-gidos.

Outro aspecto a ser observado é a amplia-ção da responsabilidade para além do prazousual de garantia, que é de cinco anos.

O estabelecimento da Vida Útil de Projeto(VUP) trouxe uma ampliação do horizonte emque as funcionalidades da habitação devemser preservadas. Assim, cada sistema passaa ter um prazo de preservação de desempe-nho, de acordo com o grau da edificação, de-finido em projeto – Mínimo, Intermediário eSuperior –, se obedecidas as condições pres-critas de uso, operação e manutenção.

O primeiro responsável perante o cliente/usuário será o agente que realizou a alienação,seja o incorporador, construtor ou empreen-dedor. Mas, toda a cadeia de fornecedores quecontribuiu na realização da habitação tem res-ponsabilidade solidária, nos limites de seu for-necimento ou naquilo que dele puder resultar.

Responsabilidade Atribuída+

Mitigação do Risco

Valor

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3. RECOMENDAÇÕES GERAIS

A reflexão relativa à ABNT NBR 15.575:2013, promovida pelo Grupo de Trabalho,reuniu a colaboração proveniente de asso-ciações que tiveram representantes integrandoesse fórum criado e patrocinado pelo Sinaenco.

Além dessas associações, que congregamempresas do setor de arquitetura e engenhariaconsultiva, o Grupo de Trabalho convidou tam-bém um escritório de advocacia para participardas reuniões de discussão sobre o tema. Taliniciativa foi motivada pela preocupação de-monstrada com o possível aumento de de-mandas judiciais diante dos referenciais dedesempenho e que, ao final, mostrou-se muitointeressante. Nãosó pela abordagemjurídica a respeitoda norma, mas tam-bém pelas mani-festações muito per-tinentes que pude-mos compartilhar,oriundas de uma ló-gica diversa da-quela utilizada emnosso meio da ar-quitetura e da en-genharia consultiva.

Há que se ressaltar ainda o produto dareflexão acerca da relevância do gerenciamen-to como disciplina indispensável para a con-formidade do desempenho do produto habi-tação, mas também que a sua realização pre-cisa ocorrer de forma eficiente e com mitigaçãodos riscos. Tal colaboração adveio da Vice-pre-sidência de Engenharia do Sinaenco-SP.

Assim, recomendamos fortemente quesejam consultados os textos específicos apre-sentados nos anexos e que refletem o pensa-mento produzido no âmbito de cada entidademencionada e fornecida em colaboração parauma reflexão ampla, que possa motivar o setor

de A&EC e toda a cadeia produtiva.Tornou-se evidente, ao longo desse per-

curso de reuniões e debates, que a Norma deDesempenho não encontra o mercado prepa-rado e pronto para praticá-la. Então, a normaterá importante papel indutor do aprimora-mento dos agentes produtores da habitação,que deverão evoluir em seus processos e produtos.

Por outro lado, mas não menos importan-te, a própria NBR 15.575 precisa ser sub-metida à análise crítica, para que tambémpossa evoluir e ser abraçada por todos os en-volvidos como importante ferramenta na me-lhoria da edificação habitacional.

“Tornou-se evidente, ao longodesse percurso de reuniões e

debates, que a Norma deDesempenho não encontra omercado preparado e pronto

para praticá-la. Então, a normaterá importante papel indutor do

aprimoramento dos agentesprodutores da habitação, que

deverão evoluir em seusprocessos e produtos.”

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Ministério das Cidades, por intermédioda Secretaria Nacional da Habitação (SNH), éo responsável pela implantação da política ha-bitacional do governo federal, na qual está in-cluído o Programa Minha Casa Minha Vida(PMCMV), destinado às famílias de baixa renda.

O Programa Brasileiro de Qualidade e Pro-dutividade do Hábitat (PBQP-H) tem porobjetivo organizar o setor da construção civilno que tange à melhoria da qualidade do há-bitat e à modernização produtiva. Além dogoverno federal, fazem parte do programa di-versas entidades, que representam segmentosda cadeia produtiva: construtores, projetistas,fornecedores, fabricantes de materiais e com-ponentes, comunidade acadêmica e entidadesde normatização.

O Comitê Nacional de DesenvolvimentoTecnológico da Habitação (Ctech), dentro daestrutura do PBQP-H, é o fórum no qual asentidades da cadeia produtiva da construçãocivil se reúnem com o governo, inclusive agen-tes financeiros, para implantar novos proces-sos da construção habitacional, como agoraacontece com a Norma de Desempenho.

A vigência desse referencial, em que peseo longo tempo de sua maturação, provocou anecessidade de reflexão acerca dos impactossobre o setor da arquitetura e da engenhariaconsultiva. O Sinaenco então, a partir dessapercepção, houve por bem formar o GT Normade Desempenho envolvendo os segmentos degerenciamento, de elaboração de projetos ede controle tecnológico, e contemplando em-preendimentos habitacionais em geral (Habi-tação de Interesse Social ou não).

Assim, este documento representa a per-cepção das diversas especialidades quecompõem a realização de projetos de edifica-ções, por intermédio das suas associações se-toriais, quanto aos impactos da Norma deDesempenho no processo tradicional de de-

senvolvimento dos projetos. Não deixa tam-bém de ser a visão do setor de arquitetura eengenharia consultiva como parte da cadeiaprodutiva da construção.

Importante mencionar que todas as de-mais entidades que compõem a cadeia pro-dutiva, especialmente fornecedores e fabri-cantes de materiais e componentes, estão se-guindo o mesmo processo evolutivo, de formaa poder melhor atender às novas exigênciasda norma. Como resultado, o setor de projetosterá de se adequar continuamente às novasexigências contratuais, à especificação de no-vos materiais e componentes, à coordenaçãomais estrita das especialidades envolvidas, eà preocupação com o atendimento às defini-ções do projeto nas fases seguintes do empre-endimento etc., como está abordado nos itensanteriores e anexos do presente documento.

Em resumo, o impacto dessa norma é tãoimportante que toda a cadeia da construçãohabitacional terá de se adaptar para poderatender aos requisitos de desempenho dasedificações, cada qual ao seu modo, mas comconsequências para os demais participantes.

O GT Norma de Desempenho deveráacompanhar esse processo evolutivo e o Si-naenco, por meio da sua participação no Ctech,fará a ponte com as demais entidades dacadeia produtiva, buscando analisar e divulgaras inovações trazidas para esse fórum, e queinteressam ao setor de A&EC.

Autor: Orlando Botelho

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Autor: Arq. Edison Borges

Manifestação da AsBEA sobre o impacto daNBR 15575 na Arquitetura

Anexo I

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A.1. Avaliação do contexto atual dosetor de A&EC e dos demaiscomponentes da cadeia produtiva parao atendimento à NR 15575.

A.1.1. Capacitação técnica,gerencial e financeira

A área de projeto de arquitetura atua emuma moldura legal bastante rígida no tocanteà legislação urbanística e edilícia, entre ou-tras.

Além do atendimento às normas urbanís-ticas, tais como coeficientes de ocupação,aproveitamento, permeabilidade e atendi-mento a regramentos referentes a gabarito,iluminação e ventilação, somos habituadosainda a atender a normativas mais específicas,como as emanadas pelo Corpo de Bombeiros,Ministério do Trabalho, Anvisa, Vigilância Sani-tária e Patrimônio Histórico, além das normasinternas dos clientes.

Entretanto, o setor não tem, em geral, acultura das normas técnicas oficiais. Algumasnormas que, por força de lei, se tornarammandatórias, como a NBR 9050, começam aser observadas com maior zelo e atenção.

O surgimento da NBR 15.575 obriga osetor a rapidamente absorver e passar aobservar, praticamente em sua totalidade, asNBR’s ligadas à construção civil, ainda querestritas às edificações residenciais.

Este fato demanda dos escritórios deprojeto esforço técnico e financeiro de capa-citação e treinamento de profissionais quali-ficados e experientes para implantar sistemasde gestão, capazes de rapidamente multiplicarprocedimentos que garantam o atendimentoà Norma de Desempenho.

Nota-se um grande interesse sobre otema e uma busca por informações que aindanão resultaram em uma efetiva mudança nosprocedimentos do setor como um todo, masem iniciativas isoladas.

A.1.2. Interação harmônica com osdemais componentes da cadeiaprodutiva, clientes e fornecedores

O entendimento é de que a 15.575 defineclaramente os agentes e responsabilidades noatendimento ao conjunto de normas perti-nentes à construção civil.

Cabe aos arquitetos e projetistas umimportante papel de codificar (por meio dadocumentação de projetos), juntamente comos construtores e fornecedores, as expecta-tivas de desempenho pretendidas pelos in-corporadores e contratadas por seus clientes.

A.1.3. Dificuldades de atendimento aosrequisitos da norma (caro, inadequado,falta de equipamento etc.)

Entendemos que a maior dificuldade seobserva no atendimento ao desempenho desistemas que dependem exclusivamente deensaios para comprovação de conformidade.

Tendo-se em vista que a norma se aplicaa todas as edificações residenciais, torna-seirreal imaginar ensaios no número e abran-gência requeridos para a execução de umaresidência unifamiliar.

Ressalte-se que esta tipologia respondepela prestação de serviços de significativamaioria de escritórios de projeto de arquite-tura, compostos por reduzida equipe e, portan-to, com limitada capacidade técnica e financeirapara se adequarem a esta nova realidade.

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A.1.4. Riscos e oportunidades.Os riscos imediatos que observamos são

de um crescimento das demandas judiciais narelação com o cliente, seja ele consumidor finalou incorporador. Em um segundo momento,entendemos que este movimento inicial deveacarretar:

Crescimento na procura porqualificação;

Redução do número de escritórios, pornão conseguirem se adaptar às novasexigências, por fusões ou porencerramento das atividades.

Melhor qualificação dos escritóriosremanescentes.

Busca de proteção por meio de seguros.

B. RecomendaçõesNa etapa de estudos preliminares:Definição junto com o cliente dasexpectativas de desempenho (M, I, S) paracada requisito:

Atendimento a requisitos de segurança;

Definição das zonas climáticas devento e registro desta premissa nadocumentação de projeto.

Garantir o adequado levantamentodas informações e premissasnecessárias para o corretodesenvolvimento do projeto eregistro destas informações.

Atendimento a requisitos dehabitabilidade

Definição das zonas climáticas eregistro desta premissa nadocumentação de projeto.

Observação nas decisões projetuaisdos referidos requisitos.

Atendimento a requisitos desustentabilidade

Definição das VUPs de cada sistema,alinhadas com as expectativas dedesempenho, e registro destapremissa na documentação deprojeto.

Na etapa de projetos executivos e durante arealização da edificação:O projeto passa a ser documento decontrato, mais do que documentação deexecução. O projeto é o único elo entre odesempenho desejado pelo cliente e odesempenho a ser obtido pela edificação.

Atendimento a requisitos de segurança

Detalhamento e especificação demateriais e procedimentos claros queatendam aos critérios definidos epermitam a aquisição e execuçãoconforme prescritos.

Solicitação de ensaios para liberaçãoda execução de sistemas onde oatendimento dependa dessesensaios.

Compilação dos requisitos demanutenção demandados pelossistemas e que deverão integrar oManual do Usuário para garantir asegurança da edificação.

Atendimento a requisitos dehabitabilidade

Desenvolvimento de simulaçõescomputacionais para definição demateriais e sistemas que, aliados aensaios de campo, possam garantir oatendimento aos critérios desejados.

Compilação dos requisitos demanutenção demandados pelossistemas, que deverão integrar o Manualdo Usuário para garantir a habitabilidade,conforme definido pelo cliente.

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Atendimento a requisitos desustentabilidade

Seleção e especificação de sistemas ecomponentes que atendam àsnormas correlatas e aos requisitos desustentabilidade.

Compilação dos requisitos demanutenção demandados pelossistemas, bem como das condiçõesde substituição e descarte quedeverão integrar o Manual doUsuário.

Na etapa de comissionamento e entrega aousuário:

Garantir o correto entendimento dosprocedimentos e periodicidade damanutenção dos sistemas.

Atendimento a requisitos de segurança

Garantir o correto entendimento daspremissas de projeto e dos limites deoperação dos sistemas.

Atendimento a requisitos dehabitabilidade

Esclarecer as premissas de projeto edas expectativas de desempenhoesperadas, uma vez que estaspremissas sejam observadas.

Atendimento a requisitos desustentabilidade

Explicar a Vida Útil de Projetoesperada para os diversos sistemas eos procedimentos para substituiçãoe/ou descarte de componentes

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Anexo II

Manifestação da Abece sobre o impactoda NBR 15575 na Estrutura

Autor: Eng. Marcelo Rozenberg

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Estágio atual das normasestruturais brasileirase o desempenho das estruturas

A garantia do desempenho das estruturasquanto à segurança e estabilidade é uma daspreocupações mais antigas da sociedade e daindústria da construção, já tratada, porexemplo, no código de Hamurabi (~1700 aC).

A observância das atuais normas técnicasbrasileiras de estruturas, atualizadas e com-patíveis com as principais normas interna-cionais, tem sido suficiente para atender àsexpectativas de estabilidade, segurança edurabilidade das edificações. Isto, desde que

sejam adotadas providências complemen-tares, externas ao escopo do projeto, taiscomo controles de qualidade na disponi-bilização e preparo de componentes estru-turais e na manutenção adequada e tempes-tiva da estrutura.

Assim sendo, até o momento não foramidentificados na NBR 15.575 fatores que, porsi só, exijam maiores ajustes nos proce-dimentos ou normas brasileiras de projeto nosetor da engenharia estrutural, para a garantiado desempenho das estruturas.

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Anexo III

Manifestação da Abrasip sobre o impactoda NBR 15575 nas Instalações Prediais

Autor: Eng. Sérgio Kater

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Esta Recomendação Técnica (RT) apre-senta os aspectos mais importantes a seremconsiderados para o atendimento às recomen-dações da Norma de Desempenho (NBR15.575-2013 Edificações Habitacionais – De-sempenho 2013), no que se refere aos requisi-tos mínimos para aplicação da mesma.

Norma Brasileira ABNT - NBR 15575-6“Edificações habitacionais – Desempenho”Parte 6: Requisitos para os sistemashidrossanitários

A. Considerações geraisA Abrasip sabe da capital importância da

Norma de Desempenho, para o comportamen-to da edificação em uso, sua manutenibilidadee conforto e, assim, lança esta RT para pa-dronizar os requisitos e suas soluções aos seusassociados. A norma possui várias partes. Des-tacamos, porém, os requisitos que afetam maisa nossa área de atuação, ou seja, a “Parte 6:Requisitos para os sistemas hidrossanitários”.

A Norma de Desempenho, em sua Parte6, trata da responsabilidade do projeto hi-drossanitário quanto às especificações técnicasdos materiais, níveis de ruídos de equipa-mentos, resistência mecânica dos sistemashidrossanitários e das instalações, e suamanutenibilidade.

Recomendamos que o documento e/ou da-ta, que determina o ponto de partida do projetoe tem a finalidade de definir se este será abran-gido pela Norma de Desempenho, seja a ART(Anotação de Responsabilidade Técnica).

De acordo com a Norma de Desempenho,o projeto hidrossanitário passa a ser utilizadocomo método de avaliação dos critérios a se-rem adotados pela NBR 15575. Portanto, reco-mendamos ao associado, que o seu projeto/memorial descritivo se cerque de todos os cui-dados necessários ao atendimento a essanorma.

B. RecomendaçõesA partir dessas considerações, a Abrasip

recomenda que o associado tenha descrito emseu memorial /projeto alguns textos eprocedimentos que julgamos necessários:

4.1. Parte 1 da Norma deDesempenho - Requisitos Gerais:

Itens 1 a 12 - Em geral, para estesitens, recomendamos ao associadoque os leia e tenha o seu próprioentendimento a respeito. Algunsitens pertinentes à nossa área serãotratados na Parte 6 – Requisitos paraos Sistemas Hidrossanitários.

Item 13 – Desempenho Lumínico

13.3. Requisito – IluminaçãoArtificialApesar de o projeto de instalaçõeselétricas se referir apenas àalimentação dos circuitos dealimentação da iluminação,recomendamos que o associadocite em seu projeto, de algumaforma, os níveis de iluminamentogeral para iluminação artificial,conforme tabela E6, página 30.Isto porque há a descrição deambientes nessa tabela, pela qualdefinimos as luminárias e os níveisde iluminamento (ver tambémtabela E6 página 64 – Parte 6).

Item 14 – Durabilidade emanutenibilidadeO projeto de instalaçõeshidrossanitárias foi desenvolvidoatendendo à norma ABNT 15.575, àvida útil de projeto (VUP) e aodesempenho dos sistemas, conformetabela abaixo:

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Sistema

Estrutura

Pisos internos

Vedação vertical externa

Vedação vertical interna

Cobertura

Hidrossanitário

VUP mínima em anos

50 Conforme ABNT NBR 8681

13

40

20

20

20

Considerando periodicidade e processos de manutençãosegundo a ABNT NBR 5674 e especificado no respectivoManual de Uso, Operação e Manutenção, entregue aousuário e elaborado em atendimento à ABNT NBR 14037.

Recomendamos aos associados a coloca-ção de notas gerais no projeto com os seguin-tes textos:

Nota 1: Para que os sistemashidrossanitários atinjam a vida útil deprojeto (VUP), preconizada na Norma deDesempenho ( ou = a 20 anos), énecessário que sejam respeitados todosos critérios e especificações do projeto,bem como a operação e a instalaçãocorreta dos equipamentos e do sistemahidrossanitário e sua manutenibilidade.

Nota 2: O plano de manutenibilidade eoperação do sistema hidrossanitáriodeverá ser passado para o usuário finalpela construtora/incorporadora, de formaa garantir a utilização, limpeza, operação,conservação e manutenção adequadas e aatender ao período mínimo de vida útil deprojeto (VUP). Esse plano de manutençãodeverá conter os prazos de substituição emanutenções periódicas doscomponentes, produtos e equipamentosdo sistema hidrossanitário.Todas as especificações técnicas de

materiais e equipamentos deverão serdefinidas por critérios da Norma deDesempenho, não utilizando a marca dofabricante. Caso haja a necessidade deinformar a marca de algum fabricante,deve ser solicitado um certificado ouensaio, de acordo com os critérios daNorma de Desempenho. Fica a critério doassociado o fornecimento desse serviço.Os ambientes onde serão acomodadosequipamentos que necessitem demanutenção ou possam sofrer dano, eque possam exigir reparo ou substituição,devem possuir acesso com condições paratal (exemplo: caixa d´água de fibra devidro, gerador, transformador, bombas).É recomendado que o associado nãoespecifique materiais e/ou equipamentosque não atendam à Norma deDesempenho (exemplo: caixa de fibra devidro, tubos multicamadas etc).

Itens 15 à 18 e anexos A até F - Recomen-damos ao associado que os leia e tenha o seupróprio entendimento a respeito.

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4.2. Parte 2 da Norma de Desempenho- Requisitos para os sistemas estruturais

Recomendamos ao associado queleia e tenha o seu próprioentendimento; não encontramosnada que tenha impacto em nossosprojetos.

4.3. Parte 3 da Norma de Desempenho- Requisitos para os sistemas de pisos

Recomendamos ao associado que osleia e tenha o seu próprioentendimento a respeito.Descrevemos abaixo os itenspertinentes à nossa área de atuação.

Item 8.3.3 – Critério – Selagem corta-fogo nas prumadas elétricas ehidráulicas

Recomendamos ao associado a colocaçãode nota geral no projeto com o seguinte texto:

Nota 4: “Todos os shafts com aberturapara inspeção, ou paredes que não sejamcorta-fogo, deverão ser dotados deselagem corta-fogo, no piso e no teto,apresentando tempo de resistência aofogo idêntico ao requerido para o sistemade piso, levando em consideração a alturada edificação”.

Item 8.3.4 – Critério – Selagem corta-fogo de tubulações de materiaispoliméricos

“As tubulações de materiais poliméricos,com diâmetro interno superior a 40 mme que passam através do sistema depiso, devem receber proteção especialrepresentada por selagem capaz defechar o buraco deixado pelo tubo aoser consumido pelo fogo abaixo do piso.Esses selos podem ser substituídos por

prumadas enclausuradas (critério8.3.9)”

Parte 4 da Norma de Desempenho - Re-quisitos para os sistemas de vedações,verticais internas e externas - SVVIE

Recomendamos ao associado que leia etenha o seu próprio entendimento, não encon-tramos nada que tenha impacto em nossosprojetos.

Parte 5 da Norma de Desempenho - Re-quisitos para os sistemas de cobertura

Recomendamos ao associado que leia etenha o seu próprio entendimento; não encon-tramos nada que tenha impacto em nossosprojetos.

Parte 6 da Norma de Desempenho - Re-quisitos para os sistemas hidrossani-tários:

Itens 1 a 6 - Em geral para estes itens,recomendamos ao associado que leia etenha o seu próprio entendimento.

Item 7: Segurança estruturalResistência mecânica dos sistemashidrossanitários e das instalações.Para este item, recomendamos aoassociado, que estude a inserção emseu projeto de detalhes, notas etabelas, de modo a atender a este item,que será utilizado como método deavaliação.

Sugerimos algumas notas que poderãoser utilizadas nos projetos:

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Nota 5: “Instalações aparentes fixadas até1,50 m do piso devem ser protegidasmecanicamente ou ter resistência própria,de modo a atender à tabela 1 (página 18)”.

Nota 6: “As tubulações deverão serancoradas firmemente, comespaçamentos adequados, conforme otipo de cada material utilizado, de modo anão sofrer ações externas, que possamdanificá-las ou comprometer aestanqueidade ou fluxo das mesmas”.

Nota 7: “Os detalhes de ancoragemapresentados em projeto poderão sofreralterações e aperfeiçoamento em funçãode cada situação especifica, porém,sempre atendendo à Norma deDesempenho”.

Item 8: Segurança contra incêndioItem 8.3.4 – Critério – Evitarpropagação de chamas entrepavimentos.

Recomendamos ao associado que men-cione no projeto o uso de tubo não-propagantede chama.Obs.: Tubos e conexões de PVC (cloreto depolivinila) são antichama e autoextinguíveis.

Item 9: Segurança no uso e operaçãoItem 9.1 – Requisito – Risco de choqueselétricos e queimaduras em sistemas deequipamentos de aquecimento e emeletrodomésticos ou eletroeletrônicos.

Recomendamos ao associado que verifi-que o atendimento à NBR 5410, principal-mente em relação às partes de aterramento eproteção contra choques elétricos e, também,às NBRs 12050 e 14016 quanto à corrente defuga.

Item 9.2 – Requisito – Risco deexplosão, queimaduras ou intoxicaçãopor gás.

Recomendamos ao associado que sejacolocada a seguinte nota no projeto:

Nota 8: “Recomendamos que sejaverificado no projeto de arquitetura opleno atendimento à NBR 13103”.

Item 9.3 – Requisito – Permitirutilização segura aos usuários.(Não se aplica aos projetos do setor).

Item 9.4 – Requisito – Temperatura deutilização da águaConcluímos que a execução dosprojetos conforme normas de água friae quente atende a este item.

Item 10: EstanqueidadeAtender aos critérios dos testes deestanqueidade inseridos nas normas daABNT.

Item 11: Desempenho térmico(Não se aplica aos projetos do setor).

Item 12: Desempenho acústicoA norma estabelece um método demedição dos ruídos gerados porequipamentos prediais e tambémapresenta valores de níveis dedesempenho de caráter não-obrigatório. A norma também deixabem claro que grupo motor-gerador(segurança), sirenes, bombas deincêndio, ou seja, equipamentos desegurança, não podem sercontemplados neste requisito. Dequalquer modo, recomendamos aoassociado que tome certos cuidados, afim de minimizar ruídos provenientes

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de motores, com a instalação de coximde amortecimento, juntasantivibratórias, bases de concreto etc.É recomendado que o associado alerteo construtor sobre o nível de ruído queos equipamentos possam gerar(exemplo: transformadores empedestal, bombas, grupo motor-geradoretc.). Caso esses níveis atinjam valoresacima do permitido pela norma, oconstrutor deverá tomar as devidasprecauções.

Item 13: Desempenho luminotécnico(Ver item 13 – Parte 1 desta RT)

Item 14: Durabilidade emanutenibilidade(Ver item 14 – Parte 1 desta RT)

Item 15: Saúde, higiene e qualidadedo ar

Concluímos que a execução dos projetosconforme normas de água fria e quente atendea este item. Sugerimos a colocação de notaem projeto, para atender ao item 15.1.1.1:

Nota 9: “Todos os componentes dosistema de água potável deverãoassegurar a não-existência de substânciasnocivas ou a presença de metaispesados”.

Item 16: Funcionalidade eacessibilidade

Concluímos que a execução dos projetosconforme normas de água fria e quente, deesgoto e de águas pluviais atende a este item.

Item 17: Conforto tátil eantropodinâmico(Não se aplica aos projetos do setor).

Item 18: Adequação ambientalItem 18.1 -Requisito – Uso racional deágua(Não se aplica aos projetos do setor).Item 18.2 – Requisito – Contaminaçãodo solo e do lençol freático

O atendimento à norma de esgoto e àsexigências da companhia concessionáriasatisfaz este item.

Anexo A – Lista de verificação para osprojetos

Recomendamos aos associados queverifiquem se os seus projetos se enquadramno descrito no Anexo A e a aderência ao escopoda proposta/contrato com o seu cliente.

Obs.: Sugerimos mencionar claramente naproposta/contrato itens excluídos no contratode trabalho. Exemplo: plantas cotadas comaparelhos sanitários, plantas de marcação delaje, plantas de posicionamento de suportes.

Anexo B – Níveis de desempenhoRecomendamos ao associado que faça a

leitura desses níveis e tenha o seu próprioentendimento (ver item 12 – Parte 6 desta RT).

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Anexo IV

Manifestação da Abratec sobre o impactoda NBR 15575 no Controle Tecnológico

Autores: Eng. Luis Borin, Engª. HeloisaBolorino, Eng. Rogerio Perini, Engª.

Gisele Galvão e Eng. Fábio Giannini

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O objeto deste trabalho é o controletecnológico de produtos e sistemas da cons-trução civil para atendimento à ABNT NBR15575:2013.

O controle tecnológico é fundamental paraa avaliação de desempenho de uma edificação.Por meio desse controle, pode-se confirmarse a edificação apresenta as característicasindicadas no projeto, além de permitir a iden-tificação e a correção de eventuais problemasde não-conformidade. Compreende um con-junto de procedimentos de controle para todasas fases de concepção e construção de umaedificação, isto é, estudos preliminares, elabo-ração de projeto, planejamento executivo, ar-mazenamento, transporte, recebimento emontagem, entre outros.

Tem como conceito básico viabilizar meto-dologia de organização para a obtenção dasmetas e objetivos propostos. Trata-se de tarefaque requer consciência, esforço, recursos eanálise crítica, de modo a atingir o propostosatisfatoriamente. No caso em questão, temcomo foco a solução de problemas relacio-nados a produtos es-pecíficos nas fases desua fabricação, ex-pedição, montagem eentrega final.

Entende-se co-mo produtos os sis-temas ou subsiste-mas construtivos,bem como proces-sos (fabril, armaze-namento, transpor-te, montagem, entreoutros) intrínsecosaos mesmos. Os pro-dutos são, necessa-riamente, montadosou instalados em obras, diretamente pelofabricante, construtor ou por terceiros, sob asupervisão da construtora.

Subentende-se também que, no docu-mento em questão, estão contempladoscomponentes ou materiais industrializados,seriados ou não, comercializados por distribui-dores ou em revendas. Mesmo nesses casos,sob o conceito de desempenho, o compor-tamento do produto poderá depender dascondições de montagem, instalação ou apli-cação em obra. No caso da aplicação porterceiros, é importante que esta seja feita soborientação pertinente, formalizada por meiode documentação e assistência técnica.

O desempenho de um sistema cons-trutivo, assim como de qualquer outro produtoindustrializado que desempenha função deresponsabilidade, precisa ser submetido aocontrole da qualidade.

Há um grande número de variáveis queinfluenciam no desempenho de uma edifica-ção; além da rigorosa seleção dos ensaios deavaliação, é indispensável o controle tecno-lógico das etapas conforme os requisitos daedificação.

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A. Cenário da Construção Civil no âmbitodo Controle Tecnológico

Um laboratório apresentará resultadosconfiáveis se os serviços de controle tecno-lógico forem realizados por meio de umcontrole rígido de qualidade.

A maneira pela qual os laboratóriosgarantem sua capacidade, competênciatécnica e qualidade na execução dos serviçosprestados de controle é a obtenção da acre-ditação no Instituto Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro)com base na norma NBR ISO/IEC 17025. Esseslaboratórios são submetidos a auditoriastécnicas e sistêmicas periódicas, o que garantea qualidade na execução e controle de seusensaios.

O controle tecnológico promove indire-tamente a economia de custos com reparosem estruturas, devido ao maior controle dequalidade na execução das edificações eganhos na eficiência da realização dos ser-viços, por meio da obtenção do melhor desem-penho dos materiais que a constituem.

A NBR 15.575 traz ao setor de controletecnológico uma abordagem adicional aomercado que, dentre outras normas que já ofazem, trata da consolidação da aceitação deum sistema ou de parte dele, como uma abor-dagem única, por meio de ensaios de desem-penho das edificações, ou seja, análises sobreo comportamento térmico, acústico, de manu-tenabilidade e estrutural desses edifícios.

Além dos tratamentos diretos relaciona-dos aos sistemas construtivos, a norma 15.575também possibilita a atuação deste setor emtreinamentos e especializações de equipesvoltadas à execução.

B. Recomendações

Documentações e registro de controle

As empresas responsáveis pelo desen-volvimento dos sistemas devem proverprocedimentos, planilhas e/ou fichas de veri-ficação (check-lists) para serviços desen-volvidos nas etapas de elaboração de projeto,produção em fábrica ou em obra, e produtosinstalados ou aplicados. Tais planilhas devemser adaptadas a cada produto ou processo deprodução, contemplando os principais requi-sitos a serem verificados no processo de pro-dução e no produto.

Tais documentos referem-se à fabricação,instalação e aplicação do produto, ou seja,nas unidades fabris e em obras em execução.A avaliação em uso é realizada em obrasfinalizadas.

No caso de componentes ou materiaisindustrializados e disponíveis em distribui-dores/revendas, a empresa deve prover do-cumentações de controle fornecidas pelo fabri-cante do produto e/ou de terceira parte.

Os controles dos produtos devem serrealizados e registrados para todas as etapasda obra, desde a sua implantação até aentrega final do empreendimento. Esses con-troles devem ser compilados e armazenadosde acordo com as políticas da empresa e estardisponíveis sempre que solicitados.

Nota: Os documentos devem ser tecnicamenteadequados, com todas as informações recomendadaspela normalização ou instruções técnicas pertinentes(diretrizes, regulamentações, legislações etc).

Os seguintes documentos, nomínimo, devem ser providenciados:

a) Especificações técnicas do produto:contemplar as características e aspropriedades do produto-alvo;

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b) Procedimentos de produção, instalaçãoou execução;c) Projeto executivo do produto inserido noprojeto da edificação (com detalhamentodas interfaces);d) Projeto para montagem e/ou produção;e) Procedimentos de controle derecebimento de materiais e componentes:

Para materiais e componentes que sãoobjeto de controle da qualidade por ensaiosdevem estar definidos os requisitos a seremverificados para o recebimento dos produtos,bem como os ensaios, a amostragem, a fre-quência e os critérios de aceitação e de re-jeição;f) Procedimentos de armazenamento dosinsumos/produto no canteiro de obra;g) Procedimentos de controle de execução,de instalação, aplicação e montagem devemconsiderar as etapas principais e osrespectivos critérios de aceitação;h) Procedimentos contemplando as açõescorretivas e oportunidades de melhorias,definidos a partir da constatação de não-conformidades no processo de produção,no produto ou na sua aplicação/instalação;i) Manual Técnico do produto: deve conterinformações relativas à vida útil de projetoe prazos de garantia; apresentarprocedimentos de uso, operação emanutenção, incluindo periodicidade deinspeção e de manutenção, materiais aserem empregados e métodos a seremadotados para os serviços de limpeza.Também deve contemplar orientações sobreeventuais ampliações e sobre restrições deuso. O Manual Técnico deve ser concebidoem linguagem de fácil compreensão,considerando a cultura da região onde seráempregado. Essas informações tambémdevem ser consideradas no Manual de Uso,

Operação e Manutenção entregue aoproprietário.

Auditoria técnica na fábricaDeve-se verificar se os documentos su-

pracitados são efetivamente aplicados nafábrica. Além disso, deve-se checar a ocor-rência de não-conformidades relativas aoprocesso de produção e ao produto (identificarnão-conformidades, principalmente sistemá-ticas, caso existam). Deve-se considerar sesão mantidos[as]:a) as características e o aspecto do produtoavaliado;b) os procedimentos para qualificação depessoal;c) os procedimentos para controle deequipamentos de medição;d) os procedimentos para qualificação defornecedores ou se existem critérios paraaquisição de materiais que afetamdiretamente a qualidade do produto final,com especificações técnicas das matérias-primas e dos componentes utilizados;e) o recebimento de materiais ecomponentes do produto, de acordo com osprocedimentos definidos, incluindoarmazenamento;f) os ensaios de controle de materiais ecomponentes e sua periodicidade;g) o controle da qualidade do processo deprodução e sua periodicidade;h) o controle da qualidade do produto e aforma de armazenamento;i) o controle da expedição, considerandofundamentalmente a rastreabilidade.

Auditoria técnica na obraDeve-se verificar se esses documentos

são efetivamente aplicados na obra. Além dis-so, deve-se checar a ocorrência de não-confor-midades relativas ao processo de produção e

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ao produto e suas interfaces com outros ele-mentos construtivos (identificar não-conformi-dades, principalmente sistemáticas, caso exis-tam). Deve-se considerar:a) se a obra mantém os procedimentos paraqualificação de fornecedores ou se existemcritérios para aquisição de materiais queafetam diretamente a qualidade do produtofinal, com especificações técnicas dasmatérias-primas e/ou componentesutilizados (no caso de produtos elaboradosou finalizados em obra);b) se são mantidos os procedimentos paraqualificação de pessoal;c) se são mantidos procedimentos paracontrole de equipamentos de medição;d) o recebimento de materiais ecomponentes do produto e/ou do produtoacabado, de acordo com os procedimentosdefinidos;e) a forma de armazenamento de materiaise componentes do produto e/ou do produtoacabado, de acordo com os procedimentosdefinidos;f) os ensaios de controle de materiais ecomponentes e sua periodicidade (no casode produtos elaborados ou finalizados emobra);g) os projetos de execução, instalação,aplicação e montagem do produto;h) o controle da qualidade do processo deprodução e sua periodicidade (no caso deprodutos elaborados ou finalizados em obra);i) o controle da qualidade do produtoacabado (no caso de produtos elaboradosou finalizados em obra);j) o uso e a manutenção da edificação e/ouproduto (pós-ocupação).

Ensaios de controleOs ensaios de controle a serem realizados

devem constar dos procedimentos do fabri-

cante, assim como dos procedimentos deexecução da edificação. Estes também devemcontemplar a periodicidade de cada ensaio econter informações a respeito das amostras -e de seu respectivo sistema -, a serem ensaia-das ou inspecionadas.

Compilação e encaminhamento dosresultados das auditorias

Caso as não-conformidades identificadassejam relativas apenas à ausência parcial dedocumentação, esses documentos devem serprovidenciados em tempo hábil para que ossistemas de controle não sejam afetados. Casosejam observadas não-conformidades noproduto ou na produção, instalação ou execu-ção da edificação, que possam comprometera sua qualidade ou o seu desempenho, devemser realizadas auditorias técnicas extras paraverificar a correção dessas não-conformidadesna obra/fábrica.

Deve ser elaborado o Relatório de Au-ditoria Técnica, compilando os resultados decada auditoria, com as devidas conclusões eencaminhamentos. O relatório deve incluir osdados da auditoria, em obra ou em fábrica,as análises da conformidade do produto, dosistema e de seu processo de produção ouaplicação/instalação e os resultados dosensaios. A documentação analisada na referidaauditoria deve constar do anexo do relatório,que também deve conter registros fotográ-ficos.

Publicada em 19 de fevereiro de 2013,passou a ser válida em 19 de julho desse ano.Constitui conjunto de requisitos e critérios es-tabelecidos para edificações habitacionais eseus sistemas, estabelecendo referenciaisobjetivos quanto aos requisitos de qualidadetécnica e critérios de avaliação.

Compartilha responsabilidades entre osagentes envolvidos na obra e o consumidorfinal, que deverá atuar conforme o manual dousuário.

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Anexo V

Manifestação do Sinaenco sobre o impactoda NBR 15575 no Gerenciamento

Autores: Eng. Luciano Tani eEngª. Maria Amália Sá Moreira

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A. Considerações gerais:A Norma de Desempenho é o resultado

de longo trabalho para estabelecer parâme-tros, objetivos e quantitativos que podem sermedidos para que o consumidor final (mora-dor) tenha a certeza de adquirir um imóvelcom os requisitos desejados de conforto, esta-bilidade, segurança estrutural, durabilidade esegurança contra incêndio.

A grande novidade dessa norma é o con-ceito de comportamento em uso dos compo-nentes e sistemas das edificações. Para quese atinja a eficiência das edificações habitacio-nais, é necessário desenvolver e aplicar os pro-dutos para que atendam às necessidades daconstrução. Com isso, espera-se uma mudan-ça de cultura no setor de produção habita-cional.

Para cada necessidade do usuário e con-dição de exposição, a norma apresenta a se-quência de Requisitos de Desempenho, Crité-rios de Desempenho e respectivos Métodosde Avaliação.

A Câmara Brasileira da Indústria da Cons-trução (Cbic) produziu um Guia Orientativopara atendimento à Norma, organizado pordisciplinas, que tem como foco subsidiar oentendimento e decisões de fornecedores,projetistas, construtoras e usuários.

A.1. Avaliação do contexto atual dosetor de A&EC e dos demaiscomponentes da cadeia produtiva parao atendimento à NR 15575

Os processos de concepção, construçãoe manutenção envolvem toda a cadeia pro-dutiva (incorporadores, projetistas, cons-trutores, fornecedores de material, com-ponente e/ou sistema) e o usuário. Surge en-tão a necessidade de organização da cadeiaprodutiva, para que cada parte possa cumprircom suas responsabilidades.

As soluções técnicas desenvolvidas pelosprojetistas das diferentes especialidadesdevem ser compatíveis entre si, atender àsnecessidades e níveis de desempenho de-finidos pelo incorporador e serem executáveisdentro do orçamento disponível para o empre-endimento.

Nesse cenário, ganha força a figura dogerenciamento. A equipe de gerenciamentoatuará como apoio técnico do empreendedor/incorporador, fomentando a integração e a co-operação dos agentes envolvidos, coordenan-do a solução global dos projetos e a integraçãotécnica entre as diversas especialidades deprojeto, entre o projeto e a execução da obra,até sua conclusão e entrega do Manual de Uso,Ocupação e Manutenção ao usuário.

A.1.1. Capacitação técnica,gerencial e financeira

O gerenciamento deve ser coordenadopor profissional com habilidades administra-tivas e de liderança para poder gerenciar equi-pes multidisciplinares de projetos e super-visão/fiscalização de obras. Deve também teramplo conhecimento relativo às diversas es-pecialidades de projeto, técnicas construtivase experiência quanto à execução de obras.

As equipes deverão possuir capacitaçãotécnica para verificação do atendimento aosrequisitos de projeto e da Norma de Desem-penho e das demais normas. Além disso, de-verão possuir amplo conhecimento de técnicasgerenciais e de planejamento e controle.

Tendo em vista as constantes evoluçõesdas metodologias de gestão, torna-se fun-damental a implantação de sistema de infor-mações gerenciais e controle de documentosgerados pelas diversas entidades nos váriosníveis de atuação dentro do empreendimento,a fim de auxiliar a gestão, de forma eficaz eeficiente.

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A.1.2. Interação harmônica com osdemais componentes da cadeiaprodutiva, clientes e fornecedores

O gerenciamento, coordenando e promo-vendo a integração entre os diversos com-ponentes da cadeia produtiva, pode agregarvalor ao empreendimento, sistematizando ecompilando toda a documentação que com-prove o atendimento às exigências da Normade Desempenho.

Pelo atendimento à NormaIncorporador – definição dos níveis dedesempenho;Projetistas – soluções eespecificações;Fornecedores de materiais eprodutos – qualidade e desempenho;Construtora – execução da obra.

Pela confirmação do atendimentoLaboratórios – ensaioscomprobatórios;Gerenciadora – coordenação deprojetos e interfaces, fiscalização daexecução, verificação e compilação dadocumentação.

A.1.3. Dificuldades de atendimento aosrequisitos da norma

Além da necessidade de comprometi-mento de toda a cadeia produtiva, selecio-nando, especificando e documentando a es-colha e o emprego de componentes e siste-mas que atendam aos requisitos de desem-penho, identificamos como maior dificuldadea confirmação do desempenho de sistemasque dependam de ensaios.

Por outro lado, o atendimento aos requi-sitos da norma pode implicar na elevação doscustos de componentes e sistemas, aumento

esse que pode até comprometer a viabilidadede implantação de empreendimentos habita-cionais, especialmente os de interesse social.Para que se viabilizem os empreendimentosde menor custo e, ao mesmo tempo, atendamao desempenho mínimo, há que se investir eminovação tecnológica e aumento de eficiênciaem toda a cadeia produtiva. E, cumulativa-mente, é preciso promover uma ordenaçãotributária que desonere os setores da cadeiaprodutiva da construção habitacional, além dedisponibilizar financiamento mais barato.

A.1.4. Riscos e oportunidades.Os riscos são muito grandes. Apesar de

existir uma mobilização de toda a cadeia daconstrução em busca do atendimento à NBR15.575, o mercado ainda não está totalmentepreparado para isso. Os custos de materiais ecomponentes e da mão de obra necessáriapara sua aplicação/instalação por vezes invia-bilizam o empreendimento.

O caso se agrava ainda mais quando fala-mos de habitação de interesse social, em em-preendimentos do programa Minha Casa, MinhaVida do Ministério das Cidades, ou de compa-nhias habitacionais de estados e municípios,como, por exemplo, a Companhia de Desen-volvimento Habitacional e Urbano (CDHU) noestado de São Paulo.

Nas regiões metropolitanas, onde existeum alto custo dos terrenos, pode-se dizer quehoje é praticamente impossível construir edi-fícios habitacionais destinados à baixa rendaque atendam plenamente à Norma de De-sempenho, dentro dos custos previstos nosorçamentos.

Assim, tendo em vista que a função dogerenciador é a de fazer cumprir o atendi-mento às normas e especificações, tanto naelaboração dos projetos quanto na execuçãodas obras, sua atribuição e responsabilidadeficam comprometidas, na medida em queexiste a inviabilidade financeira e até mesmo

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técnica para atender à totalidade dos requi-sitos de desempenho.

Além disso, há o fato de que os projetosdevem prever a usabilidade e manutenibili-dade do edifício ao longo de sua vida útil. Su-pondo-se que um empreendimento tenha sidoprojetado para 50 anos, não é possível garantirque o usuário utilizará adequadamente o edi-fício e realizará as manutenções necessáriasnos períodos estabelecidos em projeto.

Por analogia, seria o mesmo que dizerque um veículo pode ter vida útil de 20 ou 30anos, desde que sejam realizadas as revisões,trocas de óleo, pneus, amortecedores, bate-rias, lubrificações, limpeza etc, dentro dosprazos estabelecidos em seu manual.

Assim, o grande risco para o setor degerenciamento e supervisão de empreen-dimentos está na assunção de uma corres-ponsabilidade que ainda não é possível dentrodas atuais condições de mercado.

Por outro lado, a Norma de Desempenhoconfigura uma oportunidade para o setor degerenciamento, pois deixa clara a necessidadede uma coordenação que promova a integra-ção entre os diversos componentes da cadeiaprodutiva, a verificação do atendimento às exi-gências da norma e a organização documen-tal do empreendimento.

A aplicação da norma fará com que toda acadeia produtiva da construção civil, arquite-tura e engenharia consultiva incluídas, passepor um processo evolutivo com a valorizaçãodos bons projetos, qualificação da mão deobra, racionalização e industrialização daconstrução habitacional, capacitação de forne-cedores e redução de custos.

B. RecomendaçõesPara as empresas que atuam em serviços

de consultoria em empreendimentos habi-tacionais, as recomendações são para queinvistam na capacitação de seus profissionaissobre a Norma NBR 15.575 e implantem pro-

cessos de qualidade em suas empresas. Issoajudará para que o processo de implantaçãoda norma seja o mais tranquilo e efetivo pos-sível. A seguir um roteiro com as diversasatribuições do gerenciamento para as dife-rentes etapas de implantação:

1. Na etapa de estudos preliminares eprojetos básicos

Identificação de riscos previsíveis parasubsidiar projetistas de informações;Definição dos escopos contratuais,incluindo Vida Útil de Projeto (VUP) dossistemas;Definição dos níveis de desempenho(mínimo, intermediário ou superior)para os diferentes elementos daconstrução e/ou para a obra como umtodo.Verificação das especificações demateriais, produtos e processos queatendam ao desempenho requerido(mínimo, intermediário ou superior) eVUP.

1.1. Atendimento a requisitos desegurança; habitabilidade esustentabilidade

A atuação do gerenciamento nesta etapacompreende a verificação dos projetos quantoao atendimento dos requisitos estabelecidosna Norma de Desempenho, no que se refereà segurança, habitabilidade e sustentabilidade,considerando a compatibilidade entre as diver-sas disciplinas de projetos.

Sugere-se também que o gerenciamentoassuma o papel de centralizador e organizadorde toda a documentação técnica gerada pelosprojetistas das diferentes áreas.

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2. Na etapa de projetos executivos edurante a realização da edificação

Verificação da documentação dedetalhamento e especificação demateriais e sistemas.Verificação da aquisição de materiaise sistemas conforme especificaçõese verificação da caracterização dodesempenho dos produtos.Verificação da execução da obraconforme projetos e especificações.Verificação de ensaios.Compilação de requisitos de uso emanutenção para elaboração do Manualde Uso, Operação e Manutenção.

2.1. Atendimento a requisitos desegurança; habitabilidade;sustentabilidade

A atuação do gerenciamento na etapa deprojetos executivos compreende a verificaçãodos projetos quanto ao atendimento dos requi-sitos estabelecidos na Norma de Desempenho,no que se refere à segurança, habitabilidade esustentabilidade, considerando, além da com-patibilidade entre as diversas disciplinas deprojetos, a qualidade, o nível de detalhamentoe a suficiência dos projetos executivos com vis-tas à execução das obras.

O gerenciamento será responsável pelasupervisão/fiscalização das obras dos empre-endimentos, com o objetivo de que sejam exe-cutadas em rigorosa observância aos projetosexecutivos, com a aplicação dos materiais ecomponentes especificados. Nesta etapa, ocontrole tecnológico assume importante papelpara a avaliação do desempenho dos compo-nentes, sistemas e subsistemas dos edifícios.Recomenda-se que sejam rigorosamente se-guidos os procedimentos estabelecidos pelosetor de controle tecnológico. O gerenciadorserá responsável pelo acompanhamento econtrole, por meio de inspeções e verificação

e análise da realização de ensaios, auditoriastécnicas (nas fábricas e na obra) e compilaçãodos dados e resultados.

Considerando a responsabilidade dogerenciamento pela organização documental,caberá a ele reunir, organizar e armazenartoda a documentação gerada no controletecnológico e demais inspeções técnicas.

3. Na etapa de comissionamento eentrega ao usuário

Apoio à elaboração do Manual de Uso,Operação e Manutenção, para garantira segurança, a habitabilidade e a vidaútil definidas pelo incorporador.Compilação e digitalização de toda adocumentação de projetos, obra eensaios em databook que subsidie oincorporador, projetistas e construtorquanto ao atendimento das exigênciasda Norma de Desempenho.

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Anexo VI

Manifestação da ProAcústica sobre oimpacto da NBR 15575 na Acústica

Autor: Eng. Davi Akkerman

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A Norma de Desempenho ABNT NBR15.575-2013 é um “divisor de águas” para aqualidade acústica dos edifícios residenciaisno Brasil. Trata-se de um instrumento para amelhoria do projeto, especificações e cons-trução de unidades habitacionais com melhordesempenho acústico, que traz uma novacultura e, assim, agrega de fato o confortoacústico às construções. A Associação Brasi-leira para a Qualidade Acústica (ProAcústica)apoia e promove ações nesse sentido.

De forma geral, todos os envolvidos noprocesso vêm fazendo esforços e adaptaçõesnesta fase de apropriação e aplicação daNorma de Desempenho, a fim de garantir oresultado mais adequado e assegurar o direitodos consumidores, já que a norma técnica temforça de lei. Desde há muito tempo essesparâmetros, associados à habitabilidade e àsaúde dos usuários, vinham sendo negligen-ciados, e o desempenho acústico era tido comoum “requinte”.

A partir da vigência da NBR 15.575, em2013, e de sua exigibilidade, o cenário mudouradicalmente. Agora, os requisitos de bomdesempenho acústico devem ser observadosnos diversos tipos de edifícios habitacionais,classificados em níveis de conforto mínimo,intermediário e superior, que contemplamdesde os imóveis mais simples até os maissofisticados.

Por sua vez, os profissionais de projetoestão diante de uma questão inerente à suaatividade, que é a responsabilidade técnicapelo que projetam e especificam. De sua parte,as construtoras, responsáveis pela viabilizaçãodos projetos, precisam garantir o desempenhodo que executam. A cadeia de fornecedorestambém está em uma situação de pressãopara atender às novas necessidades demercado, principalmente os fabricantes deportas, janelas e blocos de alvenaria, queprecisam desenvolver soluções e ensaiar seusprodutos.

Embora ainda haja um desconhecimentosobre como especificar desempenho e sobreos requisitos de acústica exigidos pela norma,com dúvidas a respeito da quantificação e dassoluções acústicas para alcançar as exigências,vem ocorrendo um grande esforço da cadeiaprodutiva da construção nesse sentido. Osprojetistas terão de especificar com maisconhecimento e os fabricantes terão deadquirir a cultura do ensaio, a fim de definirníveis de desempenho de seus produtos esistemas. Será preciso, por exemplo, ensaiarnão apenas um bloco de alvenaria, mas osistema de parede, com todos os seus inter-venientes, como janelas, portas e os demaiscomponentes, a fim de obter o desempenhoacústico real da tipologia adotada.

No que diz respeito às soluções de projetopara responder às exigências de desempenhoacústico, o mercado vem se preparando paraespecificar as soluções mais adequadas nosdiferentes tipos de projetos arquitetônicos,adaptando-se às exigências normativas.

Uma medida importante de auxílio ao pro-jeto é a caracterização da “paisagem sonora”dos terrenos e entornos dos futuros empreen-dimentos, estudo que ajuda a definir quais asmelhores soluções para fachadas, vedações emedidas para atenuação dos ruídos locais,considerando também o melhor custo-bene-fício. Por isso, é indispensável que o processode projeto conte com uma consultoria de acús-tica para verificação e classificação objetivados terrenos e verificação e adequação dasvedações externas e internas.

O primeiro passo foi dado. E, apesar deos requisitos mínimos serem ainda baixos emrelação aos países desenvolvidos, devemmelhorar ao longo do tempo e progredir paracondições cada vez mais salutares para ousuário.

Relacionamos na sequência consideraçõesgerais acerca de itens relativos ao impactoque a Norma de Desempenho causa no setor,

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e como a ProAcústica e seus associados vêmdando o respectivo tratamento a essa questão.

A. Capacitação técnica, gerencial efinanceira

A ProAcústica – Associação Brasileira paraQualidade Acústica, entidade do setor sem finslucrativos, oferece cursos de capacitaçãotécnica na área de desempenho acústico dosedifícios, com foco na Norma de DesempenhoABNT NBR 15575, com dois professoresaltamente qualificados. O curso é intensivo,com duração total de 16 horas e é realizadoquatro vezes por ano; consultar Site daProAcústica para verificar a agenda de cursos.

B. Interação harmônica com os demaiscomponentes da cadeia produtiva,clientes e fornecedores

A ProAcústica promove encontros entrediversos setores da cadeia produtiva e estáempenhada em trazer informações técnicasde qualidade e confiável aos demais elos dacadeia produtiva, promovendo cursos, pales-tras e editando manuais técnicos esclarece-dores ao mercado.

C. Dificuldades de atendimento aosrequisitos da norma

Na prática, os requisitos de desempenhoacústico da norma de desempenho têm sidoatendidos, na maioria dos casos, sem grandesdificuldades, com pequenos ajustes de projeto,quando necessário.

Dentre os requisitos, o de maior impactotem sido quanto à subjetividade na classi-ficação acústica de terrenos e, por decorrência,na definição adequada de esquadrias e vidrosde fachadas, que atendam ao requisito daclasse de ruído.

C.1. Riscos e OportunidadesPara o segmento de fornecimento de

serviços técnicos de acústica (consultoria e

projetos), com a Norma de Desempenho emvigor, surgiu uma grande demanda no mer-cado por profissionais qualificados em enge-nharia acústica, dos quais ainda é carentenosso cenário técnico nacional.

Recomendamos a quem queira obter maisesclarecimentos relativos ao atendimento dosrequisitos de conforto acústico, apresentadospela NBR 15575, que consulte o site daProAcústica, no endereço www.proacustica.org.br, no qual está disponível para downloado “Manual ProAcústica sobre a Norma deDesempenho”.

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Aspectos Jurídicos sobre a NBR 15575

Anexo VII

Autor: Adv. Carlos Henrique Raguza

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I. SINÓPSEO texto busca debater as principais conse-

quências no cenário jurídico e fático após aentrada em vigor da NBR 15.575, Norma Té-cnica aplicável às Edificações Habitacionais.Parte-se da obrigatoriedade de sua observân-cia, passando-se à análise de temas como aResponsabilidade Civil, sua aplicabilidade den-tro de relações jurídicas de natureza privadae aquelas inseridas no mercado de consumo.Conceitos jurídicos de Garantia, Vício Oculto,Vida Útil do Projeto e projeção de seus reflexosno tempo também são abordados, encerran-do-se com um breve enfoque sobre os Meca-nismos Jurídico-Processuais, as Sanções dis-poníveis e a importância da regra do Ônus daProva. Após a apresentação de uma perspe-ctiva do futuro, propõe-se medidas neces-sárias à mitigação de responsabilidades.

II. INTRODUÇÃOA recente edição e veiculação da Norma

de Desempenho NBR 15.575 certamente fincaum marco na história da Construção CivilHabitacional. Muito embora já existam dentrodo arcabouço jurídico inúmeras normas técni-cas em vários âmbitos do Estado (Federal,Estadual e Municipal), não há dúvidas de quea NBR 15.575 importará em um impacto noconceito e na execução das edificações habita-cionais.

As normas técnicas, em regra, são produ-zidas por um órgão oficial acreditado. Seu con-teúdo tem por finalidade estabelecer regras,diretrizes, padrões ou características de ummaterial, produto, processo ou serviço dispo-nibilizado no mercado em geral.

Por não observar o Processo Legislativodisciplinado na Constituição Federal (artigo 59e s.s.), sua obediência estará vinculada, emregra, à referência em uma determinada nor-ma jurídica, ou à construções doutrinárias que

partam do dever ético-profissional que torneo respeito à tecnicidade obrigatório.

Não obstante isso, as Normas Técnicasemanadas por entidades ou órgãos regula-mentadores reconhecidos são de inquestio-nável relevância para as relações jurídicas so-ciais, pois estabelecem diretrizes, técnicas epadrão de qualidade que devem ser acatadospelos diversos segmentos na indústria e pres-tadores de serviços.

Não é diferente com a construção civilhabitacional. A NBR 15.575 chega em momen-to que, a despeito da retração da economiano cenário nacional, demandará necessa-riamente no aprofundamento do planejamentodo Incorporador, Construtor e demais agentesda etapa construtiva, notadamente no quetange ao impacto nos custos.

Se em razão disso isso já se recomendacautela, a NBR 15.575, por outro lado, alinharáo mercado de sorte a prestigiar a especia-lização e valorização do conhecimento técnico,abrindo espaço a profissionais e empresas queatendam às novas exigências do mercado.

Isto, diga-se, não só em relação aos agen-tes da construção civil, mas também aos pres-tadores de serviços indiretos, a exemplo doapoio jurídico preventivo e contencioso comoferramenta estratégica de manutenção doequilíbrio econômico durante todas as fases(aquisição, projeto, edificação, alienação, ma-nutenção, informação etc).

Destaque-se, ainda, que o contexto jurí-dico, notadamente sob o enfoque da respon-sabilidade civil (“latu sensu”), deverá levar emconta a modalidade da relação entabuladaentre os agentes e com terceiros. Ao celebrarum contrato, o construtor assume a obrigaçãode entregar um resultado, que somente se dá

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com a obra finalizada e aceita à contento porquem a encomendou. Nos tópicos a seguir,longe da expectativa de por uma pá de calnas controvérsias jurídicas, buscar-se-á traçarlinhas gerais das principais consequências danova NBR 15.575.

III. DA OBRIGATORIEDADEÉ demasiado notório que apenas a lei tem

o condão de criar direitos e obrigações, modi-ficar, extinguir ou exigir que determinada con-duta regra ou requisito seja atendido peloagente (pessoa física ou jurídica). Trata-se deconsagrado Direito Fundamental extraído doenunciado do artigo 5º, inciso II da Constitui-ção Federal1.

Assim, numa primeira análise, poder-se-ia concluir, equivocadamente, pela inaplicabi-lidade da NBR. 15.575 às Edificações Habita-cionais, vez que sua natureza eminentementetécnica não lhe confere os mesmos efeitos deuma fonte normativa.

Tal entendimento, entretanto, não vinga.A legislação, em diversas esferas, impõe suaobrigatoriedade.

No Município de São Paulo o Código deObras faz expressa referência ao respeitoe aplicabilidade das Normas TécnicasOficiais (artigo 12, caput, artigo 17, parágrafoúnico da Lei 11.228/92). Não obstante isso,em um enfoque espacial mais amplo, hádeterminações claras de que as NormasTécnicas devem ser cumpridas nas seguintesleis:

Lei 4.150/62;Lei 4.591/64;Lei 8.666/93;Código de Defesa do Consumidor.

Os negócios jurídicos afetos à ConstruçãoHabitacional, por não raras vezes estareminseridos no âmbito da Relação de Consumo2,recomendam a leitura do texto do artigo 39,a seguir reproduzido:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor deprodutos ou serviços, dentre outraspráticas abusivas:(...)VIII - colocar, no mercado de consumo,qualquer produto ou serviço emdesacordo com as normas expedidaspelos órgãos oficiais competentes ou,se normas específicas não existirem,pela Associação Brasileira de NormasTécnicas ou outra entidade credenciadapelo Conselho Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial(Conmetro);”

Discorrendo sobre a responsabilidade pelaperfeição da obra, Carlos Roberto Gonçal-ves3 tece o seguinte:

“A responsabilidade pela perfeição daobra, embora não consignada nocontrato, é de presumir-se em todoajuste de construção como encargoético-profissional do construtor. Istoporque a construção civil é,modernamente, mais que umempreendimento leigo, um processotécnico-artistico de composição ecoordenação de materiais e de

1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País ainviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes:(...)II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão emvirtude de lei;2 Para quem pretender se aprofundar no conceito de relação de consumo,recomenda-se a leitura do artigo 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.3 Responsabilidade Civil, 15ª Edição, Ed. Saraiva, pg. 389

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ordenação de espaços para atender àsmúltiplas necessidades do homem.Dentro dessa conceituação, oconstrutor contemporâneo está nodever ético-profissional de empregarem todo trabalho de sua especialidade,além da peritia artis dos práticos dopassado, a peritia technica dosprofissionais da atualidade.”

Ora, pelas razões acima ponderadas, nãohá dúvidas de que a NBR 15.575, elaboradapor representantes da Sociedade Técnica,muito embora não tenha natureza de lei, é porforça desta última que deverá ser cumpridanas edificações habitacionais a partir de suaentrada em vigor ou, ainda, em razão de umdever ético-profissional.

IV. DA VIGÊNCIA DA NORMA

Um dos Princípios mais importantes deuma Sociedade Democrática, que respeita oordenamento jurídico e limita a atuação das 3(três) esferas de Poder (Executivo, Legislativoe Judiciário) é, sem sombra dúvida, a Segu-rança Jurídica.

A esse propósito, a vestuta Lei de Intro-dução do Código Civil (LICC), ao tecer regrassobre a vigência da norma, veda seu alcanceretroativo em determinadas hipóteses:

Art. 6º LICC - A Lei em vigor terá efeitoimediato e geral, respeitados o atojurídico perfeito, o direito adquirido e acoisa julgada.

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o jáconsumado segundo a lei vigente aotempo em que se efetuou.

Este mesmo entendimento é alicerçadopelo artigo 5º, inciso XXXVI da ConstituiçãoFederal, cujo conteúdo estabelece que “a leinão prejudicará o direito adquirido, o atojurídico perfeito e a coisa julgada”.

Destarte, muito embora tenha-se emmente que a fixação do marco pelo qual seráconsiderada obrigatório o cumprimento daNBR 15.575, ao nosso ver, será objeto deembates futuros nas Cortes, parece-nos quea melhor hipótese, a que se molda ao conceitode ato jurídico perfeito, é aquela que reco-menda a aplicabilidade da NBR 15.575 aosprojetos cujo protocolo, perante a adminis-tração, ocorram após o dia 19 de julho de2013.

Entendimento diverso seria, sem dúvida,levar ao desequilíbrio orçamentário e contra-tual dos diversos seguimentos e operadoresda Construção Civil Habitacional, em nítidodesrespeito à Segurança Jurídica que possi-bilita, inclusive, a prática de atos destinadosao desenvolvimento social de um país4.

V. DA ALTERAÇÃO DO CENÁRIOJURÍDICO.

A sociedade, como se sabe, está emconstante transformação, seja do ponto de vis-ta educacional, cultural, tecnológico ou demo-gráfico. Tais transformações não raras vezesimpulsionam o Poder Legislativo a alterar oarcabouço Jurídico, ora mitigando determina-das regras de conduta, por vezes criando no-vas, sempre com o propósito – primário – demanter a paz social.

4 Ainda que o empresário, ao desenvolver suas atividades, assuma comoregra o “risco do empreendimento”, o crescimento e desenvolvimento dosnegócios recomenda que o Estado confira um mínimo de segurança, sobpena de inviabilizar o mercado.

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A NBR 15.575, como mencionado em tes-tilha, não tem natureza legislativa mas, porsua obrigatoriedade estar prevista em diversasfontes de lei e em princípios éticos, como o daboa-fé, traz inovações no aspecto jurídico nasdiversas relações estabelecidas na EdificaçãoCivil Habitacional.

De conteúdo amplo, a NBR 15.575, trouxerequisitos gerais e específicos (estrutura, pi-sos, vedações verticais, coberturas, sistemashidrosanitários etc) que devem ser respei-tados nos projetos protocolados a partirde sua vigência.

Especial destaque deve ser conferido aoconceito de vida útil do projeto (VUP), as defi-nições de responsabilidades e parâmetros dedesempenho mínimo, intermediário e superiorestabelecidos pela Norma.

Se por um lado a fixação de critérios técni-cos possa levar à percepção de que, a partir daNBR 15.575, impôs-se um ônus extra aosagentes da Construção Civil Habitacional, deoutro, as definições de ora em diante que bali-zarão os novos projetos permitirão a identi-ficação, padronização (mínima) e atribuição deresponsabilidades no processo construtivo.

Os instrumentos jurídicos contratuais nãomais poderão se limitar a conferir, de formalinear, maior grau de importância ao conteúdoeconômico envolvido e às cláusulas penaisaplicáveis em casos de infração às regras con-tratuais. Além destes pontos, cujo peso é ine-gável, deverão também primar pela fixaçãode responsabilidades, de deveres e obri-gações antes, durante e após o processoconstrutivo.

Não se pode mais consentir que o empre-sário, à quem é atribuído o risco do negócio,tenha sua visão focada apenas às diversas

etapas da cadeia de produção e seus custosimediatos pois, a levar o alcance da respon-sabilidade a partir da NBR 15.575, não hádúvidas de que ela vai além5 do que até entãose observava costumeiro.

Uma perspectiva conservadora reco-mendaria que, além da garantia, fosse consi-derada a vida útil do projeto e dos materiais,isto é, o lapso temporal em que a edificaçãodeverá atender aos requisitos mínimos esta-belecidos na Norma de Desempenho.

O dever de informação, nesta mesma li-nha de relevância, é outro aspecto que deveráimpactar significativamente o planejamentoe custos dos projetos habitacionais protoco-lados após a vigência da NBR 15.575.

Referido dever deve, aliás, ser compre-endido no sentido amplo. Importa dizer, nãosó deverá haver uma correta, clara e abran-gente informação ao consumidor (rectius, des-tinatário final) da edificação como, também,uma orientação clara e técnica entre os diver-sos participes do processo construtivo e entreestes e os responsáveis pela manutenção doedifício após sua entrega.

Passa a assumir relevância a vida útil deum projeto que, por óbvio, pressupõe a obser-vância pelo usuário, corretamente, dos prazosde manutenção obrigatória, que compre-endem a substituição de peças ou itens des-gastados com o tempo (roldanas, cabos etc),assim como àquelas necessárias ao prolonga-

5 Sem embargo dos prazos de vida útil do projeto (VUP) definidos na NBR15.575, já haviam decisões que prestigiavam a Teoria da Vida Útil do Projeto(STJ, RESP 984.106 – SC). Nesta decisão, embora reconhecido que ofornecedor não está “ad aetemum” responsável pelos produtos colocadosem circulação, entendeu-se que sua responsabilidade não se limita pura esimplesmente pelo prazo contratual de garantia. Independentemente desteprazo, a venda de um bem tido por durável com vida útil inferior àquela quelegitimamente se esperada, além de configurar um defeito de adequação(art. 18 do CDC), evidencia uma quebra da boa-fé objetiva, que deve nortearas relações contratuais, sejam de consumo, sejam de direito comum.

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mento da vida útil (manutenção preven-tiva), respeitadas as condições de desem-penho (pintura da fachada à cada 5 anos).

O desrespeito às recomendações do for-necedor acerca dos prazos e condições dasmanutenções importa em diminuição da vidaútil do projeto, afastando a responsabilidadedo construtor, desde que o construtor tenhaespecificado e cientificado previamente emmanuais.

Por fim, se a NBR 15.575 já recomendaao incorporador, construtor e demais agentes, aadoção de mecanismos de prevenção de lití-gios, por outro, o desrespeito à norma de desem-penho trará, como consequência, a formaçãode um passivo oculto considerável.

VI. DAS SANÇÕES E MECANISMOSJURÍDICOS

Diz-se que a norma jurídica tem por fina-lidade criar condições de regência do convíviosocial, reprimindo condutas, garantido o exer-cício de outras e, ainda, impondo determi-nados deveres aos indivíduos.

Nos dizeres de Sergio Cavalieri Filho6, Aresponsabilidade civil é o “dever jurídico a con-duta externa de uma pessoa imposta peloDireito Positivo por exigência da convivênciasocial. Não se trata de simples conselho, ad-vertência ou recomendação, mas de uma or-dem ou comando dirigido à inteligência e àvontade dos indivíduos, de sorte que impordeveres jurídicos importa criar obrigações.”

A responsabilidade civil pode ser contra-tual ou extracontratual. Na primeira, o des-cumprimento de uma obrigação que causeprejuízo à outrem impõe o dever de indenizarcom supedâneo no artigo 389 do Código Civil7.

Já na responsabilidade extracontratual,o agente infringe um dever legal, cuja condutaenseja determinada obrigação ou consequên-cia jurídica. O dever de indenizar em nossoordenamento, nestas hipóteses, pode serabstraído da leitura dos artigos 186 e 927,ambos do Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ouomissão voluntária, negligência ouimprudência, violar direito e causardano a outrem, ainda queexclusivamente moral, comete atoilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito(arts. 186 e 187), causar dano aoutrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação dereparar o dano, independentemente deculpa, nos casos especificados em lei,ou quando a atividade normalmentedesenvolvida pelo autor do danoimplicar, por sua natureza, risco paraos direitos de outrem.

O ato ilícito, como se sabe, é uma dasfontes de obrigação e, uma vez constatada asua prática, com o correspondente dano (pre-juízo moral ou patrimonial), impõe-se à parteque tenha com sua conduta lesado a esferade direito de outrem, o dever de indenizá-la.

Nesse ponto, vale lembrar, como tecidoem linhas acima, que a NBR 15.575, emboradesprovida da natureza de lei, tem suaaplicabilidade referenciada em diversas fontes

6 Programa de Responsabilidade Civil, 11ª Edição, Editora Atlas, pg. 14.7 Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas edanos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiaisregularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

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do ordenamento jurídico. Sua inobservância,portanto, facilmente será moldada no conceitode ato ilícito.

Bem, referidos conceitos, para melhorcompreensão, deveriam ser abordados com aprofundidade que merecem. Não nos parece,todavia, que a isto se empreste o presentetrabalho, cujo escopo é despertar o debatejurídico em torno de tão relevante e dinâmicamatéria.

Mas, o fato é que, uma vez verificado odesrespeito à NBR 15.575, seja em de-corrência de relação contratual8, quer por forçada aplicação da responsabilidade civil extra-contratual, surgirá, para o agente causadorde determinado dano, o dever de repará-lo9.

Os mecanismos de compelir à parte res-ponsável pelo dano à outrem são vários mas,dentre eles, a título não exaustivo, podem serdestacados alguns.

O artigo 615 e 616, ambos do Código Civil,facultam ao dono da obra, desde que o em-preiteiro tenha se afastado das instruções re-cebidas e dos planos dados, ou das regras té-cnicas em trabalhos de tal natureza, rejeitá-laou, ainda, recebê-la com abatimento no preço.

Confira-se o enunciado da norma:

Art. 615. Concluída a obra de acordocom o ajuste, ou o costume do lugar,o dono é obrigado a recebê-la. Poderá,porém, rejeitá-la, se o empreiteiro seafastou das instruções recebidas e dosplanos dados, ou das regras técnicasem trabalhos de tal natureza.

Art. 616. No caso da segunda parte doartigo antecedente, pode quemencomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço.

Já se inserida e analisada dentro do con-ceito de relação de consumo, a responsa-bilidade poderá ter como ponto de partida aaplicabilidade dos artigos 12º, ‘caput’ e 18º,ambos do Código de Defesa do Consumidor,“in verbis”:

Art. 12. O fabricante, o produtor, oconstrutor, nacional ou estrangeiro, e oimportador respondem,independentemente da existência deculpa, pela reparação dos danoscausados aos consumidores pordefeitos decorrentes de projeto,fabricação, construção, montagem,fórmulas, manipulação, apresentaçãoou acondicionamento de seus produtos,bem como por informaçõesinsuficientes ou inadequadas sobre suautilização e riscos.(...)

Art. 18. Os fornecedores de produtosde consumo duráveis ou não duráveisrespondem solidariamente pelos víciosde qualidade ou quantidade que ostornem impróprios ou inadequados aoconsumo a que se destinam ou lhesdiminuam o valor, assim como poraqueles decorrentes da disparidade,com a indicações constantes dorecipiente, da embalagem, rotulagemou mensagem publicitária, respeitadasas variações decorrentes de suanatureza, podendo o consumidor exigira substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazomáximo de trinta dias, pode o

8 Artigo 389 do CC – Não cumprida a obrigação, responde o devedor porperdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiaisregularmente estabelecidos, e honorários de advogado.9 O artigo 944 do Código Civil, ao estabelecer o critério de reparação,enuncia que “a indenização mede-se pela extensão do dano”.

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consumidor exigir, alternativamentee à sua escolha:I - a substituição do produto por outroda mesma espécie, em perfeitascondições de uso;II - a restituição imediata da quantiapaga, monetariamente atualizada, semprejuízo de eventuais perdas e danos;III - o abatimento proporcional dopreço.§ 2° Poderão as partes convencionar aredução ou ampliação do prazo previstono parágrafo anterior, não podendo serinferior a sete nem superior a cento eoitenta dias. Nos contratos de adesão,a cláusula de prazo deverá serconvencionada em separado, por meiode manifestação expressa doconsumidor.§ 3° O consumidor poderá fazer usoimediato das alternativas do § 1° desteartigo sempre que, em razão daextensão do vício, a substituição daspartes viciadas puder comprometer aqualidade ou características do produto,diminuir-lhe o valor ou se tratar deproduto essencial.§ 4° Tendo o consumidor optado pelaalternativa do inciso I do § 1° desteartigo, e não sendo possível asubstituição do bem, poderá haversubstituição por outro de espécie,marca ou modelo diversos, mediantecomplementação ou restituição deeventual diferença de preço, semprejuízo do disposto nos incisos II e IIIdo § 1° deste artigo.§ 5° No caso de fornecimento deprodutos in natura, será responsávelperante o consumidor o fornecedorimediato, exceto quando identificadoclaramente seu produtor.

§ 6° São impróprios ao uso e consumo:I - os produtos cujos prazos de validadeestejam vencidos;II - os produtos deteriorados,alterados, adulterados, avariados,falsificados, corrompidos, fraudados,nocivos à vida ou à saúde, perigososou,ainda, aqueles em desacordo com asnormas regulamentares de fabricação,distribuição ou apresentação;III - os produtos que, por qualquermotivo, se revelem inadequados ao fima que se destinam.

Veja que a lei faculta à parte lesada a es-colha de determinadas formas de reparaçãodo dano, a exemplo do abatimento do preço,rejeição com o consequente restabelecimentodas partes ao “status quo ante”, a substituiçãodo produto por outro em igual e perfeitascondições ou, ainda, a exigência compulsóriado cumprimento da obrigação.

A escolha, pelo interessado, determinaráa natureza e o rito processual da demandajudicial a ser adotada, acrescendo-se, aqui,os já consagrados mecanismos compulsóriosdispostos ao Magistrado para imprimir urgên-cia e eficácia à tutela jurisdicional pretendida(v.g. artigo 27310, 46111 e 79612, todos doCódigo de Processo Civil Brasileiro).

A antecipação dos efeitos da tutela, aaplicação de multa diária na hipótese de des-

10 Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ouparcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifestopropósito protelatório do réu.11 Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação defazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, seprocedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultadoprático equivalente ao do adimplemento.12 Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no cursodo processo principal e deste é sempre dependente.

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cumprimento da obrigação e a medida cau-telar, preparatória ou incidente, são casos clás-sicos de mecanismos judiciais utilizados paraa aplicação célere da justiça, mas certamenteoutros, a depender da estratégia a ser imprimidana solução do litígio, poderão ser trilhados.

VII. DA IMPORTÂNCIA DOÔNUS DA PROVA

Bem, até aqui verificou-se de maneira su-perficial os impactos que a NBR 15.575 causa-rá nas relações jurídicas afetas à construçãohabitacional.

Além das medidas preventivas de nature-za contratual, os agentes da edificação, quan-do chamados à responder em um litígio ju-dicial, deverão ater-se a suas participações eresponsabilidades e, com esteio na regra doônus da prova, buscar afastar, mitigar ou dosarsua responsabilidade e o consequente deverde indenizar.

Como regra geral, o ônus da prova éatribuído de maneira equânime pelo Códigode Processo Civil, sem levar em conta, numprimeiro enfoque, as características específicasdas partes. Leia-se:

Artigo 333 – O ônus da prova incumbe:I – ao autor, quanto ao fato constitutivode seu direito;II – ao réu, quanto à existência de fatoimpeditivo, modificativo ou extintivo dedireito do autor.

É claro que referida regra, de naturezageral, comporta exceções, notadamente quan-do a relação jurídica está inserida dentro doconceito de relação de consumo. Neste caso,uma vez reunidos certos requisitos (vulnera-bilidade técnica, econômica, etc), poderá o juiz

inverter o ônus da prova13. Trata-se, como sesabe, de uma “faculdade” mas, uma vezpresentes os pressupostos, há quem sustente odever de aplicar este direito básico do consumidor.

No sentido de perfilhar entendimento deser uma faculdade, confira-se14:

“Consumidor – ônus da prova –Inversão – Faculdade concedida ao juiz,que irá utilizá-la no momento em queentender oportuno, se e quando estiverem dúvida, geralmente por ocasião dasentença – Inteligência do art. 6º,inciso VIII, da Lei n. º 8.078/90 (RT,780:278)”

Para este trabalho, com escusa do leitor,novamente não se aprofundará neste tópicoque desperta embates entusiasmados.

O que se deve ter em mente, entretanto,é que o partícipe das diversas etapas da cons-trução civil habitacional deverá estar atentoao ônus da prova e, desta forma, sugere-sea adoção de medidas preventivas para a hi-pótese de ser chamado à demandar em juízo.

O dever de indenizar decorrente da res-ponsabilidade civil pressupõe, como regra ge-ral, a reunião de certos requisitos, a saber: i)conduta culposa (latu sensu) do agente (omis-siva ou comissiva); ii) ato ilícito; iii) nexocausal e; iv) existência de um dano.

Em se tratando de responsabilidade obje-tiva, aplicável em certos casos, o requisito daculpabilidade é expurgado para fins de caracte-

13 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:(...)VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônusda prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímila alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias deexperiências; presentes os pressupostos, há quem sustente o dever de aplicareste direito básico do consumidor.14 In Responsabilidade Civil, Carlos Roberto Gonçalves, 15ª Edição, Ed.Saraiva, pg. 384

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rização do dever de indenizar, bastando que avítima demonstre a reunião dos demais ele-mentos do instituto jurídico.

Para que se exima da responsabilidadee, portanto, do dever de indenizar, o agentepoderá avocar, em seu benefício, certas ex-cludentes disciplinadas no arcabouço jurídico.Dentre elas, podemos citar:

cesso de edificação, ainda assim há quemconsidere a responsabilidade, quer pelo en-foque do Código Civil, seja pelas normas doConsumidor, solidária.

Carlos Roberto Gonçalves15, ao abor-dar a responsabilidade solidária do construtore incorporador, cita o seguinte:

“Indenizatória procedente –Responsabilidade solidária.A responsabilidade deriva da regra doart. 1245 (do CC de 1916,correspondente ao art. 518 do atual),que determina ao construtor responder,durante cinco anos, pela solidez esegurança do trabalho, inclusive comrelação aos materiais empregados. E ada incorporadora, quer por força doscontratos de venda das unidades, a lheimpor a cobertura dos defeitos eprejuízos sofridos pelos adquirentes, equer, em especial, pela cula “ineligendo”, de ordem extracontratual,determinante da solidariedade, certoque, nesse caso, como leciona AguiarDias, “a solidariedade passiva nãodepende de conserto prévio entre osresponsáveis” (RT, 539:111).”

Sérgio Cavalieri Filho16, na mesmalinha, sustenta que “... a responsabilidade doconstrutor não afasta a responsabilidade dodono da obra, que aufere os proveitos daconstrução.”

Assim, no curso de um processo, se com-provado que o destinatário final não realizoua manutenção preventiva e corretiva tal comodeterminado no Manual, poderá, neste caso,haver uma clara excludente de responsabi-

§ 2º O produto não é considerado defeituosopelo fato de outro de melhor qualidade ter sidocolocado no mercado.§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ouimportador só não será responsabilizadoquando provar:

I - que não colocou o produto no mercado;II - que, embora haja colocado o produto nomercado, o defeito inexiste;III - a culpa exclusiva do consumidor ou deterceiro.

Art. 945. Se a vítima tiver concorridoculposamente para o evento danoso, a suaindenização será fixada tendo-se em conta agravidade de sua culpa em confronto com a doautor do dano.

Art. 393. O devedor não responde pelosprejuízos resultantes de caso fortuito ou forçamaior, se expressamente não se houver por elesresponsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de forçamaior verifica-se no fato necessário, cujosefeitos não era possível evitar ou impedir.

§ 2º e 3º do artigo12 do CDC

Artigo 945 do CC

Artigo 393 CC

Tabela exemplificativa e não exaustiva

15 Ob. Citada pg. 39716 Programa de Responsabilidade Civil, 11ª Edição, Ed. Atlas, pg. 417

Fincados estes conceitos e premissas, re-tomando a análise do ônus da prova, a conse-quência lógica é que, por força desta regra,os agentes da construção deverão manter,organizar e coletar documentos, contratos,notas, ensaios, certificados, manuais, dentreoutros, que possam possibilitar a identificaçãodo agente causador do dano e a responsa-bilidade pelo dever de indenizar.

Mesmos nos casos em que é possível aidentificação do agente que participou do pro-

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lidade (culpa exclusiva da vítima decorrente,por exemplo, de mau uso ou inobservânciados prazos e procedimentos técnicos de manu-tenção).

Os meios probatórios a serem emprega-dos em uma demanda contenciosa são vários,podendo-se destacar o documental (daí a im-portância do acervo técnico), o pericial e otestemunhal. Atas de reuniões, memorandos,correspondências eletrônicas, dentre outros,podem elucidar fatos ocorridos no passado,facilitando a identificação dos partícipes.

A prova pericial técnica, disciplinada peloartigo 42017 e seguintes do Código de ProcessoCivil, se revelará no decorrer da solução doslitígios, como uma ferramenta essencial àdemonstração de que o projeto e a construçãoatenderam à NBR 15.575, facultando-se aspartes apresentar quesitos e assistentestécnicos.

É que, não obstante o Juiz conheça asfontes de direito, não raras vezes socorre-sede auxiliares de confiança nos casos em quea aplicabilidade da lei dependa de conclusõesextraídas de pareceres técnicos específicos.

A ilegalidade da conduta, como mencio-nado em testilha, poderá encontrar arrimo nainobservância da NBR 15.575 e, nesse ponto,há de se colher um laudo técnico que possaconferir elementos de cognição seguros paraa formação do mérito.

O desafio da advocacia, nesse aspecto,terá como foco não apenas aprofundar-se noconhecimento técnico específico da ConstruçãoHabitacional mas, também, demandar um es-forço para o incentivo à seleção dos documen-tos essenciais à comprovação dos deveresético-profissionais e jurídicos.

VIII. DA RESPONSABILIDADE

Dando sequência ao desafio proposto,deve-se traçar um breve conceito, seguindo-se a distinção, entre os prazos de responsa-bilidade e de garantia.

Por garantia compreende-se o período detempo concedido pelo fornecedor ao consumi-dor, por mera liberalidade do primeiro (con-tratual), ou por força de lei (legal), em quepersiste a obrigatoriedade de responder porvícios ou defeitos que se manifestarem nesseprazo ou por danos que a obra possa causar àterceiros.

A responsabilidade, de seu turno, partede conceitos como o da boa-fé objetiva, daperspectiva de durabilidade de um produtocolocado no mercado, de sua vida útil, decritérios como o da razoabilidade.

A garantia, ressalvada a contratual (fixadapelo fornecedor), tem prazos definidos na lei.A responsabilidade, embora este tema des-perte discussões infindáveis, não tem um ter-mo final definido.

Como exemplo de prazos de garantia legalfixados no ordenamento jurídico, podemoscitar:(ver tabela na página seguinte)

Como a Lei não define o prazo de respon-sabilidade do fornecedor, uma perspectivaconservadora seria o de considerar como in-determinado, notadamente nas hipóteses emque o vício não pode ser constatado de ime-diato (oculto). Nestes casos, o direito nasceno dia em que o destinatário (usuário) tomarconhecimento.

17 Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;III - a verificação for impraticável.

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É o que se extrai da leitura dos artigosabaixo pinçados:

Art. 189 do Código Civil - Violado odireito, nasce para o titular apretensão, a qual se extingue, pelaprescrição, nos prazos a que aludem osarts. 205 e 206.Artigo 26 do CDC – (....)(...)§ 3º - Tratando-se de vício oculto, oprazo decadencial inicia-se no momentoem que ficar evidenciado o defeito.

Um critério para se estabelecer o limiteda responsabilidade, embora não pacificado,seria o prescricional, veiculado pelo enunciadodo artigo 205 do Código Civil:

Artigo 618 do CC

Artigo 26 do CDC

Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ououtras construções consideráveiso empreiteiro de materiais e execução responderá,durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solideze segurança do trabalho, assim em razão dosmateriais, como do solo.

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentesou de fácil constatação caduca em:I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviçoe de produtos não duráveis;II - noventa dias, tratando-se de fornecimento deserviço e de produtos duráveis.§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial apartir da entrega efetiva do produto ou do término daexecução dos serviços.§ 2° Obstam a decadência:I - a reclamação comprovadamente formulada peloconsumidor perante o fornecedor de produtos eserviços até a resposta negativa correspondente, quedeve ser transmitida de forma inequívoca;II - (Vetado).III - a instauração de inquérito civil, até seuencerramento.§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencialinicia-se no momento em que ficar evidenciado odefeito.

Art. 205. A prescrição ocorre em dezanos, quando a lei não lhe haja fixadoprazo menor.

Entretanto, não obstante entendimentosumulado pelo Superior Tribunal de Justiça(Súmula 19418), a Terceira Turma da referidaCorte negou provimento de uma construtoraque pretendia o reconhecimento da prescriçãode uma ação que buscava responsabilizá-la pelafragilidade de uma obra realizada em 1982.

Confira-se:Prazo prescricional em ação contra cons-

trutora é contado a partir do conhecimentodo vício na obra

A Terceira Turma do Superior Tribunal deJustiça (STJ) negou o recurso de uma cons-trutora que pretendia ver reconhecida a pres-crição de uma ação que busca responsabilizá-la pela fragilidade de uma obra realizada em1982. O colegiado manteve a decisão do Tri-bunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE)que, ao analisar a apelação do proprietáriodo imóvel, afastou a prescrição.

O proprietário do imóvel ajuizou ação emque exigiu da construtora o pagamento de da-nos materiais, referentes aos aluguéis que te-ria deixado de receber durante a reforma doprédio em que está localizado o seu aparta-mento, e de danos morais, sustentando a má-execução da obra pela construtora. A reformaseria resultado de problemas estruturais nafundação do prédio, em face de alegada máexecução obra.

O juízo de primeiro grau reconheceu aprescrição vintenária, baseado no fato de quea entrega da obra ocorreu em agosto de 1982,enquanto a demanda somente foi ajuizada em18 Prescreve em 20 (vinte) anos a ação para obter, do construtor, indenizaçãopor defeitos da obra.

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novembro de 2002. O proprietário do imóvelrecorreu da sentença e o TJSE afastou oimplemento da prescrição, desconstituindo asentença e reconhecendo que, embora aentrega da obra tenha ocorrido em agosto de1982, o conhecimento do vício na construçãosomente se deu em dezembro de 1999.

O Tribunal de origem entendeu que aprescrição, de 20 anos, da pretensão de res-sarcimento por danos relacionados à seguran-ça e à solidez da obra, se iniciaria com o reco-nhecimento, pelo seu dono, da fragilidade des-ta, independentemente do disposto no artigo1.245 do Código Civil de 1916, que estabeleceem cinco anos o prazo para se responsabilizaro empreiteiro pela solidez e segurança da obra.

Inconformada, a construtora recorreu aoSTJ, alegando violação do artigo 1.245 do CC/1916, bem como a existência de dissídiojurisprudencial em torno da sua interpretação.Segundo a construtora, a jurisprudência doSTJ seria no sentido de que, para o exercícioda pretensão vintenária em face do construtor,os danos relacionados à solidez e à segurançada obra haveriam de ser constatados nos cincoanos seguintes à entrega.

Visão do relator

O relator, ministro Paulo de Tarso Sanse-verino, destacou precedentes da juris-prudência do STJ no sentido de que o prazode cinco anos do artigo 1.245 do CC/1916 éde garantia, e não de prescrição ou deca-dência, e que, apresentados defeitos no re-ferido período, o construtor poderá ser acio-nado no prazo de 20 anos.

Na visão do ministro, a jurisprudência queestabelece a natureza do prazo de cinco anosdo artigo 1.245 do CC/1916, correspondente

ao artigo 618 do atual Código Civil, comosendo de garantia, e fixa em 20 anos o prazoprescricional para a efetivação dessa garantiaem face do construtor (conforme o enunciadoda Súmula 194 do STJ) é adequada aos fatosocorridos na vigência do CC/1916.

No entanto, Sanseverino destacou outrocaminho que pode ser adotado pelo proprie-tário do imóvel no intuito de responsabilizar oconstrutor pelos vícios e defeitos relativos àsua solidez e segurança: a possibilidade de,comprovada a prática de um ilícito contratual,consistente na má-execução da obra, deman-dar o construtor no prazo de 20 anos do conhe-cimento, ou de quando se tornou possível oconhecimento do defeito na construção, tendo-se como base o prazo prescricional de 20 anosestabelecido pelo artigo 177 do CC/1916,independentemente disso ter ocorrido nosprimeiros cinco anos da entrega, de acordocom o texto do artigo 1.056 do CC/1916, quetrata de perdas e danos.

No entendimento do ministro, “enquantoa utilização do artigo 1.245 do Código Civil de1916 pressupõe que a fragilidade da obratenha transparecido nos primeiros cinco anosda sua entrega, no caso do artigo 1.056 doCódigo Civil de 1916 não há essa exigência,podendo os problemas relativos à sua solideze segurança surgirem até mesmo depoisdaquele prazo.”

O relator afirmou que, não fosse assim,o construtor estaria livre, sem qualquer res-ponsabilidade, para a prática de atos dolososou culposos durante a construção, mas cujosefeitos somente viessem a ser conhecidos apóso prazo de garantia do artigo 1.245 do CC/1916.Dessa forma, se o dono tomasse conhecimentoda sua fragilidade apenas após os cinco anosda entrega, já estaria prescrita qualquer pre-tensão indenizatória contra o construtor.

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Nesse sentido, o ministro considerou inviávelaceitar-se que “o dono da obra, diante e no exa-to mometo do conhecimento da fragilidadedesta, seja impedido de veicular pretensãoindenizatória em face de quem, culposamente,tenha ocasionado esta fragilidade.” A TerceiraTurma acompanhou o voto do relator, negandoprovimento ao recurso especial para confirmaro acórdão que afastou a prescrição e descons-tituiu a sentença, viabilizando a instrução doprocesso com a realização de perícia. Dessaforma, será possível ao proprietário do imóveldemandar em primeiro grau a construtora comfundamento no artigo 1.056 do CC/1916, des-de que comprovada a prática de ilícito contratual.

Fonte: (http://stj.jus.br/portal_stj/publicacao/ engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=101918)

(Publicado em 23/05/2011 às 10:04 hs - REsp. 903771)

Assim, diante da diversidade de julgadosacerca do tema, parece-nos que o pior cenário– do ponto de vista da responsabilidade dofornecedor – para fins de constatação do deverde indenizar, por estar adstrito ao conceito devida útil do projeto (VUP), será, smj, à Tabelaabaixo, extraída da NBR 15.575.

Vê-se, pois, que o critério da vida útil (VUP),definido pelo construtor, é mote de constante-mente discussão, abordado pelo do Judiciáriocomo fundamento à solução de litígios poratender à melhor expectativa dos consumido-res, à boa-fé e a razoabilidade.

A levar em conta essa premissa, competiráaos agentes da construção habitacional infor-mar adequadamente o destinatário final (pormeio de manuais) e aos partícipes do processoconstrutivo em suas diversas etapas (forneci-mento/estrutura/hidráulica etc), por memo-randos, pareceres, recomendações ou anexoscontratuais, os procedimentos técnicos quedeverão ser observados do início à conclu-sãoda edificação.

O dever de informar não cessa com a en-trega. Após este ato, persistirá o dever de for-necer material informativo e de apoio aos mé-todos e materiais a serem empregados na ma-nutenção corretiva e preventiva do edifício,incluindo suas instalações e acessórios.

As informações claras e precisas (artigo6º, inciso III19 e 3120, ambos do CDC, servirãode apoio à mitigação de responsabilidades e,uma vez instado à se defender, o fornecedorpoderá comprovar o mau uso ou falta de ma-nutenção (excludente de responsabilidade).

Sérgio Cavalieri Filho21, ao discorrersobre o fato exclusivo da vítima, adverte:

“Advirta-se uma vez mais, portanto,que o fato exclusivo da vítima exclui opróprio nexo causal em relação aoaparentemente causador do direito dodano, pelo que não se deve falar emsimples ausência de culpa deste, masem causa de isenção deresponsabilidade. O Código doConsumidor, em seus arts. 12, § 3º,inciso III, e 14, § 3º, inciso II, incluiuexpressamente a culpa exclusiva doconsumidor entre as causasexonerativas da responsabilidade dofornecedor.”

19 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,com especificação correta de quantidade, características, composição,qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos queapresentem;20 Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurarinformações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesasobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobreos riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.21 Ob. Citada, pg. 86

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IX. CONCLUSÃO

Não há dúvida e nem é pretensão do Autorque o presente trabalho encerre a discussãoque recai sobre os impactos da NBR 15.575na Construção Civil Habitacional. O propósito,por outro lado, é de contribuir para o aperfei-çoamento de teses e construções jurídicas quenortearão as relações jurídicas após este mar-co significativo.

Extraí-se, todavia, que a NBR 15.575 nãoé apenas um divisor do ponto de vista técnico,isto é, e desempenho mínimo a ser atendidonas construções habitacionais mas constata-se, com absoluta segurança, que levará a so-ciedade empresarial e aos profissionais envol-vidos a adoção de uma série de mecanismosde prevenção de responsabilidades (contratuale extracontratual) nas etapas da edificação.

Com referida norma técnica, há, de certaforma, maior clareza, especificidade, atribui-ção de escopos e responsabilidades aos agen-tes do processo construtivo.

Abre-se, por fim, espaço para o fomentoà contratação seguros de responsabilidadecivil, cuja dificuldade será definir uma abran-gência e cobertura que se torne economica-mente viável (formação de uma carteira equili-brada), levando-se em conta, principalmente,

a controvérsia que recai sobre a responsa-bilidade diante dos novos parâmetros de vidaútil do projeto (VUP).

A securitização ousa-se dizer, poderá in-clusive despertar o interesse de profissionaisenvolvidos no processo de edificação, eis quenão é incomum verificar, em nossas cortes,decisões atribuindo responsabilidade às pes-soas físicas22.

Obrigado!

Carlos Henrique RaguzaAdvogado

Tel: +55 (11) 2359-5621 Fax: +55 (11) 2359-5619www.fercab.com.br

Tabela 1 - Vida Útil de Projeto (VUP)

VUP mínima

50 anos13 anos40 anos20 anos20 anos20 anos

VUP intermediária

631750252525

VUP superior

752060303030

Sistema

EstruturaPisos internosVedação vertical externaVedação vertical internaCoberturHidrossanitário

22 15.1. Dever de acompanhar a obra. Defeitos na construção – Dever deacompanhar a execução da obra – Responsabilidade que não pode sertransferida ao pedreiro – indenização procedente (JTACSP, 74.145)15.2. Responsabilidade do engenheiro civil, projetista e fiscal da obra. –Responde solidariamente pelos danos causados em razão de falhas daconstrução o engenheiro fiscal que negligencia em sua atividadeprofissional (RT, 584:92)

In Carlos Roberto Gonçalves, ob. Citada, pg. 398