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Nesta Edição

Editorial ...................................................................................... 03

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO .................................... 04

TEMA VOCACIONAL IPe. Alessandro Mendonça Nonato, SDV............................................... 08

TEMA VOCACIONAL IIPe. Ariosvaldo Batista Moreira,, SDV................................................... 12

TESTEMUNHO VOCACIONALPe. Mozart Nunes de Andrade Santos Neto, SDV................................... 15

CELEBRAÇÃO VOCACIONALIr. Hugo da Silva Eliodoro, SDV ........................................................ 19

ATIVIDADE VOCACIONALPe. Valnei Pamponet Oliveira, SDV .................................................... 25

PALAVRA DO PE. JUSTINOPe. Justino Russolillo .......................................................................... 29

A Revista Espírito Digital é uma publicação da Sociedade Divinas Vocações – Província do Brasil. Rua Esperanto, nº 07, São Caetano . CEP: 40391-232. Salvador-BA.Equipe de Direção:Diretor Presidente: Pe. José Carlos Lima SDV.Diretor Administrativo: Pe. Albino Thiago Santos de Jesus SDV.Editor Geral: Pe. Valnei Pamponet Oliveira SDV.Revisor Geral: Pe. Luis Jonas Carneiro de Oliveira SDV.OBS: Os artigos assinados não representam necessariamente o pensamento da Revista.

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EDITORIAL

A Vocação é uma realidade, que embora tão empobrecida no refletir cotidiano, abrange uma grande área de reflexão. Superando a limita-da visão da Vocação como apenas ser padre, freira ou matrimônio, queremos mais uma vez convidar o/a leitor/a a abrir seus horizontes para entender que Vocação é totalidade da vida humana, e não um pequeno aspecto isolado. É justamente por isso que podemos enten-der como tantos e tantos assuntos estão unidos de forma radical à temática vocacional.

Ao falarmos de “superação da violência”, estamos também falando do chamado da Trindade a vivermos o Reino onde Deus é Pai e todos nós somos irmãos e irmãs. A perspectiva, portanto, é a vida comum, do modo ao qual Deus quis para nós, e ao mesmo tempo aspiramos ter. Visando o Reino de Deus, construímos também o Reino que é nosso. É nesta linha que o Pe. Alessandro nos ajuda com uma reflexão sobre a CF/2018, apontando implicações para a Pastoral Vocacional. Junto a esta reflexão, colocamos também uma palavra motivadora do Pe. Ariosvaldo dirigida à Juventude.

Enriquecendo esta reflexão, temos ainda este mês a mensagem do Papa e uma celebração que nos ajudará a refletir e rezar o Dia Mun-dial de Oração pelas Vocações.

Esperamos que estes, e outros materiais disponíveis nesta edição, ajude cada um/a em sua vivência e atividade em prol da Vocação.

Pe. Valnei Pamponet Oliveira, SDV Editor

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 55º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES1

(22 de abril de 2018 - IV Domingo da Páscoa)Tema: “Escutar, discernir, viver a chamada do Senhor”.

Queridos irmãos e irmãs!No próximo mês de outubro, vai realizar-se a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será dedicada aos jovens, particularmente à relação entre jovens, fé e vocação. Nessa ocasião, teremos oportunidade de aprofundar como, no centro da nossa vida, está a chamada à alegria que Deus nos dirige, constituindo isso mesmo “o projeto de Deus para os homens e mulheres de todos os tempos”2.Trata-se duma boa notícia, cujo anúncio volta a ressoar com vigor no 55º Dia Mundial de Oração pelas Vocações: não estamos submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário, a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina.Também nestes nossos agitados tempos, o mistério da Encarnação lembra-nos que Deus não cessa jamais de vir ao nosso encontro: é Deus conosco, acompanha-nos ao longo das estradas por vezes poeirentas da nossa vida e, sabendo da nossa pungente nostalgia de amor e felicidade, chama-nos à alegria. Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra que nos chama do Alto e, ao mesmo tempo que nos permite pôr a render os nossos talentos, faz de nós também instrumentos de salvação no mundo e orienta-nos para a plenitude da felicidade.Estes três aspetos – escuta, discernimento e vida – servem de moldura também ao início da missão de Jesus: passados os quarenta dias de oração e luta no deserto, visita a sua sinagoga de Nazaré e, aqui, põe-Se à escuta da Palavra, discerne o conteúdo da missão que o Pai Lhe confia e anuncia que veio realizá-la “hoje” (cf. Lc 4, 16-21).

1 Fonte: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/vocations/documents/papa-francesco_20171203_55-messaggio-giorna-ta-mondiale-vocazioni.html2 Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, Introdução.

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EscutarA chamada do Senhor – fique claro desde já – não possui a evidência própria de uma das muitas coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na nossa experiência diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem Se impor à nossa liberdade. Assim pode acontecer que a sua voz fique sufocada pelas muitas inquietações e solicitações que ocupam a nossa mente e o nosso coração.Por isso, é preciso preparar-se para uma escuta profunda da sua Palavra e da vida, prestar atenção aos próprios detalhes do nosso dia-a-dia, aprender a ler os acontecimentos com os olhos da fé e manter-se aberto às surpresas do Espírito.Não poderemos descobrir a chamada especial e pessoal que Deus pensou para nós, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu, perdendo a oportunidade de sonhar em grande e tornar-se protagonista daquela história única e original que Deus quer escrever conosco.Também Jesus foi chamado e enviado; por isso, precisou de Se recolher no silêncio, escutou e leu a Palavra na Sinagoga e, com a luz e a força do Espírito Santo, desvendou em plenitude o seu significado relativamente à sua própria pessoa e à história do povo de Israel.Hoje este comportamento vai-se tornando cada vez mais difícil, imersos como estamos numa sociedade rumorosa, na abundância frenética de estímulos e informações que enchem a nossa jornada. À barafunda exterior, que às vezes domina as nossas cidades e bairros, corresponde frequentemente uma dispersão e confusão interior, que não nos permite parar, provar o gosto da contemplação, refletir com serenidade sobre os acontecimentos da nossa vida e realizar um profícuo discernimento, confiados no desígnio amoroso de Deus a nosso respeito.Mas, como sabemos, o Reino de Deus vem sem fazer rumor nem chamar a atenção (cf. Lc 17, 21), e só é possível individuar os seus germes quando sabemos, como o profeta Elias, entrar nas profundezas do nosso espírito, deixando que este se abra ao sopro imperceptível da brisa divina (cf. 1 Re 19, 11-13).

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DiscernirNa sinagoga de Nazaré, ao ler a passagem do profeta Isaías, Jesus discerne o conteúdo da missão para a qual foi enviado e apresenta-o aos que esperavam o Messias: “O Espírito do Senhor está sobre Mim; porque Me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar o ano favorável da parte do Senhor” (Lc 4, 18-19).De igual modo, cada um de nós só pode descobrir a sua própria vocação através do discernimento espiritual, um “processo pelo qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida”3.Em particular, descobrimos que a vocação cristã tem sempre uma dimensão profética. Como nos atesta a Escritura, os profetas são enviados ao povo, em situações de grande precariedade material e de crise espiritual e moral, para lhe comunicar em nome de Deus palavras de conversão, esperança e consolação. Como um vento que levanta o pó, o profeta perturba a falsa tranquilidade da consciência que esqueceu a Palavra do Senhor, discerne os acontecimentos à luz da promessa de Deus e ajuda o povo a vislumbrar, nas trevas da história, os sinais duma aurora.Também hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, de superar as tentações da ideologia e do fatalismo e de descobrir, no relacionamento com o Senhor, os lugares, instrumentos e situações através dos quais Ele nos chama. Todo o cristão deveria poder desenvolver a capacidade de «ler por dentro» a vida e individuar onde e para quê o está a chamar o Senhor a fim de ser continuador da sua missão.ViverPor último, Jesus anuncia a novidade da hora presente, que entusiasmará a muitos e endurecerá a outros: cumpriu-se o tempo, sendo Ele o Messias anunciado por Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver a vista aos cegos e proclamar o amor misericordioso 3 Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, II. 2.

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de Deus a toda a criatura. Precisamente “cumpriu-se hoje – afirma Jesus – esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4, 20).A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abraçarmos o risco duma escolha. A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente! E cada um de nós é chamado – à vida laical no matrimônio, à vida sacerdotal no ministério ordenado, ou à vida de especial consagração – para se tornar testemunha do Senhor, aqui e agora.Realmente este “hoje” proclamado por Jesus assegura-nos que Deus continua a “descer” para salvar esta nossa humanidade e fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor continua ainda a chamar para viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço direto. E, se fizer intuir que nos chama a consagrar-nos totalmente ao seu Reino, não devemos ter medo. É belo – e uma graça grande – estar inteiramente e para sempre consagrados a Deus e ao serviço dos irmãos!O Senhor continua hoje a chamar para O seguir. Não temos de esperar que sejamos perfeitos para dar como resposta o nosso generoso “eis-me aqui”, nem assustar-nos com as nossas limitações e pecados, mas acolher a voz do Senhor com coração aberto. Escutá-la, discernir a nossa missão pessoal na Igreja e no mundo e, finalmente, vivê-la no «hoje» que Deus nos concede.Maria Santíssima, a jovem menina de periferia que escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus feita carne, nos guarde e sempre acompanhe no nosso caminho.

Vaticano, 3 de dezembro (I domingo do Advento) de 2017.

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TEMA VOCACIONAL I

CF/2018 e Serviço de Animação Vocacional

Pe. Alessandro Mendonça Nonato,SDV

Com o objetivo geral de “construir a fraternidade, promovendo a cul-tura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”, a CF/2018 visa refletir so-bre a atmosfera de violência na qual vive o mundo hoje, em especial o Brasil, que é um dos líderes em práticas e em perpetuação de estru-turas e sistemas que geram a violência e morte. Ela se propõe tam-bém a rezar por aqueles que sofreram violências, bem como convidar a todos para que se unam na superação de toda forma de violência e a lutar por políticas públicas que garantam a paz e a harmonia entre todos. “Convertei-vos e crede no evangelho” é o convite quaresmal. Fraternidade e superação da violência é o desejo da CF/2018.

O Texto-Base da CF/2018 mostra que o desrespeito às nossas dife-renças (físicas, psicológicas, sociais, econômicas, culturais, raciais, religiosas, etc.), agride diretamente o nosso lugar simbólico, o lugar da nossa subjetividade, do sonho, do amor próprio e do amor mútuo. É uma agressão normalmente silenciosa, perversa e lenta, que vai tirando aos poucos o desejo de viver. Não podemos esquecer que a

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educação para a vida em fraternidade, com base no amor e na justi-ça, é exigência central do Evangelho. Por isso faz-se necessário des-pertar a consciência vocacional e social da responsabilidade de toda a Igreja na tarefa da evangelização e da promoção humana, tendo como horizonte uma sociedade justa e solidária!

A CF/2018 afirma que a falta de políticas públicas que possam ga-rantir a efetividade dos nossos direitos (vida, saúde, alimentação, moradia, educação, lazer, profissionalização, cultura, etc.), inibi a estrutura que necessitamos para viver de forma digna, justa e feliz. A CF/2018 quer ajudar a promover na sociedade uma cultura de paz, onde não haja espaço para violência física, simbólica e estrutural.

Em tudo isso, vemos a importância de continuarmos trabalhando a questão vocacional, principalmente a dimensão humana e comunitá-ria da vocação. A Equipe Vocacional Paroquial, por exemplo, pode ajudar a despertar pessoas para os diferentes serviços e ministérios que as nossas comunidades necessitam. Além disso, deve promover encontros, simpósios, etc, visando a consciência política de parti-cipação e transformação da sociedade. Neste trabalho, lembra aos vocacionados, que o exercício do ministério se dá por meio de um chamado de Deus. Deus quer precisar de nós para realizar a sua obra. A obra é de Deus e nós somos seus colaboradores (cf. 1 Cor 3,9). O vocacionado/a é tirado/a do meio do povo, para servir a este mesmo povo. Por isso a importância de um enraizamento cultural e antro-pológico, politico e social. Quem perde sua raiz não poderá ajudar a comunidade; pelo contrario, é alguém que precisa de ajuda! “So-nhamos com um serviço vocacional orgânico, missionário e gerador de processos evangelizadores. Uma animação capaz de despertar nas comunidades lideranças com mentalidade vocacional para integrar ou colaborar com o serviço às vocações”4.

Vivemos um momento histórico onde passamos por uma forte cri-se ética nas instituições. O papa Francisco e a CNBB, denunciam constantemente esta crise ética. As estruturas éticas e morais estão sendo sacudidos por um forte vendaval de desvios de condutas. Algo 4 GILSON, Luiz Maia. Animação Vocacional na América Latina. São Paulo, IPV, p.24.

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que vem preocupando as EVPs e a Igreja. Ora, moral e ética são as responsáveis por construir as bases fundamentais que guiam a con-duta do ser humano, determinam o caráter, as virtudes, o altruísmo, a forma de se comportar e de agir em sociedade. Essa é a finalidade da moral e da ética na vida de uma pessoa e da sociedade.O Texto-Base da CF/2018 mostra dados numéricos de cenários vio-lentos e de falta de amor para com o próximo, de modo especial para com os adolescentes, jovens, mulheres, negros e povos indignas. O cenário político brasileiro passa por momentos cada vez mais delica-dos diante de tantos escândalos noticiados diariamente pela impren-sa. Há muitos anos o povo brasileiro sabe como funciona a política neste país, bem como sabe também da falta de moralidade e ética de diversos políticos, porém com o passar dos anos (toda e qualquer sociedade tende a evoluir, ainda que a passos lentos), a população começa a entender também que a política faz parte do cotidiano, ou seja, a política não é um fenômeno isolado. Crescemos na consciên-cia que a politica vai para além dos partidos políticos ou do voto com o qual elegemos nossos governantes; que a política é algo que meche com toda estrutura e rege os padrões de vida.Como aprendemos com a Filosofia Grega, o homem é por excelência um ser político. Fazemos politica desde a nossa concepção ate a nos-sa morte. Quando nascemos já passamos a viver em uma sociedade que tem sua própria cultura, normas, leis, religiões, etc. Somos, de certo modo, “sujeitos do meio”, embora isso não signifique ficar pre-sos ao meio, ou seja, podemos e devemos transformar o meio em que vivemos. Não temos dúvidas que essa crise que abate as instituições, de modo especial a politica, é a principal causa de tantos desmantelos e violência. Podemos afirmar que o povo brasileiro passa por um momento único, no qual em meio a tanta falta de ética e de moral no cenário político é possível pensar num país melhor, num país que comece a compreen-der que os políticos não são pessoas que surgem de outros planetas e que chegam ao comando do Poder. A crise em que vivemos tem servido para que as instituições sérias possam fazer uma profunda

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reflexão sobre o mundo em que vivemos; e até mesmo sobre a im-portância da vida humana na transformação da sociedade. Hoje, mais do que nunca, a EVP tem, junto ao ser humano atual, um papel im-portante. O Serviço de Animação Vocacional vai além, engloba o ser humano por inteiro. A sociedade deve entender que a POLÍTICA somos todos nós e que o político de hoje nada mais é do que o cidadão que cresceu no mes-mo contexto moral e ético de todos aqueles que tanto repudiam os escândalos noticiados no cenário político. O sentido da sociedade é formar cidadãos morais e éticos para que possam representar todos com dignidade e com o verdadeiro significado de representatividade.Por fim, não podemos aceitar nenhum tipo de violência contra o ser humano e contra toda Criação. A busca da superação da violência é tarefa permanente. Muitos deram a vida por isso! Aquele que morreu na cruz por causa da humanidade derramou sua última gota de san-gue para que o amor e a justiça fossem nosso alimento diário. Preci-samos criar uma consciência de que somos corresponsáveis uns pelos outros; porque “em Cristo somos todos irmãos” (Mt 25,8). As EVPs têm um papel importante na construção da cultura da paz. Sejamos todos profetas do amor e da verdade.

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TEMA VOCACIONAL II

Juventude e Igreja a caminho da Evangelização.

“Que ninguém o despreze por ser jovem. Quanto a você mesmo, seja para os fiéis um modelo na palavra, na conduta, no amor, na fé

e na pureza” (1Tm 4,12).

Pe. Ariosvaldo Batista Moreira, SDV

Uma das principais formas de entender o aspecto da evangelização é saber que esta exige, sobretudo, testemunho de vida dos cristãos no anúncio da Boa-Nova, que é o próprio Cristo. Uma vez atraídos por Ele, cada cristão pode par-ticipar com alegria da missão da Igreja na transformação da sociedade.O encontro com Jesus, de fato, nos en-che de alegria e nos torna discípulos missionários! Deste modo, entende-se que a Igreja é chamada, desde a sua rea-lidade histórica, a ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5, 13-14) no meio do povo que caminha nas estradas da vida rumo ao Reino definitivo. Diante deste contínuo desafio, não se pode perder de

vista a presença da juventude no cenário contemporâneo e a necessi-dade de evangelizá-la.Para tanto, é necessário compreender que a etapa juvenil é, por vezes, caracterizada pela recusa das tradições, e, principalmente, pelo an-seio de mudança e busca daquilo que é novo. Esta etapa de transição faz parte da naturalidade humana e por isso “conhecer os jovens é condição prévia para evangelizá-los. Não se pode amar nem evange-lizar a quem não se conhece”5. 5 CNBB, Documento 85; nº 10

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Contudo, sabe-se que a transição causa ansiedade, insegurança e tudo aquilo que faz parte da natureza humana. No entanto, tais circunstân-cias não estão presentes somente na etapa juvenil que, na incerteza ou expectativa, rejeitam valores importantes, mas também nas gerações adultas que acabam cristalizando princípios ultrapassados por medo de mudanças. Portanto, neste sentido, faz-se necessário entender que a unidade faz a diversidade, de modo que: “Quanto mais estivermos convencidos do valor da ‘unidade na diversidade’ mais os nossos jo-vens se beneficiarão, as nossas comunidades se fortalecerão e a nossa sociedade sentirá a força positiva de uma juventude convicta e entu-siasmada pelos verdadeiros valores pregados por Jesus Cristo”6.Nesta perspectiva, a Igreja tem agido de forma sólida, buscando evangelizar a juventude. A Evangelização, iluminada pela força do Espírito do Ressuscitado que renova todas as coisas, nos assegurará uma juventude mais querida e animada na construção do Reino de Deus, já aqui e agora.A Igreja enriquece quando transmite com entusiasmo a mensagem do Mestre e acolhe generosamente a etapa juvenil que deseja arden-temente fazer uma experiência com Jesus Cristo - Caminho, Verdade e Vida. Sentindo-se acolhida, a juventude pode fazer em sua história um verdadeiro discernimento espiritual que lhe ajudará a escolher quais os caminhos da vida deve seguir, sem desviar o olhar da face do Cristo.A generosidade no acolhimento faz germinar novas sementes para o Reino e é por isso que os jovens poderão percorrer os caminhos de Cristo como testemunhas vivas na Igreja, espaço favorável para o discernimento espiritual. Neste espaço de acolhida, é importante que haja abertura para o diálogo e sincera reflexão acerca dos valores do Evangelho. Como sinal de esperança para as futuras gerações, pois, ainda acreditamos numa juventude ardorosa, que pergunta a Jesus, assim como os discípulos de João fizeram: “Mestre, onde moras?” (Jo 1, 38), e que não se sente amedrontada em ouvir Dele:” Vinde ver!” (Jo 1,39).A Igreja tende a se enriquecer de benefícios espirituais, no convite contínuo às futuras gerações a fazerem a experiência com o Ressus-6 CNBB, Documento 85.

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citado. Jesus continua morando no coração de cada ser humano que se abre à Graça Divina, como se lê em diversas passagens da Sagrada Escritura, tais como a mulher samaritana, o cobrador de impostos Zaqueu, o pescador Pedro e tantos outros homens e mulheres que tiveram uma experiência com Jesus e permaneceram com Ele.Sendo assim, é importante que a Igreja tenha um olhar de esperança voltado à juventude e invista na Evangelização sólida desta parcela do povo de Deus! Mesmo enfrentando diversos desafios nesta etapa de sua vida, a juventude precisa ter a certeza de que Jesus continua caminhando consigo e que, impelida pela força de Sua Presença, pre-cisa ser sal da terra e luz do mundo, na realidade em que vivemos.Que a juventude possa, sem medo, aproximar-se de Jesus por meio da Igreja, viver a fé cristã no cenário atual, sem perder sua característica, pois “a juventude mora no coração da Igreja e é fonte de renovação da sociedade”7. Que ao mesmo tempo, a Igreja possa também conti-nuar lançando suas redes para as águas mais profundas, transmitindo às futuras gerações o verdadeiro sentido da vida, alimentando-as com a Palavra, o exemplo e testemunho, de tal modo que todos sintam-se acolhidos por Deus que, em sua Infinita Ternura, abraça todos os seus filhos e filhas e lhes convida ao caminho do discipulado de seu amado Filho, Jesus Cristo.

7 CNBB, Documento 85, nº 01.

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TESTEMUNHO VOCACIONAL

Beato Óscar Romero: Vocação do pastor segundo o coração de CristoPe. Mozart Nunes de Andrade Santos Neto, SDV

Nesta edição temos como exemplo vocacional um santo muito presente na luta dos di-reitos dos mais necessitados e marginalizados da sociedade. Sua voz de Pastor e amigo permanece viva no coração do povo Salvadorenho e de todos que tem contato com a sua história.

Beato Oscar Romero nasceu em uma família muito humilde e simples em São Salvador no dia 15 de agosto de 1917. Desde cedo manifestou o desejo de servir ao Se-nhor como sacerdote. Jovem atuante e participativo em sua paróquia, aos 13 anos é encaminhado ao Seminário Menor diocesano na cidade de São Miguel, que então era dirigido pelos missionários Clarentia-nos. Aos 20 anos, foi completar os estudos de teologia em Roma, onde foi ordenado Presbítero em 1942, com a idade de 25 anos: deu continuidade aos seus estudos teológicos em Roma até que por causa da II Guerra Mundial regressa a São Salvador.

Regressado ao seu pais, dedica-se ao serviço pastoral em várias pa-róquias. Conhecido como padre que segue uma linha conservadora e que prefere não tomar parte em questões políticas e sociais, o Va-ticano vê nele um bom candidato ao episcopado pelas suas posições conservadoras e nomeia-o bispo em 1970. Tal escolha da hierarquia católica era para não favorecer a “Teologia da Libertação” e o com-bate político, tão presente na América Latina.

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Em 1977 é nomeado arcebispo da capital São Salvador, precisamente pelo seu cuidado e zelo com a doutrina da Igreja. Diz seus biógra-fos que pouco tempo depois, é assassinado o Jesuíta Padre Rutílio Grande, um sacerdote empenhado na luta do povo e colaborador de Dom Romero. Dom Romero afirmou que foi o exemplo do Padre Rutílio e sua morte que o convenceram a mudar de ideias e ficar fir-memente ao lado dos pobres e dos injustiçados de São Salvador em um contexto de muita violência e exclusão. “Durante a celebração do funeral do padre Rutilio, Dom Romero mostrou o significado da sua morte, expressão de uma vida dedicada aos irmãos, no amor ensinado por Cristo, afirmando: “Esperamos a voz de uma justiça imparcial, porque, na motivação do amor, a justiça não pode ficar ausente, não pode haver verdadeira paz e verdadeiro amor com base na injustiça, na violência, na intriga”. Dom Romero repetiria muitas vezes essa mesma ideia: a paz, a verdadeira paz só pode ser construída sobre a justiça social”8.

Esse é o momento em que Dom Romero reavalia sua posição e colo-ca-se com firmeza e coragem junto dos pobres, oprimidos, injustiça-dos, “denunciando a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e eco-nômicos, apoiada pelos Estados Unidos da América”. O Arcebispo Romero também denuncia a violência da guerrilha revolucionaria. Suas reflexões foram sempre transmitidas pela rádio católica dando esperança à população e provocando a revolta e irá dos governantes.

Ao escutar o clamor dos pobres, dá se uma reviravolta de 360º na vida de Dom Romero, passando a ser um novo homem. Em suas reflexões dominicais, catequeses e palestras, denunciava o abuso dos direitos humanos, a morte de civis inocentes (entre estes também sa-cerdotes) e os assassínios políticos por “Esquadrões da morte”. Dom Romero lutava incansavelmente contra o regime cruel e sangrento que dominava São Salvador; pôs-se constantemente ao lado dos po-8 https://teologialibertacao.wordpress.com/2015/05/22/romero-o-bispo-que-morreu-pelos-pobres/. Consultado em 22 de janeiro de 2018

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bres e injustiçados após sua conversão e em um registro de 11 de novembro de 1977 afirmou: “A missão da Igreja é identificar-se com os pobres. Assim a Igreja encontra sua salvação”9.

A vida de Dom Romero era pautada fielmente no Evangelho e que serve de modelo para todos os cristãos. Pois, era um homem de ora-ção e santidade de vida. Sabia comungar ação e oração no exercício de seu ministério que supercomprometido com a justiça, a liberdade e a paz do seu povo, viveu sua missão de pastor seguindo os ensina-mentos de Jesus Cristo e dando testemunho do Reino de Deus.

Em outubro de 1979, um golpe de Estado depõe o ditador Humberto Romero. Uma junta de civis e militares assume o poder, e nesse ce-nário, exército e organizações paramilitares assassinam centenas de civis. A guerrilha responde com execuções sumarias.

Em fevereiro de 1980, Dom Romero escreve ao presidente dos EUA, Jimmy Carter, um apelo para que ele não envie ajuda militar e eco-nômica ao governo salvadorenho e para não financiar a repressão ao povo.

Aproximava-se o tempo do martírio de Dom Romero. Sua postura de Pastor incomodou muitos poderosos. Constantemente era ameaçado de morte. Em uma entrevista ao jornal Excelsior, do México, duas semanas antes de sua morte, disse: “Fui frequentemente ameaçado de morte. Como cristão, não acredito na morte sem ressurreição: se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho. Digo isso sem nenhu-ma ostentação, com a maior humildade. Como pastor, sou obrigado, por mandato divino, a dar a vida por aqueles que amo, que são todos os salvadorenhos, até por aqueles que me assassinarem. O martírio é uma graça de Deus, que não me sinto na situação de merecer, entre-tanto, se Deus aceitar o sacrifício de minha vida, que meu sangue seja semente de liberdade. Pode escrever: se chegarem a me matar, desde já eu perdoo e benzo aquele que o faça”10

9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Óscar_Romero. Consultado em 19 de janeiro de 201810 http://www.epifania.org.br/beato-dom-oscar-romero/. Consultado em 20 de janeiro de 2018.

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Dom Romero pagou com a própria vida o preço por ser discípulo de Cristo. Foi morto no dia 24 de março de 1980 por um franco atirador do exército salvadorenho, enquanto celebrava a missa no Hospital da Divina Providência. Tiraram a sua vida sobre o altar do sacrifício da consagração, misturando o seu sangue ao sangue de Cristo consa-grado aos irmãos, este que servirá de alimento no clamor do povo e fortaleça na luta e defesa da Igreja para com os pobres e excluídos na vivência do Evangelho de Jesus Cristo.

Sua beatificação se deu no dia 23 de maio de 2015, na praça do Divi-no Salvador do Mundo, em El Salvador. Onde foi presidida a missa pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da congregação para as causas dos Santos, uma cerimônia onde reuniu milhares de pessoas.

Por fim, para numerosas comunidades Cristãs do continente america-no, Dom Romero foi considerado Santo desde o dia do seu martírio. Chamam-lhe São Romero da América Latina pelo seu empenho em-pregado em favor da paz, sua luta contra a pobreza e a injustiça; um verdadeiro vocacionado que incansavelmente trabalhava na messe do Senhor. Seu exemplo e testemunho vocacional deve nos ajudar na resposta constante ao chamado de Deus e perceber que nunca é tarde para fazer o que Deus deseja de cada um de nós.

Beato Óscar A. Romero, rogai a Deus por nós.

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CELEBRAÇÃO VOCACIONAL

Ir. Hugo da Silva Eliodoro, SDV

(Preparar o ambiente com a imagem de Jesus sobre uma rede).

ACOLHIDA: Cantar mantras para motivar a oração.

Comentarista: Amados irmãos e irmãs sejam todos bem–vindos. É uma grande alegria estarmos aqui reunidos para meditar e re-zar juntos, celebrando o domingo do Bom Pastor, cuja ocasião nos pede desde o Papa Paulo VI a re-zar mais uma vez pelas vocações. Neste 55° DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES, nosso atual pontífice nos orienta a “escutar, discernir, viver a chama-da do Senhor”. Pediremos à Trin-dade, pela intercessão de Nª Sª das

Divinas Vocações, que envie operários e operárias para sua vinha.

Momento de silêncio

Animador/a: Iniciemos invocando a Santíssima Trindade: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

CANTO: Tu És a Razão da Jornada (José Acácio Santana)

(Durante o canto, se oportuno, entrar em procissão alguns símbolos das vocações específicas (estola, aliança, sandálias, vasos represen-tando os conselhos evangélicos, globo etc.) que serão colocadas na rede já preparada anteriormente).

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Comentarista: Tendo os corações e o ambiente preparado, vamos agora receber Jesus Eucarístico para nosso momento de adoração.

(Exposição e canto de adoração).

Animador/a: Orando com salmos, recordamos como Deus se mani-festou na história e continua agindo em nossa vida hoje. Recorrendo à oração, à contemplação, à meditação da Palavra de Deus, queremos responder conscientemente à proposta de amor.

(Momento de silêncio)

Salmo 62 (ler ou cantar)

Todos: A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação.

Lado 1: Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei grandemente abalado.

Lado 2: Até quando maquinareis o mal contra um homem? Sereis mortos todos vós, sereis como uma parede encurvada e uma sebe prestes a cair.

Todos :A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação.

Lado 1: Eles somente consultam como o hão de derrubar da sua excelência; deleitam-se em mentiras; com a boca bendizem, mas nas suas entranhas maldizem.

Lado 2: O minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança.

Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei abalado.

Todos: A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação.

Lado1: Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza, e o meu refúgio estão em Deus.

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Lado 2: Confiai nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante ele o vosso coração. Deus é o nosso refúgio.

Todos: A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação.

Lado 1: Certamente que os homens de classe baixa são vaidade, e os homens de ordem elevada são mentira; pesados em balanças, eles juntos são mais leves do que a vaidade.

Lado 2: Não confieis na opressão, nem vos ensoberbeçais na rapina; se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração.

Todos: Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder per-tence a Deus.

A ti também, Senhor, pertence a misericórdia; pois retribuirás a cada um segundo a sua obra.

Todos: A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação.

(Momento de silêncio).

Comentarista: Iremos agora refletir um pouco sobre a mensagem do Papa Francisco para este dia, onde se ressalta a importância de escutar, discernir e viver a Vocação. Pretendemos estar também

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em sintonia com o próximo XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cujo tema será Os jovens, a fé e o discernimento vocacional.

(pode se fazer uma breve reflexão após este momento)

Animador/a: Temos hoje a oportunidade de aprofundar como, no centro da nossa vida, está a chamada, a alegre noticia que Deus nos acompanha e guia.

Leitor 1: Não estamos submersos no acaso, nem à mercê duma série de eventos caóticos; pelo contrário, a nossa vida e a nossa presença no mundo são fruto duma vocação divina.

Leitor 2: Ainda hoje, a Encarnação do Verbo nos lembra que Deus não cessa jamais de vir ao nosso encontro. O Deus conosco nos acompanha ao longo das estradas e nos chama à alegria.

Todos: Na diversidade e especificidade de cada vocação, pessoal e eclesial, trata-se de escutar, discernir e viver esta Palavra que nos chama do Alto.

Escutar

Leitor 3: A Vocação não possui a evidência das coisas que podemos ouvir, ver ou tocar na vida diária. Deus vem de forma silenciosa e discreta, sem Se impor à nossa liberdade. Por isso sua voz pode ficar sufocada pelas inquietações e solicitações de nossa mente e coração.

Todos: Não poderemos descobrir a chamada de Deus, se ficarmos fechados em nós mesmos, nos nossos hábitos e na apatia de quem desperdiça a sua vida no círculo restrito do próprio eu.

Leitor 4: Vivemos numa sociedade rumorosa, na abundância frenéti-ca de estímulos e informações que enchem a nossa jornada.

Todos: O Reino de Deus vem sem fazer rumor nem chamar a aten-ção, por isso, como o profeta Elias, devemos entrar nas profundezas do nosso espírito, deixando que este se abra ao sopro imperceptível da brisa divina.

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Discernir

Leitor 5: Como Jesus, cada um de nós descobre a própria vocação através do discernimento espiritual, um “processo pelo qual a pessoa, em diálogo com o Senhor e na escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a começar pela do seu estado da vida”.

Leitor 6: Descobrimos que a vocação cristã tem sempre uma di-mensão profética. Os profetas são enviados ao povo, em situações de grande precariedade material e de crise espiritual e moral, para lhe comunicar em nome de Deus palavras de conversão, esperança e consolação.

Todos: Também hoje temos grande necessidade do discernimento e da profecia, de superar as tentações da ideologia e do fatalismo e de descobrir, no relacionamento com o Senhor, os lugares, instrumentos e situações através dos quais Ele nos chama.

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Viver

Leitor 7: Jesus anuncia a novidade que entusiasmará muitos e endu-recerá outros: cumpriu-se o tempo, sendo Ele o Messias anunciado por Isaías, ungido para libertar os cativos, devolver a vista aos cegos e proclamar o amor misericordioso de Deus a toda a criatura.

Leitor 8: A alegria do Evangelho não pode esperar pelas nossas len-tidões e preguiças; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não abra-çarmos o risco duma escolha.

Todos: A vocação é hoje! A missão cristã é para o momento presente!

Animador/a: Realmente este “hoje” proclamado por Jesus assegura-nos que Deus continua a “descer” para salvar esta nossa humanidade e fazer-nos participantes da sua missão. O Senhor continua ainda a chamar para viver com Ele e segui-Lo numa particular relação de proximidade ao seu serviço direto.

Todos: O Senhor continua hoje a chamar. Precisamos escutá-lo, dis-cernir nossa missão pessoal e viver esta chamada no “hoje” que Deus nos concede.

Animador/a: Maria Santíssima, a jovem menina de periferia que es-cutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus feito carne, nos guarde e sempre acompanhe no nosso caminho.

Todos: Amém.

(Segue um momento de preces espontâneas e a bênção do Santíssi-mo Sacramento)

CANTO FINAL: Cidadão do Infinito

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ATIVIDADE VOCACIONAL

Encontro com namorados

Pe. Valnei Pamponet Oliveira SDV

O Papa João Paulo II, em 1981, nos dizia que “a preparação dos jovens para o matrimônio e para a vida familiar é necessário hoje mais do que nunca”11. Esta preparação deve ser um “processo gradual e contínuo... (que) tem inicio desde a infância”12. Nestas palavras, a Pastoral responsável pela animação vocacional na comunidade (EVP), a Pastoral responsável pela evangelização da juventude (PJ13) e a Pastoral responsável em acompanhar e fomentar a vivência fami-liar cristã (PF), encontram motivações suficientes para promover ati-vidades que visam colaborar no crescimento humano e espiritual dos futuros casais. A proposta de Encontro para Namorados aqui apresen-tada se enquadra neste processo. Devido ao pouco espaço disponível, procuramos ser claros e detalhados, porém breves, acreditando na ca-pacidade dos interessados em entender e desenvolver o que aqui é dito.11 Familiaris consortio 66.12 Familiaris consortio 66.13 Por PJ incluímos aqui todo grupo paroquial que trabalha especialmente com e para jovens (especialmente Grupo de Jovens e Crisma ou Catequese para Jovens).

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Por iniciativa de alguma das Pastorais elencadas acima, ou a pedi-do do responsável da Comunidade, deve haver um pensar conjunto sobre a importância e oportunidade para execução desta atividade. Seria recomendável uma conversa comum numa Assembleia, CPP ou outra reunião onde se faria uma motivação e debate acerca do assunto. Uma vez decidida a realização do evento, se inicia as etapas seguintes de Preparação, Divulgação e Execução.

1ª Etapa (Preparação):

Nesta etapa se realizam reuniões da Equipe de Coordenação, de pre-ferência composta por um membro de cada Pastoral envolvida, para pensar assuntos como data, tema, local, duração do Encontro, recur-sos econômicos, número de casais de namorados a participarem, di-visão de trabalhos, etc. Aqui se faz apenas esboço, que deverá ser levado às Pastorais responsáveis e especialmente ao Coordenador da Comunidade, para um amadurecimento das propostas.

Sugerimos que se promova a participação de outras Pastorais através de atividades como: divulgação (Pascom), Recursos Econômicos (Dí-zimo ou CPAE), Oração (Apostolado, Legião, Equipe de Adoração, Grupo de Oração, etc.), Alimentação (Equipe de Cozinha ou alguma Pastoral disponível), Animação (Músicos da Comunidade), etc.

Será de suma importância uma preparação que seja objetiva. As deci-sões sejam apresentadas claramente e encaminhadas através das pes-soas responsáveis. Elementos como improvisação, deixar tudo para última hora, confiar responsabilidade a pessoas irresponsáveis, não amarrar assuntos na reunião, deixar tudo nas costas de pessoas cen-tralizadoras, etc., não deveriam fazer parte da rotina do trabalho. Daí a necessidade de uma coordenação exercida com liderança madura, o registro e a comunicação realizada por uma secretaria eficiente, uma captação de recursos competente, etc. A Equipe de Coordenação não é o centro das atenções, mas deve ser o motor motivador de toda a atividade.

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Importante que, em relação ao tema a ser escolhido, se tenha presen-te a amplitude de elementos relativos ao namoro e ao matrimônio numa perspectiva cristã, especialmente dando atenção ao que é dito pelos Documentos da Igreja, evitando assim uma temática restrita à sexualidade14. Nesta mesma perspectiva, se deve preocupar com os/as palestrantes. Que seja pessoas preparadas, levando em consi-deração também o conhecimento oferecido pelas ciências humanas (psicologia, sociologia, saúde, etc.15).

2ª Etapa (Divulgação):

A divulgação do encontro deve, na verdade, ser uma preocupação de toda a comunidade. Implica na participação, diferenciada é claro, desde o/a Coordenador/a da comunidade e as Pastorais envolvidas, como também os próprios pais em relação a seus filhos. Onde existe, a Pascom deve se destacar na ação de divulgação, movida pelo seu próprio compromisso.

Aconselhamos que se utilize de variadas e criativas formas de comu-nicação: avisos nas missas, faixas, cartazes, Facebook, WhatsApp, etc. Porém, aqui é preciso atenção a três elementos: a divulgação precisa ser proporcional ao número de vagas16; o encontro visa casais de namorados para formação cristã17; o Encontro tem por fim a for-mação e a convivência18.

3ª Etapa (Execução):

Embora seja a etapa mais visada, não pode significar pouca importân-cia dada às etapas anteriores. Complicado, por isso, admitir pessoas trabalhando no encontro que não se envolveram, de algum modo, com as etapas anteriores, conhecendo o mínimo do objetivo desse Encontro.14 Esta recomendação decorre de nossa observação em presenciar encontros direcionados à Juventude que parecem se preocupar exclusivamente com sexo antes do casamento, esquecendo a realidade humana como um todo mais amplo.15 O que é dito em relação aos agentes de PF, tem aplicação aqui. Familiaris Consortio, 75; Amoris Laetitia, 204.16 Seria descabida uma grande divulgação para um Encontro a ser realizado num pequeno espaço ou com recursos e meios insuficien-tes.17 Acolher casais de namorados que não possuem formação cristã e caminhada de igreja seria algo com suas possíveis complicações. Melhor evitar a preocupação com grande número de participantes.18 Com isso se quer evitar a supervalorização da animação, do relacionamento em detrimento das palestras e/ou trabalhos em grupos em torno de temas.

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Não pretendemos aqui apresentar uma programação, pois isso com-pete aos costumes e criatividades locais. Orientamos, entretanto, que não falte elementos comuns à encontros: oração, animação, dinâ-micas de relacionamentos, palestras, trabalhos em grupo, intervalos para bate-papo, etc. Quando necessário, motivar os participantes a priorizar o relacionamento presencial diminuindo o relacionamento virtual do celular.

Para um desenrolar eficaz do trabalho, se aconselha que haja equipes responsáveis por setores (cozinha, oração, acolhimento, ambientação, comunicação, etc.), tendo cada uma um coordenador. O fato de haver um coordenador principal, e é bom que o tenha, não deve implicar em centralização, mas a participação de muitos ainda é o melhor caminho. Assim evitar-se, na medida do possível, um grande stress.

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PALAVRA DO PE. JUSTINO

Carta à Sagrada Congregação dos Seminários

Pe. Justino Russolillo

Opere XVIII 44-45

Tradução: Pe. Severino Martini

(continuação)

07. Por outro lado, todos sabem que a causa principal que se costuma atribuir ao explicar como tantos sacerdotes secu-lares criam dificuldade em submeter-se completamente, pela vida de ministério, à obediência aos Excelentíssimos Ordi-nários, e, mesmo não querendo, acabam caindo e acomodando-se na escravidão doméstica, é aquela tal obrigação que eles sentem ter com os parentes que os mantiveram no seminário, a custa de sa-crifícios impostos a toda a família, com

a esperança pois de serem recompensadas depois da ordenação pres-biteral. Portanto, há necessidade de uma obra auxiliar da formação do clero, que recolha os meios materiais necessários. E eis a nossa Congregação das Irmãs Vocacionistas da qual cada uma se esforça em manter uma vocação; e todas juntas manterem muitas de todos os modos possíveis: trabalhos, cooperação pessoal, procura de benfei-tores, etc.

08. Parecia-lhe, pois, notar como que imperfeições no modo ordi-nário com que eram educados os seminaristas. Era de opinião que o ensinamento a eles dado, assim como se distingue daquele dos leigos quanto ao fim, deveria distinguir-se também no método: que deveria

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ser todo impregnado de espiritualidade apostólica, quando na verda-de parece totalmente ordinário e semelhante ao leigo, não sem sabor de profano. Parecia-lhe ainda que os educadores imediatos, prefeitos, etc., mesmo quando na melhor das hipóteses são jovens sacerdotes, fervorosos ainda pelas primícias sacerdotais, ressentem-se, todavia, do cansaço dos muitos anos de seminário e da paixão da liberdade, tal que são educadores mais por resignação do que por vocação.

09. Parecia-lhe que a piedade na qual ordinariamente eram educa-dos os alunos do santuário era nada mais que a piedade ordinária de qualquer colégio cristão de leigos; não aquela piedade elevada, nutrida desde o princípio de cerne apostólico, capaz de formar um dia o ministro de Deus à altura das suas funções e dos seus pode-res espirituais. Parecia-lhe que entre reitores, professores, prefeitos, etc., não havia nenhum sério entendimento espiritual para cooperar com forças unidas, com um só espírito e coração, ao grande fim da formação do sacerdote. Mas cada um como que fazendo parte de si mesmo, na melhor das hipóteses, procurava fazer o próprio dever considerando-o como desligado dos demais, com perda de eficácia para a edificação comum.

10. Portanto, a necessidade imediata de um certo entendimento es-piritual dos próprios educadores do clero, quando são tirados daqui e daí entre os sacerdotes seculares, para mantê-los unidos e animá-los de um só bom espírito sobrenatural e sacerdotalmente pedagó-gico. E melhor ainda, a necessidade de uma formação especial para os prefeitos, professores, ecônomos, reitores, padres espirituais dos seminários. A necessidade de uma vocação especial: a vocação da vocação e das vocações. E eis a congregação dos Vocacionistas em breve ao serviço das vocações dos filhos do povo humilde e pobre nos Vocacionários, mas disposta a prestar úteis serviços também nos seminários, especialmente nos pequenos seminários.

11. Esta Congregação Vocacionista se esforça para observar em cada uma de suas casas, ocupando-se cada um de seus membros idôneos,

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o cânon, sempre bendito, 1353: Dent operam sacerdotes pae-sertim parochi etc. e assim toda casa é um pequeno Vocacioná-rio onde se acolhem jovenzinhos pelo menos de uma série de es-tudo. Vão-se assim se formando Vocacionários centrais, onde se possa desenvolver todo o curso secundário, como atualmente se tenta em Pianura de Nápolis, em Cava dei Tirreni, Altavilla Silen-tina e Bovino. Nestes se acolhem somente aqueles jovens que por absoluta falta de meios não po-dem entrar nos seminários pagos. A exclusão de toda suspeita de concorrência é comprovada pelos

reverendos párocos, antes, os jovens com frequência são apresenta-dos e recomendados pelos próprios Excelentíssimos Ordinários.

12. Tem-se feito, no entanto, a experiência de que o fato de ser tudo por conta da beneficência do povo e dos educadores mantém os jo-vens do Vocacionário naquela disposição de humildade, submissão, dependência que é uma das maiores ajudas para receberem docilmen-te a boa formação; os coloca em uma independência da família tal que na maior parte os alunos do Vocacionário se abrem para receber a vocação ao estado mais perfeito, por exemplo, de missionários ex-ternos e de religiosos dos vários institutos. Aqueles que continuam a aspirar ao clero secular não se sentindo obrigados para como as famílias, são mais dispostos à plena obediência e se obrigariam até com juramento especial também aos próprios Ordinários diocesanos.

(continua na próxima edição).

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