58
JOSÉ DA CONCEIÇÃO TAVARES BARBOSA O desenvolvimento da Pecuária familiar e sua relação com a Condição Sanitária Local, Pedra Badejo, Concelho de Santa Cruz Licenciatura em Biologia Vertente Educacional Praia, Junho de 2006

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JOSÉ DA CONCEIÇÃO TAVARES BARBOSA

O desenvolvimento da Pecuária familiar e sua relação com a Condição Sanitária Local, Pedra

Badejo, Concelho de Santa Cruz

Licenciatura em Biologia

Vertente Educacional

Praia, Junho de 2006

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i

JOSÉ DA CONCEIÇÃO TAVARES BARBOSA

O DESENVOLVIMENTO DA PECUÁRIA FAMILIAR E SUA RELAÇÃO COM A CONDIÇÃO SANITÁRIA

LOCAL, PEDRA BADEJO, CONCELHO DE SANTA CRUZ

Licenciatura em Biologia

Vertente Educacional

Monografia apresentada ao Instituto

Superior de Educação (ISE) como

requisito parcial para obtenção do

grau de Licenciatura em Biologia, sob

a orientação do Prof. Doutor Edwin

Pile

Praia, Junho de 2006

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ii

JOSÉ DA CONCEIÇÃO TAVARES BARBOSA

O DESENVOLVIMENTO DA PECUÁRIA FAMILIAR E SUA RELAÇÃO COM A CONDIÇÃO SANITÁRIA

LOCAL, PEDRA BADEJO, CONCELHO DE SANTA CRUZ

Licenciatura em Biologia

Vertente Educacional

Membros do Júri

_________________________________

_________________________________

_________________________________

Praia, ________ de_________________ de 2006

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iii

Lhe ofereço uma Homenagem ao

Prof. Doutor Edwin Pile, meu

orientador, por quem tenho um

admiração, pessoal e profissional,

imensa. Pelo seu ensinamento e

incentivo à realização deste trabalho.

Com pessoas deste tipo trabalhando

cá, Cabo Verde terá um futuro

risonho e brilhante.

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iv

“É na experiência da vida

que o homem evolui”.

Harvey Spencer Lewis

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v

Resumo

Com a finalidade de determinar o grau de desenvolvimento da pecuária familiar e sua relação

com a condição sanitária, foi realizada a avaliação de uma localidade no Concelho de Santa

Cruz. Os dados foram obtidos a partir do inquérito realizado na localidade de Salina. A

análise e a interpretação dos dados foi realizada no período de Janeiro a Julho de 2006. Os

resultados demonstraram que a maior parte das famílias mantém uma condição sanitária

precária e que esta se relaciona principalmente com número de animais/família, as espécies

criadas e o uso de latrinas. O grande número de pessoas por agregado possibilita o

desenvolvimento acentuado de doenças de transmissão vectorial e que o problema da

educação sanitária actualmente se relaciona com indivíduos do sexo feminino de 39 a 56 anos

de idade, que criam sem os conhecimentos necessários um grande número de animais,

principalmente porcos e aves no quintal. Os resultados também demonstraram que as

recomendações devem ser fundamentadas nas espécies animais criadas, o tipo de alimentação

utilizado e o aumento do número de latrinas. Entretanto, também deverá ser considerada a

necessidade do esclarecimento da importância do saneamento básico como fonte para

melhoria da sua condição sanitária local.

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vi

Abstracts

With the purpose of determining the degree of animal breeding development in families and

its relationship with the sanitary condition, the evaluation of a place was accomplished in the

Santa Cruz county. The data were obtained from inquiry accomplished at Salina locality . The

analysis and the interpretation of data was accomplished from January to July/2006. The

results demonstrated that most families maintains a precarious sanitary condition and its

relationship mainly with number of animals/family, the species raised and use of latrines. The

great number of individuals/family facilitates the accentuated development of diseases of

indirect transmission and that the problem of education sanitary is currently related with the

individuals of feminine sex of 39 to 56 years, which breeds without the necessary knowledge

a great number of animals, mainly pigs and birds in the porch. The results also demonstrated

that the recommendations should be based in the raised species animal, the used feeding type

and increase of latrines number. However, the need to clear the importance of basic sanitary

condition should also be considered as source for improvement of its local condition.

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vii

AGRADECIMENTOS

Tendo decidido fazer um estudo de investigação científica acerca da condição sócio-sanitária

do concelho onde nasci e resido, Santa Cruz, é agradável agradecer a todos que me

acompanharam e apoiaram na concretização do trabalho.

Em primeiro lugar à minha família e principalmente aos meus pais, pela educação que me

deram e pelo apoio que me tem dado durante todos esses tempos.

Em seguida aos meus professores(do EBI ao Superior), pelos seus ensinamentos, e

principalmente ao Prof. Doutor Edwin Pile, quem deu-me o gosto e incentivo à realização do

trabalho, despertando-me o interesse pelo desenvolvimento de trabalhos de investigação

científica.

A todos os colegas do ISE, colegas do curso e destacando ao Sr. Adilson Freire por todas

essas andanças e pelo apoio dado aquando da realização do inquérito.

Aos responsáveis das casas na localidade de Salina, Santa Cruz, pela paciência durante o

inquérito.

À Câmara Municipal de Santa Cruz pela disponibilização de documentos.

A todos os meus amigos e camaradas de longas caminhadas e noitadas passadas juntos.

Enfim a todos aqueles que de uma forma ou outra me ajudaram;

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viii

ÍNDICE

I. Introdução .................................................................................................................... 13

II. Objectivos .................................................................................................................... 14

III. Revisão de Literatura ................................................................................................ 15

A. Enquadramento do concelho de Santa Cruz .............................................................. 15

1. Dados históricos do Concelho de Santa Cruz (Vila de Pedra Badejo) .................... 15

2. Caracterização Geográfica .................................................................................... 15

3. Caracterização Climática ...................................................................................... 16

4. Caracterização socio-económica ........................................................................... 17

5. Alguns conceitos sobre Saneamento Básico .......................................................... 17

a) Saneamento básico na vila de Pedra Badejo ...................................................... 17

6. Alguns conceitos básicos sobre Abastecimento de água ........................................ 18

7. Alguns conceitos sobre Sistema de esgotos ........................................................... 18

a) Tipos de sistemas de esgotos ............................................................................. 18

b) Evacuação dos resíduos na Vila ........................................................................ 19

8. Alguns conceitos sobre Disposição do Lixo .......................................................... 20

B. Pecuária e condição sanitária .................................................................................... 20

C. Zoonoses .................................................................................................................. 22

D. Vectores ................................................................................................................... 22

1. Da Família Muscidae ............................................................................................ 22

a) Generalidades ................................................................................................... 22

b) Classificação..................................................................................................... 24

(1) Taxionomia ............................................................................................... 25

c) Descrição .......................................................................................................... 25

d) Ciclo de vida..................................................................................................... 25

(1) Ovos ......................................................................................................... 26

(2) Larvas ....................................................................................................... 26

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ix

(3) Pupas ........................................................................................................ 26

e) Hábito ............................................................................................................... 26

f) Profilaxia e controle .......................................................................................... 27

(1) Medidas contra larvas ou seus criadouros .................................................. 27

(2) Medidas contra adultos.............................................................................. 28

E. Importância para a saúde (Vetores vs condição sanitária).......................................... 29

1. Doenças causadas pela falta de saneamento básico ............................................... 29

a) Musca domestica como disseminadora de moléstias.......................................... 29

IV. Material e métodos ................................................................................................... 31

1. Local e época de estudos ...................................................................................... 31

V. Resultados .................................................................................................................... 32

VI. Discussão ................................................................................................................. 52

VII. Conclusões ............................................................................................................... 54

VIII. Referências bibliográficas......................................................................................... 56

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x

Índice de Ilustrações

Ilustração 1. Desenho esquemático da mosca comum (Musca domestica L.), hospedeiro

intermediário e vector de diversos parasitos. ................................................................... 22

Ilustração 3. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo amostral.

Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de

Janeiro a Julho de 2006. ................................................................................................. 35

Ilustração 4. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e as espécies animais identificadas. Trabalho realizado na localidade de

Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006. .............................. 38

Ilustração 5. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e as local de criação dos animais. Trabalho realizado na localidade de

Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006. .............................. 39

Ilustração 6. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e o tipo de alimento utilizado. Trabalho realizado na localidade de Salina,

Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006. .......................................... 40

Ilustração 7. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e alguns dos factores sociais identificados. Trabalho realizado na localidade

de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006. .......................... 41

Ilustração 8. Representação gráfica da contribuição dos factores para a formação do

primeiro grupo. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006. ................................................................................ 42

Ilustração 9. Representação gráfica da contribuição dos factores para a formação do

segundo grupo. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006. ................................................................................ 43

Ilustração 10. Representação gráfica da contribuição dos factores para a formação do

terceiro grupo. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006. ................................................................................ 44

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xi

Ilustração 11. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo 3, após

homogeneização. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago

no período de Janeiro a Julho de 2006. ........................................................................... 46

Ilustração 12. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo 2, após

homogeneização. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago

no período de Janeiro a Julho de 2006. ........................................................................... 48

Ilustração 13. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo 1, após

homogeneização. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago

no período de Janeiro a Julho de 2006. ........................................................................... 50

Ilustração 14. Criação do porco no “chiqueiro” no quintal. Trabalho realizado na localidade de

Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006………………………...51

Ilustração 15. Criação de vários ruminantes (cabras e ovelhas) na rua ao redor da casa.

Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a

Julho de 2006……………………………………………………………………………....…51

Ilustração 16. Criação de ruminantes na rua ao redor da casa. Trabalho realizado na localidade

de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006………………..……53

Ilustração 17. Criação de porcos em cima da casa. Trabalho realizado na localidade de Salina,

Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006……………………………...…53

Ilustração 18. Criação de ruminante no quintal. Trabalho realizado na localidade de Salina,

Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006……………………………...…55

Ilustração 19. Criação de aves soltas em cima da casa. Trabalho realizado na localidade de

Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006………………………...55

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xii

Índice de Tabelas

Tabela 1. Distribuição em classes do número de moscas colectadas durante o inquérito. ...... 36

Tabela 2. Distribuição em classes do número de moradores/agregado familiar registados

durante o inquérito. ...................................................................................................... 36

Tabela 3. Distribuição em classes da idade do tratador registada durante o inquérito. ........... 37

Tabela 4. Distribuição em classes do número de animais/família registado durante o inquérito.

..................................................................................................................................... 38

Tabela 5. Distribuição percentual da população após a homogeneização amostral do resultado.

..................................................................................................................................... 42

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I. Introdução

Segundo o INE/2000, Santa Cruz é um dos concelhos mais pobres de Cabo Verde. Contudo,

com um grande potencial para agricultura, pesca e pecuária. Actualmente a criação animal é

feita como forma de poupança, dentro, encima, ao redor da casa ou solto na rua. Segundo

Rouquayrol & Almeida (1999), essa situação é preocupante visto que através do contacto,

animal/pessoa, muitos agentes causadores de doenças podem ser transmitidos, a maioria das

vezes pela falta de informação. Segundo, Forattini (1986), mensurar o estado de saúde e bem-

estar de uma determinada população é uma tarefa complexa, porém, necessária para que

sejam feitos diagnósticos e realizadas intervenções, assim como avaliação do impacto

produzido por determinados factores. Em Cabo Verde, a presença de inúmeras zoonoses já foi

detectada em diversos concelhos, e Santa Cruz não é a excepção. Sendo Pedra Badejo uma

vila em que o sistema familiar de criação animal é prevalente, há necessidade de determinar a

situação actual da sua condição sanitária e avaliar a existência ou não da correlação dos

factores relacionados com esses sistemas de criação. Com base nestas informações e sabendo-

se da existência de variações regionais e anuais na prevalência das infecções influenciadas

pelas condições já citadas, foi elaborada esta investigação no intuito de servir como subsídio

para o planeamento futuro de formas de controlo estratégico de doenças vinculadas à presença

de animais e vectores.

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14

II. Objectivos

Determinar o perfil da situação actual da região analisada.

Determinar a importância relativa dos factores analisados e estabelecer indicadores da

condição sanitária.

Determinar a homogeneidade amostral da condição sanitária a ser estabelecida.

Determinar o risco relativo que a condição actual representa.

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III. Revisão de Literatura

A. Enquadramento do concelho de Santa Cruz

1. Dados históricos do Concelho de Santa Cruz (Vila de Pedra Badejo)

O concelho de Santa Cruz foi criado pelo Decreto nº 108/71, de 29 de Março, com vista a

promover o desenvolvimento de actividades que o crescimento populacional impunha e

possibilitar às populações contactos rápidos com as sedes quer do concelho ou das freguesias,

onde os seus problemas deveriam ser resolvidos, desencravando-se, assim, do concelho da

Praia. O nome, porem, fugiu à regra. Segundo conta o proprietário da então Sociedade

Agrícola e Comercial de Santa Filomena (SOCOFIL), situada na pequena localidade de Santa

Cruz, o Eng.º Almeida Henriques propôs às autoridades portuguesas a criação de concelho

nessa localidade, onde se iria, posteriormente, construir um porto para exportação das suas

bananas. Feito os levantamentos, viu-se que o local não dispunha de qualquer infra-estrutura

para o efeito, acabando, no entanto, o concelho por ser criado, mas com sede na povoação de

Pedra Badejo que já era um posto administrativo. O Eng.º Almeida Henriques fez, entretanto,

finca pé para que o novo concelho tomasse o nome de Santa Cruz. Segundo conta, para a vila

de Pedra Badejo, o nome teria advindo do património que dá vista com a ilha de Maio e da

alusão feita à grande quantidade de peixe (Badejo) existente nessa redundância.

2. Caracterização Geográfica

Localizado na parte leste da ilha de Santiago, Santa Cruz é um dos seis concelhos desta ilha,

cobrindo uma superfície total de 109,8 Km2, correspondendo à 11% dos 991 Km

2 que

constitui a área total da ilha, sendo equivalente a aproximadamente 2.8% do território

nacional.

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16

O concelho de Santa Cruz situa-se na zona nordeste da ilha, aproximadamente entre os

paralelos 15º 05º e 15º 11º de latitude norte e entre os meridianos 23º 38º e 23º 30º de

longitude de Greenwich.

Alongando-se entre Areia Branca, ao Norte, e a Ponta Tori (Mangue), ao Sul, estendendo-se

sentido Este/Oeste para o centro da ilha até o Pico d´Antonia.

Faz fronteira ao Norte com o concelho de São Miguel, Oeste com concelho de Santa Catarina,

e a Sul com o concelho de São Domingos. Ao Este é delimitado pelo mar.

O concelho é caracterizado por um emaranhado de montes, ribeiras e achadas. Com efeito, da

garganta do Monte Pico de Antónia, terceiro maior do país (1393mts de altitude), ou a dobra

das suas cordilheiras que percorrem longitudinalmente no sentido Norte/Sul e dividem a ilha

em duas partes distintas, nascem pequenas ribeiras que vão convergindo formando vales

cavados junto às montanhas, alargando e originando planícies à medida que vão-se

aproximando do litoral. As pequenas serras, por seu turno, vão-se aplanando, dando lugar aos

planaltos, normalmente denominados “Achadas”, Moreira (2000).

3. Caracterização Climática

Inserido no conjunto dos concelhos que constituem a ilha de Santiago, Santa Cruz não é a

excepção, no que concerne aos aspectos climáticos. No seu conjunto é do tipo árido a semi-

árido, com uma temperatura média anual de 25ºC e precipitação variável, caracterizado pelo

contraste de duas estações bem definidas:

A estação das chuvas ou o “ tempo das aguas”, que vai de Agosto a Outubro, chuvas

fortemente ligadas à deslocação setentrional da Frente Internacional (FIT).

A estação seca ou o “ tempo das brisas” que vai de Dezembro a Junho, mais fresca e

seca, durante a qual predomina a acção dos alísios de nordeste, que de um modo

regular sopram durante todo o ano

Os meses de Julho e Novembro são considerados de transição.

A acção da altitude e à de orientação das massas do relevo, em relação aos ventos dominantes,

alísios do nordeste, provoca uma série de microclimas. Originando os climas locais

distribuídos da seguinte forma:

Aridez no litoral, humidade e vegetação nos pontos mais altos, precipitação maior na

vertente oriental.

A humidade e a vegetação encontram-se na zona de maior altitude, como a de pico

d´Antonia.

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17

O seu clima é árido, tornando-se mais ameno à medida que se avança para o interior,

constituído o microclima de altitude, suave tanto na época quente com na época fria,

cobrindo a maior parte do concelho (PAMSC, 2003)..

4. Caracterização socio-económica

Segundo o INE (2000), o Concelho de Santa Cruz conta com 25184 habitantes residentes,

sendo 11861 do sexo masculino e 13323 do sexo feminino.

O concelho é constituído por uma só freguesia, a de São Tiago Maior, constituída pelas

seguintes povoações: Pedra Badejo, Salina, Ponta Achada, Rocha Lama, Achada Igreja,

Achada Fazenda, Achada Ponta, Cancelo, Santa Cruz, Achada Bel Bel, Achada Laje, Ribeirão

Boi, Renque Purga, Boaventura, Aguada, São Cristóvão, Ribeira Seca, Librão e Porto

Madeira.

O concelho apresenta a maior taxa desemprego do país, a qual se situa na casa dos 30%. As

principais actividades económicas do concelho são a agricultura de regadio e do sequeiro (o

concelho possui uma das maiores áreas em agricultura de regadio do país em que as culturas

de hortícolas e bananeiras ocupam um lugar importante), a pecuária, a pesca artesanal, e as

pequenas e médias empresas, sobretudo a nível de marcenaria e carpintaria, mecânica,

serralharia, entre outros.

5. Alguns conceitos sobre Saneamento Básico

Saneamento é o conjunto de medidas visando preservar ou modificar as condições do meio

ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde. Saneamento básico se

restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas há quem inclua o lixo nesta

categoria. Outras actividades de saneamento são: controle de animais e insectos, saneamento

de alimentos, escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações.

Normalmente qualquer actividade de saneamento tem os seguintes objectivos: controle e

prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da população, melhorar a produtividade

do indivíduo e facilitar a actividade económica, (Sabesp. 2006).

a) Saneamento básico na vila de Pedra Badejo

No concelho, os constrangimentos na área de saneamento são ainda complexos, mas no

domínio de abastecimento da água potável já há avanços visíveis quando comparados a outras

áreas do saneamento. Se por um lado, a cobertura da água potável já atingiu níveis bastante

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18

satisfatórios, o saneamento do meio ainda não, no que diz respeito à evacuação de excretas e

das águas residuais, controlo dos animais e controlo sanitário dos alimentos.

6. Alguns conceitos básicos sobre Abastecimento de água

A água própria para o consumo humano chama-se água potável. Para ser considerada como

tal ela deve obedecer a padrões de potabilidade. Se ela tem substâncias que modifiquem estes

padrões é considerada poluída. As substâncias que indicam poluição por matéria orgânica são:

compostos nitrogenados, oxigénio consumido e cloretos.

Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução colectiva, exceptuando-se nas

comunidades rurais muito afastadas. No Sistema Público de Água podem ser considerados os

seguintes elementos: Manancial, Captação, Adução, Tratamento, Reservação, Reservatório de

montante ou de jusante e Distribuição.

7. Alguns conceitos sobre Sistema de esgotos

Despejos são compostos de materiais rejeitados ou eliminados devido à actividade normal de

uma comunidade. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contacto de

despejos, esgoto e dejectos humanos com a população, águas de abastecimento, vectores de

doenças e alimentos. O sistema de esgotos ajuda a reduzir despesas com o tratamento tanto da

água de abastecimento, quanto das doenças provocadas pelo contacto humano com os

dejectos, além de controlar a poluição das praias. O esgoto (também chamado de águas

servidas) pode ser de vários tipos: sanitário (água usada para fins higiênicos e industriais),

sépticos (em fase de putrefação), pluviais (águas pluviais), combinado (sanitário + pluvial),

cru (sem tratamento) e fresco (recente, ainda com oxigénio livre).

Existem soluções para a retirada do esgoto e dos dejectos, havendo ou não água encanada.

a) Tipos de sistemas de esgotos

Existem três tipos de sistemas de esgotos :

Sistema unitário: é a colecta do esgotos pluviais, domésticos e industriais em um único

colector. Tem custo de implantação elevado, assim como o tratamento também é caro.

Sistema separador: o esgoto doméstico e industrial ficam separados do esgoto pluvial.

O custo de implantação é menor, pois as águas pluviais não são tão prejudiciais quanto

o esgoto doméstico, que tem prioridade por necessitar tratamento. Assim como o

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19

esgoto industrial nem sempre pode se juntar ao esgoto sanitário sem tratamento

especial prévio.

Sistema misto: a rede recebe o esgoto sanitário e uma parte de águas pluviais.

A contribuição domiciliar para o esgoto está directamente relacionada com o consumo de

água.

As diferenças entre água e esgoto está na quantidade de microrganismos do último, a que é

superior. O esgoto não precisa ser tratado, depende das condições locais, desde que estas

permitam a oxidação. Quando isso não é possível, ele é tratado numa Estação de Tratamento.

Também existe o processo das lagoas de oxidação.

b) Evacuação dos resíduos na Vila

Segundo o PAMSC, (2003), a vila de Pedra Badejo não cresceu em termos físicos no domínio

da extensão da rede de pública de esgoto, que abrange apenas alguns domicílios, complexos

sanitários, mercado municipal e o matadouro; sendo que a descarga é feita no mar. No que diz

respeito ao esvaziamento das fossas, o serviço municipal não dispõe de um camião

autotanque/limpa fossa. No entanto, existe um projecto em estudo da implantação da rede

pública de esgoto e água potável aos principais centros da vila, além da construção de uma

estação de tratamento de águas residuais (ETAR), organizado pelo MIT. Este trabalho é

considerado de relevância, devido às melhorias que proporcionará ao saneamento do meio e

consequentemente do índice de morbilidade.

A limpeza da vila é feita por grupos de mulheres varredeiras, mas o facto mas tocante é a

recolha, transporte e tratamento dos resíduos sólidos, apesar de haver algumas melhorias ou

ganhos principalmente no meio de transporte, visto que anos atrás era feito em camião aberto.

A recolha e transporte do lixo para o depósito de tratamento, que se situa na zona próxima de

Porto Fundo, faz-se diariamente no camião de recolha do lixo, mas os homens que trabalham

na recolha do lixo carecem de condições mínimas de trabalho, no que diz respeito a

equipamentos. O lixo removido estima-se em 9,5-10ton/diárias. O depósito de tratamento é a

céu aberto num “covão” de pouca profundidade, construído nos anos 80, pela Associação de

Amizade Pedra Badejo-Leibnitz, que na altura distava 750mts da ultima casa em Achada

Fátima. A referida zona vem sendo considerada zona de expansão, daí as moradias estarem

próximas do depósito, com todos os incómodos que uma infra-estrutura do tipo acarreta,

mormente quando o sistema de tratamento é feito à queima. Contudo, o quadro mais grave se

relaciona com a lotação. Actualmente totalmente ocupado, com a consequente

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impossibilidade da entrada do camião para seu esvaziamento. Portanto, há necessidade de

medidas urgentes no concernente à nova localização para construção de um novo e melhor

depósito central e tomada de novas medidas de tratamento do lixo (PAMSC, 2003). Com a

prevalência dessas condições tem-se como consequência a disseminação de agentes

causadores de doenças quer através do vento ou de vectores, neste caso especifico pode ser

citada a presença de principalmente da mosca comum (Musca domestica).

8. Alguns conceitos sobre Disposição do Lixo

O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da actividade humana. Ele é constituído de

substâncias putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. O problema do lixo alcança

patamares até de ordem psicológica: o efeito da limpeza da comunidade sobre o povo. O lixo

tem que ser bem acondicionado para facilitar sua remoção, sendo assim, as vezes a parte

orgânica do lixo é triturada e jogada na rede de esgoto. Se isso facilita sua remoção e possível

colecta selectiva, também representa mais uma carga para o sistema de esgotos. Quando

reciclada, a parte inorgânica do lixo pode ser reaproveitada no fabrico de alguns produtos, e a

orgânica na alimentação de animais. O sistema de colecta tem que ter periodicidade regular,

intervalos curtos, e a colecta nocturna ainda é a melhor, apesar dos ruídos.

O lixo pode ser lançado em rios, mares ou a céu aberto, enterrado, ir para um aterro sanitário

(o mais indicado) ou incinerado. Também pode ter suas graxas e gorduras recuperadas, ser

fermentado ou passar pelo processo Indore1.

B. Pecuária e condição sanitária

Considerando a Pecuária como a aplicação de técnicas zootécnicas para a obtenção de

proveitos, se tem a necessidade de uma boa condição sanitária para que o facto aconteça da

melhor forma possível e evitando a transmissão de zoonoses. Segundo Lamy (1997), os

1 Esse método busca manter a estrutura e produtividade do solo, trabalhando em harmonia com a natureza. Conceitualmente,

de acordo com especialistas da área, a "agricultura orgânica" insere-se na actualmente denominada "agroecologia"

(agricultura com princípios ecológicos), sendo essa também constituída pela "agricultura natural", "agricultura biodinâmica

(uso de preparados biodinâmicos)" e "agricultura biológica (uso de mecanismos biológicos)". Na realidade, a "agricultura

orgânica" nada mais é do que a agricultura realizada pelos nossos agricultores antes do uso de insumos químicos industriais

(fertilizantes solúveis e agrotóxicos), claro que, actualmente, com métodos mais cientificamente estudados. O conceito de

agricultura orgânica surgiu com o inglês Albert Howard, que em 1905 começou a trabalhar na estação experimental de Pusa,

na Índia, e observou que os camponeses hindus não utilizavam fertilizantes químicos, mas empregavam diferentes métodos

para reciclar os materiais orgânicos.

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insectos ameaçam as nossas criações animais e consequentemente a produção animal. Embora

a maioria dos insectos sejam fitófagos (alimentam de vegetais) e consequentemente ameacem

a produção vegetal, outros insectos picadores são hematófagos (vivem do sangue dos

animais), transmitindo doenças tanto a animais quanto a humanos, outros ainda põem ovos ou

larvas, ou ainda servem como vectores de parasitas, limitando dessa forma a criação de

animais domésticos, principalmente nos países em desenvolvimento.

O insecto é de facto o inimigo número um das produções vegetais e animais do homem e, em

especial, das suas produções alimentares. As perdas são consideráveis e o custo económico

deve ser acrescido aos gastos empenhados para lutar contra eles. Também se deve ter em

mente, em especial para a alimentação das populações humanas dos países em

desenvolvimento, que a metade dos produtos cultivados e consumidos pelos camponeses

servem na verdade para alimentar estes parasitas, destacando-se que em muitas doenças

parasitárias do homem, o insecto que serve como vector. Os dípteros hematófagos são

considerados os insectos mais prejudiciais, desde que podem ocasionar a morte dos seus

hospedeiros, directa ou indirectamente. Segundo Lamy (1997), os simulídeos (Flia:

Ceratopogonidae) são capazes de causar estragos consideráveis pela sua picada venenosa e

exanguinação.

A Africa é uma zona importante da criação de bovinos, sendo estimados em 160 milhões de

cabeças. Contudo, estão desigualmente distribuídos. Os mais numerosos, ocupam oito

milhões de quilómetros quadrados das zonas do Sahel e do Sudão cobertas de estepes e de

savanas secas mais ou menos arborizadas. Doze milhões de quilómetros quadrados são

desertos ou regiões semidesérticas impróprias para a criação. Os dez milhões restantes estão

ocupados por florestas densas e savanas húmidas (sete milhões de hectares) onde grassam as

moscas tsé-tsé (Glossina palpalis). Pode-se então estimar em 7 milhões de quilómetros

quadrados as zonas onde, embora existam pastagem de boa qualidade e água em abundância,

o gado não esta presente por causa de problemas específicos, como a tripanosomíase

(Trypanosoma spp). O homem ao interferir no habitat desses parasitas, destruindo as galerias

florestais e desenvolvendo a criação animal, determinam o aumento constante desses

problemas.

O mesmo pode ser comentado sobre os ectoparasitas, como sarnas e piolhos que vivem na

plumagem ou no pêlo dos animais de sangue quente. Eles não podem viver muito tempo fora

desses “habitats” aos quais estão morfologicamente, anatomicamente e fisiologicamente bem

adaptados.

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C. Zoonoses

São infecções naturalmente transmissíveis de anfitriões de animal vertebrados para humanos.

Usualmente são ditas doenças do animal para o homem mas inclui também doenças do

homem para o animal. São grupos de infecções heterogéneas com uma epidemiologia e

características clínicas variadas, necessitando da aplicação de medidas de controlo. O

organismo causativo pode ser uni ou pluricelular (vírus, bactérias, fungos, protozoário,

helmintos, etc). A transmissão do agente pode ser feita de forma directa ou indirecta. O

diagnóstico, vigilância, prevenção e controle requerem de um alto grau de colaboração

intersectorial, principalmente entre a saúde, agricultura e a pecuária, (hpa - health protecteon

agency 2003).

Ilustração 1. Desenho esquemático da mosca comum (Musca domestica L.), hospedeiro intermediário e

vector de diversos parasitos.

D. Vectores

1. Da Família Muscidae

a) Generalidades

Segundo Lamy (1997), a entomologia (Entomon = insecto), etimologicamente significa

estudo dos insectos. No entanto, hoje é empregado num sentido mais amplo para designar o

estudo dos artrópodes. Os artrópodes (Arthron = articulações e pous, podos = pés) são animais

metazoários triblásticos celomados, de simetria bilateral, apresentando o corpo segmentado

(Metamerização heterônoma), revestido de quitina e munido de apêndices articulados. O filo

Artrópode está dividido em várias classes, entre as quais temos: Onychophora, Pentastomida,

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Crustácea, Arachnida, Chilopoda, Diplopoda, Hexapoda, etc. As moscas pertencem à Ordem

Diptera e possuem apenas um par de asas membranosas correspondente às asas anteriores, daí

o nome da ordem (di = duas, ptera = asas). O par posterior transformou-se em duas estruturas,

de tamanho reduzido, chamadas de halteres ou balancins, os quais dão equilíbrio ao insecto

durante o voo. Os dípteros pertencem a um dos quatro maiores grupos de organismos vivos,

existindo mais moscas do que vertebrados. Não ocorrem somente nas regiões ártica e

antártica, apresentam metamorfose completa, isto é, as fases de ovo, larva, pupa e adulto.

Pode-se reconhecer as moscas pela cabeça, nitidamente distinta e móvel, com dois grandes

olhos facetados, isto é, como se fosse dividido em várias partes (facetas). Algumas moscas

possuem o aparelho bucal com capacidade para absorver líquidos, enquanto em outras o

aparelho bucal é do tipo picador.

Do ponto de vista benéfico alguns dípteros são importantes para o homem, tais como as

espécies de Drosophila que são utilizadas como animais experimentais principalmente para

estudos genéticos. Algumas espécies são utilizadas como agentes de controle biológico de

plantas daninhas, bem como de insectos-pragas.

Algumas moscas são hematófagas, isto é, alimentam-se de sangue, como por exemplo, as

mutucas (Tabanidae), mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans), mosca-do-chifre

(Haematobia irritans), etc. Entretanto, algumas moscas, mesmo não sendo hematófagas, são

muito importantes na saúde pública, como a M. domestica e a mosca varejeira

(Calliphoridae). As primeiras actuam como transportadores mecânicos de agentes

patogênicos (vírus, protozoários, bactérias, rickéttsias e ovos de helmintos) e as últimas

causam as miíases.

Moscas são muito comuns em áreas rurais e urbanas. No ambiente urbano, algumas

espécies adaptaram-se bem às condições criadas pelo homem, mantendo uma dependência

chamada de sinantropia. Algumas espécies são altamente sinantrópicas, isto é, possuem

grande adaptação ao ambiente urbanizado, enquanto outras são pouco sinantrópicas, ou

seja, não apresentam tolerância ao processo de urbanização. Dentre as altamente

sinantrópicas estão a M. domestica, as moscas-dos-filtros (Telmatoscopus albipunctatus,

Psychoda alternata, P. cinerea, P. satchelli), as mosquinhas (Drosophila spp.) e as moscas

do género Chrysomya. As mosquinhas ou mosca da banana (Drosophila spp.), no ambiente

urbano, são atraídas por frutas maduras ou lixo presentes no interior de residências, feiras e

mercados, (Prefeitura de São Paulo, (2000).

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Actualmente, conhecem-se aproximadamente 120.000 espécies de dípteros e estima-se que

existam mais 1 milhão de espécies viventes. Estas espécies estão divididas em 188 famílias e

aproximadamente 10.000 géneros, sendo que por volta de 3.125 espécies são conhecidas

apenas por registos fósseis, (Lamy, 1997).

b) Classificação

A espécie Musca domestica (Díptera: Muscidae) é uma espécie de grande importância

parasitológica. Nesta família estão compreendidas duas subfamílias de interesse médico e

veterinário, Muscinae e Stomoxidinae. Muscinae é a subfamília que reúne espécies não

picadoras providas de proboscide do tipo lambedor; esta subfamília contém numerosos

géneros, além do Musca, onde encontramos M. domestica. A subfamília Stomoxidinae

contem espécies picadoras providas de proboscide do tipo picador sugador, esta subfamília

contém dois géneros de importância, Stomoxys, onde está incluída a espécie S. calcitrans, e o

género Neivamyia. O género Glossina, com as espécies exóticas transmissoras das

tripanossomoses africana, também pertence a esta subfamília.

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(1) Taxionomia

Tabela 1. Classificação taxionómica de Musca domestica

Reino Animalia

Filo Arthropoda

Sub-filo Hexapoda

Classe Insecta

Sub-classe Pterygota

Infra-classe Neoptera

Super-ordem Endopterygota

Ordem Diptera

Sub-ordem Brachycera

Infra-ordem Orthorrapha

Muscomorpha

Cyclorrapha

Família Muscidae

Género Musca

Nome específico M.domestica Linnaeus, 1758

c) Descrição

Os adultos medem de 5mm a 6mm de comprimento, macho e fêmea respectivamente. O

dimorfismo sexual é feito através dos olhos, sendo estes menores nas fêmeas. O tórax

apresenta coloração cinzento-escuro, com quatro listras pretas longitudinais e paralelas,

estendendo-se até a borda do escudo. O abdómen tem cor amarelada e apresenta uma linha

mediana longitudinal escura que se torna difusa ao nível do quarto segmento, (Pessôa &

Martins, 1982).

d) Ciclo de vida

Segundo Pessôa & Martins, (1982) o ciclo de vida dura de 25 a 30 dias (de acordo com as

variações de temperatura e humidade). A fêmea faz até 5 posturas (100-150/postura

aproximadamente),

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(1) Ovos

Os ovos são brancos ovóides, com uma das extremidades mais larga, medindo 1mm de

comprimento. Cada fêmea põe um total aproximado de 500 a 600ovos. Os ovos geralmente

são depositados em substâncias orgânicas fermentáveis, como lixo, esterco de cavalo, etc.;

quando não, o ciclo de vida se prolonga. O período de incubação mínimo é de oito horas,

podendo ir até os quatro dias. A temperatura óptima é de 23ºC a 26ºC, (Pessôa & Martins,

1982).

(2) Larvas

As larvas recém nascidas ficam agrupadas, são cilíndricas, esbranquiçadas, muito activas e

dotadas de fototropismo negativo. Alimentam-se activamente e 24 horas após a eclosão,

apresentam a primeira muda larvária; até a formação da pupa decorrem 72 horas,

aproximadamente. A passagem de estádio larval a pupal pode ocorrer na própria matéria

orgânica em decomposição. Via de regra, porém, preferem abandonar o lugar de alimentação

e procurar locais mais frescos: terra fofa ou arenosa onde penetram, (Pessôa & Martins,

1982).

(3) Pupas

O pupário, a princípio tem uma cor amarelo-clara, que rapidamente muda para um tom

vermelho-claro, e finalmente para castanho-escuro. Segundo Pessôa & Martins, (1982) a fase

de pupa é de cerca de cinco dias no verão, aumentando nas épocas frias. As moscas, poucos

dias após a saída do pupário, copulam e as fêmeas começam a postura dos ovos.

Desta forma, não é difícil conceber a enorme quantidades de moscas que podem aparecer em

determinadas ocasiões.

e) Hábito

Em relação a este tópico, a redacção limitar-se-á à espécie M. domestica, geralmente

encontrada em áreas urbanas. A espécie é cosmopolita e, embora adaptada a condições extra-

domiciliares, ocorre preferencialmente nas habitações humanas e abrigos de animais

domésticos. Nessas condições, mais de 90% dos ciclorrafos capturados são desta espécie. É

activa durante o dia e repousa à noite. Preferencialmente pousam sob superfícies estreitas e

longas (fios elétricos, galhos de árvores, rachaduras de paredes, etc.). A espécie utiliza vários

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substratos (fezes, escarros, pus, exsudato de feridas, produtos de origem animal e vegetal em

decomposição, açúcar, etc.) como alimento. As substancias líquidas são directamente

ingeridas, ao passo que as sólidas são dissolvidas pela saliva no meio externo e

posteriormente ingeridas. Esse mecanismo de regurgitação é um meio de disseminação de

parasitas, como cistos de Entamoeba histolytica, por exemplo. A contaminação se dá tanto

pelas fezes quanto pela saliva, (Pessôa & Martins, 1982).

f) Profilaxia e controle

Durante longos anos os métodos de combate às moscas foi constituído de medidas sanitárias

visando à destruição de criadouros ou das larvas nos criadouros, associado ao combate ao

adulto através de vários processos químicos e mecânicos.

Com a introdução do DDT2 e outros insecticidas de acção residual e seu uso extensivo, os

resultados foram tão espectaculares que os mais optimistas chegaram a afirmar, em 1948, que

a “era sem moscas” estava próxima. Após dez anos verificou-se que o sonho era só isso: um

sonho. De facto, a M. domestica tem a capacidade de se tornar resistente aos insecticidas de

efeito residual. Assim, após alguns anos, às vezes, mesmo após alguns meses, a população de

moscas de uma localidade, por selecção natural, torna-se inteiramente refractária. E uma vez

resistente a um insecticida clorado, a resistência a outros se desenvolve mais rapidamente;

assim a substituição do DDT por outros produtos não resolve o problema, como também não

resolve o uso de misturas de insecticidas. Por outro lado, a resistência se desenvolve mais no

estado larvário, de modo que um insecticida usado contra o adulto dificilmente funcionará

contra as larvas. Finalmente, uma população de moscas que se tornou imune ao DDT ou a

outros produtos correlatos compõe-se de “supermoscas” com maior resistência às condições

mesológicas, podendo tornar-se mais abundantes do que nos lugares não-desinsetizados,

(Chandler in Pessôa & Martins 1982).

(1) Medidas contra larvas ou seus criadouros

2 DDT - Dicloro Difenil Tricloroetano. O DDT foi sintetizado em 1874 por um estudante alemão, mas caiu no

esquecimento por muitos anos. Pesticida organoclorado, utilizado para o combate de pragas e formigas na

agricultura. É o mais famoso dos pesticidas proibidos. Era amplamente empregado até se descobrir a extrema

persistência no ambiente e toxicidade para quase todas as espécies animais. Já foi encontrado no leite materno de

populações isoladas no Ártico, evidenciando a extensão do impacto ambiental de seu uso. Apesar de proibido na

maioria dos países, ainda é produzido e utilizado para controle de insetos vetores de malária e encefalite, no

Terceiro Mundo. Pertence ao grupo de poluentes chamados POPs (Poluentes Orgânicos Persistentes) regulados

internacionalmente pela Convenção de Basel (referente ao lixo tóxico) e pelo Tratado PIC Global (informação e

consentimento prévio em caso de comércio ou transporte internacional).

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Parece-nos certo que o método mais eficiente de combate as moscas consiste em evitar sua

criação, uma vez que as medidas contra adultos são paliativas. Sendo os principais criadouros

de moscas o lixo doméstico e fezes de animais, particularmente do cavalo, a eles devemos

dirigir nossa atenção.

Em relação ao lixo, a medida mais garantida seria a incineração; mas, além de dispendioso e

só aplicável em certas circunstâncias, o processo tem a desvantagem da destruição do lixo,

que é de grande valor económico e na adubação. O medida mais simples consiste em

depositar o lixo em valas com camadas cobertas com pelo menos 20 a 25 cm de terra, em

tanques de cimento armado (células de Beccari), onde há grande elevação da temperatura, e

consequente fermentação matando as larvas, (Weigert et al. 2002).

Pode-se ainda amontoar o lixo misturado com bórax (2 a 2,5kg/ton) ou paradiclorobezeno (0,5

Kg/m3), ou ainda regá-lo com solução daquele sal ou cianeto de sódio; mas esse último

oferece perigo em virtude da toxidade. Outra medida consiste na aplicação do DDT a 5-10%

ou gamexano a 0.5%. Mas o uso destes insecticidas como medida anti-larvária tem a

desvantagem de acelerar o desenvolvimento da resistência.

Quanto ao esterco de cocheiras, ele deve ser recolhido em fossas rectangulares ou de

preferência em tanques de cimento, onde a fermentação, excepto as que estão na superfície.

Para tornar as esterqueiras mais eficientes, elas podem ser construídas de modo que fiquem

suspensas sobre uma camada de água. Os insecticidas mencionadas para o tratamento do lixo

são também aplicáveis ao esterco.

(2) Medidas contra adultos

Desde que as moscas se criem domiciliarmente, o combate deverá ser feito contra adultos,

uma medida de protecção será a telagem das habitações e dependências onde se manipulam

alimentos.

Métodos mecânicos, tais como, papeis “pega moscas”, armadilhas e outros utensílios podem

ser usados como medidas paliativas tendentes a reduzir a população domiciliar das moscas.

Outras medidas consistem no uso de iscas envenenadas, tais como, soluções açucaradas

contendo 15ml de formaldeído ou solução saturada de fluorsilicato de sódio, este algo tóxico

para os animais domésticos.

Finalmente, os insecticidas de contacto são recomendáveis. Podemos usar o piretro ou

piretrinas dissolvidas em querosene refinado (flit, etc.), e espalhados por meio de atomicidas

manuais. Causam a morte rápida das moscas em ambiente fechados. O DDT, o gamexano e

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outros inseticidas clorados são usados de modo idêntico ao empregado ao combate aos

mosquitos, mas o desenvolvimento da resistência limita seu uso.

E. Importância para a saúde (Vetores vs condição sanitária)

A espécie tem importância como vector mecânico, isto é, podem veicular os agentes em suas

patas após pousarem em superfícies contaminadas com germes e pousarem nos alimentos,

disseminando-os amplamente, podendo assim provocar várias doenças. Segundo Pro et al.

(1999), as larvas da espécie apresentam várias características que a tornam adequada para

uma produção massiva, como a precocidade e prolificidade da espécie, dependendo da

temperatura e humidade ambientais, além de poder desenvolver-se em uma grande variedade

de substratos, alimentando-se basicamente de matéria orgânica vegetal, (Aleixo et al. 1984).

1. Doenças causadas pela falta de saneamento básico

Existem mais de 100 doenças (incluindo zoonoses e outros tipos de doenças com fontes

diversas), entre as que podem ser citadas: cólera, amebíase, vários tipos de diarréia, peste

bubônica, lepra, meningite, póliomielite, herpes, sarampo, hepatite, febre amarela, gripe,

malária, leptospirose, Ebola, etc (Lamy, 1997).

a) Musca domestica como disseminadora de moléstias

Tem sido demonstrado que a espécie pode levar os bacilos da febre tifóide (Salmonella typhi)

nas patas, corpo, trompa ou ainda expulsá-los pela regurgitação ou nas fezes (Ficker, Smith &

Austen in Pessôa & Martins, 1982). Isto pode acontecer pelo seu contacto com fezes humanas

depositadas no lixo, no chão, nas fossas, etc., onde se contaminam. A situação torna-se

particularmente perigosa quando a latrina se comunica directamente com a cozinha. Os

bacilos podem permanecer vivos por aproximadamente 20 a 25 dias aderidos ao corpo das

moscas. Segundo Pessôa & Martins (1982) o papel das moscas é importante nos

acampamentos e locais com pouca ou nenhuma infra-estrutura de saneamento, porém menos

nas cidades com boa rede de esgotos. Diversos autores também isolaram Shigellas spp

patogénicas de moscas capturadas em casa com doentes de disenteria.

Várias espécies de estafilococos foram isolados de partes externas e do canal alimentar da

mosca, por diferentes observadores, e assim admite-se que o insecto possa transportar tais

germes do pus de uma lesão para erosão da pele de indivíduos sãos.

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Grassi in Pessôa & Martins, (1982) foi o primeiro a demonstrar a possibilidade da mosca

ingerir ovos de helmintos, tais como Taenia solium, Enterobius vermicularis, e

posteriormente expulsa-los pelas fezes, com a possibilidade de continuidade da evolução; e

(Stiles in Pessôa & Martins, 1982) demonstrou o poder de disseminação de ovos de Ascaris

lumbricoides. Finalmente (Galli-Valeiro in Pessôa & Martins, 1982) demonstrou que ovos

dos helmintos, bem como larvas de Necator americanus, são transportados a pontos muito

distantes, quando aderidos ao corpo das moscas.

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IV. Material e métodos

1. Local e época de estudos

Os dados foram obtidos a partir de inquérito realizado em Salina, Santa Cruz, Santiago (ver

caracterização geográfica, III-A-2). O trabalho foi realizado no período de Janeiro a Julho de

2006, sendo no período de Janeiro a Maio aplicado o questionário e realizada a respectiva

análise estatística. Os dados foram colectados de forma transversal, sendo as variáveis

registadas: presença de animais, espécies presentes, local de criação, uso ou não de

medicamentos, alimento usado, número de moscas/pulsar, presença ou não de latrinas e idade,

sexo e escolaridade do tratador dos animais.

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V. Resultados

Durante as observações foram inquiridas 100 (cem) famílias. As perguntas foram

direccionadas no intuito de identificar o perfil da criação animal, tipo de alimentação e local

de criação usado para os animais, e nível sociodemográfico de cada família. Os resultados

foram distribuídos em gráficos e tabelas, sendo os dados das tabelas distribuídos em classes

para facilitar a análise.

A distribuição em classes estão registadas nas tabelas e nelas se destaca a possibilidade do

registo de até nove moscas/casa e dez animais/casa em mais de 80% dos casos. Em 75% dos

casos, cada família mantinha um agregado entre 4 e 9 indivíduos, sendo os tratadores pessoas

do sexo feminino (90%) de 39 a 56 anos (59%).

A ilustração do perfil geral da situação demonstrou que na amostra inquirida prevalece a

criação de porcos, pequenos ruminantes e aves, embora também tenham sido registadas a

presença de coelhos, grandes ruminantes, herbívoros e animais de companhia. Da mesma

forma foi verificada maior probabilidade de criação dos animais encima da casa ou no quintal.

A verificação do uso de palha, ração e comida de panela como alimento também foi registada,

destacando-se o uso de comida de panela. Demonstrou-se também uma proporção menor no

uso de latrinas e até 40% de chances dos indivíduos do agregado terem até o 4º ano de

escolaridade.

As análises de correlação e variação entre as espécies criadas demonstraram também que os

maiores problemas estão relacionados com o número de animais, criação de porcos e de aves.

Pode ser verificada a criação animal no quintal como o maior dos problemas, contudo, a

correlação foi positiva com a criação na rua e encima da casa. Em relação aos alimentos

utilizados, destaca-se o de uso de comida de panela como o maior problema, seguido do uso

da ração. Entretanto, também o uso da palha mantém correlação positiva com o número de

moscas. A variação dos resultados também se relacionou com a falta de latrinas, a idade e o

número de moradores.

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A homogeneização da amostra avaliada destacou a presença de três grupos. No grupo 3 (três)

(10% da amostra) pode ser verificada uma pequena quantidade de moscas (classe I) e a falta

de animais. O chefe da família era do sexo feminino com 39 a 56 anos de idade, e o agregado

familiar de 4 a 6 pessoas. Na maioria das famílias pode ser constatada a presença de latrinas.

Os resultados da análise do grupo demonstraram que a variação no número de moscas

(11,2%) estava relacionada ao último factor.

Por outro lado, destaca-se que 90% da amostra mantém um grande número de moscas e que a

homogeneização demonstrou a formação de dois grupos, indicando a necessidade de mais

duas abordagens diferentes na estratégia de controlo. Assim vê-se, que no primeiro grupo

(40,7%) haveria a necessidade de considerar a contribuição dos factores número de animais, a

criação de pequenos ruminantes e o uso de palha como alimentos, indicando o número de

animais como responsável por grande parte da variação, entretanto aproximadamente 22% do

restante da variação depende de criação de porcos alimentados com comida de panela, e a

criação de grandes ruminantes na rua (cr; p<0,05). O sexo e a escolaridade também

apareceram como factores determinantes, contudo há necessidade da reavaliação do peso na

análise, desde que estes são factores comuns a todos os grupos.

Já no grupo 2 (49%), a criação de porcos e pequenos ruminantes e sua alimentação foram os

factores de maior contribuição, indicando novamente a relação dos suínos com a presença dos

insectos, entretanto o restante da variação (7%) se explica pela criação de aves na rua ou

encima da casa e pelo número de moradores (cr; p<0,05).

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34

Pe

rce

nt

10-1

99,999

90

50

10

10,1

2,51,0-0,5

99,999

90

50

10

10,1

2,41,20,0

99,999

90

50

10

10,1

0,80,0-0,8

99,9

99

90

50

10

1

0,1

10-1

99,9

99

90

50

10

1

0,1

10-1

99,9

99

90

50

10

1

0,1

1,20,60,0

99,999

90

50

10

10,1

1,20,60,0

99,999

90

50

10

10,1

2510-5

99,999

90

50

10

10,1

nenhum peqrum porcs

coelh aves grarum

herb ancomp animais

nenhum

P-Value <0,005

peqrum

Mean 0,33

StDev 0,4726

N 100

AD

Mean

20,593

P-Value <0,005

porcs

Mean 0,72

StDev 0,4513

N 100

0,16

AD 22,485

P-Value <0,005

coelh

Mean 0,04

StDev 0,1969

N

StDev

100

aves

0,3685

N 100

AD 28,920

Probability Plot of nenhum; peqrum; porcs; coelh; aves; grarum; ...Normal - 95% CI

Pe

rce

nt

10-1

99,9

99

90

50

10

1

0,1210-1

99,9

99

90

50

10

1

0,1

210-1

99,9

99

90

50

10

1

0,1210-1

99,9

99

90

50

10

1

0,1

nenhlo quintal

rua encicas

nenhlo

P-Value <0,005

quintal

Mean 0,34

StDev 0,4761

N 100

AD

Mean

20,273

P-Value <0,005

rua

Mean 0,2

StDev 0,4020

N 100

0,16

AD 26,503

P-Value <0,005

encicas

Mean 0,47

StDev 0,5016

N

StDev

100

0,3685

N 100

AD 28,920

Probability Plot of nenhlo; quintal; rua; encicasNormal - 95% CI

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35

Pe

rce

nt

10-1

99,9

99

90

50

10

1

0,1

2,51,0-0,5

99,9

99

90

50

10

1

0,1

2,51,0-0,5

99,9

99

90

50

10

1

0,1

2,41,20,0

99,9

99

90

50

10

1

0,1

60-6

99,9

99

90

50

10

1

0,1

3,01,50,0

99,9

99

90

50

10

1

0,1

nenalim palha ração

panela escola latrina

nenalim

P-Value <0,005

palha

Mean 0,36

StDev 0,4824

N 100

AD

Mean

19,692

P-Value <0,005

ração

Mean 0,55

StDev 0,5

N 100

0,16

AD 18,040

P-Value <0,005

panela

Mean 0,72

StDev 0,4513

N

StDev

100

escola

0,3685

N 100

AD 28,920

Probability Plot of nenalim; palha; ração; panela; escola; latrinaNormal - 95% CI

Pe

rce

nt

50-5

99,9

99

90

50

10

1

0,1

420

99,9

99

90

50

10

1

0,1

5,02,50,0

99,9

99

90

50

10

1

0,1

840

99,9

99

90

50

10

1

0,1

321

99,9

99

90

50

10

1

0,1

numanimclass idadeclass nummorclass

nummosclass sexo

numanimclass

P-Value <0,005

idadeclass

Mean 2,802

StDev 0,6901

N 96

AD

Mean

9,729

P-Value <0,005

nummorclass

Mean 2,598

StDev 0,8739

N 97

2,07

AD 6,252

P-Value <0,005

nummosclass

Mean 2,347

StDev 1,146

N

StDev

95

sexo

1,610

N 100

AD 10,498

Probability Plot of numanimclass; idadeclass; nummorclass; ...Normal - 95% CI

Ilustração 2. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo amostral.

Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro

a Julho de 2006.

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36

Tabela 2. Distribuição em classes do número de moscas colectadas durante o inquérito.

Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro

a Julho de 2006.

Frequenc

ia

Percenta

gem

Validade

Percentual

Cumulativo

Percentual

Valida

de

<= 3 26 26,0 27,4 27,4

4 - 6 28 28,0 29,5 56,8

7 - 9 27 27,0 28,4 85,3

10 - 12 12 12,0 12,6 97,9

13 - 15 1 1,0 1,1 98,9

19 - 21 1 1,0 1,1 100,0

Total 95 95,0 100,0

perdido

s

Sistem

a 5 5,0

Total 100 100,0

Tabela 3. Distribuição em classes do número de moradores/agregado familiar registados

durante o inquérito. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago

no período de Janeiro a Julho de 2006.

Frequenc

ia

Percenta

gem

Validade

Percentual

Cumulativo

Percentual

Valida

de

<= 3 6 6,0 6,2 6,2

4 - 6 44 44,0 45,4 51,5

7 - 9 32 32,0 33,0 84,5

10 - 12 13 13,0 13,4 97,9

13+ 2 2,0 2,1 100,0

Total 97 97,0 100,0

perdido

s

Sistem

a 3 3,0

Total 100 100,0

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37

Tabela 4. Distribuição em classes da idade do tratador registada durante o inquérito.

Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro

a Julho de 2006.

Frequenc

ia

Percenta

gem

Validade

Percentual

Cumulativo

Percentual

Valida

de

<= 20 3 3,0 3,1 3,1

21 - 38 24 24,0 25,0 28,1

39 - 56 59 59,0 61,5 89,6

57 - 74 9 9,0 9,4 99,0

75 - 92 1 1,0 1,0 100,0

Total 96 96,0 100,0

perdido

s

Sistem

a 4 4,0

Total 100 100,0

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38

Tabela 5. Distribuição em classes do número de animais/família registado durante o

inquérito. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período

de Janeiro a Julho de 2006.

Frequenc

ia

Percenta

gem

Validade

Percentual

Cumulativo

Percentual

Valid

ade

<= 3 50 50,0 50,0 50,0

4 - 6 26 26,0 26,0 76,0

7 - 9 11 11,0 11,0 87,0

10 -

12 5 5,0 5,0 92,0

13 -

15 3 3,0 3,0 95,0

16 -

18 1 1,0 1,0 96,0

19 -

21 1 1,0 1,0 97,0

22 -

24 3 3,0 3,0 100,0

Total 100 100,0 100,0

First Component

Se

co

nd

Co

mp

on

en

t

0,500,250,00-0,25-0,50

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

moscas

animais ancomp

herb

grarum

aves

coelh

porcs

peqrum

nenhum

Loading Plot of nenhum; ...; moscas

Ilustração 3. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e as espécies animais identificadas. Trabalho realizado na localidade de Salina,

Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

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39

First Component

Se

co

nd

Co

mp

on

en

t

0,500,250,00-0,25-0,50-0,75

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

moscas

encicas

rua

quintal

nenhlo

Loading Plot of nenhlo; ...; moscas

Ilustração 4. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e as local de criação dos animais. Trabalho realizado na localidade de Salina,

Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

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40

First Component

Se

co

nd

Co

mp

on

en

t

0,500,250,00-0,25-0,50

1,00

0,75

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

moscas

panela

ração

palha

nenalim

Loading Plot of nenalim; ...; moscas

Ilustração 5. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e o tipo de alimento utilizado. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa

Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

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41

First Component

Se

co

nd

Co

mp

on

en

t

0,500,250,00-0,25-0,50-0,75

0,75

0,50

0,25

0,00

-0,25

-0,50

latrina

escola

sexo

idademorador

moscas

Loading Plot of moscas; ...; latrina

Ilustração 6. Representação gráfica da inter-relação identificada entre o número de

moscas e alguns dos factores sociais identificados. Trabalho realizado na localidade de

Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

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42

Tabela 6. Distribuição percentual da população após a homogeneização amostral do

resultado. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período

de Janeiro a Julho de 2006.

N

% da

Combinaç

ão

% do

Total

Cluster/Grupo 1 37 40,7% 37,0%

2 45 49,5% 45,0%

3 9 9,9% 9,0%

Combinados 91 100,0% 91,0%

Casos Excluidos 9 9,0%

Total 100 100,0%

Ilustração 7. Representação gráfica da contribuição dos factores para a formação do

primeiro grupo. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006.

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43

Ilustração 8. Representação gráfica da contribuição dos factores para a formação do

segundo grupo. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006.

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44

Ilustração 9. Representação gráfica da contribuição dos factores para a formação do

terceiro grupo. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006.

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45

Pe

rce

nt

1,51,00,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

nenhum peqrum porcs

coelh av es grarum

herb ancomp animais

nenhum

P-Value

peqrum

Mean *

StDev *

N 9

AD *

Mean

P-Value

porcs

Mean *

StDev *

N 9

AD *

*

P-Value

coelh

Mean *

StDev *

N 9

aves

StDev *

N 9

AD *

Probability Plot of nenhum; peqrum; porcs; coelh; aves; grarum; ...Normal - 95% CI

Pe

rce

nt

1,501,251,000,750,50

99

90

50

10

10,500,250,00-0,25-0,50

99

90

50

10

1

0,500,250,00-0,25-0,50

99

90

50

10

10,500,250,00-0,25-0,50

99

90

50

10

1

nenhlo quintal

rua encicas

nenhlo

P-Value

quintal

Mean *

StDev *

N 9

AD *

Mean

P-Value

rua

Mean *

StDev *

N 9

AD *

*

P-Value

encicas

Mean *

StDev *

N 9

StDev *

N 9

AD *

Probability Plot of nenhlo; quintal; rua; encicasNormal - 95% CI

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46

Pe

rce

nt

1,51,00,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

50-5

99

90

50

10

1

3,01,50,0

99

90

50

10

1

nenalim palha ração

panela escola latrina

nenalim

P-Value

palha

Mean *

StDev *

N 9

AD *

Mean

P-Value

ração

Mean *

StDev *

N 9

AD *

*

P-Value

panela

Mean *

StDev *

N 9

escola

StDev *

N 9

AD *

Probability Plot of nenalim; palha; ração; panela; escola; latrinaNormal - 95% CI

Pe

rce

nt

1,51,00,5

99

90

50

10

1

531

99

90

50

10

1

5,02,50,0

99

90

50

10

1

1,51,00,5

99

90

50

10

1

2,52,01,5

99

90

50

10

1

numanimclass idadeclass nummorclass

nummosclass sexo

numanimclass

P-Value

idadeclass

Mean 2,889

StDev 0,6009

N 9

AD 1,136

Mean

P-Value <0,005

nummorclass

Mean 2,556

StDev 1,014

N 9

AD

*

0,525

P-Value 0,129

nummosclass

Mean *

StDev *

N 9

StDev

sexo

*

N 9

AD *

Probability Plot of numanimclass; idadeclass; nummorclass; ...Normal - 95% CI

Ilustração 10. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo 3, após

homogeneização. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006.

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47

Pe

rce

nt

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

1,00,50,0

99

90

50

10

1

1,51,00,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

10-1

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

1050

99

90

50

10

1

nenhum peqrum porcs

coelh av es grarum

herb ancomp animais

nenhum

P-Value

peqrum

Mean 0,02222

StDev 0,1491

N 45

AD 16,927

Mean

P-Value <0,005

porcs

Mean *

StDev *

N 45

AD

*

*

P-Value

coelh

Mean *

StDev *

N 45

aves

StDev *

N 45

AD *

Probability Plot of nenhum; peqrum; porcs; coelh; aves; grarum; ...Normal - 95% CI

Pe

rce

nt

0,500,250,00-0,25-0,50

99

90

50

10

1210-1

99

90

50

10

1

1,00,50,0-0,5-1,0

99

90

50

10

1210-1

99

90

50

10

1

nenhlo quintal

rua encicas

nenhlo

P-Value

quintal

Mean 0,4667

StDev 0,5045

N 45

AD 7,968

Mean

P-Value <0,005

rua

Mean 0,08889

StDev 0,2878

N 45

AD

*

15,074

P-Value <0,005

encicas

Mean 0,4889

StDev 0,5055

N 45

StDev *

N 45

AD *

Probability Plot of nenhlo; quintal; rua; encicasNormal - 95% CI

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48

Pe

rce

nt

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

210

99

90

50

10

1

1,00,50,0

99

90

50

10

1

1260

99

90

50

10

1

321

99

90

50

10

1

nenalim palha ração

panela escola latrina

nenalim

P-Value

palha

Mean *

StDev *

N 45

AD *

Mean

P-Value

ração

Mean 0,6889

StDev 0,4682

N 45

AD 9,477

*

P-Value <0,005

panela

Mean 0,9778

StDev 0,1491

N 45

escola

StDev *

N 45

AD *

Probability Plot of nenalim; palha; ração; panela; escola; latrinaNormal - 95% CI

Pe

rce

nt

420

99

90

50

10

1

531

99

90

50

10

1

420

99

90

50

10

1

5,02,50,0

99

90

50

10

1

2,41,60,8

99

90

50

10

1

numanimclass idadeclass nummorclass

nummosclass sexo

numanimclass

P-Value <0,005

idadeclass

Mean 2,844

StDev 0,6380

N 45

AD

Mean

5,416

P-Value <0,005

nummorclass

Mean 2,622

StDev 0,8865

N 45

1,4

AD 2,640

P-Value <0,005

nummosclass

Mean 2,489

StDev 1,160

N

StDev

45

sexo

0,6876

N 45

AD 7,259

Probability Plot of numanimclass; idadeclass; nummorclass; ...Normal - 95% CI

Ilustração 11. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo 2, após

homogeneização. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006.

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49

Pe

rce

nt

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

210

99

90

50

10

1

210

99

90

50

10

1

10-1

99

90

50

10

1

10-1

99

90

50

10

1

10-1

99

90

50

10

1

0,80,0-0,8

99

90

50

10

1

0,80,0-0,8

99

90

50

10

1

20100

99

90

50

10

1

nenhum peqrum porcs

coelh av es grarum

herb ancomp animais

nenhum

P-Value

peqrum

Mean 0,8378

StDev 0,3737

N 37

AD 10,574

Mean

P-Value <0,005

porcs

Mean 0,6757

StDev 0,4746

N 37

AD

*

7,591

P-Value <0,005

coelh

Mean 0,1081

StDev 0,3148

N 37

StDev

aves

*

N 37

AD *

Probability Plot of nenhum; peqrum; porcs; coelh; aves; grarum; ...Normal - 95% CI

Pe

rce

nt

0,500,250,00-0,25-0,50

99

90

50

10

1210-1

99

90

50

10

1

210-1

99

90

50

10

1210-1

99

90

50

10

1

nenhlo quintal

rua encicas

nenhlo

P-Value

quintal

Mean 0,3243

StDev 0,4746

N 37

AD 7,591

Mean

P-Value <0,005

rua

Mean 0,4054

StDev 0,4977

N 37

AD

*

6,803

P-Value <0,005

encicas

Mean 0,6486

StDev 0,4840

N 37

StDev *

N 37

AD *

Probability Plot of nenhlo; quintal; rua; encicasNormal - 95% CI

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50

Pe

rce

nt

0,50,0-0,5

99

90

50

10

1

1,60,80,0

99

90

50

10

1

2,41,20,0

99

90

50

10

1

210

99

90

50

10

1

1050

99

90

50

10

1

3,01,50,0

99

90

50

10

1

nenalim palha ração

panela escola latrina

nenalim

P-Value

palha

Mean 0,9730

StDev 0,1644

N 37

AD 13,817

Mean

P-Value <0,005

ração

Mean 0,6216

StDev 0,4917

N 37

AD

*

7,013

P-Value <0,005

panela

Mean 0,6757

StDev 0,4746

N 37

StDev

escola

*

N 37

AD *

Probability Plot of nenalim; palha; ração; panela; escola; latrinaNormal - 95% CI

Pe

rce

nt

1050

99

90

50

10

1

531

99

90

50

10

1

420

99

90

50

10

1

420

99

90

50

10

1

321

99

90

50

10

1

numanimclass idadeclass nummorclass

nummosclass sexo

numanimclass

P-Value <0,005

idadeclass

Mean 2,892

StDev 0,6139

N 37

AD

Mean

4,158

P-Value <0,005

nummorclass

Mean 2,676

StDev 0,8183

N 37

3,378

AD 3,537

P-Value <0,005

nummosclass

Mean 2,649

StDev 1,006

N

StDev

37

sexo

1,920

N 37

AD 2,579

Probability Plot of numanimclass; idadeclass; nummorclass; ...Normal - 95% CI

Ilustração 12. Análise de probabilidades dos factores avaliados no grupo 1, após

homogeneização. Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no

período de Janeiro a Julho de 2006.

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51

Ilustração 14. Criação do porco no “chiqueiro” no quintal. Trabalho realizado na

localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

Ilustração 15. Criação de vários ruminantes (cabras e ovelhas) na rua ao redor da casa.

Trabalho realizado na localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro

a Julho de 2006.

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52

VI. Discussão

Fica clara a constatação da necessidade de medidas sanitárias urgentes, também acredita-se na

necessidade do uso de insecticidas. Contudo, a população deverá ser esclarecida sobre

medidas eficientes que poderão ser usadas na destruição das larvas ou seus criadouros e as

moscas adultas, e sobre a importância do saneamento básico na manutenção da saúde

colectiva. Os resultados também demonstraram a necessidade de abordagem do problema de

forma diferenciada entre os diferentes grupos detectados, isto sem deixar de considerar que a

maioria das famílias inquiridas depende deste sistema como mais uma fonte de renda. É

importante destacar que em alguns casos, os resultados indicaram a necessidade de trabalhos

de educação a médio e a longo prazo, pois o problema principal radica nas pessoas de maior

idade, principalmente do sexo feminino; que a criação de pequenos animais, como por

exemplo aves e coelhos, pode ser recomendada; que em alguns casos, a diminuição do

número de animais também poderá ajudar; que há necessidade da construção e da

conscientização do uso de latrinas e que a criação de herbívoros e pequenos ruminantes

também pode ser preconizada desde que usada a ração como alimento. Entretanto, a melhoria

do quadro só alcançara a taxa dos 20%, aproximadamente, usando os factores avaliados. Isto

significa, que provavelmente resultados mais satisfatórios poderão ser atingidos caso houver

colaboração intersectorial entre as autoridades de saúde, municipais e a própria população,

uma vez que diagnóstico, vigilância, prevenção e controle são condições fundamentais para a

manutenção de condições sanitárias adequadas visando a prevenção de doenças e a promoção

da produtividade e da saúde.

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53

Ilustração 16. Criação de ruminantes na rua ao redor da casa. Trabalho realizado na

localidade de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

Ilustração 17. Criação de porcos em cima da casa. Trabalho realizado na localidade de

Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

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54

VII. Conclusões

Sabendo-se que existe uma relação inversa entre a condição sanitária de um local e o número

de moscas pode ser concluído que:

A maior parte das famílias mantém uma condição sanitária precária e esta se relaciona

principalmente com número de animais/família, as espécies criadas e o uso de latrinas.

O grande número de pessoas por agregado e o grande número de vectores possibilita o

desenvolvimento acentuado de doenças de transmissão vectorial.

O problema da educação sanitária actualmente se relaciona com indivíduos do sexo feminino

de 39 a 56 anos de idade, que criam sem os conhecimentos necessários um grande número de

animais, principalmente porcos e aves no quintal.

As recomendações devem ser direccionadas para evitar a criação de porcos e o tipo de

alimentação, entretanto, as abordagens estratégicas deverão considerar o problema com

latrinas e a criação de outras espécies como, por exemplo, aves, de acordo aos grupos

identificados para poder contornar o problema.

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55

Ilustração 18. Criação de ruminante no quintal. Trabalho realizado na localidade de

Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

Ilustração 19. Criação de aves soltas em cima da casa. Trabalho realizado na localidade

de Salina, Santa Cruz, Santiago no período de Janeiro a Julho de 2006.

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56

VIII. Referências bibliográficas

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2000. Recenseamento Geral da População e da Habitação do ano 2000. Cabo Verde

Lamy, M.(1997), OS INSECTOS E OS HOMENS. Lisboa. Edit. Albin Michel. 332p.

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57

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Rouquayrol, M. Z, Almeida. Filho, N. (1999), Epidemiologia e Saúde. 5a Ed. Rio de Janeiro.

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