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Informativo Jurídico restrito a clientes e colaboradores.
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Newsletter agosto de 2011
Nesta Edição:
01 – A inconstitucionalidade do
seguro perfil de automóveis
02 – Caso Porsche: a (difícil)
prática da lei 12.403/11
03 – Fabricante terá de pagar
pensão a mulher que engravidou
por falha em anticoncepcional
04 – Congresso reforma seis
códigos
05 – Governo sanciona lei que
cria empresas individuais
06 – Juízes poderão indicar
mediação familiar em divórcio
07 – Reforma do Código
Florestal ganha página especial
multimídia
08 – Universidade privada terá
que indenizar por furto de carro
em estacionamento gratuito
09 - TRF decide que não incide
contribuição previdenciária sobre
horas extras
10 - Lei é sancionada e certidão
trabalhista será exigida a partir
de 2012
A inconstitucionalidade do seguro perfil de automóveis
Adotado pelo mundo afora e, segundo seus defensores,
fundamentado em regras atuariais rígidas, o seguro perfil é muito utilizado
no Brasil. A partir de diversos questionamentos sobre os hábitos de vida do
proponente é traçado um perfil de risco segundo o qual é calculado o
prêmio, que a importância que o segurado terá que pagar para proteger
seu bem.
Existem questionamentos que são formulados pelas seguradoras,
em relação ao seguro de automóveis, absolutamente impertinentes, como,
por exemplo, se o segurado reside com adolescentes. A utilização do
veículo segurado por pessoa inabilitada e incapaz exime a seguradora do
pagamento da indenização, por configurar culpa exclusiva do segurado.
O grande problema do perfil é que, a partir dele, são encontradas
justificativas diversas por parte das seguradoras para o não pagamento da
indenização. Por exemplo, se o segurado afirma que possui garagem na sua
residência e, por uma noite apenas, pernoita em casa de amigo e deixa o
carro na rua, tal circunstância já é suficiente para o não pagamento da
indenização, caso o sinistro aconteça justamente nesse dia.
Da mesma forma, aquele consumidor que sempre deixa o carro em
estacionamento quando vai à faculdade e, em uma situação isolada,
estaciona na rua por não encontrar vaga, perde direito à indenização
segundo as seguradoras caso o sinistro aconteça nessas circunstâncias.
Qualquer mudança pontual no comportamento do consumidor, decorrente
até mesmo de razões circunstanciais, é vista como má-fé ou declaração
inexata do consumidor para eximir a seguradora, nos termos do artigo 766
do Código Civil, do pagamento da indenização.
O risco securitário deve levar em conta aspectos objetivos e
previstos em lei e não regras atuariais fundadas em bancos de dados
alimentados pelas próprias seguradoras que, muitas vezes, divergem até
mesmo das estatísticas oficiais. É um absurdo, por exemplo, mulher pagar
menos do que homem, a partir de uma afirmação constitucional de que
homens e mulheres devem ser tratados da mesma forma. A justificativa
para isso está nas estatísticas de que homens são mais imprudentes do que
as mulheres no trânsito. Isso, por óbvio, não é uma verdade absoluta e leva
a inúmeras injustiças.
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Newsletter agosto de 2011
pena é de seis meses), a prisão torna-se dispendiosa para o Estado - disse o juiz da Vara de
Execuções Penais de Alagoas, Braga Neto.
Detentos homossexuais terão direito à visita íntima em presídios
Os detentos homossexuais terão direito à visita íntima nos presídios de todo o país. A resolução do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), do Ministério da Justiça, foi publicada
nesta segunda-feira, 4, no Diário Oficial da União.
De acordo com a resolução, "o direito de visita íntima é, também, assegurado às pessoas presas
casadas, em união estável ou em relação homoafetiva".
A medida vale a partir desta segunda-feira e revoga a Resolução nº 01/99 de 30 de março de 1999,
publicada no Diário Oficial da União de 5 de abril de 1999, que omitia, na recomendação sobre a visita
íntima feita aos departamentos penitenciários estaduais, o relacionamento gay.
A visita íntima deve ser assegurada pela direção do estabelecimento prisional pelo menos uma vez
por mês.
Teoria do fato consumado beneficia candidato que assumiu o cargo
de forma precária
A par das injustiças de ordem prática, não há dúvida acerca da inconstitucionalidade da medida,
porque, conforme ensina Celso Antônio Bandeira de Mello "o fator diferencial adotado para qualificar
os atingidos pela regra não guarda relação de pertinência lógica com a inclusão ou exclusão no benefício
deferido ou com a inserção ou arredamento do gravame imposto".
As distinções de tratamento devem ter base na lei ou decorrer de um conjunto harmônico de
leis. Se o objetivo de desigualar não consta inequivocamente da lei, ainda que de maneira implícita, a
distinção atenta contra a isonomia. Homens e mulheres podem receber tratamento distinto quando a
lei assim prevê, como, por exemplo, em relação à licença pelo nascimento de filho e ao tempo de
aposentadoria. Não existe lei que permita essa distinção no caso de seguro de automóveis.
A nosso ver, o seguro perfil de automóveis acaba sendo uma forma da seguradora estipular o
prêmio que bem entende, de acordo com a "cara do freguês". Isso porque não são incomuns os casos
de diferentes valores de prêmios orçados para uma mesma pessoa, nas mesmas circunstâncias, para a
mesma seguradora, no mesmo dia. O que justifica essa variação de preço? O seguro perfil também
acaba prejudicando a comparação dos preços entre as seguradoras, dificultando o exercício da
liberdade de escolha pelo consumidor.
A definição do grau de risco é da essência do contrato de seguro mas deve levar em conta
fatores objetivos e previstos em lei. Os critérios que vêm sendo adotados hoje pelas seguradoras, que
levam em conta o sexo e a idade dos proponentes por exemplo, são inconstitucionais, porque não têm
respaldo na lei e porque o fator de distinção não tem relação lógica com a cobrança maior ou menor no
valor do prêmio. O perfil até pode ser utilizado mas levando em consideração fatores objetivos, como o
preço do veículo e local de circulação, e outros previstos em lei.
De qualquer forma, as seguradoras não podem, pura e simplesmente, deixar de pagar as
indenizações, alegando declarações falsas ou inexatas nos perfis. A culpa e as declarações inexatas por
parte dos consumidores dependem de provas que devem ser feitas pelas seguradoras em sede de
processos judiciais. Primeiro a indenização deve ser paga e depois a questão deve ser discutida na
Justiça. Não é como acontece hoje que a seguradora deixa de pagar, para jogar o ônus da demanda
judicial para o segurado.
Fonte: Última instância
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Caso Porsche: a (difícil) prática da lei 12.403/11
João Ibaixe Jr.
Envolvido em um acidente de carro, o engenheiro Marcelo Malvio Alves de Lima depositou na
última terça-feira o valor de R$ 300 mil reais, o qual foi arbitrado como fiança para obtenção de sua
liberdade – erroneamente pela lei chamada ainda de provisória. Agora o Ministério Público pede que o
valor dessa garantia seja elevado para R$ 600 mil.
Segundo divulgado pela mídia, o acidente aconteceu na madrugada do último sábado, no Itaim-
Bibi, zona sul de São Paulo, quando num cruzamento, o engenheiro bateu seu veículo Porsche no veículo
da advogada baiana de Carolina Menezes Cintra Santos, a qual veio a falecer. Foi divulgado ainda que
testemunhas ouvidas informaram estar o Porsche a uma velocidade de cerca de 150 km/h, quando o limite
na via é de 60 km/h. Sendo socorrido também, recebeu alta médica no final da manhã de ontem, menos
de um dia depois de pagar a fiança.
No inquérito respectivo, o delegado entendeu indiciá-lo pelo crime de homicídio doloso pelo fato
de ter assumido o risco de produzir o resultado criminoso.
Como obteve a liberdade, o MP pretende seja duplicado o valor da fiança. O requerimento foi feito
com base nas condições financeiras do engenheiro e considerou também o valor do veículo envolvido no
acidente, cerca de R$ 600 mil. Os pedidos fundam-se no argumento de que o pagamento da fiança não
torna definitivo o valor, o qual pode ser alterado para mais ou para menos.
Todavia, a fiança não foi a única medida aplicada, pois, segundo informado, a Justiça determinou
que ele não poderá deixar sua residência durante a noite nem frequentar bares e casas noturnas, terá que
avisar as autoridades se precisar deixar a cidade e está impedido de sair do País. Logo, foram determinadas
além da fiança mais quatro medidas cautelares.
Eis um caso de repercussão para testar a aplicação da nova Lei 12.403/11, que alterou a prisão
preventiva. Diante do clamor da popular e midiático, como se sairá a nova legislação?
O MP, percebendo a atenção da imprensa, já criou uma tese de elevação da fiança. Será ela
sustentável? Qual o momento adequado para se avaliar qual o valor de tal garantia? Não é o do momento
em que o juiz decide pela liberação? Por que agora pedir aumento?
E quanto às outras medidas cautelares aplicadas? Seriam elas suficientes para conceder a liberdade
neste caso?
Obviamente, o que chama a atenção mais agudamente é o fato do valor da fiança ser elevadíssimo
em termos de realidade econômica brasileira, mas ter sido efetivamente pago. Aqui se pode notar certa
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revolta traduzida pela mídia e que deve ser também a do cidadão: como o cara mata e depois fica livre
pagando R$ 300 mil?
Sem querer talvez, a Justiça reforça a tese de quem tem dinheiro não é “punido” no país. E o MP,
notando a situação, tenta agravar o valor da fiança, criando uma tese que não parece ter força teórica
consistente, mas que eventualmente funcione por força da repercussão do caso.
Mais uma vez é perdida a oportunidade de se levar ao cidadão a necessária reflexão que o caso
poderia permitir. O debate judicial será em torno da vida financeira do acusado e se esta lhe garantirá a
continuidade de sua liberdade.
O real fundamento da nova lei – de que o processo é um caminho para a punição e não a própria
punição – este não será examinado.
O engenheiro pode ser sim um assassino; porém, ele só deve ser assim nomeado quando, ao final
do procedimento judicial, ele for efetivamente considerado culpado. Aí será feita justiça.
Fonte: Última instância
Fabricante terá de pagar pensão a mulher que engravidou por falha em
anticoncepcional
Um juiz de Caxias do Sul (RS) decidiu que fabricante de anticoncepcional deve indenizar
consumidora que engravidou durante uso do medicamento. Para o magistrado Clóvis Mattana Ramos, da
5ª Vara Cível, o risco de o anticoncepcional não funcionar deve ser suportado por quem explora a atividade
econômica - no caso, a empresa fabricante dos medicamentos.
Além da indenização por danos morais de 50 salários mínimos, a decisão condena a empresa ao
pagamento de pensão alimentícia de um salário mínimo mensal desde o nascimento da criança até a data
em que completar 18 anos. A decisão é de primeira instância e cabe recurso.
A consumidora afirmou que, após o nascimento do seu terceiro filho, foi orientada pelo médico a
utilizar anticoncepcional. Mesmo tomando o medicamento regularmente, segundo disse, e vivendo em
situação econômica que "não lhe permitiria nova gravidez", ficou grávida.
A empresa fabricante dos anticoncepcionais argumentou que o uso regular do medicamento não
foi comprovado e ressaltou que nenhum anticoncepcional apresenta eficácia de 100%.
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Para o juiz responsável por avaliar o caso, a pequena probabilidade de falha que o medicamento
apresenta deve caber à fabricante, "que possui o conhecimento técnico e obtém lucro mensal estimado
em R$ 6 milhões com sua comercialização".
Clóvis Ramos fundamentou sua decisão, da última segunda-feira (18/7), no Código de Defesa do
Consumidor. Ele considerou que os documentos que comprovam a aquisição do medicamento e a
ocorrência da gestação, além das alegações da mulher, são suficientes para demonstrar que utilizava o
contraceptivo com frequência.
Segundo o juiz, não é viável exigir que a consumidora guarde a nota fiscal de todos os produtos
comprados ou que prove que tomou o anticoncepcional todos os dias.
"Embora traga muitos benefícios e alegrias com o nascimento do novo filho, é causa de severas
preocupações, como uma possível gravidez de risco em razão da idade e a dificuldade de criar mais uma
criança para uma família de escassos recursos econômicos e com outros filhos para sustentar", completou
o magistrado, falando sobre a gravidez indesejada.
Fonte: Instituto Brasileiro de Direito de Família
Congresso reforma seis códigos
Depois de duas décadas de reformas econômicas e avanços sociais, o Brasil vive um momento de
intensa revisão legal. Nada menos que seis códigos estão em processo de alteração no Congresso, iniciado
principalmente nos últimos dois anos: os que tratam do processo civil e penal, das relações comerciais e de
consumo, além de áreas mais específicas, como a legislação eleitoral e florestal. A peculiaridade é que não
se trata de alterar pontualmente a lei, o que ocorre a todo tempo. Está surgindo um movimento mais
amplo de recodificação das normas atuais.
Estudiosos apontam o crescimento econômico como um dos principais incentivadores dessas
mudanças, 20 anos depois da promulgação da Constituição de 1988. Enquanto o Brasil se desenvolve
internamente e ocupa posição de destaque no mundo, a sensação é de que as leis ficaram para trás. "O
Brasil alcançou um patamar econômico novo, que demanda uma revisão de todo o aparato jurídico",
defende o jurista Fábio Ulhoa Coelho, autor da minuta que serviu de base para o projeto de um novo
Código Comercial, apresentado ao Congresso no mês passado. A proposta, criticada por alguns, é
defendida por organizações empresariais como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e
a Confederação Nacional da Indústria (CNI), para quem, nesse novo contexto econômico, seria preciso
desburocratizar os negócios, proteger o empresário competitivo e dar maior força aos contratos.
A revisão legal também se deve aos avanços políticos e sociais das últimas décadas. Dos 17 códigos
em vigor no ordenamento jurídico brasileiro, apenas dois foram aprovados depois do processo de
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democratização - o Código Civil, de 2002, e o Código de Defesa do Consumidor, de 1990. O atual Código
Comercial - tão dilacerado que hoje trata apenas do direito marítimo - foi editado em 1850, mesmo ano da
lei que acabou com o tráfico negreiro. A antiga parte que tratava dos negócios foi inserida no novo Código
Civil. Já o Código de Minas, de 1940, começa com a justificativa de que "o uso das substâncias minerais" foi
alterado profundamente com "a notória evolução da ciência e da tecnologia, nos anos após a 2ª Guerra
Mundial". Além dos seis códigos em processo de revisão, o Executivo irá encaminhar nos próximos dias ao
Congresso o projeto de um novo Código de Mineração.
Baseados em premissas constitucionais antigas, muitos livros ficaram fora de sintonia com o
ordenamento atual. Outros acabaram desfigurados por sucessivas alterações por leis esparsas. "A
Constituição Federal de 1988 foi o primeiro marco temporal que ocasionou um envelhecimento de nossos
códigos", aponta o advogado Dalton Miranda, que atua em Brasília na área empresarial. Num sistema
jurídico como o brasileiro, baseado na "civil law", o direito segue mais o texto da lei que a jurisprudência
dos tribunais. Por isso, a data de promulgação faz com que muitos desses instrumentos estejam
amparados em normas ou situações ultrapassadas.
Exemplo disso é o Código de Processo Civil (CPC), editado em 1940. Setenta anos depois, a procura
crescente do Judiciário e a proliferação do uso de recursos abarrotou os tribunais, gerando demora na
tramitação das ações. O sistema também já não serve a uma sociedade e uma economia dinâmica,
segundo especialistas. Em 2009, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), criou uma comissão de
juristas para elaborar um novo CPC. O texto foi aprovado pelo Senado em dezembro e encaminhado à
Câmara. A ideia é simplificar o sistema recursal e agilizar a tramitação dos casos. "Algumas vezes, o juiz fica
muito mais tempo concentrado em resolver problemas do próprio processo que o direito da parte", diz a
professora Teresa Arruda Alvim Wambier, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Processual e
relatora da comissão que elaborou o novo CPC.
O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira, atribui aos
avanços tecnológicos da última década a necessidade de mudanças legais. "As relações sociais foram se
modificando de forma mais rápida e ficaram à frente do que está nos códigos", afirma. Mas, para ele, foi a
circunstância política atual que permitiu propostas mais amplas de alteração de alguns códigos - como nos
casos do processo civil e penal. "Antes, a avaliação era de que não havia condições políticas. Por isso,
foram feitas reformas pontuais", afirma. "Agora, há uma avaliação de que estão dadas as condições
políticas para se aprovar novas codificações."
Para o jurista Silvio Venosa, a sociedade tecnológica gera um envelhecimento precoce das leis. "Isso
coloca os códigos em xeque. Torna-se necessário fazer uma reestruturação", diz. Mas ele classifica as
alterações legais no Brasil como "um pouco desconjuntadas". "Vamos dilacerando os códigos e criando leis
extravagantes, ficamos com leis e códigos pela metade, e isso traz uma dificuldade enorme de
interpretação."
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O advogado Ronaldo Cramer, procurador-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de
Janeiro, entende que nem todas as mudanças seriam necessárias, e algumas delas correm o risco de gerar
insegurança jurídica. "Não pode haver um movimento genérico de revisão, tem que ser algo peculiar. A
apresentação de um código no Congresso Nacional demanda uma tramitação mais lenta, e, quando ele
entra em vigor, leva algum tempo até que se chegue a uma interpretação segura", alerta. O novo Código
Civil, por exemplo, já nasceu velho: foi apresentado em 1943 e entrou em vigor quase 30 anos depois.
Fonte: Valor econômico
Governo sanciona lei que cria empresas individuais
O Diário Oficial da União de terça-feira (12/7) publicou a sanção da Lei 12.441, que cria a empresa
individual de responsabilidade limitada. A nova modalidade jurídica permite que empreendedores
individuais tenham as mesmas proteções que as sociedades por cotas de responsabilidade limitada, ou
seja, a empresa responde por dívidas apenas com seu patrimônio, e não com os bens dos sócios. O capital
social mínimo para as empresas individuais é de 100 salários mínimos, o que hoje equivale a R$ 54,5 mil.
A norma entra em vigor somente a partir de janeiro, quando os sistemas de registro público
deverão ter seus sistemas adaptados. A Presidência da República, no entanto, vetou um dos dispositivos da
nova lei. O artigo 2º do projeto enfatizava que “somente o patrimônio social da empresa responderá pelas
dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com
o patrimônio da pessoa natural que a constitui, conforme descrito em sua declaração anual de bens
entregue ao órgão competente”. O texto foi considerado desnecessário.
“Não obstante o mérito da proposta, o dispositivo traz a expressão ‘em qualquer situação’, que
pode gerar divergências quanto à aplicação das hipóteses gerais de desconsideração da personalidade
jurídica, previstas no artigo 50 do Código Civil”, diz mensagem de veto da Presidência. “Assim, e por força
do parágrafo 6º do projeto de lei, aplicar-se-á à EIRELI as regras da sociedade limitada, inclusive quanto à
separação do patrimônio.”
A mudança se baseou em preocupação manifestada pelo Ministério do Trabalho. Para o advogado
Rogério Aleixo Pereira, do escritório Aleixo Pereira Advogados, o parágrafo 6º da norma, que prescreve a
aplicação das regras já previstas para as sociedades limitadas, é suficiente para proteger os titulares de
empresas individuais. “Se a lei das limitadas conseguia conviver com o artigo 50 do Código Civil, a lei da
Eireli também consegue”, diz.
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A nova norma alterou a Lei 10.406 que, em 2002, instituiu o novo Código Civil. O código teve agora
acrescentados o inciso VI ao artigo 44, o artigo 980-A ao Livro II da Parte Especial e alterado o parágrafo
único do artigo 1.033. Apesar de não tratar de uma sociedade, o projeto manteve termos como “capital
social” e “patrimônio social” — este último excluído pelo veto.
Fim da mentira
Domingos Orestes Chiomento, presidente do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo,
comemorou a sanção da lei. “A mudança deve contribuir para que micro e pequenos empresários saiam da
informalidade. Essa lei trará estímulo, segurança, simplificação e transparência aos processo de formação
de empresas, emprego e renda no Brasil”, diz.
Para Rogério Aleixo, é o “fim das empresas de mentira”. Segundo ele, a nova modalidade acaba
com organizações que funcionam como sociedade apenas no papel, em que um dos sócios detém 99% do
capital social e é, de fato, o único dono. “Mães, pais, irmãos e esposas acabam emprestando seus nomes
para que se constitua uma sociedade, e isso é ruim porque essas pessoas, mesmo sem participar da
empresa nem mesmo no recebimento de lucros, podem ser prejudicadas por dívidas da pessoa jurídica”,
explica.
Apesar da boa intenção, a recém-criada modalidade já gera dúvidas — a começar por quem pode
ser titular da nova empresa. A lei permite que a empresa preste “serviços de qualquer natureza”, mas o
parágrafo único do artigo 966 do Código Civil diz que atividades intelectuais ou de natueza científica não
podem ser classificadas como empresariais. A restrição hoje pesa sobre profissões regulamentadas como
advocacia, medicina, contabilidade e engenharia, por exemplo. “Se o novo parágrafo 5º se sobrepõe ao
antigo parágrafo único do Código Civil, então parte do anterior foi revogado”, diz Aleixo Pereira.
“A partir dessa interpretação, haverá distinção entre as sociedades simples e as sociedades
empresárias?”, questiona. A classificação entre sociedade simples e limitada é importante, por exemplo,
para se definir qual será o órgão de registro obrigatório dos contratos: as juntas comerciais ou os cartórios
de registro de títulos e documentos.
Outra dúvida é se pessoas jurídicas também poderão ser titulares de empresas individuais. Na
opinião de Aleixo Pereira, não. “A lei menciona a ‘pessoa natural que constituir empresa individual’, e
pessoa natural é pessoa física”, entende. Já para os advogados Felipe Maia e Júlio Queiroz, o termo gera
dúvidas, mas não proíbe a prática.
“É fundamental que seja suprimida a expressão ‘natural’ do texto da lei”, escreveram em artigo
publicado nesta segunda-feira (11/7) pela ConJur. “Essa insegurança jurídica não pode permanecer no
texto da Lei, sob pena de desestimular a constituição de Empresa Individual por sociedades empresárias.”
Tempo para regulamentação
Segundo Aleixo Pereira, que faz parte do colégio de vogais da Junta Comercial de São Paulo, nos
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próximos seis meses o Departamento Nacional do Registro do Comércio, que estabelece as regras para o
setor, ainda terá de regulamentar os procedimentos relacionados ao novo tipo empresarial. Entre eles
estão a chamada transformação, em que uma sociedade altera sua natureza, de anônima para limitada,
por exemplo, ou, no caso da nova lei, de limitada ou anônima para empresa individual. A situação está
prevista no novo parágrafo 3º do artigo 980-A do Código Civil, acrescentado pela Lei 12.441.
“A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das
quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal
concentração”, diz o dispositivo. Rogério Aleixo lembra, no entanto, que a alteração pode influenciar em
questões sucessórias, já que cotas transformadas em capital da empresa individual passam a ser um único
elemento, indivisível.
O DNRC também terá de regulamentar a forma de constituição dessas empresas. Hoje, o
mecanismo para formalização dos MEI (Microempreendedor Individual) nas Juntas é frágil e abre
possibilidade para fraudes. Consultando os procedimentos no site do órgão, é fácil chegar à conclusão de
que não é necessário conhecimento profundo da burocracia para se abrir um empreendimento em nome
de um terceiro com apenas algumas informações. Por isso, para negócios maiores, como as empresas
individuais, o procedimento deve ser semelhante ao usado hoje para as sociedades.
Conheça o texto da lei:
LEI Nº 12.441, DE 11 DE JULHO DE 2011
Altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para permitir a constituição
de empresa individual de responsabilidade limitada.
A P R E S I D E N T A D A R E P Ú B L I C A
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei acrescenta inciso VI ao art. 44, acrescenta art. 980-A ao Livro II da Parte
Especial e altera o parágrafo único do art. 1.033, todos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil), de modo a instituir a empresa individual de responsabilidade
limitada, nas condições que especifica.
Art. 2º A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar com as
seguintes alterações:
"Art. 44. ...................................................................................
..........................................................................................................
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
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..............................................................................................." (NR)
"LIVRO II
..........................................................................................................
TÍTULO I-A
DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE
L I M I TA D A
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma
única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não
será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a
firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada
somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da
concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio,
independentemente das razões que motivaram tal concentração.
§ 4º ( V E TA D O ) .
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída
para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão
de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor
o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as
regras previstas para as sociedades limitadas.
........................................................................................................."
"Art. 1.033. ..............................................................................
..........................................................................................................
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive
na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade,
requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da
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sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade
limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código." (NR)
Art. 3º Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua publicação.
Brasília, 11 de julho de 2011; 190º da Independência e 123º da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Nelson Henrique Barbosa Filho
Paulo Roberto dos Santos Pinto
Luis Inácio Lucena Adams
Juízes poderão indicar mediação familiar em divórcio
Tramita na Câmara o Projeto de Lei 428/11, do deputado Luiz Couto (PT-PB), que insere no Código
Civil (Lei 10.406/02) a recomendação para que juízes incentivem a mediação familiar em casos de divórcio.
Por meio da mediação familiar, os casais têm a ajuda de uma terceira pessoa (um técnico neutro e
qualificado), que pode ajudá-los a resolver seus conflitos e alcançar um acordo durável, levando em conta
as necessidades de todos os membros da família, em especial as crianças.
Segundo o Instituto Português de Mediação Familiar, a mediação é uma alternativa à via litigiosa.
Ajuda os pais a não abdicarem da sua responsabilidade como pais e leva-os a assumirem, eles mesmos, as
suas próprias decisões.
O objetivo principal é que os pais, depois da separação, mantenham convívio intenso e frequente
com seus filhos e não fiquem lesados no seu acordo de separação.
Segundo Luiz Couto, a utilização da mediação no âmbito das relações de família e na resolução de
conflitos é uma antiga reivindicação de entidades que representam magistrados, advogados, promotores
de justiça, psicólogos, psicanalistas e sociólogos.
O deputado argumenta que a mediação familiar fundamenta-se na cultura da paz e do diálogo e
não na mera pacificação de conflitos, como ocorre na conciliação, ou em sentenças proferidas por um
árbitro que não investiga o que motivou a discórdia, como no caso da arbitragem.
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"A linguagem ternária [que envolve três partes] utilizada no processo de mediação pretende
construir uma solução para os conflitos por meio da comunicação, do diálogo, sem, no entanto, que o
mediador decida a controvérsia", afirma.
A proposta é semelhante ao PL 4948/05, do ex-deputado Antonio Carlos Biscaia, que foi arquivado
no fim da legislatura passada, pelo fato de não ter concluído sua tramitação.
E é idêntica ao PL 505/07, do deputado Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA), que já foi aprovado pela
Comissão de Seguridade Social e Família e aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e
Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Fonte: Instituto Brasileiro de Direito de Família
Reforma do Código Florestal ganha página especial multimídia
A partir desta quarta-feira (13), o cidadão terá mais facilidade para acompanhar todas as notícias e
debates em torno do projeto do novo Código Florestal que tramita no Senado. A Agência Senado, em
parceria com os demais veículos de comunicação da Casa, desenvolveu uma página especial multimídia
que vai concentrar todas as informações sobre o tema divulgadas em áudio, vídeo e texto no Portal do
Senado.
A nova página especial multimídia "Reforma do Código Florestal" trará a cobertura jornalística dos
debates nas comissões e no Plenário sobre o tema, além de agregar outros conteúdos que ajudarão o
leitor a acompanhar os debates e entender melhor o assunto, como entrevistas, opiniões e infográficos.
Acesse a nova página pelo endereço: http://www12.senado.gov.br/codigoFlorestal
Fonte: Senado Federal
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Universidade privada terá que indenizar por furto de carro em
estacionamento gratuito
De acordo com a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Terceira Turma
manteve a decisão do ministro Sidnei Beneti que condenou a Fundação Universidade do Vale do Itajaí
(Univali), instituição particular de Santa Catarina, a ressarcir prejuízo à Tokio Marine Brasil Seguradora S/A.
Depois de indenizar um aluno que teve o carro furtado, a seguradora entrou com ação regressiva de
indenização contra a Univali.
O furto aconteceu no estacionamento da universidade. O local era de uso gratuito e não havia
controle da entrada e saída dos veículos. A vigilância não era específica para os carros, mas sim para zelar
pelo patrimônio da universidade. O juízo de primeiro grau decidiu a favor da seguradora, porém o Tribunal
de Justiça de Santa Catarina (TJSC) reformou a sentença.
Consta do acórdão estadual que o estacionamento é oferecido apenas para a comodidade dos
estudantes e funcionários, sem exploração comercial e sem controle de ingresso no local. Além disso, a
mensalidade não engloba a vigilância dos veículos. Nesses termos, segundo o TJSC, a Univali não seria
responsável pela segurança dos veículos, não havendo culpa nem o dever de ressarcir danos.
Entretanto, a decisão difere da jurisprudência do STJ. Segundo a Súmula 130/STJ, "a empresa
responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento".
O relator, ministro Sidnei Beneti, destacou que a gratuidade, a ausência de controle de entrada e saída e a
inexistência de vigilância são irrelevantes. O uso do estacionamento gratuito como atrativo para a clientela
caracteriza o contrato de depósito para guarda de veículos e determina a responsabilidade da empresa.
Em relação às universidades públicas, o STJ entende que a responsabilidade por indenizar vítimas
de furtos só se estabelece quando o estacionamento é dotado de vigilância especializada na guarda de
veículos.
Fonte: STJ – Superior Tribunal de Justiça
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Newsletter agosto de 2011
TRF decide que não incide contribuição previdenciária sobre horas
extras
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região, responsável pelo julgamento de processos que tramitam
no nordeste do país, vem decidindo que não incidem contribuições previdenciárias sobre o pagamento de
horas extras. O entendimento é que as horas extras não são incorporáveis ao salário do trabalhador e,
além disso, possuem natureza indenizatória, de modo que não sofrem a incidência da contribuição
previdenciária. A hora extra é mais um exemplo de verba sobre a qual pesa discussão nos Tribunais a
respeito da incidência ou não da contribuição previdenciária. Já foi assim com o vale transporte, ainda que
pago em dinheiro, terço constitucional de férias, auxílio-doença e auxílio-acidente nos primeiros 15 dias,
abono de férias, aviso prévio indenizado, auxílio-educação, auxílio-creche etc.
Lei é sancionada e certidão trabalhista será exigida a partir de 2012
Conforme antecipado pela Brandt, Cremonese e Soder Advogados Associados, foi sancionada a Lei
Federal n. 12.440, de 7 de julho de 2011, que cria a certidão negativa de débitos trabalhistas.
De acordo com a nova lei, o interessado não obterá a certidão quando em seu nome constar o
inadimplemento de obrigações estabelecidas em sentença condenatória transitada em julgado proferida
pela Justiça do Trabalho ou em acordos judiciais trabalhistas. Se os débitos estiverem garantidos por
penhora ou com a exigibilidade suspensa, será expedida certidão positiva com efeitos de negativa. A
instituição da certidão acabou alterando o artigo 29 da Lei de Licitações, incluindo a certidão trabalhista no
rol de documentos exigidos para contratar com a Administração Pública. A certidão passará a ser exigida
nas licitações a partir de janeiro de 2012.
Assim, a empresa que costuma contratar com o Poder Público já deve verificar a sua situação e
procurar regularizar eventuais pendências durante esse período. Segundo o presidente do Tribunal
Superior do Trabalho, a certidão será emitida em tempo hábil, de forma eletrônica e gratuita. A criação da
certidão de débitos trabalhistas e a sua exigência no processo de licitação ocorre justamente após o
Supremo Tribunal Federal sinalizar que é inconstitucional a exigência desse tipo de prova, o que deve gerar
muita discussão nos próximos meses. Muitas empresas com problemas trabalhistas devem questionar essa
nova exigência.
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Newsletter agosto de 2011
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