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Nº 4 Mês: fevereiro Ano: 2015 Pág. 1 Índice Artigos de Interesse Especial Nota de abertura____________1 Destaque do mês: As ferramentas digitais________2 Memória coletiva: Aristides de Sousa Mendes_____2 Uma proposta de leitura: O Elemento_________________3 Ideias do mês_______________4 Escrita de palavras___________4 Destaques Individuais Autor do mês_______________3 Um Poema_________________ 2 Nota de abertura – Sobre a Memória As memórias com que trabalhamos o quotidiano dão-nos imagens de vivências que tivemos e que, pelo seu significado, nos concedem espaços de viagem a um passado que apenas reencontramos. Neste território, queremos habitar o olhar e desejar construir o quotidiano com as suas possíveis, mas já lá não estamos com as mesmas fantasias. As pequenas memórias, como espaço de infância, são um território já afastado de nós, estranho à nossa dimensão de seres trabalhados no tempo e onde a viagem está marcada por esse pó que se levanta dos dias. Escrever sobre a infância é sempre regressar ao milagre da descoberta dos primeiros passos, do olhar que ficou marcado nos gestos, dos encontros, das pessoas, dos objectos que reivindicam uma pequena imortalidade. A memória é também uma reconstrução desse tempo e do que foi a infância. Esta é uma temática que José Saramago explorou no seu Pequenas Memórias. José Saramago reescreve esse tempo, em que procurou integrar um espaço social, económico e cultural. As suas memórias terminam na adolescência, pois a construção da infância, a imersão nesse território por onde entrou no mundo, aí fazem terminar a fantasia desse olhar. Em Pequenas Memórias, não recebemos ainda os elementos que confirmaram Saramago como um escritor. Apesar do seu sucesso educativo como aluno, são os ambientes, as sombras, as pessoas, os dilemas de vida, o seu olhar que forjam as suas representações do mundo. José Saramago descobriu-se como grande leitor mais tarde. A sua escrita conduz às imensas possibilidades das palavras, à imaginação que, desde criança, o colocou no confronto com o quotidiano. As Pequenas Memórias explicam-no enquanto pessoa, onde a recriação do real, a ousadia das abordagens e as polémicas que manteve foram formas de construir paisagens humanas.

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Newsletter da Biblioteca (ESRDA) relativo o mês de fevereiro

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  • N 4 Ms: fevereiro Ano: 2015 Pg. 1

    ndice

    Artigos de Interesse Especial

    Nota de abertura____________1

    Destaque do ms:

    As ferramentas digitais________2

    Memria coletiva:

    Aristides de Sousa Mendes_____2

    Uma proposta de leitura:

    O Elemento_________________3

    Ideias do ms_______________4

    Escrita de palavras___________4

    Destaques Individuais

    Autor do ms_______________3

    Um Poema_________________ 2

    Nota de abertura Sobre a Memria

    As memrias com que trabalhamos o quotidiano do-nos imagens de vivncias que tivemos e que, pelo seu significado, nos concedem espaos de viagem a um passado que apenas reencontramos. Neste territrio, queremos habitar o olhar e desejar construir o quotidiano com as suas possveis, mas j l no estamos com as mesmas fantasias. As pequenas memrias, como espao de infncia, so um territrio j afastado de ns, estranho nossa dimenso de seres trabalhados no tempo e onde a viagem est marcada por esse p que se levanta dos dias. Escrever sobre a infncia sempre regressar ao milagre da descoberta dos primeiros passos, do olhar que ficou marcado nos gestos, dos encontros, das pessoas, dos objectos que reivindicam uma pequena imortalidade. A memria tambm uma reconstruo desse tempo e do que foi a infncia. Esta uma temtica que Jos Saramago explorou no seu Pequenas Memrias. Jos Saramago reescreve esse tempo, em que procurou integrar um espao social, econmico e cultural. As suas memrias terminam na adolescncia, pois a construo da infncia, a imerso nesse territrio por onde entrou no mundo, a fazem terminar a fantasia desse olhar. Em Pequenas Memrias, no recebemos ainda os elementos que confirmaram Saramago como um escritor. Apesar do seu sucesso educativo como aluno, so os ambientes, as sombras, as pessoas, os dilemas de vida, o seu olhar que forjam as suas representaes do mundo. Jos Saramago descobriu-se como grande leitor mais tarde. A sua escrita conduz s imensas possibilidades das palavras, imaginao que, desde criana, o colocou no confronto com o quotidiano. As Pequenas Memrias explicam-no enquanto pessoa, onde a recriao do real, a ousadia das abordagens e as polmicas que manteve foram formas de construir paisagens humanas.

  • N 4 Ms: fevereiro Ano: 2015 Pg. 2

    Destaque mensal As ferramentas digitais

    O digital tornou-se uma ferramenta essencial para aprender, para

    exprimir ideias, partilhar informaes e construir conhecimento. As

    novas geraes constroem grande parte da sua socializao,

    acedendo a ferramentas e a contedos digitais e, com as alteraes

    produzidas pela globalizao e pela tecnologia, importa explor-las e

    desenvolver formas cuidadas de as utilizar. O portal Netsegura tem a

    este nvel excelentes recursos para alunos, professores e pais. A

    utilizao das ferramentas digitais permitir melhorar conhecimentos

    funcionais e tecnolgicos.

    Um poema Ruy Belo (Excertos)

    Na minha juventude antes de ter sado

    De casa de meus pais disposto a viajar

    Eu conhecia j o rebentar do mar

    Das pginas dos livros que j tinha lido.

    Chegava o ms de maio era tudo florido

    O rolo das manhs punha-se a circular

    E era s ouvir o sonhador falar

    Da vida como se ela houvesse acontecido.

    E tudo se passava numa outra vida

    E havia para as coisas sempre uma sada

    Quando foi isso?

    Eu prprio no o sei dizer.

    S sei que tinha o poder duma criana

    Entre as coisas e mim havia vizinhana

    E tudo era possvel era s querer.

    Ruy Belo, in Homem de Palavra [s]

    Memria coletiva: Aristides de Sousa Mendes

    Aristides de Sousa Mendes uma figura de grande dimenso humana enorme que foi capaz de integrar a sua vida no que consideramos os valores de uma memria coletiva, no seu sentido mais amplo. Foi um homem que ensinou ao mundo, e a este Pas em particular, que a nossa conscincia a nossa grande obrigao. Ignorado nos livros de Histria durante dcadas, deu-nos a honra de vincular este Pas a um verdadeiro herosmo, o de contribuir para a civilizao contempornea de um modo construtivo e, acima de tudo, empenhado com a sua tradio humanista. Um homem que provou na sua vida o que a bondade, o que estar preocupado com os outros, com o seu futuro, com a sua dignidade humana. Quando se recomendava a cautela, ele ousou contra os maiores perigos, desafiando os que proibiam. Desafiando os que perseguiam e procuravam calar os que queriam ter a possibilidade de dizer uma palavra, a da sua respirao. Um homem generoso, cristo de formao, diplomata de profisso, salvou milhares de vidas, arriscando a vida da sua prpria famlia ensinando-nos o valor da partilha e da luta por uma convico. Aristides ajudou um grande nmero de judeus pelos vistos que lhes foi consecutivamente atribuindo, salvando a vida de pessoas que apenas queriam sobreviver. Um homem, que revelou nas dificuldades que sofreu, nas humilhaes recebidas, mas essencialmente na luta abnegada pelo amor vida, a imensa, a infinita, mediocridade dos caminhos estreitos e sem brilho que Salazar outorgava a um pas triste. Aristides corporiza a raridade de encontrar num homem toda a humanidade, identificando o valor espiritual da dignidade do homem acima de qualquer sistema religioso ou poltico.

    http://www.seguranet.pt/http://mvasm.sapo.pt/

  • N 4 Ms: fevereiro Ano: 2015 Pg. 2

    Autor do ms: Lus Seplveda

    Lus Seplveda um dos grandes escritores da

    Amrica Latina e tem uma obra interessante e

    rica em memria daquilo que o move como

    cidado. De estudante do Maio chileno de 69, a

    companheiro e guarda pessoal de Salvador

    Allende, a guerrilheiro na Nicargua, a preso

    poltico, a ativista da Amnistia Internacional, o

    escritor tem tido uma vida cheia de

    experincias, emoes e de recordaes de um

    tempo histrico violento, mas rico em vivncias.

    A sua obra um testemunho de uma esttica

    que procura na vida construir uma tica sobre

    os valores humanos, os sonhos de minorias e

    especialmente sobre um territrio que o Chile.

    A Patagnia, imenso territrio que atravessa a

    Argentina e o Chile, tem um clima difcil,

    extremo, onde o vento e o gelo isolam os

    espaos desse territrio. um dos ltimos locais

    da Terra que envolve os aventureiros e os

    sonhadores pela viagem, pela descoberta, pela

    caminhada na respirao de pessoas e de uma

    cultura prpria e no muito divulgada. Lus

    Seplveda d-nos, nas suas pginas, as

    memrias de um territrio, os sonhos de

    pessoas que face aos elementos criaram uma

    cultura generosa de hospitalidade. Uma cultura

    em extino e a sua particular respirao o

    que Lus Seplveda nos oferece em livros

    fascinantes como Patagnia Express, Mundo do

    Fim do Mundo ou ltimas Notcias do Sul.

    A literatura transformou-se na minha profisso.

    Primeiro sou um cidado e depois sou um

    escritor. Como cidado veiculo-me de um ponto

    de vista rigorosamente tico para com a vida e

    como escritor vinculo-me com a literatura de um

    ponto de vista muito esttico. Mas sou as duas

    coisas, escritor e cidado. E tento dar

    literatura a mesma tica com que me confronto

    com a vida e tento dar vida a mesma carga

    esttica que me confronto com a literatura.

    Tenho claro muitas coisas. Tenho claro que sou

    um poeta. Todos os meus livros tm uma carga

    potica muito forte. Sou um cidado e sou um

    escritor.

    Lus Seplveda, in Encontro de Escritores

    Uma proposta de leitura: O Elemento

    "A nossa extraordinria capacidade deu origem aos

    maiores feitos da humanidade e levou-nos das cavernas

    para as cidades, dos pntanos para a Lua. Agora

    corremos o risco de que a nossa imaginao nos falhe.

    Chegmos longe, mas no o suficiente. Continuamos a

    pensar de uma forma demasiada tacanha e limitada

    sobre ns prprios enquanto indivduos e enquanto

    espcies, e preocupamo-nos pouco com as

    consequncias das nossas aes. Temos de desenvolver-

    consciente e rigorosamente as nossas faculdades

    criativas dentro de uma estrutura de desgnio humano.

    Como Miguel ngelo disse uma vez, o maior risco no

    que as nossas aspiraes sejam demasiado altas e no

    as consigamos concretizar, mas que sejam demasiado

    baixas e as alcancemos. Temos de apontar alto e

    possuir determinao para sermos bem-sucedidos. Para

    isso, todos ns quer individualmente, quer em

    conjunto precisamos de descobrir O Elemento (o lugar

    onde as coisas que adoramos fazer e as coisas em que

    somos bons se renem.

  • N 3 Ms: janeiro Ano: 2015

    N 3 Ms: janeiro Ano: 2015 Pg. 4

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    Ideias para o ms

    Destacamos como autores do ms Almeida Garrett e Lus Seplveda. Destes autores, est patente uma exposio, como motivao de atividade sobre o tema da viagem. Nos acontecimentos do ms, importa assinalar: (Fevereiro) 06| Dia da Internet Segura; 10| Nascimento de Boris Pasternak; 11| Nascimento de Thomas Edison;

    13| Nascimento de Agostinho da Silva; 22| Memria de Manuel Laranjeira; 24| Nascimento de David Mouro-Ferreira; 27| Nascimento de Ruy Belo.

    Escrita de Palavras Todos Charlies, diferentes e iguais

    As liberdades no so todas iguais, apesar de se aplicarem a todos

    da mesma forma.

    A liberdade de fazer humor diferente da liberdade de expresso e

    deve ser tratada como tal. Discutir poltica envolve respeitar os

    ideais do prximo, tal como discutir religio ou racismo. E devemos

    faz-lo de forma sria. Mas isto no se aplica ao humor.

    O humor no srio no sentido habitual, mas deve ser intocvel e,

    se me permitido, sagrado. No se deve discutir o ato de fazer

    humor pois isso viola o seu propsito puro e imaculado, tornando-o

    sujo, sisudo, amargo, tal como era o dever do bobo fazer humor

    com a famlia real, tambm era dever do rei no ficar ofendido com

    isso. A ofensa o maior perigo do humor pois quem tem pouca

    inteligncia no sabe estar ofendido.

    Saber ser ofendido pelo humor saber fazer autocrtica. Tal como

    diz o comediante Louis CK: Se no chocarmos ningum, no

    obrigamos ningum a pensar. Falhamos, portanto.

    Por outro lado, ser que o Charlie Hebdo violou o humor ao se

    caracterizar como publicao de esquerda? Talvez, mas isso no

    deve ser visto assim. Ser humorista algo que deve estar parte da

    orientao poltica. Independentemente da nossa personalidade,

    devemos saber fazer e respeitar o humor. O maior problema ser

    mesmo a inexistncia de Charlies de direita, muulmanos, catlicos,

    cientologistas Podemos odiar-nos, mas temos de respeitar e

    praticar ao mximo a capacidade de fazer humor. Devemos ser

    todos Charlies, todos Charlies diferentes.

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