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Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas Bruxelas, Fevereiro de 2008, N.º 32 Vou falar-lhe, uma vez mais, da minha ideia preferida: o 60º. Aniversário da Decla- ração Universal dos Direi- tos Humanos e o sítio Web KnowYourRights2008.org. Recebemos mais de 150 projectos, os quais podem ser agora divididos no Wall of Events por país, categoria e data, para que possa ficar a saber quem está a planear fazer o quê e quando. A outra boa notícia é que, a partir do próximo mês de Março, o sítio Web Know- YourRights2008.org estará disponível em linha numa versão htm non flash que o tornará mais acessível a muitas mais pessoas no mundo inteiro. E ainda falta o melhor: a nova versão existirá em oito línguas, pelo que terá o sítio Web em inglês, fran- cês, italiano, espanhol, alemão, português, holan- dês e grego. E agora que temos tantos projectos, o que vamos fazer? Estamos a preparar uma lista de dez a quinze projectos e pedir aos nos- sos parceiros – governos, parlamentos, ONG e outros parceiros da socie- dade civil – que Adoptem um projecto. Escolha um ou mais projectos, associe-se às Nações Unidas e inicie-o (s) no seu país. Assim, sugiro-lhe que visite www.KnowYourRights2008 .org . Se vir um projecto que gostaria de levar para o seu país ou a sua cidade, diga- nos. Desejo-lhe um bom mês de Março. Editorial - Afsane Bassir-Pour, Directora Apesar da vasta série de instrumentos de que a ONU dispõe nos domínios da diplomacia preventiva e do estabelecimento e consolidação da paz, um novo relatório do Secretário-Geral pede medidas que visem aumentar a sua capacidade de prevenir conflitos. Alegando que existe um “fosso considerável” entre a retórica que rodeia a prevenção e o emprego de medidas para o efeito, Ban Ki-mon afirma que o “principal desafio para a comunidade internacional continua a ser a elaboração de estratégias mais efica- zes para prevenir conflitos”. No seu último relatório sobre prevenção de confli- tos , em especial em África, o Secretário-Geral diz que o custo de um conflito armado neste continente é igual ou superior ao montante que recebe a título de ajuda internacional. “Se esse dinheiro não tivesse sido gasto, devido a um conflito armado, poderia ter sido utilizado para satisfazer as crescentes necessida- des de África no plano humanitário e de desenvolvi- mento”, refere. O Secretário-Geral acredita que a principal priorida- de é melhorar a acção da ONU na esfera da preven- ção de conflitos e revelou planos de reforçar a capa- cidade do Secretariado, nomeadamente, do Departa- mento de Assuntos Políticos. Embora uma acção preventiva eficaz exija recursos humanos e financeiros substanciais, a manutenção da paz e a imposição da paz custam muito mais, diz, acrescentando que “devemos passar das declarações de intenção para medidas concretas, a fim de velar por que a diplomacia preventiva seja mais eficaz”. Referindo que as mulheres estão subrepresentadas nas fases formais da prevenção de conflitos, Ban Ki- moon sublinha a necessidade de a ONU intensificar os seus esforços para apoiar e incentivar a sua plena participação nesta área. A fim de impedir que as crises evoluam para conflitos armados, Ban Ki-moon pede ao Conselho de Segu- rança que aumente a sua capacidade de prevenção, nomeadamente, enviando em tempo útil missões encarregadas de avaliar a situação no terreno. Para mais informações São necessárias estratégias mais eficazes para prevenir conflitos Debate da Assembleia Geral sobre as alterações climáticas termina com apelo à cooperação mundial O debate da Assembleia Geral sobre as altera- ções climáticas, que decorreu entre 12 e 14 de Fevereiro, terminou com um apelo do Presidente ao estabelecimento de mais parcerias mundiais para combater o problema. O evento, subordinado ao tema "Combater as Alterações Climáticas: As Nações Unidas e o Mundo em Acção", teve lugar na sede das Nações Unidas em Nova Iorque e contou com intervenções do Secretário-Geral Ban Ki-moon, do Presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael R. Bloomberg, e de grupos de oradores constituídos por líderes de empresas, dos gover- nos e dos meios de comunicação social; foram igualmente realizadas reuniões plenárias em que participaram 115 delegados. É nítido que "as acções necessárias para comba- ter as alterações climáticas estão tão intimamen- te interligadas que a sua realização exige uma congregação de esforços", disse Srgjan Kerim, Presidente da Assembleia Geral, na sua intervenção de encerramento. No entanto, apesar de as parcerias serem muito importantes, as pes- soas também podem ajudar a com- bater as alterações climáticas a título individual, acrescentou. "As pequenas contribuições vão-se somando umas às outras", frisou Srgjan Kerim. "Muitos dos nossos oradores sustentaram que todos nós podemos ajudar através de pequenas modificações do nosso comportamento no dia-a-dia". No dia da abertura, o Secretário- Geral Ban Ki-moon instou os países desenvolvi- dos a darem o exemplo na luta contra o aqueci- mento global. “Quanto mais ambiciosos forem os compromissos assumidos pelos países desenvol- vidos, mais acções podemos esperar dos países em desenvolvimento. Quanto maior for o empe- nhamento dos países em desenvolvimento, mais ambiciosos serão os compromissos dos países desenvolvidos”, sublinhou. Segundo o Presidente da Assembleia Geral, con- tinua a haver muito trabalho a fazer para comba- ter as alterações climáticas, pelo que tenciona convocar mais duas reuniões para examinar questões mais específicas relacionadas com o aquecimento global: o impacto das alterações climáticas nos países vulneráveis e a responsabili- dade empresarial e a sustentabilidade. Para mais informações Secretário-Geral lança campanha para eliminação da violência contra as mulheres (pág. 9)

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Boletim do Centro Regional de Informação das Nações Unidas

Bruxelas, Fevereiro de 2008, N.º 32

Vou falar-lhe, uma vez mais, da minha ideia preferida: o 60º. Aniversário da Decla-ração Universal dos Direi-tos Humanos e o sítio Web KnowYourRights2008.org. Recebemos mais de 150 projectos, os quais podem ser agora divididos no Wall of Events por país, categoria e data, para que possa ficar a saber quem está a planear fazer o quê e quando. A outra boa notícia é que, a partir do próximo mês de Março, o sítio Web Know-YourRights2008.org estará disponível em linha numa versão htm non flash que o tornará mais acessível a muitas mais pessoas no mundo inteiro.

E ainda falta o melhor: a nova versão existirá em oito línguas, pelo que terá o sítio Web em inglês, fran-cês, italiano, espanhol, alemão, português, holan-dês e grego. E agora que temos tantos projectos, o que vamos fazer? Estamos a preparar uma lista de dez a quinze projectos e pedir aos nos-sos parceiros – governos, parlamentos, ONG e outros parceiros da socie-dade civil – que Adoptem um projecto. Escolha um ou mais projectos, associe-se às Nações Unidas e inicie-o(s) no seu país. Assim, sugiro-lhe que visite www.KnowYourRights2008.org. Se vir um projecto que gostaria de levar para o seu país ou a sua cidade, diga-nos. Desejo-lhe um bom mês de Março.

Editorial - Afsane Bassir-Pour, Directora

Apesar da vasta série de instrumentos de que a ONU dispõe nos domínios da diplomacia preventiva e do estabelecimento e consolidação da paz, um novo relatório do Secretário-Geral pede medidas que visem aumentar a sua capacidade de prevenir conflitos. Alegando que existe um “fosso considerável” entre a retórica que rodeia a prevenção e o emprego de medidas para o efeito, Ban Ki-mon afirma que o “principal desafio para a comunidade internacional continua a ser a elaboração de estratégias mais efica-zes para prevenir conflitos”. No seu último relatório sobre prevenção de confli-tos, em especial em África, o Secretário-Geral diz que o custo de um conflito armado neste continente

é igual ou superior ao montante que recebe a título de ajuda internacional. “Se esse dinheiro não tivesse sido gasto, devido a um conflito armado, poderia ter sido utilizado para satisfazer as crescentes necessida-des de África no plano humanitário e de desenvolvi-mento”, refere. O Secretário-Geral acredita que a principal priorida-de é melhorar a acção da ONU na esfera da preven-ção de conflitos e revelou planos de reforçar a capa-cidade do Secretariado, nomeadamente, do Departa-mento de Assuntos Políticos. Embora uma acção preventiva eficaz exija recursos humanos e financeiros substanciais, a manutenção da paz e a imposição da paz custam muito mais, diz, acrescentando que “devemos passar das declarações

de intenção para medidas concretas, a fim de velar por que a diplomacia preventiva seja mais eficaz”. Referindo que as mulheres estão subrepresentadas nas fases formais da prevenção de conflitos, Ban Ki-moon sublinha a necessidade de a ONU intensificar os seus esforços para apoiar e incentivar a sua plena participação nesta área. A fim de impedir que as crises evoluam para conflitos armados, Ban Ki-moon pede ao Conselho de Segu-rança que aumente a sua capacidade de prevenção, nomeadamente, enviando em tempo útil missões encarregadas de avaliar a situação no terreno.

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São necessárias estratégias mais eficazes para prevenir conflitos

Debate da Assembleia Geral sobre as alterações climáticas termina com apelo à cooperação mundial

O debate da Assembleia Geral sobre as altera-ções climáticas, que decorreu entre 12 e 14 de Fevereiro, terminou com um apelo do Presidente ao estabelecimento de mais parcerias mundiais para combater o problema. O evento, subordinado ao tema "Combater as Alterações Climáticas: As Nações Unidas e o Mundo em Acção", teve lugar na sede das Nações Unidas em Nova Iorque e contou com intervenções do Secretário-Geral Ban Ki-moon, do Presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael R. Bloomberg, e de grupos de oradores constituídos por líderes de empresas, dos gover-nos e dos meios de comunicação social; foram igualmente realizadas reuniões plenárias em que participaram 115 delegados. É nítido que "as acções necessárias para comba-ter as alterações climáticas estão tão intimamen-te interligadas que a sua realização exige uma congregação de esforços", disse Srgjan Kerim,

Presidente da Assembleia Geral, na sua intervenção de encerramento. No entanto, apesar de as parcerias serem muito importantes, as pes-soas também podem ajudar a com-bater as alterações climáticas a título individual, acrescentou. "As pequenas contribuições vão-se somando umas às outras", frisou Srgjan Kerim. "Muitos dos nossos oradores sustentaram que todos nós podemos ajudar através de pequenas modificações do nosso comportamento no dia-a-dia". No dia da abertura, o Secretário-

Geral Ban Ki-moon instou os países desenvolvi-dos a darem o exemplo na luta contra o aqueci-mento global. “Quanto mais ambiciosos forem os compromissos assumidos pelos países desenvol-vidos, mais acções podemos esperar dos países em desenvolvimento. Quanto maior for o empe-nhamento dos países em desenvolvimento, mais ambiciosos serão os compromissos dos países desenvolvidos”, sublinhou. Segundo o Presidente da Assembleia Geral, con-tinua a haver muito trabalho a fazer para comba-ter as alterações climáticas, pelo que tenciona convocar mais duas reuniões para examinar questões mais específicas relacionadas com o aquecimento global: o impacto das alterações climáticas nos países vulneráveis e a responsabili-dade empresarial e a sustentabilidade.

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Secretário-Geral lança campanha para eliminação da violência contra as mulheres (pág. 9)

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Só um acordo político permanente que ponha termo à ocupação e dê a inde-pendência aos Palestinianos poderá “transformar radicalmente a situação económica e humanitária do povo palestiniano e trazer uma paz duradou-ra a Israel”, disse o Secretário-Geral. Numa mensagem transmitida, em seu nome, por Robert Serry, Coordenador Especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Médio Oriente, ao Seminário das Nações Unidas sobre a Ajuda ao Povo Palestiniano, realizado em Amã, na Jordânia, Ban Ki-moon disse que o direito internacional deve ser a base de qualquer solução susten-tável. “Embora tenha plena consciência das dificuldades, estou convencido de que uma combinação adequada de bom senso, realismo e coragem política bem como uma intensificação dos esforços nos próximos meses nos ajudarão a alcançar progressos históricos na reali-

zação da visão de dois Estados, Israel e a Palestina, que vivam lado a lado, em paz e segurança”, declarou o Secretá-rio-Geral na sua mensagem. Ban Ki-moon disse que os membros do Quarteto diplomático para o Médio Oriente estavam unidos na sua determi-nação em fazer com que as “duras realidades no terreno” melhorem e se alcancem progressos nas negociações políticas. “A situação actual em Gaza é insusten-tável do ponto de vista humanitário e político e no plano dos direitos huma-nos e da segurança, tanto para os Pales-tinianos como para o Egipto e Israel. A crise em curso tem igualmente como efeito entravar o processo de Anápo-lis”, disse o Secretário-Geral. Para mais informações (em inglês)

GA/PAL/1076 Para mais informações

Só um acordo político permanente pode pôr termo ao conflito no Médio Oriente, afirma Ban Ki-moon

2008 será crucial para impulsionar a parceria ONU-UA, disse Ban Ki-moon na

Cimeira Africana

Referindo que a colaboração entre as Nações Unidas e a União Africana (UA) entrou numa fase histórica com a insti-tuição de uma operação con-junta de manutenção da paz no Darfur, o Secretário-Geral Ban Ki-moon disse, na sessão de abertura da cimeira da União Africana, em Addis Abeba, Etiópia, que este será um ano crucial para as duas organiza-ções, empenhadas em alcançar objectivos comuns. “O estabelecimento de parce-rias estreitas é determinante para enfrentar os desafios da paz e segurança no continente”, disse Ban Ki-moon, na sessão

de abertura da cimei-ra da União Africana. No seu discurso, o Secretário-Geral realçou a colaboração “duradoura e frutuo-sa” entre as duas organizações, nos campos da paz e segurança, integração

regional, direitos humanos e desenvolvimento. Essa parceria foi mais evidente na recente transferência de poderes da Missão da União Africana no Sudão (AMIS) para a Missão Híbrida ONU-UA no Darfur (UNAMID), numa tenta-tiva de pôr fim à tragédia na região sudanesa dilacerada pelo conflito. Acrescentou que a União Africana e as Nações Unidas estão também a traba-lhar juntas com vista a alcançar uma resolução política para a crise no Darfur.

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A transição para uma economia com um baixo nível de emissões de carbo-no não só ajudará a combater as alte-rações climáticas como promete trazer enormes lucros para os investidores, disse o Secretário-Geral Ban Ki-moon a líderes empresariais do mundo intei-ro. "Estão aqui hoje porque reconhecem que as alterações climáticas, para além de constituírem uma ameaça, repre-sentam uma oportunidade" disse Ban Ki-moon, num encontro na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, que reuniu 450 participantes que, em con-junto, controlam capitais de investi-mento da ordem dos 10 a 15 biliões de

dólares. "Porque sabem que a transi-ção para uma economia com um baixo nível de emissões de carbono gera novos fluxos de receitas e cria novos mercados". O Secretário-Geral solicitou aos inves-tidores que dessem o exemplo, finan-ciando a inovação tecnológica necessá-ria à transição para uma economia verde. "O mercado do carbono faz sentido em termos económicos – só no último ano, aumentou para 60 mil milhões de dólares – e faz sentido, também, em termos morais", disse o Secretário-Geral, num jantar. A Cimeira de Investidores sobre Ris-cos Climáticos, que foi organizada pelo Fundo das Nações Unidas para Parce-rias Internacionais (UNFIP), a Funda-ção das Nações Unidas e a Ceres, uma rede de investidores e de grupos de interesses públicos que promove ques-tões ecológicas, teve como objectivo proporcionar um fórum de alto nível onde os grandes investidores pudes-sem examinar a dimensão e a urgência dos riscos decorrentes das alterações climáticas.

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Uma economia com baixas emissões de carbono faz sentido em termos económicos, afirma Ban Ki-moon

em reunião de investidores

Secretário-Geral apela a intensificação da acção com vista a ajudar as pessoas mais

pobres do mundo

Reiterando o seu apelo no sentido de fazer de 2008 o ano em que se vai atenuar a difícil situação em que vivem "os mil milhões mais pobres" do mundo, o Secretário-Geral disse que é necessário intensificar os esforços que estão a ser desenvol-vidos para combater a pobreza, especialmente no domínio da agricultura. "Este tem de ser o ano em que a comunidade internacional renova o seu compromisso em relação às necessidades dos mais vulneráveis, dos desfavorecidos, daqueles que foram excluídos da sociedade mundial", disse Ban Ki-moon, numa mensagem dirigida ao Conselho de Governadores do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), em Roma. Ban Ki-moon louvou o trabalho do FIDA, a componente de desenvolvimento rural do sistema das Nações Unidas, pelas suas actividades de apoio aos pequenos agricultores e a outras pessoas. "Ao longo dos seus 30 anos de existência, o FIDA tem apoiado programas destinados a reduzir a pobreza directamente nas zonas rurais, onde vivem três quartos das pessoas mais pobres do mundo", disse. "Tem igualmente gerado muitas ideias e modelos que podem servir de orientação a todos aqueles que estão empenhados em erradicar a pobreza".

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l Presidente da Assembleia Geral aponta “necessidade imperiosa” de mudança na ONU

Se bem que a ONU desempenhe um papel pri-mordial na promoção de questões como o desenvolvimento e a erradicação da pobreza, é preciso reforçar a Organização, para que res-ponda com maior eficácia aos desafios dos nos-sos dias, disse o Presidente da Assembleia Geral, numa reunião informal deste órgão sobre a coe-rência ao nível do sistema “A necessidade de mudança é imperiosa”, disse Srgjan Kerim, acrescentando que chegou o momento de os seus órgãos estarem “Unidos na Acção” Srgjan Kerim afirmou que, não obstante a sua legitimidade sem paralelo, o prestígio de que a ONU goza como actor fundamental no domínio do desenvolvimento é prejudicado pelo facto de

não se concentrar suficientemente na obtenção de resultados. “É evidente que, sem reformas ambiciosas e abrangentes, as Nações Unidas não poderão cumprir as suas promessas e manter a sua posi-ção no centro do sistema multilateral”, disse aos delegados. A mudança é “inevitável”, sublinhou, se se pre-tender que a ONU desempenhe o seu papel na promoção de questões mundiais, nomeadamen-te, a realização dos Objectivos de Desenvolvi-mento do Milénio (ODM). “Mais do que qualquer outro órgão, a ONU está numa posição única para assumir um papel de liderança na realização dos ODM. Mas, para isso,

tal como qualquer outra organização, deve reno-var-se e reorganizar-se, para responder aos novos desafios”. A reforma e a constante melhoria são caracterís-ticas intrínsecas de qualquer organização bem sucedida e a ONU não constitui uma excepção, disse Srgjan Kerim, que acrescentou que as Nações Unidas só continuarão a atrair recursos, se conseguirem demonstrar a sua eficácia e pro-duzir resultados. O Secretário-Geral Ban Ki-moon subscreveu um conjunto de recomendações, apresentadas, em 2006, no relatório do Grupo de Alto Nível sobre Coerência ao Nível do Sistema, como uma “visão ambiciosa mas realizável de um sistema da ONU harmonizado e responsável”.

Crise hipotecária nos Estados Unidos e subida de preços são prenúncio de perturbações financeiras

A crise do mer-cado hipotecário de alto risco nos Estados Unidos, conjugada com a subida dos preços do petróleo e dos produtos de base e outros factores, poderá prejudicar as economias dos países em desen-

volvimento, afirmou o Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, no momento em que este órgão dava início à primeira de seis sessões de revisão do Consenso de Monterrey Srgjan Kerim recordou que, no último trimestre de 2007, a gestão macroeconómica e orçamental melhorou em muitos países em desenvolvimen-to, gerando mais poupança e investimento e aumentando a procura. As despesas com progra-mas sociais aumentaram e a pobreza extrema diminuiu – mas, a nível mundial, as desigualdades continuam a acentuar-se, disse. "Desde então, as repercussões da crise do mer-cado hipotecário de alto risco dos Estados Uni-dos fizeram-se sentir nos mercados mundiais dos valores mobiliários, erodindo a confiança no sistema financeiro", disse Srgjan Kerim à Assem-bleia Geral. "Por outro lado, os preços elevados do petróleo e dos produtos de base, especialmente no sector agrícola, e os desequilíbrios mundiais crescentes estão a causar uma acumulação de pressões inflacionistas". O Presidente da Assembleia advertiu que a actual agitação financeira poderá reduzir "a pro-cura nos países desenvolvidos, o que terá conse-

quências significativas nos mercados emergentes e nos países em desenvolvimento". Ao mesmo tempo, observou que os mercados dos países em desenvolvimento têm continuado a expandir-se. "De um modo geral, os países em desenvolvimento têm beneficiado de uma forte procura interna, de uma melhor governação, de uma gestão económica mais disciplinada, e, no caso dos exportadores de produtos de base, dos preços elevados dos alimentos e da energia". Acrescentou, porém, que, a não ser que o cres-cimento se traduza num tipo de desenvolvimen-to humano que gere oportunidades e benefícios para todas as pessoas, "as desigualdades crescen-tes e a simples dimensão da pobreza mundial criarão pressões que irão desestabilizar a econo-mia e a vida política em muitos países". Combater as alterações climáticas é fundamental para garantir o desenvolvimento económico sustentável e a redução da pobreza, disse, acres-centando que também estão em causa questões de equidade, ética, direitos humanos e seguran-ça. O processo "Financiamento do Desenvolvimen-to" tem "uma responsabilidade especial no que se refere a apoiar os países mais afectados a adaptarem-se às alterações climáticas e a criar incentivos ao investimento na produção de ener-gia por meios que respeitem o clima, na promo-ção da eficiência energética e em novas tecnolo-gias, com vista a assegurar que todos os Objecti-vos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) sejam realizados – não à custa do crescimento económico, mas como meio de o alcançar". A reunião da Assembleia visa preparar a confe-rência de avaliação da aplicação do Conselho de Monterrey, que terá lugar em Doha, no Catar, no final deste ano.

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Encontro do Presidente da Assembleia Geral

com o Presidente do Parlamento Europeu

O Presidente da Assembleia Geral da ONU encon-trou-se com o Presidente do Parlamento Euro-peu, Hans-Gert Poettering, a 12 de Fevereiro, por ocasião do debate temático de alto nível da Assem-bleia Geral sobre

alterações climáticas. Durante o encontro, ambas as partes sublinharam a necessidade de reforçar a cooperação entre as organiza-ções regionais e as Nações Unidas no domí-nio do combate às alterações climáticas. Ambos salientaram o papel que os parla-mentos deveriam ter no que se refere a promover soluções para os grandes proble-mas mundiais, salientando a necessidade do estabelecimento de parcerias. Srgjan Kerim frisou a importância das insti-tuições europeias como um dos parceiros mais próximos e activos das Nações Unidas. Lembrou que partilhavam as mesmas priori-dades – os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, o financiamento do desenvolvi-mento e a luta contra o terrorismo, além das alterações climáticas.

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Crianças e conflitos armados: violência sexual tem de deixar de ser uma arma de combate

Apesar de alguns progressos, a situação geral das crianças vítimas de conflitos armados con-tinua a ser seriamente preocupante, lamentou, perante o Conselho de Segurança Radhika Coosmaraswamy, Representante Especial do Secretário-Geral. “É preciso recusar a fatalidade, é preciso recu-sar a dimensão bárbara da utilização da violên-cia sexual como arma de guerra”, disse o Ministro belga para o Desenvolvimento e a Cooperação, Charles Michel, após um debate público sobre as crianças e os conflitos arma-dos, organizado, a 12 de Fevereiro, pelo Con-selho de Segurança. Radhika Coosmaraswamy, que apresentou ao Conselho o sétimo relatório anual do Secretá-rio-Geral sobre crianças e conflitos armados, disse que se tinham registado de forma siste-mática seis tipos de violações graves: o assassí-nio ou as mutilações infligidas a crianças, o recrutamento ou a utilização de crianças-soldado, os ataques contra escolas ou hospi-tais, a violação e outras formas de violência sexual agravada, o rapto de crianças e a recusa de acesso humanitário a crianças. Segundo o relatório, as crianças continuam a ser recrutadas e usadas em conflitos armados em pelo menos 13 países: Afeganistão, Burundi, Chade, República Centro-Africana, Colômbia, República Democrática do Congo, Mianmar, Nepal, Filipinas, Somália, Sudão, Sri Lanka e Uganda. “No total, foram identificadas 58 partes impli-cadas em 13 situações, as quais figuram na lista de partes que recrutam ou utilizam crianças em situações de conflito e cometem violações graves e sevícias em relação a crianças”,

declarou a Representante Especial. Radhika Coosmaraswamy chamou a atenção do Conselho para os desafios mais urgentes: a necessidade de reconhecer a natureza mutável dos conflitos, os ataques deliberados contra crianças de escola, professores e escolas, o recrutamento transfronteiriço de crianças que se encontram em campos de refugiados, a detenção de crianças por pretensa asso-ciação a grupos armados, o recurso a armas de destrui-ção indiscriminada, como as munições de fragmentação, que têm efeitos graves nas crianças, mesmo muito depois de um conflito ter terminado, e a violência sexual, incluindo a violação de crianças, que é “uma das consequências mais devasta-doras dos conflitos arma-dos”. “Na região dos Grandes Lagos e no Burundi, recebe-mos informações sobre a prática de violência sexual de uma amplitude assutadora”, lamentou a Representante Especial, que pediu ao Con-selho de Segurança que tomasse medidas em relação às “16 partes responsáveis por viola-ções inscritas na lista [anexa ao relatório] durante cinco anos consecutivos”.

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Reforma do sector da segurança depende da vontade e capacidade nacionais, segundo relatório da ONU

A reforma do sector da segurança em qualquer país só será bem sucedida se as principais figu-ras e instituições do Estado demonstrarem empenhamento, liderança e capacidade, afirma um novo relatório das Nações Unidas. O relatório do Secretário-Geral Securing Peace and Development: the role of the United Nations in supporting security sector reform salienta que, embora a ONU tenha muita experiência no que se refere a ajudar os países a reformarem o seu sector da segurança, “não há soluções fáceis para estabelecer instituições de seguran-ça eficazes e responsáveis” e uma estratégia eficaz depende de parceiros empenhados e capazes.

“Quando não existe uma vontade genuína de criar uma segurança eficaz e responsável ou quando não existe acordo entre os principais actores nacionais sobre os objectivos e a abor-dagem quanto aos dispositivos de segurança nacional, o contributo potencial das Nações Unidas – e de outros parceiros – está, na melhor das hipóteses, limitado”, segundo o relatório. O relatório afirma, no entanto, que a ONU pode dar um contributo, ao elaborar princípios e normas essenciais e ao assegurar um apoio internacional responsável e sustentável aos esforços dos países que pretendem reformar o seu sector da segurança.

Recomenda que sejam criadas capacidades apropriadas da ONU no terreno, a fim de assegurar uma aplicação mais coerente e inte-grada da reforma do sector da segurança, a designação das principais entidades, com vista à prestação de apoio eficaz, e o desenvolvimento de capacidades de aconselhamento estratégico. Este importante relatório foi elaborado na sequência de pedidos formulados, no ano pas-sado, pelo Conselho de Segurança e a Assem-bleia Geral e é o resultado de consultas a gru-pos regionais e outras partes interessadas, no seio do sistema das Nações Unidas e fora deste.

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Crianças e conflitos armados: Conselho de Segurança encara

a aplicação de sanções

Através de uma declaração do Presidente, o Conselho de Segurança lamentou que as suas resoluções relativas às crianças e conflitos armados continuassem a não ser respeitadas e reafirmou a sua intenção de utilizar todos os instrumentos previstos na sua resolução de Julho de 2005, que prevê sanções.

A declaração foi adoptada a 12 de Fevereiro à noite e sublinha que é necessário pôr fim à impunidade que rodeia as violações e sevícias que visam crianças em conflitos armados e, nesse contexto, con-gratula-se pelo facto de vários autores presumidos de tais actos terem sido apresentados à justiça. O Conselho manifesta a sua preo-cupação perante o recurso gene-ralizado e sistemático à violação e outras formas de violência sexual contra as crianças e, em particu-lar, as raparigas, em situações de conflito armado, e pede a todas as partes em tais conflitos que tomem medidas especiais para proteger as raparigas e os rapazes de violência sexual ou de género, em particular contra a violação, em caso de conflito armado.

Lembrando a declaração feita pelo Presidente a 28 de Novembro de 2006, reafirma a sua intenção de utilizar todos os instrumentos previstos na sua resolução 1612 (2005).

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Crianças e conflitos armados

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Ban Ki-moon pede contenção a todas as partes Conselho de Segurança dividido

Durante o debate do Conselho de Segurança sobre a declaração de independência do Kosovo, realizado a 18 de Fevereiro, o Secretário-Geral sublinhou a necessidade de garantir a estabilidade da província administrada pelas Nações Unidas, desde 1999, e a segurança da sua população. “Apelo a todas as partes para que reafirmem e cumpram as suas pro-messas de se abster de quaisquer actos violentos ou declarações que possam ameaçar a paz, incitar à vio-lência ou comprometer a segurança no Kosovo e na região”, disse o Secretário-Geral numa reunião públi-ca do Conselho, convocada a pedido da Federação Russa e da Sérvia.

“Os meus esforços – e os do meu Representante Especial no Kosovo – visam garantir que a situação, nos domínios político e da segurança, no Kosovo e na região, se mantenha calma e que a população do Kosovo e, em especial, as comunidades mino-ritárias sejam protegidas”, acrescen-tou. Ban Ki-moon disse que a Missão de Administração Interina da ONU no Kosovo (UNMIK) continuará a cum-prir o seu mandato, até receber orientação do Conselho de Seguran-ça. O Presidente sérvio Boris Tadic pediu ao Conselho que declarasse “nula e sem efeito” a “declaração unilateral e ilegal” de independência, sublinhando que a medida tomada pelo Parlamento do Kosovo viola a resolução 1244 do Conselho de Segurança que reafirma a soberania e integridade territorial da Sérvia. “A Sérvia nunca reconhecerá a inde-pendência do Kosovo”, declarou. “Nunca renunciaremos ao Kosovo nem desistiremos de lutar pelos nossos interesses legítimos. Para os cidadãos e as instituições da Sérvia, o

Kosovo continuarão sempre a fazer parte da Sérvia”. Apoiando o apelo da Sérvia, o Embai-xador russo Vitaly Churkin salientou que a declaração dos líderes do Kosovo cria um “precedente perigo-so” e pode levar a uma escalada da tensão e da violência interétnica na província. “Só é possível alcançar uma solução duradoura e sustentável para a ques-tão do estatuto do Kosovo com base numa decisão que reconheça o papel fundamental do Conselho de Segu-rança, que respeite plenamente as normas do direito internacional e que assente em acordos entre Bel-grado e Pristina”, disse. Entretanto, alguns membros do Con-selho manifestaram o seu apoio ao “novo Estado do Kosovo”, nomeada-mente, o Reino Unido, os Estados Unidos, a França e a Bélgica. O Embaixador britânico John Sawers referiu que “não é o ideal para o Kosovo tornar-se independente sem o consentimento da Sérvia e sem consenso no seio deste Conselho”. Ao mesmo tempo, “as circunstâncias

únicas da cisão violenta da ex-Jugoslávia e a administração sem precedentes da ONU fazem com que este seja um caso sui generis, que não cria um precedente mais amplo, como todos os Estados-membros da UE concordaram hoje”, declarou. Na mesma linha, o Embaixador dos Estados Unidos, Zalmay Khalilzad, disse que era importante recordar “como chegámos ao ponto em que nos encontramos”, referindo que a independência do Kosovo era o culminar de um processo longo e único. Os intensos esforços para acordar no estatuto final do Kosovo foram até onde podiam ir, mas as partes não conseguiram chegar a acordo, disse, acrescentando que os líderes do Kosovo haviam agido de uma “maneira madura, não violenta e responsável”. Após ser informado da declaração de independência, no dia 17, o Secretá-rio-Geral fez apelos à contenção de todas as partes e informou os jorna-listas de que, até receber orientação do Conselho de Segurança, a UNMIK continuará a considerar a resolução 1244 (1999) como quadro jurídico do seu mandato e continuará a apli-cá-la.

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Timor-Leste

Conselho de Segurança prolonga mandato da Missão da ONU por um ano

A 25 de Fevereiro, o Conselho de Segurança prolongou até 26 de Fevereiro de 2009 o man-dato da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT), conforme proposto no último relatório do Secretário-Geral. De acordo com a resolução 1802 (2008), pro-posta pela Austrália, Nova Zelândia, Portugal e África do Sul e aprovada por unanimidade, o Conselho condena também, nos termos mais enérgicos, os atentados perpetrados a 11 de

Fevereiro último contra o Presi-dente e o Primeiro-Ministro timo-renses e pede ao Governo do país que leve a tribunal os responsáveis por tais actos. Referindo que a situação política, social, humanitária e no domínio da segurança se mantém frágil em Timor-Leste, o Conselho pede insistentemente a todas as partes que continuem a trabalhar em conjunto para manter o diálogo político e consolidar a paz, a democracia, o Estado de direito, o desenvolvimento económico e

social sustentável e a reconciliação nacional no país. O texto reafirma que é essencial prosseguir os esforços para que seja feita justiça e definidas responsabilidades e, neste contexto, sublinha que é importante que o Governo timorense dê seguimento às recomendações feitas pela Comis-são Especial de Inquérito Independente para Timor-Leste, no seu relatório de 2006.

Na sessão pública sobre a questão de Timor-Leste realizada a 21 de Fevereiro, o Secretário-Geral Adjunto para as Operações de Manuten-ção da Paz, Jean-Marie Guéhenno, sublinhou que, dado que o país esteve à beira de uma ruptura, é imperioso abordar imediatamente os motivos de queixas dos apoiantes do falecido líder Alfredo Reinado e dos peticionários, bem como o pro-blema dos deslocados internos. Guéhenno, que considera que o Governo deu provas das suas qualidades de liderança na orga-nização das operações de segurança, afirmou que a reacção das autoridades “só veio reforçar a determinação da UMMIT no que se refere a aplicar as recomendações em quatro domínios fundamentais identificados pelo Secretário-Geral: avaliação e reforma do sector da segurança, o reforço do Estado de direito, o desenvolvimento socioeconómico e promoção de uma cultura de governação democrática”. Logo no dia 11, o Secretário-Geral da ONU e o Conselho de Segurança condenaram energica-mente os atentados contra o Presidente e o Primeiro-Ministro de Timor-Leste e apelaram à calma e à contenção.

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Darfur: cessação das hostilidades é uma prioridade muito urgente, lembra Secretário-Geral

Enquanto a situação no Darfur-Oeste se agra-va, o Secretário-Geral lembra, no seu último relatório ao Conselho de Segurança sobre o envio da Operação Híbrida União Africana/ONU no Darfur (UNAMID), que a cessação das hostilidades continua a ser uma prioridade muito importante e que o empenhamento dos Estados-membros continua a ser essencial para que a UNAMID possa cumprir o seu mandato. “Extremamente preocupado com as condi-ções de segurança no terreno”, Ban Ki-moon “condena, nos termos mais enérgicos, os ataques levados a cabo, a 8 de Fevereiro, contra civis no Darfur-Sul, nas cidades de Abu Suruj, Sirba e Seleia, ofensivas que causaram

cerca de 200 vítimas e obrigaram mais de 10 000 civis a abandonarem as suas casas e atra-vessarem a fronteira, em busca de refúgio no Chade”, diz um relatório ao Conselho de Segurança, divulgado a 20 de Fevereiro. A prioridade mais urgente no Darfur é a ces-sação das hostilidades, sublinha o relatório, em que o Secretário-Geral apela, mais uma vez, às partes no conflito para que se sentem à mesa das negociações. Durante o período em estudo, a violência diminuiu no Darfur-Norte e no Darfur-Sul entre as partes no conflito, mas as condições de segurança continuaram a deteriorar-se no Darfur-Oeste, onde forças regulares chadia-nas e o Movimento para a Justiça e a Igualdade levaram a cabo vários ataques no interior do território sudanês. A situação no Chade e a degradação das rela-ções entre os dois países são, por isso, mais um motivo de preocupação para Ban Ki-moon, que condenou os ataques transfrontei-riços e pediu respeito pela soberania territo-rial.

No conjunto do Darfur, o banditismo e as agressões dirigidas a alvos específicos prosse-guiram e a qualidade das operações humanitá-rias ressentiu-se consideravelmente disso, sublinha o relatório. Quanto ao envio da UNAMID, a questão da composição dos contingentes e a do equipa-mento subsistem. O Presidente al-Bashir não deu ainda uma resposta definitiva sobre a lista de composição da força e dos países fornece-dores de tropas apresentada pelas Nações Unidas e pela União Africana, diz o relatório, que lembra que “os países que fornecem con-tingentes pedem que o Governo sudanês lhes confirme urgentemente se a sua contribuição para a UNAMID é bem-vinda. A rapidez do envio da missão depende, em grande medida, do tempo que esta questão levará a ser resol-vida”. Por outro lado, os Estados-membros ainda não acordaram nas unidades de apoio que faltam, nomeadamente os meios aéreos, impe-dindo, assim, a UNAMID de se tornar plena-mente operacional.

Comissão de Consolidação da Paz vai pedir fundos para apoiar

recuperação da Guiné-Bissau

A Comissão de Consolidação da Paz (CCP) comunicou que irá pedir ao Secretário-Geral que declare que a Guiné-Bissau preenche os requisitos necessários para receber um montante inicial do Fundo da ONU que se destina a ajudar os países saídos de um confli-to a evitarem mergulhar de novo no caos. A Embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti, do Brasil, presidente da reunião da CCP relativa à Guiné-Bissau, disse, num encontro que teve lugar a 21 de Fevereiro na Sede da ONU em Nova Iorque, que aquele país da África Ocidental precisa dessa ajuda para recuperar da instabilidade política e supe-rar os enormes desafios socioeconómicos. As palavras da Embaixadora seguiram-se a uma exposição do Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Martinho N’Dafa Cabi, que disse à

Comissão que, embora o Governo esteja a consolidar os progressos recentes, precisa de ajuda para conse-guir melhorias em esferas como a segurança, as elei-ções, a gestão orçamental, o combate ao tráfico de droga e a redução do desemprego juvenil. Shola Omoregie, Represen-tante Especial do Secretário-Geral para a Guiné-Bissau, saudou os esforços recentes do Governo e afirmou que precisam de ser reforçados. Ao informar a Comissão, a 8 de Fevereiro, no regresso de uma visita à Guiné-Bissau, Maria Luiza Viotti sublinhou que o compromisso da CCP ocorre num “ponto de vira-gem” para o país, que está a tentar consolidar a paz.

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Irão: AIEA tem dúvidas sobre estudos que visariam programa nuclear militar

Nos últimos quatro meses, foram alcança-dos progressos importantes quanto à natureza do programa nuclear iraquiano, diz a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que sublinha que subsis-tem interrogações sobre os estudos feitos pelo Irão no passado, com vista a um eventual programa nuclear militar. “O nosso objectivo no Irão é garantir que o programa nuclear iraquiano tenha unica-mente fins pacíficos. Este tem sido o nosso trabalho desde há cinco anos”, lembrou Mohamed El Baradei, Director-Geral da AIEA, que entregou, a 22 de Fevereiro, o seu último relatório ao Conselho de Governadores. Este relatório, que abrange o período posterior a 15 de Novembro de 2007, será examinado no próximo dia 3 de Mar-ço, em Viena.

“Fizemos progressos importantes no que se refere ao programa nuclear iraniano no passado, com excepção de uma questão – a dos estudos que visam supostamente a transformação do programa em programa militar”, disse Mohamed El Baradei, que pediu ao Irão que esclarecesse essa ques-tão o mais rapidamente possível. O Director-Geral sublinhou, no entanto, que todas as outras questões pendentes, incluindo o alcance e a natureza do pro-grama de enriquecimento de urânio, haviam sido esclarecidas. Se é certo que o Irão permitiu que a AIEA visitasse numerosas instalações, a verdade é que “isso não basta”, acrescentou. Mohamed El Baradei considera que o Irão deveria adoptar oficialmente o Protocolo Facultativo relativo ao Tratado sobre a Não-proliferação das Armas Nucleares. Sublinhou também que este país, “depois de ter levado a cabo um programa nuclear durante 20 anos” e acumulado um “défice de confiança”, deveria trabalhar em coope-ração com o Conselho de Segurança e aplicar as resoluções deste sobre o seu programa de enriquecimento de urânio.

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ACNUR: António Guterres apela ao apoio aos refugiados iraquianos

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guter-res, apelou à comunidade internacional, para que intensifique o seu apoio aos refugiados iraquianos na Síria e na Jordânia e dispo-nibilize mais lugares de reinstalação em países ter-ceiros. Pediu também ao Governo iraquiano que fosse mais activo no que se refere a dar assistência à sua população deslocada. A 15 de Fevereiro, no ter-ceiro dia da sua missão de uma semana na região, o Alto-Comissário declarou que o objectivo global é assegurar que milhões de iraquianos deslocados pelo conflito recebam a máxima protecção e assistência possíveis. Explicou que a resposta internacional continua a ser muito fraca em relação à dimensão do problema. “A

comunidade internacional deve prestar mais apoio aos iraquianos, através de pro-gramas que visem ajudar os refugiados iraquianos pre-sentes na Síria, na Jordânia e noutros países de acolhi-mento”, disse. “Até à data, a ajuda internacional tem sido insuficiente perante os desafios que estes países têm de enfrentar”. O Alto-Comissário pediu também aos Governos que aumentem o número de lugares de reinstalação para refugiados vulneráveis. António Guterres insistiu em que o Governo iraquia-no ajuda a sua população desenraizada. Os refugiados iraquianos não são refugia-dos típicos que fogem de perseguições; fogem, em geral, porque são vítimas da violência generalizada.

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Darfur: Alto Comissariado para os Refugiados chocado com o grau de destruição em Sirba

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) declarou-se chocado com o grau de destruição na cida-de de Sirba, no Oeste do Darfur, que sofreu um ataque do Exército sudanês no início do mês. O ataque afectou também as aldeias vizinhas de Silea e de Abou Sourouj, tendo provoca-do a deslocação de um grande número de civis. A declaração do ACNUR foi feita no final de uma missão humanitária à região afecta-da. Os seus habitantes disseram à equipa das Nações Unidas que a fuga para o vizinho

Chade seria demasia-do perigosa, devido ao conflito existente na fronteira e ao banditismo. A insegurança actual no Darfur compro-mete também o tra-balho do Programa Alimentar Mundial (PAM) que comuni-cou que, entre Janei-ro e Fevereiro, 28 dos seus camiões foram roubados por

ladrões e bandidos. À data, 14 motoristas dos camiões do PAM eram dados como desaparecidos. Apesar de o PAM ter mantido as suas ope-rações, está preocupado pelo facto de os riscos acrescidos reduzirem a sua capacida-de de alimentar os cerca de 3,2 milhões de pessoas do Darfur que dependen das 40 000 toneladas de víveres que o Programa lhes fornece mensalmente. O PAM apela às partes no conflito para que melhorem a segurança e a qualidade das infra-estruturas viárias.

Crise no Quénia exige soluções imediatas e a longo prazo, segundo Enviado da ONU

Coordenador do Socorro de Emergência das Nações Unidas realça agravamento das condições

em Gaza e na Cisjordânia

Os esforços internacionais para ajudar o Quénia a recuperar dos distúrbios que começaram quando os resultados das eleições de Dezembro foram contestados deveriam abordar exausti-vamente as causas profundas da vio-lência, mas, primeiro, devem ajudar a resolver urgentemente a crise política, disse o Coordenador do Socorro de Emergência das Nações Unidas. “Se não houver uma resolução rápida da crise política, os riscos de um novo surto de violência, de deslocação de populações e de maior polarização da sociedade serão muito elevados”, disse John Holmes, Secretário-Geral Adjun-to para os Assuntos Humanitários, ao

Conselho de Segurança, informando-o da sua visita àquele país da África Orien-tal, entre 8 e 11 de Feverei-ro. “As consequências humanitá-rias dessa situação poderiam levar a que aquilo que vimos até agora pareça insignifican-te”, disse, referindo que cerca de 1000 pessoas per-

deram já a vida e mais de 300 000 foram obrigadas a abandonar as suas casas. John Holmes frisou que manifestou claramente às partes o total apoio da ONU ao processo de mediação, lide-rado pelo antigo Secretário-Geral Kofi Annan. Para evitar futuras explosões de vio-lência é, no entanto, crucial abordar queixas de há décadas relacionadas com terras, pobreza e amplas desigual-dades económicas, num contexto de um forte crescimento demográfico e da reduzida existência de terras.

Ao concluir uma visita de cinco dias ao território palestiniano ocupado e a Israel, o Coordena-dor do Socorro de Emergência das Nações Unidas realçou, a 18 de Fevereiro, o agravamento das condições humanitárias em Gaza e na Cisjordânia, resultante dos encerramentos e restrições à cirulação de pessoas e bens. “Os serviços médicos em Gaza estão a deteriorar-se, a indústria privada praticamente ruiu e há motivos reais de preocupação no domínio da educação,” disse o Secretário-Geral Adjunto das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, John Holmes, numa conferência de imprensa em Jerusalém. “Após oito meses de graves res-trições à circulação de bens, a crise política e de segurança den-tro e ao redor de Gaza tem con-sequências humanitárias cada vez mais graves,” acrescentou John Holmes.

“Há uma crescente dependência da assistência internacional, que aumentou de forma muito acen-tuada durante os últimos oito meses,” disse, mencionando que 73% da população depende de ajuda alimentar. Acresce que “a qualidade e a quantidade de água estão a dimi-nuir, dada a existência de zonas em que só há água durante algu-mas horas por dia ou mesmo por semana. Além disso, devido à deterioração do sistema de esgo-tos, cerca de 40 milhões de litros de águas residuais são lançados diariamente para o Mar Mediter-râneo,” disse. John Holmes chamou à deteriora-ção geral das condições de vida em Gaza “uma afronta à dignida-de das pessoas que ali habitam.”

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Somália: uma crise humanitária “a que o mundo virou as costas”

Enquanto a insegurança se acen-tua, desde o início do ano, na Somália, o número de pessoas vulneráveis oscila entre 1,8 e 2 milhões, segundo o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA). Entre elas, há um milhão de desloca-dos. “Trata-se de um aumento de 27% em relação ao semestre anterior”, diz um relatório do OCHA. O número de pessoas que fugi-ram da capital, Mogadiscio, aumentou para mais do dobro, e muitas delas refugiaram-se em zonas muito desfavorecidas. A seca, conjugada com as chuvas fracas e a insegurança que reina no país, favoreceu estas deslo-

cações e a hiperinflação que afecta os produtos de base exerce uma pressão insustentável sobre a popu-lação. O OCHA denuncia tam-bém as restrições impostas aos trabalhadores humani-tários. Apesar de tudo, a

acção humanitária prossegue. No seu relatório, este organis-mo informa que Eric Laroche, Coordenador Residente e Humanitário na Somália, reocu-pou o seu cargo na Organização Mundial de Saúde, em Genebra, a 31 de Janeiro, sendo substituí-do, nos próximos três meses, por William Paton. “A Somália é a única crise humanitária a que o mundo virou as costas durante tanto tempo”, lamentou William Pat-ton, que se comprometeu a prosseguir os esforços para a resolver.

A comunidade internacional está a tentar angariar perto de 89 milhões de dólares para ajudar centenas de milha-res de pessoas em zonas atingidas pelas cheias, no Malaui, em Moçambi-que, na Zâmbia e no Zimbabué, segun-do o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humani-tários (OCHA). O apelo tem como objectivo permitir responder às inundações que destruí-ram milhares de casas, devastaram culturas agrícolas e fizeram com que cerca de 449 000 pessoas precisem de assistência humanitária imediata. Temendo-se que a continuação das chuvas possa conduzir a inundações ainda piores, os fundos serão também utilizados para os países se prepararem para uma possível deterioração da situação.

“Os governos fizeram um excelente trabalho. E precisam urgentemente do apoio da comunidade internacio-nal para assegurar que todos os que foram deslocados devido às inunda-ções recebam comida, abrigo, água, medicamentos e outros bens essen-ciais de que precisam para sobrevi-ver,” disse John Holmes, Secretário-Geral Adjunto para os Assuntos

Humanitários e Coordenador do Socorro de Emergência das Nações Unidas. “Estamos apenas a meio da estação das chuvas e, dado que se espera a ocor-rência de chuvas mais intensas, temos de ser capazes de dar assistência possi-velmente a mais centenas de milhares de pessoas,” acrescentou. Em Moçambique, o país mais atingido, a comunidade humanitária internacio-nal pede mais de 35 milhões de dólares para satisfazer as necessidades das 258 000 pessoas afectadas pelas cheias, incluindo mais de 90 000 que foram desalojadas durante o último mês e que vivem agora em zonas de realoja-mento.

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São necessários perto de 89 milhões de dólares para dar resposta às cheias na África Austral

Nova parceria para melhorar as comunicações durante crises humanitárias

O Programa Alimentar Mundial (PAM), a Fundação das Nações Unidas e a Fundação do Grupo Vodafone anunciaram, a 13 de Fevereiro, uma parceria mun-dial para as comunicações de emergência, uma aliança sem precedentes para melhorar a eficácia das tecnologias da informação e comunicação (TIC) que visa responder rapi-damente às catástrofes e crises no mundo. “Durante os próximos três anos, esta parceria contribuirá para nos ajudar a salvar milhões de vidas. A existência de melhores telecomunicações permitir-nos-á responder mais depressa e mais eficazmente, portanto com maior êxito, aos que precisam de ajuda com urgência”, disse Josette Shee-ran, Directora Executiva do PAM. As telecomunicações, lembrou,

são essenciais para a entrega de ajuda alimentar e para as equipas médicas que prestam ajuda de emergência. A parceria entre a Fundação Vodafone e a Fundação das Nações Unidas é responsável por uma contribuição de 4,3 milhões de dólares; pela sua parte, o PAM participa com 1,8 milhões. Esta soma servirá para financiar um programa de for-mação em TIC destinado à comunidade das organizações humanitárias. O principal objectivo consiste em normalizar as soluções TIC utilizadas pelas organizações humanitárias, a fim de aumen-tar a velocidade das redes de comunicação. No entanto, a parceria visa também reforçar a equipa de especialistas em TIC e assegurar o envio ime-diato da equipa de TIC, em situações de emergência.

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UNICEF lança Humanitarian Action Report 2008

Por ocasião do lançamento do Humani-tarian Action Report 2008, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pediu 865 milhões de dólares para aju-dar as crianças e as mulheres em situa-ções de emergência, em 39 países. “O relatório contém informações sobre os países afectados, neste momento, por crises políticas graves, como o Cha-de e o Quénia, bem como por conflitos que prosseguem sem dar origem a gran-des títulos na imprensa mas que conti-nuam a fazer sofrer as crianças”, explica um comunicado da UNICEF.

O Humanitarian Action Report 2008 expõe minuciosamente as actividades da UNICEF e apre-senta as suas necessidades financeiras para ajudar as crian-ças e as mulheres em países em situação de conflito como o Sudão, em países afectados por catástrofes naturais, como Moçambique, ou onde se regis-tam importantes deslocações de populações, como na África Ocidental, onde a malnutrição

ameaça as crianças pequenas. O relatório denuncia também uma ten-dência preocupante para as violações sistemáticas, utilizadas como armas de guerra por diferentes grupos e de que são vítimas mulheres e crianças. “Devemos velar por que as crianças e as mulheres sejam tão protegidas destas atrocidades quanto possível e por que os autores desses crimes acabem por ser levados a tribunal”, sublinhou Hilde Johnson, Directora Executiva Adjunta da UNICEF, numa conferência de impren-sa, em Genebra.

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O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lançou, a 25 de Fevereiro, uma campanha plurianual que visa intensificar a acção para aca-bar com a violência contra as mulheres e as raparigas. Segundo as estimativas da ONU, é provável que, ao longo da sua vida, pelo menos uma em cada três mulheres no mundo seja espancada, coagida a manter relações sexuais ou alvo de outras formas de violência. Uma em cada cinco será vítima de violação ou de tentativa de violação. O tráfico, o assédio sexual, a mutilação genital femi-nina, o assassínio por causa do dote, os crimes de honra e o infanticídio feminino são outros aspectos comuns do problema. “A violência contra as mulheres e as raparigas deixa a sua marca horrenda em todos os conti-nentes, países e culturas”, disse o Secretário-Geral. “Chegou o momento de nos centrarmos em medidas concretas que todos nós – Estados-membros, família das Nações Unidas, sociedade civil e indivíduos, tanto mulheres como homens – possamos tomar para prevenir e eliminar este flagelo. Chegou o momento de derrubar os muros de silêncio e tornar as normas jurídicas uma realidade na vida das mulheres”. A campanha visará mobilizar a opinião pública para garantir que os decisores ao mais alto nível trabalhem no sentido de impedir e erradicar a violência contra as mulheres. Um alvo fundamen-tal será assegurar a vontade política e recursos adicionais fornecidos por governos, instituições internacionais, entidades do Sistema das Nações Unidas, sector privado e outros doadores para políticas e programas que procurem resolver o problema. O Secretário-Geral apela aos dirigen-tes mundiais de ambos os sexos para que lide-rem campanhas nacionais para acabar com a violência contra as mulheres. O crescente com-promisso dos homens em relação à prevenção e combate da violência contra as mulheres será reforçado e a campanha acolherá com agrado e incentivará a participação activa dos homens e rapazes, reconhecendo o papel decisivo que estes devem desempenhar. A campanha, que decorrerá de 2008 a 2015, para coincidir com o prazo para a consecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, incidirá sobre três esferas fundamentais: promo-ção mundial, liderança das Nações Unidas pelo exemplo e intensificação dos esforços e parce-riais ao nível nacional, regional e internacional. A ligação aos ODM reflecte o facto de a violência contra as mulheres impedir a participação das

mulheres no desenvolvimento e ser considerada como um obstá-culo importante à realização dos objectivos de desenvolvimento acordados internacionalmente, incluindo os ODM. Intensificar a Dinâmica Gerada A campanha aproveitará a forte dinâmica existente na Assembleia Geral e no Conselho de Seguran-ça para tomar medidas contra todas as formas de violência con-tra as mulheres, incluindo a viola-ção em situações de conflito e pós-conflito. Nos últimos anos, os governos fizeram progressos consideráveis ao nível internacio-nal, regional e nacional, ao esta-belecerem quadros jurídicos e de políticas que abrangem diversas formas de violência e pretendem pôr termo à impunidade. Na Cimeira Mundial de 2005, os dirigentes mundiais prometeram redobrar os esforços para elimi-nar todas as formas de violência contra as mulheres e, após a publicação de um estudo aprofun-dado do Secretário-Geral, gerou-se uma dinâmica ainda mais forte graças a duas resoluções da Assembleia Geral (61/143 e 62/133) sobre a intensificação dos esforços para eliminar todas as formas de discriminação contra as mulheres, adoptadas, respectiva-mente, em Dezembro de 2006 e 2007, e a uma resolução sobre a violação e a violência sexual (62/134), adoptada em Dezembro de 2007. Contudo, muito há ainda a fazer. A campanha basear-se-á no traba-lho realizado, durante décadas, por activistas, grupos de mulheres e outras orga-nizações da sociedade civil que, como agentes de mudança, continuam a liderar a luta para denun-ciar e combater a violência. A sua determinação e trabalho árduo conseguiram que a questão figurasse entre as prioridades mundiais e aumen-taram o conhecimento da natureza e dimensão da violência contra as mulheres e raparigas e o seu impacte nas sobreviventes, nas suas famílias,

comunidades e países. São também objectivos importantes da campanha reforçar o papel das Nações Unidas na elimina-ção da violência e na criação de uma cultura no seio do Sistema da ONU que rejeite a violência contra as mulheres e raparigas e tome medidas para a impedir e abordar. A reforma em curso da ONU, que visa uma maior coerência do Sistema, criou um ambiente favorável para que este traba-lhe em conjunto sobre esta questão. A Acção da ONU contra a Violência Sexual em Conflitos – uma iniciativa que reúne 12 entidades das Nações Unidas – e outras acções, como a cam-panha de assinaturas em linha da UNIFEM intitu-lada “Diga NÃO à violência contra as mulheres”, demonstram esta nova abordagem.

A violência contra as mulheres exige uma acção imediata

“Hoje, estamos aqui reunidos para lançar uma campanha mundial para a eliminação da violência contra as mulheres. Conto convos-co, que defendeis esta causa ao nível dos Estados, na sociedade

civil ou na ONU, para difundir esta mensagem em todo o mundo”, disse Ban Ki-moon, ao lançar a iniciativa, durante a abertura da 52ª. sessão da Comissão da Condição da Mulher. “A violência contra

as mulheres exige uma acção imediata. Basta olhar para as estatís-ticas para se ter a certeza disso: é provável que, ao longo da sua vida, pelo menos uma em cada três mulheres no mundo seja espancada, coagida a manter relações sexuais ou alvo de outras formas de violência”, lembrou o Secretário-Geral. “Devido à selecção pré-natal, numerosas raparigas não têm sequer direito a vir ao mundo. Nenhum país, nenhuma cultura, nenhuma mulher, jovem ou idosa, é imune a este flagelo. E com demasiada frequência, o crime fica impune”. “Em regiões em guerra, encontrei mulheres que tinham suportado violências indizíveis. O seu sofrimento perseguir-me-á sempre, mas a sua coragem será sempre para mim uma fonte de inspiração. Estas mulheres que são mães, irmãs, filhas e amigas estão determi-nadas a recomeçar a viver”. “Mas há uma verdade universal: a violência contra as mulheres nunca é aceitável, nunca é justificável, nunca é tolerável”. “Esta campanha é para elas. Esta campanha é para todas as mulhe-res e raparigas, que têm o direito de viver sem serem sujeitas à violência”.

O Secretário-Geral anunciou que convidaria todos os Estados a reverem a legislação aplicável e a modificá-la ou a adoptarem novas leis para que a violência contra as mulheres seja considerada um crime. “E pedirei a todos os Estados que velem por que as leis sejam aplicadas para pôr fim à impunidade”.

Secretário-Geral da ONU lança Campanha para Acabar com a Violência contra as Mulheres

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O Fórum de Viena para Combater o Tráfico de Seres Humanos, que reuniu 1 400 delega-dos de 116 países para partilhar conhecimen-tos e definir uma estratégia coordenada para combater o tráfico de pessoas, terminou, a 15 de Fevereiro, com apelos veementes a uma maior consciência da questão, a mais recursos e a acções coordenadas para combater o problema.

Descrevendo o Fórum de Viena como um "ponto de viragem" na luta mundial contra o tráfico de seres humanos, Antonio Maria Costa, Director Executivo do Gabinete das Nações Unidas para a Droga e a Criminalidade (UNODC), disse: "Este Fórum é apenas o início de um processo. Devemos impulsionar o dinamis-mo aqui gerado para assegurar que a vida das pessoas não seja posta à venda". Antonio Maria Costa instou os governos nacionais, as empresas e a sociedade civil a acelerarem a adopção de medidas práticas desti-nadas a impedir o tráfico, nomea-damente: introdução da autocerti-

ficação pelas empresas, com o objectivo de retirar do mercado produtos feitos em condi-ções de escravatura; desenvolvimento de tecnologia destinada a identificar, monitorizar e desmantelar as rotas do tráfico de seres humanos; localização e congelamento de paga-mentos de operações de tráfico de seres humanos efectuados com cartão de crédito; elaboração de códigos de conduta com o objectivo de travar o turismo sexual.

Na sessão de encerramento do Fórum, além do Director Executivo do UNODC, usaram da palavra Renuka Chowdhury, Ministra das Mulheres e do Desenvolvimento Infantil da Índia, Helga Konrad, Ex-Ministra dos Assuntos da Mulher da Áustria, e Dan Henkle, Vice-presidente Sénior para a Responsabilidade Social da GAP Inc. Renuka Chowdhury realçou a necessidade de "passar das palavras à acção". Descrevendo o tráfico de seres humanos como "a maior das obscenidades", instou as pessoas a serem "suficientemente corajosas para dizer verda-des inconvenientes". Depois de louvar o êxito das discussões, disse: "Saímos deste Fórum com formas inovadoras de influenciar as nos-sas nações e os nossos governos respectivos". Helga Konrad disse: "Gostaria de vos recor-dar que, quando chegámos à linha de partida, os traficantes já levavam um avanço conside-rável nesta corrida. Apesar dos progressos que temos realizado, ainda estamos bastante longe deles. Não podemos dar-nos ao luxo de ser complacentes – façamos um esforço con-certado para combater este problema com-plexo".

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Fórum de Viena reforça luta mundial contra o tráfico de seres humanos - definidas novas medidas para combater "um crime que nos envergonha a todos"

RDC: terceiro acusado apresentado ao Tribunal Penal Internacional

Mathieu Ngudjolo Chuy, acusa-do de crimes contra a humani-dade e de crimes de guerra cometidos na República Demo-crática do Congo, foi detido, a 6 de Fevereiro, pelas autorida-des congolesas e entregue ao Tribunal Penal Internacional (TPI). “As autoridades congolesas cooperaram, uma vez mais, activamente com o Tribunal, no espírito do Estatuto e exe-cutaram uma decisão judicial, detendo Mathieu Ngudjolo Chui e entregando-o ao TPI”, declarou o Secretário do Tri-bunal, Bruno Cathala. Mathieu Ngudjolo Chui foi supostamente dirigente da Frente dos Nacionalistas e Integracionistas (FNI) e é actualmente coronel do exérci-to nacional da República Democrática do Congo (RDC).

Segundo o Tribunal, teria tido um papel essencial na concep-ção e na concretização de um ataque contra a aldeia de Bogo-ro, em Ituri, em 2003. O Juízo de Instrução I conside-rou que esse ataque, dirigido principalmente contra civis da etnia hema, fora organizado pelo acusado com outros altos comandos militares da FNI e da Força de Resistência Patriótica em Ituri (FRPI) e que se inscre-via no quadro de um ataque sistemático e generalizado que tivera como alvo a população civil de certas partes da região. Mathie Ngudjolo Chui é a ter-ceira pessoa a ser detida pelo TPI, após a detenção de Ger-main Katanga, a 17 de Outubro de 2007, e de Thomas Lubanga Dyilo, a 28 de Agosto de 2006.

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Ex-ministro do Ruanda detido e apresentado a tribunal das Nações Unidas

Um antigo membro do Governo do Ruanda foi detido e apresentado ao Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR), devido ao seu pre-sumível papel nos assassínios em massa cometidos naquele pequeno país africano, em 1994. Callixte Nzabonimana, que foi Ministro da Juventude e Desporto do Governo provisório do Ruanda em 1994, foi detido na cida-de tanzaniana de Kigoma, e transferido para Aru-sha, sede do TPIR. Callixte Nzabonimana, de 55 anos, terá de responder a seis acusações, entre as quais se incluem os crimes de genocídio, incitação directa e pública ao genocídio e conspiração para cometer genocídio. O despacho de pronúncia contra o ex-ministro afirma que Nzabonima-na conspirou com outros indivíduos

para conceber um plano para exter-minar a população civil tutsi do Ruanda e eliminar elementos da oposição política. Nzabonimana, que foi membro do Mouvement Républicain National pour le Développement et la Démocratie (MNRD), vai responder

juntamente com mais seis arguidos: Augustin Bizi-mana, Edouard Kareme-ra, Andre Rwamakuba, Mathieu Ngirumpatse, Joseph Nzirorera e Feli-cien Kabuga.

O Conselho de Segurança criou o TPIR em 1994, após o genocídio desse ano, em que, a partir de prin-cípios de Abril, cerca de 800 000 tutsis e hutus moderados foram assassinados – sobretudo com machetes ou cacetes – em apenas 100 dias.

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l OMS: tabaco mata mais do que VIH/SIDA, tuberculose e malária juntos

O tabaco é res-ponsável por 5,4 milhões de mor-tes por ano no mundo, afirma a Organização Mundial de Saúde (OMS), no seu

último relatório sobre a luta antitaba-co (WHO Report on the Global Tobacco Epidemic, 2008 – The MPOWER packa-ge). Regista-se uma tendência catas-trófica para o aumento deste núme-ro, sobretudo nos países em desen-volvimento. “Apenas 5% da população mundial vive em países que protegem total-mente a sua população, aplicando uma das medidas fundamentais para reduzir o consumo de tabaco”, diz a OMS. O estudo mostra que nenhum país aplica totalmente o conjunto das seis estratégias de luta antitabaco reco-mendadas, as chamadas estratégias MPOWER, e 80% dos países não aplicam nenhuma delas. Além disso, a epidemia afecta agora os países em desenvolvimento, onde se deverão registar 80% dos oito

milhões de mortes anuais atribuíveis ao tabaco, até 2030. “Trata-se da principal causa de morte. O tabaco mata mais do que o VIH/SIDA, a tuberculose e a malária jun-tos”, afirmou Douglas Bettcher, Director da Iniciativa para um Mundo sem Tabaco da OMS, numa conferên-cia de imprensa, em Nova Iorque. Embora mais de 150 países sejam partes na Convenção-Quadro da OMS para a Luta Antitabaco, que entrou em vigor a 27 de Fevereiro de 2005, regista-se uma tendência “catastrófica”, explicou Douglas Bett-cher, nomeadamente, devido ao cres-cimento do consumo de tabaco nos países em desenvolvimento. A China e a Índia figuram, segundo a OMS, entre os países mais afectados por este aumento do consumo.

“Os mais pobres serão as vítimas mais numerosas”, afirmou, acrescen-tando que as somas gastas por certos agregados familiares na compra de tabaco podiam chegar a representar 10% das despesas. “Certas famílias do Bangladeche gastam 10 vezes mais com o tabaco do que com a educa-ção”, declarou.

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Novo fundo para a saúda materna visa salvar milhões de mulheres

O Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) criou um novo fundo temático, a fim de ajudar a reduzir a mortalida-de materna em 75 países. O UNFPA espera reunir 465 milhões de dólares no período 2008-2011. “Em cada minuto que passa, morre uma mulher devido a complicações da gravidez ou do parto, o que representa no total mais de meio milhão de mulhe-res por ano. Entre 10 e 15 milhões sofrem ainda de doen-ças ou incapacidades graves ou de longa duração”, afirma um comunicado do UNFPA. Em certos países, a saúde mater-na tem progredido lentamente, enquanto noutros se deteriorou. Para o UNFPA, a falta de vonta-

de política e a inadequa-ção dos recursos explicam o facto de a saúde das mulheres não figurar entre as prioridades nacionais. No entanto, “é fundamen-tal investir nas mulheres, se quisermos alcançar os

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”, em especial o Objectivo 5, lembrou Thoraya Ahmed Obaid, Directora Execu-tiva do UNFPA. Este novo fundo temático, insti-tuído em parceria com gover-nos, instituições das Nações Unidas e outros parceiros inter-nacionais, ajudará a assegurar um maior acesso a serviços de saúde materna de qualidade e a maior utilização destes. Procura-rá também aumentar a capacida-de dos sistemas de saúde no que se refere a prestar uma vasta gama de serviços de saúde materna de qualidade, reforçar os mecanismos apropriados para reduzir as desigualdades em matéria de saúde e dar às mulheres meios para exercerem o seu direito à saúde materna.

UNESCO: 50% das línguas faladas no mundo estão em risco de extinção

ONU lança nova base de dados estatísticos

A Divisão de Estatística do Depar-tamento dos Assuntos Económicos e Sociais (DESA) lançou, em Feve-reiro, uma nova base de dados estatísticos. Entre muitos outros, poderá encontrar: - Indicadores relativos aos Objecti-vos de Desenvolvimento do Milénio - Estatísticas Agrícolas (FAO) - Estatísticas sobre Educação (UNESCO) - Estatísticas sobre Emprego (ILO) Com o tempo, serão acrescentadas mais bases de dados

O Dia Internacional da Língua Materna, celebrado a 21 de Fevereiro marcou o início do Ano Internacio-nal das Línguas (2008), proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas e cuja coordenação é da responsabilidade da UNESCO. “Longe de constituírem um espaço reservado à análise dos especialistas, as línguas estão no cerne de toda a vida social, económica e cultural”, relembrou Koïchiro Matsuura, Director-Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), num comunicado por ocasião do Dia Internacional da Língua Materna. O organismo estima que mais de 50% de cerca das 6700 línguas faladas no mundo correm o risco de desaparecer com o tempo e que, a cada 15 dias, em média, uma língua deixa de ser falada. “Os peritos consideram, além disso, que 96% das lín-guas são faladas por apenas 4% da população”. “As línguas são importantes!” foi a mensagem escolhida pela UNESCO, por ocasião do Ano Internacional das Línguas, proclamado pela Assem-bleia Geral.

Em 2000, o organismo da ONU proclamou 21 de Fevereiro Dia Internacional da Língua Materna, para sublinhar a importância da diversidade linguística e promover a utilização das línguas maternas. Mensagem do Director-Geral da UNESCO

sobre o Ano Internacional das Línguas

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l Financiamento da Igualdade de Género: tema da Comissão da Condição da Mulher

A 52ª. sessão da Comissão da Condição da Mulher, que decorre de 25 de Fevereiro a 7 de Março, tem como tema prioritário “O financia-mento da igualdade de género e do empodera-mento das mulheres”. A Comissão debruçar-se-á sobre um tema emer-gente -- as perspectivas de género sobre altera-ções climáticas -- e examinará a aplicação a nível nacional das recomendações adoptadas em 2004 sobre a igualdade de participação das mulheres na prevenção e resolução de conflitos bem como na consolidação da paz após um conflito. A Comissão continuará também a destacar a aplicação, no plano nacional, dos compromissos assumidos na Quarta Conferência Mundial em Beijing e no documento final da 23ª sessão extraordinária da Assembleia Geral. Além disso, a Comissão apreciará também um relatório do Secretário-Geral sobre a necessida-de de acabar com a mutilação genital feminina, o casamento forçado de raparigas, a situação das mulheres palestinianas e a ajuda às mesmas e a libertação de mulheres e raparigas tomadas

como reféns em con-flitos armados. A apreciação do tema prioritário basear-se-á num relatório do Secretário-Geral sobre o financiamento

da igualdade de género e do empoderamento das mulheres, que contém uma síntese das pers-pectivas de género acerca das seis esferas princi-pais de acção do Consenso de Monterrey sobre financiamento do desenvolvimento. O documen-to analisa fontes inovadoras de financiamento da igualdade de género e do empoderamento das mulheres, examina o financiamento dos mecanis-mos nacionais destinado a organizações de mulheres e salienta os problemas no que se refere a medir os custos e a afectação de recur-sos. O relatório conclui que a não disponibiliza-ção dos recursos necessários para aplicar inte-gralmente a Plataforma de Acção de Beijing con-diciona a realização da igualdade de género e do empoderamento das mulheres e formula reco-mendações sobre medidas suplementares. Um segundo relatório do Secretário-Geral avalia em que medida o financiamento da igualdade de género e do empoderamento das mulheres está integrado nas políticas e programas a nível nacio-nal. A 25 de Fevereiro, tem lugar uma mesa redonda de alto nível que permite que altos representan-

tes dos Estados-membros partilhem experiên-cias, lições aprendidas e boas práticas em maté-ria de financiamento da igualdade de género e do empoderamento das mulheres. A 26, dois gru-pos interactivos de peritos proporcionam novas oportunidades de discutir o tema principal. A 28 de Fevereiro, um grupo interactivo de peritos centrar-se-á nas perspectivas de género sobre alterações climáticas. No dia seguinte, 29, um diálogo avaliará os progressos em direcção à igualdade de participação das mulheres na pre-venção e resolução de conflitos bem como na consolidação da paz após um conflito. Entre os eventos informais que terão lugar durante a sessão figura um debate, organizado pela Comissão da Condição da Mulher e a Comissão de Estatística, sobre indicadores relati-vos à violência contra as mulheres, que ilustra o reconhecimento, por parte da Comissão, da necessidade de dados estatísticos fiáveis reparti-dos por sexo. A 27, realizar-se-á um diálogo, sobre o tema prioritário da 53ª sessão da Comissão, em 2009: “A partilha equitativa de responsabilidades entre mulheres e homens, incluindo a prestação de cuidados no contexto do VIH/SIDA”.

Para mais informações sobre a sessão é favor visitar www.un.org/womenwatch/

daw/csw/52sess.htm.

“A igualdade de género e o empoderamento das mulheres são objecti-vos importantes em si mesmos. Mas a sua realização é também uma condição para que as sociedades sejam mais saudáveis, mais instruídas, mais pacíficas e mais prósperas. Quando as mulheres estão plenamente emancipadas e participam plenamente na vida sociedade, o conjunto da sociedade sai beneficiado. Esta é a única solução possível para os enor-mes problemas do mundo actual: resolução de conflitos, consolidação da paz, luta contra a SIDA e consecução dos ODM”, afirmou o Secre-tário-Geral Ban Ki-moon. A igualdade de género foi reconhecida pelos Estados-membros da

ONU como um factor essencial para a realização das prioridades definidas pela Organização em matéria de paz e segurança, de direitos humanos e de desen-volvimento, incluindo os Objectivos de Desenvolvi-mento do Milénio. No entanto, se é certo que, nas últimas décadas, alguns acordos alcançados no âmbi-to de importantes conferências e reuniões da ONU -- tais como a Plataforma de Acção de Beijing, o Consenso de Monterrey e o Documento Final da Cimeira Mundial de 2005 – apelaram a que as organi-zações internacionais e regionais fornecessem recur-

sos suficientes a programas que apoiam o empoderamento das mulhe-res como uma prioridade para o desenvolvimento económico, a verda-de é que muito há ainda a fazer. Foi justamente para salientar os objectivos já alcançados e as lacunas que subsistem no domínio do financiamento e dos recursos que foi decidido que, este ano, o Dia Internacional da Mulher seria dedicado ao tema “Investir nas Mulheres e nas Raparigas”. No próximo número deste Boletim, falaremos sobre o Dia da Mulher, as reflexões que suscitou e a sua comemoração.

Em 2008 Dia Internacional da Mulher terá como tema “Investir nas Mulheres e nas Raparigas”

O PROGRESSO DAS MULHERES SIGNIFICA PROGRESSO PARA TODOS Resolução 60/1 da Assembleia Geral

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Investimento numa economia verde exige preço previsível para o carbono

É necessário que haja preços previsíveis para o carbono, a fim de orientar os fluxos mundiais de investimento directo para uma economia suscep-tível de minimizar as alterações climáticas, con-cordaram, cerca de 140 governos, ao concluírem uma importante reunião subordinada ao tema "Mobilização de fundos em prol do desafio do clima", disse o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA). "Será fundamental fixar um preço suficientemente elevado e a longo prazo para o carbono, a fim de mobilizar o capital necessário a um novo tipo de economia", afirma-se no resumo do Conselho de

Governadores do PNUA/ Fórum Mundial de Ministros do Ambiente preparado pelo seu Presi-dente, Roberto Dobles. O Fórum estabeleceu novas prioridades para o PNUA e foi o maior encontro de ministros do Ambiente desde a histórica Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, realizada em Bali, na Indonésia. Ao adoptarem um programa a médio prazo no encontro, os participantes no Fórum decidiram uma nova estratégia destinada a reforçar e reo-rientar a resposta do PNUA às alterações climáti-cas bem como a forma como este organismo age em relação às catástrofes, conflitos, gestão dos ecossistemas, governação ambiental, substâncias nocivas, resíduos perigosos e eficiência dos recur-sos, disse o PNUA. "Esta decisão representa um marco importante na busca de um consenso ao nível da comunidade internacional bem como da sociedade civil e do sector privado, no que se refere a definir um rumo novo para o PNUA, susceptível de promo-ver transformações", disse Achim Steiner, Direc-

tor Executivo do PNUA, ao usar da palavra na sessão de encerramento do Fórum. No que se refere ao financiamento das medidas de luta contra o aquecimento global, muitos participantes afirmaram que o Fundo para Adap-tação, estabelecido no âmbito do Protocolo de Quioto, devia ser rapidamente viabilizado de modo a reduzir a vulnerabilidade das economias mais vulneráveis aos efeitos do clima. Por outro lado, muitos participantes sustentaram que o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto deve ser "complementado por contribuições substanciais dos países indus-trializados". "Já não é necessário convencer os países em desenvolvimento das vantagens do crescimento verde, mas é necessário prestar-lhes assistência financeira e técnica, a fim de promover a transi-ção para economias com níveis mais baixos de emissões de carbono", diz-se no resumo.

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Alterações Climáticas conduzem a transição para economias "verdes"

Há cada vez mais empresas a adoptar políticas favoráveis ao ambiente e os investidores estão a investir centenas de milhões de dólares em energias mais limpas e renováveis, afirma uma nova publi-cação divulgada pelo PNUA. Embora se estejam a sentir os efeitos das alterações climáticas, que vão desde a fusão do perma-frost e dos glaciares a fenómenos meteorológicos extremos, o Year Book 2008 do PNUA mostra que as alterações climáticas também estão a causar uma mudança de mentalidades, políticas e acções entre os dirigentes governamen-tais, as empresas e na própria ONU.

"A luta contra as alterações cli-máticas é vista, cada vez mais, como uma oportunidade, não um encargo, e como um caminho que leva a um novo tipo de pros-peridade, e não como algo que constitui um entrave à obtenção de lucros e à criação de empre-go", diz o novo relatório. Por outro lado, considera-se que a economia "verde" emergente está a incentivar novos inventos e inovações numa escala de que não há memória, talvez, desde a

Revolução Industrial. Apesar de se estar a desenvolver grande actividade, o Year Book refere que continuam a ser neces-sários esforços para implantar ideias novas e inovadoras na eco-nomia mundial nos próximos anos. Os subsídios que beneficiam os combustíveis fósseis em detrimen-to de energias mais limpas e os regimes pautais e comerciais que tornam as tecnologias limpas mais dispendiosas são apenas algumas das barreiras que é necessário eliminar.

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Treze países, cidades e empresas prometem reduzir as emissões

Quatro países, quatro cidades e cinco empresas foram os primeiros a aderir a um novo projecto das Nações Unidas baseado na Internet, destinado a acelerar a consecução da neutralidade climática. O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), em coo-peração com o Grupo das Nações Unidas para a Gestão do Ambiente, lançou a Rede para um Clima Neu-tro (CN NET), uma nova arma para combater o aumento dos gases com efeito de estufa. Esta iniciativa irá complementar o processo em curso com vista à negociação de um acordo para subs-tituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012, disse Achim Stei-ner, Director Executivo do PNUA, um organismo que irá conseguir atingir a neutralidade climática este

ano. "A CN Net pode ajudar a reforçar a confiança, através de acções a nível nacional e local desti-nadas a demonstrar o que é possível fazer", afirmou Steiner. O novo programa divulgará os pla-nos, estratégias e êxitos dos partici-pantes e pretende ser, também, um fórum destinado a prestar informa-ção àqueles que desejam atingir a neutralidade climática. Prevê-se que, nos próximos meses, organizações internacionais, grupos da sociedade civil e mesmo indiví-duos se juntem aos quatro países – Costa Rica, Islândia, Nova Zelândia e Noruega –, às quatro cidades e às cinco empresas participantes.

"A CN Net pretende agir a longo prazo e visa também mobilizar uma ampla resposta, a fim de demonstrar que a transição para um futuro com um nível de emissões de carbono baixo, ou mesmo nulo, pode ser uma realidade se conseguirmos estender acções inspiradoras e práti-cas ao mundo inteiro", afirmou Achim Steiner.

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Líderes em questões ambientais do Bangladeche à Nova Zelândia

galardoados pelas Nações Unidas

O director de um importante centro de refle-xão do Sul da Ásia e a Primeira-ministra da Nova Zelândia encontram-se entre as pessoas que foram escolhidas para receber este ano o prémio "Defensores da Terra", atribuído pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) pela forma como impulsionaram os esforços no sentido de promover o desenvol-

vimento sustentável e combater as alterações climáticas. Atiq Rahman, Director Executivo do Bangla-desh Centre for Advanced Studies, e a Primei-ra-Ministra Helen Clark encontram-se entre os sete líderes em questões ambientais selec-cionados para receber o prémio, que será entregue numa cerimónia a realizar em Singa-pura, no dia 22 de Abril. Os outros vencedores foram o Príncipe Alberto II do Mónaco; o antigo Senador dos Estados Unidos, Timothy E. Wirth; Balgis Osman-Elasha, investigador principal do Con-selho do Ambiente e dos Recursos Naturais do Sudão; Liz Thompson, ex-Ministra da Ener-gia e do Ambiente de Barbados; e Abdul-Qader Ba-Jammal, Secretário-Geral do Con-gresso Geral do Povo do Iémen.

"Hoje, enfrentamos desafios ambientais de uma dimensão sem precedentes. Mais do que nunca, o nosso planeta necessita de líderes empenhados e pessoas motivadas capazes de produzir resultados, como os "Defensores da Terra 2008", que têm conseguido impulsionar mudanças reais e positivas e promover solu-ções inovadoras", disse Achim Steiner, Direc-tor Executivo do PNUA. "Estes indivíduos são uma inspiração e demonstram não só que é possível haver acções e vias de desenvolvimento diferentes mas também que a transição para uma econo-mia verde traz uma infinidade de oportunida-des".

Para mais informações Champions of the Earth

Recifes de coral das Caraíbas enfrentam ameaça crescente

Alterações climáticas responsáveis pela diminuição das unidades populacionais de peixes

A subida das temperaturas e a frequência cada vez maior de tempestades constituem uma grave ameaça para os recifes de coral das Caraíbas e para a sua população, cujo modo de vida depende desses recifes, disse a Organização das Nações Unidas para a Educa-

ção, Ciência e Cultura (UNESCO). Durante os últimos 50 anos, muitos recifes das Caraíbas perderam até 80% da sua cobertura coralífera, afirma a UNESCO, que refere que 2005 foi um ano especialmente calamitoso para os corais das Caraíbas. No mundo inteiro, quase 500 milhões de pessoas dependem de recifes coralíferos em bom estado de saúde para assegurar o seu sustento, a protecção do litoral, recursos naturais e turismo, e calcula-se que, dentre as pessoas mais pobres do mundo, 30 milhões dependam inteiramente dos recifes para obter alimentos. Os recifes de coral são ecossistemas frágeis e, segundo estimativas actuais, calcula-se que quase dois terços dos recifes coralíferos do mundo correm grave risco devido aos efeitos do desenvolvimento económico e de efeitos das alterações climáticas como, por exem-plo, o lixiviamento dos corais, que é uma consequência directa do aquecimento global. A advertência da UNESCO surgiu em vésperas do lançamento de um relatório intitulado The Status of Caribbean Coral Reefs after Bleaching and Hurricanes in 2005, promovido por Clive Wilkinson, Director da Rede Mundial de Monitorização dos Recifes de Coral da UNESCO. O relatório avalia os danos causados aos recifes pelas temperaturas elevadas e numerosas tempestades registadas há três anos na região das Caraíbas, onde se situam mais de 10% dos recifes do mundo.

A dimensão das unidades populacio-nais de peixes diminuirá consideravel-mente, à medida que o planeta for aquecendo, afectando milhões de pessoas dos países em desenvolvimen-to cuja sobrevivência depende da pesca, afirma um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA). O aumento das emissões de gases com efeito de estufa representa uma ameaça para pelo menos três quartos dos pesqueiros, o que poderá afectar 2,6 mil milhões de pessoas no mundo inteiro que obtêm as proteínas de que necessitam dos produtos do mar, refere o estudo. Os sistemas de bombagem naturais dos oceanos, que levam os nutrientes para os pesqueiros e ajudam a elimi-nar resíduos e poluição, estão em risco.

Além disso, a maior concentração de dióxido de carbono na atmosfera fará subir o nível de acidez dos mares e dos oceanos, o que será nocivo para os corais e para os organismos que constituem o plâncton e estão na base da cadeia alimentar. "As alterações climáticas estão a

ameaçar a infra-estrutura costeira, o abastecimento de alimentos e de água, e a saúde de pessoas no mundo intei-ro", afirmou Achim Steiner, Director Executivo do PNUA. "Trata-se tanto de uma questão de desenvolvimento e económica como de uma questão ambiental". O relatório refere que os efeitos mais graves decorrentes de uma combina-ção de fenómenos – as alterações climáticas, a sobreexploração, a pesca de arrasto de fundo, as infestações por espécies invasivas, a urbanização das orlas costeiras e a poluição – estão concentrados em 10% a 15% dos oceanos, uma concentração mui-to superior ao que se pensara. Intitulado In Dead Water, o relatório foi lançado no Fórum Mundial de Ministros e do Conselho de Governa-dores do PNUA sobre o Ambiente, que terminou hoje no Mónaco.

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O CANTO DA RÁDIO*

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O português Victor Ângelo é o novo chefe da Missão da ONU no Chade e na República Centro-Africana, Minurcat. Ele assumiu o cargo após deixar a Missão na Serra Leoa, Uniosil. Acompanhe a entrevista conduzida pelo repórter da Rádio ONU, Helder Gomes.

Quais são os novos desafios que espera encontrar numa zona de África que vive um conflito regional? Primeiro, há a questão da protecção das populações refugiadas quer no Chade, quer na República Centro-Africana. E certamente nós temos

que colocar a agenda humanitária como uma prioridade. Por outro lado, há a questão do respeito pelas fronteiras e fazer com que grupos armados não utilizem nem o território do Chade nem o território da República Centro-Africana como santuários, ou seja, como bases a partir das quais eles depois farão ataques no Darfur. E há, acima de tudo, a questão da formação das instituições de segurança nacionais, da polícia, quer num país quer no outro. Para que essas forças de seguran-ça possam fazer as patrulhas ao longo das fronteiras, de modo a que as responsabilidades dos governos dos dois países possam, de facto, ser cumpridas. Porque, na realidade, quem tem a res-ponsabilidade de garantir a segurança ao longo das fronteiras são os governos desses países. É uma missão muito complexa, no sentido em que envolve muitas variantes e vários países. É uma zona em que o controlo do poder central é relativamente fraco e, por isso, a presença das Na-ções Unidas é muito importante. Essa presença ainda é mais marcante porque isto é uma espécie de parceria com a União Europeia, em que a União Europeia vai fornecer a componente militar. Haverá uma missão paralela da União Europeia, independente da missão das Nações Unidas, que fará a segurança militar.

De que forma é que a sua função na Minurcat pode ser também um ponto estratégico para avaliar aquilo que vai acontecen-do no Darfur? A nossa missão vai ter responsabilidades que têm muito a ver com a situação interna do Darfur. Porque os refugiados vêm do Sudão, as milí-cias armadas operam no Darfur. Além disso, vai ser necessário fazer com que a fronteira seja respeitada, quer pelo lado do Chade, quer pelo lado da República Centro-Africana, quer pelo lado do Sudão e do Darfur em particular. Por isso, há aqui uma relação muito íntima entre a Minurcat e, por exemplo, a Missão Conjunta da União Africana e das Nações Unidas, conhecida como Unamid, que está no Darfur. Vai ser também necessário consultar regularmente as autoridades do Chade, da República Centro-Africana, do Sudão e doutros países ali da zona, que são países que podem fazer alguma intermediação em processos de paz, estabilidade e segurança. É uma missão que tem uma complexida-de importante, até porque se trata de um território muito vasto. Só a área da minha missão são 200 mil quilómetros quadrados, ou seja, uma área enorme e relativamente inóspita. Tudo isso são factores a ter em conta no desenvolvimento do trabalho. Os desafios serão enormes e complexos. O Victor Ângelo acaba de sair de uma missão na Serra Leoa, em que, nos últimos meses, as preocupações eram essencial-mente políticas. Como vê a passagem agora para preocupações mais humanitárias? A questão humanitária é uma questão central e provavelmente uma questão de primeira importância. Pessoalmente, creio que a protecção dos campos de refugiados do Chade e da República Centro-Africana deve ser prioridade número um. Mas há outras questões, há questões de segurança mas também há questões políticas. É uma missão muito diferente da missão que eu chefiei na Serra Leoa porque aí era essencial-mente uma missão de consolidação da paz, uma missão política. Também tinha uma pequena componente de segurança, mas era mais o refor-ço das instituições nacionais de polícia, de segurança e militares. Esta missão agora tem uma componente política muito importante porque as relações políticas entre aqueles diferentes Estados são relativamente difíceis e de uma grande complexidade e, além disso, de uma grande fragi-lidade, porque é muito fácil entrar numa situação de conflito naquela zona do continente africano. Mas há, de facto, a dimensão humanitária que me parece particularmente importante e há que ter em conta a protecção dos trabalhadores humanitários e dos refugiados. É ainda im-portante fazer com que o território destes países não seja utilizado por grupos armados para desestabilizar a sub-região, porque isso só con-tribuiria para o agravamento das situações humanitárias e de segurança e, em certa medida, para a não resolução dos problemas de boa vizi-nhança entre estes países. Receia que esta zona seja usada como plataforma para outras regiões, é isso? Ela já está, em certa medida, a ser usada. Há grupos armados que actuam no Chade, no Darfur, são vários grupos. Há que ter isso em conta e há que fazer com que esses grupos entendam que a única via para o futuro é a que leva a sentarem-se à mesa das negociações, do diálogo e a tentarem encontrar uma solução política para os seus diferentes problemas e para todas as preocupações que possam, em certa medida, justi-ficar algumas acções por parte deles. De facto, uma luta armada naquela zona precisa de ser resolvida, pacificada e transformada numa questão política. * Colaboração da Rádio ONU

Entrevista

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UM OLHAR SOBRE A ONU *

Em estado frágil

* Os artigos publicados nesta secção expressam exclusivamente os pontos de vista da autora, não devendo ser interpretados como reflectindo a posição da ONU.

Dia 17 de Fevereiro de 2008, o Kosovo declara unilateralmente a independência.

Não foi uma declaração nem surpreendente, nem consensual – na comunidade internacional, e no próprio Kosovo, há um coro de vozes que se ergue contestando a legalidade desta declaração e, a jusante, o reconhecimento dessa nova entida-de soberana. Os reconhecimentos são, em essên-cia, opções políticas com grande margem de discricionariedade, isto é, desde que haja vontade política em reconhecer a existência de um estado, não há necessidade de grandes argumentações ou retóricas.

O Afeganistão foi o primeiro estado a reconhecer o Kosovo, mas não é o Afeganistão que suscita mais preocupações à Sérvia e ao seu vizinho íntimo, a Rússia; os reconhecimentos que mais os preocupam são os dos Estados Unidos da América – que sempre anunciaram que o fariam e esta é a razão pela qual os norte-americanos são vistos no Kosovo como heróis libertadores – e os da agora fracturada União Europeia. Até há uns meses, até à apresentação do Plano Ahtisaari, a União Europeia aparecia, ao lado dos EUA, como um actor unido em torno desta questão, o que dava uma força acrescida ao movimento pró-independência. Com o fracasso das negociações entre Pristina e Belgrado, a UE não foi capaz de gerar um consenso quanto ao reconhecimento, deixado ao arbítrio de cada estado, mas foi, ainda assim, capaz de assumir a responsabilidade de substituir a ONU na supervisão das condições previstas no Plano, que o governo Kosovar se comprometeu a respeitar.

Da parte das Nações Unidas a reacção é a espera-da e a inevitável: apelo à contenção das partes para que não recorram à violência na defesa das suas posições, recordando a Resolução 1244 do Conselho de Segurança. Esta resolução de 1999, que criou a Administração Interina das Nações Unidas no Kosovo, estabeleceu um mandato ambíguo, pretensamente construtivo, ao estipular que a UNMIK estaria no terreno até que o Koso-

vo atinja uma autonomia substancial. Sem ope-racionalizar o conceito, o Conselho abriu a porta a entendimentos diversos sobre o fim último da missão. Assim, para uns significava uma qual-quer forma de autonomia, para outros nada menos que a independência. E, foi dessa forma, mesmo com a 1244 a garantir o respeito pela integridade territorial sérvia, que nasceu uma expectativa razoável de independência, apoiada por declarações de apoio e de promessas de reco-nhecimento por parte de actores relevantes da comunidade internacional.

Esqueçamos os precedentes que esta declaração unilateral possa desencadear –há casos registados de declarações unilaterais de independência que não provocaram quaisquer efeitos pois não foram reconhecidas, até porque em relações internacio-nais, não é independente quem quer, mas sim que é reconhecido como tal. Pensemos nos habitantes do Kosovo, na maioria que apoia a independên-cia. As Nações Unidas para eles são libertação, são governo próprio. Como lhes explicaremos que a autodeterminação caducou? Que esse acer-vo, que essa memória que libertou tantos povos do jugo colonial, que é tanta vez invocada no discurso político contemporâneo não se lhes aplica?

São muitos os críticos que sempre acusaram a carta das Nações Unidas de ser um documento incoerente, pois embora abra a sua declaração de princípios com a expressão ‘Nós os Povos’ daí para a frente os interlocutores e destinatários dos direitos e obrigações passam a ser os estados. Pois afinal parece que o mais importante são mesmo os estados e as suas fronteiras e não os seus povos. A ex-Jugoslávia era uma manta de retalhos, mal cosidos com as linhas de uma memória nacional inventada e mantida com repressão q.b. alternada com autonomia q.b.. Os tempos são outros. Há que assumir que este modelo de governação que temos hoje é tão somente um de entre todos os que ainda hão-de ser inventados. Talvez haja alguma pressa em inventar mecanismos/blocos construtores novos,

para que situações como o Kosovo não sejam apenas enquadradas como caixas de Pandora, como precedentes gravíssimos. Se sempre assim tivesse sido, que fronteiras teria agora o mundo?

Outro país, também tutelado pelas Nações Uni-das, mas independente há uns poucos seis anos, foi notícia neste mês de Fevereiro: Timor Leste. Surgiram depressa demais os que apelidaram Timor de estado falhado, e os que até reivindica-ram que há muito haviam vaticinado esse falhan-ço. Pois Timor não é um estado falhado; é, outrossim, um estado frágil que não apresenta a sintomatologia típica de um estado à beira do fracasso ou mesmo falhado.

Em Timor Leste os desafios cabem numa mão: promover estratégias de criação de emprego (se necessário com recursos aos rendimentos do petróleo); criar as condições para uma Reforma do Sector de Segurança assente num princípio fundamental que é definir o que cada um dos elementos deve fazer; forjar um consenso nacio-nal apartidário em torno da definição de uma política de segurança nacional; adjudicar, o mais brevemente possível, as disputas sobre a posse de terras de forma a atrair o Investimento Directo Estrangeiro e levar mais longe a reconciliação comunitária/nacional; e implementar um efectivo processo de desenvolvimento humano assente na capacitação das pessoas, na criação de institui-ções e no primado do direito. Tarefas essenciais para o estado não falhar.

Construir estados é tarefa para gerações, munidas de vontade política, de meios e de apoio da comunidade internacional. Apontar dificuldades como indícios de um fracasso anunciado é fala-cioso e em nada contribui para o desenvolvimen-to humano destes povos.

Mónica Ferro Docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

A Biblioteca do UNRIC actualizou as suas FICHAS DE INFORMAÇÃO em inglês e francês sobre os seguintes temas:

Afeganistão, Alterações Climáticas, Desertificação, Genocídio,

Conselho de Direitos Humanos, Kosovo, Médio Oriente, Migrações, Comissão de Consolidação da Paz, Pobreza, Sudão/Darfur e Terrorismo

Pode obter cópias mediante pedido dirigido a [email protected]. Também é possível descarregá-las no sítio Web da Biblioteca em http://www.unric.org/index.php?option=com_content&task=view&id=15&Itemid=30&limit=1&limitstart=3

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O AMBIENTE EM PERSPECTIVA*

Love Canal foi há 30 anos

* Esta coluna é da responsabilidade do GEOTA. Os artigos nela publicados expressam exclusivamente os pontos de vista do autor, não devendo ser interpretados como reflectindo a posição da ONU

Quando, em Fevereiro de 1978, Eckardt Beck, Administrador da US EPA (Environmental Protection Agency), escreveu no EPA Journal: “embora encerrados, alguns destes depósitos de resíduos são verdadeiras bombas-relógio”, estava longe de imaginar as proporções que este paradigmático caso de exposição à contaminação iria tomar. Love Canal foi, no início do século XX, uma área projectada como zona de recreio (natação e canoagem), próxima de Niagara Falls, na fronteira dos EUA com o Canadá. Nos anos vinte o projecto foi abandonado e o terreno vendido em hasta pública à Hooker Chemical Co. Para ser utilizado como depósi-to de resíduos. Entre 1942 e 1953 foram depositados mais de 21.000t de resíduos com substâncias perigosas, entre as quais DDT, solventes, PCB, dioxinas e metais pesa-dos. Em 1953, quando o aterro se esgotou, foi feita a sua cobertura com terras. Os ter-renos foram então vendidos à direcção esco-lar de Niagara Falls por $1. No contrato de venda estava incluído um aviso sobre os quí-micos enterrados no local e uma declaração ilibando a Hooker Co. de qualquer responsabi-lidade futura. A escola foi construída sobre o antigo aterro de resíduos. Em redor da escola foram cons-truídas moradias. No final da década de setenta existiam no Love Canal cerca de 800

moradias, 240 apartamentos e 3 esco-las. Desde o início da ocupação as pes-soas reclamavam dos cheiros e lixos que apareciam nos jardins. As autorida-des cobriam os terrenos com terras e argilas. Foi quando os residentes come-çaram a apresentar várias doenças (leucemia, problemas respiratórios, nos rins, abortos espontâneos, deficiências em recém-nascidos, etc.) que o proble-ma começou a ser encarado mais seria-mente. Exames médicos mostraram alterações cromossómicas nos residen-tes (aumento do risco de cancro, pro-blemas de reprodução, danos genéti-cos). Oitenta e dois compostos, dos quais onze potencialmente carcinogéni-cos, foram identificados na percolação da água no solo. Em Agosto de 1978 a zona foi declarada “área de emergência médica”. Os habi-tantes mais próximos do aterro foram realojados noutros bairros e a escola encerrada. Foi escavada uma vala em

redor do canal de forma a interceptar os lixiviados, os quais foram bombeados para uma unidade de tratamento. Em seguida foi colocada uma cobertura de argila sobre o aterro para minimizar a infiltração das águas pluviais, prevenir a vaporização dos poluen-tes e impedir o contacto directo com huma-nos. A Hooker Chemical Co. foi obrigada a pagar $98.000.000 ao Estado de Nova Iorque e $129.000.000 ao governo federal. Também assume a tarefa de manutenção da unidade de tratamento instalada no local. Foram pagos $20.000.000 de compensações aos residentes. Os resíduos continuam lá enter-rados. Como consequência da consciência motivada pelo desastre de Love Canal, foi criado um programa federal nos EUA para remediação de sítios contaminados, conhecido por Super-fund. Desde então, mais de 1200 bases milita-res, minas e áreas industriais foram objecto de programas de descontaminação, abrangen-do cerca de 11 milhões de pessoas que vivem a menos de uma milha de um sítio Superfund. Não obstante a relevância de Love Canal enquanto paradigma da exposição de popula-ções à contaminação ambiental, este caso está muito longe de ser o mais grave em termos mundiais. Infelizmente existem cente-nas de situações conhecidas em várias partes do Globo que tomam proporções gigantes-

cas quando comparadas com Love Canal, e muitas outras existirão sem que tenham sido, até agora, correctamente identificadas. Só na União Europeia as últimas estimativas globais apontam para mais de 325.000 sítios contaminados, dos quais 80.700 já objecto de remediação, a que se somarão quase dois milhões de sítios potencialmente contamina-dos já identificados e cerca de três milhões de sítios com actividades potencialmente contaminantes. A adesão dos novos estados membros da Europa Central e de Leste ape-nas veio tornar mais crítica a situação (já bem identificada em países como o Reino Unido, a Holanda, a Alemanha ou a França), dada a “pesada herança” que alguns transportam, nomeadamente no chamado “Triângulo Negro” correspondente às regiões industriais fronteiriças da Polónia, República Checa e Eslováquia. Mas se na Europa e nos EUA a situação é grave, pelo menos parece estar em vias de poder ser controlada. Infelizmente, o mesmo não se poderá dizer do resto do mundo, “em que muito do crescimento económico é feito à custa de processos industriais obsoletos e extre-mamente poluentes que se traduzem em morte, doença e danos ambientais severos” (ver Cres-cimento económico e poluição industrial – até quando? Boletim do UNRIC nº 30). O desenvolvimento industrial levou à produ-ção de quase 9 milhões de novos compostos químicos, dos quais cerca de 100 mil são utilizados correntemente. A poluição origina-da em actividades industriais, na inadequada gestão de resíduos, ou na agricultura intensi-va, é responsável pela destruição das funções vitais de muitos milhões de hectares de solos e de um número incalculável de aquíferos - reservatórios subterrâneos que são a melhor reserva estratégica de água potável do Plane-ta. A par da poluição atmosférica, a contami-nação dos solos e das águas subterrâneas são dos maiores problemas ambientais da actuali-dade. Se o paradigma de crescimento insus-tentável prevalecer nos actuais (des)governos, é muito provável que, quando a Humanidade acordar para esta realidade, já seja demasiado tarde. Carlos Costa GEOTA – Grupo de Estudos de ordenamento do Território e Ambiente

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Nomeações

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Ray Chambers, novo Enviado Especial para a Malária

O Secretário-Geral da ONU anun-ciou a nomeação de Ray Chambers, dos Estados Unidos, para o cargo de Enviado Especial para a Malária, uma doença responsável pela morte de cerca de um milhão de pessoas por ano, em todo o mundo. Ray Chambers ajudará o Secretário-Geral a incluir esta doença entre as prioridades nos domínios das políticas e do desenvolvimento. “Seria um êxito humanitário sem precedentes conseguir erradicar a malária, utilizando apenas as ferra-mentas que estão disponíveis actual-

mente”, como as redes mosquiteiras, explicou, numa conferência de imprensa, na Sede da ONU em Nova Iorque. O novo Enviado Especial é um filan-tropo empenhado em causas huma-nitárias que passou os últimos 19 anos a promover a causa das crian-ças desfavorecidas. É, nomeadamen-te, o criador e presidente da funda-

ção “Points of Light” e co-fundador, com Colin Powell, de “America’s Promise”. Ray Chambers trabalhou também ao lado de Jeffrey Sachs sobre os Objec-tivos de Desenvolvimento do Milénio, nomeadamente com a organização “Millennium Promise Alliance”, a que presidiu. “Criámos 78 ‘aldeias do milénio’ em África”, explicou. É também o funda-dor e co-presidente de “Malaria No More”, uma organização a que vai deixar de pertencer, durante o seu mandato de Enviado Especial.

Secretário-Geral nomeia Assessor Especial para a Responsabilidade de Proteger

O Secretário-Geral Ban Ki– moon nomeou Edward Luck Assessor Especial para a Res-ponsabilidade de Proteger do Genocídio, Limpezas Étnicas, Crimes de Guerra e Crimes contra a Humanidade. O novo Assessor Especial, actual Vice-presidente e Director de Estudos da Inter-national Peace Academy e Director do Centro de Estu-dos de Organizações Interna-cionais da Universidade de Columbia, vai assistir o Secretário-Geral, em regime de tempo parcial. A principal tarefa de Edward Luck será o desenvolvimento do conceito e a criação de um consenso, de forma a ajudar a Assembleia Geral a continuar a ocupar-se desta questão fundamental. Para que tal seja possível, o Secretário-Geral pediu ao novo Assessor a sua colabo-ração na elaboração de pro-postas, através de um amplo

processo de consultas aos membros das Nações Unidas. No desempenho das suas funções, Edward Luck traba-lhará em estreita cooperação com o Representante Espe-cial do Secretário-Geral para a Prevenção o Genocídio e Crimes em Massa, Francis Deng, dado o carácter com-plementar do seu trabalho. Antes de trabalhar na Univer-sidade de Columbia, foi Fun-dador e Director Executivo do Centro de Estudos de Organizações Internacionais, um centro de investigação criado conjuntamente pela Universidade de Nova Iorque e a Universidade de Prince-ton. Também desempenhou um papel fundamental no proces-so de reforma das Nações Unidas como Presidente da Associação da ONU dos Estados Unidos.

A ONU e a UE (http://www.europa-eu-un.org/)

EU Presidency Statement - United Nations Plenary: Informal meeting on the United Nations System-wide Coherence (7 de Fevereiro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7709_en.htm

European Commission Statement - Thematic Debate on Addressing Climate Change: "The United Nations and the World at Work"(13 de Fevereiro) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7716_en.htm

EU Presidency Statement - Informal review session on Chapter I of the Monterrey Consensus: "Mobilizing domestic financial resources for development"(15

de Fevereiro) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7719_en.htm

EU Presidency Statement - Informal review session on Chapter II of the Monterrey Consensus: "Mobilizing international resources for development: foreign

direct investment and other private flows" (15 de Fevereiro) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7718_en.htm

EU Council Conclusions on Kosovo (18 de Fevereiro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7720_en.htm

"The European Institutions' Reactions to Kosovo Independence" - Speech by EU Commissioner Rehn (20 de Fevereiro) http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7721_en.htm

EU Presidency Statement - United Nations Security Council: Debate on the situation in Timor-Leste (21 de Fevereiro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7725_en.htm

Side event at UN on the 29th of February - "The Euro-Mediterranean Partnership and the Istanbul Process: Financing for Gender Equality and Women's Empowerment" (29 de Fevereiro)

http://www.europa-eu-un.org/articles/en/article_7727_en.htm

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General Assembly Informal thematic debate, 11 and 12 February:

“Addressing climate change: The United Nations and the world at work” English: http://www.un.org/ga/president/62/ThematicDebates/themclimatechange.shtml

General Assembly 63rd session - preliminary list of items (A/63/50)

English, French and Spanish: http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/63/50

Advisory Guide to Address Nuclear Terror Threat (IAEA) http://www-pub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/pub1309_web.pdf

Conduct and Discipline Unit – Department of Peacekeeping Operations

English: http://www.un.org/Depts/dpko/CDT/index.html

Erosion of trade preferences in the post-Hong Kong framework: From "trade is better than aid" to "aid for trade” (UNCTAD) http://www.unctad.org/en/docs/ldc20056_en.pdf

UN activity on Climate Change (A/62/644) - English, French & Spanish: http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/62/644

Armed conflicts and treaties (A/CN.4/589) (E,F & S) http://www.un.org/Docs/journal/asp/ws.asp?m=A/CN.4/589

Pode encontrar estas e muitas outras informações úteis no Boletim da nossa Biblioteca

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Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

Nova campanha das Nações Unidas procura combater a fome entre milhões de crianças

que frequentam a escola

Maria de Medeiros, primeira portuguesa a ser nomeada Artista da UNESCO para a Paz

O Programa Alimentar Mundial (PAM) divulgou, uma nova campanha de recolha de fundos e de sensibilização para beneficiar cerca de 60 milhões de crianças de todo o mundo que vão para a escola com fome. A nova iniciativa – “Fill the Cup” – pretende, literalmente, encher uma tigela com comida para crianças com fome e que frequentem a escola, aumentando as suas oportunida-des de saúde, de educação e de um futuro melhor. Segundo o PAM, serão necessários 3 mil milhões de dólares para alimentar os 59 milhões de crianças com fome que frequentam a escola em todo o mundo, enquanto 1,2 mil milhões de dólares podem proporcionar refeições aos 23 milhões de crianças dos 45 países africanos mais necessita-dos. A mera soma de 0,25 dólares pode dar uma tigela de papa, arroz ou feijões a uma criança e uma ração mensal

que uma rapariga pode levar para casa. Para mais informações

A actriz, realizado-ra e cantora portu-guesa Maria de Medeiros vai ser nomeada Artista da UNESCO para a Paz pelo Director-Geral desta organi-

zação, Koïchiro Matsuura, no próximo dia 17 de Março. “Maria de Medeiros será nomeada em reconhecimento do seu compromisso excepcional em prol da educação artística e do seu contributo para a promoção dos ideais da Organização”. É a primeira portu-guesa a ser designada Artista da UNESCO para a Paz. Maria de Medeiros actuou em peças de

teatro e em filmes produzidos em Portugal, em França e nos Estados Unidos. Paralelamente à sua carreira de actriz, começou, muito cedo, a realizar curtas e médias metragens e, com a sua primeira longa metragem sobre a Revolução dos Cravos em Portugal, “Capitães de Abril” (Selecção Oficial Cannes 2000), obteve o Grande prémio do Festival Inter-nacional de S. Paulo no Brasil, o Prémio “Globo de Ouro” do melhor filme em Portugal. Na cerimónia que terá lugar na UNESCO, a 17 de Março, na presença do Secretário de Estados dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, Maria de Medeiros cantará, acompanhada pelo seu trio de jazz.

Luís Figo nomeado Embaixador junto da parceria “Stop TB”

A 24 de Janeiro, Luís Figo foi nomeado Embaixador contra a Tuberculose junto da parceria “Fim à tuber-culose”. “A tuberculose é a mais injusta das doen-ças”, declarou Luís

Figo quando da nomeação. “Estou grato à parceria Stop TB (Fim à Tuberculose) por me dar a possibilidade de ajudar todas as pessoas no mundo inteiro a protegerem-se contra esta doença terrível”, acrescentou. No mesmo dia, a parceria lançou um con-curso de banda desenhada educativa cuja principal personagem é Figo. O objectivo é sensibilizar as crianças e os jovens para o

problema através de um suporte capaz de os divertir. “A Organização Mundial de Saúde acolhe com o maior prazer este anúncio. Confia-mos em que Figo, que tem apoiado diferen-tes causas humanitárias, incitará milhões de pessoas no mundo a levarem a cabo acções que visem fazer recuar a tuberculose”, declarou o Dr. Maria Raviglione, Director do Departamento Stop TB da OMS. Luís Figo vai também “emprestar a sua imagem” e difundir mensagens pessoais sobre a luta contra a tuberculose, no qua-dro de uma campanha de cartazes que será lançada em Março.

Para mais informações (em inglês)

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Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC

Directora do Centro: Afsané Bassir-Pour

Responsável pela publicação: Ana Mafalda Tello

Redacção : Maria João Duarte Vânia Rodrigues Concepção gráfica:

Sónia Fialho

Tel.: + 32 2 788 84 84 Fax: + 32 2 788 84 85

Sítio na internet: www.unric.org E-mail: [email protected]

Rue de la loi /Wetstraat 155 Résidence Palace Bloc C2, 7ème et 8ème 1040 Bruxelles Belgique

PUBLICAÇÕES FI

CHA

TÉC

NIC

A

Poderá encontrar estas e outras publicações na página na internet do Serviço de Publicações das Nações Unidas: https://unp.un.org/

Climate Change 2007: Impacts, Adaptation and Vulnerability

Publicado em Fevereiro de 2008 Disponível em Inglês ISBN13: 9780521705974 Código de Venda: 07.III.D.38

Strengthening Efforts to Eradicate Poverty and Hunger: Dialogues at the

Economic and Social Council

Publicado em Fevereiro de 2008 Disponível em Inglês ISBN13: 9789211045758 Código de Venda: 07.II.A.10

Information Economy Report 2007-2008

Science and Technology for Develop-ment - The New Paradigm of ICT

Publicado em Fevereiro de 2008 Disponível em Inglês ISBN13: 9789211127249 Código de Venda: 07.II.D.13

Changing a Harmful Social Convention: Female Genital Mutila-

tion/Cutting

Trafficking in Humans: Social, Cultural and Political Dimensions

Publicado em Fevereiro de 2008 Disponível em Inglês ISBN13: 9789280811469 Código de Venda: 08.III.A.2

National Interest and International Solidarity: Particular and Universal

Ethics in International Life

Publicado em Fevereiro de 2008 Disponível em Inglês ISBN13:9789280811476 Código de Venda: 08.III.A.4

21 de Fevereiro

Dia Internacional da Língua Materna

8 de Março Dia das Nações Unidas para os Direitos das Mulheres

e para a Paz Internacional

21 de Março Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

22 de Março

Dia Mundial da Água

23 de Março Dia Meteorológico Mundial

Publicado em Janeiro de

2008 Disponível em Inglês ISBN13:9788889129241 Código de Venda: 08.XX.11

TRÊS NOVAS DÉCADAS E OUTRAS COMEMORAÇÕES

A Assembleia Geral declarou três novas Décadas das Nações Unidas: A Década de Recuperação e Desenvolvimento Sustentável das Regiões Afectadas (pela catástrofe na central nuclear de Chernobyl), a segunda Década para a Erradicação da Pobreza (2008-2017) e a Década para os Desertos e o Combate à Desertificação (2010-2020). Declarou ainda 15 de Setembro Dia Internacional da Democracia, designou 25 de Março Dia Internacional de Recordação das Vítimas da Escravatura e do Tráfico Transatlântico de Escravos e proclamou 15 de Outubro Dia Internacional das Mulheres Rurais. A Assembleia Geral designou ainda 2 de Abril Dia Mundial de Sensibili-zação para o Autismo e proclamou 20 de Fevereiro Dia Mundial da Justiça Social (a celebrar a partir de 2009). O UNRIC disponibilizará em breve a versão portuguesa do documento Conferências e Comemorações das Nações Unidas (2008), que contém estas e muitas outras informações.

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