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1 Quando o homem se separa da sua relação primordial com Deus, desenraíza-se e isola-se. Torna-se presa fácil da cultura materialista dominante. No conhecido ar- tigo “Sem lugar na hospedaria”, conside- rado o momento do surgimento da nossa obra, o Padre Werenfried falava com pala- vras proféticas sobre o que falta à família. Também hoje, e mais do que nunca, as suas palavras são actuais: “Sabeis o que é um noivado? É uma fusão progressiva de duas pessoas que se têm que tornar numa só e que, no latejar agitado do seu sangue, ouvem a ordem incontestável de Deus para povoarem a terra e o céu. O brado da sua carne é, no fundo, a voz de Cristo que chama pela vida que existe em almas novas e que quer crescer.” O matrimónio cristão tem um desígnio duplo: por um lado, o de fazer nascer o homem novo, unido a Cristo e, por outro, o de fazer reluzir nos esposos o esplendor do É realmente preocupante não haver clareza no que respeita à realidade mais elementar e natural do matrimónio e da família. Pois a família é o que está mais próximo de cada um, encontrando-se literalmente inscrita na carne e no sangue de cada um. O corpo hu- mano, a sexualidade e o amor conjugal são como um sacra- mento primordial, em que o in- visível, o amor de Deus, se deve tornar visível. No afecto recí- proco de duas pessoas fala o próprio Deus –“Quero que es- tejam juntos”. Para poder tomar consciência do estar apai- xonado como um dom de Deus, é preciso uma entrega altruísta que deseje o desen- volvimento e a realização do amado para além de toda a limitação humana. Só então se toma consciência da presença de Cristo no companheiro e se reconhece que o vín- culo conjugal indissolúvel tem a sua origem em Deus. Assim, surgem uma unidade e um vínculo fiel. Este não é uma limitação da liberdade individual, mas sim fonte de felicidade que permite o desenvolvimento da própria personalidade. amor redimido e redentor, mesmo quando a unidade se quebra exteriormente devido à falta de correspondência de um dos côn- juges. Quando falamos de matrimónio e de família, trata-se em primeira linha não de prescrições morais e de normas sociais que há a cumprir, mas de reconhecer no sacra- mento do matrimónio a presença viva de Cristo e de O amar. E quem amar Cristo, aprenderá a amar também as leis do Criador e quererá viver de acordo com elas. Não pelas suas próprias forças, mas na força de Deus! Queridos amigos, é nosso desejo que haja cada vez mais famílias cristãs no mundo in- teiro. Ajudai-nos a acompanhar o maior nú- mero de jovens possível de forma a aprenderem a amar-se como Cristo os ama para que o mundo inteiro se torne uma “morada de Deus”. Com gratidão vos abençoa e às vossas famílias, o vosso P. Martin M. Barta Assistente Espiritual No amor conjugal o amor de Deus torna-se visível. Jesus dá início aos Seus milagres numa festa de casamento. Ensina-nos assim que a obra-prima da socie- dade é a família: o homem e a mulher que se amam. Esta é a obra-prima! Papa Francisco, audiência geral, 29 de Abril de 2015 O amor é o apoio também desta família refugiada do Iraque. Nr.º 6 • Agosto de 2015 Oito edições anuais ISSN 0873-3317 www.fundacao-ais.pt

No amor conjugal o amor de Deus torna-se visível. · só e que, no latejar agitado do seu sangue, ouvem a ordem incontestável de Deus para povoarem a terra e o céu. O brado da

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Page 1: No amor conjugal o amor de Deus torna-se visível. · só e que, no latejar agitado do seu sangue, ouvem a ordem incontestável de Deus para povoarem a terra e o céu. O brado da

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Quando o homem se separa da sua relaçãoprimordial com Deus, desenraíza-se eisola-se. Torna-se presa fácil da culturamaterialista dominante. No conhecido ar-tigo “Sem lugar na hospedaria”, conside-rado o momento do surgimento da nossaobra, o Padre Werenfried falava com pala-vras proféticas sobre o que falta à família.

Também hoje, e mais do que nunca, assuas palavras são actuais: “Sabeis o que éum noivado? É uma fusão progressiva deduas pessoas que se têm que tornar numasó e que, no latejar agitado do seu sangue,ouvem a ordem incontestável de Deuspara povoarem a terra e o céu. O brado dasua carne é, no fundo, a voz de Cristo quechama pela vida que existe em almasnovas e que quer crescer.”

O matrimónio cristão tem um desígnioduplo: por um lado, o de fazer nascer ohomem novo, unido a Cristo e, por outro, ode fazer reluzir nos esposos o esplendor do

É realmente preocupante não haver clarezano que respeita à realidade mais elementare natural do matrimónio e da família. Poisa família é o que está mais próximo de cadaum, encontrando-se literalmente inscrita nacarne e no sangue de cada um. O corpo hu-mano, a sexualidade e o amorconjugal são como um sacra-mento primordial, em que o in-visível, o amor de Deus, se devetornar visível. No afecto recí-proco de duas pessoas fala opróprio Deus – “Quero que es-tejam juntos”.

Para poder tomar consciência do estar apai-xonado como um dom de Deus, é precisouma entrega altruísta que deseje o desen-volvimento e a realização do amado paraalém de toda a limitação humana. Só entãose toma consciência da presença de Cristono companheiro e se reconhece que o vín-culo conjugal indissolúvel tem a sua origemem Deus. Assim, surgem uma unidade eum vínculo fiel. Este não é uma limitaçãoda liberdade individual, mas sim fonte defelicidade que permite o desenvolvimentoda própria personalidade.

amor redimido e redentor, mesmo quandoa unidade se quebra exteriormente devidoà falta de correspondência de um dos côn-juges. Quando falamos de matrimónio e defamília, trata-se em primeira linha não deprescrições morais e de normas sociais quehá a cumprir, mas de reconhecer no sacra-mento do matrimónio a presença viva de

Cristo e de O amar. E quemamar Cristo, aprenderá a amartambém as leis do Criador equererá viver de acordo comelas. Não pelas suas própriasforças, mas na força de Deus!

Queridos amigos, é nosso desejo que hajacada vez mais famílias cristãs no mundo in-teiro. Ajudai-nos a acompanhar o maior nú-mero de jovens possível de forma aaprenderem a amar-se como Cristo os amapara que o mundo inteiro se torne uma“morada de Deus”.

Com gratidão vos abençoa e às vossas famílias, o vosso

P. Martin M. BartaAssistente Espiritual

No amor conjugal o amor de Deustorna-se visível.

Jesus dá início aosSeus milagres numafesta de casamento.Ensina-nos assim quea obra-prima da socie-dade é a família: ohomem e a mulher

que se amam. Esta é aobra-prima!

Papa Francisco, audiência geral, 29 de Abril de 2015O amor é o apoio também desta família refugiada do Iraque.

Nr.º 6 • Agosto de 2015Oito edições anuais

ISSN 0873-3317www.fundacao-ais.pt

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Juntamente com a Arquidiocese de Gi-tega/ Burundi, a Federação Africana

de Acção Familiar (FAAF) desenvolveuum programa de dois anos para apresentar,sobretudo a jovens, homens e mulheres, agrandeza da vocação conjugal e a felici-dade que dela pode nascer para a família– apesar das experiências de crise e guerranesse país situado no centro de África.Esta ânsia existe. No primeiro curso, háum ano, houve 1495 participantes; esteano, foram 7624. São jovens casais que

“O próprio Deus é o autor do matrimónio” lê-se em Gaudium et Spes(48,1); e São João Paulo II afirma: “A família é a via da Igreja e da huma-nidade”. Mas viver casado e em família tem que se aprender. Em África,a pastoral da família é um tema importante, também com vista ao Sínodono seu todo.

querem saber porque é que a vida é sa-grada; por que razão a mulher não temmenor dignidade do que o homem; porqueé que a Igreja considera que a regulaçãonatural da concepção é boa e que a artifi-cial contradiz a doutrina da na-tureza humana; por que razãoa fidelidade é possível; e por-que é que o matrimónio e a fa-mília são a “obra-prima deDeus”, como diz o Papa Fran-cisco. Sessenta catequistasbem preparados dão a resposta.Os custos para a formação e para as jornadas são um investimento no futuro. Mas a Arquidiocese não o pode fazer sozinha. Prometemos16.445 €. Também no Ruandae na República Democrática do Congoestá previsto para breve o arranque desteprograma.

AFAAF concretiza um programaainda mais ambicioso em seis dioce-

ses da Zâmbia. Aí, 216 casais são prepa-rados para moderar questões matrimoniais

Pastoral da

família

Como Áfricavive a doutrina da Igreja

Co-criadores da “obra-prima“ deDeus: um casal de moderadores na Zâmbia.

e familiares. Servem-se de um manualelaborado especificamente para estes cur-sos e para outros a realizar no futuro. Otítulo: “A vida conjugal e familiar em todaa sua plenitude”. Aí também são propos-tas questões para debates em grupos pe-quenos. Por exemplo: “O que significaliberdade no quadro do amor conjugal?”Ou: “Por que razões querem os casaispoucos filhos ou mesmo nenhuns?”. Omanual insere a sexualidade no contexto

do matrimónio, celibato e vir-gindade; sublinha a paterni-dade como co-criação comDeus; tem como objectivo aestabilização das famílias, oevitar riscos para a saúde, acondenação da violência nomatrimónio, o fortalecimentode fidelidade e responsabili-dade, a eliminação da prosti-tuição infantil, dos casamentospor obrigação e do trabalho in-fantil. Não há tema que sejaexcluído deste manual. É

como um livro de instruções para a encí-clica Humanae Vitae, onde se lê: “O amorconjugal exprime a sua verdadeira natu-reza e nobreza, quando se considera a par-tir da sua fonte suprema, Deus que éAmor.” Para a formação com este manual,a utilizar também noutros países, prome-temos 15.000 €. •

Burundi: explicar a grandeza da digni-dade da mulher às mães, apesar daguerra e da crise.

Manual para umavida familiar em

plenitude.

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O Bispo D. Fidel León Cadavid Marín estima as pessoas da sua diocese.No seu vasto pedido, descreve a população da Diocese de Sonsón-Rione-gro, no Noroeste da Colômbia, como sendo “hospitaleira, amável, empreen-dedora, alegre, simples, mentalmente muito aberta e com princípios moraisbem enraizados ”.

Assim sendo, nem deveria haver pro-blemas. Mas o bispo também vê

sombras densas. O terror e a violência em-purraram as pessoas do campo para as ci-dades. Aí o desemprego é grande, onúmero de gravidezes adolescentes au-menta, bem como o consumo de drogas. Apobreza e a violência alastram e já atingi-ram as famílias. E é aí que ele coloca oponto de partida, no matrimónio e na fa-

Com a luz do amor

mília. A pastoral da família é para o BispoD. Fidel a chave para suprir as carências.A luz que afasta a sombra vem da fé.Cerca de 300 leigos preparados especifi-camente para a pastoral da família deverãofazer brilhar nas sessenta paróquias a ideiado amor do Criador pelo matrimónio epela família. E de forma duradoura. Assis-tentes familiares nas paróquias deverãonão só ensinar as famílias e os jovens, mas

sobretudo acompanhá-los. Gente não falta;o programa também não. Faltam os meios(25.000 €) para congregar as pessoas, pre-parar o material e concretizar o programa.O Bispo D. Fidel pede pela sua gente. Por-que as estima. •

“A Igreja põe a sua maternidade aoserviço das crianças e das suas fa-mílias. Aos pais e aos filhos destenosso mundo leva a bênção deDeus.” (Papa Francisco)

É esta a ideia também dos campos deVerão e das jornadas da juventude que

a Madre Igreja organiza em muitos países.Na Roménia, a jornada nacional da juven-tude deste ano foi o maior acontecimentode todas as dioceses católicas romanas,greco-católicas, e também da Igreja armé-nia unida a Roma. Para milhares de jovens,foi uma viragem na sua vida. Participamoscom 15.000 € nos custos. Na Etiópia, a vi-

ragem espíritual para 120 jovens ainda estáem andamento pleno até Setembro. Vinteparticipam em retiros de uma semana, osoutros em acampamentos acompanhadospela Comunidade de São João. O objectivoé o aprofundamento da relação pessoalcom Deus.

Há dois anos, os Irmãos de João come-çaram com um punhado de adoles-

centes. No regresso a Adis Abeba, os

Alegres e agradecidos: jovens participantes no campo de Verão “Olho de Águia”da Comunidade de João, na Etiópia.

Juntamente com o seu bispo, os jovens saú-dam todos os benfeitores, a partir da Etiópia.

jovens contavam aos amigos o que lhes en-chia o coração. Agora, a Comunidade deSão João tem que dar resposta a umaafluência entusiástica de jovens por Cristo,pelo que nos pede ajuda. Estão contentes eagradecidos, mas a benção de Deus tam-bém os leva até aos seus limites financeirose físicos. Prometemos-lhes 11.000 €. Que-remos que a bênção continue a animar osjovens nos acampamentos de Verão e tam-bém os seus amigos. •

Fazer brilhar a ideia do amor de Deus:formação de assistentes familiares.

Serviço maternal à juventude

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Literatura re

ligiosa

Youcat para 325 animadores comunitários

OPadre redentorista Willi Wagener co-nhece o seu rebanho. Há mais de meio

século que acompanha os católicos na ilhade Sumba/Indonésia. Neste período, o seunúmero aumentou de 10.000 para 175.000,na Diocese de Weetebula. Mas a certidão debaptismo engana. Muitos dos baptizados,também aqueles que participam regular-mente na celebração da Palavra dominical,sabem muito pouco sobre a sua fé. O mesmose pode afirmar dos animadores das comu-nidades, que conduzem estas celebrações daPalavra. Só poucos dos 325 animadores co-munitários são catequistas devidamente pre-parados. Mas agora o padre octogenárioencontrou o catecismo jovem – e ficou en-tusiasmado. “O Youcat é o instrumento idealpara os nossos animadores comunitários napreparação da sua homilia dominical e parapreencher as enormes lacunas no conheci-mento religioso dos fiéis”. Os custos de um“Youcat Indonésia” correspondem a cercade cinco euros, a mesada que cada animadorrecebe da sua comunidade. O Padre Willipede 1.500 € para poder adquirir 325 exem-plares. Para que a fé também cresça em pro-fundidade.

2.000 Bíblias para famílias

No Uruguai, Estado laico, a Igrejasegue as orientações de Roma. E de-

seja na Diocese de Florida, tal como o Sí-nodo Episcopal recomenda para a família,“embeber toda a pastoral da família na Bí-blia”. Para o Bispo D. Martin Perez, a fa-mília é “o berço dos valores”. É ela quemantém a sociedade unida, mas tem tam-bém que conhecer esses valores. Neste sen-tido, a diocese organiza fins-de-semana decatequese, para os quais são convidadostambém casais afastados da Igreja. São en-contros onde a Bíblia está no centro, no-

meadamente, a Bíblia Católica da Família.Esta desafia a conhecer em conjunto osactos e palavras de Jesus para depois ler erezar em família. Através de muitos exem-plos, mostra como se pode viver “comomãe e como pai, de acordo com a vontadedo Criador”. O Bispo Perez vê neste se-gundo semestre grandes oportunidades paraa pastoral da família - por exemplo, o En-contro Mundial das Famílias em Filadélfiacom o Papa Francisco, em Setembro, ou oSínodo sobre “Desafios da Pastoral da Fa-mília”, em Outubro. Em jornadas próprias,quer oferecer a "Bíblia Católica da Famí-lia" a 2.000 casais (22.000 €). Nesse paísfortemente secularizado ganhar-se-ia umgrupo de intervenção apostólica com espe-cial impacto espiritual.

Todos os povos da terra

Índia – Presente valioso: o Bispo em Man-galore distribui a Bíblia para Crianças.

Alegre com a Boa Nova em nova roupagem: o Padre Willi.

O livro mais impressoem todo o mundo

Apesar de milhões de edições emmassa de livros de contos de fadas e

apesar das redes sociais que transferem aleitura do papel para o écran, a Bíblia é olivro mais traduzido e também o mais di-vulgado no mundo. Existem traduções in-tegrais em 511 línguas e traduções parciaisem 2.650 línguas. Mas tudo isto teriapouca utilidade se a Bíblia não fosse tam-bém o livro mais impresso do mundo. Emmuitos países vós ajudais na impressão ena tradução. Como agora, por exemplo, naimpressão da Bíblia para Crianças nas dio-ceses indianas de Udupi, Mangalore e Karwar (14.250 €); ou em traduções parciais da Bíblia e de outros materiais decatequese para as línguas de tribos etíopes(3.000 €). “Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos”, incumbiu-nos Cristo.Levamos a Sua Palavra a sério – em todasas línguas. •

Para saberem mais sobre a sua fé:crianças numa escola católica, na Indonésia.

© Aid to the Church in Need/Magdalena Wolnik

© Aid to the Church in Need/Magdalena Wolnik

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Rezam todos os dias pelos bebésnão nascidos. No início, o PadrePiotr Bielewicz estava sozinho.Como o Santo Cura de Ars, ao chegar à sua nova diocese (Pinsk/Bielorrússia), expôs o Santíssimo naigreja vazia e rezou.

Após oito anos na Ucrânia, a ordemdeste missionário (os Oblatos da

Imaculada Virgem Maria) enviou-o, hátreze anos, para Minsk e mais tarde paraa província. Aí junta pessoas que com elerezam, cura feridas da alma, salva crian-ças. Agora, há várias dezenas delas na Ca-tedral de Pinsk. Das crianças salvas, umachama-se Piotr-Rafael – a gratidão da mãetransparece no nome. Um outro rapazinhode grandes olhos chama-se Vladimir euma rapariguinha radiante, Svetlana....Mas houve muitas crianças que ele nãopôde salvar. As pessoas na Bielorrússiatêm medo de ter fi-lhos; falta-lhes aconfiança no fu-turo. A maioria dasmulheres gostariade levar a gravidez até ao fim. Mas “omatar tornou-se tão habitual, tão evi-dente,” diz o Padre Piotr. As pessoas “jánão vêem que assim também matam asalmas. Por isso, temos que rezar. Deussalva.”

O Padre Piotr sente o peso do passadoateu. Na diocese, é responsável pelas

famílias e baseia o seu trabalho na oração.Agora, quando fala com uma futura mãe,sabe que já não está sozinho. Um fala,outro reza – esta é a divisa. Ganhou mui-

tas aliadas nas avós.Organiza peregrina-ções com milhares departicipantes e não éraro correrem lágri-mas durante as inúme-ras conversas dentroda tenda de apoio. Atomada de consciên-cia dói, a graça cura.O Padre Piotr tambémvai às escolas, falacom os jovens sobre oamor, a castidade e aabstinência; sobre omatrimónio e a famí-lia. A maioria ouveisso pela primeira vez;alguns professorestroçam dele; as alunas ficam fascinadas.O Padre Piotr revela a soterrada ânsia deverdadeiro amor. Também na Universi-

dade, ensina o quea Igreja defende,começando pelaencíclica HumanaeVitae de Paulo VI e

indo até às homilias do Papa Francisco.Pelo menos vinte jovens ajudam – no, en-tretanto, na organização dos muitos en-contros de oração, peregrinações ecatequeses.

O Padre é convincente. “Anunciámoso combate à cultura da morte”. Ele

próprio vem de uma família com sete fi-lhos, sendo ele o sexto. “Matar é a lógicado diabo”. Depois de dois filhos, eraóbvio, na Europa de Leste comunista,abortar o terceiro filho ou inserir disposi-

tivos intra-uterinos para impedir o anicharde óvulos fecundados. “Mais de 90% dasmulheres abortaram pelo menos uma vezdurante a vida”. O aborto é grátis na Bie-lorrússia; não há controlo, tudo se pro-cessa como que dentro da economiaplanificada. “É preciso coragem para dizernão aos médicos e sim à vida”. O PadrePiotr reúne essa coragem. “Vou ter comeles e solidarizo-me com eles. Eles tam-bém são a favor da vida. Digo-lhes: Nãotenham medo, Deus está aqui.”

O Padre Piotr é um apóstolo da vida eda civilização do amor. Para a sua

missão precisa de um carro, de brochuras,livros e ainda material para a catequese.Faz muito sozinho, como por exemplo,uma pequena revista para crianças. Masisso custa dinheiro que ele não tem. Elereza e sabe: “Deus não me abandona”. •

“A via da Igreja“: o Pater Piotr com uma jovem família diante da Catedral de Pinsk.

Vida consag

rada

Padre Piotr,apóstolo da vida

Não tenham medo,Deus está aqui.

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Vanessa, Marta e Fa-nisa (fotografia) são,desde há oito meses,noviças nas Clarissasem Moçambique.Numa semana de es-tudos encontraramnoviças de outrascongregações e volta-ram “fortalecidas nocaminho da sua voca-ção e missão”, como escreve a Superiora Maria. Estas semanas de estudosão de valor inestimável para a formação da ordem e para o aprofunda-mento da vocação. As noviças “constataram que é possível seguir Jesusem todas os estados de vida”, também “como religiosas numa cultura comcostumes tão diferentes dos nossos”. Aliviastes as irmãs da preocupaçãocom os custos da viagem de comboio, do alojamento, da alimentação e domaterial de estudo e por isso elas agradecem “do fundo do coração atodos os benfeitores da obra”.

Necessidade, amor e gratidão – as vossas cartas

JohannesFreiherr Heereman,Presidente Executivo

Ricamente presenteadaA vossa carta de agradecimento alegrou-me muito. Não pelo agradecimento emsi, mas por poder ver o quanto de bemaconteceu com os meus muitos estipên-dios de missa. Em 2014, fui ricamentepresenteada pelo 50º aniversário daminha profissão religiosa. Isso e 80% domeu subsídio de férias vão sempre paravós porque vejo no vosso Boletim umamaneira de ajudar os pobres e a Igrejaque sofre.

Uma religiosa da Áustria

Generosidade como recompensa deDeus Tenho mesmo que manifestar a consola-ção que senti, pela Santa Missa cele-brada em acção de graças pelo Dom daminha vida e pelas minhas intenções.Falais em recompensa?!... A generosi-

dade que me atribuis é, em si mesma, arecompensa de Deus. Mas que ofertatão consoladora… Bem-haja AIS.

Uma benfeitora de Portugal

Continuar com a ajuda de DeusJunto um donativo modesto para o mag-nífico trabalho da AIS e para todos ospadres dedicados e os fiéis voluntáriosque ajudam a Igreja que sofre pelomundo fora. “Só com a ajuda de Deuspodemos continuar”, escrevestes no úl-timo Boletim. Como isso é verdadeiro!

Uma benfeitora da Austrália

Os donativos chegam a bom porto! Agradeço o vosso trabalho e as muitasinformações que recebo regularmente.Sei que os meus donativos chegam abom porto. Mais uma vez, obrigada.

Uma benfeitora da Alemanha

Queridos amigos,A nossa espera compensou: um júbiloensurdecedor quando o Santo Padrepisa o pavilhão do Centro Juvenil JoãoPaulo II em Sarajevo, na sua visita àBósnia. A sua mensagem aos jovens éa paz. Desde a guerra da Bósnia, hávinte anos, o Islão radical vem ga-nhando influência crescente. Acontecereligiosas serem insultadas na rua. Atentativa de repelir os Cristãos é ine-gável. E o Cristianismo está profunda-mente enraizado aqui. Mas noutrostempos também o esteve no Norte deÁfrica e no Próximo Oriente. Daí o pe-dido urgente do Papa à primeira gera-ção do pós-guerra para se empenharna paz entre as religiões, através daoração, mas também através de novoscaminhos de convivência.

É precisamente para este fim que serveo Centro Juvenil em Sarajevo. Graçasà vossa generosidade, pudemos ajudarde forma eficaz, tal como o fizemoscom a reconstrução do convento dascarmelitas contemplativas destruídona guerra. Protegidas por um muroalto, passam diariamente oito horasem oração. Esta é certamente a“arma” mais forte para a paz. Pudeagradecer especialmente à Superioraquando ela me disse que rezavam trêsvezes por dia pelos nossos benfeitores.

Fortalecidos para a vocação