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246 , Goiânia, v. 11, n. 2, p. 232-245, jul./dez. 2013. Haroldo Reimer** Resumo: o texto apresenta apontamentos sobre a hermenêutica bíblica em Milton Schwantes. Destaca elementos biográficos constituintes de seu ideário inte- lectual e bibliografia seleta. Depois apresenta como destaque análise sobre um texto referente à hermenêutica da profecia clássica do antigo Israel. Palavras-chave: Bíblia. Exegese. Hermenêutica. Milton Schwantes. Profecia. ASPECTOS BIOGRÁFICOS E HERMENÊUTICOS M ilton Schwantes foi dos mais destacados pesquisadores brasileiros da Bíblia, com marcante atuação tanto no mundo acadêmico quanto junto aos movimen- tos sociais populares, em especial no chamado movimento de leitura popular da Bíblia. Teve seu engajamento reconhecido pela concessão de dois títulos de doutor honoris causa, pela mais antiga universidade protestante da Europa, a Universidade de Marburg, no ano de 2002, e outro pelo Instituto Teológico de São Paulo (ITESP), em 2003. Pela importância de sua trajetória, também no cenário internacional, foi um pesquisador laureado com duas Festschrift por ocasião dos seus 60 anos (DREHER et al., 2006; KAEFER; JARSCHEL, 2007). A fragilidade de sua saúde por ocasião das obras de homenagem em nada retira o mérito da láurea. NÃO HÁ DABAR SEM CONTEXTO: APONTAMENTOS SOBRE HERMENÊUTICA BÍBLICA EM MILTON SCHWANTES* ––––––––––––––––– * Recebido em: 15.06.2013. Aprovado em: 22.07.2013. ** Doutor em Teologia, Alemanha, 1982. Professor na Pontifícia Universidade Católica de Goiás e na Universidade Estadual de Goiás. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Goiânia. Estágio pós-doutoral em História Antiga na Unicamp sob a supervisão do Prof. Dr. Pedro Funari. E-mail: [email protected]; Homepage: www.haroldoreimer.pro.br.

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246 , Goiânia, v. 11, n. 2, p. 232-245, jul./dez. 2013.

Haroldo Reimer**

Resumo: o texto apresenta apontamentos sobre a hermenêutica bíblica em Milton Schwantes. Destaca elementos biográficos constituintes de seu ideário inte-lectual e bibliografia seleta. Depois apresenta como destaque análise sobre um texto referente à hermenêutica da profecia clássica do antigo Israel.

Palavras-chave: Bíblia. Exegese. Hermenêutica. Milton Schwantes. Profecia.

ASPECTOS BIOGRÁFICOS E HERMENÊUTICOS

M ilton Schwantes foi dos mais destacados pesquisadores brasileiros da Bíblia, com marcante atuação tanto no mundo acadêmico quanto junto aos movimen-tos sociais populares, em especial no chamado movimento de leitura popular

da Bíblia. Teve seu engajamento reconhecido pela concessão de dois títulos de doutor honoris causa, pela mais antiga universidade protestante da Europa, a Universidade de Marburg, no ano de 2002, e outro pelo Instituto Teológico de São Paulo (ITESP), em 2003. Pela importância de sua trajetória, também no cenário internacional, foi um pesquisador laureado com duas Festschrift por ocasião dos seus 60 anos (DREHER et al., 2006; KAEFER; JARSCHEL, 2007). A fragilidade de sua saúde por ocasião das obras de homenagem em nada retira o mérito da láurea.

NÃO HÁ DABAR SEM CONTEXTO:

APONTAMENTOS SOBRE HERMENÊUTICA

BÍBLICA EM MILTON SCHWANTES*

–––––––––––––––––

* Recebido em: 15.06.2013. Aprovado em: 22.07.2013.

** Doutor em Teologia, Alemanha, 1982. Professor na Pontifícia Universidade Católica de Goiás e na Universidade Estadual de Goiás. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Goiânia. Estágio pós-doutoral em História Antiga na Unicamp sob a supervisão do Prof. Dr. Pedro Funari. E-mail: [email protected]; Homepage: www.haroldoreimer.pro.br.

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Schwantes nasceu no município gaúcho de Carazinho em 26 de abril de 1946. É des-cendente de imigrantes alemães, de tradição luterana. Realizou seus estudos básicos em várias escolas na região do Vale dos Sinos, na região metropoli-tana de Porto Alegre, e de 1958 a 1965 fez seus estudos de ensino médio no Instituto Pré-Teológico (IPT), em São Leopoldo, uma instituição com estudos humanísticos preparatórios para o posterior estudo de Teologia. Nos anos se-guintes, de 1966 a meados de 1970, realizou estudos de Teologia evangélica na Faculdade de Teologia, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, também na cidade de São Leopoldo.

Durante os seus estudos destacam-se o interesse pela filologia clássica, sendo leitor do texto original de obras clássicas, bem como dos textos da Bíblia, em hebraico, aramaico, grego e latim. Os anos do estudo de Teologia foram os tempos duros após o golpe militar de 1964 e este contexto ajudou a configurar o horizonte intelectual e hermenêutico deste pesquisador. Obras de autores consagrados da Teologia como Rudolf Bultmann, Karl Barth, Jürgen Moltmann, Harvey Cox e outros faziam parte das discussões teológicas deste período. Especial influência teve a obra A Teologia da esperança, de Jürgen Moltmann, o qual fortemente levantava a pergunta pelas consequências da fé escatológica para o fazer e o viver teológicos no mundo e também em especial na América Latina. Autores latino-americanos como Rubem Alves, José Miguel Bonino, Julio de Santa Ana, Gustavo Gutiérrez e Juan Luís Segundo, mas também o norte--americano Richard Shaull, igualmente faziam parte dos autores de influência e mais tarde de diálogo intelectual deste teólogo e pesquisador da Bíblia.

Com estes autores e pensadores, Schwantes ia construindo, dialogicamente, o ideário do resgate e da construção da tradição de uma igreja dos pobres. A partir do universo católico, a Conferência de Medellín, de 1968, com sua formulação da “opção preferencial pelos pobres”, é outra influência que passou a marcar a hermenêutica deste pesquisador. Também a abertura no mundo eclesiástico da Igreja Católica romana, promovida pelo Concílio Vaticano II, sob a influência do Papa João XXIII, marcaram as suas reflexões teológicas. Especialmente a ideia de ecumenismo, também fomentada a partir de reuniões vinculadas ao Conselho Mundial de Igrejas, constituiu outro elemento norteador da hermenêutica deste pesquisador. Breve estada para um semestre de estudos em Buenos Aires ajudou a fomentar e sedimentar a abertura de horizontes.

Também a ebulição política no Brasil e na América Latina exerceu influência sobre o ideário do pesquisador. A revolução cubana em 1959, com os líderes Fidel Castro e Che Guevara, as guerrilhas no Brasil, os movimentos sociais, a re-pressão militar, tudo isso marcou o ideário do autor e as discussões teológicas e hermenêuticas no período. A realização da Conferência do Nordeste, sob o título “Cristo e o processo revolucionário brasileiro”, com organização

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de Richard Shaull, Waldo César e outros, marcou a convergência de temas teológico-hermenêuticos com demandas e propostas políticas.

De 1971 a 1974, Milton Schwantes realizou seus estudos de doutoramento na Uni-versidade de Heidelberg, Alemanha, com bolsa de estudos do Departamento de Relações Exteriores da Igreja Evangélica da Alemanha e do Fundo de Educação Teológica do Conselho Mundial de Igrejas. O Prof. Dr. Hans Wal-ter Wolff, renomado exegeta alemão, foi seu orientador de tese. A tese sob o título final de O direito dos pobres [Das Recht der Armen] versou sobre o resgate das pessoas socialmente fracas e vulneráveis nas tradições bíblicas, em particular do Antigo Testamento, com seus gêneros de textos legais, pro-féticos e sapienciais. As categorias clássicas das personae miserae (órfãos, viúvas, estrangeiros, empobrecidos) receberam um tratamento diferenciado nas acuradas análises exegéticas dos textos bíblicos, feitas por este exímio pesquisador. O resultado é uma visibilização dos empobrecidos e seus direitos na história do povo hebreu. Junto com a acurada exegese histórico-social dos textos, o pesquisador desvendava os mecanismos sociais daqueles tempos bíblicos, responsáveis pela produção dos pobres e pela emergência cada vez mais acentuada de uma sociedade segmentada em ricos e pobres. As formas de enriquecimento interno da sociedade hebraica e as sobreposições de in-teresses imperialistas receberam destaque especial nas análises. A tese de Milton Schwantes, publicada em 1977, recebeu ampla acolhida no mundo acadêmico da pesquisa bíblica, sendo ainda hoje obra de referência sobre o tema do direito dos pobres.

Após o regresso ao Brasil, em 1974, Schwantes atuou como pastor luterano na cidade de Cunha Porã, no oeste catarinense. O intenso e exaustivo trabalho paroquial não inibiu o autor da produção intelectual da área bíblica, tendo publicado no período vários estudos, publicados numa série intitulada de “cadernos do povo”. Um ensaio sobre o conceito de “meu povo” no profeta Miqueias sobressai como produção desta fase, destacando, na perspectiva deste texto bíblico, o povo da terra dos tempos bíblicos, humilhado e sofrido, como o povo de Deus (SCHWANTES, 1978, p. 41-69).

Em julho de 1978, Schwantes se transfere para São Leopoldo para ser professor de Antigo Testamento na então Faculdade de Teologia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, hoje Faculdades EST. O seu vigor intelectual, seu modo instigante e cativante de dar aulas no seu jeito simples, conjugado com a opção de morar em bairro da periferia da cidade, e a busca de amizade e amabilidade com as pessoas, logo atraíram a atenção dos estudantes de Te-ologia. A sua aula inaugural, sob o título de “Natã precisa de Davi” marcou claramente naquele ambiente acadêmico o seu jeito de ler os textos bíblicos. Para ele, a profecia bíblica verdadeira é aquela que se desprende do poder

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estabelecido e assume livremente a crítica social. Por isso, o personagem bíblico Natã é apresentado como símbolo de uma profecia que está presa ao poder e que precisa ensaiar e dar passos rumo à autonomia da crítica e essa, segundo o autor, se dá no distanciamento em relação ao centro de poder (SCHWANTES, 1980, p. 55-62; 2007, p. 183-94).

Outra produção importante no período foi a palestra, depois publicada na forma de artigo, sob o título “Profecia e estado”, no qual o autor continua sua reflexão, destacando que a chamada profecia radical ou crítica, registrada como tendo tido atuação a partir do século VIII a.C., no antigo Israel, se configurou em contraposição ao estado monárquico da época (SCHWANTES, 1982, p. 105-45).

Outras produções marcantes do período são os livros A família de Sara e Abraão (1986), Sofrimento e esperança no exílio (1987), bem como o comentário ao livro de Ageu. Muitos outros textos foram produzidos e publicados em diversas formas, no Brasil e no exterior. O vigor da exegese, da pesquisa e da reflexão teológica deste autor ultrapassaram os limites geográficos, em consonância com a perspectiva do próprio autor, que entendia que a ação de Deus se dá de forma livre no mundo.

Durante a sua atuação em São Leopoldo, Schwantes teve atuação importante na criação do curso de mestrado em Teologia da instituição em que trabalhava, cuja primeira turma iniciou em 1983. Paralelamente, teve sempre um papel importante na constituição do Centro de Estudos Bíblicos, em conjunto com Frei Carlos Mesters. No âmbito desta atuação, foram organizados muitos cursos de capacitação para padres e pastores, dentro de um espírito de leitura ecumênica da Bíblia, inicialmente no sul do Brasil e, depois, em outras partes do Brasil e mesmo no exterior.

Após um semestre experimental em 1985, a partir de 1987, Schwantes se transferiu para São Paulo para ser professor no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da hoje Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), em Rud-ge Ramos, São Bernardo do Campo. Paralelamente ao trabalho acadêmico, exerceu a função de pastor luterano na Paróquia de Guarulhos, na qual os seus estudos bíblicos semanais atraíam pessoas de diferentes partes da região metropolitana paulista. A fama já adquirida em decorrência da sua consistente produção intelectual, de sua liderança magnética e das publicações cada vez mais disseminadas, atraíram muitos estudantes para o mestrado e depois para o doutorado na UMESP.

O trabalho em São Paulo, a partir de sua visão e de sua liderança, deixou marcas em muitos outros espaços, no Brasil e no cenário internacional. Schwantes foi o animus rector de um movimento de leitura popular latino-americano da Bí-blia. Animou e assessorou várias edições dos “Cursos intensivos de Bíblia”, realizados durante seis meses em vários lugares da América Latina, sempre

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de forma itinerante. Conjugada com estes cursos, liderou também a criação da Revista de Interpretação Bíblica Latino-americana (RIBLA), publicada simultaneamente em português e em espanhol, com cadernos temáticos publicados também em inglês e em alemão. Conforme definição do escopo principal, a revista “situa-se dentro das experiências de fé de luta das comu-nidades e das Igrejas da América Latina e do Caribe; parte do pressuposto que as dores, utopias e poesias dos pobres são uma mediação hermenêutica decisiva para a leitura da Bíblia em nossas terras” (contracapa da revista).

Em meio a intensas atividades acadêmicas, nas aulas, orientações e pesquisa, o pro-fessor Schwantes cultivou o hábito de levar alunos e alunas para viagens de estudo a Israel e Jordânia para o conhecimento in loco dos lugares bíblicos e dos principais sítios arqueológicos. Para ele, em consonância com a pesquisa bíblica clássica, a arqueologia é uma ciência importante para a reconstrução das (prováveis) histórias de vida por trás dos textos bíblicos.1 “Não há ‘pa-lavra’ – dabar - sem contexto” (SCHWANTES, 2004, p. 12).

No auge de sua carreira acadêmica, aos 56 anos, Schwantes teve sérias complicações de saúde, tendo que se submeter a complexas cirurgias na cabeça, o que passou a interferir doravante nas condições de seu trabalho, mas não no seu espírito sempre arguto. Apesar de parcialmente cego e devendo receber me-dicações hormonais com regularidade, continuou suas atividades docentes e como pesquisador. Pouco tempo após uma complicada cirurgia viajou para Marburg, Alemanha, para receber a láurea de doutor honoris causa daquela universidade.

Nos últimos de sua vida, dedicou-se intensamente à produção intelectual, escrevendo novos textos, revisando e publicando textos anteriores e inclusive cuidando da tradução de sua tese de doutorado para o português. Perguntado certa vez sobre a razão da demora, respondeu: “é que nós não nos amamos muito; introjetamos a fragmentação e por isso não damos tanto valor ao que produ-zimos”. Na sua tese, o autor não tratou o tema da pobreza de forma teórica, mas visibilizou as formas e consequências da pobreza nos textos bíblicos e estes como expressão da sociedade do antigo Israel, especialmente durante o tempo da monarquia (sec. X a VI a.C.).

Para se contrapor à fragmentação como resultado inconsciente do colonialismo, Schwantes capitaneou o projeto Bibliografia Bíblica Latino-americana, em cujo escopo se buscava reunir, arquivar e publicizar as produções intelectuais no campo da pesquisa e da interpretação bíblica no Brasil e na América Latina.

Milton Schwantes veio a falecer na noite de 29 de fevereiro para 1º de março de 2012. Deixou um grande legado para o mundo acadêmico e não acadêmico no que tange à pesquisa das condições histórico-sociais da emergência dos textos bíblicos, bem como sobre as condições da interpretação e da recepção

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histórica das memórias de pessoas, em especial dos pobres, registrada nas páginas da Bíblia.

PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA (SELEÇÃO)

A produção intelectual do autor foi grande, com impacto em muitos países no exte-rior, muito para além das fronteiras culturais e linguísticas do Brasil. Aqui apresentamos somente uma seleção.2

• Das Recht der Armen: Eine Untersuchung zu den Begriffen ras, dal, ebyon und ani in den alttestamentlischen Gesetzen, bei den Propheten und in der Weisheit. Univer-Univer-sidade de Heidelberg (Tese de doutorado) Heidelberg, 1974. 326p.

• Das Recht der Armen. Frankfurt: Perter Lang, 1977. 312p. [tese de doutorado em forma de livro].

• Isaías: tentativas para a compreensão de alguns textos do profeta Isaías, em especial caps. 6-11. São Leopoldo: Faculdade de Teologia, 1979. 167p.

• A Cidade e a Torre (Gn 11. 1-9). Exercícios hermenêuticos. Estudos Teológicos. Ano 21, n. 2, p.75-106, 1981.

• Teologia do antigo Testamento. Anotações. São Leopoldo, 1982. 2 vol.• A cidade da justiça: estudo exegético de Isaías 1,21-28. Estudos teológicos, São

Leopoldo, v. 22, p. 5-48, 1982. • Profecia e estado: uma proposta para a hermenêutica profética. Estudos teológicos,

São Leopoldo, v. 22, p. 105-145, 1982. • Salmo 24: uma liturgia singular. Estudos teológicos, São Leopoldo, v. 22, p. 283-

304, 1982. • História de Israel: local e origens. São Leopoldo, 1984. 166p. • “Da boca de pequeninos”: enfoques antropológicos. Estudos teológicos, São Leo-

poldo, v. 24, n. 2, p. 148-160, 1984. • A glória dos governantes consiste em investigar a corrupção: um estudo de Provér-

bios 25. Estudos teológicos, São Leopoldo, v. 24, p. 39-82, 1984.• Interpretação de Gn 12-25, no contexto de uma Hermenêutica do Pentateuco. Estudos

Bíblicos. Petrópolis, n. 1, 1984. • Uma boa terra - Êxodo 3,8. Simpósio, São Paulo, ano 18, v. 6, n. 30, p. 169-172, 1985. • Êxodo - a libertação dos oprimidos. Mundo jovem, Porto Alegre, v. 23, n. 173, p.

11, 1985.• Profecia e organização - Anotações à luz de um texto (Am 2,6-16). Estudos Bíblicos.

Petrópolis: Vozes, p.31-49, 1985.• Êxodo 3,1-14. In: MALSCHITZKY, Harald; WEGNER, Uwe. Proclamar Libertação:

auxílios homiléticos. V. 12. São Leopoldo: Sinodal, 1986, p. 154-159.• Ageu. Petrópolis: Vozes; São Leopoldo: Sinodal, 1986. 75p.• A família de Sara e Abraão: texto e contexto de Gênesis 12-25. Petrópolis: Vozes;

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São Leopoldo: Sinodal, 1986. 91p. • Sofrimento e esperança no exílio. Historia e Teologia do povo de Deus no Século

VI a.C. São Paulo: Paulinas; São Leopoldo: Sinodal, 1987.• Amós. Meditações estudos. Petrópolis: Vozes; São Leopoldo: Sinodal, 1987. 124p.• O Êxodo como evento exemplar. Estudos bíblicos, Petrópolis, v. 16, p. 9-18, 1988.• Am Anfang war die Hoffnung. Die biblische Urgeschichte aus der Sicht der Armen.

München: Claudius Verlag, 1992, 134p. • Debaixo da macieira. Cantares à luz de Cantares 8,5-14. Estudos Bíblicos, Petrópolis,

n. 40, p. 39-49, 1993.• A origem social dos textos. Estudos Bíblicos. Petrópolis, p.31-37, 1988.• Der Tag wird kommen. Ein interkulturelles Gespräch über das Buch des Propheten

Zephanja. Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 1996. 176p.• Pentateuco. Revista de Interpretação Bíblica Latino-americana, Petrópolis; São

Leopoldo, n.23, p. 5-20, 1996.• “Faze sair meu povo Israel do Egito”: Anotações sobre Êxodo 3. Estudos de religião,

São Bernardo do Campo, ano 12, n. 14, p. 23-33, 1998.• „Lass mein Volk aus Ägypten ausziehen“: Bemerkungen über Exodus 3. In: „Ihr

Völker alle, klatscht in die Hände!“: Festschrift für Erhard S. Gerstenberger zum 65. Geburtstag. Münster: LIT-Verlag, 1997, p. 95-109.

• Es fliesse da Recht der Armen: Die Armen und die Bibel. Ordensnachrichte. Viena, v. 41, n. 5, p. 3-10, 2002.

• A terra não pode suportar suas palavras. Reflexão e estudo sobre Amós. São Paulo: Paulinas, 2004.

• Elementos de um projeto econômico e político do messianismo de Judá – Gênesis 49,8-12: uma antiga voz judaíta interpretada no contexto da história da ascensão de Davi ao poder (1 Samuel 16 até 2 Samuel 5). Revista de Interpretação Bíblica Latino-americana, Petrópolis, v. 48, n. 2, p. 25-33, 2004.

• Anotações sobre novos começos de leitura bíblica. In: REIMER, H.; SILVA, V. (orgs.) Hermenêuticas Bíblicas: Contribuições ao I Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica. São Leopoldo: Oikos; Goiânia: UCG; ABIB, 2006, p.11-32.

• As monarquias no antigo Israel: um roteiro de pesquisa histórica e arqueológica. São Paulo: Paulinas; CEBI, 2006.

• História de Israel. Vol. 1: Local e origens. 3. ed. São Leopoldo: Oikos, 2008.• Sentenças e provérbios: sugestões para a interpretação da sabedoria. São Leopoldo:

Oikos, 2009. 208p.• Gênesis 12-25. Deus vê – Deus ouve. São Leopoldo: Oikos, 2009. 280p.• Da vocação à provocação. Estudos exegéticos em Isaías 1-12. São Leopoldo: Oikos,

2011. 460p. • Salmos. A caminho da justiça. Salmos 120-134. São Leopoldo: Oikos, 2012. 126p. • O direito dos pobres São Leopoldo: Oikos; São Bernardo do Campo: Editeo, 2013.

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ÊNFASES HERMENÊUTICAS

Há algumas ênfases hermenêuticas que claramente podem ser detectadas na obra do pesquisador da Bíblia Milton Schwantes:

Ênfase na Literalidade e Condição Histórico-Social dos Textos

Schwantes contribuiu enormemente para a proposição e prática de uma hermenêutica crítica da libertação para a leitura da Bíblia. Para ele, os textos devem ser interpretados de forma histórico-social, reafirmando o postulado da Reforma protestante de que o texto deve ser lido em sua dimensão literal, histórica, sem dar lugar para alegorizações ou projeções teológico-sistemáticas. Num texto sobre a interpretação de Gênesis 12-25, Schwantes (1984, p. 32-3) afirma isso de forma programática:

É evidente que passagens bíblicas devem ser lidas como o que são: textos literários. Por exemplo, não é justo que se lhes atribua conteúdos que nem mesmo estão expressos em suas linhas. Não convém querer imaginar o que certo personagem pensou lá com seus botões ao fazer certa afirmação. Tais psicologismos abrem as portas a arbitrariedades sem fim. Convém ser cauteloso com imaginações e inspirações. Leia-se o que está escrito! [...]. Permanece valida e necessária a pergunta pelo surgimento dos textos. Literatura traz consigo as marcas de seu “lugar vivencial”. Estas marcas ajudam a demarcar valor e sentido dos textos. Por isso, a pergunta por sua origem não pode ser abandonada. É irrenunciável, em especial também em vistas a metodologias que, ao insistirem em demasia no resultado literário final, correm o risco de perder o sendo para a diacronia da vida e seus pressupostos históricos.

Primazia das Pequenas Unidades Literárias

Interessado em resgatar os aspectos histórico-sociais das narrativas bíblicas, com uma possível e provável definição do lugar social dos textos, Schwantes busca identificar nos textos as vozes e os interesses tecidos em meio aos textos. Vale-se nisso de um procedimento transgressor, na medida em que levanta a pergunta pelos autores humanos e históricos dos textos sagrados, procurando desvelar, assim, seu pano de fundo ideológico. Assim, ele busca encontrar nos textos as memórias populares das camadas pobres de Israel que se encontram preservadas nas narrativas bíblicas.

Para Schwantes, tanto o Pentateuco quanto os livros proféticos são constituídos primei-ramente por pequenas unidades literárias, as chamadas ‘pequenas perícopes’.

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São estas que, no seu entender, constituem o componente elementar de toda a gênese dos textos bíblicos. Essas pequenas unidades não são expressões típicas de instituições reais como o templo e o estado, mas provêm de “pequenos or-ganismos sociais, das microestruturas”, famílias, clãs, que são microestruturas elementares na vida do povo. Sobre isso, Schwantes (1984, p. 35) afirma:

A dinâmica social que produziu perícopes literárias deve integrar nossa her-menêutica de reapropriação e atualização de tais escritos. Se os dissociamos de suas origens, talvez corramos o risco de entregá-los de mão beijada aos detentores do poder [...]. Proponho que, na leitura de Gn 12-25 que, afinal, é nosso alvo no contexto do Pentateuco, se priorize a perícope como memória familial-popular, e que se privilegie a hipótese de que, de sua fixação oral para sua redação, a perícope não passou por alterações significativas.

Essa ênfase nas unidades literárias menores levou o pesquisador a não concordar muito com outros pesquisadores que colocavam o foco na estrutura ou for-ma final do texto, a chamada ‘leitura canônica’ da Bíblia. Para Schwantes, a grande narrativa já estava próxima da estrutura estatal, em relação à qual os porta-vozes das pequenas unidades literárias, muitas vezes situadas na memória popular, buscavam manter distanciamento. Para o autor, não se trata somente de uma questão ideológica, mas da oposição de interesses, os quais ainda seriam perceptíveis no texto bíblico. Ele afirma:

Quando se lê a Bíblia, tributo e corveia marcam as relações entre cidadãos e camponeses. Os templos, nos quais as cidades tinham tão grande interesse, devem ser entendidos nesse contexto: recolhiam tributo através de seus ritos, de suas festas e de sua ideologia. Todo ataque ao templo punha em xeque a instituição fundamental dos setores dominantes do Estado. Por isso não é nenhum acaso que os que ameaçassem o templo (Jeremias, Jesus, etc.) fossem perseguidos e sentenciados (SCHWANTES, 1984, p. 39).

Assim, as pequenas unidades literárias são compreendidas como expressão de con-flito de interesses, muitas vezes o conflito entre campo e cidade, e nascem da tradição oral e na memória popular que se configuram antes do processo de transmissão escrita (SCHWANTES, 1984, p. 39).

Memória Histórica dos Pobres

Outra ênfase que perpassa todo o trabalho exegético de Milton Schwantes é tentativa de reconstrução da memória histórica dos pobres na tradição bíblica.

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Essa ênfase está presente na sua tese de doutorado, perpassa seus escritos e está presente também no seu último livro, concluído quando já estava no leito de hospital gravemente enfermo, que versa sobre como os pobres peregrinos que faziam suas jornadas anuais ao templo celebravam a busca por justiça (SCHWANTES, 2012).Para ele, “a Bíblia é uma ajuda para chegar ao pobre, que não é um pedinte (!) mas que tem o direito de exigir a sua parcela da so-ciedade” (contracapa do livro – SCHWANTES, 2013).

RECORTE TEMÁTICO

Entre a produção de Milton Schwantes há um escrito que encontrou muitos leitores e muitas leitoras ao longo das décadas. Trata-se do livrinho Profeta: saudade e esperança. O texto foi publicado em 1989, para compor com outro texto de Carlos Mesters o número duplo (nº 17 e 18) da série A Palavra na Vida. O caderno reúne dois textos complementares, que se tornaram uma espécie de cartilha para os tantos cursos e seminários sobre profetas e profetismo durante os anos. Ali estavam os textos de Milton Schwantes “A profecia du-rante a monarquia” e o de Carlos Mesters, “A profecia durante e depois do cativeiro”. Eram e são textos orientadores, paradigmáticos do jeito de ler os profetas com os olhos latino-americanos, com a perspectiva a partir da gente sofrida, humilhada, silenciada, marginalizada.

Com enorme vigor transparece no texto de Milton Schwantes a perspectiva hermeneu-ticamente programática de que os profetas têm hora no curso da história do povo bíblico: a hora dos profetas. Os profetas nasceram com o Estado inci-piente na história dos hebreus na periferia da Antiguidade oriental. A maioria dos personagens que chamamos de profetas emergiu com palavras críticas ao Estado e aos poderosos; suas palavras se colocaram em hora atravessada. A profecia, nesta perspectiva, é expressão crítica, que se faz reflexiva, ana-lisadora da trajetória, da realidade e anunciadora de eventos futuros, embora profetas não sejam futurólogos. Milton Schwantes elaborou a sua tese da profecia contra o Estado em escritos que afloraram durante o seu tempo de atuação em São Leopoldo, embora a perspectiva já estivesse presente na sua tese de doutorado “O direito dos pobres” [Das Recht der Armen], de 1974. Na sua palestra inaugural na Faculdade de Teologia, com o título “Natã precisa de Davi”, ele já delineava o reconhecimento de que o termo profeta é amplo e até ambíguo (SCHWANTES, 1980; 2007).

Refere-se a figuras carismáticas que expressam conteúdos que não lhes pertencem. Isso reaparece no texto em questão, ao dizer: “na qualidade de mensageiros e visionários, os profetas não são ‘criadores’ e nem ‘donos’ do que dizem

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e veem. Os conteúdos de suas palavras e de suas visões lhe sobrevêm” (SCHWANTES, 1989, p. 23). Contudo, esta dimensão carismática pode ser cooptada na medida em que os conteúdos se tornam vinculados estrutural-mente ao centro de poder. Por isso, a trajetória dos profetas críticos passou pelo distanciamento em relação ao poder, aos poderosos e ao Estado. “A profecia é contemporânea à monarquia” (p. 7). “A hora dos profetas é, pois, o tempo dos reis” (p. 7).

Neste tempo dos reis em Israel, os profetas assumiram uma postura atravessada aos interesses dos poderosos de seu tempo na defesa intransigente das pessoas empobrecidas e esmagadas socialmente nas imbricações históricas da épo-ca. Esta tese foi elaborada num texto sob o título “Profecia e Estado – uma proposta para a hermenêutica profética” (SCHWANTES, 1982, p. 105-45; 1987, p. 93-111).3 Na sua origem, o texto foi apresentado como impressio-nante palestra no curso de Teologia em São Leopoldo, estando a tese também presente no texto ora em apresentação, bem como em outros posteriores. Situando os profetas como porta-vozes de Javé a partir da perspectiva dos empobrecidos, na defesa de seus direitos, estes também acompanharam a dupla sobreposição de interesses sobre as gentes simples do lugar. Por um lado, os poderosos locais envolviam as pessoas em suas tramas tributaristas e, por outro, senhores imperiais, especialmente das terras mesopotâmicas, mas também das bandas do Egito, lançavam suas redes de interesses, lastre-ados por exércitos bem treinados. As cidades fortificadas eram os bastiões destes processos tributários. “Ora, a profecia é uma palavra em meio a esse conflito que contrapõe as cidades e o campesinato, em torno do tributo” (p. 17). Os profetas críticos ou radicais acompanharam ambos os movimentos, nacional e internacional, anunciando um fim a estes totalitários, abrindo, assim, perspectivas de esperança para o povo simples e sofrido. Na medida em que anunciam um fim, os profetas também vislumbram perspectivas de recomeço. Denúncia e anúncio se conectam nas palavras proféticas. Na cole-ção dos textos, muitas vezes, ambas as questões se encontram sobrepostas ou se imbricam, mas com maestria exegética e clara perspectiva hermenêutica podem ser distinguidas.

Para Schwantes também estava clara a perspectiva de que os profetas estão organi-camente vinculados com movimentos sociais ou com formas de organização daqueles tempos bíblicos.4 Os profetas enquanto personagens históricos são interpretados em relação com anseios e movimentos sociais da época. “Na leitura dos profetas é preciso ter olhos para o nível da organização. A pergunta pela dinâmica das relações sociais é incorporada à interpretação” (SCHWAN-TES, 1987, 120). Para ele, as palavras estão historicamente enraizadas e isso numa perspectiva peculiar. Para Milton Schwantes, a profecia enquanto

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movimento de resistência está alocada nos níveis básicos da sociedade da época. Por isso, em seu trabalho exegético, ele acentuava a pergunta pelas pequenas unidades literárias, convencido de que com as unidades maiores já se está no nível de organizações sociais mais bem estabelecidos como o Estado e seu aparato burocrático, embora este deva ser considerado em proporções modestas no antigo Israel.

O texto mantém atualidade e vigor, pois expressa uma tese fundamental de que o mo-vimento clássico da profecia no antigo Israel se dá no confronto com o poder estabelecido, em contraposição aos desmandos senhoriais, anunciando um fim para os totalitários e um novo começo para a gente sofrida e humilhada. No processo de coleção, tais textos críticos ajudaram a construir uma identidade própria para o povo de Israel. Nos tempos posteriores à atuação dos profetas clássicos ou radicais, isto é, os séculos VIII a VI a.C., as palavras proféticas permanecem como memória subversiva, passando por processos de releituras e atualizações. Por dentro, a profecia ajudou a constituir a identidade daquela gente dos tempos bíblicos, legando para a posteridade a importante herança ética de que o Deus Javé é especialmente um deus que se atua em favor das pessoas empobrecidas. Importantes conceitos como o da dignidade humana tem na profecia bíblica uma de suas vertentes.

THERE IS NO DABAR WITHOUT CONTEXT: NOTES ON BIBLICAL HERME-NEUTICS IN MILTON SCHWANTES

Abstract: the present text introduces some notes on biblical hermeneutics in Milton Schwantes. It highlights biographical elements which contributed to build-ing his intellectual ideas and a select bibliography. Next it analyses, as a stand-out, a text about hermeneutics of classical prophecy in ancient Israel.

Keywords: Bible. Exegesis. Hermeneutics. Milton Schwantes. Prophecy.

Notas

1 Sobre isso, ver o seu livro As monarquias no antigo Israel: um roteiro de pesquisa histórica

e arqueológica (São Paulo: Paulinas; CEBI, 2006), que em parte é resultado das frequentes

visitas aos sítios arqueológicos em Israel e na Jordânia.

2 Para uma apresentação mais detalhada da produção bibliográfica de Schwantes, ver Bi-

bliografia de Milton Schwantes, elaborada por Martin Norberto Dreher em Dreher et al.

(2006, p. 403-440).

3 A perspectiva também aparece com algumas variantes no texto “A profecia durante a mo-

narquia” (SCHWANTES, 1988, p. 15-33 - com reedição) e em “Monarquia e profetismo”

(SCHWANTES, 1988 b, p. 27-60).

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4 Isso transparece de forma muito clara no texto “Profecia e organização – anotações à luz de

um texto (Am 2,6-16)” (SCHWANTES, 1985, p. 26-29), publicado em Estudos Bíblicos,

n. 5, e republicado em Amós – meditações e estudos (SCHWANTES, 1987, p. 111-121).

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