As primeiras folhas caem das árvores As primeiras folhas caem das árvores formando um tapete dourado sobre o chão e formando um tapete dourado sobre o chão e os dias de temperatura amena se tornam os dias de temperatura amena se tornam mais curtos. mais curtos.

O sol atravessa os interstícios entre as O sol atravessa os interstícios entre as árvores formando uma peneira de luzes árvores formando uma peneira de luzes multicoloridas. multicoloridas.

É o outono, paradoxo de vida e de morte... É o outono, paradoxo de vida e de morte... É por isso que se compara a idade de ouro É por isso que se compara a idade de ouro a terceira idade do ser humano ao outono. a terceira idade do ser humano ao outono. Começa aí nossa decadência implacável. Começa aí nossa decadência implacável.

O grisalho dos cabelos é o prelúdio desta O grisalho dos cabelos é o prelúdio desta decadência para todos nós. decadência para todos nós. É o prenúncio do fim da vida. É o prenúncio do fim da vida.

É a hora em que a lembrança substitui o É a hora em que a lembrança substitui o futuro; a fragilidade, a força; e a solidão, futuro; a fragilidade, a força; e a solidão, o círculo de amigos. o círculo de amigos.

É a época em que somos tomados por uma É a época em que somos tomados por uma nostalgia reflexiva, quando nossos corações nostalgia reflexiva, quando nossos corações se voltam às questões existenciais da vida, se voltam às questões existenciais da vida, Por que estou na terra? Por que estou na terra? A que vim? A que vim? Para onde vou? Para onde vou? Será que eu construí algo? Será que eu construí algo? Deixarei boas lembranças para meus filhos? Deixarei boas lembranças para meus filhos?

É melhor deixar o papo-cabeça para os É melhor deixar o papo-cabeça para os psicólogos, filósofos, antropólogos e outro psicólogos, filósofos, antropólogos e outro ólogos cujas competência e utilidade eu ólogos cujas competência e utilidade eu reconheço e baixar para o nosso mundinho reconheço e baixar para o nosso mundinho aquele do dia-a-dia. aquele do dia-a-dia. O feijão com arroz.O feijão com arroz.

O outono da vida é tempo de colheita e de O outono da vida é tempo de colheita e de alegria. alegria. De olhar para trás e de ver quanta coisa boa De olhar para trás e de ver quanta coisa boa você fez. você fez.

E por que não de ainda plantar muita coisa? E por que não de ainda plantar muita coisa? Afinal, a maioria de nós está aposentada e não Afinal, a maioria de nós está aposentada e não precisa mais trabalhar com raras e honrosas precisa mais trabalhar com raras e honrosas exceções. exceções. Vamos continuar trabalhando, produzindo. Vamos continuar trabalhando, produzindo. Ainda não morremos! Pelo menos eu, ainda Ainda não morremos! Pelo menos eu, ainda não. não.

Não morri nem para o trabalho nem para os Não morri nem para o trabalho nem para os outros prazeres da vida. outros prazeres da vida. Depressão? Depressão? É para quem não tem trabalho a realizar, É para quem não tem trabalho a realizar, compromisso a atender. compromisso a atender.

Eu jamais terei depressão. Eu jamais terei depressão. Tenho o meu tempo bastante ocupado. Tenho o meu tempo bastante ocupado. O Alzheimer, eu já mandei pras “cucuias”.O Alzheimer, eu já mandei pras “cucuias”.

Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não use Rider, não dê férias a seus pés. Não se sente nas praças para jogar dama e Não se sente nas praças para jogar dama e ser analista da vida alheia, espectador do ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, conforme mundo, comentarista do cotidiano, conforme as sábias palavras de Nizan Guanaes. as sábias palavras de Nizan Guanaes.

Continue trabalhando, produzindo, ajudando Continue trabalhando, produzindo, ajudando seu próximo. seu próximo. Trabalho não mata, ocupa o tempo, evita o Trabalho não mata, ocupa o tempo, evita o ócio, que é a morada do demônio. ócio, que é a morada do demônio. Muitos dos seus colegas de aposentadoria lhe Muitos dos seus colegas de aposentadoria lhe dirão que você já trabalhou muito, que é hora dirão que você já trabalhou muito, que é hora de descansar, de pendurar as chuteiras. de descansar, de pendurar as chuteiras.

Deixe-os falar. Continue trabalhando, Deixe-os falar. Continue trabalhando, produzindo e principalmente amando. produzindo e principalmente amando. Quem sabe você não inicia um romance tórrido! Quem sabe você não inicia um romance tórrido! Só para dar o que falar. Só para dar o que falar. ““Tanta gente existe, cuja única ventura Tanta gente existe, cuja única ventura consiste em parecer ao outros venturosa”! Uai! consiste em parecer ao outros venturosa”! Uai! Mas isso é Raimundo Correa, e a poesia é o Mal Mas isso é Raimundo Correa, e a poesia é o Mal Secreto! Eu queria dizer que “tanta gente Secreto! Eu queria dizer que “tanta gente existe” por aí que se compraz em cuidar das existe” por aí que se compraz em cuidar das nossas vidas. nossas vidas.

Já pensou? Já pensou? Você daria assunto para muito tempo. Você daria assunto para muito tempo. Para seus amigos que partiram para o bate-papo Para seus amigos que partiram para o bate-papo na pracinha e para o jogo de damas, nem se fala. na pracinha e para o jogo de damas, nem se fala. Iriam malhar você, mas no fundo, no fundo iriam Iriam malhar você, mas no fundo, no fundo iriam roer a unha de tanta inveja. roer a unha de tanta inveja.

Cada dia é uma fonte de vida para você. Cada dia é uma fonte de vida para você. Eu, de minha parte, não ando nem um pouco Eu, de minha parte, não ando nem um pouco preocupado com a minha idade, com o preocupado com a minha idade, com o problema do outono da vida e outros papos-problema do outono da vida e outros papos-cabeça criados pelos poetas e alimentados cabeça criados pelos poetas e alimentados pelos “ólogos”. pelos “ólogos”. E você, no outono da vida, quais são seus E você, no outono da vida, quais são seus planos para o futuro?planos para o futuro?

Não quero morrer na cama. Não quero morrer na cama. Quero morrer trabalhando. Quero morrer trabalhando. De preferência numa sala de aula, ensinando. De preferência numa sala de aula, ensinando.

Formatação: Arifbvarifbv@hotmail.comwww.arifbv.spaces.live.comTexto: Tarcísio Barbosa Música: Rosy - EniaFotos: De arquivos

Qu’importe l’automne de ma vie, je travaillerai Qu’importe l’automne de ma vie, je travaillerai toujours comme aux temps de ma jeunesse. toujours comme aux temps de ma jeunesse. Des jours merveilleux m’attendent encore! Des jours merveilleux m’attendent encore! Que importa o outono de minha vida, Que importa o outono de minha vida, trabalharei sempre como nos tempos de minha trabalharei sempre como nos tempos de minha juventude! Dias maravilhosos ainda me juventude! Dias maravilhosos ainda me aguardam!aguardam!