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No planalto há um cruzeiro? Reflexões sobre uma história cruzalmense.
Mateus José da Silva Santos1
Terra do fumo, da Guerra de Espadas, da velha Escola de Agronomia que deu lugar a
UFRB. Por essas e outras coisas, Cruz das Almas é, sem dúvida nenhuma, uma das cidades
mais conhecidas do Recôncavo, estando juntamente com Santo Antônio de Jesus na condição
de município mais populoso da região, segundo os últimos dados do IBGE.2 A “rainha do
planalto” (SANTANA, 2008, p.25), como também é conhecida, chama-nos atenção não
somente pelo seu nome peculiar, mas por possuir ainda muitas questões sobre seu passado. A
trajetória cruzalmense, contada por nossos pais e presente em alguns livros, mostra uma
cidade que emerge muito tardiamente em relação aos demais núcleos do Recôncavo “mais
conhecidos”, e, de forma muito rápida, se desenvolve, mas sem muitas explicações sobre
como isso se deu.
Com as mudanças na ciência histórica durante o século XX, uma das áreas que
passaram por novos contornos foram as chamadas história regional e local. Compreender as
dinâmicas de uma determinada região ou localidade e articulá-las com contextos mais amplos
são somente algumas das problematizações realizadas por esses estudos na atualidade. Uma
das grandes consequências desses novos objetivos foi a possibilidade de refletirmos sobre a
história dos municípios, no entendimento de que há muito por se investigar sobre os mesmos,
tendo em vista tanto as lacunas existentes em muitas narrativas, como também a permanência
de mitos ou histórias que não passaram por uma crítica apurada dos historiadores, à luz das
novas pesquisas. A nosso ver, este é o caso de Cruz das Almas. A cidade recebeu pouca
atenção da historiografia, fruto tanto das dificuldades documentais, mas também por se situar
numa área que vem sendo desvendada recentemente, dada as suas diferenças em relação à
visão hoje equivocada de um Brasil e, consequentemente de um Recôncavo limitado ao
sistema de plantation (BARICKMAN, 2003, p.27), isto é, a produção latifundiária, de mão-
de-obra escravista e tendente à monocultura (PRADO JÚNIOR, 1965, p.114-115).
Objetivamos, portanto, discutir o que compreendemos como “narrativa oficial” sobre
a história de Cruz das Almas, pensando criticamente sobre sua validade com relação às
pesquisas históricas sobre a Bahia e o Brasil entre os séculos XVIII e XIX. Fazendo uso de
algumas fontes históricas, disponíveis na versão digital da Biblioteca Nacional, apontaremos
algumas possibilidades para novas investigações sobre o passado dessa localidade, no esforço
de uma revisão histórica, no entendimento de que esse é um processo inerente à produção
historiográfica.
Num primeiro momento apresentaremos as versões vigentes ainda na atualidade sobre
o passado da urbis, destacando os seus principais elementos caracterizadores. Em seguida,
iniciaremos discussão a partir do diálogo entre alguns documentos eclesiásticos e perspectivas
conhecidas sobre a história do Recôncavo e da capitania da Bahia, tentando situar a cidade, ou
melhor, o que viria a ser essa numa perspectiva muito mais ampla. De antemão, deixemos
explícito que esse trabalho vem, no sentido de propiciar novas investigações sobre nosso
passado, trazendo muito mais perguntas do que respostas prontas. Assim, procuramos
adentrar na limitada produção historiográfica sobre o passado de Cruz das Almas, dialogando
com os demais autores e permitindo com que pensemos juntos sobre a questão central.
1. Terra dos viajantes, terra da fé: a origem do povoado das Almas.
No que versa as narrativas sobre a origem do objeto de estudo, Alino Matta Santana
(1997) e Mario Pinto da Cunha (1955) (1983) afirmam que duas são as hipóteses principais. A
primeira, e mais detalhada, aponta para a fundação atrelada a condição dessa localidade em
finais do século XVIII e início do XIX. Segundo os mesmos autores, o que entendemos como
Cruz das Almas surgiu a partir do fincamento de uma cruz nas proximidades do que hoje é a
chamada Rua da Estação e a Igreja matriz, no intuito de ali se constituir um pouso para os
viajantes, além de um local para culto dos mortos.3 A autoria desse movimento é atribuída aos
tropeiros, homens que iam de Cachoeira ao Sertão em prol de interesses comerciais
(SANTANA, 1997, p.25). A passagem desses grupos por essa região se devia, segundo
Santana e Cunha, ao fato de, nas margens da atual cidade, estar localizada uma importante via
de conexão entre o porto de São Félix e as regiões do interior, especialmente Rio de Contas.
Desta maneira, a formação do povoado cruzalmense teria, pelo menos num primeiro
momento, sido resultante dos fluxos intracapitania, envolvendo pessoas e produtos.
Outra versão apresentada possui um cunho visivelmente saudosista. Segundo os
autores em questão, o nome Cruz das Almas advém de uma localidade portuguesa, sendo
designada, portanto, por lusos que povoaram o espaço da atual cidade. Essa relação carece de
mais profundidade, na medida em que não encontramos nenhum registro de qualquer
freguesia portuguesa com este nome.
Ainda como outra possibilidade historiográfica, na Enciclopédia dos Municípios
(1959) há uma breve menção a história de Cruz das Almas, citando o povoamento ainda no
século XVIII por motivações econômicas, especialmente a “uberdade do solo”.4 Neste
processo, os sujeitos envolvidos eram provenientes de Cachoeira, ligados às famílias Batista
de Magalhães e Rocha Passos, dois ramos tradicionais da sociedade cruzalmense.5
Tomando, assim, a primeira versão como aquela que tende a ser a oficial, chamamos a
atenção para três elementos. O primeiro é a datação:
No princípio eram apenas algumas casas em meio á mata circundante.
Poucas, pequenas e modestas moradias, plantadas descuidada e
despretensiosamente, no solo fecundo, nos meados e fim do século XIX
(CUNHA, 1983, p.11)
Cruz das Almas seria, então, a localidade com formação mais recente, considerando as
atuais municipalidades ao seu redor. Formação essa que, se comparado com sua vizinha São
Felipe, excederia mais de 100 anos!6 Outro elemento é a questão da existência de uma estrada
para o sertão nas proximidades dessa região. A historiografia, assim como a própria produção
cartográfica dos séculos XVII e XVIII, apresentam inúmeras controvérsias sobre essa questão,
especialmente quanto a certa hierarquia dos caminhos, o que nos leva a investigar mais de
perto qual a relevância dessa estrada mencionada pela história tradicional, relacionando-a com
a questão da circulação na capitania da Bahia.
Por último, e não menos importante, o caráter religioso dessa origem, relacionado com
a necessidade de um espaço de culto, assim como os interesses em mais um local para
descanso devem ser levados em consideração, o que nos pede compreendermos qual a posição
dessa região em termos eclesiásticos e, até mesmo, demográficos, tentando situar quais os
principais focos de habitação.
2. “O ‘logar’ da Cruz das Almas”: tentativas de reconstrução.
Ao se debruçar sobre a história das municipalidades do Recôncavo baiano,
especialmente das cidades que pertenceram a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da
Cachoeira, o leitor certamente se depara com uma produção pequena, realizada por
historiadores e também cidadãos dessas localidades, como no caso de Nelson Brito (2012) e
Anfilófio de Castro (1941) para Muritiba. Desta maneira, pouco se tem de referência sobre
Cruz das Almas na historiografia e produção acadêmica voltada para as questões locais ou
mesmo, sob uma perspectiva mais ampla, regional. No entanto, é necessário destacar que
antes de se tornar uma freguesia, isto é, ganhar uma das principais subdivisões da política
administrativa e eclesiástica da colônia e também do império, a atual região de Cruz das
Almas pertenceu durante boa parte do século XIX a freguesia de Nossa Senhora do Desterro
do Outeiro Redondo.
Diante disso, estudar a formação dos primeiros núcleos que futuramente viriam a ser
nossa cidade é uma tarefa extremamente complicada, na medida em que se torna necessário
levar em consideração essas mudanças na questão da administração do território.7 Assim, é
preciso levar em consideração a configuração dos espaços anteriormente citados, tentando
pensar nossa questão central a partir das dinâmicas entre esses territórios. Dito isso, como
nosso objetivo maior é a realização de uma problematização, comecemos então nossa breve
discussão pelo ponto central da chamada narrativa oficial: a estrada.
a) A derrota do Porto de São Félix para as minas do Rio de Contas.
O processo de expansão e interligação entre o sertão e a região do Recôncavo,
incluindo também Salvador, foi, sem dúvida nenhuma, facilitada pela existência de alguns
rios, como o Paraguaçu, Rio de Contas, Jaguaripe, Itapicuru e outros também de menor porte
que desaguam na Baia ou no oceano, propiciando assim a existência de uma considerável
circulação marítima e/ou hidroviária.8 No entanto, as dinâmicas entre essas diferentes regiões
não se deram apenas pelo uso de vias hídricas. Os caminhos terrestres, alguns herdados das
antigas trilhas indígenas, possuíram fundamental importância nesse processo de integração, na
medida em que conseguia abranger um maior número de povoações e espaços
socioeconômicos em sua extensão.
As estradas, tanto para a Bahia colonial, como também para toda a América
portuguesa, em termos metafóricos, eram como a circulação sanguínea ao, juntamente com o
transporte hidroviário, promoverem dinâmicas entre os diferentes espaços coloniais. Pensando
por uma perspectiva braudeliana,9 a circularidade de bens e pessoas no interior da capitania da
Bahia e, consequentemente do Recôncavo, era reflexo de um movimento muito maior, a
primeira integração entre aquilo que ficou entendido como velho e novo mundo, característica
marcante do processo de expansão ultramarina. 10
Voltando para a região, as estradas possuíam o papel de construção de uma dinâmica
própria, que integrava a vila de Cachoeira com as demais áreas sob sua jurisdição. Assim,
eram por esses caminhos que convergiam todas as questões comerciais, administrativas,
socioculturais e religiosas em direção ao centro político e econômico dessa região. No
entanto, o estudo da rede urbana do Recôncavo aponta também para a relação intrafreguesias,
não necessariamente mediada pela vila da margem direita do Paraguaçu. Deste modo,
verifica-se a existência de inúmeras rotas de menor porte integrando as pequenas povoações.
Admitindo a existência de uma hierarquia entre os caminhos, vale destacar primeiramente
aquele que, sem dúvida nenhuma, era o principal ponto de circulação na margem esquerda do
Paraguaçu.
Márcio dos Santos (2010), em Fronteiras do Sertão Baiano (1640-1750), aponta a
existência de uma importante via de ligação entre o porto da Cachoeira e a região das Minas
de Rio de Contas. Tal caminho com datação incerta, mas certamente com o trajeto
consolidado no início do século XVIII, foi preciosamente descrito por Miguel Pereira da
Costa e também por Antonil (1982), o que evidencia sua importância para a economia
colonial. A chamada “Derrota do Porto de São Pedro da Muritiba para as Minas do Rio de
Contas” compreendia uma longa via de mais de 105 léguas, percorridas pelo primeiro viajante
em ao menos 21 dias de marchas diárias (NEVES, 2002). No entanto, não cabe aqui detalhar
essa importante via em todos os seus pontos. Para nosso estudo, é necessário considerarmos
apenas uma parte daquele, especialmente o trecho entre São Félix e a fazenda Curralinho, um
dos mais importantes pousos para aqueles que adentravam nessa longa jornada:
De Curralinho a fazenda Candeal de Sebastião Barbosa que cria gado há
legua e meia e desta ao Genipapo há uma legua de estrada, bom caminho e o
Genipapo á fazenda de gado, onde estão os filhos de Pedro Barbosa. [...] Da
Genipapo a Cerca sitio de mantimentos e suas eguas há 4 leguas de estrada,
estão mais 3 sitios neste caminho que é bom [...] Da Cerca a S. Pedro da
Muritiba 4 leguas, bom caminho, quase todo povoado desde um sitio que
chamão da Catinga até Muritiba (FREIRE, 1906, p.502-503.)
Seguindo uma característica fundamental no processo de formação das vias terrestres
no Brasil Colônia, essa estrada segue, de certa maneira, parte do traçado do Rio Paraguaçu,
desviando do mesmo em poucos momentos. Em sua primeira parte, se considerarmos
estarmos partindo em direção ao Sertão, ocorre a travessia da freguesia de São Pedro da
Muritiba, passando do interior do povoado situado no monte até a região da Serra do Aporá,
situada à 6 léguas da sede da freguesia (SAINT-ADOLPHE, 1845), importante ponto de
referência para aqueles viajantes.
Para termos uma visão ainda mais específica, basta vermos algumas das codificações
dos locais de parada nos roteiros de viagem, elaborada por Erivaldo Fagundes Neves e
Antonieta Miguel (2007) acerca da mesma estrada em 1721,11 baseada na expedição de
Pereira da Costa, observe que o traçado é praticamente o mesmo, modificando apenas alguns
dos pontos citados:
De cachoeira (Freguesia de São Pedro) a Rio de Contas:
01. Freguesia de São Pedro (Cachoeira)
02. Aporá Pequeno.
03. Fazenda Genipapo (Município de Castro Alves)
04. Fazenda Curralinho (Origem da Vila de Castro Alves).
Tanto o mapa como a descrição citada anteriormente não indicam nenhum pouso
chamado Cruz das Almas e nem mesmo cita alguma localidade que faziam referência ao
núcleo original da cidade. Apesar de, se considerarmos o período histórico em estudo, o
chamado Caminho do Ouro da Boa Pinta abranger também partes da Freguesia do Outeiro
Redondo, o fato é que o mesmo não engloba nem a sua sede e nem tampouco as áreas mais
próximas da mesma. A dita estrada para o sertão citada pela narrativa tradicional, portanto,
não foi aquela que se tornou uma das rotas mais realizadas no interior da Capitania da Bahia.
Conforme Adriano Bittencourt Andrade (2013), as diferentes integrações entre os
espaços urbanos do Recôncavo Setecentista, apresenta-nos uma grande quantidade de mapas e
produções artísticas sobre a malha urbana do Recôncavo. Malha essa não apenas constituída
pela via principal, o caminho real, mas também por inúmeras estradas de menor porte que
permitiam a ligação entre os diferentes povoados e espaços rurais da região.
Grande parte das produções apontam a existência de uma estrada interligando uma
parte da estrada que ligava o porto de São Felix à Freguesia de Maragogipe e tinha seu final
na região do Aporá,12 permitindo o acesso à estrada do Rio de Contas. O mais importante é
que, dentre os principais pousos citados, estão Outeiro Redondo e São José, o pequeno
povoado fumageiro pertencente à freguesia de São Pedro da Muritiba. Estando paralela ao rio
Capivary, sem dúvida nenhuma foi essa a estrada que cruzava a região do núcleo central de
Cruz das Almas, tendo boa parte de seu trajeto original facilmente identificável nos dias
atuais. Apesar disso, uma questão é fundamental: qual a relevância dessa estrada para a
região? Estaria ela associada diretamente às movimentações em direção ao sertão?
Tanto a documentação como os demais estudos consultados sobre o Recôncavo no
século XVIII fazem pouca referência sobre essa região da Freguesia do Outeiro. Sabe-se, no
entanto, do predomínio da produção de subsistência e, também, da cultura fumageira,
constituído parte dos Campos da Cachoeira.13 Uma petição de 1763 explicita a necessidade de
construir-se uma ponte sobre o Rio Capivary, muito provavelmente nas proximidades da
estrada em estudo, de modo a permitir o fluxo de produtos como farinha e tabaco para a
região do porto da Cachoeira. Este caso é muito significativo, pois indica o papel econômico
dessa região e sua importância para as redes de comércio.
Neste sentido, entendemos que essa estrada que passava pela então Cruz das Almas
como uma via de escoamento da produção, sendo, portanto, vital para os moradores locais. O
fato de possuir uma ligação com o caminho para o Rio de Contas permite pensarmos também
que o trajeto entre o Aporá e São Félix poderia ser feito via São José e Cruz das Almas,14 mas
estando numa condição inferior em relação a via principal, tendo em vista que essa última era
reconhecidamente mais bem movimentada e com um histórico de acesso muito mais antigo.
b) Uma Cruz do século XIX ou XVIII?
Sobre a questão da estrada que supostamente teria dado origem ao povoado de Cruz
das Almas, outro aspecto a ser discutido é o seu marco tempo. Matta Santana e Pinto da
Cunha convergem quanto ao final do século XVIII e início do XIX como o momento de
organicidade desse núcleo. Pensando sob um ponto de vista mais macro, em relação à
capitania da Bahia como um todo, faria muito sentido pensarmos isso, pois na medida em que
a mesma obteve um crescimento econômico considerável, acompanhando uma tendência que
se verifica para a colônia toda, a expansão da produção dos gêneros “carro-chefe” da
economia bainense, como o fumo, poderia acarretar no surgimento de novos espaços para seu
desenvolvimento, ou mesmo também a formação de novos núcleos de poder.
Quando paramos para analisar o histórico das principais vilas, freguesias e povoados
no entorno, torna-se extremamente difícil concebermos o povoado das Almas apenas naquele
período. Se tomarmos a região de São Tiago do Iguape, a menos de duas léguas daquilo que
seria o núcleo original de Cruz, vemos que aquele se formou já no início da segunda metade
do século XVI (SCHWARTZ, 1988, p.81). Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira,
sede da comarca que abrangia boa parte do Recôncavo, tornou-se vila em 1693, ou seja, quase
cem anos antes em relação ao período dado para Cruz das Almas.
A questão é ainda mais complexa quando olhamos para a Freguesia do Outeiro, datada
de 1718,15 e alguns estudos que apontam o registro do povoado do São José já em 1705. São
Felipe das Roças, região historicamente ligada a Maragogipe, mas não muito distante de Cruz
das Almas tem sua formação reconhecida já em finais do século XVII.
Rae Jean Flory (1978), em seu estudo sobre a produção de açúcar e tabaco, cita
localidades que atualmente pertencem ao munícipio de Sapeaçu, como o caso do Muricy, já
para o início do XVIII. Desta maneira, toda a região no entorno de Cruz das Almas já era
povoada e integrada às lógicas comerciais, culturais e políticas desde pelo menos a entrada
dos setecentos. Em um Recôncavo relativamente populoso, detentor de uma integração entre
seu espaço urbano e seu espaço rural, como então nossa cidade veio a tomar corpo apenas
mais de setenta anos depois?16
José da Costa Valle, vigário da igreja do Outeiro Redondo, em 1757, foi responsável por
redigir uma breve descrição da freguesia, movimento realizado por toda a colônia em virtude
das reformas pombalinas. No início do texto, o religioso nos deixa uma importantíssima
contribuição para nosso estudo:
Principia esta dita freguesia de Nossa Senhora do Desterro á beira do rio
Cachoeira chamado Perauassú e navegável em o logar da Varginha doente
tem a capella de Nossa Senhora da Conceição com povoação de huã dúzia de
casas de pescadores, e desta povoação se sobe para este Oiteiro Redondo,
logar da Matriz com a distancia de legoa e coarto, e logo se segue o logar de
Caminahve donde estão situadas rossas de farinhas e tabacos athe o logar da
Cruz das Almas em distancia de legoa e trez quartos pouco mais ou menos
donde tem a capella de Nossa Senhora do Bom Successo, com povoação de
dez ou doze moradores, e desta se vay ao logar da Embira em distancia de
meya legoa donde tem a capela de Nossa Senhora da Conceição, em logar
deserto que apenas tem a dita capella e a casa da administradora e do seo
capellão.
Levando em consideração as grandes dimensões da freguesia do Oiteiro, Costa Valle
se ateve principalmente nas regiões que estão mais próximas da sede, dando, portanto, uma
descrição mais detalhada da região que estamos a estudar. Duas coisas são fundamentais
nesse relato. A primeira é o reconhecimento de Cruz das Almas como uma parte integrante
dessa freguesia. Isso significa que a região já era reconhecida muito antes de 1757, tendo em
vista que a mesma era composta pela capela e também por alguns moradores, muito
provavelmente em seu entorno.
Outro elemento importante é a descrição de partes limítrofes à Cruz das Almas como
no caso da Embira e do atual Caminhoá. Reconheceu-se a existência, desde esse período, de
uma paisagem permeada por roças de tabaco e farinha,17 característica dessa região apontada
por inúmeros historiadores do Recôncavo para diferentes períodos históricos. Assim, a
povoação, que outrora foi datada para o final do século XVIII, possui seguramente sua origem
muito antes deste período, como atesta o relato do vigário.
Outro documento, desta vez de 1774, contribui para levantarmos ainda mais dúvidas
acerca do crescimento da povoação em estudo. Numa petição para a divisão da freguesia do
Outeiro Redondo, o vigário José Nunes Cabral cita Cruz das Almas ao final do documento,
fazendo referência, portanto, ao local aonde este se encontrava. No entanto, ao verificarmos
um pouco a história da freguesia do Outeiro, o que vemos são grandes modificações de nomes
e sedes, tendo em vista mais uma vez sua enorme extensão. Para se ter ideia, em 1745
encontramos uma documentação que intitula a freguesia como Nossa Senhora do Desterro do
Aporá, mas reconhecendo que a sede esteve situada no Outeiro.
Assim, pensando na assinatura daquele vigário, poderíamos ter a hipótese de que a
residência eclesiástica poderia já estar localizada em Cruz das Almas, no entanto o corpus
documental consultado não traz maiores indícios disso. De todo modo, do ponto de vista do
desenvolvimento da povoação, esta petição já atesta a importância de Cruz das Almas para a
freguesia, tendo em vista que mesmo estando relativamente próxima a sede, recebia visitas do
pároco, um elemento que esteve no centro das contestações dos moradores de regiões mais
distantes como o Andarahi, Moquem e Maracazes.
Fora do estudo da história religiosa, Jean Baptiste Nardi (1996), em sua clássica obra
sobre a história do fumo no Brasil, identifica a existência de 26 fazendas dessa cultura na
região de Cruz. Apesar de não trazer maiores detalhes sobre a composição do povoado, este
número é muito significativo, pois, por um lado demonstra a participação da localidade na
produção de fumo do chamado Campos da Cachoeira como, por outro, atesta seu próprio
desenvolvimento interno, pois reflete o crescimento da população, acompanhado de uma
expansão em sua produção.
Sendo parte integrante do Recôncavo, espaço onde rural e urbano eram praticamente
indissociáveis, a formação da cidade de Cruz das Almas deve ser compreendida a partir da
simbiose desses dois espaços, o que, portanto, reitera a importância de identificarmos o seu
passado ruralizado. Assim, por de trás daquelas “casinhas em meio a mata circundante” há
muita história. História essa que, a partir de algumas fontes e estudos citados, demonstra que é
necessário passar por um processo de revisão, levando em consideração as dinâmicas políticas
e econômicas da região.
Considerações finais
Situada na região planáltica, na margem direita do Paraguaçu, Cruz das Almas é uma
cidade que ainda possui muita história para se contar. Tendo em vista a relevância da história
local, as evidências apresentadas constituem um corpus argumentativo em favor da retomada
da pesquisa histórica sobre nosso munícipio. Pesquisa essa que, ao avaliarmos a produção
historiográfica da região, vemos lacunas acerca do passado de municípios que outrora
possuíram um lugar especial na história da Bahia e do Brasil.
Os dois pilares da história tradicional, a estrada e a datação, demonstraram certas
fragilidades quando confrontados com documentações que antecedem o período que, a partir
do consenso da produção histórica sobre Cruz até o momento, foi consagrado como aquele de
fundação e desenvolvimento do povoado. A via de ligação entre o Porto de Cachoeira aos
sertões correspondia, na verdade, a uma estrada que passava por Muritiba e ia em direção a
região da Serra do Aporá, não tangenciando, portanto, o planalto que futuramente sediaria a
nossa cidade.
Quanto a periodização que constitui-se num dos pontos mais problemáticos, a
documentação eclesiástica aponta para a existência de um pequeno núcleo nas proximidades
da capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso pelo menos já em 1757. Essa mesma descrição,
acompanhada de algumas referências bibliográficas, demonstram que essa região,
considerando também povoados limítrofes, já possuía uma paisagem formada por roças de
mandioca, tabacos e demais gêneros de subsistência muito antes da segunda metade do
referido século. Neste sentido, a área que ficou consagrada pela existência de um cruzeiro nas
proximidades da estrada correspondia a uma parte, a uma engrenagem, da configuração
socioeconômica do outro lado da Baía.
Compreendendo a hinterland da Bahia como uma das regiões mais prósperas do
período colonial,18 é preciso situar a formação e o desenvolvimento daquilo que viria a ser
nossa cidade num processo muito mais amplo, no entanto sem deixar de reconhecer as
especificidades de uma região que, mesmo ligada à Vila de Nossa Senhora do Rosário do
Porto da Cachoeira, possuiu uma constituição político-social que difere um tanto das demais
localidades da antiga comarca. Isso significa dizer que a história de Cruz das Almas não é um
elemento isolado no interior da trajetória da Bahia ou mesmo do Brasil.
Esperamos que este artigo venha a ser não um ponto final nas discussões sobre nosso
passado, mas a entrada para a retomada das pesquisas e dos debates. As fontes citadas
compõem um corpus documental totalmente digitalizado, todavia não se constituem nos
únicos vestígios de nosso passado, cabendo, assim, aos historiadores, cruzalmenses ou não,
voltarem-se aos arquivos do Brasil e de Portugal, buscando maiores respostas para uma
problemática que, a nosso ver, ainda está em aberto.
1 Graduando em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail: [email protected] 2 Segundo os dados de 2017, estima-se que Cruz das Almas tivesse em torno de 64900 habitantes, enquanto
Santo Antônio de Jesus fosse composta por aproximadamente 103 mil habitantes.
3 Na história das vias terrestres que ligavam o litoral aos sertões, os pousos (na forma também de ranchos e
vendas) consistiam um elemento fundamental para a circulação e a formação de dinâmicas entre diferentes
regiões, principalmente ao serem locais de parada dos viajantes, tanto para abastecimento como também para o
descanso (PRADO JÚNIOR, 1965, p.264-265). Ao redor de muitos destes se formaram municípios como o caso
de Castro Alves, herdeiro da antiga fazenda Curralinho, um dos principais pontos de parada da estrada que
iremos discutir mais a frente. 4 Esta versão também é citada por Silva Oliveira em sua breve revisão bibliográfica sobre a história de Cruz das
Almas (OLIVEIRA, 2012). 5 Ao discutir as festas juninas em Cruz das Almas, Silva Oliveira destaca a necessidade de pensarmos essa
história também como pertencente a outros sujeitos de diferentes segmentos sociais, tais como os escravizados
(OLIVEIRA, 2012, p.27). 6 Em nosso levantamento bibliográfico, não encontramos nenhum trabalho específico sobre a história de São
Felipe. Tomando como base a versão encontrada na Enciclopédia dos Municípios e no site do IBGE, a
pacificação do Recôncavo ocorrida através das expedições de Braz Arzão e Baião Parente possibilitou a
ocupação das terras mais ao Oeste, no caso de São Felipe, através dos irmãos Felipe e Tiago Dias Gato (IBGE). 7 Tais dificuldades são explicadas, dentre outras coisas, pelo número pequeno de fontes sobre a região. Segundo
Jorge Ricardo Fonseca, os livros mais antigos da Paróquia do Outeiro Redondo se perderam, restando apenas os
de batismo que cobrem o período entre 1791 a 1812 (FONSECA, 2011) 8 A importância dos rios para o Recôncavo se encontra inscrita desde momentos mais remotos do Brasil Colônia,
como destaca Stuart Schwartz, apontando um relato de Diogo de Campos Moreno em 1612 (SCHWARTZ,
1988, p. 79) 9 De acordo com Fernand Braudel, denomina-se como economia-mundo “um fragmento do universo, um pedaço
do planeta economicamente autônomo, capaz, no essencial, de bastar a si próprio e ao qual suas ligações e trocas
internas conferem certa unidade orgânica” (1996, p.12). Desta maneira, estudar as relações econômicas à nível
mundial, significa reconhecer a existência de zonas de maior efervescência econômica, atreladas à um
determinado centro. Tais zonas possuem também ligações entre si. 10 A integração econômica do Recôncavo e de Salvador com diferentes regiões do globo encontra respaldo em
estudos como o de Avanete Pereira e Sousa (2016), ao apontar algumas das redes comerciais existentes no
século XVIII. Em nível de exemplificação, o fumo, um dos produtos de maior destaque do Recôncavo no XVIII,
tinha em Salvador seu principal ponto de escoamento, sendo encaminhado para Portugal e África (2016, p.106) 11 Neves e Miguel elaboraram alguns quadros contendo os principais pontos de pouso e povoações da referida
estrada. Fazendo referência à Planta Chorográfica de São Félix aos Montes Altos (1758), calcula-se em 8 léguas
a distância entre São Pedro da Muritiba e Curralinho, um dos principais pousos do percurso (p.49). 12 Em O outro lado da baía, Bittencourt Andrade (2013) realiza um razoável levantamento acerca da produção
cartográfica referente ao Recôncavo e suas estradas entre os séculos XVIII e XIX, além de elaborações do
próprio autor, tendo como base as fontes documentais. O décimo quarto anexo trata-se de um fragmento do
“Mapa da Commarca da Bahia de Todos os Santos seguindo a continuação della para o poente”, datado de algum
momento do século XVIII, cita uma estrada que, passando por Cruz das Almas, interligava partes do Outeiro
Redondo ao São José, atingindo posteriormente a região do Aporá (ANDRADE, 2013, p.252). 13 Compreende-se como Campos da Cachoeira as localidades do Recôncavo que se caracterizavam pela
produção de tabaco. Segundo Albuquerque, suas principais áreas foram as freguesias de São José das
Itapororocas, São Pedro da Muritiba, São Gonçalo dos Campos, Santo Estevão do Jacuípe, Outeiro Redondo e
Cachoeira (SILVA, 2015, p.51). 14 Um mapa pertencente ao século XVIII, denominado “Mapa da Commarca da Bahia de Todos os Santos
seguindo a continuação della para o poente”, disponível na Biblioteca Nacional Digital, aponta para a existência
dessa ligação, tratando-se de uma estrada paralela ao Rio Capivari. 15 Estudando os rendimentos paroquiais no século XVIII, Silva (2016) aponta uma controvérsia para a fundação
da freguesia do Outeiro Redondo. Ao contrário do que encontramos em um documento no Arquivo Público de
São Félix, o autor data de 1682 a elevação de Nossa Senhora do Desterro do Outeiro Redondo à condição de
freguesia (p.51) 16 De acordo com Bert Barickman (1988), o povoamento do Recôncavo entre finais do século XVIII e início do
XIX, do ponto de vista da distribuição, ainda era irregular. A maior parte da população se concentrava após a
margem direita do Paraguaçu, ao contrário, portanto, da região que compreendia Cruz das Almas e demais
localidades próximas. Em Notícia Geral de Toda Esta Capitania da Bahia, José Antônio Caldas (1759) calcula
um número de 2947 almas para a extensa Freguesia de Nossa Senhora do Desterro do Outeiro Redondo,
enquanto que, segundo o mesmo autor, a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário da Vila da Cachoeira possuía
cerca de 5814 almas. 17 No estudo da produção fumageira, é comum encontrar a alternância ou mesmo a simultaneidade entre a
plantação de fumo e a existência de outra cultura ou atividade econômica, conforme aponta Barickman (1988, p.
291-303). Ana Silva de Albuquerque (1774-1830), estudando a cultura de fumo no Recôncavo, aponta que, para
a freguesia do Outeiro Redondo, mais de 70% das propriedades se dedicavam à produção fumageira e a
mandioca, não encontrando referências sobre a combinação entre fumo e pecuária (SILVA, 2015, p. 62). 18 Pensando nas relações entre centro e periferia no mundo luso-brasileiro, Russell-Wood toma emprestado da
geografia os termos unlund, vorland e hinterland para tecer sua análise. Em relação a um determinado centro, a
hinterland corresponde a uma área mais distante, ampla, porém contígua e ligada ao núcleo central por meio de
relações econômicas e culturais (RUSSELL-WOOD, 1998, p.4; SOUSA, 2016, pp.100-101).
Referências documentais
OFFICIO do Padre José Nunes Cabral, parocho da Freguezia de N.S. do Desterro do Outeiro
Redondo, n oqual informa o Arcebispo acerca da seguinte petição, 03/05/ 1774, AHU –
Projeto Resgate – Bahia Eduardo de Castro e Almeida (1613-1807). Cx.46. Doc. 8632.
RELAÇÃO da Freguesia de Nossa Senhora do Desterro, sita no logar do Outeiro Redondo,
pelo vigário encommendado José da Costa Vale, 1757, AHU – projeto Resgate – Bahia
Eduardo de Castro e Almeida (1613-1807). Cx. 15. Doc. 2705.
REPRESENTAÇÃO dos moradores de moquém Maracazes, Andarahi, Rio das Contas e
Paraguaçu, em que pedem para lhes ser enviado um padre que ministrasse os sacramentos por
causa da enorme distância a que se achavam da sede da freguesia de N.S. do Desterro do
Outeiro Redondo, 3/05/ 1774, AHU – Projeto Resgate – Bahia Eduardo de Castro e Almeida
(1613-1807). Cx. 46. Doc. 8633.
REPRESENTAÇÃO do juiz de Fora, Vereadores e procurador da Câmara da vila de
Cachoeira ao rei [D. José], solicitando a urgência em se construir uma ponte no Rio Capivari,
que se localiza no termo da Vila. Refere as razões que levam a urgência da solicitação,
02/07/1766, AHU – Projeto Resgate – Bahia Avulsos (1604-1828). Cx. 156. Doc. 11936.
REQUERIMENTO do vigário da igreja matriz de Nossa Senhora do Desterro do Aporá José
da Costa Vale ao rei [D. João V] solicitando ordem para que se construa o prédio da referida
igreja matriz, 07/10/ 1745, AHU – projeto Resgate – Bahia Avulsos (1604 – 1828). Cx. 84.
Doc. 6851.
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Sites Consultados:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/cruz-das-almas/panorama
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/santo-antonio-de-jesus
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/sao-felipe/historico