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NOÇÕES DE DIREITO PENAL 1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL Princípio da Legalidade ou Reserva Legal Art. 5º, XXXIX da CF - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. A lei, em seu sentido mais restrito, emanada do Congresso nacional, pode definir crimes e cominar penas. Assim, um fato só poderá ser considerado crime quando estiver previsto expressamente na lei. Art. 22 da CF - Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; Com o princípio da legalidade, sob o enfoque da reserva legal, fica proibida a incriminação de fatos através dos costumes (direito consuetudinário), bem como a aplicação da analogia em prejuízo do autor do fato. Alguns autores fazem a distinção entre o “Princípio da Legalidade” e o “Princípio da Reserva Legal”, considerando que o primeiro é mais amplo, pois abrange várias espécies normativas (leis ordinárias, leis complementares, medidas provisórias...). Entretanto, em concurso público se consideram como expressões sinônimas os dois princípios. Princípio da Anterioridade da Lei Penal Art. 5º, XL da CF - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Vamos Gabaritar? 1. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre a aplicação da lei penal no tempo. a) Uma conduta só pode ser considerada crime se houver preceito legal anterior que assim a defina. b) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido antes do julgamento ainda que ao tempo da prática não existisse a citada lei. c) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido antes da prisão ainda que ao tempo da prática não existisse a citada lei. d) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido a qualquer tempo. e) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido mesmo após a declaração judicial de inexistência do tipo penal. Princípio da Individualização da pena Art. 5º, XLVI da CF - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; É aquele que determina que a pena será individualizada para cada autor do crime, levando-se em consideração o delito que cometeu e suas condições pessoais. Ocorrerá em três momentos: a) na cominação, quando o legislador estabelece a pena proporcional ao fato criminoso previsto em lei; b) na aplicação, na qual o juiz procederá à fixação da pena, levando-se em consideração as circunstâncias judiciais (art. 59, CP), dentro dos parâmetros mínimo e máximo descritos em abstrato; c) na execução, em que o juízo da execução penal e os órgãos penitenciários individualizarão a pena de acordo com a natureza do delito, o sexo do condenado, a idade, etc. Princípio da intranscendência da pena A pena deve ser aplicada apenas ao autor do fato. Art. 5º, XLV da CF - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos Legalidade Formal Obediência aos trâmites prodecimentais previstos na CF Material Conformidade da lei aos direitos e garantias constitucionais Lei Estrita proibida a analogia contra o réu Lei Escrita proibido o costume incriminador Lei Certa proibida a criação de tipos penais vagos e indeterminados Lei Prévia proibida a aplicação da lei penal incriminadora a fatos praticados antes da sua vigência

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO

DIREITO PENAL Princípio da Legalidade ou Reserva Legal Art. 5º, XXXIX da CF - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

A lei, em seu sentido mais restrito,

emanada do Congresso nacional, pode definir crimes e cominar penas. Assim, um fato só

poderá ser considerado crime quando estiver previsto expressamente na lei. Art. 22 da CF - Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e

do trabalho;

Com o princípio da legalidade, sob o enfoque da reserva legal, fica proibida a

incriminação de fatos através dos costumes (direito consuetudinário), bem como a aplicação da analogia em prejuízo do autor do fato.

Alguns autores fazem a distinção entre o

“Princípio da Legalidade” e o “Princípio da Reserva Legal”, considerando que o primeiro é mais

amplo, pois abrange várias espécies normativas (leis ordinárias, leis complementares, medidas

provisórias...). Entretanto, em concurso público se consideram como expressões sinônimas os

dois princípios.

Princípio da Anterioridade da Lei Penal Art. 5º, XL da CF - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Vamos Gabaritar?

1. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa

correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre a aplicação da lei penal

no tempo.

a) Uma conduta só pode ser considerada crime se houver preceito legal anterior que assim a defina.

b) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido antes do julgamento ainda

que ao tempo da prática não existisse a citada lei. c) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido antes da prisão ainda que

ao tempo da prática não existisse a citada lei. d) Uma conduta é considerada crime se for criada

norma nesse sentido a qualquer tempo. e) Uma conduta é considerada crime se for criada

norma nesse sentido mesmo após a declaração judicial de inexistência do tipo penal.

Princípio da Individualização da pena

Art. 5º, XLVI da CF - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

É aquele que determina que a pena será

individualizada para cada autor do crime, levando-se em consideração o delito que cometeu

e suas condições pessoais.

Ocorrerá em três momentos:

a) na cominação, quando o legislador estabelece a pena proporcional ao fato criminoso previsto em

lei; b) na aplicação, na qual o juiz procederá à

fixação da pena, levando-se em consideração as circunstâncias judiciais (art. 59, CP), dentro dos parâmetros mínimo e máximo descritos em

abstrato; c) na execução, em que o juízo da execução

penal e os órgãos penitenciários individualizarão a pena de acordo com a natureza do delito, o sexo

do condenado, a idade, etc.

Princípio da intranscendência da pena

A pena deve ser aplicada apenas ao autor do fato. Art. 5º, XLV da CF - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de

reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos

Legalidade

FormalObediência aos trâmites prodecimentais previstos

na CF

MaterialConformidade da lei aos

direitos e garantias constitucionais

Lei Estrita

proibida a analogia contra o réu

Lei Escrita

proibido o costume incriminador

LeiCertaproibida a criação de tipos

penais vagos e indeterminados

Lei Prévia

proibida a aplicação da lei penal incriminadora a fatos praticados

antes da sua vigência

Noções de Direito Penal

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sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Observação: Os herdeiros respondem (obrigação de reparar o dano e a decretação do

perdimento de bens) até o limite da herança.

Princípio da limitação das penas ou da humanidade

Art. 5º, XLVII, da CF - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados;

d) de banimento; e) cruéis;

Princípio da presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade

O réu é inocente, até que o acusador

prove sua culpa. Sendo a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada

através de recurso. Art. 5º, LVII da CF - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal

condenatória;

Princípio da Fragmentariedade O Direito Penal não deve tutelar todos os

bens jurídicos da sociedade, mas só aqueles mais relevantes para a sociedade e, mesmo assim,

somente em relação aos ataques mais intoleráveis.

Princípio da Subsidiariedade

O Direito Penal deve atuar somente

quando insuficientes às outras formas de controle social, de forma subsidiária (Direito Penal de ultima ratio).

Princípio da Insignificância

Como veremos a seguir, a doutrina

defende que o crime é formado por três elementos: Fato típico + Ilicitude + Culpabilidade

(conceito tripartido de crime). Na análise do primeiro elemento (fato típico), deve-se observar

a tipicidade material, a tipicidade formal e a tipicidade subjetiva.

Portanto, se afastarmos a tipicidade em seu aspecto material incide o princípio da

insignificância ou bagatela.

Consoante entendimento do STF, o princípio da insignificância – que deve ser

analisado em conexão com os postulados da

fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal – tem o sentido de

excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter

material. Quatro são os requisitos objetivos para a

aferição do relevo material da tipicidade penal: a) mínima ofensividade da conduta do agente;

b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do

comportamento; d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Discute-se, ainda, nos Tribunais

Superiores, se há a necessidade de um requisito subjetivo, qual seja, não ser o réu reincidente,

portador de maus antecedentes ou criminoso habitual.

Vamos Gabaritar?

2. (Promotor de Justiça-MPSP) Em relação ao

princípio da insignificância ou de bagatela, assinale a alternativa incorreta:

a) seu reconhecimento exclui a tipicidade,

constituindo-se em instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.

b) somente pode ser invocado em relação a fatos que geraram mínima perturbação social. c) sua aplicação não é prevista no Código Penal,

mas é amplamente admitida pela doutrina e jurisprudência.

d) somente tem aplicabilidade em crimes contra o patrimônio.

e) exige, para seu reconhecimento, que as consequências da conduta tenham sido de

pequena relevância.

A LEI PENAL NO TEMPO A regra é a de que a lei penal tem

vigência desde sua entrada em vigor até quando não for revogada por outra lei posterior. Os fatos

praticados serão regulados pela lei penal que estiver em vigor no momento de sua prática.

Assim, a lei penal que está em vigor regula todos os fatos que ocorrerem durante esse período. Tal

princípio cederá diante lei posterior mais favorável, que retroagirá para beneficiar o réu.

tipcidade

formal

adequação do fato ao tipo penal

tipicidade

material

análise do desvalor da conduta e da lesão causada

ao bem jurídico

tipiciadade

subjetiva

dolo e elmentos subjetivos especiais

Noções de Direito Penal

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Desta forma, é necessário saber qual o momento em que o crime considera-se praticado.

Temos três teorias para explicar o tempo do crime:

a) teoria da atividade, segundo a qual tempo

do crime é o momento da prática da conduta (ação ou omissão), independentemente da ocorrência do resultado;

b) teoria do resultado, pela qual o crime considera-se praticado no momento da ocorrência

do resultado; e c) teoria da ubiqüidade, segundo a qual tempo do

crime é tanto o momento do cometimento da conduta quanto o da ocorrência do resultado.

O Código Penal Brasileiro adotou a Teoria

da Atividade, constante no art. 4º, onde o crime considera-se praticado no momento da ação ou omissão, independentemente do resultado.

Art. 4º do CP - Considera-se praticado o crime no

momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Segundo o art. 5º, XL, da Constituição Federal “A lei penal não retroagirá, salvo para

beneficiar o réu”. Em sintonia com a Constituição Federal, o

CP em seu parágrafo único estabelece “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o

agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença transitada em julgado”.

irretroatividade da lei mais severa – a lei

penal mais severa nunca retroage para prejudicar o réu;

retroatividade da lei mais benigna – a lei

penal mais benéfica sempre retroage em favor do réu.

Se uma conduta tiver sido praticada

durante a vigência de uma determinada lei e esta for posteriormente modificada por outra lei (lei

nova), poderá surgir um conflito de leis penais no tempo.

A nova lei penal, dependendo do seu conteúdo, possui as seguintes espécies:

Abolitio criminis: É a lei nova que revoga um tipo penal. Nessa situação a lei nova deve

retroagir para beneficiar o réu, alcançando até mesmo os fatos definitivamente julgados.

Entretanto, os efeitos civis da sentença condenatória permanecerão (por exemplo, a

obrigação de reparar o dano);

Novatio legis in mellius: É a nova lei que, mantendo a incriminação do fato, beneficia a

situação do réu, mesmo que já tenha sido proferida uma sentença condenatória transitada em julgado. (por exemplo, imposição de pena

menos rigorosa, novas hipóteses de extinção de

punibilidade etc.) Nessa situação a lei nova também deve retroagir para beneficiar o réu,

mesmo que haja coisa julgada;

Novatio legis in pejus: É a lei nova que, mantendo a incriminação do fato, agrava a

situação do réu. (por exemplo, aumento da quantidade da pena, imposição de um regime de cumprimento de pena mais rigoroso etc.) Nessa

situação a lei não poderá retroagir para prejudicá-lo (princípio da irretroatividade da lei

mais severa);

Novatio legis incriminadora: É a lei nova que cria um novo tipo penal, ou seja, incrimina uma

conduta anteriormente considerada irrelevante. Nessa situação a lei não poderá retroagir para

alcançar os fatos praticados antes do início de sua vigência.

Leis Penais temporárias

São aquelas que possuem período de vigência estabelecido previamente na lei, a qual

descreve final de sua vigência.

Leis Excepcionais

São aquelas cuja vigência perdura enquanto persistirem as circunstâncias que

determinaram sua criação, isto é, cessam com o término da situação excepcional que autorizou sua entrada em vigor, a exemplo de calamidade

pública, guerras, revoluções, epidemias, etc. Em relação a eficácia das leis penais

temporárias e excepcionais vigora o princípio da utra-atividade.

Assim, mesmo após a perda da sua vigência (revogação), as leis penais temporárias e

excepcionais continuam a ser aplicadas aos fatos ocorridos durante o período em que esteve em

vigor.

A LEI PENAL NO ESPAÇO

O Código Penal, em seu art. 6º, adotou a

teoria da ubiquidade para definir o lugar do crime, em razão da qual se considera praticado o

crime no local da ação ou omissão, bem como no lugar onde ocorreu ou deveria ocorrer o

resultado. Nos termos do princípio da

territorialidade, há de ser aplicada a lei penal pátria em relação aos crimes praticados em território nacional, independentemente da

nacionalidade do agente ou do bem jurídico afetado.

Art. 5º do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem

prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

Noções de Direito Penal

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O território nacional é constituído pela superfície terrestre (solo e subsolo), as águas

territoriais e o espaço aéreo correspondente. Consideram-se ainda como território

(extensão do território), conforme o § 1º, do art. 5º, do CP, as embarcações e as aeronaves

brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem e as aeronaves e embarcações brasileiras

mercantes ou de propriedade privada que se achem no espaço aéreo internacional ou em alto-

mar. Ademais, conforme o disposto no § 2º, do

art. 5º, do CP, “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de

aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em

pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”.

Portanto, a regra esculpida no CP é da aplicação do princípio da territorialidade.

Excepcionalmente, estabelece algumas situações em que será aplicada a lei penal brasileira a

crimes praticados fora do território brasileiro. Neste ponto, o ordenamento jurídico-penal adota

o princípio da extraterritorialidade.

Extraterritorialidade incondicionada: Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do

Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de

economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a

seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

Extraterritorialidade condicionada:

Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira,

embora cometidos no estrangeiro: II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se

obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações

brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam

julgados.

Nestes crimes, a aplicação da lei brasileira

depende do concurso das seguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi

praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a

punibilidade, segundo a lei mais favorável. O § 3º dispõe sobre outra hipótese de

extraterritorialidade condicionada:

- crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. Nesta situação, além das

condições previstas no parágrafo § 2º, deve-se ainda observar se:

a) não foi pedida ou negada sua extradição;

b) houve requisição do Ministério da Justiça.

Vamos Gabaritar?

3. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa

INCORRETA considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre o crime

de homicídio.

a) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, ao crime cometido no território

nacional. b) Considera-se praticado o crime no lugar em

que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

c) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de tratados, ao crime cometido no território

nacional. d) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de

regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

e) Aplica-se a lei brasileira, afastando-se convenções, tratados e regras de direito

internacional, ao crime cometido no território nacional.

Contagem de Prazo Penal Art. 10 do CP - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e

os anos pelo calendário comum.

No prazo penal, o dia do começo inclui-se

no cômputo do prazo. Assim, se uma pena começa a ser cumprida às 23h30, os 30 minutos

restantes serão contados como sendo o 1º dia. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo

calendário comum. Além disso, os prazos penais são

improrrogáveis, de modo que se o prazo termina num sábado, domingo ou feriado, estará ele

encerrado.

Noções de Direito Penal

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Frações não computáveis da Pena Art. 11 do CP - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro

O Real é a unidade monetária nacional,

devendo ser desprezados os centavos.

Legislação Especial Art. 12 do CP - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.

Esse dispositivo consagra a aplicação

subsidiária das normas gerais do direito penal à legislação especial, desde que esta não trate o

tema de forma diferente.

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

Interpretar é buscar o sentido e alcance da

lei.

Interpretação quanto à origem ou quanto ao sujeito.

a) Autêntica ou Legislativa: realizada pelo próprio

legislador. Pode ocorrer no próprio texto da lei ou mediante uma lei editada posteriormente à

norma em que se dará a devida interpretação. b) Judiciário ou jurisprudencial: realizadas pelos

juízes ou tribunais ao aplicar a norma aos casos concretos.

c) Doutrinária: realizada pelos doutrinadores.

Interpretação quanto aos meios

a) Gramatical ou Literal: verifica-se o significado

literal das palavras, mediante o emprego de meios gramaticais e etimológicos (origem da palavra).

b) Lógica: busca o sentido da lei utilizando o

raciocínio dedutivo.

c) Teleológica: busca a finalidade da lei.

d) Sistemática: investiga a coerência entre a lei interpretada e as demais leis que compõe o

sistema. e) Histórica: analisa-se a sociedade da época da

elaboração da lei, a justificativa apresentada no projeto de lei, as discussões parlamentares...

Interpretação quanto ao resultado

a) Declarativa: a letra da lei corresponde ao seu

significado ou sentido.

b) Restritiva: a letra da lei diz mais que o seu real sentido. O alcance da lei deve ser restritivo para

alcançar sua vontade. c) extensiva: a letra da lei diz menos que sua

vontade. Assim, o alcance da lei deve ser ampliado para alcançar sua vontade.

Interpretação analógica

É quanto a lei contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula

genérica. Ex: Bom exemplo de homicídio torpe é o

praticado mediante paga ou promessa de recompensa.

Esta interpretação é possível no Brasil, inclusive contra o réu.

Analogia

Nesse caso, partimos do pressuposto de que não existe lei a ser aplicada ao caso

concreto, motivo pelo qual o intérprete socorresse daquilo que o legislador previu para

outro similar. A Analogia em relação às leis penais

incriminadoras é vedada por força do princípio da legalidade, porém é possível sua utilização em

relação às leis penais não-incriminadoras.

INFRAÇÃO PENAL: ESPÉCIES

É uma conduta humana que ofende um

bem jurídico penalmente protegido por lei, que resulta numa pena (reclusão, detenção, prisão

simples ou multa).

O Direito Penal Brasileiro adotou a teoria bipartida, dividindo infração penal em Crime e

Contravenção Penal.

Crime e contravenção é a mesma coisa na sua essência, o que diferem é a pena privativa de liberdade.

Crime: Pena privativa de Reclusão, Detenção e

Multa.

Contravenção: Prisão Simples e Multa

Veremos: Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente

com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa

ou cumulativamente. Lei de introdução do Código Penal (decreto-lei n. 2.848, de 7-12-940) e da Lei

das Contravenções Penais (decreto-lei n. 3.688, de 3 outubro de 1941).

Noções de Direito Penal

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Crime: É toda ação humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico de alguém. (Conceito

Material)

Crime é toda infração penal, a quem a lei comina pena de reclusão ou detenção. (Conceito Formal

ou legal) Crime é todo fato típico, ilícito e culpável.

(Conceito Analítico – Teoria Tripartida)

Homicídio Simples Art. 121 - Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Contravenção Penal: São infrações penais que

tutelam bens jurídicos menos relevantes para a sociedade.

Art. 19 - Trazer consigo arma fora de casa ou de

dependência desta, sem licença da autoridade: Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a três contos

de réis, ou ambas cumulativamente.

Diferenças entre Crime e Contravenção

Crime Contravenção

A tentativa é punível A tentativa não é

punível1

Gera reincidência Não gera reincidência Tempo máximo de

cumprimento da pena é de 30 anos.

Tempo máximo de

cumprimento da pena é de 5 anos.

Aplica a extraterritorialidade

NÃO se Aplica a extraterritorialidade

Possibilidade de Quebra

do Sigilo Telefônico2

Impossibilidade de Quebra do Sigilo

Telefônico

Ação Pública e Privada Ação Pública

Incondicionada

Vamos Gabaritar?

4. (FMP – 2012- TJ-AC) Assinale a alternativa

correta.

a) O conceito de infração penal é mais amplo do que o conceito de crime.

b) O conceito de infração penal coincide com o conceito de delito. c) O conceito de infração penal coincide com o

conceito de crime. d) O conceito de infração penal é menos amplo

do que o conceito de crime.

1 Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. Lei das

Contravenções Penais. 2 Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: (...) III - o fato investigado constituir

infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.

5. (PM-MG – 2018) Marque a alternativa CORRETA acerca das espécies de penas previstas

no Código Penal Brasileiro:

a) Privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa.

b) Privativas de liberdade, restritivas de direitos e de morte. c) Restritivas de direito, privativas de liberdade e

suspensão condicional da pena. d) Restritivas de direito, de multa e suspensão

condicional do processo.

SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL

Sujeito Ativo

Sujeito ativo do crime é aquele que direta ou indiretamente pratica a conduta descrita na

lei. Abrange o autor (aquele que realiza a conduta tipificada), o co-autor (aquele que, embora não

realizando a conduta tipificada, ajuda de forma determinante para que ela aconteça) e o partícipe

(aquele que realiza conduta secundária, porém que influencia no delito).

Obs.: Apesar de divergência doutrinária acerca da

possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo de crime, a maioria da doutrina entende que a CF

prevê a sua responsabilidade penal, sem prejuízo da responsabilização de seus dirigentes, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira

e contra a economia popular (art. 173, § 5º) e nas condutas e atividades consideradas lesivas ao

meio ambiente (art. 225, § 3º).

Sujeito Passivo

É o titular do bem jurídico lesado ou exposto a perigo de lesão pela conduta criminosa.

Pode ser a pessoa humana, a pessoa jurídica, o Estado, a coletividade...

Divide-se em:

a) formal: será sempre o Estado que tem suas leis penais violadas;

b) material: é o titular do bem juridicamente tutelado;

TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE,

PUNIBILIDADE Tipicidade é o enquadramento da

conduta praticado na realidade fática em um tipo penal. Já tipo penal é a descrição abstrata da

ação proibida ou imposta. É o modelo de conduta incriminada. É o conjunto de elementos que

descrevem um crime determinado. Segundo a doutrina majoritária no Brasil,

o conceito de crime, sob o enfoque analítico é um fato típico, ilícito e culpável. Nas linhas a seguir

Noções de Direito Penal

7

vamos falar de forma individual sobre cada um desses elementos integrantes do crime.

CRIME

Fato Típico

Conduta Resultado

Nexo Causal Tipicidade - Tipicidade Objetiva (Formal +

material) - Tipicidade Subjetiva.

Ilicitude

Culpabilidade

1. Imputabilidade 2. potencial consciência da

ilicitude 3. exigibilidade de conduta diversa

a) FATO TÍPICO

Fato típico é o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do

modelo incriminador previsto na lei penal.

É composto dos seguintes elementos:

1 - conduta humana dolosa ou culposa; 2 - resultado; 3 - nexo causal entre a conduta e o resultado;

4 - tipicidade.

CONDUTA HUMANA

A conduta humana é o comportamento humano consistente em ação ou omissão

dirigida a uma finalidade. De acordo com o CP só haverá conduta típica se ela for praticada com

dolo ou culpa, com base na teoria finalista da ação.

Formas de conduta:

ação: é a atuação positiva; é o fazer ou agir; omissão: é a abstenção do comportamento

exigido; é um não-fazer quando havia a obrigação de agir.

A omissão só terá relevância para o direito

penal quando o omitente tiver o dever jurídico de agir ou houver previsão legal incriminadora da conduta omissiva.

Desta forma, a omissão só será punível

quando o omitente se abstiver de uma conduta que era exigida pela lei, a qual concretamente

poderia e deveria ter sido feita, e quando existir um tipo penal incriminadora que descreva a

conduta omissiva.

Nos crimes omissivos próprios existe a expressa previsão legal da conduta omissiva, de

modo que o agente que se abstém da prática do comportamento exigido, sua conduta amolda-se

diretamente ao tipo penal incriminador.

Exemplos: Omissão de Socorro

Art. 135 do CP - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança

abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da

autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Abandono Intelectual

Art. 246 do CP - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Prevaricação Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,

indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

A consumação ocorre no momento em que o agente se omite de praticar a conduta

exigida, não exigindo-se a ocorrência de qualquer resultado naturalístico.

Nos crimes omissivos impróprios ou

comissivos por omissão não há descrição típica da conduta omissiva, esta se enquadra no tipo penal

incriminador por força da norma extensiva prevista no art. 13, § 2º, do CP, que amplia o

alcance da descrição legal do crime fazendo abranger o comportamento omissivo. Aqui o

omitente tem o dever jurídico de impedir o resultado. Todavia, somente as pessoas que se enquadram nas situações descritas no § 2º do

art. 13, chamadas de garantidoras, têm esse dever especial de proteção, de modo que se se

omitirem de realizar a conduta esperada, responderão pelo crime na modalidade omissiva.

Exemplo: bombeiro que vê um banhista se

afogando e não faz nada, responde por homicídio por omissão.

Art. 13 do CP § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o

omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de

impedir o resultado;

Noções de Direito Penal

8

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Nos crimes comissivos por omissão a consumação somente ocorrerá com a produção

do resultado naturalístico.

RESULTADO

O resultado do crime deve ser estudado sob dois enfoques: naturalístico e jurídico.

Resultado naturalístico é a modificação do mundo exterior provocada pela prática da conduta

criminosa, por exemplo, a morte no homicídio, a subtração da coisa no furto. Já resultado jurídico

constitui a lesão efetiva ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico tutelado pela lei penal, assim, é a ofensa a vida ao patrimônio, a

liberdade. Agora, veja que nem todo crime produz resultado naturalístico, mas todos

provocam resultado jurídico.

NEXO DE CAUSALIDADE

É o liame entre a conduta e o resultado. É imprescindível o nexo causal para que se possa

imputar o resultado ao autor da conduta, pois se este ocorreu por causa diversa, e não da conduta, não poderá ser atribuído ao agente. É o que

determina o art. 13 do CP ao prevê “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é

imputável a quem lhe deu causa”. A análise do nexo de causalidade só se faz

necessária em relação aos crimes materiais, pois exigem a ocorrência de um resultado naturalístico

para sua consumação. O CP, em seu art. 13, adotou a teoria da

equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua non. Segundo essa teoria considera-se causa a ação ou omissão sem a qual

o resultado não teria ocorrido. Isto significa que todos os fatos que antecederam a produção do

resultado se equivalem, e são considerados sua causa. Segundo o CP “Considera-se causa a ação

ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido” (art. 13, caput, parte final).

Todavia, a verificação dos fatos antecedentes que são considerados causa do

resultado não pode ser feita uma regressão ad infinitum, sendo necessária a causalidade subjetiva (dolo ou culpa) nas condutas praticadas

no processo de desdobramento causal da ocorrência do delito. Daí, o dolo e a culpa limitam

a regressão, só sendo considerada típica e, portanto, causa do resultado, a conduta do

agente que tem consciência e vontade na produção do evento criminoso.

Doravante, pode ocorrer durante o desdobramento causal do fato criminoso a

existência de outro evento (causa) que contribua (causa relativamente independente) ou produza,

por si só (causa absolutamente independente), o resultado. Assim, é possível que ocorra uma

segunda causa que determine a ocorrência do resultado.

Essas causas podem ser absolutamente ou relativamente independes, e podem ocorrer antes

(pré-existentes), ao mesmo tempo (concomitantes) e depois (supervenientes) da

prática da conduta do agente. As causas absolutamente independentes

são aquelas que surgem e, por si mesmas, são

aptas a produzir o resultado, mesmo que não tivesse sido praticada qualquer conduta pelo

agente. Afasta o nexo de causalidade e o agente só responderá pelos atos anteriores.

Causas relativamente independentes são

aquelas que não possuem força, por si sós, de produzirem o resultado. Na verdade, auxiliam a

conduta do agente para produção do resultado, ou seja, somente produzirão o resultado se forem conjugadas com a conduta do agente. Como

regra, a causa relativamente independente não afasta no nexo causal, de modo que o agente

responderá pelo resultado. Todavia, disciplina o § 1º, do art. 13 do CP que a causa relativamente

independente superveniente, quando por si só produziu o evento, exclui a imputação do

resultado ao agente. Veja o disposto na lei: art. 13, § 1º “A superveniência de causa

relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos

anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”.

TIPICIDADE

Tipicidade penal é o enquadramento legal da conduta praticada à descrição legal do crime,

previsto no tipo penal. Atualmente, não podemos mais enxergar a tipicidade sob seu aspecto

formal, como a mera subsunção do fato humano com o tipo penal, uma simples comparação

objetiva entre o tipo e a conduta humana praticada. Assim, para existir tipicidade o comportamento humano deve ter sido praticado

dolosa ou culposamente, e deve produzir dano socialmente relevante.

CRIME CONSUMADO (art. 14, I, CP)

Estará consumado o crime quando o tipo

penal estiver inteiramente realizado. Portanto, o fato delituoso que contiver todos os elementos de

sua definição legal será considerado consumado. Para a consumação do crime o agente

percorre o chamado iter criminis (caminho do

crime), ou seja, as fases que o agente percorre até à consumação do crime, consistente nas

seguintes fases:

Cogitação: o agente somente está pensando, idealizando, planejando a prática do crime. Nessa

fase o crime é impunível.

Noções de Direito Penal

9

Preparação: é a prática dos atos necessários ao início da execução. Não existe fato típico ainda,

salvo se o ato preparatório constituir crime autônomo.

Execução: começa a agressão ao bem jurídico.

Nessa fase, o agente inicia a realização do núcleo do tipo e o crime já se torna punível. A execução está ligada ao verbo de cada tipo. Quando o

agente começa a praticar o verbo do tipo, inicia-se a execução.

Não se deve confundir consumação do crime com

o exaurimento (ocorrência de resultado não importante para consumação do crime), que

ocorre depois de consumado o delito.

TENTATIVA (art. 14, II, CP)

O crime será tentado, quando iniciada a

execução, não houver consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Veja

que só poderemos falar em tentativa quando houver início da execução do delito. Essa

circunstância poderá ser um ato humano ou um fato (ocorrência natural ou não humana).

Quanto ao iter criminis percorrido:

IMPERFEITA OU INACABADA: o agente é

impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar todos os atos executórios à sua disposição.

Não consegue executar todos os atos que pretendia.

PERFEITA OU ACABADA OU CRIME FALHO: o

agente, apesar de esgotar os atos executórios à sua disposição, não consegue consumar o crime

por circunstâncias alheias à sua vontade. Tudo o que o agente pretendia fazer, fez.

Mas mesmo assim não conseguiu consumar o crime.

Quanto ao resultado produzido na vítima:

TENTATIVA CRUENTA OU VERMELHA: A

vítima é atingida. Há efetiva lesão.

TENTATIVA INCRUENTA OU BRANCA: A vítima não é atingida. Não há lesão efetiva, pois o

golpe não atinge o corpo da vítima.

Quanto à possibilidade de alcançar o

resultado:

TENTATIVA IDÔNEA: O resultado era possível de ser alcançado.

TENTATIVA INIDÔNEA OU CRIME OCO OU QUASE CRIME OU CRIME IMPOSSÍVEL: O

resultado era absolutamente impossível de ser alcançado.

Infrações penais que não admitem tentativa

CRIME CULPOSO: O agente não tem dolo de

consumação. Falta o terceiro elemento da tentativa: dolo de consumação.

CRIME PRETERDOLOSO: Quanto ao resultado agravante, o agente NÃO tem dolo de realização.

Mas o dolo existe no antecedente.

Ex.: aborto qualificado pela morte da gestante. O aborto é um antecedente doloso e a morte um

subsequente culposo.

Vamos Gabaritar?

6. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre consumação e

tentativa do crime.

a) O crime é consumado quando lhe faltar apenas um dos elementos de sua definição legal.

b) O crime é tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias

alheias à vontade do agente. c) O crime é consumado quando lhe faltar menos

da metade dos elementos de sua definição legal. d) O crime é tentado, quando, antes de iniciada a

execução, não há prosseguimento por circunstâncias alheias à vontade do agente e) O crime é consumado, quando, iniciada ou não

a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.

CONTRAVENÇÃO PENAL: O art. 4º, da LCP diz

que não se pune a tentativa.

CRIME DE ATENTADO: A tentativa é punida com a mesma pena da consumação.

CRIME HABITUAL: Ou existe reiteração de atos e o delito está consumado, ou temos um só ato e

o fato é atípico. Ex: Exercício ilegal de medicina. Ou se pratica

dois ou mais atos desse crime para se caracterizar o “crime habitual” ou o crime será

atípico.

CRIME UNISSUBISTENTE: A execução não admite fracionamento.

Ex.1: delito omissivo puro. Ex.2: delito de mera conduta.

CRIMES QUE SÓ SÃO PUNÍVEIS QUANDO HÁ DETERMINADO RESULTADO: Ou ocorre o

resultado e o crime está consumado, ou não ocorre e o que se tem é fato atípico.

Ex.: art. 122, CP. Participação em suicídio. Ou ocorre a morte e o fato está consumado, ou não

ocorre e o fato é atípico.

Noções de Direito Penal

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Punibilidade da tentativa (art. 14, parágrafo único, CP)

Aplica-se à tentativa a pena

correspondente ao crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3. O percentual da redução terá por

fundamente a extensão do iter criminis percorrido pelo agente, de modo que quanto mais se aproximar da consumação, menor será a

diminuição, e vice-versa.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15 do CP - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que

o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA Art. 15, 1ª parte do CP

O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (...) só responde pelos

atos já praticados. Conceito: O sujeito ativo abandona a

execução do crime quando ainda lhe sobra, do ponto de vista objetivo, uma margem de ação.

Por isso, tentativa abandona. TENTATIVA SIMPLES

(14, II)

DESISTÊNCIA

VOLUNTÁRIA Início da execução;

Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Dolo de consumação. Na tentativa simples,

o agente quer prosseguir, mas não

pode.

Início da execução;

Não consumação por circunstâncias inerentes à vontade do agente.

Agente abandona a execução.

Na desistência, o agente pode

prosseguir, mas não quer.

Consequências: Em regra, diminuição

de pena de 1/3 a 2/3.

Consequências: O agente só responde

pelos atos já praticados.

Ex.: Pulei muro de casa, coloquei mão na maçaneta do automóvel, fui surpreendido e

preso. É um caso de tentativa simples. Respondo pela pena do furto reduzida de 1 a 2/3.

Ex.: Imagine agora que depois de pôr a mão na maçaneta do automóvel eu desisto. Respondo só

pela violação de domicílio, já que tomou a intimidade do imóvel. Não responderá, no

exemplo, por tentativa de furto.

ARREPENDIMENTO EFICAZ OU

RESIPISCÊNCIA

Art. 15, 2ª parte do CP

Conceito: O sujeito ativo, desejando retroceder

na atividade delituosa percorrida, desenvolve nova conduta, após terminada a execução,

evitando o resultado naturalístico.

OBS: Não cabe arrependimento eficaz nos

crimes formais ou de mera conduta, pois, nesses casos, ao esgotar a execução, o crime está

consumado. Só é possível arrependimento eficaz em crimes materiais.

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, (...)

impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

ARREPENDIMENTO EFICAZ

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA

Início da execução;

Não consumação por

circunstâncias inerentes à vontade do agente.

Agente abandona dolo de consumação.

Agente pode prosseguir,

mas não quer.

Início da execução;

Não consumação

por circunstâncias inerentes à vontade

do agente.

Agente abandona dolo de consumação.

Agente pode prosseguir, mas não

quer.

Momento do propósito

criminoso:

CAPEC.

Ele esgota atos executórios, mas, após o

término, busca evitar o resultado.

Momento do

propósito criminoso:

CAPEC.

Ele abandona quando ainda tem atos

executórios a serem praticados. Ou seja,

o agente NÃO termina os atos

executórios.

Consequências:

O agente só responde

pelos atos já praticados.

Consequências:

O agente só responde

pelos atos já praticados.

ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Art. 16 do CP - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou

da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

É uma causa geral de diminuição de pena, posterior à consumação. Pressupõe a

consumação.

CRIME IMPOSSÍVEL

Art. 17 do CP - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta

impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Noções de Direito Penal

11

TENTATIVA SIMPLES CRIME IMPOSSIVEL

Início da execução. Início da execução.

Não consumação por circunstâncias alheias à

vontade do agente.

Não consumação por circunstâncias alheias à

vontade do agente.

Dolo de consumação. Dolo de consumação.

Resultado POSSÍVEL de ser alcançado.

Resultado IMPOSSÍVEL de ser alcançado.

INIDONEIDADE ABSOLUTA DO MEIO: Falta potencialidade causal, pois os instrumentos

utilizados pelo agente são ineficazes em qualquer hipótese para a produção do resultado.

Ex.: praticar abortamento pode meio de rezas; o agente quer envenenar a vítima, se confunde e

acaba colocando açúcar no café ao invés de veneno; o agente quer matar os passageiros de

um avião e tenta derrubá-lo com uma pedra.

INIDONEIDADE ABSOLUTA DO OBJETO: A pessoa ou coisa que representa o ponto de

incidência da ação não serve à consumação do delito.

Ex.: atirar contra cadáver, praticar abortamento em mulher que supõe-se grávida.

Vamos Gabaritar?

7. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa correta considerando os preceitos normativos e

doutrinários básicos sobre a figura jurídica específica que denomina a situação em que não

se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

a) Crime irreal

b) Crime consumado c) Crime hediondo

d) Crime impossível e) Crime famélico

8. (IBFC – 2017 – PMBA) Analise a alternativa

correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre Desistência voluntária e arrependimento eficaz.

a) O agente que, voluntariamente, desiste de

prosseguir na execução responde pelo crime consumado.

b) O agente que, voluntariamente, impede que o resultado se produza, responde pelo crime

consumado. c) O agente que, voluntariamente, desiste de

prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

d) Nos crimes cometidos com violência, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento

da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida à metade.

e) Nos crimes cometidos com grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até

o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de

dois terços a três quartos.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES

QUANTO AO SUJEITO QUE PRATICA A CONDUTA:

Crime Comum – é aquele que pode ser

praticado por qualquer pessoa, não se exigindo qualquer qualidade ou condição pessoal do

agente. Ex.: Homicídio, roubo, estelionato, etc.

Crime Próprio – é aquele que só pode ser cometido por determinada categoria de pessoas, em razão de condição ou qualidade especial do

agente. Assim, só pede ser praticado pelos sujeitos descritos expressamente no tipo penal.

Ex.: peculato, não comunicação de doença contagiosa

Crime de mão Própria ou de atuação pessoal

– é aquele que só pode ser praticado por pessoa única e determinada, i. e., só pode ser cometido

pelo sujeito em pessoa, jamais podendo ser praticado por intermédio de outrem. Inadmite-se

co-autoria, mas pode ocorrer participação. Ex.: falso testemunho e falsa perícia (art. 342, CP). QUANTO AO RESULTADO:

Crime material – é aquele que apresenta uma

modificação no mundo exterior, em que o tipo penal menciona a conduta e o resultado exigindo

a ocorrência deste para a consumação. Ex. homicídio, aborto, roubo.

Crime formal – é aquele em que o tipo

menciona a conduta e o resultado, mas não exige a produção deste para sua consumação. Daí, dizer que constitui crime de consumação

antecipada, pois considera-se consumado no momento da conduta, sendo o resultado

naturalístico mero exaurimento do delito. Ex.: calúnia, difamação, extorsão.

Crime de mera conduta – é aquele que não

exige um resultado para sua consumação; o tipo penal só descreve a conduta criminosa. Ex.:

violação de domicílio, desobediência. QUANTO A DURAÇÃO DO MOMENTO

CONSUMATIVO:

Crime instantâneo – é aquele em que a consumação ocorre em momento único e

determinado. Ex.: ameaça verbal, injúruia.

Crime permanente – é aquele em que o momento consumativo se prolonga no tempo,

Noções de Direito Penal

12

pois a situação danosa ou perigosa decorrente da conduta criminosa se protrai no tempo.

Caracteriza-se pelo fato de a consumação ser encerrada por vontade do agente. Ex: sequestro,

extorsão mediante sequestro, redução à condição análoga a de escravo.

Crime instantâneo de efeitos permanentes – é aquele em que a consumação se dá em único e

determinado momento, mas seus efeitos perduram no tempo, sendo que a permanência

destes efeitos não depende da vontade do agente. Ex: homicídio.

QUANTO AO FRACIONAMENTO DA CONDUTA:

Crime unissubsistente – é aquele que se

consuma com um só ato, não admitindo o fracionamento em vários atos, verificando-se em momento único. Não admite tentativa. Ex: injúria

verbal

Crime plurissubsistente – é aquele que se perfaz com vários atos. Admite tentativa. Ex:

estelionato, infanticídio.

QUANTO A OMISSÃO:

Crime omissivo próprio – é o que se perfaz com a simples abstenção da realização de um ato

independentemente da ocorrência de um resultado posterior. A conduta omissiva é descrita expressamente no tipo penal. Ex: omissão de

socorro (art. 139, CP).

Crime omissivo impróprio (comissivo por omissão) – é aquele em que o agente mediante

uma omissão permite a produção de um resultado posterior que está obrigado por lei a

evitar. A simples omissão, por si só, não constitui crime, sendo necessário a ocorrência de um

resultado criminoso decorrente da abstenção do agente. Neste caso, a conduta negativa do agente amolda-se ao tipo penal por extensão, em razão

da aplicação do art. 13, § 2º, do CP. Ex: mãe que mata o filho mediante privação de alimentos.

CRIME DOLOSO (art. 18, I, CP)

Estabelece o art. 18, I, do CP: “Diz-se o

crime: I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.

Dolo é o requisito subjetivo do tipo penal, consistente na consciência e vontade em realizar a conduta incriminada. Toda vez que o sujeito

ativo quiser determinado resultado o crime será doloso. Tem como espécies o dolo direto e o dolo

eventual.

DOLO DIRETO – ocorre quando o agente quer efetivamente praticar a conduta típica; comete a

conduta com o fim de obter o resultado. É a intenção em praticar a conduta e obter o

resultado. Em relação ao dolo direto o Código Penal adotou a teoria da vontade.

DOLO EVENTUAL – Ocorre quando o agente

representa mentalmente o resultado como possível, mas apesar de não querê-lo

diretamente, assume o risco em produzi-lo, pois lhe é indiferente sua ocorrência ou não.

CRIME CULPOSO (art. 18, II, CP)

Dispõe o art. 18, II, do CP “Diz-se o crime: II – culposo, quando o agente deu causa

ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.

Crime culposo constitui a conduta humana voluntária (livre de coação) que produz um

resultado antijurídico não querido, mas previsível pelo agente que poderia com a devida atenção ter sido evitado.

Negligência é a indiferença do agente frente às cautelas exigíveis. Ocorre quando o

agente podendo tomar as cautelas exigíveis não o faz por displicência ou preguiça mental. Consiste

na omissão da devida cautela ou cuidado. Ex.: não consertar freios gastos e provocar acidente.

Imprudência é a atitude de precipitação, com afoiteza, sem cautelas. Consiste numa

atividade positiva descuidada. Ex.: ultrapassar com sinal vermelho

Imperícia é a incapacidade, a falta de conhecimento ou aptidão técnica no exercício de arte ou profissão. Ex.: clínico geral que faz

resolve fazer cirurgia e provoca morte do paciente.

Em síntese, o crime culposo possui os

seguintes elementos: a) conduta humana voluntária; b) inobservância do dever objetivo de

cuidado, manifestada através da negligência, imprudência e imperícia; c) resultado naturalístico

e involuntário; d) nexo causal; e) previsibilidade; e f) tipicidade.

Só haverá punição por crime culposo se existir expressa previsão legal, pois a regra é que

todos os crimes são punidos a título de dolo, só podendo ser punidos a título de culpa se existir

previsão na lei nesse sentido (art. 18, parágrafo único, CP).

Espécies de culpa

Culpa consciente – ocorre quando o agente prevê o resultado (representa o resulta como

possível), porém tendo em vista seu conhecimento e/ou habilidade, confia

sinceramente que vai conseguir evitar sua ocorrência. Difere do dolo eventual, por que neste

o agente tolera ou aceita a ocorrência do resultado, enquanto na culpa não se tolera, pois o

agente espera que ele não ocorra.

Noções de Direito Penal

13

Culpa inconsciente – ocorre quando o agente não prevê o resultado lesivo, embora seja

previsível. É a culpa comum.

Culpa própria – ocorre quando o agente não quer o resultado, nem assume o risco em

produzi-lo. Culpa imprópria – verifica-se quando o agente

prevê e quer o resultado, mas atua em virtude de erro de tipo vencível. Na verdade, trata-se de um

crime doloso em que a lei confere tratamento a título de culpa.

Ressalte-se que em direito penal não se admite a compensação de culpa. Assim, a culpa

da vítima não exclui a culpa do agente. Ex: motorista em alta velocidade que atropela

pedestre que atravessava a rua fora da faixa de pedestre. Nesse caso, o motorista responderá por crime culposo.

CRIME PRETERDOLSO

É um misto, a combinação de dois

elementos: o dolo e a culpa. Ocorre o crime preterdoloso (ou preterintencional) quando o

agente pratica dolosamente um fato anterior do qual decorre um resultado posterior culposo. No

crime preterdoloso há dolo no fato precedente e culpa no resultado subseqüente. O agente

provoca com sua ação (ou omissão) resultado mais grave do que o pretendido, o qual lhe é imputado a título de culpa. Exemplo: lesão

corporal seguida de morte (CP, art. 129, § 3.º). Todavia, O resultado agravador só pode ser

imputado ao agente, em suma, se era previsível.

ERRO DE TIPO (art. 20, CP)

Em síntese, no erro de tipo, o agente supõe que não está praticado um crime, quando

na realidade está. Ex.: o caçador imagina que por trás do arbusto existe um animal caçado, quando na realidade

existe um homem que é atingido e morre.

Veja que o caçador pensa inexistir uma elementar do crime de homicídio: “alguém”,

quando na realidade tal circunstância existe, pois ele atingiu um ser humano e não um animal

como ele pensava. Nesse caso ele não responderá pelo crime de homicídio doloso, em razão do erro

de tipo. O erro de tipo é subdividido em escusável

e inescusável.

Erro de tipo escusável, invencível ou

inevitável – ocorre quando qualquer pessoa de prudência e diligência normal no lugar do agente

incidiria no mesmo erro, ou seja, não podia ter sido evitado pelo cuidado objetivo do agente.

Exclui o dolo e a culpa, afastando o próprio fato típico.

Erro de tipo inescusável, vencível ou evitável – ocorre quando o agente atua sem o

devido cuidado, sem a devida cautela. É aquele que pode ser evitado se for empregada a

prudência normal, se o agente tivesse sido mais cauteloso. Nesse caso haverá a exclusão do dolo,

mas o agente responderá a título de culpa, se o tipo penal admitir a punição por crime culposo.

O erro de tipo acidental incide sobre os

elementos acidentais do delito. Pode ser erro sobre o objeto, quando o agente pensa que sua

conduta recai sobre determinada coisa, quando, na verdade, recaiu sobre outra.

Erro sobre a pessoa, em que o agente

supõe que está atingindo determinada pessoa quando, em realidade, está atingindo pessoa

diversa (art. 20, § 3º, CP). Nesse caso, o CP determina que serão levadas em conta as condições ou qualidades da pessoa que deveria

ser atingida, e não da efetivamente atingida. O erro acidental seja ele sobre o objeto ou sobre a

pessoa, não exclui a tipicidade ou isenta o agente de pena, o qual responderá pelo crime.

EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE

CULPABILIDADE

ANTIJURIDICIDADE ou ILICITUDE

Antijurídica é uma ação típica que não está justificada. Segundo o Código penal todo fato típico, em regra, será antijurídico, salvo se

estiver acobertado por uma das causas de exclusão. Assim, por exemplo, “matar alguém” é

um fato típico, mas não será antijurídico se o agente agiu em legítima defesa.

Art. 23 do CP - Não há crime quando o agente

pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

São causas de exclusão da antijuridicidade ou ilicitude:

Estado de necessidade (art. 24, CP)

É a situação de perigo atual, em que a pessoa, para evitar que esse mal ocorra, pratica

um fato típico que lesa bem de outrem, desde que não o tenha provocado voluntariamente e

nem poderia tê-lo evitado. Legítima defesa (art. 25, CP)

É a reação moderada a uma agressão

injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, com uso dos meios necessários.

Requisitos da Legitima Defesa:

Noções de Direito Penal

14

Agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana. Não pode ser confundida com uma

simples provocação. A possibilidade de legítima defesa contra provocação é inadmissível, pois a

provocação (insulto, ofensa ou desafio) não é o suficiente para gerar o requisito legal, que é a

agressão. Atual ou iminente: atua é a agressão que está acontecendo e iminente é a que está prestes a

acontecer. Não cabe legítima defesa contra agressão passada ou futura e também quando há

promessa de agressão. Defesa de direito seu ou de outrem: é

legítima defesa própria quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quando o

sujeito defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia mesmo agredindo o próprio terceiro

(ex.: em caso de suicídio, pode-se agredir o terceiro para salvá-lo). Meio necessário: é o meio menos lesivo

colocado à disposição do agente no momento da agressão.

Moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos limites para conter a agressão.

A legítima defesa abrange bem jurídico de

qualquer natureza, tais como o patrimônio, a vida, etc.

Legítima defesa putativa: é a legítima defesa

imaginária. O agente imagina haver agressão injusta quando na realidade inexiste.

Diferença entre legítima defesa e estado de necessidade

Na primeira a reação é contra uma

agressão, enquanto na segunda a reação é a um perigo. Em se tratando de reação a agressão de

um animal, reconhece-se o estado de necessidade, desde que tal animal não tenha sido

atiçado pelo dano, que estaria usando-o como instrumento para o crime.

Estrito cumprimento do dever legal

O agente atua em cumprimento de um

dever emanado de um poder genérico, abstrato e impessoal. Se houver abuso, não há excludente,

ou seja, o cumprimento deve ser estrito.

Exercício regular de direito

A lei autoriza a pessoa a exercitar um

direito subjetivo ou uma faculdade, de modo que não se pode falar em ilícito na prática do que a lei

permite, como por exemplo, a conduta do médico que faz uma cirurgia, as lesões provocadas por

esportes, dentro dos limites de suas regras; prisão em flagrante por particular, etc.

Além dessas causas excludentes da antijuridicidade, existem outras previstas na

parte especial do Código Penal, tais como: - aborto legal ou necessário;

- opinião desfavorável em crítica literária; - ofensa irrogada em juízo na discussão da causa,

etc.

IMPUTABILIDADE PENAL

CULPABILIDADADE

A culpabilidade como elemento

constitutivo do crime, é o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e

antijurídica. É o juízo de censura que recai sobre a conduta do agente que podendo comportar-se

conforme o direito optou agir de forma contrária. São elementos da culpabilidade: a

imputabilidade, a potencial consciência da

ilicitude do fato e a exigibilidade de conduta diversa.

A imputabilidade é a capacidade de entender a ilicitude da conduta. Imputável é o

sujeito mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito do fato e de

determinar-se de acordo com esse entendimento, conceito esse obtido a contrário sensu do

disposto no art. 26 do Código Penal. A imputabilidade deve existir no momento da

prática do fato. A potencial consciência da ilicitude é a

possibilidade do agente em conhecer no caso

concreto a ilicitude do fato, ou seja, é indispensável que o agente possa entender que

sua conduta é ilícita. Não é exigível conhecimento certo, mas a possibilidade de entender o caráter

ilícito do fato. A exigibilidade de conduta diversa é a

possibilidade que tinha o agente de, no momento da conduta, agir de acordo com o direito,

considerando-se a sua particular condição pessoal. Assim, só há culpabilidade se era possível exigir-se no momento da infração,

conduta diferente daquela praticada pelo sujeito ativo.

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE

(DIRIMENTES)

INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL (art. 26, CP)

Exclui-se a culpabilidade quando em razão

da doença mental ou desenvolvimento incompleto

ou retardado o agente teve suprimida totalmente sua capacidade de entender o caráter ilícito do

fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O Código penal adotou o critério bio-psicológico para a aferição da inimputabilidade.

Assim, para que ocorra a exclusão da culpabilidade é necessário a presença de dois

Noções de Direito Penal

15

requisitos: existência de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto e retardado e

absoluta incapacidade de entendimento e autodeterminação.

A prova da inimputabilidade será fornecida

por exame pericial. O art. 26, parágrafo único do Código

Penal, prevê uma causa de diminuição da pena ao

agente que teve parcialmente reduzida sua capacidade de entender o caráter ilícito do fato e

de determinar-se de acordo com esse entendimento, em razão de doença mental.

Portanto, somente excluirá a culpabilidade a incapacidade absoluta de entendimento e

autodeterminação do agente.

INIMPUTABILIDADE PELA MENORIDADE

O Código Penal por disposição expressa

considera inimputáveis os menores de 18 anos, que estarão sujeitos a legislação especial

(Estatuto da criança e do adolescente). Não foi levado em conta o desenvolvimento mental do

indivíduo, mas tão-somente sua idade, adotando-se o critério biológico. Aqui existe uma presunção

absoluta de inimputabilidade.

EMBRIAGUEZ TOTAL E FORTUITA (art. 28, § 1º, CP)

A embriaguez pode ser voluntária, culposa

e fortuita. Somente a embriaguez completa

proveniente de caso fortuito ou força maior que tenha suprimida integralmente a capacidade de

entendimento e autodeterminação, excluirá a culpabilidade.

Não pode ser confundida com o alcoolismo que é uma forma de doença mental tóxica.

A embriaguez preordenada constitui uma circunstância agravante da pena (art. 61, II, e,

CP). COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (ART. 22,

CP)

Na coação moral irresistível o agente pratica a conduta não de livre e espontânea

vontade, e sim pelo temor, excluindo-se a sua culpabilidade. Esta não será excluída se a coação

moral for resistível, aonde haverá crime e o agente será culpável, mas terá direito a redução

da pena pela atenuante genérica (art. 65, III, C, CP).

Caso a coação exercida sobre o agente

seja de ordem física, não podemos sequer falar em conduta, pois a sua vontade foi totalmente

suprimida, inexistindo o próprio fato típico. Na coação física irresistível o coagido é mero

instrumento para realização da vontade do coator.

Trata-se de uma causa legal de inexigibilidade de conduta diversa.

OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA

Trata-se de obediência à ordem de

superior hierárquico não manifestamente ilegal. Ordem de superior hierárquico é a manifestação

de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado.

Assim, para que haja a exclusão da

culpabilidade é necessário que a ordem seja determinada pelo superior com competência

funcional, que essa ordem não seja manifestamente ilegal, e que o executor se

atenha aos limites constantes da ordem. É relevante frisar que somente existirá a

incidência da obediência hierárquica se a relação de hierarquia/subordinação for de direito público.

Trata-se de uma causa legal de inexigibilidade de conduta diversa.

ERRO PROIBIÇÃO (art. 21, CP)

É o erro que incide sobre a ilicitude do fato, fazendo com que o agente suponha que não

existe uma regra proibitiva. O sujeito acredita numa realidade que inexiste, ou seja, supõe,

equivocadamente, que sua conduta é permitida/lícita, quando na verdade é

proibida/ilícita. É importante frisar que o erro de proibição não exclui o dolo.

O erro de proibição pode ser: a) escusável ou invencível – exclui a potencial consciência da ilicitude do fato. É aquele em que

qualquer pessoa que estivesse no lugar do agente, ainda que cautelosa, também teria

incorrido da suposição errônea. b) inescusável ou vencível – é aquele em que

uma outra pessoa, no lugar do agente, teria atingido a consciência da ilicitude do fato e não

teria praticada a conduta criminosa. Nesse caso, a culpabilidade do agente apenas foi reduzida, de

modo que ele responderá pelo crime, mas com a pena reduzida de 1/6 a 1/3.

Portanto, somente o ERRO DE PROIBIÇÃO

ESCUSÁVEL OU INVENCÍVEL exclui a culpabilidade do agente.

OBS.: A EMOÇÃO e a PAIXÃO não excluem a

culpabilidade (art. 28, I, CP), mas poderão servir como causas de diminuição da pena (art. 121, §

1º, CP).

Vamos Gabaritar?

9. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa

correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre imputabilidade penal,

quanto ao agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou

retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito

do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Noções de Direito Penal

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a) O agente é isento da pena b) O agente terá a pena reduzida de um a dois

terços c) O agente terá a pena reduzida à metade

d) O agente terá a pena reduzida em um sexto e) O agente terá a pena aumentada de um a dois

terços 10. (PM-MG – 2018) Marque a alternativa

CORRETA em relação ao Código Penal Brasileiro:

a) É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto,

era, ao tempo da ação ou da omissão, parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito

do fato. b) Não há crime quando o agente pratica o fato

em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

c) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui a culpa, mas permite a

punição por crime doloso, se previsto em lei. d) Quem, de qualquer modo, concorre para o

crime responde por culpa, na medida de sua imputabilidade.

11. (PM-MG – 2018) Analise as assertivas

abaixo em relação ao Decreto-Lei n. 2.848/40 (Código Penal Brasileiro):

I. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em

virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

II. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,

ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

III. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a

punição por crime culposo, se previsto em lei. IV. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta

de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Estão CORRETAS as assertivas:

a) I, II e III, apenas.

b) I, e IV, apenas. c) Todas estão corretas.

d) III e IV, apenas.

CONCURSO DE PESSOAS

Para que haja concurso de pessoas é

necessário a presença dos seguintes elementos:

- pluralidade de agentes; - liame subjetivo (consciência de todos de que

estão contribuindo para a realização da obra comum;

- relevância causal de cada conduta.

O concurso de pessoas pode ser eventual ou necessário. Neste, o tipo penal exige que a

infração seja cometida por mais de um agente, ou seja, exige-se que o crime seja praticado pela

quantidade de agentes previstos no tipo, de modo que se faltar o número de integrantes exigido o fato torna-se atípico (ex. art. 288, CP). No

concurso eventual, o delito pode ser praticado por um só agente, pois o tipo penal não traz como

elementar a pluralidade de agentes, mas nada impede que seja praticado em concurso de

pessoas.

Os crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário podem ser:

- de condutas paralelas: condutas de auxílio mútuo, pretendendo produzir o mesmo resultado (ex. crime de quadrilha ou bando, art. 288, CP);

- de condutas convergentes: as condutas são realizadas paralelamente, cada um dos sujeitos

agindo de per si, em separado, sendo que no final se encontram (ex. bigamia, art. 235, CP)

- de condutas contrapostas: a conduta de uns se volta contra a dos outros (ex. rixa, art. 137, CP).

O Código Penal brasileiro adotou a teoria

monista ou unitária, pela qual todos os participantes do crime respondem pela mesma

infração penal. Assim, o crime é único para os autores e partícipes, todos respondendo pelo mesmo delito. Todavia, essa teoria sofreu

mitigação, pois conforme estabelece o art. 29 do CP, todos os participantes respondem pelo crime,

mas na medida de sua culpabilidade, deixando claro que a resposta penal não será a mesma

para todos, variando de acordo com o grau de reprovação de sua conduta.

AUTORIA

Autor é o que executa a conduta expressa

pelo verbo descrito no tipo penal, é aquele que

realiza a conduta típica descrita na lei, isto é, quem pratica o verbo que é o núcleo do tipo

pena: matar, subtrair, constranger, etc. Todavia, com o advento da teoria do

domínio do fato, autor também é aquele que detém o controle final do fato, quem tem o poder

de decisão sobre a realização do fato. É aquele que apesar de não executar materialmente a

conduta típica, está no controle sobre sua realização, a exemplo do mandante, autor intelectual, autor mediato.

Autor direto é aquele que realiza pessoalmente

a conduta típica. O próprio agente realiza diretamente o comportamento descrito no tipo

penal incriminador. Autor mediato é aquele que se vale de um

terceiro para cometer o crime, o qual está acobertado por uma causa de exclusão da

Noções de Direito Penal

17

tipicidade, ilicitude ou culpabilidade. O autor mediato não executa pessoal e diretamente a

conduta típica, mas domina a vontade de outrem, que, por sua determinação, executa o

comportamento proibido. Portanto, é aquele que comete fato punível através de outra pessoa,

respondendo pelo crime porque tem o domínio final do fato. P. ex, João utiliza um inimputável para matar seu desafeto, ou coage física ou

moralmente Leandro para subtrair objetos da empresa em que trabalha.

Co-autoria é a própria autoria, praticada em conjunto. Nela há mera divisão de tarefas na

prática do crime. Ocorre quando duas ou mais pessoa, conjuntamente, realizam o verbo do tipo

penal. Há co-autoria quando todos os participantes realizam características da conduta

punível. Ex. no roubo, A aponta a arma e B subtrai os objetos da vítima; no estupro, A segura a vítima, enquanto B mantém conjunção

carnal. Autoria colateral ocorre quando os agentes

praticam atos convergentes para obtenção do resultado, sendo que um desconhecendo a

conduta do outro, de modo que cada um responderá pelo crime que cometeu, em razão da

inexistência de unidade de desígnios (liame subjetivo) na realização do tipo penal. Há autoria

colateral quando duas ou mais pessoas, ignorando uma a contribuição da outra, realizam

condutas convergentes, objetivando a execução da mesma infração penal. Ex., A e B, montam emboscada, sendo que um não sabia da intenção

do outro, e no momento em que C passava pelo local disparam simultaneamente.

Autoria incerta ocorre quando, na autoria colateral, não se conseguiu identificar que foi o

real causador do resultado. Autoria desconhecida ou ignorada ocorre

quando não se consegue identificar quem foi o realizador da conduta produtora do resultado

típico, isto é, não se sabe quem é o autor do crime.

PARTICIPAÇÃO

Partícipe é aquele que concorre para que o autor do crime realiza a conduta típica, isto é,

contribui para a produção do evento, sem contudo praticar comportamento que se amolde

ao verbo do tipo penal. Assim, o partícipe apenas presta contribuição para que o autor pratique o

crime, sendo que sua conduta não se encaixa no núcleo do tipo legal.

Para que exista participação punível é

necessário que o partícipe tenha vontade em cooperar/contribuir para a realização do resultado

típico e que preste contribuição efetiva. A participação pode ocorrer em qualquer

das fases do iter criminis. Da cogitação até a consumação do delito. Entretanto, a punição do

partícipe está condicionada ao início da execução

do crime, salvo nos casos em que se punem atos preparatórios como figuras penais autônomas.

PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA

A punibilidade da participação está

condicionada ao grau de reprovabilidade da conduta do partícipe, haja vista a relevância causal de sua conduta no desdobramento da

realização do delito. O parágrafo primeiro, do art. 29, do

Código Penal, prevê uma mitigação para o agente que teve uma participação de pouca importância

no cometimento do crime, no sentido de leve eficácia causal de sua conduta.

Assim, se a conduta do partícipe teve pouca relevância para a realização do crime,

então ele terá direito a uma redução em sua pena de um sexto a um terço.

PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL

Nos termos do art. 31 do CP, “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo

disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser

tentado”. Assim, o induzimento, a instigação ou auxílio do

partícipe do partícipe para o cometimento do crime pelo autor não serão puníveis se este não

iniciar a fase de execução do delito. Quanto a cláusula “salvo disposição em

contrário”, diz respeito aos atos preparatórios que

por si sós constituem delitos crimes, ou seja, o partícipe não será punido pelo crime que induziu,

instigou ou auxiliou o agente a praticar, mas por sua própria conduta quando ela for prevista como

infração autônoma. Por exemplo, João empresta uma arma a Pedro para que este mate um

desafeto, mas Pedro decide em não prosseguir com seu intento, assim João responde por porte

ilegal de arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03), pois esta conduta por si só é crime, não podendo responder por homicídio tentado se não existiu

início de execução.

COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DAS

CIRCUNSTÂNCIAS E ELEMENTARES

Circunstâncias são dados, fatos e elementos que circundam o fato principal. Não fazem parte da

figura típica, estando ao seu redor, podendo contribuir, contudo, para aumentar ou diminuir a sua gravidade. Podem ser de natureza objetiva

(tempo, lugar, modo de execução, condições e qualidades da vítima, etc.) ou subjetiva (referem-

se ao agente, suas qualidades, estado, parentesco, motivos do crime, etc.).

Elementares são os elementos constitutivos do tipo penal. São os dados que dão existência a

figura delitiva.

Noções de Direito Penal

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Conforme o disposto no art. 30 do Código Penal, podemos extrair as seguintes regras

básicas:

As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam entre os co-

autores e partícipes, SALVO quando constituírem elementares do tipo.

As circunstâncias objetivas e as elementares

do tipo (sejam elas objetivas ou subjetivas) só se comunicam entre co-autores e

partícipes se entrarem na esfera de conhecimento dos participantes.

Vamos Gabaritar?

12. (TRE-RJ – 2017 – CONSULPLAN) Quando

dois agentes, embora convergindo suas condutas para a prática de determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo liame subjetivo, tem-se

autoria

a) incerta. b) colateral.

c) sucessiva d) desconhecida.

13. (Procurador Jurídico – 2017 – VUNESP)

Sobre o concurso de pessoas, assinale a alternativa correta.

a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na

medida de sua personalidade. b) Se a participação for de maior importância, a

pena pode ser majorada de um sexto a um terço. c) Se algum dos concorrentes quis participar de

crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até o dobro, na

hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

e) O ajuste, a determinação, a sedição ou instigação e o auxílio ou cooperação material não

são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser executado.

Gabarito

1. A 2. A 3. E 4. A 5. A 6. B 7. D

8. C 9. A 10. B 11. C 12. B 13. D