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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO
DIREITO PENAL Princípio da Legalidade ou Reserva Legal Art. 5º, XXXIX da CF - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
A lei, em seu sentido mais restrito,
emanada do Congresso nacional, pode definir crimes e cominar penas. Assim, um fato só
poderá ser considerado crime quando estiver previsto expressamente na lei. Art. 22 da CF - Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;
Com o princípio da legalidade, sob o enfoque da reserva legal, fica proibida a
incriminação de fatos através dos costumes (direito consuetudinário), bem como a aplicação da analogia em prejuízo do autor do fato.
Alguns autores fazem a distinção entre o
“Princípio da Legalidade” e o “Princípio da Reserva Legal”, considerando que o primeiro é mais
amplo, pois abrange várias espécies normativas (leis ordinárias, leis complementares, medidas
provisórias...). Entretanto, em concurso público se consideram como expressões sinônimas os
dois princípios.
Princípio da Anterioridade da Lei Penal Art. 5º, XL da CF - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Vamos Gabaritar?
1. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa
correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre a aplicação da lei penal
no tempo.
a) Uma conduta só pode ser considerada crime se houver preceito legal anterior que assim a defina.
b) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido antes do julgamento ainda
que ao tempo da prática não existisse a citada lei. c) Uma conduta é considerada crime se for criada norma nesse sentido antes da prisão ainda que
ao tempo da prática não existisse a citada lei. d) Uma conduta é considerada crime se for criada
norma nesse sentido a qualquer tempo. e) Uma conduta é considerada crime se for criada
norma nesse sentido mesmo após a declaração judicial de inexistência do tipo penal.
Princípio da Individualização da pena
Art. 5º, XLVI da CF - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
É aquele que determina que a pena será
individualizada para cada autor do crime, levando-se em consideração o delito que cometeu
e suas condições pessoais.
Ocorrerá em três momentos:
a) na cominação, quando o legislador estabelece a pena proporcional ao fato criminoso previsto em
lei; b) na aplicação, na qual o juiz procederá à
fixação da pena, levando-se em consideração as circunstâncias judiciais (art. 59, CP), dentro dos parâmetros mínimo e máximo descritos em
abstrato; c) na execução, em que o juízo da execução
penal e os órgãos penitenciários individualizarão a pena de acordo com a natureza do delito, o sexo
do condenado, a idade, etc.
Princípio da intranscendência da pena
A pena deve ser aplicada apenas ao autor do fato. Art. 5º, XLV da CF - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
Legalidade
FormalObediência aos trâmites prodecimentais previstos
na CF
MaterialConformidade da lei aos
direitos e garantias constitucionais
Lei Estrita
proibida a analogia contra o réu
Lei Escrita
proibido o costume incriminador
LeiCertaproibida a criação de tipos
penais vagos e indeterminados
Lei Prévia
proibida a aplicação da lei penal incriminadora a fatos praticados
antes da sua vigência
Noções de Direito Penal
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sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Observação: Os herdeiros respondem (obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens) até o limite da herança.
Princípio da limitação das penas ou da humanidade
Art. 5º, XLVII, da CF - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados;
d) de banimento; e) cruéis;
Princípio da presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade
O réu é inocente, até que o acusador
prove sua culpa. Sendo a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada
através de recurso. Art. 5º, LVII da CF - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
Princípio da Fragmentariedade O Direito Penal não deve tutelar todos os
bens jurídicos da sociedade, mas só aqueles mais relevantes para a sociedade e, mesmo assim,
somente em relação aos ataques mais intoleráveis.
Princípio da Subsidiariedade
O Direito Penal deve atuar somente
quando insuficientes às outras formas de controle social, de forma subsidiária (Direito Penal de ultima ratio).
Princípio da Insignificância
Como veremos a seguir, a doutrina
defende que o crime é formado por três elementos: Fato típico + Ilicitude + Culpabilidade
(conceito tripartido de crime). Na análise do primeiro elemento (fato típico), deve-se observar
a tipicidade material, a tipicidade formal e a tipicidade subjetiva.
Portanto, se afastarmos a tipicidade em seu aspecto material incide o princípio da
insignificância ou bagatela.
Consoante entendimento do STF, o princípio da insignificância – que deve ser
analisado em conexão com os postulados da
fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal – tem o sentido de
excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter
material. Quatro são os requisitos objetivos para a
aferição do relevo material da tipicidade penal: a) mínima ofensividade da conduta do agente;
b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento; d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Discute-se, ainda, nos Tribunais
Superiores, se há a necessidade de um requisito subjetivo, qual seja, não ser o réu reincidente,
portador de maus antecedentes ou criminoso habitual.
Vamos Gabaritar?
2. (Promotor de Justiça-MPSP) Em relação ao
princípio da insignificância ou de bagatela, assinale a alternativa incorreta:
a) seu reconhecimento exclui a tipicidade,
constituindo-se em instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.
b) somente pode ser invocado em relação a fatos que geraram mínima perturbação social. c) sua aplicação não é prevista no Código Penal,
mas é amplamente admitida pela doutrina e jurisprudência.
d) somente tem aplicabilidade em crimes contra o patrimônio.
e) exige, para seu reconhecimento, que as consequências da conduta tenham sido de
pequena relevância.
A LEI PENAL NO TEMPO A regra é a de que a lei penal tem
vigência desde sua entrada em vigor até quando não for revogada por outra lei posterior. Os fatos
praticados serão regulados pela lei penal que estiver em vigor no momento de sua prática.
Assim, a lei penal que está em vigor regula todos os fatos que ocorrerem durante esse período. Tal
princípio cederá diante lei posterior mais favorável, que retroagirá para beneficiar o réu.
tipcidade
formal
adequação do fato ao tipo penal
tipicidade
material
análise do desvalor da conduta e da lesão causada
ao bem jurídico
tipiciadade
subjetiva
dolo e elmentos subjetivos especiais
Noções de Direito Penal
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Desta forma, é necessário saber qual o momento em que o crime considera-se praticado.
Temos três teorias para explicar o tempo do crime:
a) teoria da atividade, segundo a qual tempo
do crime é o momento da prática da conduta (ação ou omissão), independentemente da ocorrência do resultado;
b) teoria do resultado, pela qual o crime considera-se praticado no momento da ocorrência
do resultado; e c) teoria da ubiqüidade, segundo a qual tempo do
crime é tanto o momento do cometimento da conduta quanto o da ocorrência do resultado.
O Código Penal Brasileiro adotou a Teoria
da Atividade, constante no art. 4º, onde o crime considera-se praticado no momento da ação ou omissão, independentemente do resultado.
Art. 4º do CP - Considera-se praticado o crime no
momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Segundo o art. 5º, XL, da Constituição Federal “A lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu”. Em sintonia com a Constituição Federal, o
CP em seu parágrafo único estabelece “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença transitada em julgado”.
irretroatividade da lei mais severa – a lei
penal mais severa nunca retroage para prejudicar o réu;
retroatividade da lei mais benigna – a lei
penal mais benéfica sempre retroage em favor do réu.
Se uma conduta tiver sido praticada
durante a vigência de uma determinada lei e esta for posteriormente modificada por outra lei (lei
nova), poderá surgir um conflito de leis penais no tempo.
A nova lei penal, dependendo do seu conteúdo, possui as seguintes espécies:
Abolitio criminis: É a lei nova que revoga um tipo penal. Nessa situação a lei nova deve
retroagir para beneficiar o réu, alcançando até mesmo os fatos definitivamente julgados.
Entretanto, os efeitos civis da sentença condenatória permanecerão (por exemplo, a
obrigação de reparar o dano);
Novatio legis in mellius: É a nova lei que, mantendo a incriminação do fato, beneficia a
situação do réu, mesmo que já tenha sido proferida uma sentença condenatória transitada em julgado. (por exemplo, imposição de pena
menos rigorosa, novas hipóteses de extinção de
punibilidade etc.) Nessa situação a lei nova também deve retroagir para beneficiar o réu,
mesmo que haja coisa julgada;
Novatio legis in pejus: É a lei nova que, mantendo a incriminação do fato, agrava a
situação do réu. (por exemplo, aumento da quantidade da pena, imposição de um regime de cumprimento de pena mais rigoroso etc.) Nessa
situação a lei não poderá retroagir para prejudicá-lo (princípio da irretroatividade da lei
mais severa);
Novatio legis incriminadora: É a lei nova que cria um novo tipo penal, ou seja, incrimina uma
conduta anteriormente considerada irrelevante. Nessa situação a lei não poderá retroagir para
alcançar os fatos praticados antes do início de sua vigência.
Leis Penais temporárias
São aquelas que possuem período de vigência estabelecido previamente na lei, a qual
descreve final de sua vigência.
Leis Excepcionais
São aquelas cuja vigência perdura enquanto persistirem as circunstâncias que
determinaram sua criação, isto é, cessam com o término da situação excepcional que autorizou sua entrada em vigor, a exemplo de calamidade
pública, guerras, revoluções, epidemias, etc. Em relação a eficácia das leis penais
temporárias e excepcionais vigora o princípio da utra-atividade.
Assim, mesmo após a perda da sua vigência (revogação), as leis penais temporárias e
excepcionais continuam a ser aplicadas aos fatos ocorridos durante o período em que esteve em
vigor.
A LEI PENAL NO ESPAÇO
O Código Penal, em seu art. 6º, adotou a
teoria da ubiquidade para definir o lugar do crime, em razão da qual se considera praticado o
crime no local da ação ou omissão, bem como no lugar onde ocorreu ou deveria ocorrer o
resultado. Nos termos do princípio da
territorialidade, há de ser aplicada a lei penal pátria em relação aos crimes praticados em território nacional, independentemente da
nacionalidade do agente ou do bem jurídico afetado.
Art. 5º do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem
prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Noções de Direito Penal
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O território nacional é constituído pela superfície terrestre (solo e subsolo), as águas
territoriais e o espaço aéreo correspondente. Consideram-se ainda como território
(extensão do território), conforme o § 1º, do art. 5º, do CP, as embarcações e as aeronaves
brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem e as aeronaves e embarcações brasileiras
mercantes ou de propriedade privada que se achem no espaço aéreo internacional ou em alto-
mar. Ademais, conforme o disposto no § 2º, do
art. 5º, do CP, “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”.
Portanto, a regra esculpida no CP é da aplicação do princípio da territorialidade.
Excepcionalmente, estabelece algumas situações em que será aplicada a lei penal brasileira a
crimes praticados fora do território brasileiro. Neste ponto, o ordenamento jurídico-penal adota
o princípio da extraterritorialidade.
Extraterritorialidade incondicionada: Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a
seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
Extraterritorialidade condicionada:
Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira,
embora cometidos no estrangeiro: II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se
obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados.
Nestes crimes, a aplicação da lei brasileira
depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi
praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável. O § 3º dispõe sobre outra hipótese de
extraterritorialidade condicionada:
- crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. Nesta situação, além das
condições previstas no parágrafo § 2º, deve-se ainda observar se:
a) não foi pedida ou negada sua extradição;
b) houve requisição do Ministério da Justiça.
Vamos Gabaritar?
3. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa
INCORRETA considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre o crime
de homicídio.
a) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, ao crime cometido no território
nacional. b) Considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
c) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de tratados, ao crime cometido no território
nacional. d) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
e) Aplica-se a lei brasileira, afastando-se convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.
Contagem de Prazo Penal Art. 10 do CP - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e
os anos pelo calendário comum.
No prazo penal, o dia do começo inclui-se
no cômputo do prazo. Assim, se uma pena começa a ser cumprida às 23h30, os 30 minutos
restantes serão contados como sendo o 1º dia. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum. Além disso, os prazos penais são
improrrogáveis, de modo que se o prazo termina num sábado, domingo ou feriado, estará ele
encerrado.
Noções de Direito Penal
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Frações não computáveis da Pena Art. 11 do CP - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro
O Real é a unidade monetária nacional,
devendo ser desprezados os centavos.
Legislação Especial Art. 12 do CP - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Esse dispositivo consagra a aplicação
subsidiária das normas gerais do direito penal à legislação especial, desde que esta não trate o
tema de forma diferente.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Interpretar é buscar o sentido e alcance da
lei.
Interpretação quanto à origem ou quanto ao sujeito.
a) Autêntica ou Legislativa: realizada pelo próprio
legislador. Pode ocorrer no próprio texto da lei ou mediante uma lei editada posteriormente à
norma em que se dará a devida interpretação. b) Judiciário ou jurisprudencial: realizadas pelos
juízes ou tribunais ao aplicar a norma aos casos concretos.
c) Doutrinária: realizada pelos doutrinadores.
Interpretação quanto aos meios
a) Gramatical ou Literal: verifica-se o significado
literal das palavras, mediante o emprego de meios gramaticais e etimológicos (origem da palavra).
b) Lógica: busca o sentido da lei utilizando o
raciocínio dedutivo.
c) Teleológica: busca a finalidade da lei.
d) Sistemática: investiga a coerência entre a lei interpretada e as demais leis que compõe o
sistema. e) Histórica: analisa-se a sociedade da época da
elaboração da lei, a justificativa apresentada no projeto de lei, as discussões parlamentares...
Interpretação quanto ao resultado
a) Declarativa: a letra da lei corresponde ao seu
significado ou sentido.
b) Restritiva: a letra da lei diz mais que o seu real sentido. O alcance da lei deve ser restritivo para
alcançar sua vontade. c) extensiva: a letra da lei diz menos que sua
vontade. Assim, o alcance da lei deve ser ampliado para alcançar sua vontade.
Interpretação analógica
É quanto a lei contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula
genérica. Ex: Bom exemplo de homicídio torpe é o
praticado mediante paga ou promessa de recompensa.
Esta interpretação é possível no Brasil, inclusive contra o réu.
Analogia
Nesse caso, partimos do pressuposto de que não existe lei a ser aplicada ao caso
concreto, motivo pelo qual o intérprete socorresse daquilo que o legislador previu para
outro similar. A Analogia em relação às leis penais
incriminadoras é vedada por força do princípio da legalidade, porém é possível sua utilização em
relação às leis penais não-incriminadoras.
INFRAÇÃO PENAL: ESPÉCIES
É uma conduta humana que ofende um
bem jurídico penalmente protegido por lei, que resulta numa pena (reclusão, detenção, prisão
simples ou multa).
O Direito Penal Brasileiro adotou a teoria bipartida, dividindo infração penal em Crime e
Contravenção Penal.
Crime e contravenção é a mesma coisa na sua essência, o que diferem é a pena privativa de liberdade.
Crime: Pena privativa de Reclusão, Detenção e
Multa.
Contravenção: Prisão Simples e Multa
Veremos: Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa
ou cumulativamente. Lei de introdução do Código Penal (decreto-lei n. 2.848, de 7-12-940) e da Lei
das Contravenções Penais (decreto-lei n. 3.688, de 3 outubro de 1941).
Noções de Direito Penal
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Crime: É toda ação humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico de alguém. (Conceito
Material)
Crime é toda infração penal, a quem a lei comina pena de reclusão ou detenção. (Conceito Formal
ou legal) Crime é todo fato típico, ilícito e culpável.
(Conceito Analítico – Teoria Tripartida)
Homicídio Simples Art. 121 - Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Contravenção Penal: São infrações penais que
tutelam bens jurídicos menos relevantes para a sociedade.
Art. 19 - Trazer consigo arma fora de casa ou de
dependência desta, sem licença da autoridade: Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a três contos
de réis, ou ambas cumulativamente.
Diferenças entre Crime e Contravenção
Crime Contravenção
A tentativa é punível A tentativa não é
punível1
Gera reincidência Não gera reincidência Tempo máximo de
cumprimento da pena é de 30 anos.
Tempo máximo de
cumprimento da pena é de 5 anos.
Aplica a extraterritorialidade
NÃO se Aplica a extraterritorialidade
Possibilidade de Quebra
do Sigilo Telefônico2
Impossibilidade de Quebra do Sigilo
Telefônico
Ação Pública e Privada Ação Pública
Incondicionada
Vamos Gabaritar?
4. (FMP – 2012- TJ-AC) Assinale a alternativa
correta.
a) O conceito de infração penal é mais amplo do que o conceito de crime.
b) O conceito de infração penal coincide com o conceito de delito. c) O conceito de infração penal coincide com o
conceito de crime. d) O conceito de infração penal é menos amplo
do que o conceito de crime.
1 Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. Lei das
Contravenções Penais. 2 Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: (...) III - o fato investigado constituir
infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.
5. (PM-MG – 2018) Marque a alternativa CORRETA acerca das espécies de penas previstas
no Código Penal Brasileiro:
a) Privativas de liberdade, restritivas de direitos e de multa.
b) Privativas de liberdade, restritivas de direitos e de morte. c) Restritivas de direito, privativas de liberdade e
suspensão condicional da pena. d) Restritivas de direito, de multa e suspensão
condicional do processo.
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO PENAL
Sujeito Ativo
Sujeito ativo do crime é aquele que direta ou indiretamente pratica a conduta descrita na
lei. Abrange o autor (aquele que realiza a conduta tipificada), o co-autor (aquele que, embora não
realizando a conduta tipificada, ajuda de forma determinante para que ela aconteça) e o partícipe
(aquele que realiza conduta secundária, porém que influencia no delito).
Obs.: Apesar de divergência doutrinária acerca da
possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito ativo de crime, a maioria da doutrina entende que a CF
prevê a sua responsabilidade penal, sem prejuízo da responsabilização de seus dirigentes, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira
e contra a economia popular (art. 173, § 5º) e nas condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente (art. 225, § 3º).
Sujeito Passivo
É o titular do bem jurídico lesado ou exposto a perigo de lesão pela conduta criminosa.
Pode ser a pessoa humana, a pessoa jurídica, o Estado, a coletividade...
Divide-se em:
a) formal: será sempre o Estado que tem suas leis penais violadas;
b) material: é o titular do bem juridicamente tutelado;
TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE,
PUNIBILIDADE Tipicidade é o enquadramento da
conduta praticado na realidade fática em um tipo penal. Já tipo penal é a descrição abstrata da
ação proibida ou imposta. É o modelo de conduta incriminada. É o conjunto de elementos que
descrevem um crime determinado. Segundo a doutrina majoritária no Brasil,
o conceito de crime, sob o enfoque analítico é um fato típico, ilícito e culpável. Nas linhas a seguir
Noções de Direito Penal
7
vamos falar de forma individual sobre cada um desses elementos integrantes do crime.
CRIME
Fato Típico
Conduta Resultado
Nexo Causal Tipicidade - Tipicidade Objetiva (Formal +
material) - Tipicidade Subjetiva.
Ilicitude
Culpabilidade
1. Imputabilidade 2. potencial consciência da
ilicitude 3. exigibilidade de conduta diversa
a) FATO TÍPICO
Fato típico é o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do
modelo incriminador previsto na lei penal.
É composto dos seguintes elementos:
1 - conduta humana dolosa ou culposa; 2 - resultado; 3 - nexo causal entre a conduta e o resultado;
4 - tipicidade.
CONDUTA HUMANA
A conduta humana é o comportamento humano consistente em ação ou omissão
dirigida a uma finalidade. De acordo com o CP só haverá conduta típica se ela for praticada com
dolo ou culpa, com base na teoria finalista da ação.
Formas de conduta:
ação: é a atuação positiva; é o fazer ou agir; omissão: é a abstenção do comportamento
exigido; é um não-fazer quando havia a obrigação de agir.
A omissão só terá relevância para o direito
penal quando o omitente tiver o dever jurídico de agir ou houver previsão legal incriminadora da conduta omissiva.
Desta forma, a omissão só será punível
quando o omitente se abstiver de uma conduta que era exigida pela lei, a qual concretamente
poderia e deveria ter sido feita, e quando existir um tipo penal incriminadora que descreva a
conduta omissiva.
Nos crimes omissivos próprios existe a expressa previsão legal da conduta omissiva, de
modo que o agente que se abstém da prática do comportamento exigido, sua conduta amolda-se
diretamente ao tipo penal incriminador.
Exemplos: Omissão de Socorro
Art. 135 do CP - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da
autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Abandono Intelectual
Art. 246 do CP - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Prevaricação Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
A consumação ocorre no momento em que o agente se omite de praticar a conduta
exigida, não exigindo-se a ocorrência de qualquer resultado naturalístico.
Nos crimes omissivos impróprios ou
comissivos por omissão não há descrição típica da conduta omissiva, esta se enquadra no tipo penal
incriminador por força da norma extensiva prevista no art. 13, § 2º, do CP, que amplia o
alcance da descrição legal do crime fazendo abranger o comportamento omissivo. Aqui o
omitente tem o dever jurídico de impedir o resultado. Todavia, somente as pessoas que se enquadram nas situações descritas no § 2º do
art. 13, chamadas de garantidoras, têm esse dever especial de proteção, de modo que se se
omitirem de realizar a conduta esperada, responderão pelo crime na modalidade omissiva.
Exemplo: bombeiro que vê um banhista se
afogando e não faz nada, responde por homicídio por omissão.
Art. 13 do CP § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;
Noções de Direito Penal
8
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Nos crimes comissivos por omissão a consumação somente ocorrerá com a produção
do resultado naturalístico.
RESULTADO
O resultado do crime deve ser estudado sob dois enfoques: naturalístico e jurídico.
Resultado naturalístico é a modificação do mundo exterior provocada pela prática da conduta
criminosa, por exemplo, a morte no homicídio, a subtração da coisa no furto. Já resultado jurídico
constitui a lesão efetiva ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico tutelado pela lei penal, assim, é a ofensa a vida ao patrimônio, a
liberdade. Agora, veja que nem todo crime produz resultado naturalístico, mas todos
provocam resultado jurídico.
NEXO DE CAUSALIDADE
É o liame entre a conduta e o resultado. É imprescindível o nexo causal para que se possa
imputar o resultado ao autor da conduta, pois se este ocorreu por causa diversa, e não da conduta, não poderá ser atribuído ao agente. É o que
determina o art. 13 do CP ao prevê “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa”. A análise do nexo de causalidade só se faz
necessária em relação aos crimes materiais, pois exigem a ocorrência de um resultado naturalístico
para sua consumação. O CP, em seu art. 13, adotou a teoria da
equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua non. Segundo essa teoria considera-se causa a ação ou omissão sem a qual
o resultado não teria ocorrido. Isto significa que todos os fatos que antecederam a produção do
resultado se equivalem, e são considerados sua causa. Segundo o CP “Considera-se causa a ação
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido” (art. 13, caput, parte final).
Todavia, a verificação dos fatos antecedentes que são considerados causa do
resultado não pode ser feita uma regressão ad infinitum, sendo necessária a causalidade subjetiva (dolo ou culpa) nas condutas praticadas
no processo de desdobramento causal da ocorrência do delito. Daí, o dolo e a culpa limitam
a regressão, só sendo considerada típica e, portanto, causa do resultado, a conduta do
agente que tem consciência e vontade na produção do evento criminoso.
Doravante, pode ocorrer durante o desdobramento causal do fato criminoso a
existência de outro evento (causa) que contribua (causa relativamente independente) ou produza,
por si só (causa absolutamente independente), o resultado. Assim, é possível que ocorra uma
segunda causa que determine a ocorrência do resultado.
Essas causas podem ser absolutamente ou relativamente independes, e podem ocorrer antes
(pré-existentes), ao mesmo tempo (concomitantes) e depois (supervenientes) da
prática da conduta do agente. As causas absolutamente independentes
são aquelas que surgem e, por si mesmas, são
aptas a produzir o resultado, mesmo que não tivesse sido praticada qualquer conduta pelo
agente. Afasta o nexo de causalidade e o agente só responderá pelos atos anteriores.
Causas relativamente independentes são
aquelas que não possuem força, por si sós, de produzirem o resultado. Na verdade, auxiliam a
conduta do agente para produção do resultado, ou seja, somente produzirão o resultado se forem conjugadas com a conduta do agente. Como
regra, a causa relativamente independente não afasta no nexo causal, de modo que o agente
responderá pelo resultado. Todavia, disciplina o § 1º, do art. 13 do CP que a causa relativamente
independente superveniente, quando por si só produziu o evento, exclui a imputação do
resultado ao agente. Veja o disposto na lei: art. 13, § 1º “A superveniência de causa
relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”.
TIPICIDADE
Tipicidade penal é o enquadramento legal da conduta praticada à descrição legal do crime,
previsto no tipo penal. Atualmente, não podemos mais enxergar a tipicidade sob seu aspecto
formal, como a mera subsunção do fato humano com o tipo penal, uma simples comparação
objetiva entre o tipo e a conduta humana praticada. Assim, para existir tipicidade o comportamento humano deve ter sido praticado
dolosa ou culposamente, e deve produzir dano socialmente relevante.
CRIME CONSUMADO (art. 14, I, CP)
Estará consumado o crime quando o tipo
penal estiver inteiramente realizado. Portanto, o fato delituoso que contiver todos os elementos de
sua definição legal será considerado consumado. Para a consumação do crime o agente
percorre o chamado iter criminis (caminho do
crime), ou seja, as fases que o agente percorre até à consumação do crime, consistente nas
seguintes fases:
Cogitação: o agente somente está pensando, idealizando, planejando a prática do crime. Nessa
fase o crime é impunível.
Noções de Direito Penal
9
Preparação: é a prática dos atos necessários ao início da execução. Não existe fato típico ainda,
salvo se o ato preparatório constituir crime autônomo.
Execução: começa a agressão ao bem jurídico.
Nessa fase, o agente inicia a realização do núcleo do tipo e o crime já se torna punível. A execução está ligada ao verbo de cada tipo. Quando o
agente começa a praticar o verbo do tipo, inicia-se a execução.
Não se deve confundir consumação do crime com
o exaurimento (ocorrência de resultado não importante para consumação do crime), que
ocorre depois de consumado o delito.
TENTATIVA (art. 14, II, CP)
O crime será tentado, quando iniciada a
execução, não houver consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Veja
que só poderemos falar em tentativa quando houver início da execução do delito. Essa
circunstância poderá ser um ato humano ou um fato (ocorrência natural ou não humana).
Quanto ao iter criminis percorrido:
IMPERFEITA OU INACABADA: o agente é
impedido de prosseguir no seu intento, deixando de praticar todos os atos executórios à sua disposição.
Não consegue executar todos os atos que pretendia.
PERFEITA OU ACABADA OU CRIME FALHO: o
agente, apesar de esgotar os atos executórios à sua disposição, não consegue consumar o crime
por circunstâncias alheias à sua vontade. Tudo o que o agente pretendia fazer, fez.
Mas mesmo assim não conseguiu consumar o crime.
Quanto ao resultado produzido na vítima:
TENTATIVA CRUENTA OU VERMELHA: A
vítima é atingida. Há efetiva lesão.
TENTATIVA INCRUENTA OU BRANCA: A vítima não é atingida. Não há lesão efetiva, pois o
golpe não atinge o corpo da vítima.
Quanto à possibilidade de alcançar o
resultado:
TENTATIVA IDÔNEA: O resultado era possível de ser alcançado.
TENTATIVA INIDÔNEA OU CRIME OCO OU QUASE CRIME OU CRIME IMPOSSÍVEL: O
resultado era absolutamente impossível de ser alcançado.
Infrações penais que não admitem tentativa
CRIME CULPOSO: O agente não tem dolo de
consumação. Falta o terceiro elemento da tentativa: dolo de consumação.
CRIME PRETERDOLOSO: Quanto ao resultado agravante, o agente NÃO tem dolo de realização.
Mas o dolo existe no antecedente.
Ex.: aborto qualificado pela morte da gestante. O aborto é um antecedente doloso e a morte um
subsequente culposo.
Vamos Gabaritar?
6. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre consumação e
tentativa do crime.
a) O crime é consumado quando lhe faltar apenas um dos elementos de sua definição legal.
b) O crime é tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente. c) O crime é consumado quando lhe faltar menos
da metade dos elementos de sua definição legal. d) O crime é tentado, quando, antes de iniciada a
execução, não há prosseguimento por circunstâncias alheias à vontade do agente e) O crime é consumado, quando, iniciada ou não
a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
CONTRAVENÇÃO PENAL: O art. 4º, da LCP diz
que não se pune a tentativa.
CRIME DE ATENTADO: A tentativa é punida com a mesma pena da consumação.
CRIME HABITUAL: Ou existe reiteração de atos e o delito está consumado, ou temos um só ato e
o fato é atípico. Ex: Exercício ilegal de medicina. Ou se pratica
dois ou mais atos desse crime para se caracterizar o “crime habitual” ou o crime será
atípico.
CRIME UNISSUBISTENTE: A execução não admite fracionamento.
Ex.1: delito omissivo puro. Ex.2: delito de mera conduta.
CRIMES QUE SÓ SÃO PUNÍVEIS QUANDO HÁ DETERMINADO RESULTADO: Ou ocorre o
resultado e o crime está consumado, ou não ocorre e o que se tem é fato atípico.
Ex.: art. 122, CP. Participação em suicídio. Ou ocorre a morte e o fato está consumado, ou não
ocorre e o fato é atípico.
Noções de Direito Penal
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Punibilidade da tentativa (art. 14, parágrafo único, CP)
Aplica-se à tentativa a pena
correspondente ao crime consumado diminuída de 1/3 a 2/3. O percentual da redução terá por
fundamente a extensão do iter criminis percorrido pelo agente, de modo que quanto mais se aproximar da consumação, menor será a
diminuição, e vice-versa.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 do CP - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que
o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA Art. 15, 1ª parte do CP
O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (...) só responde pelos
atos já praticados. Conceito: O sujeito ativo abandona a
execução do crime quando ainda lhe sobra, do ponto de vista objetivo, uma margem de ação.
Por isso, tentativa abandona. TENTATIVA SIMPLES
(14, II)
DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA Início da execução;
Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Dolo de consumação. Na tentativa simples,
o agente quer prosseguir, mas não
pode.
Início da execução;
Não consumação por circunstâncias inerentes à vontade do agente.
Agente abandona a execução.
Na desistência, o agente pode
prosseguir, mas não quer.
Consequências: Em regra, diminuição
de pena de 1/3 a 2/3.
Consequências: O agente só responde
pelos atos já praticados.
Ex.: Pulei muro de casa, coloquei mão na maçaneta do automóvel, fui surpreendido e
preso. É um caso de tentativa simples. Respondo pela pena do furto reduzida de 1 a 2/3.
Ex.: Imagine agora que depois de pôr a mão na maçaneta do automóvel eu desisto. Respondo só
pela violação de domicílio, já que tomou a intimidade do imóvel. Não responderá, no
exemplo, por tentativa de furto.
ARREPENDIMENTO EFICAZ OU
RESIPISCÊNCIA
Art. 15, 2ª parte do CP
Conceito: O sujeito ativo, desejando retroceder
na atividade delituosa percorrida, desenvolve nova conduta, após terminada a execução,
evitando o resultado naturalístico.
OBS: Não cabe arrependimento eficaz nos
crimes formais ou de mera conduta, pois, nesses casos, ao esgotar a execução, o crime está
consumado. Só é possível arrependimento eficaz em crimes materiais.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, (...)
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
Início da execução;
Não consumação por
circunstâncias inerentes à vontade do agente.
Agente abandona dolo de consumação.
Agente pode prosseguir,
mas não quer.
Início da execução;
Não consumação
por circunstâncias inerentes à vontade
do agente.
Agente abandona dolo de consumação.
Agente pode prosseguir, mas não
quer.
Momento do propósito
criminoso:
CAPEC.
Ele esgota atos executórios, mas, após o
término, busca evitar o resultado.
Momento do
propósito criminoso:
CAPEC.
Ele abandona quando ainda tem atos
executórios a serem praticados. Ou seja,
o agente NÃO termina os atos
executórios.
Consequências:
O agente só responde
pelos atos já praticados.
Consequências:
O agente só responde
pelos atos já praticados.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16 do CP - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou
da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
É uma causa geral de diminuição de pena, posterior à consumação. Pressupõe a
consumação.
CRIME IMPOSSÍVEL
Art. 17 do CP - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Noções de Direito Penal
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TENTATIVA SIMPLES CRIME IMPOSSIVEL
Início da execução. Início da execução.
Não consumação por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Não consumação por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Dolo de consumação. Dolo de consumação.
Resultado POSSÍVEL de ser alcançado.
Resultado IMPOSSÍVEL de ser alcançado.
INIDONEIDADE ABSOLUTA DO MEIO: Falta potencialidade causal, pois os instrumentos
utilizados pelo agente são ineficazes em qualquer hipótese para a produção do resultado.
Ex.: praticar abortamento pode meio de rezas; o agente quer envenenar a vítima, se confunde e
acaba colocando açúcar no café ao invés de veneno; o agente quer matar os passageiros de
um avião e tenta derrubá-lo com uma pedra.
INIDONEIDADE ABSOLUTA DO OBJETO: A pessoa ou coisa que representa o ponto de
incidência da ação não serve à consumação do delito.
Ex.: atirar contra cadáver, praticar abortamento em mulher que supõe-se grávida.
Vamos Gabaritar?
7. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa correta considerando os preceitos normativos e
doutrinários básicos sobre a figura jurídica específica que denomina a situação em que não
se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
a) Crime irreal
b) Crime consumado c) Crime hediondo
d) Crime impossível e) Crime famélico
8. (IBFC – 2017 – PMBA) Analise a alternativa
correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre Desistência voluntária e arrependimento eficaz.
a) O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução responde pelo crime consumado.
b) O agente que, voluntariamente, impede que o resultado se produza, responde pelo crime
consumado. c) O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
d) Nos crimes cometidos com violência, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida à metade.
e) Nos crimes cometidos com grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até
o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de
dois terços a três quartos.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
QUANTO AO SUJEITO QUE PRATICA A CONDUTA:
Crime Comum – é aquele que pode ser
praticado por qualquer pessoa, não se exigindo qualquer qualidade ou condição pessoal do
agente. Ex.: Homicídio, roubo, estelionato, etc.
Crime Próprio – é aquele que só pode ser cometido por determinada categoria de pessoas, em razão de condição ou qualidade especial do
agente. Assim, só pede ser praticado pelos sujeitos descritos expressamente no tipo penal.
Ex.: peculato, não comunicação de doença contagiosa
Crime de mão Própria ou de atuação pessoal
– é aquele que só pode ser praticado por pessoa única e determinada, i. e., só pode ser cometido
pelo sujeito em pessoa, jamais podendo ser praticado por intermédio de outrem. Inadmite-se
co-autoria, mas pode ocorrer participação. Ex.: falso testemunho e falsa perícia (art. 342, CP). QUANTO AO RESULTADO:
Crime material – é aquele que apresenta uma
modificação no mundo exterior, em que o tipo penal menciona a conduta e o resultado exigindo
a ocorrência deste para a consumação. Ex. homicídio, aborto, roubo.
Crime formal – é aquele em que o tipo
menciona a conduta e o resultado, mas não exige a produção deste para sua consumação. Daí, dizer que constitui crime de consumação
antecipada, pois considera-se consumado no momento da conduta, sendo o resultado
naturalístico mero exaurimento do delito. Ex.: calúnia, difamação, extorsão.
Crime de mera conduta – é aquele que não
exige um resultado para sua consumação; o tipo penal só descreve a conduta criminosa. Ex.:
violação de domicílio, desobediência. QUANTO A DURAÇÃO DO MOMENTO
CONSUMATIVO:
Crime instantâneo – é aquele em que a consumação ocorre em momento único e
determinado. Ex.: ameaça verbal, injúruia.
Crime permanente – é aquele em que o momento consumativo se prolonga no tempo,
Noções de Direito Penal
12
pois a situação danosa ou perigosa decorrente da conduta criminosa se protrai no tempo.
Caracteriza-se pelo fato de a consumação ser encerrada por vontade do agente. Ex: sequestro,
extorsão mediante sequestro, redução à condição análoga a de escravo.
Crime instantâneo de efeitos permanentes – é aquele em que a consumação se dá em único e
determinado momento, mas seus efeitos perduram no tempo, sendo que a permanência
destes efeitos não depende da vontade do agente. Ex: homicídio.
QUANTO AO FRACIONAMENTO DA CONDUTA:
Crime unissubsistente – é aquele que se
consuma com um só ato, não admitindo o fracionamento em vários atos, verificando-se em momento único. Não admite tentativa. Ex: injúria
verbal
Crime plurissubsistente – é aquele que se perfaz com vários atos. Admite tentativa. Ex:
estelionato, infanticídio.
QUANTO A OMISSÃO:
Crime omissivo próprio – é o que se perfaz com a simples abstenção da realização de um ato
independentemente da ocorrência de um resultado posterior. A conduta omissiva é descrita expressamente no tipo penal. Ex: omissão de
socorro (art. 139, CP).
Crime omissivo impróprio (comissivo por omissão) – é aquele em que o agente mediante
uma omissão permite a produção de um resultado posterior que está obrigado por lei a
evitar. A simples omissão, por si só, não constitui crime, sendo necessário a ocorrência de um
resultado criminoso decorrente da abstenção do agente. Neste caso, a conduta negativa do agente amolda-se ao tipo penal por extensão, em razão
da aplicação do art. 13, § 2º, do CP. Ex: mãe que mata o filho mediante privação de alimentos.
CRIME DOLOSO (art. 18, I, CP)
Estabelece o art. 18, I, do CP: “Diz-se o
crime: I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.
Dolo é o requisito subjetivo do tipo penal, consistente na consciência e vontade em realizar a conduta incriminada. Toda vez que o sujeito
ativo quiser determinado resultado o crime será doloso. Tem como espécies o dolo direto e o dolo
eventual.
DOLO DIRETO – ocorre quando o agente quer efetivamente praticar a conduta típica; comete a
conduta com o fim de obter o resultado. É a intenção em praticar a conduta e obter o
resultado. Em relação ao dolo direto o Código Penal adotou a teoria da vontade.
DOLO EVENTUAL – Ocorre quando o agente
representa mentalmente o resultado como possível, mas apesar de não querê-lo
diretamente, assume o risco em produzi-lo, pois lhe é indiferente sua ocorrência ou não.
CRIME CULPOSO (art. 18, II, CP)
Dispõe o art. 18, II, do CP “Diz-se o crime: II – culposo, quando o agente deu causa
ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
Crime culposo constitui a conduta humana voluntária (livre de coação) que produz um
resultado antijurídico não querido, mas previsível pelo agente que poderia com a devida atenção ter sido evitado.
Negligência é a indiferença do agente frente às cautelas exigíveis. Ocorre quando o
agente podendo tomar as cautelas exigíveis não o faz por displicência ou preguiça mental. Consiste
na omissão da devida cautela ou cuidado. Ex.: não consertar freios gastos e provocar acidente.
Imprudência é a atitude de precipitação, com afoiteza, sem cautelas. Consiste numa
atividade positiva descuidada. Ex.: ultrapassar com sinal vermelho
Imperícia é a incapacidade, a falta de conhecimento ou aptidão técnica no exercício de arte ou profissão. Ex.: clínico geral que faz
resolve fazer cirurgia e provoca morte do paciente.
Em síntese, o crime culposo possui os
seguintes elementos: a) conduta humana voluntária; b) inobservância do dever objetivo de
cuidado, manifestada através da negligência, imprudência e imperícia; c) resultado naturalístico
e involuntário; d) nexo causal; e) previsibilidade; e f) tipicidade.
Só haverá punição por crime culposo se existir expressa previsão legal, pois a regra é que
todos os crimes são punidos a título de dolo, só podendo ser punidos a título de culpa se existir
previsão na lei nesse sentido (art. 18, parágrafo único, CP).
Espécies de culpa
Culpa consciente – ocorre quando o agente prevê o resultado (representa o resulta como
possível), porém tendo em vista seu conhecimento e/ou habilidade, confia
sinceramente que vai conseguir evitar sua ocorrência. Difere do dolo eventual, por que neste
o agente tolera ou aceita a ocorrência do resultado, enquanto na culpa não se tolera, pois o
agente espera que ele não ocorra.
Noções de Direito Penal
13
Culpa inconsciente – ocorre quando o agente não prevê o resultado lesivo, embora seja
previsível. É a culpa comum.
Culpa própria – ocorre quando o agente não quer o resultado, nem assume o risco em
produzi-lo. Culpa imprópria – verifica-se quando o agente
prevê e quer o resultado, mas atua em virtude de erro de tipo vencível. Na verdade, trata-se de um
crime doloso em que a lei confere tratamento a título de culpa.
Ressalte-se que em direito penal não se admite a compensação de culpa. Assim, a culpa
da vítima não exclui a culpa do agente. Ex: motorista em alta velocidade que atropela
pedestre que atravessava a rua fora da faixa de pedestre. Nesse caso, o motorista responderá por crime culposo.
CRIME PRETERDOLSO
É um misto, a combinação de dois
elementos: o dolo e a culpa. Ocorre o crime preterdoloso (ou preterintencional) quando o
agente pratica dolosamente um fato anterior do qual decorre um resultado posterior culposo. No
crime preterdoloso há dolo no fato precedente e culpa no resultado subseqüente. O agente
provoca com sua ação (ou omissão) resultado mais grave do que o pretendido, o qual lhe é imputado a título de culpa. Exemplo: lesão
corporal seguida de morte (CP, art. 129, § 3.º). Todavia, O resultado agravador só pode ser
imputado ao agente, em suma, se era previsível.
ERRO DE TIPO (art. 20, CP)
Em síntese, no erro de tipo, o agente supõe que não está praticado um crime, quando
na realidade está. Ex.: o caçador imagina que por trás do arbusto existe um animal caçado, quando na realidade
existe um homem que é atingido e morre.
Veja que o caçador pensa inexistir uma elementar do crime de homicídio: “alguém”,
quando na realidade tal circunstância existe, pois ele atingiu um ser humano e não um animal
como ele pensava. Nesse caso ele não responderá pelo crime de homicídio doloso, em razão do erro
de tipo. O erro de tipo é subdividido em escusável
e inescusável.
Erro de tipo escusável, invencível ou
inevitável – ocorre quando qualquer pessoa de prudência e diligência normal no lugar do agente
incidiria no mesmo erro, ou seja, não podia ter sido evitado pelo cuidado objetivo do agente.
Exclui o dolo e a culpa, afastando o próprio fato típico.
Erro de tipo inescusável, vencível ou evitável – ocorre quando o agente atua sem o
devido cuidado, sem a devida cautela. É aquele que pode ser evitado se for empregada a
prudência normal, se o agente tivesse sido mais cauteloso. Nesse caso haverá a exclusão do dolo,
mas o agente responderá a título de culpa, se o tipo penal admitir a punição por crime culposo.
O erro de tipo acidental incide sobre os
elementos acidentais do delito. Pode ser erro sobre o objeto, quando o agente pensa que sua
conduta recai sobre determinada coisa, quando, na verdade, recaiu sobre outra.
Erro sobre a pessoa, em que o agente
supõe que está atingindo determinada pessoa quando, em realidade, está atingindo pessoa
diversa (art. 20, § 3º, CP). Nesse caso, o CP determina que serão levadas em conta as condições ou qualidades da pessoa que deveria
ser atingida, e não da efetivamente atingida. O erro acidental seja ele sobre o objeto ou sobre a
pessoa, não exclui a tipicidade ou isenta o agente de pena, o qual responderá pelo crime.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE E DE
CULPABILIDADE
ANTIJURIDICIDADE ou ILICITUDE
Antijurídica é uma ação típica que não está justificada. Segundo o Código penal todo fato típico, em regra, será antijurídico, salvo se
estiver acobertado por uma das causas de exclusão. Assim, por exemplo, “matar alguém” é
um fato típico, mas não será antijurídico se o agente agiu em legítima defesa.
Art. 23 do CP - Não há crime quando o agente
pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
São causas de exclusão da antijuridicidade ou ilicitude:
Estado de necessidade (art. 24, CP)
É a situação de perigo atual, em que a pessoa, para evitar que esse mal ocorra, pratica
um fato típico que lesa bem de outrem, desde que não o tenha provocado voluntariamente e
nem poderia tê-lo evitado. Legítima defesa (art. 25, CP)
É a reação moderada a uma agressão
injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, com uso dos meios necessários.
Requisitos da Legitima Defesa:
Noções de Direito Penal
14
Agressão: é todo ataque praticado por pessoa humana. Não pode ser confundida com uma
simples provocação. A possibilidade de legítima defesa contra provocação é inadmissível, pois a
provocação (insulto, ofensa ou desafio) não é o suficiente para gerar o requisito legal, que é a
agressão. Atual ou iminente: atua é a agressão que está acontecendo e iminente é a que está prestes a
acontecer. Não cabe legítima defesa contra agressão passada ou futura e também quando há
promessa de agressão. Defesa de direito seu ou de outrem: é
legítima defesa própria quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quando o
sujeito defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia mesmo agredindo o próprio terceiro
(ex.: em caso de suicídio, pode-se agredir o terceiro para salvá-lo). Meio necessário: é o meio menos lesivo
colocado à disposição do agente no momento da agressão.
Moderação: é o emprego do meio necessário dentro dos limites para conter a agressão.
A legítima defesa abrange bem jurídico de
qualquer natureza, tais como o patrimônio, a vida, etc.
Legítima defesa putativa: é a legítima defesa
imaginária. O agente imagina haver agressão injusta quando na realidade inexiste.
Diferença entre legítima defesa e estado de necessidade
Na primeira a reação é contra uma
agressão, enquanto na segunda a reação é a um perigo. Em se tratando de reação a agressão de
um animal, reconhece-se o estado de necessidade, desde que tal animal não tenha sido
atiçado pelo dano, que estaria usando-o como instrumento para o crime.
Estrito cumprimento do dever legal
O agente atua em cumprimento de um
dever emanado de um poder genérico, abstrato e impessoal. Se houver abuso, não há excludente,
ou seja, o cumprimento deve ser estrito.
Exercício regular de direito
A lei autoriza a pessoa a exercitar um
direito subjetivo ou uma faculdade, de modo que não se pode falar em ilícito na prática do que a lei
permite, como por exemplo, a conduta do médico que faz uma cirurgia, as lesões provocadas por
esportes, dentro dos limites de suas regras; prisão em flagrante por particular, etc.
Além dessas causas excludentes da antijuridicidade, existem outras previstas na
parte especial do Código Penal, tais como: - aborto legal ou necessário;
- opinião desfavorável em crítica literária; - ofensa irrogada em juízo na discussão da causa,
etc.
IMPUTABILIDADE PENAL
CULPABILIDADADE
A culpabilidade como elemento
constitutivo do crime, é o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e
antijurídica. É o juízo de censura que recai sobre a conduta do agente que podendo comportar-se
conforme o direito optou agir de forma contrária. São elementos da culpabilidade: a
imputabilidade, a potencial consciência da
ilicitude do fato e a exigibilidade de conduta diversa.
A imputabilidade é a capacidade de entender a ilicitude da conduta. Imputável é o
sujeito mentalmente são e desenvolvido, capaz de entender o caráter ilícito do fato e de
determinar-se de acordo com esse entendimento, conceito esse obtido a contrário sensu do
disposto no art. 26 do Código Penal. A imputabilidade deve existir no momento da
prática do fato. A potencial consciência da ilicitude é a
possibilidade do agente em conhecer no caso
concreto a ilicitude do fato, ou seja, é indispensável que o agente possa entender que
sua conduta é ilícita. Não é exigível conhecimento certo, mas a possibilidade de entender o caráter
ilícito do fato. A exigibilidade de conduta diversa é a
possibilidade que tinha o agente de, no momento da conduta, agir de acordo com o direito,
considerando-se a sua particular condição pessoal. Assim, só há culpabilidade se era possível exigir-se no momento da infração,
conduta diferente daquela praticada pelo sujeito ativo.
CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
(DIRIMENTES)
INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL (art. 26, CP)
Exclui-se a culpabilidade quando em razão
da doença mental ou desenvolvimento incompleto
ou retardado o agente teve suprimida totalmente sua capacidade de entender o caráter ilícito do
fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
O Código penal adotou o critério bio-psicológico para a aferição da inimputabilidade.
Assim, para que ocorra a exclusão da culpabilidade é necessário a presença de dois
Noções de Direito Penal
15
requisitos: existência de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto e retardado e
absoluta incapacidade de entendimento e autodeterminação.
A prova da inimputabilidade será fornecida
por exame pericial. O art. 26, parágrafo único do Código
Penal, prevê uma causa de diminuição da pena ao
agente que teve parcialmente reduzida sua capacidade de entender o caráter ilícito do fato e
de determinar-se de acordo com esse entendimento, em razão de doença mental.
Portanto, somente excluirá a culpabilidade a incapacidade absoluta de entendimento e
autodeterminação do agente.
INIMPUTABILIDADE PELA MENORIDADE
O Código Penal por disposição expressa
considera inimputáveis os menores de 18 anos, que estarão sujeitos a legislação especial
(Estatuto da criança e do adolescente). Não foi levado em conta o desenvolvimento mental do
indivíduo, mas tão-somente sua idade, adotando-se o critério biológico. Aqui existe uma presunção
absoluta de inimputabilidade.
EMBRIAGUEZ TOTAL E FORTUITA (art. 28, § 1º, CP)
A embriaguez pode ser voluntária, culposa
e fortuita. Somente a embriaguez completa
proveniente de caso fortuito ou força maior que tenha suprimida integralmente a capacidade de
entendimento e autodeterminação, excluirá a culpabilidade.
Não pode ser confundida com o alcoolismo que é uma forma de doença mental tóxica.
A embriaguez preordenada constitui uma circunstância agravante da pena (art. 61, II, e,
CP). COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (ART. 22,
CP)
Na coação moral irresistível o agente pratica a conduta não de livre e espontânea
vontade, e sim pelo temor, excluindo-se a sua culpabilidade. Esta não será excluída se a coação
moral for resistível, aonde haverá crime e o agente será culpável, mas terá direito a redução
da pena pela atenuante genérica (art. 65, III, C, CP).
Caso a coação exercida sobre o agente
seja de ordem física, não podemos sequer falar em conduta, pois a sua vontade foi totalmente
suprimida, inexistindo o próprio fato típico. Na coação física irresistível o coagido é mero
instrumento para realização da vontade do coator.
Trata-se de uma causa legal de inexigibilidade de conduta diversa.
OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
Trata-se de obediência à ordem de
superior hierárquico não manifestamente ilegal. Ordem de superior hierárquico é a manifestação
de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado.
Assim, para que haja a exclusão da
culpabilidade é necessário que a ordem seja determinada pelo superior com competência
funcional, que essa ordem não seja manifestamente ilegal, e que o executor se
atenha aos limites constantes da ordem. É relevante frisar que somente existirá a
incidência da obediência hierárquica se a relação de hierarquia/subordinação for de direito público.
Trata-se de uma causa legal de inexigibilidade de conduta diversa.
ERRO PROIBIÇÃO (art. 21, CP)
É o erro que incide sobre a ilicitude do fato, fazendo com que o agente suponha que não
existe uma regra proibitiva. O sujeito acredita numa realidade que inexiste, ou seja, supõe,
equivocadamente, que sua conduta é permitida/lícita, quando na verdade é
proibida/ilícita. É importante frisar que o erro de proibição não exclui o dolo.
O erro de proibição pode ser: a) escusável ou invencível – exclui a potencial consciência da ilicitude do fato. É aquele em que
qualquer pessoa que estivesse no lugar do agente, ainda que cautelosa, também teria
incorrido da suposição errônea. b) inescusável ou vencível – é aquele em que
uma outra pessoa, no lugar do agente, teria atingido a consciência da ilicitude do fato e não
teria praticada a conduta criminosa. Nesse caso, a culpabilidade do agente apenas foi reduzida, de
modo que ele responderá pelo crime, mas com a pena reduzida de 1/6 a 1/3.
Portanto, somente o ERRO DE PROIBIÇÃO
ESCUSÁVEL OU INVENCÍVEL exclui a culpabilidade do agente.
OBS.: A EMOÇÃO e a PAIXÃO não excluem a
culpabilidade (art. 28, I, CP), mas poderão servir como causas de diminuição da pena (art. 121, §
1º, CP).
Vamos Gabaritar?
9. (IBFC – 2017 – PMBA) Assinale a alternativa
correta considerando os preceitos normativos e doutrinários básicos sobre imputabilidade penal,
quanto ao agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Noções de Direito Penal
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a) O agente é isento da pena b) O agente terá a pena reduzida de um a dois
terços c) O agente terá a pena reduzida à metade
d) O agente terá a pena reduzida em um sexto e) O agente terá a pena aumentada de um a dois
terços 10. (PM-MG – 2018) Marque a alternativa
CORRETA em relação ao Código Penal Brasileiro:
a) É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto,
era, ao tempo da ação ou da omissão, parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato. b) Não há crime quando o agente pratica o fato
em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
c) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui a culpa, mas permite a
punição por crime doloso, se previsto em lei. d) Quem, de qualquer modo, concorre para o
crime responde por culpa, na medida de sua imputabilidade.
11. (PM-MG – 2018) Analise as assertivas
abaixo em relação ao Decreto-Lei n. 2.848/40 (Código Penal Brasileiro):
I. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
II. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
III. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
punição por crime culposo, se previsto em lei. IV. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Estão CORRETAS as assertivas:
a) I, II e III, apenas.
b) I, e IV, apenas. c) Todas estão corretas.
d) III e IV, apenas.
CONCURSO DE PESSOAS
Para que haja concurso de pessoas é
necessário a presença dos seguintes elementos:
- pluralidade de agentes; - liame subjetivo (consciência de todos de que
estão contribuindo para a realização da obra comum;
- relevância causal de cada conduta.
O concurso de pessoas pode ser eventual ou necessário. Neste, o tipo penal exige que a
infração seja cometida por mais de um agente, ou seja, exige-se que o crime seja praticado pela
quantidade de agentes previstos no tipo, de modo que se faltar o número de integrantes exigido o fato torna-se atípico (ex. art. 288, CP). No
concurso eventual, o delito pode ser praticado por um só agente, pois o tipo penal não traz como
elementar a pluralidade de agentes, mas nada impede que seja praticado em concurso de
pessoas.
Os crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário podem ser:
- de condutas paralelas: condutas de auxílio mútuo, pretendendo produzir o mesmo resultado (ex. crime de quadrilha ou bando, art. 288, CP);
- de condutas convergentes: as condutas são realizadas paralelamente, cada um dos sujeitos
agindo de per si, em separado, sendo que no final se encontram (ex. bigamia, art. 235, CP)
- de condutas contrapostas: a conduta de uns se volta contra a dos outros (ex. rixa, art. 137, CP).
O Código Penal brasileiro adotou a teoria
monista ou unitária, pela qual todos os participantes do crime respondem pela mesma
infração penal. Assim, o crime é único para os autores e partícipes, todos respondendo pelo mesmo delito. Todavia, essa teoria sofreu
mitigação, pois conforme estabelece o art. 29 do CP, todos os participantes respondem pelo crime,
mas na medida de sua culpabilidade, deixando claro que a resposta penal não será a mesma
para todos, variando de acordo com o grau de reprovação de sua conduta.
AUTORIA
Autor é o que executa a conduta expressa
pelo verbo descrito no tipo penal, é aquele que
realiza a conduta típica descrita na lei, isto é, quem pratica o verbo que é o núcleo do tipo
pena: matar, subtrair, constranger, etc. Todavia, com o advento da teoria do
domínio do fato, autor também é aquele que detém o controle final do fato, quem tem o poder
de decisão sobre a realização do fato. É aquele que apesar de não executar materialmente a
conduta típica, está no controle sobre sua realização, a exemplo do mandante, autor intelectual, autor mediato.
Autor direto é aquele que realiza pessoalmente
a conduta típica. O próprio agente realiza diretamente o comportamento descrito no tipo
penal incriminador. Autor mediato é aquele que se vale de um
terceiro para cometer o crime, o qual está acobertado por uma causa de exclusão da
Noções de Direito Penal
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tipicidade, ilicitude ou culpabilidade. O autor mediato não executa pessoal e diretamente a
conduta típica, mas domina a vontade de outrem, que, por sua determinação, executa o
comportamento proibido. Portanto, é aquele que comete fato punível através de outra pessoa,
respondendo pelo crime porque tem o domínio final do fato. P. ex, João utiliza um inimputável para matar seu desafeto, ou coage física ou
moralmente Leandro para subtrair objetos da empresa em que trabalha.
Co-autoria é a própria autoria, praticada em conjunto. Nela há mera divisão de tarefas na
prática do crime. Ocorre quando duas ou mais pessoa, conjuntamente, realizam o verbo do tipo
penal. Há co-autoria quando todos os participantes realizam características da conduta
punível. Ex. no roubo, A aponta a arma e B subtrai os objetos da vítima; no estupro, A segura a vítima, enquanto B mantém conjunção
carnal. Autoria colateral ocorre quando os agentes
praticam atos convergentes para obtenção do resultado, sendo que um desconhecendo a
conduta do outro, de modo que cada um responderá pelo crime que cometeu, em razão da
inexistência de unidade de desígnios (liame subjetivo) na realização do tipo penal. Há autoria
colateral quando duas ou mais pessoas, ignorando uma a contribuição da outra, realizam
condutas convergentes, objetivando a execução da mesma infração penal. Ex., A e B, montam emboscada, sendo que um não sabia da intenção
do outro, e no momento em que C passava pelo local disparam simultaneamente.
Autoria incerta ocorre quando, na autoria colateral, não se conseguiu identificar que foi o
real causador do resultado. Autoria desconhecida ou ignorada ocorre
quando não se consegue identificar quem foi o realizador da conduta produtora do resultado
típico, isto é, não se sabe quem é o autor do crime.
PARTICIPAÇÃO
Partícipe é aquele que concorre para que o autor do crime realiza a conduta típica, isto é,
contribui para a produção do evento, sem contudo praticar comportamento que se amolde
ao verbo do tipo penal. Assim, o partícipe apenas presta contribuição para que o autor pratique o
crime, sendo que sua conduta não se encaixa no núcleo do tipo legal.
Para que exista participação punível é
necessário que o partícipe tenha vontade em cooperar/contribuir para a realização do resultado
típico e que preste contribuição efetiva. A participação pode ocorrer em qualquer
das fases do iter criminis. Da cogitação até a consumação do delito. Entretanto, a punição do
partícipe está condicionada ao início da execução
do crime, salvo nos casos em que se punem atos preparatórios como figuras penais autônomas.
PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA
A punibilidade da participação está
condicionada ao grau de reprovabilidade da conduta do partícipe, haja vista a relevância causal de sua conduta no desdobramento da
realização do delito. O parágrafo primeiro, do art. 29, do
Código Penal, prevê uma mitigação para o agente que teve uma participação de pouca importância
no cometimento do crime, no sentido de leve eficácia causal de sua conduta.
Assim, se a conduta do partícipe teve pouca relevância para a realização do crime,
então ele terá direito a uma redução em sua pena de um sexto a um terço.
PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL
Nos termos do art. 31 do CP, “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado”. Assim, o induzimento, a instigação ou auxílio do
partícipe do partícipe para o cometimento do crime pelo autor não serão puníveis se este não
iniciar a fase de execução do delito. Quanto a cláusula “salvo disposição em
contrário”, diz respeito aos atos preparatórios que
por si sós constituem delitos crimes, ou seja, o partícipe não será punido pelo crime que induziu,
instigou ou auxiliou o agente a praticar, mas por sua própria conduta quando ela for prevista como
infração autônoma. Por exemplo, João empresta uma arma a Pedro para que este mate um
desafeto, mas Pedro decide em não prosseguir com seu intento, assim João responde por porte
ilegal de arma de fogo (art. 14, Lei 10.826/03), pois esta conduta por si só é crime, não podendo responder por homicídio tentado se não existiu
início de execução.
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DAS
CIRCUNSTÂNCIAS E ELEMENTARES
Circunstâncias são dados, fatos e elementos que circundam o fato principal. Não fazem parte da
figura típica, estando ao seu redor, podendo contribuir, contudo, para aumentar ou diminuir a sua gravidade. Podem ser de natureza objetiva
(tempo, lugar, modo de execução, condições e qualidades da vítima, etc.) ou subjetiva (referem-
se ao agente, suas qualidades, estado, parentesco, motivos do crime, etc.).
Elementares são os elementos constitutivos do tipo penal. São os dados que dão existência a
figura delitiva.
Noções de Direito Penal
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Conforme o disposto no art. 30 do Código Penal, podemos extrair as seguintes regras
básicas:
As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam entre os co-
autores e partícipes, SALVO quando constituírem elementares do tipo.
As circunstâncias objetivas e as elementares
do tipo (sejam elas objetivas ou subjetivas) só se comunicam entre co-autores e
partícipes se entrarem na esfera de conhecimento dos participantes.
Vamos Gabaritar?
12. (TRE-RJ – 2017 – CONSULPLAN) Quando
dois agentes, embora convergindo suas condutas para a prática de determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo liame subjetivo, tem-se
autoria
a) incerta. b) colateral.
c) sucessiva d) desconhecida.
13. (Procurador Jurídico – 2017 – VUNESP)
Sobre o concurso de pessoas, assinale a alternativa correta.
a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua personalidade. b) Se a participação for de maior importância, a
pena pode ser majorada de um sexto a um terço. c) Se algum dos concorrentes quis participar de
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até o dobro, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
e) O ajuste, a determinação, a sedição ou instigação e o auxílio ou cooperação material não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser executado.
Gabarito
1. A 2. A 3. E 4. A 5. A 6. B 7. D
8. C 9. A 10. B 11. C 12. B 13. D