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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI FACULDADES IDEAU AFECÇÕES PODAIS EM BOVINOS LEITEIROS CRIADOS NO SISTEMA FREE STALL BAMPI, Douglas¹ [email protected] CHRISTMANN, Vinicius André Breitenbach¹ [email protected] HAHN, Cristiano¹ [email protected] WERMEIER, Jeovani Flavio¹ [email protected] WILK, Evandro¹ [email protected] OLIVEIRA, Daniela De² [email protected] FACCIN, Ângela² [email protected] OLIVEIRA, Franciele De² [email protected] SEBEM, Juliana Gottlieb² [email protected] ¹ Discentes do Curso Medicina veterinária, Nível IV 2017/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS. ² Docentes do Curso Medicina veterinária, Nível IV2017/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS. RESUMO: No sistema free stall as vacas permanecem soltas em uma área cercada, dividida em duas partes, uma para a alimentação, tratadas 100% no cocho e tambem para exercícios, e outra com camas apropriadas para o descanso, sendo uma para cada. O presente trabalho teve como objetivo avaliar os problemas de cascos em bovinos leiteiros em sistemas de free stall, na região Norte do Rio Grande do Sul. Foram utilizados métodos de contenção nos animais para realização de limpeza e analizar os cascos para identificar lesões e alterações. Dentre as propriedades avaliadadas. Todos animais apresentaram algum problema de casco, umas com mais intensidade e outras com menos. Portanto, fatores ambientais e manejo, como um piso muito úmido e abrasivo, gerando desconforto ao animal também auxiliam no desenvolvimento da laminite. Com relação no trabalho estudado, se teve a conclusão de que, uma alimentação desiquilibrada com excesso de proteína, com o fornecimento de alimento muito picado, com as partículas de fibras ___________________________________________________________________________ _______________ Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Getúlio Vargas – RS – Brasil 1

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AFECÇÕES PODAIS EM BOVINOS LEITEIROS CRIADOS NO SISTEMA FREE STALL

BAMPI, Douglas¹[email protected]

CHRISTMANN, Vinicius André Breitenbach¹[email protected]

HAHN, Cristiano¹[email protected]

WERMEIER, Jeovani Flavio¹[email protected]

WILK, Evandro¹[email protected], Daniela De²

[email protected], Ângela²

[email protected], Franciele De²

[email protected], Juliana Gottlieb²[email protected]

¹ Discentes do Curso Medicina veterinária, Nível IV 2017/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.² Docentes do Curso Medicina veterinária, Nível IV2017/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.

RESUMO: No sistema free stall as vacas permanecem soltas em uma área cercada, dividida em duas partes, uma para a alimentação, tratadas 100% no cocho e tambem para exercícios, e outra com camas apropriadas para o descanso, sendo uma para cada. O presente trabalho teve como objetivo avaliar os problemas de cascos em bovinos leiteiros em sistemas de free stall, na região Norte do Rio Grande do Sul. Foram utilizados métodos de contenção nos animais para realização de limpeza e analizar os cascos para identificar lesões e alterações. Dentre as propriedades avaliadadas. Todos animais apresentaram algum problema de casco, umas com mais intensidade e outras com menos. Portanto, fatores ambientais e manejo, como um piso muito úmido e abrasivo, gerando desconforto ao animal também auxiliam no desenvolvimento da laminite. Com relação no trabalho estudado, se teve a conclusão de que, uma alimentação desiquilibrada com excesso de proteína, com o fornecimento de alimento muito picado, com as partículas de fibras pequenas levam o animal a uma acidose, isso vai ocasionar problemas de laminite.

Palavras-chave: Intensivo, sanidade, enfermidades.

ABSTRACT: In the free stall system, the cows remain loose in a fenced area, divided into two parts, one for feeding, 100% treated in the trough and also for exercise, and another with adequate beds for rest, one for each. The present work had as objective to evaluate the problems of hulls in dairy cattle in systems of free stall, in the North region of Rio Grande do Sul. Containment methods were used in the animals to perform cleaning and to analyze the hulls to identify lesions and alterations. Among the evaluated properties. All animals presented some hull problem, some with more intensity and others with less. Therefore, environmental factors and handling, such as a very humid and abrasive floor, generating discomfort to the animal also aid in the development of laminitis. Regarding the work studied, it was concluded that an unbalanced diet with excess protein, with the provision of very chopped food, with the particles of small fibers lead the animal to an acidosis, this will cause laminitis problems.__________________________________________________________________________________________

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Keywords: Intensive, sanity, diseases.

1 INTRODUÇÃO

Um dos grandes problemas que atingem os bovinos destinados a produção leiteira são

as enfermidades nos cascos, que apresentam resultados econômicos negativos sobre a

rentabilidade na produção de leite, tanto pela redução da produtividade quanto pelo aumento

nos custos dos tratamentos, bem como o descarte prematuro de animais de alto valor

zootécnico. As lesões do casco raramente levam o animal ao óbito, no entanto por causarem

incômodos e por reduzir a quantidade de alimento ingerido, diminuem consideralmente sua

produtividade, pois as vacas acometidas passam boa parte do tempo deitadas (CORBELLINI,

1994).

Os produtores rurais atualmente vêm buscando maneiras para melhorar o bem estar

dos animais mantidos em fre estall, melhorando os cuidados e a forma como esses animais

são mantidos. Este é um assunto de fundamental importância para a produção de leite e as

instalações desses sistemas estão relacionadas com o bom desempenho e a saúde dos animais

(MILLER,1991).

Os sistemas de produção intensivos, ou confinados, são os que mais sofrem com o

problema, sendo que as afecções estão ligadas ao fornecimento de alimentos concentrados,

com o tipo de piso em que ficam, na maioria abrasivos que ferem os cascos. A maior

incidência se dá justamente em estabulações com grande quantidade de material orgânico

acumulado, umidade excessiva e, portanto, uma higiene precária (KUJALA, 2009).

Avanços na genética, relacionados com uma boa alimentação e manejo, com a

melhoria dos equipamentos e a qualidade das instalações, tem apresentado índices menores

nos casos destas enfermidades em animais mantidos no sistema de free stall. O produtor e o

médico veterinário poderão combater pontualmente as causas dos problemas sanitários e se

for possível determinar quais são as causas que afetam a produção leiteira, quantificando as

perdas causadas, para obter maior sucesso no controle sanitário do rebanho (GREENOUGH,

1997).

No sistema free stall as vacas ficam soltas em uma área cercada, dividida em duas

partes, uma para a alimentação, tratadas 100% no cocho e tambem para exercícios, e outra

com camas apropriadas para o descanso, sendo uma para cada animal (KUJALA, 2009).

O presente trabalho teve como objetivo avaliar os problemas de cascos em bovinos

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leiteiros mantidos em sistemas de free stall, na região Norte do Rio Grande do Sul.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliadas quatro propriedades, A e B no município de Barão de Cotegipe, C na

região de Ponte Preta e a D em Campinas do Sul, localizadas na região Norte do Rio Grande

do Sul, todas possuem sistema free stall de criação. Nas visitas realizadas as propriedades,

foram perguntados o número total de animais mantidos no sistema, quantos estavam em

período de lactação e número de vacas secas, quantos possuíam afecções podais, alimentação

que recebiam e quantas vezes por dia era fornecido, a utilização de pediluvio ou algum

produto complementar na ração para a prevenção das afecções. E tambem o tipo de piso e

cama que os animais permaneciam (figura 1 e 2). Após foram analisadas as afecções que

acometiam os cascos e verificado quanto a sua característica macroscópica de lesão. Para

realização do exame clínico foram prendidas as vacas no tronco para efetuar o levantamento

do membro a fim de realizar a lavagem, e posteriormente ser analizado o membro e toda a sua

estrutura (figura 3).

Figura 1: piso abrasivo e cama apropriada para o bem estar dos animais. Fonte: WILK, E.

Campinas do Sul, RS.__________________________________________________________________________________________

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Figura 2: Sistema de piso fenestrado que minimiza limpeza das instalações. Fonte:

WERMEIER, J. Ponte Preta RS.

Figura 3: Casco após limpeza com agua e escova. Fonte: BAMPI, D. Barão de Cotegipe, RS.

3 RESULTADOS E ANÁLISE

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A propriedade A continha 30 vacas em lactação que permaneciam somente nas

dependências do free stall, e mais 5 vacas secas que ficavam em piquetes no sistema

extensivo ate o parto, e este manejo era feito com todas as vacas saindo do free stall no

momento da secagem indo para piquetes e após o parto voltam para o confinamento. A

alimentação dos animais que permaneciam dentro do sistema era feita pela manha, tarde e

noite tendo uma quantidade de ração para cada animal de acordo com a produção de leite,

baseada em silagem de milho, feno de tifton a vontade e sal mineral com livre acesso. As

vacas secas que permaneciam fora do sistema eram alimentadas com variedades de pasto

anuais, silagem, ração e com sal mineral com livre acesso (figura 4). O casqueamento dos

animais não era feito com frequência e o pedilúvio não era utilizado. A limpeza do pavilhão

era feita 3 vezes ao dia manualmente, o piso era abrasivo no local de alimentação e dos

exercícios. A cama possui um tapete apropriado para o bem estar dos animais (Figura 4).

Figura 4: Alimentação fornecida às vacas a partir de silagem de milho, ração e feno de tifton.

Fonte: CHRISTMANN, V. Barão de Cotegipe, RS.

A primeira vaca analisada estava com o membro posterior direito com lesões no casco

entre os talões, e continha partes enegrecidas e a coroa do casco estava hiperemica . A __________________________________________________________________________________________

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segunda vaca apresentava os mesmos sintomas no membro posterior esquerdo. As demais

vacas não possuíam lesões, mas 18 animais estavam com a coroa do casco roseada (figura 5).

Figura 5: casco com lesões entre os talões e coroa hiperemica. Fonte: BAMPI, D. Barão de

Cotegipe, RS.

Na propriedade B, também localizada no mucicipio de Barão de Cotegipe, havia trinta

e cinco vacas em lactação, estes animais permaneciam por todo o período de lactação no

sistema de free stall. Também havia 8 vacas secas que ficavam em outro piquete separado

das vacas em lactação, estes animais estavam no período de pré parto, portanto não era

necessário permanecerem confinadas junto com as demais. As vacas em lactação eram

alimentadas 3 vezes ao dia com silagem de milho, feno de tifton, ração e também com sal

mineral em livre acesso. Logo após o momento do parto eram inseridas novamente no

confinamento. A limpeza do galpão era efetuada pelo proprietário, tres vezes ao dia

manualmente, o piso era abrasivo no local da alimentação e na área destinadas aos exercícios

e a cama era forada com um tapete próprio para o conforto de cada animal. Aqui nesta

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propriedade não era utilizado o pedilúvio para auxiliar no controle das enfermidades digitais,

nos animais analizados não foi encontrado nenhuma lesão mais grave nos cascos, porem

haviam 12 animais com a coroa do casco mais hiperemica, e os demais animais apresentavam

uma leve alteração na estrutura (figura 6).

Figura 6: casco com a coroa fortemente hiperemica. Fonte: HAHN, C. Barão de Cotegipe,

RS.

Na propriedade C, havia 20 vacas secas e 60 vacas em lactação, sendo separadas em

lote 1 e lote 2, que dividia as vacas de alta produção e as de menor produção respectivamente.

No lote 1, era oferecida uma quantidade maior de ração para cada vaca, pois a podução de

leite era maior. Já no lote 2, que eram as vacas de menor produção, era fornecida uma

quantidade menor de ração mas a quantidade de silagem de milho e feno de tifton era a

mesma para cada animal. Independentemente do lote sempre se fornecia a alimentação 3

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vezes ao dia e com sal mineral com livre acesso. A limpeza do free stall não era efetuada pois,

era usado um sistema de piso que era frizado em que as fezes e urina caiam diretamente no

canal escoando continuamente para a piscina de dejetos. Foram analizados 17 animais do lote

1 sendo que nenhum continha lesões nos cascos, mas todas com a coroa do casco hiperemica,

e 13 animais do lote 2 e não foi encontrada nenhuma lesão e nem coroas hiperemicas.

Nesta propriedade era usado um produto preventivo para problemas digitais fornecido

integrado

com a ração diariamente, e não estava sendo usado o pedilúvio. As vacas que estavam secas

permaneciam dentro do free stall em um espaço separado das demais (figura 7).

Figura 7: Vacas nas camas e no local de alimentação. Fonte: BAMPI, D. Ponte Preta, RS

Na propriedade D, localizada no município de campinas do Sul, havia 50 vacas

lactantes e 15 vacas secas, foram observadas alternadamente 20 vacas, dos animais

examinados nenhum animal apresentava algum clinico de enfermidade digital. Nesta granja

eram fornecidos silagem de milho de boa qualidade, feno de azevém bem conservado, ração e

sal mineral com livre acesso. A limpeza do pavilhão onde os animais permaneciam era feita __________________________________________________________________________________________

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manualmente, sempre de duas à três vezes por dia, ou conforme necessidade. Como essas

vacas permaneciam confinadas e se movimentavam muito pouco, o casco não sofria muito

descaste, por isso semestralmente era realizado o casqueamento em todos os animas, afim de

prevenir problemas nas estruturas podais, e nesta propriedade também utilizavam o

pedilúvio que é um método, como foi visto, bastante significativo (figura 8 e 9).

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Figura 8: Pedilúvio usado na prevenção de doenças podais Fonte:WERMEIER, J. Campinas

do Sul, RS.

Figura 9: Coroa do casco sem nenhuma alteração Fonte: CRISTMANN, V. Campinas do Sul

RS.__________________________________________________________________________________________

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Dentre as propriedades avaliadadas, no sistema de free stall, todas apresentaram algum

problema de casco nos animais leiteiros, exceto na propriedade D umas com mais intensidade

e outras com menos intensidade, como se pode observar na tabela 1 (figura 10).

TABELA 1 – AAFECÇÕES PODAIS EM BOVINOS LEITEIROS CRIADOS NO

SISTEMA DE FREE STALL

PROPRIEDADE VACAS

LACTANT.

VACAS SECAS V. PROBLEMAS

A 30 5 20

B 35 8 12

C 60 20 17

D 50 15 -

54%

26%

20%

ABCD

Figura 10: Porcentagem de animais acometidos pela laminite em cada propriedade.

Um problema muito comum em animais de alta produção leiteira, principalmente em

animais mantidos no sistema de free stall é a laminite, que é uma doença que vem causando

vários prejuízos a muitas décadas. Como foi visto um dos principais fatores que acometem os

animais é uma alimentação desquilibrada nutricionalmente, a maioria das vezes com excesso

de proteína e a falta de alimento fibroso. O piso justamente por ser abrasivo, por estar sempre

úmido e bastante sujo também acaba influenciando no desenvolviento da laminite. __________________________________________________________________________________________

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Resumidamente, os fatores de risco são em especial o tipo de piso a ser utilizado, o ambiente

justamente (BERGSTEIN, 2003; KUJALA, 2009), as mudanças hormonais no período de pré

parto (VERMUNT & GREENOUGH, 1994; WEBSTER, 2001) os fatores nutricionais, e o

mais importante e a principal causa que é a acidose ruminal (AMETAJ, 2010).

A laminite é um processo inflamatório que atinge as estruturas sensíveis da parede do

casco, de bovinos principalmente, que resulta em claudicação e deformidade permanente do

casco, causando muita dor e gerando desconforto no animal. Normalmente está associada à

ingestão excessiva de grãos, que é uma fonte rica em energia proteica, por outro lado também

pode estar associada a fatores genéticos, falta de higiene nas instalações, idade, falta de

exercícios fisicos, estresse, umidade no piso onde estes animais permanecem ou até mesmo

quadros de intoxicação no animal. Os diferentes fatores que estão ou que possam estar

envolvidos nos problemas da laminite nos bovinos leiteiros variam de acordo com o manejo

de cada propriedade ao qual estes animais estejam submetidos (GREENOUGH, 1990).

É muito importante para animais que sejam mantidos em sistema confinados, um

acesso a piso macio, para que possam ter um repouso em decúbito, demaneira a favorecer a

ruminação e a circulação sanguínea nos dígitos (MULLING et al., 2006; GREENOUGH,

2007). Esse espaço deve conter dimensões adequadas, áreas com um piso de concreto e

relativamento úmico contendo pouca ou nenhuma cobertura devem ser evitadas, visto que,

nesse tipo de piso o animal permanece em posição quadrupedal, ou seja, o animal permanece

a maior parte do tempo em pé. Muitas propriedades optam pelo sistema de piso fenestrado,

facilitando assim o escoamento das fezes e da urina, mantendo a área sempre que possível

limpa e menos úmida. Algumas opções de cobertura de piso para o free stall são o tapete de

borracha, a serragem, a palha, a areia ou até mesmo casca de arroz (BERGSTEN, 2003,

COOK et al., 2004).

Uma das medidas que auxiliam no controle das enfermidades podais é o

casqueamento, feito conforme necessidade, normalente é feito semestralmente, como foi visto

na propriedade D em Campinas do Sul. Animais com lesões nos cascos requererem mais de

uma ou duas sessões de casqueamento. Para gado leiteiro de alta produção é recomendado o

casqueamento durante a lactação e durante o período de pré parto (SHEARER & VAN

AMSTEL, 2001). É bem comum que o casqueamento seja realizado apenas quando os

animais apresentem sinais evidentes de desconforto (NICOLETTI, 2004). Os objetivos do

casqueamento é a restauração da distribuição adequada de peso em cada dígito, a retirada de

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tecido córneo excessivo e seguidamente a correção das lesões digitais (SHEARER & VAN

AMSTEL, et. al. 2001).

A maioria das lesões apresentou inflamação, pequenas erosões superficiais, com

presença de crostas e raramente atingindo tecidos mais profundos. O controle da laminite é

feito principalmente com o manejo adequado entre bem estar e uma alimenteção balanceada

(MULLING, 2006). O principal fator associado a laminite é a acidose ruminal, causada pelo

excesso de proteína na alimentação (GREENOUGH, 2007). No controle da acidose ruminal

devem ser fornecidos grandes quantidades de fibras na dieta, como o feno por exemplo, e que

seja principalmente de boa qualidade. Com isso melhorando a capacidade tamponante do

rúmen, por estimular a ruminação e produção de saliva, rica em bicarbonato. (ENEMARK,

2009). Existem vários métodos para prevenção e tratamento dos animais com afecções

podoais, desde a alimentação até o uso de medicamentos. Com relação à silagem, fonte de

volumoso na maioria das propriedades leiteiras, é muito importante observar o tamanho

médio das fibras durante o ensilamento. Fazer ajustes no triturador se for necessário para

deixar as fibras em um tamanho ideal, geralmente de 3 a 5 cm, para que o animal possa fazer

o trabalho de ruminação, estimulando a salivação. O uso de bicarbonato de sódio e carbonato

de potássio na dieta aumenta a capacidade tamponante. Esses produtos são muito utilizados

para evitar e controlar a redução de pH ruminal (KRAUSE & OETZEL, 2006).

4 CONCLUSÃO

Dentre as propriedades avaliadas, três delas apresentraram problemas nos bovinos de

leite com lesões nos cascos. Porem, uma alimentação desiquilibrada em excesso de proteína,

com o fornecimento de alimento muito picado, ou com as partículas de fibras muito pequenas

isso leva o animal a uma acidose ruminal, ocasionado a problemas de laminite. Por tanto,

fatores ambienteais e manejo, como um piso muito umido e abrasivo, gerando desconforto ao

animal também auxiliam no desenvolvimento da laminite.

REFERÊNCIAS

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