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nos Materiais e Práticas Escolares Regiane Matozo Fernandes Adriana Massaê Kataoka Ana Lucia Suriani Affonso

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nos Materiais e Práticas Escolares

Regiane Matozo FernandesAdriana Massaê KataokaAna Lucia Suriani Affonso

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(Paulo Freire)

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.

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Prezado educador (a)!

Esse material possui um caráter pedagógico, e foi pensado para você

que se preocupa com a temática ambiental e trabalha no contexto escolar.

Diante da vastidão de materiais que abordam a Educação Ambiental (EA)

esse material tem a preocupação em trazer elementos que propiciem uma EA

coerente com os princípios preconizados nas Diretrizes Curriculares de

Educação Ambiental (DCNEA) de 2012.

A EA preconizada na DCNEA orienta as práticas educacionais na

perspectiva da criticidade. Mas o que significa criticidade? Quais seriam as

características de uma EA crítica? Isso significa que existem outras formas de

fazer EA que não propiciam a criticidade? Quais são as características de

outras formas de fazer EA?

Sim, há diferentes abordagens da EA, e nesse sentido é interessante

que você, educador (a) consiga identificá-las para que possa planejar ações

ou projetos mais adequados as especificidades da escola e articulados com

as recomendações da DCNEA.

Assim, esse material o ajudará a identificar as características

elementares de uma EA crítica, para que você possa avaliar a partir desses

elementos, os materiais didáticos, principalmente o livro didático.

Pensando nisso, esse material reuniu as principais abordagens da EA e

descreveu os elementos que dão características as principais perspectivas da

EA, sendo aqui consideradas: conservadora, pragmática e crítica.

Portanto, nesse trabalho você encontrará a teoria sobre as abordagens da

EA, bem como a proposição de indicadores de tendências, sintetizadas em

uma tabela, como forma de facilitar a identificação das abordagens da EA.

Bom trabalho, sucesso!

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Sumário

Capítulo 01 - AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Capítulo 02 - TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Tendência Conservadora

Principais características das ações educativas do tipo

Conservadora

Principais carências das ações educativas do tipo Conservadora

Tendência Pragmática

Principais características das ações educativas do tipo

Pragmática

Principais carências das ações educativas do tipo Pragmática

Tendência Crítica

Principais características das ações educativas do tipo Crítica

Principais Carências das ações educativas do tipo Crítica

Capítulo 03 - INDICADORES

Capítulo 04 - PROPOSTA INDICADORA DE TENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

Referências bibliográficas

As imagens foram retiradas do Freepik (www.freepik.com) e modificadas conforme permite a licença. Agradecemos

aos colaboradores do Freepik.

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AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Professor (a)

Ao considerar sua trajetória na escola, em alguma situação você

deve ter se envolvido com uma prática de EA, certo? Seja propiciada

em conteúdo de materiais didáticos, projetos na escola ou eventos

formativos de caráter educativos, a EA sempre aparece como conteúdo

para os professores. Sendo assim, a maioria dos educadores pode

afirmar com convicção: “já trabalhei com educação ambiental”.

Pois bem, você sabia que a forma com que a EA é tratada nos

materiais didáticos ou em suas aulas pode ser categorizada? Sim, há

muitos trabalhos científicos que identificam as características

presentes nas diferentes abordagens com essa temática. E com esse

discernimento sobre as abordagens da EA, o trabalho com os materiais

didáticos, o planejamento das aulas e até a aplicação do conhecimento

pode ser mais efetivo.

Daqui para frente, você poderá compreender a sua forma de

trabalhar a EA e compreender se é uma prática crítica ou não. Já

pensou nisso? Assim, fica mais fácil compreender o que caracteriza

uma EA crítica, bem como as outras diversas formas de fazer EA.

Pois então, aqui iremos abordar as possibilidades de trabalho

com a EA, seus limites e possibilidades.

As diferentes concepções de EA, trabalhadas no

ambiente escolar pode assumir uma postura mais tradicional ou

conservadora e até mesmo um perfil mais crítico. Há diversas

concepções de EA, que emergem substancialmente a partir da

abordagem conservadora e da crítica, que são consideradas como

macro eixos de acordo com Layrargues e Lima (2011). Essas

concepções se articulam com as concepções da educação e

apresentam tendências de pensamentos, ideias e representatividades

entre outas subjetividades.

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A tendência conservadora de EA é uma das formas mais

tradicionais de trabalhar o ambiente. No Brasil, essa tendência de

pensamento sobre a temática ambiental era hegemônica desde a

última década do século XX e início do século XXl. Os primeiros

trabalhos realizados com EA ocorreram nessa perspectiva,

principalmente pela fragmentação do assunto abordado, sendo

abordado o ambiente natural, sem relação com a sociedade e seus

aspectos construídos.

Nesse trabalho também será abordado a tendência de

educação pragmática. A visão pragmática não deixa de ser

conservadora, porém traz consigo características que lhes são

peculiares, como as ações práticas diante de problemas ambientais,

como forma de amenizar seus efeitos mas, sem problematizações ou

ações para atingir a causa dos problemas. Esse pragmatismo é bem

comum de ser encontrado nas ações escolares, como as ações de

reciclagem, catalisadores de automotores, etc.

A concepção crítica entende o ambiente como a integração entre

ambiente natural, ou seja, compreende os seus aspectos biológicos,

físicos bem como a dinâmica socioambiental. Essa concepção de

ambiente discute as diversas dimensões estruturantes da sociedade,

que implicam nos mais variados problemas ambientais.

Assim, nesse produto será apresentado as principais

características da tendência conservadora, pragmática e crítica.

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TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Tendência Conservadora

A EA na perspectiva do conservadorismo, segundo Carvalho

(2006, p. 37), possui riscos a ser considerada, principalmente pela

“consequência de uma visão predominantemente naturalista-

conservacionista e a redução do meio ambiente a apenas uma

de suas dimensões, a dimensão dos aspectos naturais do

ambiente, e se despreza a riqueza da permanente interação

entre a natureza e a cultura humana, construto da estrutura

social.”

Moraes (2002) ressalta que a educação conservadora tem suas

concepções em torno do naturalismo, pois apresenta uma ideia

romântica da relação homem-natureza, visto que nessa visão

romântica, a natureza possui um valor superior ao ser humano, e assim,

perde a sua dimensão social. A vertente da EA conservadora, de acordo

com Lima (2002) caracteriza-se pela concepção reducionista,

fragmentada e unilateral da questão ambiental, dada a sua

compreensão naturalista e conservacionista.

Para KRASILCHIK (1994) a prática conservadora de EA

compreende uma relação dicotômica entre o ser humano e o ambiente,

sendo o primeiro apresentado como destruidor. Os problemas

ambientais são apresentados e o homem é colocado como

responsável, de forma individual, em sua natureza biológica, sem

discussão dos aspectos que estruturam a sociedade.

As práticas da EA conservadora, de acordo com Pelicioni (2005),

partem de um ideário romântico, inspirador do movimento

preservacionista do final do século XIX. Essa ideia preservacionista é

caracterizada principalmente por promover o despertar da afetividade

em meio a natureza como forma de bem-estar e equilíbrio emocional, e

nessa lógica buscava-se a preservação do ambiente natural, ou seja

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não alterar o ambiente. Porém, não se discute a realidade social, logo é

uma educação realizada numa “bolha”, pois a sociedade é dinâmica e

apresenta suas diferentes faces estruturantes, as quais interferem

direta e/ou indiretamente na natureza. A vertente conservadora

presente nas práticas educativas preza o comportamento individual em

relação ao ambiente e mudanças de hábitos, o que faz com que essa

tendência também seja conhecida como comportamentalista.

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Figura 1 – Representação da Abordagem Conservadora.

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Meio Ambiente

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Principais características das ações educativas do tipo

Conservadora

· Refere-se apenas o ambiente natural;

· Enfatiza-se a conservação/preservação para a valorização das

paisagens naturais e para o bem-estar. É como verificar ações

como: abraçar a árvore, atividades ao ar livre, vendar os olhos e

usar o tato;

· Normalmente envolvem a afetividade, as emoções em conteúdo

de textos, poesia, músicas e como forma de comoção diante dos

problemas ambientais;

· Não se discute os aspectos da estrutura social, bem como as

ações humanas no ambiente impulsionadas pelo sistema de

desenvolvimento econômico;

· Responsabiliza-se o ser humano enquanto indivíduo pelos

problemas ambientais. O ser humano é considerado “vilão” dos

problemas ambientais.

Principais carências das ações educativas do tipo

Conservadora

· Falta de problematizações da estrutura social e os impasses

ambientais;

· O diálogo com as diversas áreas do conhecimento: histórico,

cultural, político, econômico, e social para a compreensão da

crise ambiental;

· Não fomenta a participação social em âmbito coletivo.

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Tendência Pragmática

A tendência pragmática da EA é uma derivação da tendência

conservadora, que se instituiu no final da década de 90, devido às

mudanças significativas referentes ao desenvolvimento da sociedade.

Ela representa uma “adaptação ao novo contexto social, econômico e

tecnológico” (LAYRARGUES; LIMA, 2011, p. 10-11). A vertente

pragmática se limita as práticas educativas conteudistas, ahistóricas,

apolíticas, instrumentais e normativas, “reduzindo os humanos à

condição de causadores e vítimas da crise ambiental, desconsiderando

qualquer recorte social” (LAYRARGUES; LIMA, 2011, p.7).

Diante dos grandes avanços na ciência e tecnologia que

estavam ocorrendo no final da década de 90, a EA tinha sua prática

voltada os usos dos recursos naturais; com medidas que tinham como

finalidade a sustentabilidade, combate ao desperdício, a reciclagem e

coleta seletiva. O problema nessa década era principalmente com o

lixo, que tinha aumentado consideravelmente, impactando o ambiente.

Porém, o ser humano continuava destituído de ambiente. A EA

pragmática “apela ao bom-senso dos indivíduos para que sacrifiquem

um pouco do seu padrão de conforto e convoca a responsabilidade das

empresas para que renunciem a uma fração de seus benefícios em

nome da governabilidade geral” (LAYRARGUES; LIMA, 2011, p.10).

As práticas da EA pragmática se pautam na ação, diante dos

vários problemas ambientais que se iniciaram na década de 90,

buscando soluções para os problemas ambientais e o estabelecimento

de normas a serem seguidas. De acordo com Crespo (1998) o

pragmatismo pode ter suas concepções consideradas tecnicistas. Na

EA a concepção pragmát ica v isa mecanismos de a l iar

desenvolvimento econômico com manejo sustentável de recursos

naturais. A ênfase ocorre na mudança de comportamento individual,

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direcionada ao cumprimento de normas ditadas por lei, projetos

governamentais, entre outros mecanismos que visam “soluções” para

os problemas aparentes no ambiente.

Principais características das ações educativas do tipo

Pragmática

· O ambiente é considerado como fonte de recurso;

· Não discute as causas dos problemas ambientais;

· Procura-se conhecer as técnicas para recuperar ou amenizar

problemas ambientais;

· Existe a gestão dos problemas ambientais;

· Envolve ações práticas e emergenciais, diante de um problema

ambiental, como por exemplo, a coleta seletiva em relação a

problemática do lixo.

· As ideias são antropocêntricas, realizam ações buscando as

melhorias para o ser humano.

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Figura 2 – Representação da Abordagem Pragmática.

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Principais carências das ações educativas do tipo Pragmática

· As causas dos problemas ambientais não são discutidas;

Ÿ Ausência de diálogo e reflexão nas ações pedagógicas.

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Figura 3 – Representação da Abordagem Pragmática.

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Tendência Crítica

À medida que o século XXI avança, torna-se um desafio a

construção de um modelo de sociedade, que contemple e considere as

diversas dimensões da sociedade, como as sociais, políticas e

culturais, entre outras dimensões que permeiam a sociedade O modelo

deve contrapor o modelo hegemônico. É nesse sentido que é um

desafio. Esse desafio consiste na busca de uma outra sociedade, que

ao contrário da atual, seja “ecologicamente equilibrada, culturalmente

diversa, socialmente justa e politicamente atuante” (LAYRARGUES,

2006, p.11).

A vertente crítica em educação e nesse caso nos aspectos da EA

é considerada uma educação emancipatória e transformadora.

Segundo Loureiro (2006) ela possui atitude crítica perante os desafios

da crise civilizatória, partindo da compreensão complexa do meio

ambiente e do princípio de que o modo como vivemos não atende mais

às expectativas e à compreensão de mundo e sociedade. Há uma

politização da crise ambiental na relação dos processos como

produção-consumo, ética, questões sócio históricas e nos interesses

dos vários segmentos da sociedade. A educação na perspectiva da

criticidade tem preocupação concreta em estimular o debate e o

diálogo entre as Ciências, redefinindo objetos de estudo e saberes.

Diante do pensamento do Freire (2000, p. 110) “a educação é

uma forma de intervenção no mundo” e a educação baseada na

criticidade oferece elementos para que as pessoas “leiam” o mundo,

compreendam suas vidas, compreendam a diversidade de contextos, e

assim, percebam o funcionamento da sociedade, bem como as formas

de intervenção na realidade. Lima (2002), Layrargues (2004; 2011),

Loureiro (2004), Loureiro et al. (2006) e reforçam as formulações

teóricas que consolidam, no campo da educação, a EA crítica como

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forma de transformação social. Uma educação na perspectiva da

criticidade, permite que ao indivíduo maior autonomia.

Principais características das ações educativas do tipo Crítica

· Construtora da cidadania: cidadão comprometido com a justiça

social, crítico e reflexivo com os conhecimentos, atitudes,

valores e comportamentos;

· Compreensão das questões ambientais com as contribuições

de diversas áreas do conhecimento;

· Considera as diversas dimensões que implicam na

complexidade do ambiente: sociais, políticos, econômicos e

culturais;

· Existe o debate político, dialógico e contextualizado, na

compreensão da relação histórica das atividades humanas com

o meio natural;

· Problematiza a geração, o consumo e a distribuição de energia

no mundo. Discute o sistema de produção, o sistema econômico

capitalista, o consumismo para as diferentes classes sociais;

· Propõe ações, envolvendo a participação coletiva de forma

política, e reflexiva.C

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MERCADOESCOLA

Figura 4 – Representação da Abordagem Crítica.

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Children’s DayChildren’s Day

HAPPY

Principais Carências das ações educativas do tipo Crítica

· Envolver a dimensão afetiva/emocional;

· Interação razão-emoção

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Figura 5 – Representação da Abordagem Crítica.

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INDICADORES

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As DCNEA recomendam o trabalho com a EA na perspectiva da

criticidade, logo a tendência da educação crítica deve nortear a EA.

Uma tendência de educação crítica apresenta meios para que atenda

tal prerrogativa e nesse sentido, é interessante ter clareza dos tipos de

tendências de EA existentes, para que o educador adeque o trabalho

ao objetivos (BRASIL, 2012).

Com o intuito de tornar possível a diferenciação dos trabalhos

envolvendo a temática ambiental, foi organizado alguns indicadores de

tendências da EA, que facilitam a compreensão dos tipos de educação

ambiental existentes. Tais indicadores são instrumentos que

possibilitam a construção de objetivos para o trabalho com a temática.

A origem da palavra indicador vem do latim “indicare” e significa,

destacar, anunciar, tornar público, estimar (MÉRICO, 1996).

Indicadores possibilitam a comunicação de informação, são

facilitadoras do diálogo, por promoverem elementos capazes de

simplificar, analisar e comunicar.

Nesse sentido, os indicadores, de acordo com Butzke (2001),

permitem a compreensão de fenômenos complexos, que sejam

assimilados por diferentes níveis da sociedade. De acordo com Kayano

e Caldas (2002) os indicadores são uma medida, uma forma de

mensuração, com a finalidade de sintetizar um parâmetro e seu

conjunto de informações em um “número”. Porém, os indicadores não

são apenas mensuráveis, com valores quantitativos, há também os

qualitativos, que permitem apontar os conhecimentos e correlacionar

os fenômenos entre si.

Dessa forma, para diferenciar os principais tipos de EA

organizou-se alguns indicadores que possibilitam a diferenciação das

tendências da EA (conservadora, pragmática e crítica).

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Figura 6 – Os indicadores oferecem propostas das tendências educacionais da EA.

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PROPOSTA INDICADORA DE TENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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A proposição desses indicadores facilitam a análise de materiais

didáticos, bem como as ações pedagógicas, no que tange as

orientações da abordagem de conteúdo com a temática ambiental.

Assim, diante das orientações contidas nas DCNEA é possível saber

que elementos do conhecimento estão presentes nos diferentes tipos

de abordagem.

Nessa proposta estão presentes elementos característicos do

conhecimento que identificam as tendências/concepção de EA:

conservadora, pragmática e crítica. Ela foi elaborada a partir dos

principais objetivos de uma ação pedagógica, em questão.

Os indicadores trazem consigo informações e síntese a respeito

das tendências, sendo selecionados da seguinte maneira: 1)

percepção da problemática ambiental. 2) Concepção de meio ambiente

/ natureza. 3) Principais conceitos abordados. 4) Objetivos das práticas

pedagógicas. 5) Exemplo de atividades educativas (caráter). 6)

Principais características. 7) Responsabilizações e ou soluções para

as crises ambientais.

Esses indicadores foram adaptados a partir de Da Silva, Caretti

e Zuin (2010), baseado também em trabalhos desenvolvidos por Silva

(2007) e Marpica (2008) referente aos elementos pertencentes as

categorias adotadas e são apresentados na Tabela 1 a seguir.C

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Indicadores

Conservadora

Pragmática

CríticaPercepção da problemática ambiental

O ser humano é acusado de ser o destruidor dos recursos naturais.

Os problemas ambientais. Estão

presentes aonde se explora os recursos naturais, sem maiores cuidados.

Os problemas ambientais são resultantes de um modelo de desenvolvimento econômico que interfere no ambiente de forma complexa.

Considerações sobre o

meio ambiente

/

natureza

Compreende os aspectos ecológicos, os naturais.

Compreende os recursos naturais de forma utilitarista.

Visão antropocêntrica.

Relação complexa, envolve elementos naturais, históricos, políticos, econômicos, culturais e sociais. Esses elementos estão em constante interação.

Principais conceitos abordados

Ecologia (ciclo da matéria, relações ecológicas, fatores bióticos e abióticos, fluxo da energia etc.), poluição, natureza, bem-estar, lazer, qualidade de vida.

Sustentabilidade, coleta seletiva, medidas de economia de energia (água, luz, alimentos, etc.).

Estrutura social, cultura, economia, políticas públicas, produção

e consumo, desigualdade social, emancipação, cidadania.

Objetivos das práticas pedagógicas

Promover a

consciência sobre a preservação dos ambientes naturais.

Realizar práticas de ações nos ambientes, como forma de diminuir os problemas

ambientais.

Analisar a crise ambiental com uma visão socioambiental, envolvendo fatores econômicos, políticos, sociais e culturais.

Exemplo

de atividades educativas, (caráter).

Práticas de sensibilização: paródias/poemas/poesia

envolvendo emoções e afetividade com a natureza. Frases de efeito conscientizador.

Ações práticas e pontuais na resolução de problemas: coleta seletiva, plantio de árvores, limpeza de rios.

Práticas problematizadoras do modus operandi do sistema econômico social. Promove aconstrução cidadã; participação coletiva, de forma política, e visaa justiça social.

Principais características

Compreende apenas em o ambiente natural.Busca a preservação do ambiente natural.

Busca ações

práticas

sustentáveis, a gestão dos problemas ambientais.

Envolve problematizações sobre a estrutura social, busca ações de cidadania, participação social coletiva, justiça social, políticas públicas, como forma de transformação da social.

Responsabilidadee/ou soluções para as crises ambientais.

Os indivíduos de modo geral são responsável pelas crisesambientais. Promove a mudança individual.

Não se discute as causas dos problemas. As ações envolvemmudanças comportamentais, e individuais.

A crise é resultado de uma relação complexa determinada historicamente pelo modo de desenvolvimento social. Busca-seações coletivas por meio de políticas públicas sociais.

Tabela 1 – Indicadores de Tendência da Educação Ambiental.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Eu sou a Regiane, professora de Ciências e Biologia, formada pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), em 2008. Sou Mestre em Ensino de Ciências Naturais e Matemática por essa mesma Universidade. Desde a graduação iniciei as atividades acadêmicas com a Educação Ambiental (EA), e me preocupo com a forma que essa temática é desenvolvida nas instituições de Ensino. Baseado nisso produzi esse material, para que se tenha uma maior compreensão das principais Tendências educacionais da EA, e a maneira preconizada pelas políticas educacionais para com essa temática.