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NOSSA SENHORA APARECIDA · amizade. Como ainda nada ... vai nos engrandecer na fé da devoção à mãe Aparecida. ... como era próprio de sua natureza humana e onde permaneceu até

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NOSSA SENHORA APARECIDA

MÃE DE DEUSRAINHA DO BRASIL

João Carlos Aguiar de Mattos

Dados Internacionais de Catalogação naPublicação (CIP) (Câmara Brasileira doLivro, SP, Brasil)

Mattos, João Carlos Aguiar de

Nossa Senhora Aparecida [livroeletrônico] :

mãe de Deus, rainha do Brasil / JoãoCarlos

Aguiar de Mattos. -- São Paulo : Ed. doAutor,

2013.

5,82 Mb ; ePUB.

Bibliografia.

ISBN 978-85-914668-0-1

1. Maria, Virgem, Santa - Aparições emilagres

2. Maria, Virgem, Santa - Culto 3. NossaSenhora

Aparecida - História 4. Santuário deNossa Senhora

Aparecida - História 5. Santos cristãos -Biografia

I. Título.

12-15235 CDD-282.092

Índices para catálogo sistemático:

1. Santas : Igreja Católica : Biografia eobra

282.092

FICHA TÉCNICA

TextoJoão Carlos Aguiar de Mattos

Projeto GráficoPe. Antônio Sagrado Bogaz

Ana Cláudia César de MattosEquipe Técnica

Alexandra de Cássia MichielotteAna Cláudia César de Mattos

Fernanda César Amaral BarbosaJanaína Milene Zanfelice Covre

RevisãoMaria Amélia Borges BellattiImpressão e Acabamento

Gráfica e Editora DivisaContatos:

Avenida 42, 419 - Vila OperáriaRio Claro - SP 13504-115

Tel.: (19) 3533-5227

e-mail: [email protected]© Todos os direitos reservados

O AUTOR João Carlos é licenciado em História pelaUNICLAR - União das Faculdades Claretianas,Engenheiro Agrônomo e Mestre pela USP -Universidade de São Paulo. Desenvolveu ao longo de sua carreira, atividadescomo Diretor Geral do Instituto de Zootecnia deSão Paulo, líder do Programa de Zootecnia doInstituto Agronômico do Paraná, Coordenador daÁrea Básica de Zootecnia do InstitutoAgronômico do Paraná e Presidente do ConselhoTécnico da Associação Brasileira de Criadoresde Búfalos. Obteve o título de Pesquisador Científico NívelVI, equiparado ao de Professor Titular. Suaprodução científica conta com um númeroconsiderável sendo: 161 trabalhos científicos, 33trabalhos técnicos e 1.360 citações. Dedicou-se

por muito tempo a carreira de agronomia eposteriormente continuou desenvolvendoatividades na área empresarial, atuando comodiretor administrativo das empresas do GrupoSuperSoft. Pai de cinco filhos, avô de nove netos e umbisneto, João Carlos sempre foi católico comgrande devoção a Nossa Senhora Aparecida.Atualmente atua como Ministro da Eucaristia naParóquia de Santana em Rio Claro/São Paulo.

DEDICATÓRIA

América, meu bem! Este livro é para você.

Para vocês, meus filhos,Ana Cláudia, Augusto, Ariana, Adriana e

Alexandre também!Amo muito vocês!

Nossa Senhora Aparecida lhes proteja sempre!

AGRADECIMENTO

Agradeço a orientação e

colaboração doPe. Antônio Sagrado Bogaz,

sem a qual não teriasido possível arealização do

presente trabalho.

PREFÁCIO Tons de cores se unem, compondo aharmonia das paisagens, toques de som sesomam, ordenando a sinfonia das canções.Do jeito assim, vidas de pessoas seencontram e germinam a semente daamizade. Como ainda nada fosse,sentimentos bons se buscam compondorelações de seres nos caminhos dafelicidade. Sim, nossa história é feita de bonsencontros. Foi mesmo o encontro místicode nosso autor João Carlos com Maria,mãe de Jesus, que gerou este opúsculodevocional.

Como um filho nos braços da mãe ou ummenino bailando ao vento; as linhas destelivro revelam conhecimento da presençade Maria na história e devoção daconfiança filial de seus filhosespirituais. Este livro – bíblia – tradição -história – vai nos engrandecer na fé dadevoção à mãe Aparecida. Nosso amigo adorável, João Carlos,contemplou seu olhar fascinante e partilhaconosco esta graça infinita. Aos pés de Maria.Pe. Antônio Sagrado Bogaz

RESUMO

OSandro Botticelli, 1481-1485 - A Virgem de Magnificat

presente trabalho demonstra, até ondelhe for possível, a importância de

Nossa Senhora Aparecida para o nossopaís, bem como sua influência nestahistória, procurando, dessa forma, deixarclaro que a sua devoção é algo grandiosopara toda a sociedade.

Ele estuda com base nos conhecimentosatuais, nos evangelhos e na tradição MariaSantíssima em sua vida terrena e a suainfluência na formação de nosso país,reunindo a maioria do seu povo em umasó veneração e em uma só fé.

O encontro de sua imagem de formamiraculosa será narrado, bem como o

crescimento da sua veneração desde o seuinício até tornar-se atualmente uma dasdevoções mais significativas do mundo.

Maria, que era de origem real, obteve otítulo de Rainha do Brasil por Decreto doPapa Pio X e assim foi solenementecoroada pelos Bispos, com a participaçãodo povo e do Governo, esse título éperfeitamente válido e legítimo.

Dessa forma pretende-se deixar claro serela realmente rainha do Brasil e o seupovo ter o privilégio de, como seu súdito,contar sempre com a sua proteçãomaterna.

INTRODUÇÃO

MC. Bosseron Chambers, 11910 - A Imaculada Concepção

aria foi de todas as obras criadas, amais esplêndida das criaturas de

Deus em toda a obra, pensada por Eledesde toda a antiguidade como aquela quedeveria ser sua mãe durante sua vidaterrena. Esse fato já se verifica em suaimaculada conceição e também em suaassunção. Ademais no céu na qualidadede mãe de Deus, ela ocupa o mais altolugar entre todas as criaturas celestiais.

Ela tem demonstrado também através dostempos, sua dedicação na mediação e naparticipação da salvação dos homensatravés de suas inúmeras aparições eintervenções na história, bem como comas inúmeras graças que constantemente,

por sua intercessão Deus distribui àhumanidade.

Entre todas as nações teve Portugal,contudo a honra de ter sua coroa dedicadaa ela. Fato que ocorreu também no Brasil,com o acréscimo de ter tido sua coroaçãosolene, no título de Nossa SenhoraAparecida, como sua rainha. Esta situaçãoconcede ao povo brasileiro umapredileção especial e a glória de contarsempre com esta mãe divina, como suarainha.

Com base nessas considerações,pretendemos estudar e exaltar esses fatospara que se tenha em nosso país umadevoção cada vez maior e mais profunda

a Mãe de Deus. Pretende-se nesse estudoprocurar com base no Evangelho, natradição e na história, tudo que se sabe ouo que for possível conseguir sobre MariaSantíssima em sua vida e a suaparticipação em nossa história.

A ORIGEM

AJan Victors, 1619-1676 - Samuel unge Davi

história de Maria começa naeternidade. Quando Deus pensava na

criação não quis deixar de pensar naquelaque deveria ser sua mãe quando assumissea natureza humana para a salvação dahumanidade. Após a criação do homem,Ele lhes faz referência, basta recordar oevento da expulsão de Adão e Eva doParaíso.

Devido ao seu pecado diz à serpente quecolocaria inimizade perene entre ela e amulher que pisaria sua cabeça enquantoela picaria seus calcanhares (Gn 3, 15).Entendemos assim que uma mulher seria amediação da amizade entre Deus e ahumanidade.

Ao longo do Antigo Testamento algunsProfetas fazem referência a Maria.Recordamos nas profecias messiânicas:

“Por isso o próprio Javé vos daráum sinal; Eis que a jovem mulherestá grávida e dará luz a umfilho, ao qual ela chamará deEmanuel”(Is 7, 14-15).

Miqueias anuncia:

“Porquanto, ele os abandonaráaté o tempo, em que aparturiente dará luz. Então, oresto de seus irmãos voltará paraos filhos de Israel.” (Mq 2, 3).

Dessa maneira todo o povo de Israelesperava a chegada daquela que devia sera mãe do Messias.

No tempo em que César Augusto exerciasua magistratura no Império Romano,havia um homem muito rico, de nomeJoaquim, originário de Jerusalém quemorava em uma casa situada ao lado doTemplo, nessa cidade, local onde hoje seencontra uma Basílica dedicada a suaesposa Santa Ana (Tiago, 2004).

Mais tarde, contudo, é provável quevivesse com sua mulher em uma mansãode sua família, próximo a cidade deNazaré. De acordo com Emmerich (1854),

eles viviam muito tristes por já teremavançada idade e até então não lhes tersido concedido nenhum filho. Elesrezavam constantemente ao Senhorpedindo-lhe essa graça que finalmentelhes foi concedida; fato este anunciadopor um anjo. Agradecidos, prometeramdedicar ao Templo de Deus esse filho quelhes nasceria (Tiago, 2004).

Segundo a tradição, nove meses após oanúncio, num sábado, 8 de setembro doano 20 a.C. nascia Maria, a qual Deusconcederia dignidade de ser a mãe doMessias e a qual desde o nascimento Deusconcedeu muitas graças, dentre as quais ade ser concebida sem pecado o que lheoutorgava todas as prerrogativas da

natureza humana de forma plena. (Pio IX.Bula Ineffabilis Deus – 8/12/1854).

Quando a menina completou a idadepróxima há um ano, seu pai ofereceu umgrande banquete para apresentá-la aossacerdotes, aos escribas, ao sinédrio e atodo o povo de Israel, como convinha auma descendente do rei Davi(Emmerich,1854 e Tiago, 2004).

Davi foi o mais nobre de todos os reis emvirtude de ter sido o único que foi ungidopor Deus e deixou descendência (1Sm 16,1-13). Quando ele apresentou a meninaaos sacerdotes, eles a abençoaram comesta prece:

“Ó Deus de nossos pais, bendizesta menina e dá-lhe um nomeglorioso e eterno por todas asgerações”.

Maria segundo a tradição descendia deDavi por seu pai Joaquim, pois o avô deJosé descendia de Davi por Salomão,chamado Mathan. Este patriarca tinha doisfilhos, Jacob e José. Mathan morreu e suaviúva casou-se novamente com Levi,descendente de Davi por Nathan, o qualfoi o pai de Joaquim, também chamadoHeli (Emmerich, 1854).

Quando completou três anos, Maria foi,de acordo com o voto de seus pais,entregue ao Templo onde ficou sob a

guarda de seu primo Zacarias, sacerdoteem Jerusalém.

No grande Templo, Maria teve umaeducação esmerada, com pleno proveito,crescendo também em graça e belezacomo era próprio de sua natureza humanae onde permaneceu até seu noivado comJosé.

Ela foi confiada a José por Zacarias e osdemais sacerdotes, pois ele lhe convinhauma vez que era um homem justo eigualmente pertencia a família real deDavi (Tiago, 2004).

ANÚNCIO DO ANJO

PSandro Botticelli, 1489 - A Anunciação

rometida em casamento a José, ele alevou para sua casa em Nazaré onde

deveria permanecer, mantendo avirgindade, para aguardar a realizaçãodas bodas.

Ela teve a visita do anjo Gabriel que asaudou como cheia de graça e escolhidade Deus. Ele anunciou que ela conceberiae teria um filho ao qual poria o nome deJesus. A ele Deus daria o reino de seu paiDavi e esse reino não teria fim.

Não compreendendo, perguntou comopoderia ela ter um filho sendo virgem. Oanjo lhe disse que isto seria feito por obrado Espírito Santo e que por isso este filho

seria santo e chamado filho de Deus.

Para Deus nada é impossível, inclusivepor sua obra, também sua prima Isabeljulgada estéril, apesar de sua avançadaidade, estava no sexto mês de gestação(Lc 1, 26-37).

Maria então respondeu ao anjo:

“Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tuapalavra” (Lc 1, 38).

Desde o momento em que começou aentender tudo o que tinha e o que acercava, passou a ter consciência de queera provável ter sido reservada a ela uma

missão especial.

Seus dons naturais e preternaturaisadvindos de sua imaculada conceição, taiscomo beleza perfeita, ciência plena eoutros mais, bem como sua origem real.

Tudo a distinguiam em relação às demaispessoas que a surpreendiam econstrangiam constantemente.

Assim, crescia no amor do Altíssimo, aquem tinha o desejo de dedicar-seplenamente. Fato que a levavaconstantemente a esconder-se e exercitar-se na humildade para que o esplendor deseus dons não viesse a atrapalhar o seurecolhimento.

Dessa forma, aceitou docilmente aorientação dos sacerdotes que aconduziam e a anunciação do anjo apenasmostrou-lhe a missão que Deus lhedestinava e a qual se submeteu comalegria como escrava do Senhor.

VISITA A SANTA ISABEL

SMariotto Albertinelli, 1503 - A Visitação

abendo da gravidez de sua prima,Maria pensou imediatamente em ajudá-

la, preparou-se então para a viagem edirigiu-se para sua casa em Judá. Láchegando, saudou Isabel, que a viu comfelicidade e também de alegria saltou seufilho em seu ventre que a encheu doEspírito Santo.

Inspirada por ele saudou Maria dizendoser-lhe uma grande graça a visita da mãedo seu Senhor e que por isso a criançaque esperava saltou dentro de seu ventre.Disse ainda a Maria que ela era bemaventurada porque creu e queaconteceriam todas as coisas que lhetinham sido transmitidas da parte do

Senhor.

Disse-lhe então Maria:

“A minha alma engrandece aoSenhor,E o meu espírito se alegra em Deusmeu Salvador;Porque atentou na baixeza de suaserva;Pois eis que desde agora todas asgerações me chamarão bem-aventurada,Porque me fez grandes coisas oPoderoso;E santo é seu nome.E a sua misericórdia é de geraçãoem geração Sobre os que o temem.

Com o seu braço agiuvalorosamente;Dissipou os soberbos nopensamento de seus corações.Depôs dos tronos os poderosos, Eelevou os humildes.Encheu de bens os famintos,E despediu vazios os ricos.Auxiliou a Israel seu servo,Recordando-se da suamisericórdia;Como falou a nossos pais,Para com Abraão e a suaposteridade, para sempre.”

Dessa forma com a inspiração do EspíritoSanto ela com grandeza mostra suagratidão a Deus que se serviu dela para os

Seus desígnos e ainda anuncia a obra deseu filho, O Messias, filho de Deus, quedaria origem a um novo tempo em que opoder estaria unicamente a serviço deDeus e do próximo.

Assim sendo, antevia que o mundo a partirde Jesus nunca mais seria o mesmo e queuma nova fase da história seria por eleinstalada.

Maria então permaneceu quase três mesescom sua prima ajudando-a em tudo quelhe fosse possível e depois retornou parasua casa em Nazaré (Lc 1, 39-56).

NASCIMENTO DE JESUS

NAdriaen van der Werff, 1703 - A Adoração dos Pastores

aquela época foi publicado um Editode César Augusto promovendo um

censo em áreas sob o seu domínio. Notempo em que era Quirino Pro-Cônsul daSíria essa determinação foi cumprida,indo recensear-se todos, cada um nacidade de onde era originário.

José e sua esposa Maria, que estavagrávida, foram cumprir a referida ordem,dirigindo-se de Nazaré para Belém, poissua família era oriunda dessa cidade umavez que era a cidade de Davi, família aqual pertenciam.

Chegando lá não encontraram alojamentoem virtude de estar tudo lotado devido à

determinação, a qual provocou muitodeslocamento de pessoas naquelemomento. Os dias da gravidez de Mariase cumpriram e ela deu a luz a seu filhoprimogênito, o qual embrulhou em panos ecolocou em uma manjedoura.

Naquela região muitos pastores estavamnessa noite apascentando seus rebanhos,quando repentinamente apareceu-lhes umanjo anunciando-lhes a grande notícia,havia nascido o Salvador em Belém e queeles o conheceriam vendo um meninorecém-nascido envolto em panoscolocado em uma manjedoura.

Após esse anúncio eles viram muitosanjos dando glória a Deus e ao

Salvador. Após o desaparecimento dosanjos os pastores dirigiram-se a Belémonde viram tudo como tinha sidoanunciado. Voltaram depois dando glóriaa Deus e anunciando tudo o que tinhamvisto e ouvido.

Maria guardava todas essas coisasconferindo-as no seu coração.

Terminado o prazo de oito dias o meninofoi circuncidado e lhe foi dado o nome deJesus conforme a recomendação do anjoGabriel quando anunciou o seunascimento.

Cumprido também o prazo para apurificação, foi levado ao Templo para

oferecerem um par de rolas ou doispombinhos de tal forma que fossemcumpridos o costume e a lei segundo aqual todo primogênito pertencia aoSenhor.

Nesse dia também estava no Templo umhomem chamado Simeão que tinha sidoavisado pelo Espírito Santo que nãomorreria sem ter visto o Salvador.

Ele tomou o menino nos braços e disseque agora o Senhor poderia levá-lo, poiscomo havia sido prometido, ali estava oSalvador de Israel.

Disse ainda a sua mãe que Ele seria sinalde contradição e que por sua causa uma

espada atravessaria o seu coração.

Vivia também nesse tempo uma profetizade 84 anos de nome Ana filha de Fanuelda Tribo de Aser, que tinha vivido comseu marido durante sete anos e que depoisviúva vivia no Templo servindo aoSenhor de dia e de noite em jejuns eorações. Também ela dava graças a Deuse proclamava a todos a boa nova doSalvador (Lc 2, 1-38).

HERODES: PERSEGUIÇÃO E FUGA

NBartolomé Estebán Murillo, 1670-1675 - A Fuga para o Egito

aquele tempo apareceram emJerusalém uns magos do Oriente

perguntando onde se encontrava o rei deIsrael, pois eles tinham visto sua estrelano Oriente e tinham vindo adorá-lo.

Herodes que era nesse momento o reiimposto pelos romanos, preocupou-semuito e com ele toda a Jerusalém. Reuniu,pois os escribas e doutores da lei eperguntou-lhes onde nasceria o Cristo.Eles lhe responderam em Belém de Judácomo tinha sido anunciado pelo profetaque apesar de ser das menores cidades deJudá dela nasceria o guia que conduziria oseu povo.

Herodes então pediu aos magos quefossem procurar o menino e que depois oavisassem para que ele também fosseadorá-lo.

Saindo de Jerusalém, apareceu-lhesnovamente a estrela que os conduziu acasa onde estava Jesus e sua mãe.

Vendo-o ficaram muito contentes,adoraram-no e ofereceram presentes comoo ouro, incenso e mirra.

Depois avisados em sonho das másintenções de Herodes voltaram para suaterra por outro caminho.

A noite um anjo avisou a José para que

tomasse o menino e sua mãe e fugisse parao Egito e lá ficasse até que ele de novo oschamasse.

José obedeceu e tomando o menino e suamãe fugiu para o Egito onde ficou até amorte de Herodes. Depois dele morto oanjo avisou-o novamente para quevoltasse para a terra de Israel porquetinham morrido os que queriam matar omenino.

Isto aconteceu para que se cumprissem aspalavras do Profeta que diziam. “Do Egitochamarei meu filho” (Mt 2, 1-21).

JUVENTUDE DE JESUS

JHenrich Hofmann, 1881 - Jesus e os Doutores no Templo

osé com sua esposa e seu filho retornoupara Israel, mas tendo receio de voltar

a Judeia, por saber que lá reinavaArquelau filho de Herodes e avisado emsonho, foi para Nazaré na Galileia deforma que se cumpriu o que foi anunciadopelo profeta; ele será chamado Nazareno(Mt 2, 21-23).

Em Nazaré viveu com seus pais uma vidacomum em que os ajudava em todos osseus trabalhos, como filho exemplar,como convinha a sua perfeição de corpo ede espírito. Também convinha à missãoque o aguardava e devia se manifestar noinício de sua vida pública onde devia

cumprir tudo aquilo que lhe havia sidoconfiado pelo Pai.

Todos os anos na Páscoa iam a Jerusalém,no Templo, como era costume nessaépoca. Quando o menino estava com dozeanos, procederam como de costume.Terminada a festa da Páscoa, regressaramJosé e Maria, mas Jesus não estava comeles, fato que apenas notaram após um diade caminhada, pois pensavam estar elecom algum de seus parentes.

Notada sua falta voltaram para procurá-lo, encontrando-o apenas três dias depoisentre os doutores da lei discutindo comeles e interrogando-os com tal sabedoriaque todos se admiravam da competência

do menino.

Vendo-o sua mãe, repreendeu-o pelapreocupação que lhes tinha causado. Ele,contudo respondeu que devia cuidar dosnegócios de seu pai. Após esse fatodesceu com seus pais a Nazaré e lhes erasubmisso em tudo que Lhe era solicitado.

Com o tempo Ele crescia em tamanho, emgraça e sabedoria diante de Deus e doshomens e sua mãe guardava todas essascoisas em seu coração (Lc 2, 40-52).

MISSÃO DE JESUS

ECarl Bloch, 1834-1890 - Sermão da Montanha

stando Jesus já adulto foram realizadasumas bodas em Caná na Galileia, para

a qual foram convidados Jesus e seusdiscípulos. Nesta festa também seencontrava a mãe de Jesus.

Durante o evento sua mãe notou que nãohavia mais vinho. Ela disse a Jesus que ovinho tinha acabado, respondendo-lhe ele,entretanto que sua hora ainda não haviachegado. Ela, contudo disse aosempregados que fizessem tudo que elelhes pedisse.

No local tinham seis talhas de pedrausadas para purificação, em cada umacabiam dois ou três almudes. Jesus disse

aos empregados para encherem de água asreferidas talhas, o que eles fizeramimediatamente.

Cheias as talhas Jesus mandou quelevassem ao mestre-sala para queprovasse. Ele provou e disse ao noivo queem geral dá-se primeiro o bom vinhoguardando para o fim o inferior e eleporem havia feito o contrário guardando obom para o final.

O mestre sala não sabia da águatransformada em vinho, mas osempregados que a tinham levado sabiam etodos se maravilharam e creram em Jesus.

Depois da festa, Jesus, sua mãe, seus

irmãos e seus discípulos desceram aCafarnaum onde ele iniciou sua missão depregar o Evangelho e finalmente morrerna cruz para nossa salvação.

Ele então percorreu toda a Palestina comseus discípulos anunciando a verdade,esclarecendo e confirmando a antiga lei,de modo que a partir de sua pregação todoo necessário a salvação estava claro ecompleto para a redenção dos homens.

Ainda nesse tempo Jesus fundou sua Igrejapara que pelos séculos dos séculosmantivesse a pureza de sua palavra eministrasse os sacramentos que instituiupara a salvação das almas.

Aos pés da cruz estava sua mãe, a irmã desua mãe, a mulher de Cleopas, MariaMagdalena e também João o discípulo queEle amava. Jesus ali no calvário diz aJoão “eis aí sua mãe” e a Maria “eis aí oseu filho”. A partir desse momento João alevou para sua casa e a manteve consigo(Jo 19, 25-27).

FIM DA VIDA E ASSUNÇÃO AO CÉU

DMatteo di Giovanni, ca. 1474 - A Assunção da Virgem

urante o início da Igreja, Maria esteveem muitos momentos com os

discípulos de Jesus como ocorreu noCenáculo (At 1, 14).

Diz a tradição que ela não teria morrido,mas teria ficado em estado de dormência(Dormição da Virgem Maria) no ano 42d.C. e seu corpo teria sido depositado noGetsêmani. De fato, uma vez que ela nãotinha as consequências do pecadooriginal, a morte não tinha poder sobreela.

Dessa forma, ensina a Igreja que apósesse evento ela teria sido levada ao céuem corpo e alma. Este é o mistério da

Assunção de Nossa Senhora (Pio XIIConstituição ApostólicaMunificentissimus Deus de 1/11/1950).

Cumprida sua missão na Terra e levadaao céu, ela teve, pela vontade de Deus, agraça de ser coroada rainha do Céu e daTerra.

Devemos ainda ressaltar que apesar detodos esses dons materiais e espirituaisesta mãe celeste sempre teve grandehumildade, apenas usando suas qualidadesem benefício dos outros.

Dessa forma no céu ela constantementenos acompanha e nos agracia com a suaproteção como verdadeira mãe de todos

os homens criados por Deus e salvos como sacrifício de seu amado filho. Tambémos anjos passaram, a partir dessemomento, a contar com uma mãe que atéentão não tinham tido encontrando nela oamor próprio a maternidade.

INFLUÊNCIA NA HISTÓRIA

M

Anônimo, século X - Maria com o Menino Jesus entreConstantino e Justiniano - Mosaico absidal

Hagia Sophia, Constantinopla (Istambul)

aria, rainha do céu, teve sempre apreocupação de amparar os povos

pelos quais seu filho derramou seusangue. Após a morte e ressurreição deCristo, sua participação na construção doReino de Deus tem início ainda durantesua permanência neste mundo. Suaprimeira aparição aconteceu a Tiago e foisobre um pilar na Espanha para animá-lona evangelização daquele país. Assim lheé dado nome de Nossa Senhora do Pilar(Ultimas e Derradeiras Graças, 2012).

Após sua assunção ao céu, inúmeras vezesinterviu na história dos mais diversos

povos para levar-lhes algum consolo eesperança. Nossa Senhora costuma semanifestar através de aparições que sedão normalmente a pessoas improváveisde inventar tais mistérios, pois em muitoscasos, trata-se de crianças e situaçõesseguidas de grandes milagres.Por isso muitas são as nações que a temcomo padroeira e protetora nas maisdiversas formas de devoção.

Na Idade Média por várias vezes amparouos cristãos em suas lutas contra osmuçulmanos dando-lhes contra eles umavitória espetacular na batalha de Lepanto.Essa intervenção lhe valeu a autorga peloPapa de Nossa Senhora das Vitórias já naIdade Moderna.

Durante a reforma protestante suscitou eestimulou a ação de Santo Inácio deLoyola em seu trabalho para a criação daCompanhia de Jesus que conteve a ondade impiedade originada por essa reforma.

Na revolução francesa estimulou oscombatentes da Vandeia que lutavamcontra essa impiedade.

Posteriormente apareceu em Salete,Lurdes e em Fátima para advertir oshomens e exortá-los a conversão e aoração.

DEDICAÇÃO A PORTUGAL

NJean-Baptiste Debret, 1817- Retrato de D. João VI

este trabalho, nos reportaremos a umapredileção especial que Maria

Santíssima tem pelo povo português aoqual nós brasileiros nos orgulhamos depertencer.

Já na sua origem Portugal mostrou-sesempre muito católico e devoto de NossaSenhora. No período da reconquistalutavam os guerreiros pela cruz e sob asua proteção.

Iniciado o período das descobertasmarítimas era a cruz que ornava as velasde seus navios que deviam trazer emprimeiro lugar a religião católica aospovos descobertos ou conquistados.

Esse país jamais permitiu que a heresiaprotestante penetrasse em seu territórionem no de suas colônias enquanto neleprevaleceu o poder dos reis constituídospor Deus de quem vem todo o poder.

Desde o início de Portugal Maria foi suapadroeira como Nossa Senhora daConceição de Vila Real venerada na suaigreja principal.

No século XVII, Portugal encontrava-sesob o domínio espanhol e o então Duquede Bragança lutava para libertá-lo.Dirigiu-se ele então ao Santuário deNossa Senhora da Conceição de Vila Reale pediu a sua ajuda para essa luta.

O Duque prometeu que a coroa do reinoque fosse conquistado com a sua ajudapertenceria a ela e não a ele e tão poucoaos seus sucessores.

Tendo vencido a batalha e já entãoaclamado como rei D. João IV, cumpriusua promessa. Assim a coroa não foijamais usada nem por ele e nem por seussucessores. A mesma coroa sempre ficavade lado, pois de fato pertencia a NossaSenhora da Conceição (Souza, 2008).

DEDICAÇÃO AO BRASIL E ENCONTRO DA IMAGEM

NHenrique José da Silva, 1825- Retrato de D. Pedro I

o século XVIII, querendo dar de formaespecial proteção ao Brasil, então

colônia de Portugal, Maria fez com quesua imagem fosse encontrada de formamilagrosa no Rio Paraíba.

Essa história inicia-se com a vinda deDom Pedro Miguel de Almeida Portugal eVasconcelos para o Brasil, homem sisudo,de grande nobreza, muito cedo dedicado àcarreira militar, muito religioso e que atéentão tinha prestado grandes serviços aPortugal.

Graças aos serviços prestados possuíavários títulos: Conde de Assumar,Comendador da Ordem de São Cosme e

Damião de Azere, Comendador da Ordemde Cristo do Conselho de Sua Majestade,Vice-Rei das Índias, Marquês de CasteloNovo e de Alorna e Sargento Mor deBatalha de seus Exércitos.

D João V, precisando alguém especial noBrasil, nomeou o Conde a governador daCapitania de São Vicente, que nessaépoca compreendia as regiões de SãoPaulo e Minas Gerais, em 22 de dezembrode 1716.

Ele deixou Lisboa e chegou ao Brasil, noRio de Janeiro, em junho de 1717, deonde se dirigiu a Santos, fazendo escalaem Parati onde deixou sua bagagem paraseguir por terra a Guaratinguetá, no Vale

do Paraíba.

Dirigiu-se depois para Santos, ondedesembarcou seguindo por terra comdestino a São Paulo para tomar posse dogoverno da Capitania aonde chegou a 4 desetembro.

Após sua posse, enviou para Minas acertidão referente à sua posse einformações correspondentes sobre amesma a todas as autoridades daquelaregião.

Após essas medidas, iniciou em 27 desetembro viagem com o objetivo deconhecer e verificar as condições detrabalho nas Minas de Ribeirão do

Carmo, hoje cidade de Mariana, nasMinas de São João Del Rei e de Vila Ricade Ouro Preto.

Percorrendo o Vale do Paraíba passoupor Mogi das Cruzes, Jacareí, Caçapava,Taubaté, Pindamonhangaba, chegando àVila de Guaratinguetá no dia 17 deoutubro onde ficou até o dia 30 esperandopor sua bagagem que chegou apenas nodia 28 (Almeida, 1939).

Na véspera da chegada da referidaautoridade a Câmara Municipal deGuaratinguetá resolveu preparar umgrande banquete para homenagear oGovernador e, para isso, além de outrospreparativos, contratou diversos

pescadores para pescarem muitos peixesdo Rio Paraíba, conhecido pelaabundância e qualidade dos seus peixes.

Nesse momento inicia-se a história deNossa Senhora Aparecida. Ospescadores, na noite do dia 16 foram parao rio para cumprir sua missão de pescar.

Começaram a pescaria no porto de JoséCorreia Leite e trabalharam com afincoem todas as direções para encontrarem ospreciosos peixes. Os pescadores nadaporem conseguiam e seus esforços eraminúteis, não encontravam um só peixeapesar de sua experiência. Afinal a pescaera a profissão e o meio de vida deles.Por volta das 23 horas a maioria dos

pescadores desistiu e retirou-se dotrabalho. Apenas restaram DomingosAlves Garcia, seu filho João Alves eFelipe Pedroso, cunhado de Domingos etio de João, com um único barco.

O trabalho era desanimador, mas elestinham esperança naquela pescaria, poispoderiam vender bem os peixes obtidosem virtude da importância da visita edessa forma satisfazer os compromissosque tinham e que precisavam atender.

Ao chegarem próximo ao porto deItaguaçu, pescaram o corpo de umaimagem de Nossa Senhora da Conceição,lançaram de novo as redes e pescaramentão a cabeça da citada imagem.

Depois de encontrarem a imagem a pescatornou-se abundante e os peixes pareciamsurgir ao redor do barco. (Böling, M. P.2007).

DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA APARECIDA

DBasílica de Nossa Senhora Aparecida

urante 15 anos, Pedroso ficou com aimagem em sua casa, onde recebia

várias pessoas para rezas e novenas. Maistarde, a família construiu um oratório paraa imagem, já então conhecida como NossaSenhora da Conceição Aparecida, até queem 1735, o vigário de Guaratinguetáerigiu uma capela no alto do Morro dosCoqueiros. Como o número de fiéis fossecada vez maior, teve início em 1834 aconstrução da chamada Basílica Velha.

Não havia dúvida de que Deus queriaimpulsionar aquela devoção a sua mãe emterras brasileiras, tão grande era o númerode milagres que eram realizados porintermédio de orações a ela dirigidas. A

necessidade de um local maior para osromeiros era inevitável. Em 1955 teveinício a construção da Basílica Nova queem tamanho só perde para São Pedro, noVaticano.

O arquiteto Benedito Calixto idealizou umedifício em forma de cruz grega, com173m de comprimento por 168m delargura; as naves com 40m e a cúpula com70m de altura, capaz de abrigar 45 milpessoas. Os 272 mil metros quadrados deestacionamento comportam quatro milônibus e seis mil carros. Tudo isso paraatender milhões de romeiros por ano.

No século XIX quando o Príncipe D.Pedro, devoto de Nossa Senhora

Aparecida, então regente do Brasil, veio aSão Paulo, onde acabaria proclamando aindependência do Brasil, parou na Igrejade Aparecida onde pediu proteção para oseu governo.

Nesse século ainda, princesa Isabel, aherdeira do trono brasileiro, dirigindo-sea Aparecida deu de presente à imagem,um manto real e pediu-lhe que lhe dessefilhos, para que houvesse herdeiros para oImpério brasileiro.

Alguns anos depois voltou àquela cidadeacompanhada dos dois príncipes quetinham nascidos e como gratidão deu aimagem uma coroa real, a qual até hoje éusada por ela.

No século XX, a pedido dos bispos doBrasil, foi concedido a Nossa Senhora daConceição Aparecida, através de decretopapal, o título de Rainha do Brasil. Foientão durante o governo, nesse momentorepublicano, solenemente coroada em1904.

Como todo o poder vem de Deus, comoafirmou Jesus a Pilatos (Jo 19, 11) os reisdos reinos católicos são normalmentesagrados, confirmados ou até constituídospelo poder eclesiástico sob a orientaçãodo representante de Jesus neste mundo echefe de sua Igreja, o Sumo pontífice.

A ideia da superioridade do poder

espiritual sobre o temporal, resultando naconstituição, reconhecimento e sagraçãodos reis pelo poder eclesiásticoprevaleceu pela maior parte do períodocristão da história, anterior a RevoluçãoFrancesa, sendo defendido por diversosPapas entre os quais se destacam SãoLeão III e São Gregório VII eintelectualmente confirmado pelo grandefilósofo e doutor da Igreja São Tomas deAquino em sua obra a De Regno.

Dessa forma, Maria de origem real, tendorecebido o título de Rainha do Brasil pordecreto do Papa Pio X e ter sidosolenemente coroada pelos Bispos com aparticipação do povo e do Governo dessePaís, tem um título perfeitamente válido e

legítimo.

CONCLUSÃO

PJean Hey, 1480-1500 - A Madona do Apocalipse

ortanto, com base na história, épossível afirmar que Nossa Senhora

Aparecida, realmente é no direito, navontade do povo, no poder existente e navontade de Deus, a Rainha do Brasil e opovo brasileiro tem o privilégio de comoseu súdito, contar sempre com a suaproteção especial.

Assim é provável que Deus, dando a suamãe a coroa do Brasil, reserve também aesse país um futuro brilhante e digno desua Rainha.

BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, D. P., Diário completo da jornadafeita por Dom Pedro de Almeida, desde o Riode Janeiro até São Paulo, e desta cidade até asMinas em Ouro Preto e Mariana, Rio deJaneiro: Revista do Serviço do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional, nº 3, 1939

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EMMERICH, Beata Anne Catherine, A Vida daSanta Virgem, Paris: Libraires-Éditeurs, 1854Evangelho de Tiago, In Zilles, Urban,Evangelhos Apócrifos, Porto Alegre:EDIPUCRS, 3 ed., 2004

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