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3 Foi particularmente fértil a Actividade Editorial do ISPV neste final do ano de 2001. De entre as obras editadas, sublinham-se aqui algumas notas fundamentais sobre O REGRESSO À CONDIÇÃO Viseu ut pictura poesis (Horácio), na linguagem de Leonardo, pintura é poesia muda, encanto para os olhos; poesia é pintura feita de palavras canto para os ouvidos. Na sua dupla vertente: poesia e pintura. Antes de mais, o prazer de fazer “Regressar à Condição” o que é nosso pelo nascimento, o que é nosso pela cultura, o que é nosso pelo amor a esta região. Fazer regressar a Viseu nomes que cruzaram e recruzaram as ruas, as vielas e as praças da cidade e que com ela mantêm uma relação íntima e fraterna; gente do mundo da formação, que trilha um caminho para a modernidade do milénio; autores prestigiados e prestigiantes. Depois, construir com este Regresso à Condição uma geografia do pensamento, de emoções e de linguagens que os disseminam, simultaneamente, produção e reprodução de uma identidade cultural, de visões e de perspectivas únicas da vida, num tempo de sociedades industriais e de serviços, de amplas regiões densamente urbanizadas, de instituições caracterizadas por burocratizações permanentes e intensas, penetrantes, corrosivas dos quadros mentais dos indivíduos e dos ambientes sociais em que eles se movimentam; de uma identidade cultural capaz de se subtrair às rotinas e ao cerco das pressões desse movimento tectónico de hábitos e de sonhos, desse turbilhão de mudança que dá pelo nome de globalização, potencialmente gerador de uniformizações; de um acto de libertação da ilusão do fundo da desesperança; de re-invenção da beleza na busca da memória e da sua preservação, sempre mantendo vivo o espírito da subversão através de gramáticas individuais, de palavras, de nomes, de rostos. Através de linguagens, divinas e misteriosas como organismos vivos, doces e amargas como os dias, que não se entrincheiram por detrás de muralhas impenetráveis, para se protegerem do novo, auto- imolando-se, antes se abrindo ao pulsar da vida de cada momento sem nela se dissolverem, re-elaborando- a, re-criando-a. Com as sonoridades e as tonalidades matriciais do seu universo de referências, preservando, assim, a sua diferença. O que equivale a dizer, a sua liberdade. Uma linha editorial que o ISPV vai aprofundar no futuro. (ver pp.12 e 13) nota de abertura nota de abertura

nota de abertura - ipv.pt · Funcionária dedicada, inteligente e amiga, possuía, igualmente, espírito crítico e de iniciativa, que tanto ajuda quem pretende realizar algo de novo

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Foi particularmente fértil a Actividade Editorialdo ISPV neste final do ano de 2001. De entre as obraseditadas, sublinham-se aqui algumas notasfundamentais sobre O REGRESSO À CONDIÇÃOViseu ut pictura poesis (Horácio), na linguagem deLeonardo, pintura é poesia muda, encanto para osolhos; poesia é pintura feita de palavras canto para osouvidos. Na sua dupla vertente: poesia e pintura.

Antes de mais, o prazer de fazer “Regressar àCondição” o que é nosso pelo nascimento, o que énosso pela cultura, o que é nosso pelo amor a estaregião. Fazer regressar a Viseu nomes que cruzaram erecruzaram as ruas, as vielas e as praças da cidade eque com ela mantêm uma relação íntima e fraterna;gente do mundo da formação, que trilha um caminhopara a modernidade do milénio; autores prestigiados eprestigiantes.

Depois, construir com este Regresso àCondição uma geografia do pensamento, de emoçõese de linguagens que os disseminam, simultaneamente,produção e reprodução de uma identidade cultural, devisões e de perspectivas únicas da vida, num tempo desociedades industriais e de serviços, de amplas regiõesdensamente urbanizadas, de instituições caracterizadaspor burocratizações permanentes e intensas,penetrantes, corrosivas dos quadros mentais dosindivíduos e dos ambientes sociais em que eles semovimentam; de uma identidade cultural capaz de sesubtrair às rotinas e ao cerco das pressões dessemovimento tectónico de hábitos e de sonhos, desseturbilhão de mudança que dá pelo nome deglobalização, potencialmente gerador deuniformizações; de um acto de libertação da ilusão dofundo da desesperança; de re-invenção da beleza nabusca da memória e da sua preservação, sempremantendo vivo o espírito da subversão através degramáticas individuais, de palavras, de nomes, derostos. Através de linguagens, divinas e misteriosascomo organismos vivos, doces e amargas como os dias,que não se entrincheiram por detrás de muralhasimpenetráveis, para se protegerem do novo, auto-imolando-se, antes se abrindo ao pulsar da vida decada momento sem nela se dissolverem, re-elaborando-a, re-criando-a.

Com as sonoridades e as tonalidadesmatriciais do seu universo de referências, preservando,assim, a sua diferença. O que equivale a dizer, a sualiberdade.

Uma linha editorial que o ISPV vai aprofundarno futuro. (ver pp.12 e 13)

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A memória das instituições constroi-se em cada fracção do tempo. De formaimperceptível. Mas imperecível. Nos volumes e nas silhuetas de arquitecturas nascidasde energias germinadas no pensamento. Nas palavras e nas ideias de quem nelastrabalha e nas daqueles que as privilegiam com a sua presença solidária.

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O Prof. Doutor José Hermano Saraiva proferiu naEscola Superior de Educação, em 29 de Março de 2000, umaconferência - O Balanço do Milénio. Foi uma lição oportuna,com retratos vivos de mil anos da história da Europa, das suasgrandezas e misérias. Foi pequeno o espaço para conter toda acomunidade académica.

Polistécnica oferece-lhe aqui alguns passossignificativos deste evento.

O professor Doutor José Hermano Saraiva esteve no ISPV. Mais concretamente,na Escola Superior de Educação, em 29 de Março de 2000, a convite de FORUM MEDIA,órgão do Curso de Comunicação Social.

Começou por referir o Professor ser muito difícil falar do milénio que ele própriotinha muita dificuldade em compreender. Um milénio cheio de contradições, demovimentos, de avanços e de recuos.

Referiu, seguidamente, não querer esconder o seu prazer por falar aqui, numInstituto Politécnico, porque os institutos politécnicos lhe dizem muito. Nas suas palavras:Fui eu quem criou em Portugal os institutos politécnicos. Em 1969. Foi extremamentedifícil convencer o Doutor Marcelo Caetano a aceitar a palavra “politécnico”.Para ele, politécnico pertencia exclusivamente à Universidade. Enfim, foi umaluta em que, se a palavra ganhou, isso se não deve a mim. Deve-se a um grandealiado que eu tive, e que ainda é vivo. Foi o engenheiro Leite Pinto... Politécnicoquer dizer todas as técnicas, e é um nome que fica bem a este ensino.

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E mais adiante: A criação da instituição de ensino politécnico como grau novo, como graudiferente no ensino, primeiro, é um protesto contra o snobismo. Quando me falavam em ensino superior,eu perguntava sempre: Mas superior a quê? Mas superior a quê? Depois, o politécnico é uma tentativade articulação entre a planificação do ensino em Portugal e as necessidades do desenvolvimentoportuguês. Como sabem, não há relação nenhuma entre as projecções que nós podemos fazer dasnecessidades do nosso desenvolvimento e o número de alunos que estamos a admitir nas respectivasespecialidades. Nós podemos precisar amanhã de ter dez mil médicos. As vagas e o numerus claususdas universidades não têm isso na mínima consideração. Em compensação, podemos não precisar demais que cem psicólogos e temos sete ou oito Faculdades de Psicologia a funcionar.

Nesta altura temos a frequentar a Universidade mais de um terço de milhão de jovens, mais de350.000 estudantes. Cada um faça os vaticínios que quiser para o futuro. O que ninguém pode preveré que, nos próximos anos, o mercado de trabalho português tenha postos de trabalho exigentes delicenciatura em números de 350 mil. Infelizmente, nem a quinta parte será verdade. Foi exactamentepara colmatar este problema que nasceu o politécnico. Daí que, quando venho aos politécnicos, eusinto-me, enfim, de certo modo realizado. É como quem deitou uma semente que não morreu de todo.

O professor falou depois do milénio. De um nome e de factos significativos por cada século.Falou das invenções; do pêndulo e da numeração árabe; de Jerusalém e das Cruzadas da Cristandade

contra o Islão; do movimento de criação das Universidades; de Dante Alighieri e da cultura; do fim da IdadeMédia com a queda de Constantinopla; da invenção da imprensa; das descobertas portuguesas; de GiordanoBruno e da Santa Inquisição que lhe tirou a vida; da ideia de unificação do mundo e da oposição a essaglobalização; do século das luzes, de renovação mental; da tirania e da ambição de Napoleão, mas também dotriunfo da ordem jurídica burguesa na Europa; de Eça de Queirós e do seu profundo entendimento das podridõesdo mundo burguês; das guerras mundiais do século XX e da Guerra Fria; do governo do mundo actual pelodinheiro. Um poder que, segundo o professor, se preocupa apenas com a sua própria multiplicação e nãofaz reinar no mundo os valores eternos da humanidade e da justiça.

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IN MEMORIAM... de Gente do Instituto Superior Politécnico de Viseu

Coisas da vida! Desencontros e encontros. Inesperados oudestinados? Nascemos na mesma terra, no mesmo dia, mas emdias e anos diferentes: três anos nos separam. Conhecemo-noscedo e há muito tempo. A nossa infância foi comum. Crescemosjuntas, brincámos juntas, frequentámos a mesma escola primária.Mas neste cruza e descruza em que se entretece a vida, perdemo-nos.Na adolescência e na juventude frequentámos os mesmos lugares:o grupo coral, o grupo de teatro. Estávamos juntas mas já nãoestávamos juntas. Tu foste para o Porto, eu para Coimbra.Mundividências e experiências diferentes... Entretanto, neste vaie vem, eu deixei de aparecer. Só muito esporadicamente revisitavaa terra e as gentes. Tu, pelo contrário, ficaste e fixaste-te na terra.Lembro-me de como nos reencontrámos, por acaso, muitos anosmais tarde. Em Viseu, nas instalações da ESEV, funcionando,então, na ex INEI. Tu eras lá professora. Eu residia já em Viseu eera professora na Escola Secundária Emídio Navarro. Entrei àprocura de alguém e lá estavas tu sentada naquela sala. Nemsequer te reconheci. Mas tu reconheceste-me e vieste a correratrás de mim, já eu me vinha embora.De novo nos perdemos. Alguns anos depois, em finais de 89,entro eu como professora requisitada para a ESEV.Reencontrámo-nos, então, para não mais nos perdermos. Pelomenos, fisicamente. Até que a vida se encarregou de nos separar.Definitivamente.Enquanto profissionais na mesma escola nem sempre estivemosde acordo, raramente tínhamos opiniões idênticas e quase nuncadefendíamos a mesma posição.Um dia fui visitar-te à clínica onde foste operada, em Aveiro.Tinhas acabado de sair. Foi o nosso último encontro; afinal, umdesencontro. Mais um dos desencontros da vida.Mas na nossa lembrança e na nossa memória ainda hoje nosencontramos. Para além de todas as partidas que a vida nosprega.

Maria de Jesus Fonseca

Poderíamos dizer muita coisa, contar muitas histórias,

fazer elogios, como é costume...

Mas na simplicidade das palavras do poeta, encontrámos a

expressão de algumas...

A morte chega cedo,

Pois breve é toda a vida

O instante é o arremedo

De uma coisa perdida.

O amor foi começado,

O ideal não acabou,

E quem tenha alcançado

Não sabe o que alcançou.

E a tudo isto a morte

Risca por não estar certo

No caderno da sorte

Que Deus deixou aberto.

...

A morte é a curva da estrada,

Morrer é só não ser visto. (...)

Fernando Pessoa

E as outras?... Foram ditas em vida!

Das colegas da área de Psicologia

Lúcia Maria Pereira de Almeida Ramos(1951 - 1999)

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Teresa Morais(1954 - 1997)

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Tantas e tantas paródias podia aqui descrever-vos, meu Deus!Mais que muitas! Mas, uma, repetida vezes sem conta sempre que delafalamos, aqui vou referir. Fumadora inveterada, regra geral matava ovício no seu local de trabalho. Mas, às vezes, movida por estranhasforças, ia ter comigo e oferecia-me um cigarrito. SG Ultra Light, o daembalagem alaranjada. Apesar de habitualmente não fumar, de quandoem vez até gosto de armar ao pingarelho.

Naquele dia, ela, encostada à janela, o seu local predilecto, eu,sentada na secretária, em amena cavaqueira, lá estávamos as duas nafumaça. Eis senão quando, entra-nos porta dentro o Presidente doInstituto e apanha-nos com a boca na botija. Melhor dizendo, com aboca no filtro. Entre cigarros apagados à pressa e escondidos à socapa,foi uma risota.

Sempre assim foi o nosso relacionamento. Na base da amizadee, sobretudo, respeito mútuo. Até ao dia em que, por vicissitudesprofissionais, nos deixou fisicamente. Mais tarde, de formaassarapantada, fomos informados do seu internamento e consequentecirurgia. Num quarto do velhinho Hospital de São Teotónio, tivemosoportunidade de atordoar algumas saudades. Mal desconfiávamos nósque já era o início do fim...

Voltei a vê-la apenas mais duas vezes. A primeira, quando,um dia que não posso precisar, ao Instituto se dirigiu para participarnuma acção de formação. A última, no dia 2 de Março de 1997, nacapela de São Sebastião. De castanho vestida e já em rigor mortis. Depermeio, ficaram alguns galhofeiros telefonemas, uma mão cheia defraternos bilhetinhos e um sem número de indesculpáveis promessasde almoço. Dela guardo um cartão de boas-festas, datado de Dezembrode 1996, onde me dizia: ainda preciso muito que reze por mim.

Como se diz na minha terra, hambanine (adeus) Teresa. Nuncate tratei por tu, mas faço-o agora. hambanine e kanimambo (obrigada)por seres minha amiga! Falo no presente, porque acredito que ainda oés. Mais, sinto-o!...

São

Era uma mulher de carácter indomável, de lealdade assumidaà distância e duma competência profissional reconhecida por quemteve a felicidade de com ela trabalhar.

João Pedro Antas de Barros

Alma nobre, gentil, de grande dedicação às funções quedesempenhava.

António Soares de Sousa

Uma ética profissional profunda. A crença, e a prática,na formação ao longo da vida.

Vasco Oliveira e Cunha

Tive o gosto de trabalhar com a Teresa Morais.Funcionária dedicada, inteligente e amiga, possuía, igualmente,espírito crítico e de iniciativa, que tanto ajuda quem pretenderealizar algo de novo e não se quer deixar vencer pela rotina. ATeresa deu o seu contributo para esta nossa obra que é o Instituto,e tem a sua parte, que lhe pertencerá para sempre.

Mário Guerra

IN MEMORIAM... de Gente do Instituto Superior Politécnico de Viseu

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O ISPV e a FormaçãoCultural Humanista

De forma não inocente passa-se hoje,frequentemente, uma ideia redutora do EnsinoSuperior Politécnico: máquina produtora de fazer, semcurar da formação científica e cultural, a formaçãohumanista e humana integral, a grande ausente.

No plano da construção curricular, diz-se, aideia conduz, inevitavelmente, a faixas estreitas deaprofundamento do saber específico sem a dimensãodo humano.

Lembro-me, e os da minha geração também,da atmosfera fria dos meados do século XX, oscientistas físicos e os intelectuais literários vivendode costas voltadas. Os primeiros, recusando o epítetode científico ao domínio da pesquisa humanista; ossegundos, não descobrindo no laboratório qualquervestígio do homem. Em síntese, posicionamentosquase impeditivos do diálogo.

Houve honrosas excepções, certamente. Porexemplo, e apenas como ilustração, a leitura dePlatão, de Homero e de Virgílio em cursos de FísicaAtómica. Algures no mundo.

No nosso tempo, e em contra-ciclo com odespertar e a multiplicação mais visível dospatrimónios nacionais das realizações humanas, emuito sorrateiramente, criam-se condições para amorte gradual da cultura. Ou, pelo menos, para aesconder dos olhos e dos ouvidos do mundo, não váela beliscar a sacrossanta ditadura das tecnologiasde todas as colorações. O mercado é um dosculpados. O outro, somos nós próprios.

Há sinais de esperança, contudo. Visíveis emmuitos lugares do mundo, alguns mesmo impensáveis,embora nem sempre com o desapego e a distanciaçãototais das questões de natureza material. Leiam-se,na nota de rodapé, alguns títulos que são best-sellersna América e na Europa1 . Sinais de esperança,certamente, no Ensino Superior em Portugal. Noconjunto do ISPV. Só podemos desejar que eles

Vasco Oliveira e Cunha

possam tornar-se cada vez mais intensos e palpáveis. Cadavez mais ramificados.

O ISPV elegeu a formação cultural e humanistacomo uma das suas grandes linhas de intervenção,adicionando-a à formação científica das suas UnidadesOrgânicas. Enriquecendo-a. Porque o que está em causasão a pessoa humana e os grandes problemas com queela tem de lidar – éticos, morais..., sem desequilibrar asemoções. Nos últimos seis anos desenvolveram-secorrentes fortes na comunicação científica e cultural,ambas se interligando:

a) Na cooperação com outros povos, sobretudoeuropeus;

b) Numa actividade editorial diversificada,assente em princípios de defesa da nossalíngua, na convicção profunda de que, comoafirmou Ken Hah, docente do MassachusettsInstitute of Technology (M.I.T.), perder umalíngua é como deixar cair uma bomba sobreo Louvre. De defesa, ainda, da criaçãoliterária e artística de poetas, de prosadores,de ensaístas, de artistas plásticos da regiãode Viseu.

É conhecido de todos o quadro actual neste últimosector: edição regular de duas publicações periódicas –Millenium e Polistécnica; criação de LIVROS DO ISPV,com dois princípios primeiros – defesa e cultivo da línguaportuguesa e privilégio concedido a autores de Viseu. Pornascimento, ou por opção. Séries diversas, cada uma delasdedicada à produção literária – poética, narrativa, ensaio,crítica, etc.

Um património que vai enriquecer-se com olançamento próximo de uma revista de investigaçãocientífica; com alterações a introduzir em Millenium, aoentrar no seu sétimo ano de vida; com a manutenção dePolistécnica, no formato actual; com a criação de umarevista específica de Relações Internacionais, Filoxenia,parcialmente subsidiada pelo Programa Sócrates; com oaprofundamento da edição de LIVROS DO ISPV,concretamente, a publicação de quatro títulos/ano.

1 Morris, T., If Aristotle Ran General Motors: The New Soul ofBusiness Marinoff, L., Plato, not Prozac! Applying Philosophy toEveryday Problems de Bouton, A., How Proust Can Change Your Life

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é uma das mais recentes edições do ISPV.Trabalho inteiramente realizado pelos alunos da

disciplina de História do Livro, do Curso de AnimaçãoSociocultural da ESEV, sob a orientação de Maria Teresa deBarros, dele se transcrevem aqui a primeira e a última páginas,não sem antes se salientar que texto e ilustrações merecem umaleitura, que é breve, e uma reflexão, obrigatoriamente longa, sobreo LIVRO no nosso tempo.

“Na aurora dos tempos havia no Reino de Homo umacidade fortificada onde moravam os sapiens sapiens e que tinhao nome de Alfa, ou Beta, ou Alfabeta. Havia um enorme fosso àvolta da muralha, com várias pontes levadiças conhecidas porcaracteres, que não serviam para entrar nem para sair, mas apenaspara fazer sonhar a evasão.

De cada vez que um velho sapiens sapiente morria desapiência, a população construía com a sua filosofia um novopassadiço sobre o fosso, até que foram vinte e três as pontesgráficas, uma por cada sapiens visionário morto.

Então aconteceu que um sapiens sapiens mais curioso,que nunca fizera meditação, decidiu desafiar as leis milenares, eexigiu que os vinte e três passadiços volantes fossem rebaixados,pois queria saber o que havia para além do belo Reino de Homo,habitado por seres idênticos e vigorosos, de ombros largos emicrocéfalos.”

“Assim se foram espalhando navegantes pelos maresda Internet, esquecidos da vida simples de todos nós, doscampos e das montanhas, anulando o tempo e o espaço emredes e ancoradouros situados em todas as ilhas doconhecimento e onde não é possível viajar sem números, letrasou imagens.

Quanto à felicidade, diz-se que Bill Gates, filho de Gate,“o Portão”, a enclausurou numa moradia à beira de um lago comvinte e sete dependências, uma biblioteca repleta de obrasantigas e um desenho de Leonardo da Vinci, rindo-seperdidamente da loucura dos sapiens mais furiosos e onde serefugia para devorar todos os livros que falam de tempos emque o Homo sapiens lia e era feliz.”

O ECO DO LIVRO(em sete espiras)

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Volume primeiro da série B(Figuras da disseminação) de LIVROSDO ISPV, TERÁ PEDRO ÁLVARESCABRAL NASCIDO EM VISEU? é umtrabalho de investigação de Fernandode Gouveia e Sousa (1910-1974),fruto de uma heurística laboriosa edocumentada, firmado na vontade decarrilar indícios documentais e nacoragem de, sempre no campoprobabilístico, sustentar uma teseoriginal e nem por isso facilmente confutável, que compete, emrigor, com quaisquer outras, como escreve no Prefácio Martim deGouveia e Sousa.

Investigação séria e cuidada em torno da matriz primeirade um homem cuja idossincrasia foi caldeada na circunstânciabeirã, homem de muitos primores acerca de pontos de honra,como escreve João de Barros, e que Jaime Cortesão situavaacima da moral comum da sua época.

Uma obra de leitura obrigatória para investigadores eestudiosos das coisas de Portugal. Um contributo para o aclaramentoda circunstância e do contexto em que nasceu e viveu o descobridordo Brasil.

Nota pessoal do Coordenador de POLISTÉCNICA:Tive o privilégio de manter com Fernando de Gouveia

e Sousa uma boa e longa amizade. Professor, como eu, na EscolaSecundária Emídio Navarro, em Viseu, nos anos setenta, semprenele admirei o saber, a educação, o carácter sólido, o modointeligente de ver o mundo. Redobrado prazer este de editar umdos seus muitos trabalhos de pesquisa!

TERÁ PEDRO ALVARES CABRALNASCIDO EM VISEU?

TEXTOS DO CAPRICÓRNIO

TEXTOS DO CAPRICÓRNIO éum novo volume de poesia de LIVROS DOISPV. O número 2 da série B. Poesia dePAULO NETO, viseense por opção, poesiacontida, que se abre em imagem e a siregressa na certeza da ambivalênciapoética criada; poesia que corre rumurosae silenciosa, caldeada por dentro natorrente sanguínea rente ao pulsar dasvísceras, correndo sempre, com desígnioe sem carícia, não obstante a famíliapoética que consigo entronca, em direcção ao estuário dos trêscaprichos, locus sanctus que abraça as ondas do mar do corpo; vozpoética de um corpo indigente e nostálgico de continuar-se que abraçaa furiosa ânsia de se ver no outro, na perspectiva de Martim de Gouveiae Sousa, o prefaciador. Trezentos e sessenta e cinco tercetosheterorrimáticos, ficção de um ano, labor de quarenta e oito dias, comodiz Paulo Neto, que passam a constituir a primeira obra editada do poetae que enriquecem o património cultural e, naturalmente, social do ISPV.

Polistécnica oferece-lhe hoje alguns poucos exemplosda criatividade do autor:

1honro-te com o sacrifício do meu corpo não mecastigues exalta-menão há culpas e se houvesserecorda que nem os próprios deuses castigaram osculpados

13três árvores bastam para a fogueiraqueimo a insídia nesse altare nas brasas purifico minhas mãos

88veia de loucuravenerada na pulsãonela correm sangues de vénus

180temia dantes aos deuseso além e a mortehoje temo-te a ti aqui tão viva...

Paulo Neto nasceu em Aveiro, em 1955. Viveem Viseu, e é professor da ESEN e no ISCE;colaborador periódico em jornais, com artigosde opinião, em revistas pedagógicas e emrevistas literárias, com ensaios, contos epoesia; membro do conselho redactorial darevista de arte e crítica literária AVE AZUL.A sua formação académica foi feita naFaculdade de Letras da Universidade deCoimbra, na Universidade de Poitiers, e naFaculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Fernando Augusto de Gouveia e Sousa(Bigas, 1910 - Viseu, 1974). Profes-sor e genealogista. Funcionário daDirecção Geral dos Edifícios eMonumentos Nacionais, tradutorempresarial e docente de Inglês,Alemão e Português. Investigadorsagaz, deixou obra apreciada nodomínio histórico-genealógico: D.Ricardo Russell - um inglês, Bispo deViseu (1951); Famílias da Beira(1951-1952); A propósito do livrorecentemente publicado sobre Soaresde Albergaria - rectificações eaditamentos; uma resposta (1952);Teria Pedro Álvares Cabral nascidoem Viseu? (1968); Os ascendentes de

Pedro Álvares Cabral nas suas relações com a cidade de Viseu.Terá o navegador nascido nesta cidade? (1969); Gente Nobre deBesteiros nos séculos XVI, XVII Contribuição para o estudo dasfamílias da Beira (1971); Esquema genealógico de António Corrêade Oliveira (1971) e Os Almeidas do Almotacé-Mor, Almeidas doCouto de Viseu ou Almeidas "Valores do Mundo" (1973).Colaboração em Jornal de Viseu, Beira Alta e Boletim da AcademiaPortuguesa de Ex-Libris.

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Millenium nº 23Publicado em Agosto

último, este número é inteiramentededicado ao FESTIVAL DECONTADORES FRANCÓFONOS(21-23 Março), integrado no AnoEuropeu das Línguas 2001, daresponsabilidade da Área Científicade Francês da Escola Superior deEducação de Viseu.

Intitulado “Ouvrez lesoreilles pour écouter: une histoirearrive”, os objectivos do festival foram, como refere Ana MariaOliveira na Introdução, os seguintes: ilustrar a riqueza linguísticae cultural francófona; sublinhar a importância dopluriculturalismo dentro do espaço francófono; explorar o laçoentre as tradições e a pedagogia do conto; explicitar outrasabordagens comunicativas motivadoras no ensino/aprendizagem do Francês como Língua Estrangeira (FLE).Neste número, os leitores de Millenium têm a oportunidade departilhar experiências pedagógicas e histórias do mundofrancófono vividas em Março na Escola Superior de Educaçãode Viseu e de conhecer três magníficos contadores.

De Philippe Campiche, professor, entre 1982 e 1995,na École Active de Chêne—Bourg (Suiça), disse VéroniqueDelplancq, a docente da área que apresentou os contadores,que ele descobriu o conto em 1986, e viu nele “uma mão estendidapara os outros homens para a partilha fugaz de simples momentosde graça, porque, talvez, as palavras do conto possam curar osmales do mundo”.

Contador de histórias “apaixonado e apaixonante”,originário da Gasconha, Henri Cazaux transmite a sua “paixãopelas palavras, tornando compreensível a experiência humana esustentando a reflexão.”

Do terceiro contador, Marc Laberge, membro da Uniãodos Escritores do Québec, autor, conferencista, fotógrafo,etnógrafo e, a partir de 1991, contador de histórias, criador doFestival Intercultural do Conto de Montréal, Canadá, diz-nosVéroniqeu Delplancq: “As suas histórias, criação do imagináriodo Québec, conduzem-nos à floresta, à taïga, à tundra. Ao friointenso dos glaciares.”

Um número que privilegiou a língua francesa comoveículo de cultura e que fica a dever-se à colaboração esclarecidadas duas docentes de língua, literatura e cultura.

Ainda, e uma vezmais, o Ano Mundial daMatemática. MILLENIUMdedicou-lhe em 2000 a secçãoEducação, Ciência eTecnologia nos seus números17(Janeiro), 19 (Junho) e 20(Outubro). No conjunto, trintae dois artigos de investigaçãode proveniência diversificada– Instituto SuperiorPolitécnico de Viseu, Universidades, especialistasestrangeiros – sete dos quais tendo como matriz o 3ºMATVISEU, uma realização da responsabilidade doDepartamento de Matemática da Escola Superior deTecnologia (EST) do Instituto Superior Politécnico deViseu.No ano 2000, a Escola Superior de Tecnologia e o seuDepartamento de Matemática estiveram envolvidos,também, em outros programas específicos, desenhadospara as Comemorações do Ano Mundial: Tardes deMatemática, Ciclos de Conferências, Forum Matemática e4º MATVISEU. A organização compilou o conjunto detextos publicados agora no número 24 de MILLENIUM.No seu suporte de papel e em versão electrónica,enriquecendo , deste modo, a presença activa da revistano evento mais significativo da Educação e da Formaçãona viragem do milénio.

Millenium nº 24

- - - - - Educação Visual e TEducação Visual e TEducação Visual e TEducação Visual e TEducação Visual e Tecnológicaecnológicaecnológicaecnológicaecnológica

- - - - - PPPPPerspectivas de 39-45, anos deerspectivas de 39-45, anos deerspectivas de 39-45, anos deerspectivas de 39-45, anos deerspectivas de 39-45, anos deviolência e de morteviolência e de morteviolência e de morteviolência e de morteviolência e de morte

Janeiro de 2002

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Millenium nº 25

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Este livro nasce de um projecto, inicialmente difuso,

de suscitar o diálogo entre Pinturas e Poemas de autores que,

de alguma forma tenham tido com Viseu uma relação de

pertença.

Agregada ao Departamento Cultural, uma comissão

de técnicos dos Serviços Centrais do ISPV, viria a integrar

docentes das áreas da Literatura e das Artes Visuais, deveria

consensualizar um conceito editorial e algum critério de

selecção. Percebeu-se cedo que o processo de diálogo

programado, 1 texto / 1 obra plástica, seria muito difícil de

operacionalizar. Entendeu-se que o factor relação - com -

Viseu poderia porém ser mecanismo e, principalmente, pretexto

para uma primeira tentativa de identificação de criadores e

património que não pode, até pela modéstia da sua escala e

do propósito aglutinador, ter pretensões de inventar uma

qualquer região cultural demarcada, uma cultura viseense!

Era consabido, porém, que se ignora a relação de alguns

grandes artistas com a cidade - ou com o distrito que se optou

por ser o limite geográfico da inventariação inicial. Por outro

lado, muitos laboriosos talentos escapam aos circuitos, aos

mercados, precisamente porque se ocultam, na sua opção de

viverem em cidades “menores”. Optou-se por fazer um primeiro

exercício de Catalogação, na senda de outros trabalhos

editoriais do Departamento Cultural do Instituto. Como limite,

estabeleceu-se ainda o da criação artística recente que, pela

natureza do seu trabalho ou pelas perspectivas que ele abre,

influenciaram uma possível modernidade; evidenciou-se a

inevitabilidade de incluir alguns autores que já não voltam a

Viseu, até pela relação profunda (e nada casual!) que

estabelecem com outros, ainda vivos.

Na consciência de que toda a escolha implica alguma

violência e algum erro, fez-se um primeiro elenco e enviou-se

aos poetas e pintores uma solicitação a que o integrassem.

Pedia-se-lhe que nos enviassem uma obra, de preferência

inédita, que tivesse Viseu como horizonte e que se destinaria

a uma exposição na qual se articulariam obras de pintura ou

desenho com os manuscritos dos textos. Os mesmos trabalhos

seriam o sujeito de um livro, cuja receita, a vender-se,

reverteria a favor de instituições de solidariedade social

de Viseu de apoio às crianças em risco. As obras, doadas,

integrariam a colecção do I.S.P.V.. Com alguma surpresa

obteve-se resposta massivamente positiva.

A variação de notoriedades e de reconhecimento

público dos autores, a natural variação de registos e de

maturidades, desarma hipóteses de síntese, conceito,

aliás, de alguma forma oposto ao da colectânea ou da

antologia. Pensou-se porém que a palavra Viseu,

sublinhada naquela frase de Luís Miguel Nava, que

acaba por ser a epígrafe deste “Regresso”, seria uma

honesta bandeira e até um tema gráfico deste trabalho.

A colaboração, na exposição, do Museu Grão

Vasco, na Casa (Municipal) Almeida Moreira, veio

viabilizar condições e critério expositivo que são um

precioso acréscimo a esta aposta. Num curioso jogo de

reversos, a exposição, inaugurada logo após o

lançamento do livro, resultará no seu catálogo. Porque

o desiquilíbrio a que obras de dimensões tão diversas

se sujeitam num formato gráfico único, se resolverá na

memória que nos fique dessa coisa, tão ao contrário da

leitura, que é a experiência generosa da instalação de

formas e palavras num espaço etéreo.

Sempre se considerou programático do projecto,

que há muitos regressos e muitas condições; que o

exercício da memória é uma arma preciosa de cultura e

que o respeito pela arte, pelo seu trabalho, é o primeiro

identificador de uma pedagogia civilizadora.

A Comissão Organizadora

Vasco Oliveira e CunhaRicardo Pais

Luís CalheirosLuís Miguel Cardoso

Martim Gouveia e SousaPaulo MedeirosJoaquim Amaral

Conceição Pereira

CONDIÇÕES

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FILOXENIA

A cooperação internacional no ISPV

A construção de uma estrutura de integração comoa da União Europeia pressupôe a definição de ambições e,por consequência, meios de atingir as metas fundamentaisna unificação do espaço europeu. Esta formulação deconceitos básicos para o culminar de uma organização deespirito integrativo passa pela prática de relações como aCooperação.

A cooperação estendeu-se a vários sectores davida europeia, congregando uma amplitude de inter-relaçõesque tornam o espaço europeu uma área única de integração.

Entre os vários ramos a que se estende acooperação, salientemos a educação e, em particular, oensino, não esquecendo que foram estas as únicas áreas deactividade que conseguiram levar mais longe as fronteirasda União Europeia Na verdade, a Europa da Educação éconstituída por 30 países e não por 15. Neste longo processode construção europeia tem vindo a tornar-se evidente aimportância básica e vital da educação e formação comomeio de atingir os objectivos europeus que passam pelaconstrução de um continente moderno, adaptado ao mundoactual, cada vez mais competitivo.

É exactamente no momento em que a educaçãoestá a ser alvo de um processo de profunda reestruturação,que se realizou no Instituto Superior Politécnico de Viseu, aXI Conferência Anual da EURASHE ( European Associationof Institutions in Higher Education). As questões debatidasforam, no fundo, as grandes questões com as quais sedeparam neste momento todos os países envolvidos nacriação de um Espaço Europeu de Educação. Na verdade,com a assinatura da Declaração de Bolonha, os 29 paísessignatários (incluindo Portugal) assumiram umcompromisso claro de reformularem os seus sistemas deensino superior de um modo convergente, no sentido dereunir esforços para a constituição de um Espaço Europeude Ensino Superior. A Declaração de Bolonha constitui assimum documento chave que marca um ponto de viragem nossistemas de ensino de todos os países signatários, nãodevendo ser encarada apenas como uma declaração política,mas sim como um programa de acção com linhas geraisclaramente definidas. Encontramos no texto da Declaraçãoum objectivo claro ( a criação de um Espaço Europeu deEnsino Superior, coerente), um prazo realista (o EspaçoEuropeu de Educação deve estar completo até 2010) e uma

lista de objectivos específicos. Destes objectivos salientam-sea definição de um quadro comum de referência de grausacadémicos facilmente comparáveis, a criação de cursosorganizados em dois níveis diferentes (formação inicial eformação pós-graduada), a generalização do Sistema Europeude Créditos – ECTS- e a eliminação de todos os obstáculos àmobilidade de estudantes, professores e investigadores. Alémdisso, a Declaração de Bolonha prevê também um estrutura eum processo de implementação organizados, baseadosprincipalmente na cooperação inter-governamental, conduzidaem estreita colaboração com as instituições de ensino superior.

Focando o Processo de Bolonha e a questão daAprendizagem Ao Longo da Vida (ALV), foram abordados todosos avanços realizados até agora nesta matéria, ao mesmo tempoque se discutiu a necessidade de novas abordagens e a tomadade medidas urgentes em áreas que, até ao momento, não foramencaradas com a devida determinação.

I - De Bolonha a Praga: As grandes transformações.

Privilegiando a perspectivados Institutos Politécnicos, o Dr. GuyHaug, senior advisor da AssociaçãoEuropeia de Universidades, analisoudurante a sua comunicação asmudanças ocorridas no sectorpolitécnico entre a assinatura daDeclaração de Bolonha e a recentereunião dos ministros da educaçãoque teve lugar em Praga em Maio de2001.

A Declaração de Bolonharelançou o debate sobre o papel dos

dois sectores (universitário e politécnico) em países que optarampor uma estrutura de ensino superior binária1 . O facto de se terdiscutido longamente a relevância dos cursos face ao mercadode trabalho permitiu que se encarasse a diversidade no ensinosuperior como uma condição fundamental para responder àsnovas exigências, deixando, sem dúvida, uma grande margemde manobra para a consolidação e desenvolvimento do sectorpolitécnico. Na verdade, nos últimos anos temos assistido àexpansão do sector em muitas zonas da Europa, o que éefectivamente uma consequência directa da Declaração de

11ª Conferência Anual da EURASHEDepois de Bolonha Praga: Recentes Desenvolvimentos no Ensino Superior Europeu

Guy Haug

Por: Rita Castro Lopes, Sandra Familiar

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Bolonha. As alterações no sistema de graus académicosreflectem também a tendência para a criação de cursosparalelos de curta duração, com a preocupação clara de ostornar mais relevantes para o mercado de trabalho, o quetem vindo a aproximar o sector universitário e politécnico.

Uma outra questão fundamental abordada peloDr. Guy Haug foi a da dimensão externa do Processo deBolonha , factor este que se vai tornar cada vez maisimportante. Nota-se na Declaração de Bolonha um claroesforço de tornar a educação europeia cada vez maiscompetitiva e atractiva para o resto do mundo, tendo ficadodemonstrado que, nos últimos tempos, o sector politécnicotem assumido uma posição particularmente importantenesta matéria.

Mas, se é inegável que a dimensão externa doprocesso é de facto um vector fundamental, não podemosignorar as mudanças ocorridas internamente ao nível dosEstados directamente envolvidos neste processo. Uma dasconsequências tem sido o revitalizar do debate internosobre assuntos académicos. Relativamente a esta questãofica o alerta do Dr. Guy Haug para todas as instituições deensino politécnico: não haverá vantagem nenhuma para osector tentar estabelecer-se como um sector de ensinoacadémico, entendido no seu significado tradicional.Devemos ter sempre em mente que o futuro da formação eda educação se encontra em áreas em que é vantajoso queo ensino se mantenha diversificado.

Também do ponto de vista das políticas internasé notório que o sector politécnico se está a expandir econsolidar, tal como foi referido anteriormente. No entanto,não é claro que esta expansão e consolidação se esteja aprocessar de forma coerente – não é claro que as mudançaslegislativas introduzidas pelos governos nacionais dosdiferentes países estejam a ter em conta a coerência que énecessário construir ao nível europeu. Como afirmou GuyHaug, “ A coerência é um vector fundamental da criaçãodo Espaço Europeu de Educação”

Como vimos, a Declaração de Bolonha, produziuuma série de alterações fundamentais e abriu as portas àcriação de um novo sistema educativo, mais europeu emais coerente. Mas foi com a reunião de Praga que todoeste processo adquiriu realmente visibilidade. No entanto,o Dr. Guy Haug teceu algumas críticas relativas aocomunicado resultante da reunião, criticas essas queincidiram fundamentalmente sobre o facto de não existirnenhuma referência ao sector politécnico e às suasnecessidades específicas. Sendo assim, o Dr. Guy Haugfez uma série de sugestões com o objectivo de melhorar aparticipação dos politécnicos neste processo.

Em primeiro lugar, é necessário ter em conta que apróxima reunião agendada pelos Ministros da Educação(Berlim 2003) vai ter lugar na Alemanha, um dos paísesque, apesar de ter um sistema de ensino binário, não estárepresentado na Eurashe. Devemos, assim, lembrar-nosque todo o trabalho de preparação da reunião vai ter lugarnum local que não é favorável a esta organização.

Em segundo lugar, a Eurashe deveria propor queum dos seminários sugeridos pelos ministros noComunicado de Praga, tendo em vista promover odesenvolvimento de todo este processo, se debruçassesobre as necessidades específicas do sector politécnico o

que daria à instituição e ao sector a possibilidade de dar umcontributo muito positivo.

Em terceiro lugar, e em benefício da coerência, éfundamental que os governos prestem mais atenção ao que seestá a passar no resto da Europa, sendo essencial que se difundainformação sobre esta matéria, o que seria de importância crucialpara todos os envolvidos e, em particular, para os países emvias de adesão.

Por último, a Eurashe deve envolver-se de formainequívoca na clarificação de algumas noções base:

- Ensino Superior: definição.- Nomenclatura dos graus académicos: este vai ser

talvez o trabalho mais importante no que toca àcriação do Espaço Europeu de Educação. Vai sernecessário definir um quadro comum de referênciae é fundamental ter o input do sector politécniconesta matéria.

- Créditos: é fundamental que se defina com clarezao que se deve entender por créditos, e se existemdiferenças entre os créditos obtidos numauniversidade ou num instituto politécnico,abordando também a questão da transferência decréditos entre sectores de ensino e instituições.

- Suplemento de Diploma: estão já a desenvolver-se vários modelos nacionais de Suplementos deDiploma. Estará o sector politécnico seguro deque estes modelos( e até o modelo europeu)correspondem às suas necessidades?

- Acreditação: talvez seja esta a área chave dacriação do Espaço Europeu de Educação. Nestesentido, deveria ser feita uma análise profundados vários sistemas de acreditação e clarificar quala posição do sector politécnico relativamente aesta matéria.

II - A Acreditação: a questão chave na construção doEspaço Europeu de Educação.

A acreditação, oreconhecimento e a garantia dequalidade, enquanto questões àsquais é preciso dar uma respostaurgente para que o EspaçoEuropeu de Educação se possatornar uma realidade, mereceramuma atenção especial durante aConferência da Eurashe.

Na discussão do temaparticiparam três convidados, asaber: da Alemanha, o Dr. TilmanKüchler – Zentrum fürHochschulentwicklung; da Áustria, o Dr. Kurt Sohm –International Affairs director – Fachhochschulrat – Ministryof Education, e do Chipre, o Dr. Andreas G. Orphanides – Deanof Academic Affairs – Cyprus College.

Na apresentação das suas posições relativamente àAcreditação constatamos um uníssono no que concerne àsopiniões que sustentam a sua definição e essência.

Deste modo, a consonância das definições garante-nos que a acreditação é um fundamento básico da qualidade de

Tilman Küchler

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uma instituição de ensinosuperior, na medida em que lheconcede um maior grau dequalidade na investigação e noensino. A acreditação é tambémum meio de legitimação dainstituição, ou unidade deprograma, baseada nocomplemento da autonomia dasinstituições. Para além disso,promove a competição e umelemento de diferenciação entre asinstituições de ensino superior, em

contraste com um sistema baseado na ideia da uniformidade. A acreditação é orientada para a avaliação da qualidadeno momento antes a após a sua implementação, ao contráriode um sistema que admite a qualidade a priori sem estimulara competitividade das instituições.

Assim sendo, o Dr. Tilman Küchler sustenta quepara que a acreditação se torne uma realidade é necessárioreforçar a autonomia das instituições e a sua capacidadepara definir objectivos estratégicos. No entanto, é precisoesclarecer que a acreditação não pretende substituir oreconhecimento estatal, devendo, sim, ser consideradacomo um pré-requisito para o reconhecimento oficial doestado.

Através da análise dos diferentes sistemasestatais de acreditação facilmente observamos que nãohá sistemas perfeitos e que é no debate de ideias e deconceitos que se desenham estruturas cada vez maisequilibradas. Na verdade, ainda que esta questão tenhaevoluído bastante nos últimos anos, o que é certo é queainda existe uma descoordenação a nível Europeu: maisuma vez as mudanças internas não têm tido em conta anecessária coerência europeia. A título de exemplodestaquemos as três realidade nacionais que nos foramapresentadas. No caso alemão, verifica-se uma filosofiatradicionalista, que se traduz no controlo estatal de todo osistema de ensino, sendo o governo o único responsávelpela acreditação das instituições e dos seus programas,qualquer que seja o sector a que pertençam. No caso deChipre, cujo sistema de ensino é dominado pelo sectorprivado, apenas as instituições pertencentes a este sectorestão sujeitas à acreditação, não se aplicando este processoàs instituições públicas. O exemplo austríaco difere dos já

mencionados, na medida em que pratica dois sistemas deacreditação diferentes: um relativo ao ensino universitário eoutro direccionado para o sector politécnico. O Dr. Kurt Sohmdirigiu todas as suas atenções para a acreditação dasinstituições de ensino superior politécnico, assumindo aimportância deste processo na consolidação da relação entre oensino superior e o mercado de trabalho.

Convém salientar que a acreditação significa umamaior responsabilidade institucional, que, através doinstrumento avaliação, promove um aumento da qualidade deensino. É um processo de aprendizagem e desenvolvimentoque pretende concluir se uma instituição cumpre com a suamissão educativa, ao mesmo tempo que garante a transparênciado sistema e o acesso a um ensino de qualidade garantida.

Todas as comunicações foram no sentido de reforçara necessidade da europeização de um sistema de acreditaçãocomo garantia efectiva de transparência e qualidade,contribuindo para o crescimento humano e social de uma Europado Conhecimento. Um Espaço Único Europeu de EnsinoSuperior pressupõe exactamente esta harmonia para o reforçoda competitividade, empregabilidade, mobilidade econsciencialização da sociedade europeia.

1 Entenda-se por sistema binário, aquele em que coexistem doissectores paralelos claramente definidos: o ensino superior universitárioe o ensino superior politécnico.2 Acção do âmbito do Programa Comunitário Sócrates, dedicada àEducação de adultos e outros percursos educativos.

Kurt Sohm

Andreas Orphanides

Pedro Lourtie

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE VISEU

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EM PREPARAÇÃOO Sistema Europeu de Transferência de Créditos (ECTS)

O Instituto Superior Politécnico de Viseu (ISPV) apresentou, a 1 de Novembro de 2001, uma candidatura ao Programa ComunitárioSócrates para obtenção de financiamento com vista à implementação do Sistema Europeu de Transferência de Créditos (ECTS – EuropeanCredits Transfer System), cujos trabalhos de preparação serão iniciados no ano lectivo de 2002/2003.

A construção de um Espaço Europeu de Ensino Superior, processo previsto pela Declaração de Bolonha (assinada por 29 paíseseuropeus, incluindo Portugal), a concluir até 2010, implica um esforço constante por parte dos países signatários para a convergência entreos seus diferentes sistemas de ensino. O ECTS surge como um dos mais importantes instrumentos para atingir esta meta, já que o seuprincipal objectivo é a promoção da transparência e a aproximação entre os diversos sistemas de ensino, através da utilização de umalinguagem comum, que inclui créditos e avaliação. A informação sobre os planos de estudo e os resultados dos estudantes, o acordo mútuoentre as instituições parceiras e o estudante, assim como a utilização dos créditos ECTS (valores que indicam o volume de trabalho efectivodo estudante), constituem os três pilares fundamentais do Sistema Europeu de Créditos, que permite eliminar alguns dos obstáculosfundamentais à mobilidade de estudantes.

Foram já nomeados, por todas as Escolas Integradas do ISPV, os coordenadores académicos que farão parte do grupo de trabalhoresponsável pela aplicação do ECTS, a saber : Professora Doutora Véronique Delplancq (Escola Superior de Educação de Viseu), Drª CarlaSilva (Escola Superior de Tecnologia de Viseu), Engª Paula Correia (Escola Superior Agrária de Viseu), Doutor Álvaro Bonito (EscolaSuperior de Tecnologia e Gestão de Lamego) e Dr. Daniel Silva (Escola Superior de Enfermagem de Viseu). A coordenadora institucional,nomeada pelo Exmº Sr. Presidente do ISPV, será a Doutora Maria de Jesus Martins, docente da Escola Superior de Educação, que terá comoprincipal função zelar pelo empenho da instituição neste processo, trabalhando em estreita cooperação com os coordenadores académicos,sendo, além disso, responsável pelas disposições contratuais com a Comissão Europeia e a Agência Nacional Erasmus.O grupo de trabalho referido terá a seu cargo a elaboração dos três documentos chave ligados à implementação do ECTS : o Dossier deInformação, o Formulário de Candidatura / Contrato de Estudos e o Boletim de Avaliação.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ABERTURA DE NOVOS CURSOS DE FORMAÇÃOPROFISSIONAL

“Agricultura Biológia” e “Ciências Vitivinícolas”

A Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV) encontra-seactualmente a preparar dois novos cursos de formação profissional(nível 4) nos domínios da 1) Agricultura Biológica e 2) CiênciasVitivinícolas, que entrarão em funcionamento em 2002/2003.

Os cursos mencionados terão a duração de dois anos edestinam-se a estudantes que tenham já terminado o nível três de ensinoou o 12º ano. Não conferindo grau superior, tratam-se de cursos pós-secundários que têm como objectivo formar técnicos profissionaisespecializados nas áreas indicadas.

Em ambos os casos prevê-se que a ESAV possa vir a beneficiarde um apoio do PRODEP (candidaturas a apresentar em Maio próximo),sendo que no caso do curso em Agricultura Biológica se encontra emdiscussão uma candidatura simultânea ao programa comunitárioLeonardo Da Vinci. De facto, este curso tem sido preparado em estreitaligação com uma rede europeia de instituições de ensino superior,coordenada pela Universidade de Stº Estêvão (Budapeste, Hungria),que se encontra a desenvolver um curso conjunto de formaçãoprofissional na área em causa, a apresentar a candidatura ao abrigo doprograma Leonardo Da Vinci em Janeiro próximo. A verificar-se aintegração deste curso da ESAV no projecto Leonardo Da Vinci referido,o último módulo da formação previsto passará a estar aberto a estudantesestrangeiros provenientes das instituições que fazem parte dessa rede,sendo que os estudantes portugueses matriculados neste curso poderão,igualmente, candidatar-se a uma bolsa para realizar módulos deespecialização distintos disponíveis nas instituições parceiras.

Em coerência com a orientação da política de formaçãoestabelecida pela ESAV, esta iniciativa procura proporcionar alternativasde formação em áreas relevantes para o desenvolvimento da região enão só, assim como contribuir para o reforço do processo deinternacionalização desta instituição.

NORMAS DE AVALIAÇÃO PARA OS ESTUDANTESINTERNACIONAIS

O Conselho Pedagógico da Escola SuperiorAgrária de Viseu (ESAV) encontra-se de momento aelaborar o Regulamento Interno desta UnidadeOrgânica, documento este que incluirá as normas deavaliação gerais. Estas últimas irão conter um capítuloespecificamente dedicado às normas a aplicar aosestudantes que participem em actividades de mobilidadeinternacional promovidas pela instituição. Desta forma,poderão ser ultrapassados alguns dos obstáculos quegeralmente se colocam na organização deste tipo deactividades, nomeadamente no que se refere ao regimede equivalências e certificação a adoptar.Com esta medida pretende-se facilitar a mobilidadeestudantil internacional desenvolvida ao abrigo deprograma comunitário Sócrates/Erasmus (e outros) e,desta forma, incrementar as actividades de cooperaçãointernacional da ESAV.

As normas em causa serão posteriormentelevadas a discussão/aprovação em Conselho Científicoda ESAV, prevendo-se que no ano lectivo 2002/2003as mesmas possam já entrar em vigor.

ESAV

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Paulo Barracosa é um docente da ESAV quedesenvolve projectos de investigação nas áreas dasGenética Molecular e Melhoramento, nomeadamenteatravés da utilização de marcadores bioquímicos emoleculares para a caracterização de biodiversidade comconsequentes implicações no melhoramento futuro dasespécies. Actualmente, encontra-se em doutoramento comum projecto de “Estudos de Biodiversidade emAlfarrobeira”, estando simultaneamente a desenvolverestudos de ensaios para homologação de herbicidas e deavaliação do impacto da fertilização na composiçãoflorística dos lameiros da região do Dão-Lafões.

No âmbito da cooperação internacional da suaEscola, esteve em Maio de 2001 como bolseiro Erasmusna Universidade de Agricultura de Praga (RepúblicaCheca).

Falámos com ele recentemente sobre esta suaexperiência na capital Checa, uma cidade inultrapassávelde um país quase mítico. Tratando-se da primeira missãode ensino com esta instituição, e pelo sentido deperfeccionismo que normalmente impõe no que realiza, oempenho foi redobrado de modo a representar a Escola eo Instituto de uma forma condigna e consequentemente“alimentando” grandes expectativas.

No âmbito do Departamento de Genética eMelhoramento deparou com uma situação pouco comumna qual as áreas animal e vegetal se encontram fundidas,acarretando uma situação de algum conflito latente, emque a área animal prevalece sobre a vegetal, o queprejudicou claramente esta missão, uma vez que o anfitriãoera o Prof. I. Majzlik, responsável pelo Departamento deGenética e Melhoramento Animal.

Contudo, esta situação não objectou a que sedesenvolvessem os normais contactos com osinvestigadores da área, nomeadamente com P. Vejl e S.Skupinová, tendo ficado acordado o estreitar desta relaçãode modo a poderem ser explorar alguns pontos de interessecomum, nomeadamente ao nível das técnicas moleculares,nomeadamente PCR-RAPD e AFLPs, aplicadas a plantase nemátodos (Meloidogyne sp.).

Esta situação criada levou-o a tecer algumasreflexões face às estratégias de cooperação futura, quedevem ter como base a criação de projectos conjuntos deinvestigação, que conduzam a um conhecimento profundodo parceiro em causa e que se reflectirá numa situaçãomais profícua e objectiva, desenvolvendo-se a partir daítodas as colaborações relacionadas com as missões deensino.

Como forma de obter um conhecimento mais latoda Universidade e porque desenvolve estudos com aalfarrobeira, uma espécie sub-tropical, estabeleceurelações com o Instituto de Agricultura Tropical eSubtropical, integrado na Universidade, nomeadamentecom o Director Prof. Havrland, e o sub-Director Prof. Krepl,

que, aliás, já tinha residido 3 anos em Portugal. Este contactorevelou-se extremamente profícuo, demonstrando este institutouma dinâmica exemplar com contactos muito estreitos com asmaiores organizações mundiais nas áreas do desenvolvimentoagrícola, nomeadamente a FAO, onde desempenham funçõesde responsabilidade. Ficou acordada a tentativa de criação deparcerias com a ESAV no delineamento de projectos a apresentarao nível destas organizações, uma vez que este instituto possuíprojectos com países Africanos de Língua Portuguesa, e nessamedida existiria uma mais valia com a colaboração da ESAV nestetipo de projectos. Neste contacto foram ainda abordados osactuais interesses da ESAV no domínio da colaboraçãointernacional, nomeadamente com Timor Leste, e ao nível dealgumas espécies tropicais e subtropicais como o café e aalfarrobeira, nas quais a ESAV desenvolve alguns trabalhostécnico-científicos.

As suas reflexões centraram-se seguidamente emquestões estratégicas de cooperação que considera maisadequadas para o futuro, concretamente na necessidade deserem criadas oportunidades para os nossos docentesdesenvolverem projectos de investigação no estrangeiro,privilegiando protocolos e parcerias com instituições de ensinoe investigação de reconhecido mérito científico, de modo aprepará-los para a competitividade que se aproxima com a criaçãodo Espaço Europeu de Ensino Superior. Estes protocolosdeverão incidir em áreas vitais para a nossa agricultura,nomeadamente a vitivinicultura, a silvicultura e a agriculturabiológica, salientando os esforços que a ESAV tem desenvolvidonomeadamente nesta última, estando integrada num grupoEuropeu para a criação de uma licenciatura na área da agriculturabiológica.

Numa perspectiva global, esta viagem de ensinorevelou-se interessante pelos contactos estabelecidosespecialmente ao nível dos departamentos de Genética eMelhoramento e de Agricultura Tropical, que seguramente nofuturo irão ser aprofundados devido a alguns pontos de interesseconvergente não só ao nível das técnicas como também ao níveldas espécies em causa. Do seu ponto de vista a integraçãofutura na EU proporcionará seguramente um decisivo saltoqualitativo desta instituição, nomeadamente em áreas maistecnológicas, pelo que seguramente teremos a ganhar se formoscapazes de conservar e intensificar uma relação de “fidelidade”com esta instituição.

Uma outra questão levantada por Paulo Barracosaprende-se com o facto da integração de alunos de outras

UM BOTÂNICO DO ISPV NAUNIVERSIDADE DEAGRICULTURA DE PRAGA

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instituições estrangeiras forçar os nossos alunos e os docentesa acelerarem o processo de aprendizagem da língua inglesa,devendo as aulas terem meios audio-visuais em língua inglesa,apesar de deverem ser leccionadas em Português. Para isso, osalunos envolvidos no processo de intercâmbio deverão terobrigatoriamente um estágio da língua do país de acolhimento,porque a aprendizagem da língua é sem dúvida uma das vertentes.Deste modo, conseguir-se-á, ao mesmo tempo que acolhemosalunos estrangeiros, preparamos os nossos alunos para o espaçoEuropeu, de ensino ou laboral.

As impressões finais do docente da ESA foram parauma profunda admiração pelas capacidades do povo Checo,traduzidas numa disciplina metódica aliada a uma criatividade esentido estético que resultam numa cidade digna de ser visitadaonde a preservação do seu património e a integração das váriasarquitecturas ao longo dos tempos se fez de uma forma sublime.

ADERE AO PROGRAMA COMUNITÁRIO SÓCRATES/ERASMUS

A Escola Superior de Enfermagem de Viseu deu início, no presente ano lectivo, às suas primeiras actividades decooperação internacional ao abrigo do programa comunitário Sócrates/Erasmus, nomeadamente no que se refere a mobilidadede estudantes e docentes.

Na condição de Escola recentemente integrada no Instituto Superior Politécnico de Viseu (ISPV), esta UnidadeOrgânica passou a integrar os planos de internacionalização da sua instituição mãe, estando, nesta primeira fase, a prepararfluxos de mobilidade com o “Stord College of Education” (Noruega), que se traduzem nas participações de 3 estudantes (umenviado e dois recebidos) e dois docentes (um enviado e outro recebido). Os estudantes envolvidos irão orientar os seusperíodos de estudo para uma formação essencialmente prática (estágios em unidades de saúde das duas cidades envolvidas),ao passo que os docentes irão desenvolver missões de ensino de curta duração em áreas de formação específicas.

A cooperação com o “Stord College of Education” resultou de uma visita preparatória à Escola Superior deEnfermagem, realizada por uma docente daquela instituição, em Maio de 2001, aquando da realização, nas instalações doISPV, de uma workshop sobre “Cuidados de Saúde Numa Sociedade Multicultural”, da responsabilidade da COHEHRE(Consórcio de Institutos Superiores de Saúde e Reabilitação na Europa).

Nesta primeira fase, foi igualmente assinado um protocolo de cooperação com a Universidade de Burgos, noentanto ainda não está ainda prevista a concretização de qualquer actividade a curto prazo.A Escola Superior de Enfermagem de Viseu está, assim, a dar os seus primeiros passos no que diz respeito a participação emprogramas comunitários, sendo que se pretende, à semelhança do que vem acontecendo com as restantes unidades orgânicasdo ISPV, caminhar no sentido da diversificação geográfica e programática das actividades de cooperação internacional.

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM

O TEU FUTURO PASSA POR AQUIInstituto Superior Politécnico de Viseu

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Ingressou na Escola SuperiorAgrária de Viseu, no presente ano lectivo,o estudante Timorense LINOFERNANDES, que chegou ao nosso paíshá aproximadamente três anos paraprosseguir estudos. Nessa altura começoua frequentar uma escola de formaçãoprofissional em Lisboa, tendo concluídoessa etapa em Julho de 2001, após o queoptou por candidatar-se ao curso que agora frequenta –Engenharia Agrícola, variante de Hortofruticultura.

Seria apenas mais um estudante estrangeiro nanossa instituição, não fosse o facto de Lino Fernandester vivido acontecimentos impensáveis para a maior partedos nossos estudantes, que acabaram por transformar asua vida numa estória digna de ser passada a livro.

A sua infância não foi povoada por desenhosanimados nem foi aquecida pelo conforto de um larpermanente e aconchegante. Pelo contrário, começaramcedo as suas desventuras,com meses apenas, num paísmarcado pela tensão política.Capturado inúmeras vezespela polícia indonésia,separado da família outrastantas, perdido nasmontanhas...foi assim opercurso de Lino, acidentadoe sofredor, sem idade paraisso.

Em 1990, frequentavao 10º ano numa instituiçãoescolar situada na zona Lestede Timor (Lospalos). Aconstante vigilância e pressãodos Serviços SecretosIndonésios tornaraminsustentável a suacontinuação nessa região,motivo pelo qual decidiuabandonar a família,refugiando-se na zona Oestede Timor. Aí teve oportunidade de continuar os seusestudos, ao mesmo tempo que colaborava com a redeclandestina de apoio à libertação de Timor. Em vão tentoucontactar a família em 1994, já que os Serviços Secretosmencionados não aliviaram a perseguição de que estavaa ser alvo. Desse modo, a hierarquia da Guerrilhaconsiderou que a única solução seria uma fuga para oexterior, o que veio efectivamente a suceder. LinoFernandes emigrou clandestinamente para Jacarta(Indonésia), com o objectivo de pedir asilo político. Comum grupo de amigos, refugiou-se na embaixada de França

deste país, após o que, com a ajuda doembaixador e da Cruz VermelhaInternacional, conseguiu vir paraPortugal. Quem não se lembra destasimagens, tão repetidamente divulgadas?

Mas a nova etapa da vida desteestudante parece estar a deixar para trás(se é que isto é possível) a agitação deoutros tempos. Lino Fernandes

encontra-se satisfeito com a sua experiência no Politécnicode Viseu, sobretudo no que diz respeito ao seurelacionamento com os professores. Sente um especialfascínio pela História de Portugal, país onde tem feitomuitos amigos. Considera que no clima e nos hábitosalimentares têm residido as suas maiores dificuldades deadaptação. Quando sente saudades de casa, procura oconvívio dos seus amigos e lê com frequência. Adoraviajar e conhecer novas pessoas. Lino Fernandes, umestudante que não deixa de suscitar empatia por onde

passa, pela sua sensibilidade e imagemde força, escolheu as palavras“criatividade” e “simpatia” paracaracterizar a sua experiência em Viseu.Preocupado com o futuro do seu país,pretende regressar a Timor, assim queterminar a sua formação no InstitutoSuperior Politécnico de Viseu, para poderdar o seu contributo para odesenvolvimento do país. Até lá, cáestaremos para lhe dar o nosso apoio.

ESTUDANTE TIMORENSENAESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE VISEU

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No presente ano lectivo, o Instituto Superior Politécnicode Viseu (ISPV) receberá, no total, vinte e um estudantesestrangeiros que, ao abrigo do programa comunitário Erasmus,desenvolverão, entre nós, períodos de estudo de 3 a 9 meses.Estes estudantes, provenientes de diversas instituições de paísescomo Espanha, Grécia, Hungria, Lituânia e Noruega, frequentame frequentarão diversos cursos das Unidades Orgânicas do ISPV.

De momento, encontram-se já na instituição (dos vintee um mencionados) dez estudantes, a quem pedimos parapreencher um formulário com algumas questões relativas às suasexperiência Erasmus em Viseu. Com a sinceridade e contundênciaa que nos vêm habituando, os estudantes passaram para o papelo que mais e menos lhes tem agradado desde a sua chegada.

Foram e são muitas as suas expectativas. Para utilizaruma das expressões aplicadas por uma das estudantes, e quenos pareceu bastante expressiva, a principal motivação pordetrás da decisão para participar em Erasmus era uma enormevontade de “desligar do conhecido”. De facto, a maioria dosestudantes, quando resolveu candidatar-se a Erasmus, pretendiater acesso a experiências inéditas, que passariam pela vivênciade uma outra cultura, pelo contacto com novas gentes e comoutra língua. Alguns referiram ainda o facto de esta experiênciapoder vir a contribuir para o desenvolvimento de capacidadespessoais, tais como o poder de adaptação e o espírito de abertura.

“Porquê Portugal? Porquê Viseu? Porquê o InstitutoPolitécnico de Viseu?”, perguntámos. Alguns dos estudanteshaviam já estado no nosso país e sentiram vontade de voltar.

Noutros casos, foram antigos alunos Erasmus da mesmainstituição de origem que recomendaram este destino.Noutros, ainda, foi a curiosidade relativamente a um paíscom uma história rica, com a qual tinham tido contactoapenas através de manuais escolares. Finalmente, houvequem escolhesse Viseu por mero acaso, uma decisão noescuro da qual não se arrependeram.

Alguns destes estudantes tinham ideias pré-concebidas acerca do país. Na maior parte dos casos,tinham de Portugal uma imagem desfocada, associada aum país bastante menos desenvolvido do que aquele quevieram a conhecer. Noutros, a surpresa foi menos boa. Defacto, alguns deles pensaram vir a encontrar um país menosconservador.

Em termos sociais, as experiências parecem estara proporcionar-lhes os melhores momentos. De facto, osportugueses são encarados por estes estudantes comopessoas amigáveis, sempre dispostas a ajudar mas...umpouco desconfiadas nos primeiros contactos. É umacultura de contrastes, pensam, com demasiadas influênciasanglosaxónicas...frutos da globalização. No entanto,Portugal é visto como um país cheio de potencialidades,muitas das quais ainda por explorar.

Do ponto visto académico, o relacionamento comos professores tem sido o aspecto mais positivo. O atrasono início do ano lectivo de uma das unidades orgânicasnão foi bem aceite, no entanto o bom acolhimento foi atónica geral. Alguns estudantes fizeram referência à barreiralinguística que, de alguma forma, tem dificultado aoptimização das experiências académicas. Orelacionamento com os colegas tem sido bom e foi muitonotado o espírito de união e identificação institucionaldos estudantes do ISPV.

A estadia no ISPV tem também servido paraapurar determinadas competências transversais, tais comoo espírito de abertura, o gosto pela novidade e acapacidade de relacionamento interpessoal. Algunsestudantes preferiram adiar a sua opinião a este respeito,preferindo aguardar pela passagem do tempo para análisesdesta natureza.

De uma forma genérica, estes estudantesapontaram como os mais positivos aspectos das suasexperiências o “céu imenso”, o sol, a beleza da língua, aspaisagens...as pessoas e o seu calor... Menos fáceis detolerar parecem ser as “distâncias entre os lugares”, oshorários e a regras de funcionamento das residências deestudantes.Finalizamos com palavras soltas, as primeiras a surgir,sem lógica nem ordem, aos nossos Erasmus quandolhes pedimos para pensarem em tudo o que estão aviver: aprendizagem, amizade, criatividade, ansiedade,poesia, diversão, solidariedade, novidade, surrealismo...

ESTUDANTES ERASMUSNO INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE VISEU

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Foi o mais concorrido DIA dainstituição. A Aula Magna foi pequena paraconvidados, professores, entidades,estudantes e funcionários. Um sinal davitalidade do ISPV.

Na sua intervenção, João PedroBarros referiu algumas dificuldades actuaisna vida do país e das instituições,nomeadamente as criadas pela direcçãofinanceira do Estado, afirmando que asalterações substanciais no âmbito dassociedades modernas conduzem,frequentemente, nas palavras de GillesLipovetsky, a uma rápida erosão dasidentidades sociais, políticas e económicas, com a concomitantedesestabilização das personalidades, do reforço do individualismo,dos interesses estritamente interesseiros numa autênticaescatologia axiológica, e que no campo da ciência, como refere KarlPopper, pode conduzir à renúncia daprocura da verdade, fim último daactividade científica, ou seja, “aconcordância do conhecimento com o seuobjecto”.

Para o Presidente do ISPV, ostempos conturbados de hoje repercutem-se na própria vida interna desta instituição,a qual tem vindo a trilhar, com a sualiderança, os caminhos da credibilizaçãocientífica e académica, conseguindo criarum espaço próprio à custa de um trabalhonotável de todo um grupo composto porprofessores, funcionários, e tambémalunos.

Mas os tempos de dificuldades,por outro lado, como salientou, fortalecema coesão interna, aguçam o engenho, criando uma forçasuficientemente capaz de provar que o acessório que se afirma napraça pública tem pouca consistência científica e apenas dá razãoao nosso poeta Aleixo, ao referir, apropósito de embustes, que eles são“vaidade, pura vaidade, pintura, tudopintura, com que a mentira procuramudar a cor à verdade”.

Passou, depois, João PedroBarros aos números que tornarampossível, desde o seu início, em 1983, arealidade actual do ISPV, não deixando,contudo, de referir que se privilegiousempre a instalação conveniente dealunos e de professores, sacrificando aPresidência do Instituto, deixando-a semvisibilidade, instalada num cantinho daEscola Superior de Educação. Emnúmeros redondos, dez milhões de contospara a construção das diferentes fases da Escola Superior de

Tecnologia e dos seus anexos –pavilhões e campos desportivos;para a edificação dos ServiçosCentrais, inauguradosrecentemente; para a adaptaçãoda ex-Escola do MagistérioPrimário às exigências deformação da Escola Superior deEducação; para a beneficiaçãoe conservação das instalaçõesda Escola Superior deTecnologia e Gestão de Lamego;para a instalação da EscolaSuperior Agrária, na Quinta daAlagoa; para a imprescindível e

prévia aquisição de terrenos onde instalar o complexo académico.Dezenas de hectares que constituem um património sem preço e queirão ser enriquecidos com novas edificações, nomeadamente aimplantação definitiva da ESEV no Campus.

Dez milhões, a que seseguirão muitos mais,melhorando as instalações daESAV e da Escola Superior deEnfermagem, do Pólo deLamego da ESE, a caminho dasua transformação em UnidadeOrgânica autónoma, numtrabalho conjunto com aedilidade. E, naturalmente,alargando a realidade do ISPVàs áreas da Saúde e das Artes.Afirmou João Pedro Barros:Insistiremos neste propósito milvezes! Sem esquecer olançamento próximo da terceiraResidência de Estudantes. Para

além de outras realizações. Sempre em prol da qualidade, que teráque continuar a ser a nossa divisa. Como afirmou o Professor VeigaSimão, quando se nega a qualidade fomenta-se a mediocridade.

O Presidente do ISPVsublinhou bem a ideia de que aobra desenvolvida não teriasido possível se ao trabalhointerno não se tivesse juntadoo apoio do exterior, de genteda região, tendo o ISPV tomadoa decisão de atribuir o maiorgalardão do Instituto, amedalha de ouro, por mérito,às seguintes individualidades einstituições: Dr. FernandoCarvalho Ruas, Presidente daCâmara Municipal de Viseu; Dr.Almeida Henriques, Presidenteda Associação Empresarial deViseu, Sr Armando da Silva

Pereira, empresário, a quem se fica a dever a cedência dos terrenos

DIA DO INSTITUTO SUPERIOR POLIT

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onde está instalado o Campus, de acordo com o protocolo estabelecidocom a Câmara Municipal de Viseu; Presidente da Associação deComerciantes de Viseu, Sr. José Alberto Oliveira; Confraria de SantoAntónio, que possibilitou, decisiva e decididamente, a instalação da nossaEscola Superior Agrária.

Manifestando a todos uma profunda gratidão, João PedroBarros salientou que esboçara apenas um quadro sintético da criação eda evolução do Politécnico, uma obra desenvolvida com o amor de uns,paixão de tantos, descrença de outros. E concluiu: A verdade é que aobra aí está, não lhe faltando hoje paternidades. Sinal dos tempos! Pornós, estamos convencidos, como afirmou Fernando Pessoa, querealmente: “DEUS QUIS, NÓS SONHÁMOS E A OBRA AÍ ESTÁ ACONFIRMÁ-LO”.

Usaram seguidamente dapalavra João Domingos, Presidenteda Associação Académica do ISPV, eo senhor Professor Doutor AlmeidaCosta, Presidente do ConselhoNacional de Avaliação do EnsinoPolitécnico.

O dirigente associativo referiu-se ao ISPV como sendo umamanifesta exaltação da obra feita anível nacional, com a determinaçãodos dirigentes, mas sempre uma obranunca acabada que urge continuar.

Afirmando que o sucesso dosalunos é o espelho da qualidade dos professores, João Domingos gostariade ver os professores a serem avaliados, dado vivermos num mundoem permanente mudança.

Concluiu, apelando à união, para a dignificação de umainstituição que nasceu e cresceu digna.

Almeida Costa exprimiu a sua satisfação pessoal por seencontrar na sua cidade, pelarealidade que é hoje o EnsinoPolitécnico no país, e por ter aoportunidade de ouvir uma lição deVeiga Simão.

Em termos institucionais,salientou a magnífica colaboração doISPV no Conselho Nacional deEducação, expressando que aavaliação terá de ser uma obrapermanente, a instituição devendo nelaestar totalmente envolvida. E terá deter consequências. Para o EnsinoPolitécnico já só falta este passo,concluiu.

Na sua intervenção, o professor Veiga Simão começou porfazer uma breve reflexão sobre a mais valia da Europa, a qual se situanessa aliança criativa da Ciência e da Tecnologia com a Cultura, peloque na Sociedade do Conhecimento a economia cultural vaidesempenhando um papel cada vez mais determinante, constituindo asempresas culturais uma mais valia para os portugueses, designadamenteos das regiões do interior.

ÉCNICO DE VISEU 16 DE NOVEMBRO DE 2001

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Falou, depois, oProfessor da competitividadeentre as nações, em particularno âmbito do binómio Educação/Formação, com referênciasespecíficas às instituições e aoEnsino Politécnico, salientandoque é imperioso para o nossopaís que se seleccionem critériosde inovação quantitativos,qualificativos e qualitativos, e seinstitucionalizem exercícios de“benchmarking”, de análise comparativa, com o fim último demedir, ao longo da próxima década, a recuperação dos nossosatrasos sociais, tecnológicos e orgânicos, que, aliás, posicionamnegativamente a União Europeia relativamente aos EstadosUnidos e que, no caso português, assumem valorespreocupantes. Na verdade, referiu Veiga Simão, Portugalencontra-se na Terceira Divisão da competitividade, entre as 50nações mais desenvolvidas do mundo. No 34º lugar. O queexige desafios.

Neste quadro, pergunta o Professor: Onde vamos situaras instituições de Ensino superior, e porquê? Porque são asentidades privilegiadas do saber português, elas próprias devemassumir um papel de primeira grandeza neste desafio, e nãopodem consumir as suas capacidades e as suas potencialidadesem discussões intra-muros, ou apenas com um único interlocutordo poder político. Ao contrário, devem colocar-se na frente dasreformas, obrigando o poder político a tomar decisões que sãoinadiáveis, pois têm efeitos decisivos na construção do nossofuturo e na sobrevivência da personalidade nacional na Europae no Mundo.

O caminho da inovação foi, a seguir, analisado porVeiga Simão. O governo português, disse, ao lançarrecentemente um programa integrado de inovação, programatransversal que emerge no meio de políticas contraditóriasinterpretadas por diversos Ministérios, diagnóstico que o própriogoverno confirma em documentos oficiais, se não tiver coragemde operacionalizar esse programa, tomando decisões globaisque privilegiem a criação de riqueza, nunca impulsionará o nossopaís para a ultrapassagem dos atrasos que são referenciadosnaquilo que julgo que todos conhecem - as Cartas de Progressode Inovação aprovadas nas Cimeiras europeias dos anos 2000/2001. Uma carta que, se a lermos, em todos os indicadoresnacionais de inovação, em recursos humanos, em criação, emtransmissão e aplicação do conhecimento e em financiamento emercado para a mudança mostra serem inferiores aos da médiaeuropeia em pelo menos 20%. Ora, é manifesto que a concepçãoe a operacionalidade do 3º Quadro Comunitário de Apoio, talcomo estão consignadas as verbas, não servem o propósito degrandes reformas necessárias e das mudanças urgentes, e porisso precisam de ser corrigidas. O governo não pode perder aoportunidade, pois seria inconcebível assistir a exercícios deretórica sem resultados. Concordamos que não é fácil a tarefaporque quem tem de decidir tem de vencer naturais e algumavezes consolidadas resistências, mas desde logo entre asconclusões fundamentais a retirar destas breves considerações,

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Nos anos 50 e 60 não havia Erasmus. Nem Leonardo.Não havia Sócrates. Para o estudante universitário, o estrangeiroera a aventura por conta própria. Em campos de trabalho, com todoo rigor da organização, da programação, dos custos e dos ganhos.Experimentei Londres em 58, num mercado abastecedor de frutas ede legumes no East End, bem próximo de Liverpool Street. Nãogostei! Privilegiei, depois, o assumir de todos os riscos, eu mesmodefinindo em cada momento o que queria ou não queria, criando apossibilidade de me deixar guiar pela minha própria anarquia.

Em 59, foi Köln, Colónia, deixando para trás as lágrimasde minha mãe e as suas palavras, meio conselho, meio aviso: Aguerra ainda só acabou ontem!

Para além de uma mala, o dinheiro para um mês desobrevivência e o bilhete de ida e volta – Mangualde – Colónia –Mangualde. Uma aventura e tanto!, como bem cedo vim a descobrir,cumprindo as palavras de meu avô paterno, pessoa entendida nascoisas do mundo. Pela experiência ganha em viagens sem conto.

Na minha cabeça fervilhava o preconceito contra aAlemanha e contra os alemães, atropelavam-se números e factos,mais de 50 milhões de mortos no conflito; Ialta1 e Postdam2 e afixação de fronteiras e de zonas de ocupação; a expulsão dosalemães da Polónia, da Hungria e da Checoslováquia; a criação decondições para o equilíbrio do terror; o julgamento dos vivos e dosmortos em Nürnberg, em Nuremberga, em 46, mas não os crimesde Hiroshima e de Nagasaki; os 17 biliões de dólares do PlanoMarshall3 para a reconstrução da Europa e o escoamento dasuperprodução americana. A NATO e a OECE, a Organização paraa Cooperação e a Economia, viriam depois. O habitual. Tudo paradeter o “perigo vermelho” do Leste. Passara a haver duas Europas:a boa e a má.

Ainda consegui encontrar nela espaço para armazenarquatro grandes motivações: arranjar trabalho, encontrar-me com aCatedral; subir o Reno até Sankt Goarshausen para ver a Loreleide Brentano4 e de Heine5 e ouvir o seu canto de enfeitiçamento;experimentar um longo banho de imersão na linguagem do dia-a-dia, alternativa para a prática universitária sem vida, corrente naépoca – a tradução formal de contos de Torga, de Archer, e deoutros, para alemão, e do Der 35.Mai, de Erich Kästner6 , paraportuguês.

Nas minhas peregrinações de verão seguir-se-iamManchester e Liverpool, em 60, Düsseldorf e Dortmund, em 61, oano do Muro, da Muralha de Protecção, como seria designado naR.D.A., Heidelberg e Frankfurt-am-Main, em 62.

Depois, tornei-me professor. Até hoje. Ininterruptamente.

O Reno e as suas cidades sempre constituíram para mimuma atracção irresistível. Sabia de cor os seus nomes. Do LagoConstança até à foz, em Roterdão. Das que se erguem nas margens,

ou muito perto delas: Schaffhausen, Basel, Strasbourg, Karlsruhe,Mannheim, Bonn, Koblenz, Duisburg. Entre tantas outras. Mas Colóniaera a minha eleita. Pela sua história. Pela destruição massiva de 427 .

Originariamente, a Cidade dos Úbios, tribo germânica, aOppidum Ubiorum, como os romanos lhe chamaram, o seu nomealterou-se ao ritmo da história: Ara Ubiorum dos conquistadores do sul,rectângulo muralhado que o imperador Cláudio rebaptizou de ColoniaClaudia Ara Agrippinensium, em honra de sua mulher; Köln, finalmente,monossílabo com origem na energia do acento de intensidadegermânico.

Colónia, capturada pelos francos no século IV; sedearcebispal por vontade de Carlos Magno; morada última de AlbertoMagno8 , professor de S. Tomás de Aquino, e de Duns Escoto, ofranciscano de Oxford, a crença no livre arbítrio; Colónia, das torresgémeas da catedral gótica e do Kaisersglocke, o sino do imperador,fundido a partir de um velho canhão francês capturado na guerrafranco-prussiana9 . Colónia, cidade universitária desde 1388, osescolares alemães abandonando a universidade de Paris por nãoquererem obedecer ao papa de Avinhão; Colónia, a maior cidadegermânica da Idade Média, labiríntica, sinuosa, eixo fundamental daLiga Hanseática10 , com ela declinando no século XVI; Colónia, ondeem 1536 ficou esboçada a reforma da Igreja Católica que vivia aoperar-se no Concílio de Trento, vinte e sete anos após; Colónia, dasfestas incomparáveis de Segunda-Feira Gorda, das manufacturas, dametalurgia e dos automóveis, da química, dos têxteis e dos fármacos,dos chocolates e dos perfumes; Colónia, das bombas incendiárias edas explosivas, das minas aéreas dos mil bombardeiros da R.A.F.11 ;de bairros inteiros reduzidos a escombros de pesadelo, cavernasprofundas, intermináveis; de montanhas de entulho soterrando homens,mulheres, crianças. Pessoas como nós. Gente que o nazismopervertera e gente que a ele se opusera; Colónia, a cidade belíssimaainda privada da sua pureza primitiva.

Naquela tarde de meados de Julho de 59, quando deixei aHauptbahnhof, a Estação Central de Caminhos de Ferro, a ponteHohenzollern, junto da Catedral, erguia-se como a mais bela silhuetada cidade.

Nos primeiros tempos deambulei por ruas tenebrosas,cinzentas e tristes da periferia e do casco medieval, pela Ringstraβe12 ,paradas de ruínas esqueléticas, fantasmagóricas, de casasescalavradas, bolorentas, relíquias de um tempo de decadência e detrevas, de hinos à noite, a minha iniciação aos horrores da guerra; porAvenidas dos Despejos, Alamedas dos Vasadouros, Largos dos Canosde Esgoto, pelos Champs-Ruinés, por lixo escombros porcariaBroadway, na linguagem de Borchert13 ; aventurei-me pelos subúrbiosde Deutz e de Mülheim, na margem direita do rio, a reconstruçãoacelerada dos complexos industriais e dos bairros operários erguendo-se no meio da planura semeada de crateras dos bombardeamentos

NO TEMPO EM QUE NÃO HAVIA ERASMUSVasco Oliveira e Cunha

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em Boppard14 e subi o Reno ao encontro dos vinhedos em socalcose das ruínas de castelos medievais – Liebenstein, Gutenfels,Pfalzgrafenstein, Ehrenfels, o rochedo da Lorelei; provei vinho emOberwesel; iniciei-me nas escolas de pintura que proliferaram ederam fama à cidade desde quatrocentos; extasiei-me no Museucom a Anunciação, muito próxima da miniatura, os fundos de ourolavrado e a ingénua ingenuidade da interpretação original dasEscrituras Santas; com o misticismo da Chegada da Santa Úrsula,a cidade como pano de fundo da pintura; com a Adoração dosMagos, de Lochner15 , do século XV, a predilecção pelas armadurase pelo azul profundo; com tantos outros mestres cujos nomes aminha memória já perdeu; encontrei-me com o gótico da catedralque fumegou mas não caiu; com a fachada soberba e as torresaltivas, cento e setenta metros a caminho do céu, dominando acidade inteira, quase toda a Renâmia, pensava eu, só a linguagemda poesia podendo ser fiel a tamanha criação – discursomemorável16 , expressão espontânea de sentimentos vigorosos17 ,da imaginação18 , arte suprema e completa, pintura em movimento,música que pensa19 ; com o ouro do Relicário dos Três Magos,oferecido à cidade por Barbarrossa, em 116420 , e que atraía cadavez mais rebanhos de peregrinos; com o românico da Igreja dosSantos Apóstolos, preservada dos bombardeamentos, e da Igrejade S. Martinho; com os vitrais de S. Cuniberto (séc. XIII), com aRathaus, a Câmara Municipal, e a sua recuperação, da mesmaidade; com o gótico da Klein Sankt Martin, no Quatermarkt, junto aorio, da Antoniter Kirche (séc. XIV) e da Alt Sankt Alban, católica, ea reconstrução recente do templo dos séculos XIII e XIV.

Conheci gentes; fiz amigos; trabalhei num Biergarten,numa cervejaria, da Kolpingstrabe21 , graças à ajuda de ErnstGruber, um pedagogo da Suábia22 que se havia instalado nacidade em 1952, alargando e aprofundando o meu alemãofuncional por entre imperiais sem conto e sem medida, salsichas esalsichões, ovos de salmoura, hamburgers com mostarda, KölscherKaviar23 , Deutsche Mark e Pfennige24 das contas e dos trocos, oblá blá da euforia e das frustrações do 1.F.C. Köln nos jogos daLiga e as incontornáveis comparações com a mestria e o feitomítico de Fritz Walter, aquele do golo da vitória de Berna sobre aHungria, em 195425 .

Acabei por ficar até meados de Outubro.

Era o tempo da luta pela prescrição dos crimes de guerra,da busca de um compromisso com o mundo, gente sempersonalidade definida procurando instalar-se, afugentar o lamaçaldas memórias, esquecer colaboracionismos, envolvimentos,aquietar consciências, viver a tranquilidade de uma vida semsobressaltos, a subtracção a classificações, a convenções e aimposições morais, éticas e sociais, produto da desintegração totalde valores que sempre conduz ao triunfo do objectivismo amorale desumano que Broch já denunciara na sociedade alemã durantea I Guerra Mundial e no período que a precedeu26 .

Silenciava-se todo o conhecimento dos doutrinadores eintérpretes da violência, transferindo para a esfera das abstracções

metafísicas ou meta-políticas as explicações do nacional-socialismo:- o pensamento militar alemão da imbricação estreita do

comando militar e da direcção política, e da inexistência de limites àutilização da violência na guerra27 ;

- a receita extremista dos discursos do Kaiser, do imperador,aos capacetes cinzento-esverdeados no cair do pano sobre o séc. XIX– quando chegardes à frente de batalha, já sabeis: perdão não vaihaver, não serão feitos prisioneiros...28 ;

- a apologia e a demagogia de Feder29 , da construção deum Estado sem impostos, mas capaz de criar o bem estar do povo, orenascimento nacional assentando na expulsão de todos os judeus ede todos os estrangeiros da vida pública;

- a primazia do poder da nação sobre os ideais abstractosda verdade e da justiça, na concepção de Spengler30 ;

- as ideias de defesa da selecção rácica de Darré31 e dadeclaração de guerra de Rosenberg32 contra as confissões religiosascristãs.

Calavam-se as afirmações expansionistas do Império, osideais de conquista de um lugar ao sol, de um Lebensraum, de umespaço vital, para oferecer às necessidades de uma população emcrescimento e abrir novos horizontes aos interesses económicos comogarantia de uma participação activa na partilha do comércio mundial, adoutrina mítica e orgânica do Estado dominando o pensamento desdeFichte e Hegel, como se o Estado dispusesse de vontade própria,sobrepondo-se aos cidadãos e desligando-se das normas da moral eda ética nas relações com os outros Estados.

Combatiam-se todas as heresias. As de Darwin e as deVoltaire. As de Marx e as de Engels. A própria social-democracia eraolhada de soslaio. Só o dinheiro não era herético!

Como se tudo tivesse sido apenas um pequeno incidentenas suas vidas; como se não se houvessem atafulhado os comboios dejudeus e de opositores ao regime33 , transportando-os para onde otrabalho libertava (Arbeit Macht Frei), para Sachsenhausen, nosarredores de Berlim, para Auschwitz, Oranienburg, Treblinka, Dachau,Theresienstadt, Sobibor, e tantos outros nomes de morte e de vergonha,e de onde só se podia sair pelas chaminés dos fornos crematórios;como se judeus e opositores do nazismo não houvessem sido enterradosvivos em valas comuns; como se a história só tivesse começado depoisda catástrofe; como se não tivesse havido estandartes empunhadospor jovens vestidos de castanho, cânticos em uníssono celebrando amorte, as Bombas sobre Inglaterra e Lili Marleen, de Schulz34 , oestrondo de salvas de canhões; como se pudessem ignorar-se osexércitos de estropiados, florestas a perder de vista; como se dieUnbekannte, a desconhecida, uma velha mulher que ninguém pareciaconhecer, saia ampla e longa, azul, com florinhas vermelhasestampadas, cabelo louro desgrenhado, não cruzasse repetidamenteas ruas, as praças e as pontes da cidade, ouvidos tapados paraamortecerem o sibilar e o estrondear das bombas, fazendo emudecervozes, suspender respirações, remoer consciências; como se emMülheim, ali ao lado, um ex-soldado da Wehrmacht, do exército alemão,que serviu na Roménia, não saísse de casa a rastejar, como fazia nastrincheiras em volta de Ploiesti35 , pronto a disparar sobre o inimigo;

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8 Alberto Magno, teólogo e filósofo, foi professor de S. Tomás deAquino em Paris. Aquino viria a seguir o mestre quando este viajou paraa Alemanha para leccionar na Universidade de Colónia.9 1870-1871. A vitória de Bismarck sobre a França de Napoleão III,com a anexação da Alsácia e de uma parte da Lorena, foi decisiva paraa unificação alemã conduzida pelo chanceler.10 Inicialmente uma associação de mercadores, a Liga transformou-senuma confederação de cidades comerciais liderada pelas das costas doBáltico. As cidades mais interiores, como Colónia, conseguiram fazervaler os seus direitos de navegação, de insenção de direitos aduaneiros.11 A Royal Air Force britânica.12 Uma rua de circunvalação do núcleo mais antigo da cidade.13 Wolfgang Borchert, Em frente da Porta, do Lado de Fora, Lisboa,Portugália Editora, s/ data, p. 43. Falando, embora, de Hamburgo, asituação podia generalizar-se a toda a Alemanha. Na tradução portuguesaaqui indicada, o título do original alemão, publicado em 1949, emHamburgo, pela Rowohlt Verlag Gmbh, é referido como Drauβen vorder Tür. Na verdade, o título é Drauβen vor dem Tor.14 Pequena cidade medieval, na margem esquerda do Reno.15 Stephan Lochner, mestre da escola de Colónia (Meersburg, 1405-1415 – Colónia, 1541)16 W. H. Auden17 P. B. Shelley18 W. Wordsworth19 Deschamps20 Frederico Barbarrossa, imperador, o poder assumido como acontinuação da autoridade, nunca interrompida, dos Césares de Roma.21 A rua Kölping, o nome do fundador da primeira associação de apoio aoperários qualificados, explorados e, frequentemente, famintos e emgreve.22 Mais precisamente, de Schwäbisch Gmünd, uma pequena cidade paraleste de Stuttgart.23 Designação pomposa para o acompanhamento das canecas de Kölsch,uma cerveja leve com origem no século XV, meio frango com uma fatiagrossa de pão centeio, queijo e mostarda ou, em alternativa, rodelas decebola crua.24 O Deutsche Mark ou, abreviadamente, D-Mark, substituiu o antigoReichsmark, a partir de 1948.25 Um golo que deu à Alemanha o título mundial de futebol.26 Herman Broch (1886-1951). Die Schlafwandler, trilogia dos romancesPasenow oder die Romantik; Esch oder die Anarchie; Huguenau, oderdie Sachlichkeit, publicados entre 1930 e 1932.27 Karl von Clausewitz (1780-1831), teórico militar prussiano.28 In Günter Grass, O Meu Século, Lisboa, Editorial Notícias, 2001, p.9.29 Gottfried Feder (1883-1941). As suas fórmulas adequam-se à penetraçãodo nazismo entre as massas da pequena burguesia arruinada pela guerrade 1914-1918 e pela inflação que se lhe seguiu.30 Oswald Spengler (1880-1936). Exaltador do destino heróico daAlemanha, e grande defensor do estilo prussiano e do pangermanismo.31 Richard Walter Darré (1895-1953). Jornalista, aderiu em 1929 aopartido nazi, tornando-se especialista em questões agrárias. Na sua teoriado Sangue e do Solo (Blut und Boden), identifica-se o sangue nórdicoe o solo alemão.32 Alfred Rosenberg (1893-1946). O seu racismo preludiava também asperegrinações contra os judeus, na eterna luta entre a raça nórdica e araça semítica.33 No Prefácio de Drauβen vor dem Tor, escreveu Heinrich Böll, oromancista de Colónia, Prémio Nobel da Literatura em 1972: Énecessário dizer aos jovens de 20 anos que eles não podem embrenhar-se na indiferença. Dizei-lhes que nos vagões vermelhos de sangue doscaminhos de ferro nazis se lia: seis cavalos ou quarenta homens, pp10-11.34 Norbert Schulz, compositor alemão.35 Ploiesti – centro petrolífero romeno situado para Norte de Bucareste.36 K A – diminutivo para Konrad Adenauer, o chanceler da Alemanhaentre 1949 e 1963. Tive a oportunidade de ver o dirigente alemão nosfinais de Agosto de 1959, em Bonn, quando o general Eisenhower, entãoPresidente dos EUA, se deslocou à Alemanha.37 O Novo Orfeu. In Rosa do Mundo – 2001 Poemas para o Futuro.Lisboa: Assírio & Alvim, 2001, pp. 1313-1315.38 Rolf Dieter Brinkmann (1940-1975). Poema. In Rosa do Mundo –2001 Poemas para o Futuro. Lisboa: Assírio & Alvim, 2001, p. 1787.39 Dizia o jovem faminto no carro eléctrico: A minha mãe diz-me todasas manhãs para vestir o sobretudo, que estamos em Novembro. Masela já morreu há três anos! Op. cit. p.20. 40 Op. cit. p.144.

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como se milhões de fantasmas não vagueassem permanentementepelos cantos e recantos da Alemanha, gente que a guerra matoumas se esqueceu de enterrar; como se...

Para o pedagogo meu amigo, depois de 45 instalara-se na Alemanha uma atmosfera mental asséptica, inodora, insípida,desenxabida, e uma ordem que KA36 garantia eternamente, semaventuras. A escola, ensinando a submissão à divindade, a belezada existência burguesa, a não contestação das condições detrabalho na fábrica; a juventude, refugiando-se na família, fechando-se à vida política. Era a opção quase generalizada peloindividualismo intenso, o recuo no horizonte humano. O eixo domundo enferrujou, escrevera Yvan Goll, i.e., Isaac Lang, e oshomens estão na miséria / prisioneiros nas profundezas de umsubmundo / em cidades de argamassa37 . E Brinkmann perguntavae decidia: Quem é que disse que a isto se chama vida? Eu retiro-me para outros tons de azul38 . O mesmo que Borchert: Mortos,estão todos mortos. Os velhos e os jovens39 .

Uma voz interior, profunda, iluminou-me a alma quando,no comboio para Paris, me mandaram abrir a bagagem. Recordeio pensamento e o sorriso de Heine no episódio fronteiriço de umadas suas inúmeras viagens de França para a sua Düsseldorfnatal enquanto lhe remexiam a sua: O contrabando, as ideias daRevolução, levo-os na cabeça! Como o poeta, também eutransportava contrabandos esculpidos na minha mente. Maisfundamentais e perigosos ainda. Ao contrário dos alemães, euestava vivo. Não tinha, como eles, as goelas roucas e ardentesdos gritos da opressão e da morte e a minha gramática eraespontânea. Como dizia Borchert: chamava árvore a uma árvoree mulher a uma mulher. Sabia dizer sim e não. Alto e bom som,três vezes e sem conjuntiva!40

1 A Conferência de Ialta, cidade da Ucrânia junto ao Mar Negro,teve lugar entre 4 e 11 de Fevereiro de 1945. Nela se fixou afronteira entre a URSS e a Polónia e se estabeleceu a divisão daAlemanha e da Áustria em quatro zonas de ocupação cada uma. EmBerlim, que fora a capital do Reich, foram igualmente estabelecidasquatro zonas de ocupação aliada.2 A Conferência de Potsdam, de Agosto de 1945, estabeleceu a linhaOder-Neisse como fronteira entre a Alemanha e a Polónia, legalizoua expulsão dos alemães da Hungria, da Polónia e da Checoslováquiae alargou a zona de influência da URSS aos países bálticos.3 George Marshall, Secretário de Estado norte-americano, anunciouao mundo, em 5 de Junho de 1947, uma ajuda de dezassete biliões dedólares para a reconstrução da Europa.4 Clemens Brentano (1778-1842). No poema Lorelei, integradoem Violette, conto do romance Godwi (1801-1802), Brentano crioua lenda tecida em volta do rochedo da Lore Lay, junto de Bacharach,na margem direita do Reno.5 Heinrich Heine (Düsseldorf, 1797 – Paris, 1856). PoetaRomântico, admirador profundo dos ideais de liberdade da RevoluçãoFrancesa.6 Der 35.Mai oder Konrad reitet in die Südsee.7 A cidade foi bombardeada e quase inteiramente destruída na noitede 30/31 de Maio. Até Março de 1945, Colónia continuou a serbombardeada. No final do conflito, mais de 90% do centro dacidade tinha sido destruído. A população passara de 800000 paraapenas 40000 habitantes.

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VIDA ESTUDANTIL VIDA ESTUDANTIL VIDA ESTU

Associação Académica do Instituto Superior Politécnico de Viseu

POLISTÉCNICA percorreu, com João Domingos, opresidente da A.A. do ISPV, o estado actual da vida cultural daacademia. Numa conversa que teve lugar no início do anolectivo, e da qual se oferecem aqui as ideias e os dadosprincipais. Não só das realidades, comotambém dos sonhos.

João Domingos começou por falarda actividade musical, designando o seuconjunto por ORFÉON ACADÉMICO, umnúcleo forte que tem Carlos Laranjeiracomo coordenador-geral, e cujopatrimónio, actualizado a Outubro de 2001,é constituído por duas Tunas (a masculinae a feminina, que se dissecam noutraspáginas da revista), e por um conjunto de projectos de que sedestacam: um grupo coral misto; um grupo de fado, a apoiarpela instituição; uma orquestra ligeira, esta de muito difícilconcretização, dado o investimento elevadíssimo inicial queexige, na ordem dos 40000 contos, e que os cortes orçamentaisgovernativos “liquidaram” para já.

Para todos os tunos há, contudo, algumas boasnovidades: a A.A., com o apoio do ISPV, vai contratar umprofessor de música para a sua formação. A outro nível, paraos tunos passará a haver a possibilidade de fazerem quatroexames em época especial, equiparando-os a trabalhadores-estudantes.

Falou, depois, o presidente da A.A. da actividadedesportiva institucional:

• da equipa de basquetebol, a competir noCampeonato Nacional federado – 2ª B, Zona Centro, um grupo

que integra mais 10 concorrentes: Conimbricense, Oliveirinha,Académico de Viseu, Núcleo Sportinguista da Guarda,Desportivo do Fundão, Lousanense, Marinhense, NB Anadia,Pombal e Biblioteca. Um conjunto que envolve cerca de 25

estudantes da instituição, orientados por PauloMedeiros e Jorge Pacheco, e cujos jogos “em casa”serão realizados no Palácio dos Desportos;

• da equipa de andebol, já formada, mas que terádificuldades de participação no Campeonato Nacionalfederado, a concretizarem-se os anunciados cortesorçamentais. Como certa, a continuação da suaparticipação na FADU (Federação Académica doDesporto Universitário). O seu técnico, Heitor CasteloBranco.

• da equipa de Karaté, federada na Associação deKaraté de Viseu – DOJO – AAISPV.

Como sucede com os tunos, também os estudantesque integram as equipas de basquetebol e de andebol têm oestatuto de trabalhadores-estudantes. De igual modo, e comoacontece com os conjuntos do ORFEON, desenvolve-se comeles um complemento de formação académica.

Ainda como projecto, e no fecho deste diálogo comPOLISTÉCNICA, João Domingos falou da constituição deum Grupo de Dinamização Cultural, com objectivos no campodo debate de ideias, em tertúlias, e de realização de recitais ede sessões musicais, e outras. Primeira tarefa a concretizar,uma exposição de pintura na sede da A.A., na Rua D. José daCruz Moreira Pinto, Lote 13 – 1º, Loja E. Naturalmente, emViseu.

UM OLHAR PELA SUA VIDA CULTURAL

NOS CAMINHOS DA COOPERAÇÃO - A LITUÂNIA

Um convite honroso, vindo do leste da Europa, daLituânia, ex-U.R.S.S., república de 10 milhões de pessoasbordejando o Báltico. Mais precisamente, da AssociaçãoAcadémica da Universidade Técnica de Vilnius, na capital dopaís, conhecida pelos seus cursos de Engenharia e de Gestão.Pelo curso de Pilotagem de Aviões. Um convite dirigido àAssociação Académica do ISPV para participação naSEMANA INTERNACIONAL. Em Setembro último, para trocade ideias sobre associativismo, e para confraternização.

Presentes, associações de estudantesrepresentativas da Estónia, Finlândia, Suécia, Polónia, Áustria,Rússia, e, naturalmente, do país organizador e de Portugal.Para além dos estudantes, a presença de outras associaçõesnacionais – a nível político e de outros sectores diversificadosda vida do país e, também, da representação governamental.

Uma experiência rica vivida por Pedro Miguel Friasdos Santos, da Associação de Estudantes da ESE, e por JoãoDomingos, Presidente da Associação Académica do ISPV, no

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contexto de uma instituição com cerca de 13000 estudantesresidentes, incluindo estrangeiros; na cidade que tem aUniversidade mais antiga do leste europeu, e que, no tempoda integração da Lituânia na URSS, se destacava comocentro de investigação de excelência, e hoje, comdificuldades de apoios aos estudantes, elege o investimentoforte no desenvolvimento de projectos como meio eficaz deauto-financiamento; num país que se esforça por ultrapassardificuldades económicas profundas; um país onde o saláriomínimo é de apenas 500 Litas (o equivalente a cerca de27500$00), o salário médio equivalendo-se ao salário mínimode Portugal.

Uma vivência de cercade duas semanas, apoiadaparcialmente pelo ISPV, pelaESEV e pela sua Associação deEstudantes, num país de árvores(30% do país é coberto defloresta), o Pedro e o Joãoinstalados num bloco de quartosantigos, uma realidade que oprimeiro já encontrara em França,em Poitiers, enquanto bolseiroErasmus, e nada comparável aoalojamento disponibilizado peloInstituto Politécnico aos seusestudantes; o contacto com umaalimentação que sobrevaloriza o pão (nas suas imensasvariedades), as saladas, o especialíssimo e tradicionalíssimotzepeline, espécie de rolo de puré de batata com recheio dealmondega, 50% porco, 50% vaca. Tudo, boa comida, se seexceptuarem as sopas picantíssimas, temperadas pelospaladares de cada uma das comitivas nacionais, o Pedro e oJoão cozinhando lulas grelhadas, acompanhadas de batatacozida, um prato que, pelos vistos, constituiu um grandeêxito.

E que dizer das bebidas? A ênfase (por vezesdemasiada) no álcool, 40% como teor médio. Para gente debarba rija, como dizem os portugueses. Sempre o velhíssimogene que atesta e re-atesta a masculinidade e a virilidadedas gentes do Sul!

Para o Pedro, foi ainda possível uma viagem aKaunas, segunda maior cidade da Lituânia, altamenteindustrializada nos tempos da anexação soviética, mas aviver presentemente uma crise profunda de emprego e emclima de insegurança, sobretudo à noite, de certo modo umaexcepção no país.

De salientar, ainda, e em termos de conhecimento

do país, uma excursão à Península de Neringa, no Báltico,incluída na Semana Internacional.

O que fica de mais substancial nestas visitas, destacooperação? As diversidades culturais e os modos deinterpretação diferenciada de vida; a germinação de amizadesque ficam para a vida inteira; o desenvolvimento do conceitode solidariedade entre povos distintos mas que, no essencial,se respeitam. Mas acima de tudo fica um crescimento socialque cada um que o experiencia nunca mais esquece.

Castelo de Trakai (antiga capital)

Dois Politécnicos na Lituânia

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A TUNA masculinaDO ISPVPOLISTÉCNICA conversou com dirigentes

da TUNA DO ISPV. Com César Serpa, Tuno Mestre,estudante do curso de Engenharia Electrotécnica,açoreano, de S. Jorge, concretamente, da Vila daCalheta; com Luís Monteiro, ex-Tuno Mestre, actualTesoureiro, estudante de Gestão de Empresas, naturalde Castro Daire; com Bruno Sequeira, igualmenteestudante de Gestão de Empresas, e Relações Públicasdo organismo académico, natural de Viseu. No últimodia de Outubro, já noite dentro.

Um diálogo ameno, muito agradável, quefoi, no fundamental, o actualizar de um percurso nemsempre fácil, nem sempre isento de sobressaltos e de preocupações, agora jásolidificado, e também o acentuar do nascimento e desenvolvimento de amizadespara a vida.

Como Relações Públicas que é, Bruno Sequeira traçou a história doagrupamento:

- dos princípios primeiros, em 1998, inseguros, precários, carregandoo peso de projectos anteriores abortados;

- do trabalho conjunto de Jorge Garrido com o Conselho de Viriato, aque se adicionou a ajuda de Miguel Laranjeira, um estudante com experiênciaadquirida noutras tunas académicas (foraMagister na Tuna da Faculdade deEngenharia do Porto), considerado comopai da tuna;

- do baptismo provisório como nome de Tuna Campus, e do seuprimeiro ensaio, vinte estudantes daEscola Superior de Tecnologia queresponderam à primeira chamada, masque nada sabiam de música, porém, coma enormíssima vantagem de quinze delesserem caloiros, garantindo, desde logo,alimento para alguns anos, e que viriama ser designados por fundadores, istoé, o núcleo duro, logo em Abril de 1998;

- da escassez de instrumentos e da degradação acentuada de trêscavaquinhos, de uma viola e de um bombo existentes. Tudo por amor à camisolae com o apoio da ESTV para a aquisição de um contrabaixo;

- da primeira actuação em público, com três canções, cerca demês e meio após o primeiro ensaio – um sucesso, considerando a juventude dogrupo;- da evolução rápida que esta apresentação motivou, mais músicas no repertórioe, consequentemente, mais actuações, destacando-se a da Semana Académicado Pólo de Seia, da ESE da Guarda;

- do apoio decisivo do ISPV, nomeadamente da ajuda financeirapara a aquisição de instrumentos;

- da conquista de membros provenientes das outras EscolasSuperiores do ISPV, só a Escola Superior de Enfermagem não se encontrandoainda representada (a sua integração no ISPV é ainda muito recente – data de28 de Março do ano corrente);

- da sua afirmação como tuna institucional, tal como sucede coma Tuna Feminina, as únicas no conjunto das seis tunas académicas dacidade, uma conquista a que se chegou depois de uma batalha semprecomplexa, fundamentalmente a partir do momento em que o ISPV reforçou oseu apoio, libertando a Tuna de pressões exteriores que pretendiam concorrerpara a sua extinção pura e simples. O apoio institucional, a par do progressivoaumento da qualidade e de uma reviravolta em termos de inovação, foram oselementos decisivos. Como decisiva foi a atitude tomada pelos caloiros daTuna no ano transacto, face a alguns excessos de protagonismo surgidos no

seu seio: Com caloiros da Tuna isto não acaba!Uma declaração de imortalidade.

Os três dirigentes associativos falaramdepois dos êxitos alcançados ao longo da históriada Tuna, com especial incidência no segundosemestre de 2000, e já em 2001, salientando queeles se devem fundamentalmente à aprendizagemfeita no contacto com outras Tunas, em especial ade Viana do Castelo, e aos incentivos quereceberam de grupos de outras instituições.

Referiram, igualmente, a vitalidade actualda Tuna, com a entrada, este ano, de muitos

caloiros, garantia, como salientaram, de que estamos aqui para durar, e deque se encontrarão daqui a vinte anos para jantar com os novos doPolitécnico.

O progresso capaz de catapultar a Tuna do ISPV para voosmais largos, para a obtenção de um lugar cimeiro no conjunto das TunasAcadémicas portuguesas, só se atingirá com o reforço dos apoiosdisponíveis e com outros que, deseja-se, possam surgir.

Para já, a Tuna espera poder contar com um ensaiador, pagopelo ISPV. Ele permitirá ramificar as suas intervenções. Com um grupo

coral, para começar, e com um grupode fado, a mais longo prazo.

Já no final da conversa, ostunos sintetizaram o que, para eles, éfundamental na vida de um organismoacadémico: a solidariedade institucional,promovendo a imagem do ISPV e suaunidade; a formação moral, cultural ehumana; a cimentação de amizades, oespírito de coesão; a perspectivaçãoda Tuna como veículo de integração.Para além de oferecer sempre apossibilidade de um ponto de referênciadas vidas de quem os integra, de

poderem olhar para trás. No caso concreto dos tunos, olhar para aquilo quecarinhosamente chamam “o nosso filho”.

P.S. A conversa com o César, o Luís e o Bruno “obrigou-me” a reveruma carta de 26 de Junho passado, na sequência das ConferênciasInternacionais de Maio e Junho no ISPV, vinda de Haugesund(Noruega), de uma amiga e colega da Universidade de Stord/Haugesundque adorou a TUNA. Dizia Marieta Milieteig, “Many thanks for afantastic week at the Polytechnic Institute of Viseu, not forgettingthe charming tunes of your TUNA”.

três dirigentes da tuna

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A TUNA femininaDO ISPVConversa viva esta. Com três dirigentes da Tuna

Feminina do ISPV. Com a Magister, Lurdes Laranjeiro,de Engenharia de Madeiras (todas elas, aliás, do mesmocurso) e da fabril S. João da Madeira; com a Ana Mendes,a Tesoureira, natural de Cinfães do Douro, e PatríciaSantos, a Secretária, originária de Luanda (e do Sátão).Impossibilitadas de estar presentes, as duas Vogais ea Relações Públicas. Como aconteceu no diálogo comos dirigentes da Tuna masculina, num fim de tarde deum Novembro quente.

A primeira pedra foi lançada por Filomena Lopesem 29 de Novembro de 1998. Vai fazer três anosproximamente. Mais de uma centena de inscrições,naquele bulício e entusiasmo que qualquer criação,qualquer ovo, qualquer princípio de vida suscita, encolhidopara vinte e tal tunitas em gestação aquando do primeiroensaio, e, posteriormente, estabilizando-se entre quinzee vinte. Da Tecnologia, da Agrária, da Educação.

Instrumentos, só os que uma ou outra possuíam.Coisas muito pessoais. Depois veio o acordeão,oferecido pelo presidente do ISPV, vieram dinheiros daAssociação de Estudantes, e veio o apoio da CâmaraMunicipal após a participação na Marchas Popularesda cidade em 2000.

Actuações (muitas) no país, destacando-se oprémio de melhor tuna feminina no Encontro deBragança. Isto, após a primeira actuação fora de Viseucidade. Concretamente, em Mangualde. Muitosquilómetros percorridos, na linguagem de estudantesjovens, que são.

Claro que a Tuna, como salientaram, passa pordificuldades actualmente: apenas seis tunitas e umgrupo de caloiras entusiastas. Mas, como sublinharam,é nestas situações que se sente mais força paracontinuar, porque, e reproduzem-se aqui as suaspalavras, nós fazemos o futuro. Vamos estacionar um

pouco, para regressarmos com mais força.O ISPV vai continuar a apoiar a única tuna

feminina da cidade, contribuindo para aprofundar aqualidade do grupo através da vinda de um professor demúsica. O Departamento Cultural vai trabalhar nosentido de, também às tunitas, ser atribuída a qualidadede estudantes-trabalhadoras.

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ASSOCIAÇÃO ACADÉMICAInstituto Superior Politécnico de Viseu

Equipa da AAISPV participante no nacional da 2ª Divisão B centro

www.ipv.pt/aab

A salutar prática desportiva é, cada vez mais,complemento indispensável do nosso quotidiano.

Imbuidos desse espírito, um grupo defuncionários e docentes do ISPV pretende implantaro cicloturismo na instituição, abrangendo docentesnão docentes e alunos.

Este desporto, para além de contribuir para amanutenção da boa forma física, reforça elos decompanheirismo, promovendo a sã convivência.

Se estiver interessado em aderir, contacte RuiPereira, Secção de Contabilidade dos ServiçosCentrais do ISPV, através do telefone 232480743, ouext. 2043.

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CICLOTURISMO

Larry Bird, orquestrador de vitórias e

estrela polar da NBA dos anos oitenta, costumava

dizer: O mais importante é medir num instante

a distância da minha mão ao cesto. Depois, é

só lançar. Nos Boston Celtics nós sabemos fazer

isso! O Boston Garden quase vinha abaixo. Os

outros estádios dos States, de Leste a Oeste,

também.

Vem esta recordação bostoniana a

propósito da carreira da AAISPV, da sua equipa

www.ipv.pt/aab

de basquetebol, na Zona Centro da 2ª Divisão B. Cesto após cesto, a equipa do ISPV encontra-se no topo. Quatro vitórias em cinco jogos, e

promessas de mais. Claro que o mais importante é a formação da juventude. Mas é sempre bom adicionar-lhe os êxitos. O científico, o cultural

e o desportivo.

Para os menos atentos, POLISTÉCNICA deixa aqui os nomes dos basquetebolistas, técnicos e dirigentes daequipa.Atletas - João Mota,Dimas Rodrigues,Paulo Quina,Pedro Fraga,João Meireles,João Tiago,Luís Rodrigues,FábioArraias,José Ourique,Paulo Ferreira,Miguel Esteves,Sérgio Santos,André JanicaEquipa Técnica: Paulo Medeiros, Jorge Pacheco - Direcção: João Domingos,Luís Condeço,Nuno Raínho,BrunoSequeira, Hugo Nascimento

Uma nota digna de nota, para finalizar. Nos jogos realizados pela AAISPV no Palácio dos Desportos de Viseu, um grupelho de

estudantes da instituição não se cansou de apoiar a equipa de “fora”. Motivações? Não se conhecem! A juventude é generosa e, em termos

desportivos, está incondicionalmente ao lado dos seus representantes. Coisa estranha esta!

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A presente secção pretende ser uma recolhameramente indicativa de legislação com interesse

para o pessoal docente e não docente e para osalunos do Ensino Superior Politécnico.

Departamento Jurídico do ISPV: Raquel Cortez Vaz

DATA DIPLOMA DESCRIÇÃO

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31 de Maio

8 de Junho

11 de Junho

6 de Julho

12 de Julho

9 de Agosto

20 de Agosto

12 de Setembro

28 de Setembro

23 de Outubro

24 de Outubro

29 de Outubro

29 de Outubro

Decreto -Lei nº 174/2001

Portaria nº 595/2001

Portaria nº 600/2001

Despacho (extracto)Nº 14232/2001 (2ªsérie)

Regulamento internoNº 8/2001

Portaria nº 953/2001

Lei nº 90/2001

Despacho nº 19091/2001 (2ª série)Ministério daEducação

Deliberação nº 1556/2001Comissão nacional deAcesso ao EnsinoSuperior

Portaria nº 1219/2001

Portaria nº 1221/2001

Portaria nº 1248/2001

Portaria 1249/2001

Alarga o crédito anual concedido para autoformação aos funcionários e agentes daAdministração Pública, estabelecido pelo Decreto - Lei nº 50/98 de 11 de Março.

Aprova o plano de estudos do curso de complemento de formação científica e pedagógicapara educadores de infância da Escola Superior de Educação de Viseu

Actualiza para 2001, o preço de venda da refeição tipo a fornecer aos funcionários eagentes nos refeitórios da administração central e local, bem como dos InstitutosPúblicos que revistam a natureza de serviços personalizados ou de fundos públicos.

Designação dos representantes da comunidade para integrarem o Conselho Consultivoda Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu.

Regulamento Interno do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Viseu.

Revoga o nº 1 do art. 5º do Regulamento dos Regimes de Reingresso, Mudança de Cursoe Transferência, aprovado pela Portaria nº 612/93 de 29 de Julho, alterada pelaPortaria nº 317/96 de 29 de Julho.

Define medidas de apoio social às mães e pais estudantes.

Subdelegação de competências nos actuais presidentes dos Institutos Politécnicos.

Fixa como elenco de provas de ingresso para a candidatura à matrícula e inscrição noensino superior no ano lectivo de 2002 - 2003, o constante no anexo I à deliberaçãonº 403/2001.

Altera a Portaria nº 1075/2001 de 4 de Setembro (fixa as vagas para a candidatura àmatrícula e inscrição no ano lectivo de 2001/2002 nos cursos de formação emenfermagem, ministrados em estabelecimentos de ensino superior público.

Fixa as classes das autorizações contidas nos certificados de classificação de empreiteirosde obras públicas (EOP) e industrial de construção civil (ICC) e os correspondentesvalores.

Aprova o plano de estudos do Curso de Licenciatura em Educação de Infância daEscola Superior de Educação de Viseu.

Aprova o Plano de Estudos do Curso de Qualificação para o Exercício de OutrasFunções Educativas na Área de Administração Escolar e Administração Educacional daEscola Superior de Educação de Viseu.

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35

Por entre conferências e congressos, publicações e mercado, música,perspectivas estudantis de defesa da instituição e o avivar de memórias de liberdade, opulsar do trabalho de todos os dias da vida de uma pólis técnica.

ISPV - Abertura oficial da Delegação da CaixaGeral de Depósitos do Campus Politécnico.

ISPV - Inauguração da Livraria PRETEXTO, lojanº 3, Campus Politécnico.

ISPV - Tomada de posse doAdministrador do ISPV.

ISPV - Inauguração da Avenida Coronel JoséMaria Vale de Andrade.

ISPV - Acção de Formação - O Plano Oficial deContabilidade Pública para o Sector daEducação.

ESenfV - Encontro - Saúde em Movimento.

ESEV - Inauguração da Livraria 117 - Loja 2 -Escola Superior de Educação.

ESEV - 3º Simpósio Internacional de InformáticaEducativa.

ESEV - IX Encontro Nacional de Educação em Ciência naEscolaridade Básica .

APEFESEV - 6º Encontro de Professores eEducadores Formados pela Escola Superior deEducação de Viseu.

AA ISPV - Tomada de Posse da AAISPV. AE ESEV - Tomada de Posse da AEESEV.AE ESAV - Tomada de Posse AEESAV.AA ISPV - 24 Hours Indoor Karting - The DayAfter - Viseu - Equipa da AAISPV.

ESAV - Infantário “O Cantinho” visita a ESAV por altura das vindimas.

ESEV - Seminário - Desenvolvimento Motor

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ISPV - Por exemplo, Viseu

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SERVIÇOS DE CAPELANIA DO ISPV

Está a ser lançado um inquérito aos alunos sobre as propostasda Capelania para este ano lectivo, para que os interessados possamdizer em que actividades oferecidas pelos Serviços de Capelania queremlivremente participar.

No dia 10 de Outubro já se realizou uma Festa de Boas-vindas, na Aula Magna dos Serviços Centrais do ISPV. O Presidentedo Instituto sublinhou que, na formação dos alunos, se deve ter nadevida conta a dimensão espiritual, para a qual os Serviços de Capelaniaestão direccionados, uma dimensão que não se reduz – acentuou – aosector da fé e da vivência religiosa, mas que tem que ver com o própriosentido da vida, nomeadamente com a preocupação pelos outros e comespírito de serviço que deve animar todo o profissional que o Institutotem a missão de preparar.

Algumas das actividades programadas para este ano lectivo(a seu tempo outras serão anunciadas):

Visitas a carenciadosEucaristiaChat room Horário de atendimentoO Capelão pode ser procurado no seu gabinete, situado no

piso 0 dos Serviços Centrais do ISPV, ao lado do balcão da Caixa Geralde Depósitos, às quintas-feiras, das 9.00 às 12.00 e das 18.30 às 19.45.O gabinete do Capelão tem uma extensão do telefone dos ServiçosCentrais do ISPV: 2069; para telefonar do exterior, ligar directamente onúmero: 232480769.

Também pode ser contactado pelos telefones: 96 689 11 98,ou 232 42 33 25 (Paróquia de S. José) e por E-mail:[email protected] Mantém-se o horário de confissões no tempolectivo: na Igreja de S. José, aos Sábados, das 10.30 às 12; na Capela deSanta Eulália, às quintas, das 14.00 às 15.00.

Programas especiais para férias:1) Está a ser preparada uma acção de voluntariado em

Moçambique na aldeia “SOSchildren”, em S. Roque (Catembe), pertode Maputo, em Agosto, com apoio do IPJ.

2) participação na Jornada Mundial da Juventude, emToronto, em colaboração com o Dep. da Juventude do Secret. Nacionalda Educação Cristã, 23 a 28 de Julho.

Já estão disponíveis algumas primeiras informações.

ADAMASTOR CONTRAPOLUIÇÃO

Cláudio Santos é o coordenador de ADAMASTOR, umgrupo de 10 estudantes da licenciatura de Engenharia Mecânicada ESTV profundamente interessados no desenvolvimento detecnologias limpas para motores automóveis, já com algumaexperiência neste tipo de provas organizadas pela Shell, edesignadas por Shell Eco-Challenge, com patrocínios diversíssimos:Autosur, Butagás, Hertz, Bosch, Michelin, etc...(ver polistécnica 2p.37).

A primeira participação foi na Bretanha, França, no circuitoPaul Ricard com um carro que percorreu 368 Km com apenas umlitro de combustível; a segunda, em França, também, no circuito deNogaro, com um veículo novo, desenvolvido ao longo de doisanos, a estrutura, primeiro, o motor e a transmissão, a seguir, massem concluir a prova; a última, em 2001, mais concretamente,entre 7 e 10 de Junho, em Nogaro, a cerca de meia centena dequilómetros de Pau, conseguindo cobrir, também com um litro degasolina, 643 Km, e terminando, assim, no primeiro terço, em 49ºlugar, da classificação geral, num conjunto de mais de 150 equipas,e, no contexto de formações portuguesas, em 4º lugar. De salientarque das 13 equipas do nosso país só duas eram exclusivamentecompostas por estudantes das EST’s e do Instituto SuperiorTécnico. Uma realidade não negligenciável numa competição àescala mundial, aberta a estudantes do Ensino Superior, do EnsinoSecundário e a independentes.

Na conversa que mantivémos com Cláudio Santos,ficámos a par da importância que é dada em França aodesenvolvimento deste tipo de veículos, e do interesse dasempresas do sector neste género de competições. Porque elasvalorizam e incrementam a disciplina individual e a de grupo;porque se trabalha segundo um projecto para se poderem alcançarresultados. Em suma, num quadro de organização que édisciplinador. Tanto objectiva, como subjectivamente.

A deslocação a França de sete estudantes no correnteano só foi possível com os apoios do ISPV, da EST, da CMV e deoutras instituições – MAGRIC e IPJ, Hotel Monte Rio e Azafil.

NOTAS SOLTAS NOTAS SOLTAS NOTAS SOLTAS NOTAS SOLTAS

Novos Serviços do ISPV

Médico

Caixa Geral de Depósitos

Livraria Pretexto

CAMPUS POLITÉCNICO

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NOTAS SOLTAS NOTAS SOLTAS NOTAS SOLTAS NOTAS SOLTAS

Realizou-se nos passados dias 26,27 e 28 de Setembro, nos Serviços Centrais doInstituto Politécnico de Viseu, o 3º SimpósioInternacional de Informática Educativa. Esteevento, que teve a sua primeira edição em 1996na Universidade Nova de Lisboa, ainda comoSimpósio Nacional, tem vindo a ganhar umestatuto importante na comunidade científica,e passou, a partir de 1999, na Universidade deAveiro, e, depois, em 2000 na Universidad deCastilla La Mancha em Espanha, a assumir uma expressão internacional.A edição deste ano tinha como objectivos principais reunir, divulgar ereflectir sobre trabalhos de investigação nas áreas temáticas do simpósio,promover a troca de experiências entre investigadores nacionais eestrangeiros, debater e reflectir sobre os desafios da Sociedade doConhecimento e facilitar o estabelecimento de cooperação que permitaa realização de projectos internacionais. As áreas em discussãoorganizaram-se em torno dos seguintes temas: Concepção,Desenvolvimento e Avaliação de Software Educativo; Experiências deEnsino/Aprendizagem utilizando Tecnologias de Informação eComunicação; Aplicações Educacionais para a Web; Ensino à Distância;Formação de Professores em Tecnologias de Informação e Comunicação;Aplicações Educativas para Pessoas com Necessidades Especiais.

A comissão organizadora da edição deste ano, emboracongregasse elementos de várias instituições nacionais e internacionais,teve o seu maior suporte na área das Tecnologias da Informação eComunicação da Escola Superior de Educação de Viseu.

Para a realização do Simpósio foi crucial o apoio dado peloInstituto Politécnico de Viseu e pela Escola Superior de Educação, bemcomo pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (Apoio do ProgramaOperacional Ciência, Tecnologia, Inovação do Quadro Comunitário deApoio III ), Instituto de Inovação Educacional, Fundação Gulbenkian,Rede Iberoamericana de Informática Educativa e Câmaras Municipaisde Mangualde e de Viseu e Caixa Geral de Depósitos.

A comissão organizadora recebeu 62 propostas decomunicações, tendo sido aceites 45 pela comissão científica.Participaram neste Simpósio cerca de 130 pessoas vindas de Portugal,Espanha e vários países da América Latina. Para além da apresentaçãodas 45 comunicações em várias sessões temáticas paralelas, também serealizaram duas sessões de posters e demonstrações.

Realizou-se um painel sobre eLearning, ondese apresentaram e discutiram várias perspectivas sobre cenários dedesenvolvimento do eLearning, sob a coordenação do Prof. Dr. PauloDias.

Foram proferidas duas conferências plenárias.O Prof. Dr. Enrique Hinostroza trouxe uma descrição e reflexão sobreo programa ‘enlaces’ do ministério da Educação chileno, mundialmentereconhecido como um programa exemplar na missão de incorporar asTecnologias de Informação e Comunicação na rede escolar. A Prof. DrªFelisa Verdejo apresentou um projecto de ensino a distância sobre aaprendizagem de tópicos experimentais, desenvolvido na UniversidadeNacional de Educación a Distancia.

As actas foram editadas em formato electrónico e podem serpedidos exemplares na área das Tecnologias da Informação eComunicação da Escola Superior de Educação de Viseu.

Os objectivos da realização deste simpósio foramalcançados, quer pelo número e qualidade das comunicaçõesapresentadas, quer pelo interesse e participação activa demonstradopor todos os participantes do Simpósio. A estrutura do Simpósiopermitiu o contacto entre os participantes, fomentando futurascooperações e desenvolvimento de parcerias.

O número de participantes foi considerado pelosespecialistas portugueses e estrangeiros muito bom, tendo emconta o tipo de público alvo a que estes simpósios se destinam.

A próxima edição do evento, em 2002, será organizadapela Universidade de Vigo.

3º Simpósio Internacional de Informática Educativa

PROGRAMA DE DOCTORADO“MÉTODOS DE INVESTIGACIÓN EN

BIBLIOTECONOMÍA”

Na sociedade presente, dia para dia tem aumentado a consciênciada importância de valorizar o património bibliográfico e documental de muitasentidades centrais e locais, quer públicas, quer de carácter privado.

É neste sentido que se procuraram parcerias e se realizou umprotocolo de cooperação com a Universidade de Salamanca para se iniciarem Viseu o 1º Programa de Doutoramento em Biblioteconomia em Portugal.

No dia 16 de Novembro de 2001 deu-se início ao “Programa deDoctorado “Métodos de Investigación en Biblioteconomía”, com uma SessãoSolene de Abertura onde estiveram presentes entidades da Universidade deSalamanca do Instituto Superior Politécnico de Viseu.

Dando início à Sessão, a Prof. Dr.ª Maria José Sá-Correia,Coordenadora Geral das Pós-graduações do ISPV e, por sua vez,Coordenadora do Programa pela ESEV, realçou a importância desta parceriae da introdução do 1º programa de doutoramento em Portugal nesta área daBiblioteconomia. Agradeceu a presença de todos e passou a palavra aoCoordenador do Programa pela Universidade de Salamanca, Prof. Dr.Gregório del Ser Quijano.

O Prof. del Ser agradeceu a todos os presentes pela colaboraçãoe interesse demonstrado. O Programa procurará promover tanto a investigaçãocomo a actividade interventiva na área da Biblioteconomia, como tambémmanter uma ligação estreita à vida profissional dos formandos. Deste modo,as opções de quem o frequentar permitir-lhe-ão aumentar as capacidades ehabilitações profissionais.

Passando a palavra ao Prof. Dr. Alberto Manuel Vara Branco,Presidente do Conselho Directivo da ESEV agradeceu ao Prof. Gregóriodel Ser Quijano a disponibilidade e empenho nesta “união” entre duasInstituições de prestígio, recordando anteriores ligações entre os 2 paísesvizinhos.

Encerrando a Sessão o Prof. Dr. João Pedro Barros desejou osmaiores êxitos académicos aos formandos e muito agradeceu a todos osenvolvidos neste projecto.

Deste modo, iniciou-se a actividade académica onde os formandosconversaram com o Prof. del Ser. O leque de alunos é variado, oriundos devários pontos do país, nomeadamente Lisboa, Braga, Coimbra, Figueira daFoz, etc..., totalizando o número de 20.

A todos as maiores felicitações e êxitos académicos.

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OS MAIS RECENTES DOUTORAMENTOS

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27/SETEMBRO/2001 – ANTONINO MANUEL DEALMEIDA PEREIRA

DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

INSTITUIÇÃO – Universidade do Porto

DISSERTAÇÃO – A Excelência Profissional em EducaçãoFísica e Desporto em Portugal. Perfil a partir de sete históriasde vida

JÚRI:Prof. Doutor Jorge Olímpio Bento (Universidade do Porto)Prof. Doutor Manuel Ferreira Patrício (Universidade deÉvora)Prof. Doutor Adalberto Artur Vieira Dias de Carvalho(Universidade do Porto)Prof. Doutor Rui Manuel Proença Campos Garcia(Universidade do Porto)Prof. Doutora Maria Paula Brandão Botelho Gomes(Universidade do Porto)Prof. Doutor Amândio Braga dos Santos Graça(Universidade do Porto)

15/OUTUBRO/2001 – MARIA TERESA GUARDADOMATEUS OLIVEIRA

DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

INSTITUIÇÃO – Faculdade de Ciências do Desporto eEducação Física (Universidade do Porto)

DISSERTAÇÃO – A Indisciplina em Aulas de EducaçãoFísica. Estudo das Crenças e Procedimentos dosProfessores Relativamente aos Comportamentos deIndisciplina dos Alunos nas Aulas de Educação Física dos2º e 3º Ciclos do Ensino Básico

JÚRI:Prof. Doutor Carlos Alberto Serrão dos Santos Januário(Universidade Técnica de Lisboa)Prof. Doutor João Nogueira Pimentel (Escola Superior deEducação do ISPV)Prof. Doutor Jorge Olímpio Bento (Universidade do Porto)Prof. Doutor Maria Paula Brandão Botelho Gomes(Universidade do Porto)Prof. Doutora Alda Maria Bessa Corte-Real Oliveira FerreiraGomes (Universidade do Porto)Prof. Doutor Amândio Braga dos Santos Graça(Universidade do Porto)Prof. Doutora Zélia Maria Matos de Almeida Roque Pinto(Universidade do Porto)

18/JUNHO/2001 – MARIA CRISTINA AZEVEDO GOMES

DOUTORAMENTO EM ENGENHARIAINFORMÁTICA

INSTITUIÇÃO – Universidade de Coimbra

DISSERTAÇÃO – Avaliação e Ciclo de Vida das AplicaçõesEducativas: Uma Proposta com Base na Análise doDesempenho do Aluno

JÚRI:Prof. Doutor António Dias Figueiredo (Universidade deCoimbra)Prof. Doutor Duarte Costa Pereira (Universidade do Porto)Prof. Doutor Armando Oliveira (Universidade de Aveiro)Prof. Doutora Teresa Mendes (Universidade de Coimbra)Prof. Doutor Manuel Ortega Cantero (Universidad deCastilla La Mancha)Prof. Doutor António José Mendes (Universidade deCoimbra)

13/SETEMBRO/2001 – ANTÓNIO DE CARITARODRIGUES LOPES CALADINHO

DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

INSTITUIÇÃO – Universidade de Mons-Hainaut (Bélgica)

DISSERTAÇÃO – La formation des enseignants: unproblème de notre temps – une contribution à la clarificationdes compétences professionnelles des enseignants

JÚRI:Prof. Doutor Pol Dupont (Universidade de Mons-Hainaut)Prof. Doutor Jean Pierre Pourtois (Universidade de Mons-Hainaut)Prof. Doutora Huguette Desmet (Universidade de Mons-Hainaut)Prof. Doutora Pierre Couvreur (Universidade de Mons-Hainaut)Prof. Doutor Ghislain Magerotte (Universidade de Mons-Hainaut)Prof. Doutor António Simões (Universidade de Coimbra)

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ISPV

NOVEMBRO 16 · Dia do ISPV – Abertura Solene do Ano Académico16 · Millenium, n.º 2416 · Doutoramento em Biblioteconomia. Abertura na ESEV17 · Formação, Criação Artística e Desenvolvimento Cultural: Um dia de reflexão e

debate. Comunicações de: Maria José Fazenda, Ricardo Pais e Manuel Maria Carrilho.No âmbito da parceria ISPV – TEATRO VIRIATO

DEZEMBRO 06 · Apresentação pública da obra Regresso à Condição – Ut pictura poesis - 20 poemas e20 pinturas de autores de Viseu. Edição ISPV

06/12/01 a 06/01/02 · Regresso à Condição – Exposição no Museu Almeida Moreira07 · POLISTÉCNICA, n.º 312 · Energia Vital, Evolução Sustentada e Fotossíntese – Conferência pelo Professor

Doutor Vitor M. C. Moreira – Auditório da ESTV

· Apresentação pública (em data a definir)de:· Terá Pedro Álvares Cabral nascido em Viseu?, de Fernando de Gouveia e Sousa.Livros do ISPV, Série B – Figuras de disseminação, n.º 1· textos do capricórnio, de paulo neto. Livros do ISPV, Série A – Poesia, n.º 2

JANEIRO 02 · Millenium, n.º 2509 · Radioactividade Natural – Conferência pelo Professor Doutor Luís Neves

– Auditório da ESTV· Cadastro e Inventário dos Bens do Estado· PowerpointDuas acções integradas em FORMAÇÃO 2002 para pessoal não docente do ISPV.Na Instituição, com dias a definir

FEVEREIRO · Internet, redes de informação e correio electrónico· Técnicas de ArquivoAcções integradas em FORMAÇÃO 2002 para pessoal não docente do ISPV.Na Instituição, com dias a definir

TEATRO VIRIATO

NOVEMBRO 16-17 · ANTÓNIO MIGUEL23-24 · 2 PACK – HUSH, HUSH, HUSH

DEZEMBRO 8 · BA-TA-CLAN (Jacques Offenbach)13-14-15 · CRIAÇÃO 2001 (Companhia Paulo Ribeiro)17-18 (16:00) · O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ (El Retablo –

Espanha)17 (11:00) · POR EXEMPLO, VISEU (Conferência – Instituto Superior Politécnico)

Em Polistécnca 2 foi anunciada a realização de três exposições no ISPV (Out., Nov., Dez.). Em Setembro, foi-nos comunicada a extinção em 31-12-2001, daComissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, a entidade nossa parceira nesta organização. Pelo facto, as exposições em causa nãopuderam ser apresentadas. Também, por razões alheias ao ISPV, a edição facsimilada de Ave Azul não pôde ainda ser concretizada. Oportunamente, voltaremosa estas duas realizações culturais.

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de amor e ódio com o poder político.Referiu, por fim, os pilares fundamentais das instituições de

ensino superior - liberdade com responsabilidade; modelos de gestãoeficazes e flexíveis; internacionalização institucional e das suas actividades;empregabilidade para um mercado fluído; competitividade e inovação;criatividade nas sinergias entre Ciência, Tecnologia, Cultura eMetodologias de Aprendizagem; controlo rigoroso da qualidade deacreditação e da certificação.

E a concluir: Há que colocar as Universidades e InstitutosPolitécnicos do lado do mundo onde há utopia e onde há esperança!

Dada a relevância do discurso, POLISTÉCNICA voltará a ele no seunúmero 4.

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Câmara Municipal de Viseu

Confraria de Stº António

AIRV - Associação Empresarial daRegião de Viseu

Empº Armando da Silva Pereira

Associação de Comércio e Serviços de Viseu

dada a sua importância para as instituições de ensino superior,chamemos a atenção para o seguinte. Em primeiro lugar, énecessário apostar em todos os níveis. E não só apostar, maspraticar um profissionalismo exigente e exemplar, sustentáculode um programa mobilizador de inovação e competitividadeassente, como disse, na valorização dos recursos humanos ena criação, transmissão e aplicação de conhecimentos. Aeducação e a formação ao longo da vida, que foram semprepresentes nas grandes transformações históricas da sociedade, emergem assim como que uma espécie de novidade do iníciodo milénio. Mas a educação e a formação ao longo da vida sóé verdadeiramente novidade se for associada a metas, aindicadores universalmente aceites baseados na qualidade ena excelência e, obrigatoriamente, quantificados.

Exige-se umcombate estruturado,flexibilizado, aoanalfabetismo informático,de modo a dotar , pelomenos, 75% dosportugueses cominstrumentos e domínio daslinguagens modernas dacomunicação. Nãopodemos passivamenteassistir à morte laboral ecultural de mais de 3 milhões de portugueses. É um crime quecometemos se não soubermos responder a esse desafio.

Diversas conclusões derivam desta visão estratégica, mas há uma que é evidente: qualquer programa de inovaçãoda qualidade e competitividade no nosso país pode ter resultadoseficazes e visíveis perante o baixíssimo grau de qualificaçãomédia da população activa, mas terá de integrar no seu todo otratamento do binómio Educação/Formação, com uma simbioseque devia ser objecto de uma Carta Magna da Educação eFormação para os portugueses a aprovar no Parlamento, umalei que respire futuro, que não se reduza a um conjunto deprincípios e normas regulamentares. A implementação agressivadessa Carta dependeria, na parte que cabe ao Estado, deconsagrar um único departamento governamental asuperintender na educação e na formação, o qualcontratualizaria um programa com a sociedade civil, construídapor projectos coordenados e quantificados. A transição para aeconomia de conhecimento exige, assim, um aumento deinvestimentos na qualificação das pessoas, na qualidade dasinstituições e nas suas actividades, e cada vez mais nainvestigação, desenvolvimento e demonstração orientado paraas tecnologias da informação, tendo sempre presente que énecessário definir o equilíbrio entre as despesas do sector públicoe do sector privado.

No seu discurso, Veiga Simão analisou muitos outrosaspectos, entre eles: as despesas com a investigação e odesenvolvimento do sector empresarial; os problemas daconvergência real e da inovação; a extravagante irracionalidade,como a qualificou, existente na criação de cursos no ensinosuperior; o desequilíbrio exagerado e descontrolado do binómioQualidade/Quantidade; o conhecimento das consequências deuma avaliação credível, que obrigue a um processo dereestruturação atempado do sistema de ensino; e, por fim, aquestão estruturante do poder académico e do relacionamento

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Para milhões de portugueses, os funcionários administrativos e os técnicos do serviço públicosão simples peças de engrenagens ineficientes, enferrujadas. Caríssimas, diz-se, apesar de apenasdebicarem no orçamento.

Estereótipos, caracterizações superficiais redutoras da realidade e da vida, não devem merecer onosso crédito.

Polistécnica prefere perspectivá-los como pessoas que são. Como cidadãos de corpo e de espíritointeiros. Com uma identidade própria que só poderá conhecer-se no diálogo e na amizade.

“Quem somos...” pretende ser apenas isso. Tarefa muito difícil, porém.

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João Alves Luís Costa António Costa

António José Almeida José Nogueira João Carlos SilvaDinis Fonseca

MOTORISTAS

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ISPV

SECÇÕES DE CONTABILIDADE E EXPEDIENT E E ARQUIVO

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Cont. ISPV - Luisa Martins Cont. ISPV - Odete Mota Cont. ISPV - Olga Melo Cont. ISPV - Rita Domingues Cont. ISPV - Rui Pereira

Cont. EST - Helena Carmo Cont. EST- Olga Guimarães Cont. EST - Conceição Antunes Cont. EST - Célia Vale Cont. EST - Cláudia Oliveira

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Cont. ESE - Lurdes Neves Cont. ESE- Lídia Pereira Cont. ESE - Célia Simões Cont. ESE - Lídia Loureiro Cont. ESE - Nazaré Aideira

Cont. ESE - Teresa Lopes Exp. ESE - Sandra Rebelo Exp. ESE - Daniela Ferreira ESTGL - Ana Parente ESTGL - Nuno Borges

Cont. SAS - Gilda Vasconcelos Exp. SAS - Paula PereiraCont. SAS - Luís Pinto Cont. SAS - Isabel Monteiro

Exp. ESenf. - Alaíde Couto Cont. ESenf - Laurinda Almeida

Exp. ISPV - Céu Neves Exp. ISPV - Conceição Santos Exp. ISPV - Madalena Marques

Cont. ESA - Élia Leite Cont. ESA - Rosa Rodrigues Exp. ESA - Cidália Lourenço

Exp./SAcad. ISPV - Cristina Correia

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Do lado de dentro ficam dois terços da vida. Que é precisoagarrar e fruir.

Por vezes, sem fronteiras. Criando libertações.

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A CONTRASTAR

Não era a Família Real que partia, mas era a Sua Real Família. Tinha apenas quatroanos. Partia para onde o Natal é festejado, não à frente da lareira, mas, de preferência, com unsquantos ventiladores por companhia. Lá, na Cidade Maravilhosa, aprendeu a crescer, a estar bemcom a vida. A sorrir... Como continua a fazer. Não falava francês nem tocava piano, mas falavaportuguês e tocava acordeão. Lá, completou o curso ginasial, regressando nesse mesmo ano aPortugal, mais propriamente a Vila Chã de Sá, aqui bem perto. Nos arredores de Viseu. Estavamosem 1967.

Não fosse a grande capacidade de adaptação, e não esquecendo que estava em plenaadolescência, parecer-lhe-ia sempre a chover. No entanto, o contraste encontrado (falamos dacidade do Rio de Janeiro e de Vila Chã de Sá) deu-lhe a possibilidade de viver uma autênticaaventura – desde cozinhar à lareira em panelas de ferro (luvas só existiam no seu imaginário),degustar verdadeiras delícias ao ar livre, “ajudar” a trabalhar a terra. Enfim, um rol de peripécias esabores que guarda na memória. Mas parece retratar-se sempre numa das personagens de O MeuPé de Laranja Lima, tal é a saudade daquela Mangueira (Pé de Manga), da Goiabeira, daqueleAlgodoeiro que tinha no quintal. Em plena cidade do Rio de Janeiro.

Prosseguiu estudos no Grande Colégio Português, em semi-internato. Mais um contraste com a liberdade vivida no Brasil.Em 1971, ingressou na Escola do Magistério Primário de Viseu, actual ESE. Concluído o curso, partiu para a docência com uma bagagem repleta de

sonhos, de métodos para melhor ensinar e aprender. Pedagogia, Psicologia Aplicada, etc, etc, etc... Que alma peregrina seria capaz de tais aplicações perante umaturma de 41 alunos de uma 1ª classe?! Sim, 41! Perceberam muito bem.

Em 1975, quiseram as suas cordas, as vocais, claro, que não voltasse a leccionar, ingressando, após provas públicas, na que, ao tempo, se designavade Caixa de Previdência e Abono de Família de Viseu.

Agora, cá está entre vós, possivelmente a torrar a paciência, com o seu sorriso para os sisudos inveterados. Adora animais, particularmente cães; adoraandar a pé e, em férias, adora ler. Falando em leitura, aconselha aos que já não sonham, que leiam O Alquimista. Parece embalar-nos para o mundo dos sonhos. Esonhar é preciso...

Maria da Conceição CardosoCor favorita - A da Primavera.Programa de TV preferido - Há algum para preferir?!Jogo - Palavra puxa Palavra.Clube - SCPRevista - Revista à Portuguesa.Cheiros preferidos - A maresia.Recordação de infância - O 1º presente que o Pai Natal me colocou no sapatinho.Pior sentimento do mundo - A sobranceria.Melhor sentimento do mundo - A simplicidade.Música - A do sorriso (Não será o sorriso a música do espírito?)O que pensa quando acorda? Era só mais um bocadinho...Montanha russa: assustadora ou excitante? Nem uma coisa nem outra. Simplesmente, para mim não existeCaneta ou lápis? Desde que escreva.Quantos toques antes de atender o telefone? Depende da distância entre o telefone e eu.Comida favorita - Arroz de polvo com gambas.Chocolate ou baunilha? indiscutivelmente, chocolate.Gosta de conduzir? Para “saborear” a paisagem, prefiro ser conduzida.Tempestades: excitantes ou assustadoras? Depende do local de observação.Livro à mesa da cabeceira - Normalmente de Hans Konsalik.Filme - Há muitos anos, “Música no Coração”; recentemente, “À espera de um milagre”.Destro, canhoto ou ambidestro? Destra Certamente sou injusta com a esquerda . Convenhamos que uma sente a falta da outra.Número favorito - O da sorte.Carro de sonho - Desde que me leve onde preciso...O que guarda debaixo da cama? Possivelmente o bicho papão... fantasias de crianças.De um amigo... espera? Que o seja com A grande.Se fosse um objecto, seria...? Nunca supérfluo, sempre utilitário.O que gosta de pendurar? Uma fotografia de família.Colecções - Só de amigos.Gostava de ir - ...às 17.30 para casa.Se pudesse ter escolhido, em que época teria vivido? A minha será sempre a melhor; ou não será?!Mar ou montanha? Mar, sem dúvida.Um dia perfeito - Sempre que esteja bem comigo.Um traço - O do rosto dos que me são queridos.Uma palavra - Grata.