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1 CPPC Afeganistão, Iraque, Líbia. Estes são apenas três países que enfrentam actual- mente a invasão e agressão militar das maiores potências capitalistas do mundo. Mas podíamos acrescentar muitos outros, igualmente a braços com a pilhagem dos seus recursos, a limitação da sua sobera- nia, os bloqueios económicos, o empo- brecimento dos seus povos, a chantagem nuclear. Tudo para favorecer a acumula- ção dos grandes potentados económicos e financeiros ocidentais e garantir a sua hegemonia mundial. A guerra travada contra os povos do mundo é irmã gémea da chamada «aus- teridade» que, em cada país, esmaga tra- balhadores, reformados e pequenos em- presários e limita drasticamente o futuro dos jovens. Desemprego, precariedade, pobreza são o reflexo do mesmo sistema que semeia, noutros pontos do globo, a destruição e a morte. Da mesma forma que a forte resistência que os povos do mundo opõem às agres- sões, defendendo a sua soberania, se en- contra geminada com as lutas que, em Portugal, na Grécia e noutros países euro- peus, os trabalhadores e outras camadas desenvolvem contra um caminho que, como já se viu, apenas beneficia um pu- nhado de milionários à custa da desgraça de todos os outros. Por isso, no Conse- lho Português para a Paz e Cooperação, continuamos a acre- ditar que é justo o nosso combate: pela paz; pelo desarma- mento; pela dissolu- ção da NATO; pela resolução pacífica dos conflitos; pelo respeito pela sobera- nia dos povos; contra o colonialismo e o imperialismo. Mas estamos conscientes de que querer a paz não chega – há que lutar por ela. Lá, onde as guerras se tra- vam, e cá, exigindo dos nossos governan- tes que, de uma vez por todas, sirvam os interesses do povo e não a gula dos po- tentados económicos alemães, franceses e norte-americanos. É para esta luta – difícil mas exaltante – que convocamos todos aqueles que sen- tem as injustiças e que desejam construir um mundo melhor. De que estás à es- pera? Junta-te a nós! Notícias da Paz Conselho Português para a Paz e Cooperação Setembro/Outubro 2011 Paz e Cooperação Um combate actual Foi em 1976, dois anos depois da Re- volução de Abril, que o CPPC viu le- galmente reconhecida a sua existência. Antes, lutar pela paz, pelo desarma- mento, pelo fim dos blocos político-mi- litares e pela solidariedade e coopera- ção com os povos do mundo dava direito a prisão, a torturas e mesmo à morte. Mas se foi já com Portugal libertado do fascismo que se criou formalmente o CPPC, o mesmo não se pode dizer do movimento da paz de que é herdeiro – e que teve, nas jornadas da vitória dos primeiros dias de Maio de 1945 (finda a Segunda Guerra Mundial e derrotado o nazi-fascismo), uma importante e rele- vante expressão. Nos anos 50, com a criação da NATO e a ameaça que pairava sobre os povos do mundo de deflagração de uma nova guerra, o povo português – enfrentando a vigilância policial e a repressão fascista – empenhou-se em combatê-la e alargar a luta pela paz, criando a Comissão Na- cional para a Defesa da Paz e, em vários pontos do País, comissões de paz. A co- missão então criada envolveu-se na re- colha de assinaturas para o Apelo de Es- tocolmo (que pugnava pelo fim das armas nucleares) promovido pelo Con- selho Mundial da Paz, que foi o maior abaixo-assinado à escala mundial. Até ao 25 de Abril de 1974 nunca mais o Movimento da Paz deixou de ser uma realidade, denunciando as agres- sões imperialistas, como no Vietname, exigindo a dissolução dos blocos polí- tico-militares, a destruição das armas nucleares, o fim da corrida aos arma- mentos e o estabelecimento de relações de amizade com todos os povos do mundo. Durante a Guerra Colonial, este movimento assumiu uma elevada ex- pressão exigindo o seu fim e a indepen- dência dos povos irmãos colonizados pelo fascismo. T rinta e cinco anos depois de ter sido legalmente constituído, o CPPC mantém todas as razões para existir: em pleno século XXI, as grandes potências (com os EUA à cabeça) encontram na ex- ploração, na agressão e na guerra a forma de sair da grave crise econó- mica que enfrentam. Todos não seremos certamente demais para travar este combate por um mundo mais justo e mais pacífico. Uma longa história

Notícias da Paz - Setembro

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1 CPPC

Afeganistão, Iraque, Líbia. Estes sãoapenas três países que enfrentam actual-mente a invasão e agressão militar dasmaiores potências capitalistas do mundo.Mas podíamos acrescentar muitos outros,igualmente a braços com a pilhagem dosseus recursos, a limitação da sua sobera-nia, os bloqueios económicos, o empo-brecimento dos seus povos, a chantagem

nuclear. Tudo para favorecer a acumula-ção dos grandes potentados económicos efinanceiros ocidentais e garantir a suahegemonia mundial.

A guerra travada contra os povos domundo é irmã gémea da chamada «aus-teridade» que, em cada país, esmaga tra-balhadores, reformados e pequenos em-presários e limita drasticamente o futurodos jovens. Desemprego, precariedade,pobreza são o reflexo do mesmo sistemaque semeia, noutros pontos do globo, adestruição e a morte.

Da mesma forma que a forte resistênciaque os povos do mundo opõem às agres-sões, defendendo a sua soberania, se en-contra geminada com as lutas que, emPortugal, na Grécia e noutros países euro-peus, os trabalhadores e outras camadasdesenvolvem contra um caminho que,como já se viu, apenas beneficia um pu-nhado de milionários à custa da desgraça

de todos os outros.Por isso, no Conse-

lho Português para aPaz e Cooperação,continuamos a acre-ditar que é justo onosso combate: pelapaz; pelo desarma-mento; pela dissolu-ção da NATO; pelaresolução pacíficados conflitos; pelorespeito pela sobera-nia dos povos; contrao colonialismo e o

imperialismo. Mas estamos conscientesde que querer a paz não chega – há quelutar por ela. Lá, onde as guerras se tra-vam, e cá, exigindo dos nossos governan-tes que, de uma vez por todas, sirvam osinteresses do povo e não a gula dos po-tentados económicos alemães, franceses enorte-americanos.

É para esta luta – difícil mas exaltante– que convocamos todos aqueles que sen-tem as injustiças e que desejam construirum mundo melhor. De que estás à es-pera? Junta-te a nós!

Notícias da PazConselho Português para a Paz e Cooperação

Setembro/Outubro 2011

Paz e Cooperação

Um combate actual Foi em 1976, dois anos depois da Re-volução de Abril, que o CPPC viu le-galmente reconhecida a sua existência.Antes, lutar pela paz, pelo desarma-mento, pelo fim dos blocos político-mi-litares e pela solidariedade e coopera-ção com os povos do mundo dava direitoa prisão, a torturas e mesmo à morte.

Mas se foi já com Portugal libertadodo fascismo que se criou formalmente oCPPC, o mesmo não se pode dizer domovimento da paz de que é herdeiro – eque teve, nas jornadas da vitória dosprimeiros dias de Maio de 1945 (finda aSegunda Guerra Mundial e derrotado onazi-fascismo), uma importante e rele-vante expressão.

Nos anos 50, com a criação da NATOe a ameaça que pairava sobre os povosdo mundo de deflagração de uma novaguerra, o povo português – enfrentando avigilância policial e a repressão fascista– empenhou-se em combatê-la e alargara luta pela paz, criando a Comissão Na-cional para a Defesa da Paz e, em váriospontos do País, comissões de paz. A co-missão então criada envolveu-se na re-colha de assinaturas para o Apelo de Es-tocolmo (que pugnava pelo fim dasarmas nucleares) promovido pelo Con-selho Mundial da Paz, que foi o maiorabaixo-assinado à escala mundial.

Até ao 25 de Abril de 1974 nuncamais o Movimento da Paz deixou de seruma realidade, denunciando as agres-sões imperialistas, como no Vietname,exigindo a dissolução dos blocos polí-tico-militares, a destruição das armasnucleares, o fim da corrida aos arma-mentos e o estabelecimento de relaçõesde amizade com todos os povos domundo. Durante a Guerra Colonial, estemovimento assumiu uma elevada ex-pressão exigindo o seu fim e a indepen-dência dos povos irmãos colonizadospelo fascismo.

Trriinnttaa ee cciinnccoo aannooss ddeeppooiiss ddee tteerr ssiiddoo lleeggaallmmeennttee ccoonnssttiittuuííddoo,, ooCCPPPPCC mmaannttéémm ttooddaass aass rraazzõõeess ppaarraa eexxiissttiirr:: eemm pplleennoo ssééccuulloo XXXXII,,aass ggrraannddeess ppoottêênncciiaass ((ccoomm ooss EEUUAA àà ccaabbeeççaa)) eennccoonnttrraamm nnaa eexx--

pplloorraaççããoo,, nnaa aaggrreessssããoo ee nnaa gguueerrrraa aa ffoorrmmaa ddee ssaaiirr ddaa ggrraavvee ccrriissee eeccoonnóó--mmiiccaa qquuee eennffrreennttaamm.. TTooddooss nnããoo sseerreemmooss cceerrttaammeennttee ddeemmaaiiss ppaarraa ttrraavvaarreessttee ccoommbbaattee ppoorr uumm mmuunnddoo mmaaiiss jjuussttoo ee mmaaiiss ppaaccííffiiccoo..

Uma longa história

OCPPC voltou a assinalar, emAgosto, mais um aniversário – o66.º – do lançamento pelos Es-

tados Unidos da América de bombas ató-micas sobre duas cidades japonesas, Hi-roxima e Nagasáqui. Para o CPPC,trata-se de «um dos maiores crimes quea história da humanidade conhece»: emHiroxima, 75 mil pessoas foram instan-taneamente mortas (muitas outras per-deriam a vida nos anos e décadas se-guintes) e a cidade foi arrasada.Tratou-se, segundo o CPPC, do culminardo holocausto da Segunda Grande GuerraMundial. Até hoje, só os EUA recorrerama esta arma.

O Conselho da Paz considera que setratou de um acto «completamente in-justificável e mesmo desnecessário do

ponto de vista militar», pois aquelas ci-dades não eram alvos militares. Alémdisso, a Alemanha já se tinha rendido e oJapão, já derrotado, dera já sinais de quese iria render.

Assim, ao utilizarem aquele arma-mento, os EUA quiseram afirmar o seupoder. «Foi um aviso a quem pretendesseopor-se à sua hegemonia; uma chanta-gem e uma ameaça que perduraria sobreos povos.»

Sessenta e seis anos depois do holo-causto nuclear, o CPPC chama a atençãopara uma situação internacional caracteri-zada por guerras de agressão, como su-cede no Afeganistão, Iraque e Líbia, e poruma «continuada manipulação e subversãodo Direito Internacional», por parte de al-gumas potências económicas e militares

que tornaram usual a «hi-pocrisia, a ameaça, amentira e o uso da forçanas relações internacio-nais para subjugar outrasnações». O que será re-flexo, garante o CPPC, dese estar perante a «maisgrave crise financeira eeconómica desde 1933».

Sendo certo, para oCPPC, que a «história nãose repete», não deixa deser claro que existem«preocupantes semelhan-ças com a situação econó-mica e politica mundialdo início dos anos 30» doséculo passado. O Conse-lho da Paz conclui aindaque a grave crise do capi-talismo «agrava o perigode uma guerra, porven-tura geral, que em vistado armamento modernoexistente, arrasaria o ha-bitat e a espécie hu-mana», lembrando queeste sistema tem «encon-trado nas guerras uma dassaídas para as suas cri-ses», como sucedeu em1914 e novamente em1939.

2 Notícias da Paz

Conquista de Abril

Fiel a esta tradição, o CPPC tem es-tado, ao longo dos últimos 35 anos, nalinha da frente na denúncia e na acçãocontra as guerras, as agressões e as ocu-pações – como sucedeu, entre outrosexemplos, contra os povos da Palestina,de Angola, de Timor-Leste, do SaharaOcidental, do Líbano, da Jugoslávia, doAfeganistão, do Iraque ou da Líbia. Damesma forma que tem erguido a sua vozcontra o bloqueio a Cuba; o regime doapartheid na África do Sul; a corrida aosarmamentos e a instalação de novos sis-

temas mísseis; a militarização das rela-ções internacionais, de quase toda a es-fera de actividade humana e do próprioespaço; a militarização da União Euro-peia.

Nestas três décadas e meia, o CPPCmobilizou amplos sectores da sociedadeportuguesa para as causas da paz, da coo-peração e da solidariedade. Lançou e di-namizou campanhas, acções e iniciativasem prol do desarmamento e da solidarie-dade com os povos. Participou activa-mente em plataformas amplas, como foi ocaso da Campanha Paz Sim! NATO Não!,cuja manifestação, realizada no dia 20 deNovembro do ano passado, ficará parasempre gravada na memória de quemnela participou e constitui já um marcona luta pela paz em Portugal.

Evocar a legalização do CPPC é valori-zar a rica história do movimento da pazem Portugal durante os negros anos da di-tadura fascista de Salazar e Caetano edesde a Revolução de Abril. Uma históriaheróica, feita de coerência e determina-ção, para a qual o CPPC tanto contribuiue continua a contribuir.

66 anos depois de Hiroxima e Nagasáqui

Aviso para o futuro

3 CPPC

Portugal deu mais um passo no seu envolvimento na estruturamilitar da NATO. Nos dias 8 e 9 de Junho, o Conselho de Minis-tros da aliança atlântica decidiu transferir para o País o «co-mando operacional» da força marítima de reacção rápida Strik-fornato, até agora sediado em Nápoles. Este comandosuperintende a Sexta Esquadra dos Estados Unidos da Américae forças navais de outros estados membros e é personalizado pelopróprio comandante da Sexta Esquadra, reportando directamentecom o Comandante Supremo das Forças Aliadas, em Bruxelas.

A Sexta Esquadra, constituída por 40 navios, quase duzentosaviões e 20 mil homens, tem cometidas variadas missões, dis-pondo de diversas bases de apoio naval e aéreo no Mar Mediter-

râneo. Tem operado sobretudo no Mediterrâneo e no Golfo daGuiné, e tem intervindo em numerosas acções, de que se desta-cam a agressão à Jugoslávia em 1999, ao Iraque em 2003, e pre-sentemente à Líbia, destaca o CPPC num comunicado de 14 deJunho. «É esta monstruosa estrutura agressiva que se propõe ins-talar o seu “comando operacional” em Portugal.»

A decisão foi tomada ainda pelo anterior governo, do PS,quando se encontrava em gestão, mas o actual nada fez para in-verter estes compromissos. Para o CPPC, é mais um gesto de «in-digna sujeição» face ao poder imperial e uma reiterada preten-são de «associar o povo português às inumanas e ilegais políticasque a NATO tem desenvolvido».

Agressão à Líbia

Ingerência intolerávelOCPPC opôs-se desde a primeira

hora à agressão militar contra aLíbia, tendo inclusivamente pro-

movido uma concentração em Lisboa pou-cos dias depois de esta ter sido desenca-deada. Entende o CPPC que a intervençãomilitar dos EUA/NATO/UE é o principalobstáculo à paz nesse país do Norte deÁfrica.

Num comunicado emitido em Junho, oCPPC aprofundou a sua posição sobre o as-sunto, tendo afirmado que esta intervençãomilitar é um «ataque ao Direito Interna-cional» e mais uma agressão aos povosque seguem uma via de autodeterminaçãoe buscam melhores condições de vida.Lembre-se que a Líbia, como aliás a Síria,pautava a sua política externa por uma «ra-zoável independência face ao poder impe-rial» e mantinha uma atitude crítica emrelação a Israel.

O CPPC é peremptório a afirmar que em

causa está uma «guerra de grandes po-tências importadoras e exploradoras depetróleo, com passado e actual pendor co-lonialista, contra um país não alinhado edotado de grandes reservas energéticas».Trata-se, portanto, de uma guerra pela«apropriação do petróleo e dos importan-tes fundos soberanos líbios aplicados empaíses ocidentais» e não, como é anun-ciado todos os dias pelos media dominan-tes, da «defesa» de quaisquer civis líbios.

Aliás, recorda o CPPC nesse comuni-cado, se a preocupação fosse «salvaguar-dar as populações, teriam sido considera-das as reiteradas iniciativas de diálogo enegociação, intermediadas pela União SulAfricana, Rússia e países da América La-tina, aliás propostas ou aceites por Kah-dafi em nome do regime líbio».

Na origem desta intervenção militar es-tão os supostos massacres perpetradospelo regime contra as populações civis

(desmentidos, aliás, por vá-rios jornalistas credencia-dos nesse país). A subleva-ção arnada dos «rebeldes»contou imediatamente como apoio de diversas potên-cias ocidentais. A atitudedestas foi, aliás, bem dife-rente em relação a outrospaíses árabes onde se têmverificado cenas de ex-trema violência sobre aspopulações, como é o casoda Palestina, do Bahreinou do Iémen.

Portugal assumiu«posição indigna»

O CPPC acusa ainda as autoridadesportuguesas de terem assumido, emtodo o processo da agressão àLíbia, uma posição indigna econtrária à Constituição daRepública. Depois de se terdemitido, de facto, da«responsabilidade que assumiucomo presidente do Comité deSanções à Líbia, para prestar apoiopolítico (se não mesmo logístico) amais uma guerra de rapina», oGoverno reconheceu oautoproclamado Conselho Nacionalde Transição como «autoridadegovernativa legítima da Líbia». Sobre este último acto desubmissão do Governo português àspotências da NATO e da UniãoEuropeia, o CPPC expressou, a 2de Agosto, a sua veementecondenação sublinhando competirao povo líbio e só a ele escolher oseu futuro e a sua representação. Jáo CNT, lembra, «não foi escolhidodemocraticamente e só se sustentadevido ao apoio militar, financeiro elogístico de governos estrangeiros».Esta decisão, acrescenta ainda oCPPC, viola não apenas aConstituição da RepúblicaPortuguesa e o direito internacionalcomo a própria resolução 1973 doConselho de Segurança, já de sicontrária à Carta das NaçõesUnidas.

Crescentes compromissos com a NATO

AOrganização para a Libertaçãoda Palestina lançou um apelo aomundo para que o Estado da Pa-

lestina seja reconhecido e aceite comomembro de pleno direito das Nações Uni-das. Mais de cem países já manifestaramo seu acordo com a proposta - que serádebatida, ao que tudo indica, em Setem-bro, na Assembleia-Geral das NaçõesUnidas - e várias organizações nacionaisdas mais variadas áreas de intervençãoexigem que Portugal faça o mesmo. Em1988, a OLP proclamou a independênciade um Estado da Palestina nos territóriosocupados por Israel na guerra de 1967, noespírito das resoluções 242 e 338 do Con-selho de Segurança da ONU.

O apelo nacional para o reconheci-mento do Estado palestiniano, lançadoem meados de Julho e subscrito por de-zenas de associações (tendo o CPPC comouma das promotoras), dirige-se ao Go-verno português para que, «em obediên-cia ao disposto no artigo 7.º da Constitui-ção da República e aos princípiosconsagrados na Carta das Nações Uni-das, apoie em todos os fóruns internacio-nais e em particular no Conselho de Se-gurança e na Assembleia-Geral da ONU,o reconhecimento do Estado da Palestina- com fronteiras nos territórios ocupados

em 1967, incluindo Je-rusalém Leste - comomembro de pleno di-reito da Organiza-ção das NaçõesUnidas».

As organiza-ções signatáriasrecordam que «hámuitas décadasque a legalidadeinternacional, ex-pressa nas resoluçõesdas Nações Unidas, re-conhece o direito inalie-nável do povo palestino a vi-ver em liberdade dentro dasfronteiras de um estado livre e sobe-rano». No apelo lembra-se ainda que «de-zoito anos decorridos sobre a assinaturados acordos de Oslo, aquela legítima as-piração continua por cumprir». Dia apósdia, lê-se no texto, o «povo palestino en-frenta a violenta ocupação dos seus terri-tórios, a contínua expansão dos colonatosque o direito internacional considera ile-gais e ilegítimos a construção do muro desegregação condenado pelo Tribunal In-ternacional de Haia e o bloqueio impostosobre a Faixa de Gaza».

Para dar força a esta exigência do povo

mártir daPalestina as

organizações sig-natárias apelam a todos os ci-

dadãos para que se mobilizem e manifes-tem, «de forma comprometida e solidária,em apoio às justas e legítimas aspiraçõesde liberdade do povo palestino».

Terrorismo de Estado

No início de Junho, o CPPC condenaraum novo acto de terrorismo de Estadoperpetrado por Israel contra civis desar-mados, palestinianos e sírios, que assi-nalavam, manifestando-se, a guerra dosSeis Dias (em que Israel ocupou ilegal-mente os territórios dos Montes Golã, daFaixa de Gaza, da Cisjordânia e JerusalémOriental). O ataque, que provocou deze-nas de mortos e centenas de feridos, al-guns com muita gravidade, ocorreuquando centenas de pessoas, na sua maio-ria jovens, se concentraram na zona de se-paração entre a Síria e o território sírioocupado dos Montes Golã.

Menos de um mês antes, as forças ar-madas reprimiram manifestações pacífi-cas que assinalavam o 63.º aniversário daNakhba (catástrofe, em árabe), ou seja, aexpulsão dos palestianos dos seus terri-tórios no final dos anos 40. Esta repres-são provocou 24 mortos e centenas de fe-ridos.

No comunicado em que denunciavamais este acto terrorista de Israel, o CPPC

O mundo exige

Reconhecimento do Estado da Palestina

4 Notícias da Paz

chamava a atenção para a «hipocrisia dasgrandes potências ocidentais, como osEUA e a UE, que cinicamente falam dosdireitos humanos e dos povos árabes, masque são coniventes e cúmplices dos bár-baros crimes e terrorismo de Estado per-petrados por Israel». O Conselho da Pazreafirmava, então, as suas exigências desempre: condenação do terrorismo de Es-tado de Israel; denúncia da impunidade econivência que Israel goza por parte dosEUA e da UE; o fim da ocupação israe-lita; a libertação dos presos palestinianos;o impedimento da construção de novoscolonatos e desmantelamento dos exis-tentes; a remoção do muro de separação;o levantamento do bloqueio a Gaza; o es-tabelecimento do Estado da Palestina.

A pobreza Mais de metade dos palestinianos vive na pobreza - em finais de 2008, a taxa erade 45,7% na Cisjordânia e cerca de 80% em Gaza.Com a suspensão da ajuda internacional à Palestina, em 2006, o número depessoas em pobreza profunda duplicou, para cerca de um milhão.

Os refugiadosOs palestinianos são a maior comunidade de refugiados do mundo. No MédioOriente estão registados mais de 4,5 milhões de refugiados palestinianos eestima-se que no resto do mundo existam mais 5,5 milhões. Aquando da criação do Estado de Israel, cerca de 750 mil palestinianos (75 porcento do total) foram expulsos das suas terras e cerca de 530 aldeias e cidadesforam destruídas. Durante a guerra de 1967, Israel anexou a Cisjordânia e a Faixade Gaza expulsando 240 mil palestinianos e desde então mais 400 mil foramforçados a sair.

Os presosDesde 1967, mais de 700 mil palestiniano foram presos, cerca de 20% dapopulação total dos territórios ocupados. Actualmente o número de presos rondaráos 11 mil. Ao contrário do que Israel afirma, não está em guerra com o Hamasmas com todo o povo e a composição política dos presos prova-o, sendo a grandemaioria da Fatah. Entre os presos, há vários eleitos pelo povo da Palestina, entreos quais o popular dirigente da Fatah, Marwan Barghouti, e o secretário-geral daFPLP Ahmad Saadat.

O Muro e os colonatosO «muro de separação» consiste em altos blocos de cimento, arame farpado, redeselectrificadas, torres de vigia e para atiradores, câmaras de vigilância e estradaspara veículos de patrulha.Apenas 16 por cento do muro está a ser construído sobre «fronteira»internacionalmente reconhecida, enquanto o resto serpenteia entre os principaiscolonatos instalados em território palestiniano.Israel controla, através dos colonatos, estradas e postos de controlo, 40% daCisjordânia, apesar de os colonatos representarem «apenas» 3% .

A Faixa de GazaA Faixa de Gaza é o território mais densamente povoado do mundo, o que se deveao facto de 70% da população da Faixa de Gaza ser refugiada. O encerramento das fronteiras, em 2006, provocou uma dramática situaçãohumanitária. Mais de 80 por cento dos habitantes de Gaza dependem da ajudainternacional.

Factos e números

CMP e FMJDMissão à PalestinaO Conselho Mundial da Paz e aFederação Mundial da JuventudeDemocrática vão organizar umamissão de solidariedade à Palestinaentre 18 e 22 deSetembro. Doprograma constarãoencontros comorganizaçõesjuvenis e pacifistas dos quais sairáfortalecida a campanha

internacional parao reconhecimentodo Estado daPalestina livre,independente eviável.

Numa declaração comum, emitidano dia 3 de Agosto, o Secretariadodo CMP e a FMJD expressam o seuapoio a esta causa.

5 CPPC

Comité Executivo do CMP reuniu em Cuba

Constituir uma frente mundial contra a guerra e a injustiça

6 Notícias da Paz

OCPPC foi uma das trinta organi-zações que participou, nos dias29 e 30 de Abril, na reunião do

Comité Executivo do Conselho Mundialda Paz (CE-CMP) realizada em Havana,Cuba.

Na abertura da reunião, que contoucom a presença de Ricardo Alarcón, pre-sidente da Assembleia Nacional Cubana,foram homenageados os Cinco heróis cu-banos detidos nos EUA pelo «crime» dedefenderem Cuba de ataques terroristaspreparados a partir de Miami. A presi-dente do CMP, Socorro Gomes, entregoua familiares dos Cinco patriotas, umaplaca como símbolo da homenagem pres-tada.

Durante a reunião, foi possível trocarpontos de vista e experiências, tendo asorganizações presentes expressado a suacondenação à agressão militar imperia-lista contra o povo da Líbia, alertandoque, também na Síria, é imprescindívelque a solução para a actual crise seja en-contrada pelo povo sírio recusando a in-tervenção estrangeira. Foi ainda denun-ciado o desrespeito pelo direitointernacional, a instrumentalização daONU e o papel da NATO e do seu novo

conceito estratégico, como máquina deagressão imperialista.

O Comité Executivo denunciou aindaque no quadro da actual crise do sistemacapitalista, os trabalhadores e as classesmais desprotegidas da sociedade são ví-timas das chamadas medidas de «auste-ridade» enquanto que a banca e o grandecapital continuam a acumular lucros fa-bulosos. Da mesma forma, os orçamen-tos militares atingem níveis recorde, poiso imperialismo procura, através daguerra e da agressão, uma fuga da crise.

Solidarizando-se com a campanha peloreconhecimento do Estado palestiniano(ver páginas 4 e 5), as organizações pre-sentes manifestaram o seu veemente re-púdio pela manutenção do criminoso blo-queio norte-americano contra Cuba e docampo de concentração e tortura dos EUAno território cubano ilegalmente ocupadoem Guantanamo. O Comité Executivo rea-firmou ainda a exigência de devoluçãoimediata desse território a Cuba e a suarejeição da posição comum da União Eu-ropeia sobre a ilha. Reiterando a sua soli-dariedade para com o povo cubano, con-gratulou-se pela comemoração dos 50anos da vitória cubana na Baía dos Por-cos.

No fim da reunião, o Comité Executivodo CMP apelou a todas as forças amantesda paz para a construção de uma frentemundial contra as agressões militares e asguerras, contra a dominação imperialistae a injustiça social. E comprometeu-se adesenvolver acções concretas em tornodos focos de guerra e agressão como formade mobilizar o maior número possível depessoas contra o imperialismo, as suas po-líticas e estruturas. Neste sentido, avalioupositivamente a campanha «Paz Sim!NATO Não!» desenvolvida em Portugaldurante o ano de 2010 e que culminou nagrande manifestação de 20 de Novembroem que o CMP esteve presente.

7 CPPC

OCPPC participou no segundoSeminário pela Paz e pela abo-lição das bases militares es-

trangeiras, que se realizou na cidade deGuantanamo, em Cuba, nos dias 4 e 5 deMaio, organizado pelo Conselho Mundialda Paz (CMP), pelo Movimento Cubanopela Paz (Movpaz) e pelo Instituto Cu-bano para Amizade com os Povos (ICAP).A iniciativa, realizada depois da reuniãodo Conselho Executivo do CMP, contoucom a presença de movimentos pela pazde 36 países.

No acto de encerramento, realizadojunto à baía que fica em frente ao ladoilegalmente ocupado pela base militardos EUA, que contou com a presença decentenas de habitantes locais, foi apro-vado o documento final do seminário.

As organizações presentes afirmaram asua firme vontade de lutar contra «todasas formas de agressão, intervencionismoe ingerência nos assuntos internos dosestados, pela retirada de todas as forçasde ocupação, em defesa da soberania, daindependência nacional e da paz comodireitos irrenunciáveis dos nossospovos».

Foi ainda afirmada a premência de re-forçar o trabalho articulado às escalasnacional, regional e mundial, de incor-porar um número cada vez maior de jo-vens na luta pela paz, a par da necessi-dade de desenvolver uma campanhainternacional por um mundo sem armasnucleares e de parar o desenvolvimentotecnológico nuclear com fins não pacífi-cos.

As organizações presentes reafirmarama sua solidariedade com o legítimo di-reito do povo de Cuba na sua luta contrao bloqueio, pela libertação imediata dosCinco heróis antiterroristas presos nosEstados Unidos da América e pela recu-peração da soberania sobre o territórioda Base Naval de Guantanamo, ilegal-mente usurpado (no qual, para vergonhade toda a humanidade, se instalou umverdadeiro campo de concentração aoserviço do terror e a tortura).

Os representantes dos 26 países pre-sentes terminam o documento afirmandoque «a existência de bases militares es-trangeiras e a defesa da paz são incom-patíveis. O nosso compromisso com a pazé irrenunciável».

Seminário Internacional em Guantanamo

Pelo fim das bases militaresestrangeiras Em todo o mundo se exige o encerramento da base

da Guantanamo e a sua devolução a Cuba,incluindo nos próprios EUA. O seminário

reafirmou essa exigência

8 Notícias da Paz

Realizou-se, entre 22 e 24 deJulho, na Barragem do Mara-nhão, em Avis, o Acampamento

pela Paz, promovido pela Plataforma Ju-ventude do Futuro com a Constituição doPresente, que o CPPC integra. Com aparticipação de 250 jovens de todo o País(em representação de mais de 30 organi-zações e associações), o acampamentoteve como objectivo central alertar para anecessidade premente de defender aConstituição da República Portuguesapelos direitos que consagra e pelo futuroque propõe para o País.

Em destaque nas diversas iniciativasrealizadas – culturais, desportivas e dedebate político – estiveram alguns arti-gos da Lei Fundamental, nomeadamenteos que se relacionam mais directamentecom a juventude: direito ao trabalho, àeducação, à cultura, ao desporto, à habi-tação e particularmente o artigo 70.º, queestabelece que «os jovens gozam de pro-tecção especial para efectivação dos seusdireitos económicos, sociais e culturais».Os promotores da plataforma consideramque defender a Constituição é, em simesmo, uma batalha pela efectivaçãodos direitos.

Num debate subordinado ao tema AConstituição e a Paz, em que participa-ram mais de uma centena de jovens, odirigente do CPPC Gustavo Carneiro e odeputado do PCP João Oliveira debru-çaram-se sobre o artigo 7.º, que estabe-lece os princípios pelos quais o Estadoportuguês se rege – ou deveria reger –nas relações internacionais e quais osvalores que defende. No texto constitu-cional, lê-se, por exemplo, que o País«preconiza a abolição do imperialismo,do colonialismo e de quaisquer outrasformas de agressão, domínio e explora-ção nas relações entre os povos, bemcomo o desarmamento geral, simultâneo

e controlado, a dissolução dos blocos po-lítico-militares». Na prática, os sucessi-vos governos têm feito exactamente ocontrário: o apoio dado às agressões mi-litares à Líbia, Iraque, Afeganistão e Ju-goslávia e o empenho no reforço daNATO provam-no.

Os participantes debateram ainda oconceito de «paz» tendo concordado queé muito mais do que a simples ausênciade conflito armado aberto. Sem sobera-nia e independência, com bloqueios eco-nómicos e chantagens políticas não épossível a um povo viver em paz.

Todos concordaram ainda com o ponto3 do mesmo artigo 7.º, que reconhece odireito dos povos à «à autodeterminaçãoe independência e ao desenvolvimento,bem como o direito à insurreição contratodas as formas de opressão».

Criado núcleo de CoimbraFoi criado em Coimbra um núcleo do CPPC a partir de elementos que, durante o ano pas-

sado, se envolveram activamente na campanha «Paz Sim! NATO Não!». Numa reunião dosactivistas da campanha, realizada em Maio, os presentes decidiram aderir individualmenteao CPPC e criar o núcleo – este último objectivo concretizado oficialmente em Junho.

Foi ainda decidido reactivar o blogue regional da campanha «Paz Sim! NATO Não!»,como mais um meio de comunicação do núcleo de Coimbra do CPPC e a apresentação deum plano de trabalho do núcleo para este ano. Os novos aderentes do CPPC compromete-ram-se a continuar os contactos para ampliar, em Coimbra, o núcleo de aderentes do CPPCe distribuíram entre si várias tarefas para melhorar a acção do CPPC.

Conselho Português para a Paz e CooperaçãoRua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa PortugalTel. 21 386 33 75 email:[email protected] www.cppc.pt

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Água é de todosO CPPC integra a plataforma Água éde Todos, que foi recentementerelançada. As organizações que apromovem pretendem mobilizar paraa defesa da «propriedade e gestãopública da água como recursoestratégico, meio ecológico essencialà vida e factor sanitário fundamental,bem como das infraestruturas eserviços de água». Afirmam aindaque a água «não é um bemmercantilizável» e exigem amanutenção dos serviços de água«sob propriedade e gestão públicas». Para Outubro está previsto umencontro nacional sobre estaimportante questão.

CPPC presente

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