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Um ano volvido sobre a nossa tomada de posse na direcção do CPPC, queremos rea- firmar que procuramos dar o nosso contri- buto possível para o reforço do movimento da Paz em Portugal e no Mundo, na luta contra a agressividade imperialista e a guerra, e na promoção da cooperação e so- lidariedade com os povos de todo o mundo. Procurámos que o CPPC estivesse onde devia estar. A par da participação em di- versas iniciativas e acções comuns com outras organizações amigas, organizámos debates, colóquios e acções de rua, e rea- lizámos a nossa XXIII Assembleia da Paz e a Conferência sobre «O reforço do movi- mento da paz em tempo de crise», a 20 de Outubro passado, na Casa do Alentejo em Lisboa. Nos tempos difíceis que se vivem, de agravamento de condições e injustiças sociais em Portugal e na Europa, de graves conflitos em diversas zonas do mundo, in- cluindo ameaças sérias à paz no Médio Oriente, reafirmamos o nosso empenha- mento no diálogo e a vontade de unir for- ças, procurando a participação de todos os homens e mulheres de boa vontade na de- fesa e promoção da Paz. Esperamos, pois, que em 2013 possa- mos aprofundar as relações de cooperação e o trabalho conjunto, na convicção pro- funda de que continua a ser fundamental reforçar a actividade na defesa e promoção da paz, tão ameaçada no plano nacional, europeu e mundial. Agradecemos a colaboração de todos, a qual permitiu realizar as actividades de- senvolvidas ao longo do primeiro ano do mandato desta Direcção Nacional, in- cluindo o reforço da intervenção de alguns núcleos, sobretudo Porto, Coimbra e Beja e a realização da XXIII Assembleia da Paz e da Conferência. Mas como aí se subli- nhou, muito mais há para fazer. Novos desafios se colocam no reforço do movimento da paz em Portugal, na luta contra a agressividade do imperialismo e a guerra, na solidariedade e cooperação com os povos de todo o mundo. Para isso, impõe-se o reforço orgânico do CPPC, com mais numerosos e mais participativos ade- rentes, mais núcleos e mais actividade, melhores ligações a outras organizações, designadamente do movimento associa- tivo, juvenil e popular, autarquias e sindi- catos. Igual importância assume o nosso con- tributo para o reforço do Conselho Mundial da Paz e do movimento da paz internacio- nal onde o CPPC participa, seja ao nível do Secretariado, seja como Coordenador para a Europa, responsabilidades que foram reafirmadas na última Assembleia do Conselho Mundial da Paz, realizada no passado mês de Julho, em Kathmandu, Nepal. Assim o nosso apelo a todas e todos para um empenhamento cada vez maior na luta pela paz. Pela Paz, todos não somos de- mais! 1 CPPC Notícias da Paz Conselho Português para a Paz e Cooperação Janeiro/Abril 2013 Paz, desafio do presente e do futuro U ma saudação muito especial a todos os nossos aderentes e leitores neste novo ano de 2013, tão cheio de preocupações e onde não é difícil prever muitas pequenas e grandes lutas na defesa da justiça e do progresso social, contributo essencial para a paz. David Siqueiros , “A Marcha da Humanidade”

Notícias da Paz

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Janeiro/Abril 2013

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Um ano volvido sobre a nossa tomada deposse na direcção do CPPC, queremos rea-firmar que procuramos dar o nosso contri-buto possível para o reforço do movimentoda Paz em Portugal e no Mundo, na lutacontra a agressividade imperialista e aguerra, e na promoção da cooperação e so-lidariedade com os povos de todo o mundo.Procurámos que o CPPC estivesse onde

devia estar. A par da participação em di-versas iniciativas e acções comuns comoutras organizações amigas, organizámos

debates, colóquios e acções de rua, e rea-lizámos a nossa XXIII Assembleia da Paze a Conferência sobre «O reforço do movi-mento da paz em tempo de crise», a 20 deOutubro passado, na Casa do Alentejo emLisboa. Nos tempos difíceis que se vivem,de agravamento de condições e injustiçassociais em Portugal e na Europa, de gravesconflitos em diversas zonas do mundo, in-cluindo ameaças sérias à paz no MédioOriente, reafirmamos o nosso empenha-mento no diálogo e a vontade de unir for-

ças, procurando a participação de todos oshomens e mulheres de boa vontade na de-fesa e promoção da Paz.Esperamos, pois, que em 2013 possa-

mos aprofundar as relações de cooperaçãoe o trabalho conjunto, na convicção pro-funda de que continua a ser fundamentalreforçar a actividade na defesa e promoçãoda paz, tão ameaçada no plano nacional,europeu e mundial.Agradecemos a colaboração de todos, a

qual permitiu realizar as actividades de-senvolvidas ao longo do primeiro ano domandato desta Direcção Nacional, in-cluindo o reforço da intervenção de algunsnúcleos, sobretudo Porto, Coimbra e Beja ea realização da XXIII Assembleia da Paze da Conferência. Mas como aí se subli-nhou, muito mais há para fazer.Novos desafios se colocam no reforço do

movimento da paz em Portugal, na lutacontra a agressividade do imperialismo ea guerra, na solidariedade e cooperaçãocom os povos de todo o mundo. Para isso,impõe-se o reforço orgânico do CPPC, commais numerosos e mais participativos ade-rentes, mais núcleos e mais actividade,melhores ligações a outras organizações,designadamente do movimento associa-tivo, juvenil e popular, autarquias e sindi-catos.Igual importância assume o nosso con-

tributo para o reforço do ConselhoMundialda Paz e do movimento da paz internacio-nal onde o CPPC participa, seja ao níveldo Secretariado, seja como Coordenadorpara a Europa, responsabilidades queforam reafirmadas na última Assembleiado Conselho Mundial da Paz, realizada nopassado mês de Julho, em Kathmandu,Nepal.Assim o nosso apelo a todas e todos para

um empenhamento cada vez maior na lutapela paz. Pela Paz, todos não somos de-mais!

1 CPPC

Notícias da PazConselho Português para a Paz e Cooperação

Janeiro/Abril 2013

Paz, desafio do presentee do futuro

Uma saudação muito especial a todos os nossos aderentes eleitores neste novo ano de 2013, tão cheio de preocupações eonde não é difícil prever muitas pequenas e grandes lutas na

defesa da justiça e do progresso social, contributo essencial para a paz.

DavidSiqueiros,

“AMarchada

Hum

anidade”

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2 Notícias da Paz

XXIII Assembleia da Paz e Conferência

O reforço do movimentoda Paz em tempo de crise

OCPPC realizou, no dia 20 de Outu-bro, nas instalações da Casa doAlentejo, em Lisboa, a sua XXIII

Assembleia da Paz. Em debate esteve «Oreforço do movimento da Paz em tempo decrise», que lhe serviu de lema. Da parte datarde, teve lugar uma conferência.Tratou-se sobretudo de um encontro de

trabalho, em que as dezenas de aderentesdo CPPC presentes abordaram questõesrelacionadas com o reforço da organizaçãoe da actividade e perspectivaram medidaspara a disseminação nacional do Conselhoda Paz e das suas iniciativas. Um notórioavanço relativamente à anterior assem-bleia, realizada 11 meses antes, foi preci-samente a participação de membros dosnúcleos do Porto, de Coimbra e de Beja,que deram conta da sua actividade local.Constatou-se ainda a existência de ade-rentes do CPPC activos em vários outrosconcelhos e regiões, que em breve pode-rão vir a constituir núcleos.Para além da criação de mais núcleos

onde tal for possível, a assembleia salien-tou a necessidade de continuar a unir es-forços e vontades em torno de objectivoscomuns ou convergentes para promoveruma cultura da paz, lutar contra a guerra,a exploração e a opressão e defender o di-reito dos povos a escolher o seu destino, a

assumirem plenamente a sua soberania eindependência.Num contexto nacional e internacional

difícil, os aderentes do CPPC comprome-teram-se a procurar formas de alargar e re-forçar o movimento da Paz, tendo semprepresentes os princípios fundadores doCPPC e o Plano de Acção aprovado naXXIII Assembleia da Paz, que inscreve adefesa da Constituição da República e dosseus valores e o respeito pelo espírito eletra da Carta das Nações Unidas.

Um ano intenso

A assembleia não teve carácter electivo,mas serviu para a direcção eleita em 2011prestar contas da actividade realizadadesde então. Na intervenção de aberturados trabalhos, a presidente da DirecçãoNacional, Ilda Figueiredo, destacou os es-forços feitos no sentido de cumprir o Planode Acção aprovado, que tinha como eixoscentrais o reforço do movimento da Paz emPortugal, a luta contra a guerra e o milita-rismo e a intensificação da solidariedadee cooperação com todos os povos domundo.Neste sentido, realçou Ilda Figueiredo,

deu-se prioridade à realização de um «im-

portante e significativo número de contac-tos, reuniões e conversas com organizaçõessindicais, autarquias, organizações empe-nhadas na defesa da paz e da solidariedadee cooperação, de diversas áreas, visandodar passos no sentido do reforço da inter-venção do movimento da paz em Portugal».Dessa acção resultou o alagamento do nú-mero de aderentes individuais e colectivosdo CPPC e o estabelecimento de «bases deentendimento com outras organizações».O papel do CPPC no seio do Conselho

Mundial da Paz foi igualmente valorizadopor Ilda Figueiredo, que lembrou a reelei-ção do CPPC para o Secretariado e Execu-tivo daquela estrutura internacional na As-sembleia realizada em Julho no Nepal. Apresidente da Direcção Nacional lembrou,porém, que «só podemos dar um maiorcontributo ao movimento internacional dapaz se conseguirmos reforçar o CPPC».Outros dirigentes destacaram a campa-

nha contra a guerra no Médio Oriente; ociclo «A Constituição de Abril e a Paz» eas múltiplas múltiplas iniciativas de soli-dariedade com os povos do Saara Ociden-tal ou da América Latina. Salientadosforam ainda a edição de três números do«Notícias da Paz» e a importância que esteboletim assume na divulgação das posi-ções e análises do CPPC.

Page 3: Notícias da Paz

Ao longo do dia de trabalhos, na assembleia da Paz comona conferência, foram várias as intervenções sobre os maisvariados temas relacionados com a defesa da Paz e dasoberania dos povos, por um mundo livre de armas dedestruição massiva, ocupações e blocos político-militares.Publicamos aqui excertos de algumas dessas intervenções.

«O CPPC encarna os mais elevados valores da humanidade, taiscomo a solidariedade aos povos, a defesa da soberania e daautodeterminação das nações, e a incansável luta contra a opressãoe as guerras. Decisiva tem sido vossa contribuição à causa da paz,e à consolidação do CMP, no sentido do fortalecimento daconsciência de que só a luta do povo dará cobro a esta ordeminsana e deletéria que ameaça à própria existência humana.»Saudação enviada por SSooccoorrrroo GGoommeess, presidente do ConselhoMundial da Paz

«O CPPC procurou estabelecer basesde entendimento com outrasorganizações do movimento da paz naprossecução de objectivosconvergentes ou comuns e fortalecerlaços de cooperação, fomentando atroca de informações e promovendoiniciativas a favor da solidariedadeentre os povos e da paz.»IIllddaa FFiigguueeiirreeddoo, presidente do CPPC

«A Federação Mundial dosTrabalhadores Científicos está presenteem quatro continentes através das suasorganizações filiadas, que são em regraassociações sindicais representativasde trabalhadores científicos. A suainfluência alarga-se neste momento naEuropa de Leste e nos países doMagrebe. O trabalho da Federaçãoorientado para as questões da Paz e dodesarmamento organiza-se actualmenteno seio de uma comissão especializada(…) Os temas abordados maisrecentemente no seio da Comissão, têma ver com novos armamentos e formasde guerra ― os robots militares; asarmas ditas “não-letais” de tecnologia avançada que actuam sobreos sentidos ou sobre o sistema nervoso central, utilizáveis nocontrolo de populações civis, e a guerra cibernética.»FFrreeddeerriiccoo ddee CCaarrvvaallhhoo, vice presidente da Federação Mundial dosTrabalhadores Científicos

«Mas não há, então, esperança para a Humanidade? Há,certamente, e ela depende do alargamento da consciência cidadãdos trabalhadores e dos povos e da sua vontade de lutarporfiadamente em defesa da liberdade, da democracia e pelaconstrução de uma sociedade livre, pacífica e democrática. Estecaminho faz-se dizendo “presente!”, em pequenos massignificativos contributos para a construção de um futuro melhor.Como esta Assembleia!»AAvveelliinnoo GGoonnççaallvveess, ministro do Trabalho do I Governo Provisório(15/5 a 13/7 de 1974)

«Não passaram muitos anos sobre a afirmação do próprio ex-presidente da Reserva Federal americana, Sr. Alan Greenspan,com o cínico aviso de estarmos perante o início da maior recessãoeconómica dos últimos 60 anos. Lamenta-se que não tenha feito oaviso quando da sua tribuna de controlo e influência assistiu (…)mudo e quedo, aos esforços perseverantes de George Bush paraderreter os excedentes orçamentais herdados de Clinton e voltar aendividar o Estados Unidos até ao tutano, para melhor satisfazer asua clientela de amigos com interesses no petróleo, na indústriade armamento ou na reconstrução civil do Iraque.»MMaannuueell DDuurraann CClleemmeennttee, militar de Abril e membro daPresidência do CPPC

«Nascida do processo revolucionário iniciado em 25 de Abril de1974, a Constituição de República Portuguesa, promulgada em 2de Abril de 1976, reflecte e incorpora os princípios e objectivos

constantes do Programa doMovimento das Forças Armadas,enriquecidos com os ensinamentos eos avanços do processo revulocionárioimpar que muitos dos que estamosaqui, hoje, tivemos o privilégio deviver. (…) É na defesa daConstituição que o povo português há-de reencontrar-se nos caminhos deAbril.»JJoosséé BBaappttiissttaa AAllvveess, vice-presidente doCPPC

«A difícil e complexa situação quevivemos, a nível nacional einternacional, exige que sejamos,cada vez mais, uma voz actuante nadenúncia dos actos bélicos ou para-bélicos de ingerência, agressão eocupação de países e povos, mastambém na solidariedade para com asvítimas da repressão, da negação dosseus direitos nacionais, políticos,sociais, económicos ou culturais. Eesta luta será muito mais eficaz se,para ela, se congregarem organizaçõesque representam camadas e grupos

sociais que, reconhecendo os perigos que a situação comporta,estão disponíveis para acções convergentes em defesa dos valoresque defendemos.»CCaarrllooss CCaarrvvaallhhoo, dirigente do CPPC

«Este violento ataque aos direitos dos povos é indissociável doacelerado aumento da agressividade das grandes potênciasimperialistas, lideradas pelos EUA, envolvendo vários aliadoseuropeus e a NATO, traduzida em conflitos, ingerências,bloqueios, ocupações e agressões militares, num quadro de umapersistente ofensiva contra as soberanias nacionais, rapina dosrecursos naturais e domínio geoestratégico. São os casos daPalestina, Iraque, Líbano, Síria, Irão, Afeganistão, Líbia ou doSara Ocidental e de vários países noutros continentes, como Cuba,vítima de um criminoso bloqueio.»Intevenção da CCGGTTPP--IINN

3 CPPC

Palavras carregadas de futuro

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Nos últimos tempos, o povo daPalestina provou sentimentosantagónicos. Por um lado, o ter-

ror e a angústia por mais um criminosomassacre infligido por Israel contra a po-pulação da Faixa de Gaza e pelo incre-mento da ocupação da Cisjordânia. Poroutro, a alegria de ver o seu «Estado» re-conhecido como membro observadornão-permanente das Nações Unidas, porvotação esmagadora da Assembleia-geral. Em Portugal, como aliás em muitos ou-

tros países, o movimento da Paz acompa-nhou de perto o desenvolvimento da si-tuação na Palestina, promovendo acçõesde solidariedade com a luta do seu povo.No dia 22 de Novembro, quase ao mesmotempo em Lisboa e no Porto, centenas depessoas concentraram-se para repudiaros recentes massacres cometidos contraa população da Faixa de Gaza que, emoito dias, provocaram mais de centena emeia de mortos e mais de um milhar de

feridos, na sua maioria civis, muitos dosquais mulheres e crianças. Nessas acções, promovidas pelo CPPC

em parceria com outras organizações, exi-giu-se o fim dos massacres e da ocupaçãoe o respeito pelos inalienáveis direitos dopovo palestino, numa inquebrantável de-monstração de solidariedade. Ao mesmotempo que se garantiu que não se con-funde o agressor com o agredido, o coloni-zador com o colonizado, o opressor com ooprimido, nem tão pouco se confunde o re-

gime sionista com o povo israelita e as for-ças e milhares de activistas da paz exis-tentes nesse país.

Nasceu um Estado?

O debate e votação, pela Assembleia-geral das Nações Unidas, da elevação doestatuto da Palestina na organização mere-ceu também a máxima atenção do CPPC ede outras organizações nacionais. Por vo-tação esmagadora (138 votos a favor, novecontra e 41 abstenções), a Assembleia-Geral da ONU aprovou a elevação do esta-tuto da Palestina a «Estado observadornão-membro». A admissão de membros depleno direito está sujeito ao crivo do Con-selho de Segurança, logo, ao veto dos EUA.Mas tal não deve impedir que esmoreça

a exigência da criação de um Estado da Pa-lestina, um Estado independente, soberanoe viável, com capital em Jerusalém Leste.Foi precisamente este o teor da mensagemdirigida ao primeiro-ministro de Portugalno dia 23 de Novembro por cinco organi-zações nacionais (CPPC, CGTP-IN,MPPM, MDM, A25A), na qual se apelavaao Governo português para que apoiasse«em todos os fóruns internacionais e, emparticular, no Conselho Segurança e na As-sembleia Geral da ONU, o reconhecimentoda Palestina como membro de pleno di-reito» das Nações Unidas.

O drama e a alegria do povo da Palestina

O difícil combate pela liberdade e a independência

Firme solidariedadeO CPPC acolheu na sua sede, no dia13, um encontro entre uma delegaçãoda União Geral dos TrabalhadoresPalestinianos e diversas organizaçõesportuguesas que se destacam pelasolidariedade com a luta do povopalestino: CPPC, MPPM, MDM eCGTP-IN. A delegação palestina,agradecendo a solidariedade com a lutado seu povo, denunciou o agravamentoda ocupação israelita como represáliapelo resultado da votação daAssembleia-Geral das Nações Unidas.

Nos dias que se seguiram, revelaram os sindicalistas, intensificou-se o número decasas e terrenos agrícolas ocupados e a consequente expulsão de famílias e deagricultores, bem como a destruição de oliveiras – símbolo palestino e importanterecurso agrícola local. As próprias autoridades israelitas anunciaram entretanto aconstrução de mais colonatos na Cisjordânia. Da parte das organizações nacionais veio a garantia de que continuarão a trabalharpara que cresça no País a solidariedade ao povo palestino e o apoio à constituição doseu Estado independente, soberano e viável. No dia seguinte, o CPPC esteve presente, por intermédio do seu vice-presidente JoséBatista-Alves, na Conferência Sindical Internacional de Solidariedade com osTrabalhadores e o Povo Palestino, promovida pela CGTP-IN e pela central sindicalpalestina.

5 Notícias da Paz

Encontro com delegação Palestina

O reconhecimento do Estado da Palestina foiefusivamente saudado

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5 CPPC

O drama e a alegria do povo da Palestina

O difícil combate pela liberdade e a independência Duas mensagensEm resposta a uma missiva enviadapelo CPPC, MPPM, CGTP-IN eMDM aquando da sua visita aPortugal, o presidente daAutoridade Nacional Palestiniana,Mahmud Abbas, expressou a essasorganizações os mais «amplosagradecimentos, em nome doEstado da Palestina e do seu povo eem meu nome pessoal, incluindo ossentimentos de apoio esolidariedade sincera, valorizandoextremamente os vossos esforços eos esforços de todos os amigosportugueses na RepúblicaPortuguesa pelo grande papel eesforços contínuos que fazem emfavor do apoio aos direitos do povopalestiniano». Para o dirigente palestiniano,«foram estas posturas que semanifestaram recentemente navotação portuguesa a favor doreconhecimento do Estado daPalestina nas Nações Unidas comomembro observador» e foiprecisamente graças a estas«atitudes determinadas e apoiosicero aos nossos esforços paraalcançar a paz justa, à qualaspiramos» que se deveu aaprovação da resolução pelaAssembleia-Geral da ONU.Mahmud Abbas garantiu ainda queo Estado da Palestina «será, paraesta paz, um elemento positivo eactivo no alcance da convivênciaentre todos os povos da nossaregião, à sombra da segurança,estabilidade e da boa vizinhança».O presidente do Comité Executivoda OLP desejou sucesso às quatroorganizações e fez votos para que asua voz se faça ouvir cada vez mais,«expondo as práticas do poderocupante e a da construção viciosados colonatos violentos que, no casode persistirem, irão eliminar asolução dos dois estados e minarãotodo o processo de paz».

Energiainspiradora

Semanas antes, a MissãoDiplomática da Palestina emPortugal tinha já endereçado aoCPPC uma carta na qual expressava«os seus mais profundosagradecimentos, em nome de S.E.Presidente Mahmoud Abbas, dopovo palestiniano e desta Missão,pois sem os esforços e apoio doCPPC não teria sido possívelconseguir o voto positivo do Governode Portugal». Na missiva salienta-se ainda que a«votação a favor do reconhecimentodo Estado da Palestina e o votoafirmativo de Portugal indicam jáum passo em frente que, contudo,pretende ainda alcançar outroobjectivo final: o do reconhecimentoda Palestina como um país livre». AMissão apela «à multiplicação deesforços, hoje e no futuro, para quepossamos ver as esperanças dosobjectivos nacionais do povopalestiniano tornarem-se realidade». A terminar, a Missão Diplomática daPalestina afirma que «o vossocompromisso contínuo com a causapalestiniana simboliza para nós umaenergia inspiradora para podermoscontinuar empenhados na nossaesperança pela liberdade,autodeterminação e finalmente pelarealização de um Estadopalestiniano independente».Ao receber estas cartas, que são detodos os aderentes e activistas doCPPC que ao longo dos anoslevaram por diante importantesacções de solidariedade com a lutado povo da Palestina, o CPPCrecolhe também uma energiainspiradora para prosseguir emdiante com o esclarecimento e amobilização populares, essenciais àconstrução de um País e um mundode Paz e cooperação entre os povos.

Em Lisboa e no Porto repudiou-se o massacrecontra Gaza

Mensagem

de M

ahmud Abbas

Passada a votação – com o voto favorávelde Portugal – e no momento em que o pre-sidente da Autoridade Nacional Palesti-niana Mahmud Abbas visitava o País, oCPPC emitiu um comunicado em que rea-firmava a sua «firme solidariedade com aluta do povo da Palestina contra a ocupa-ção israelita e pela criação do seu Estadoindependente, soberano e viável». Nessaposição, o CPPC sublinhava que a eleva-ção do seu estatuto internacional vinha darmais força à «exigência de reconhecimentopleno do inalienável direito do povo da Pa-lestina a ter o seu Estado».Quanto ao voto favorável do Governo

português, o CPPC regista-o, acrescen-tando porém que este «terá que ser confir-mado nos próximos actos que venha a as-sumir relativamente ao problema daPalestina», nomeadamente condenando aocupação e as agressões cometidas contrao povo palestino e exigindo a garantia dosseus plenos direitos.

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6 Notícias da Paz

Várias organizações que integrarama Campanha Paz Sim! NATONão!, que durante o ano de 2010

levaram a cabo uma intensa acção dedenúncia pela realização em Portugal dacimeira da NATO – que culminou com agrande manifestação de 20 de NOVembroem Lisboa, que reuniu mais de 30 mil pes-soas –, emitiram um comunicado no qualreafirmam as exigências então feitas:«Oposição à NATO e aos seus objectivosbelicistas; retirada das forças portuguesasenvolvidas em missões militares da NATO;encerrar as bases militares estrangeiras eas instalações da NATO em território na-cional;dissolução da NATO; desarmamentoe fim das armas nucleares e de destruiçãomaciça; exigência do respeito e cumpri-mento da Constituição da República Por-tuguesa e das determinações da Carta dasNações Unidas, pelo direito internacionale pela soberania e igualdade dos povos.»Nesse comunicado, tornado público no

dia 20 de Novembro, lembrava-se aaprovação na cimeira de Lisboa de um«novo» conceito estratégico que tornou aNATO numa organização «ainda maisagressiva e “auto-mandatada” para inter-vir em todo o mundo sob qualquer pretexto,em defesa dos interesses das suas grandespotências, nomeadamente dos EUA». ALíbia foi a «primeira vítima deste “novo”conceito estratégico», tendo a agressão daNATO sido responsável por «brutais e de-

sastrosas consequências para o povo líbio».Foi ainda em Lisboa que, lembram as or-

ganizações, a NATO adoptou como seu oplano norte-americano de implementar oescudo anti-míssil, «com o qual os EUApersistem em adquirir a possibilidade dedesencadear um primeiro ataque surpresa,que permitiria anular a capacidade dissua-sora de outras potências alvo – o queagrava o risco de guerra nuclear».Subscreveram o comunicado as

seguintes organizações: Associação deAmizade Portugal-Cuba; Associação «In-tervenção Democrática»; Associação dos

Agricultores do Distrito de Lisboa; Associ-ação Portuguesa de Amizade e CooperaçãoIúri Gagárine; Associação Projecto Ruído;Casa do Alentejo; Colectivo Mumia Abu-Jamal; Confederação Geral dos Trabal-hadores Portugueses-Intersindical Na-cional; Confederação Portuguesa dasColectividades de Cultura, Recreio e De-sporto; Conselho Português para a Paz eCooperação; Ecolojovem «Os Verdes»;Federação dos Sindicatos de Agricultura,Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismode Portugal; Federação Intersindical dasIndústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléc-tricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Grá-fica, Imprensa, Energia e Minas; FederaçãoNacional de Professores; Federação Na-cional dos Sindicatos dos Trabalhadores emFunções Públicas e Sociais; IniciativaJovem; Interjovem/CGTP-IN; JuventudeComunista Portuguesa; MovimentoDemocrático de Mulheres; Os Pioneiros dePortugal; Partido Humanista; Sindicato deHotelaria do Centro;Sindicato dos Trabalhadores Civis das

Forças Armadas; Sindicato Nacional daAdministração Local e Regional/STAL;Sindicato Nacional dos Profissionais de Se-guros e Afins/Coimbra; Sindicato dos Pro-fessores da Zona Centro; União de Re-sistentes Antifascistas Portugueses; Uniãodos Sindicatos de Lisboa/CGTP-IN; Uniãodos Sindicatos do Porto/CGTP-IN; Voz doOperário.

Dois anos depois, o mesmo clamor

Paz Sim! NATO Não!

O CPPC recebeu, no dia 26 de Outubro, umadelegação da Associação do Povo Chinês para aPaz e o Desarmamento (CPAPD), presidida peloseu vice-presidente Liu Jingqin. Durante o encontro, a delegação da CPAPDexpressou que é desejo do povo chinês aliar odesenvolvimento económico e científicosustentáveis à melhoria das suas condições devida. Constitui ainda um seu objectivo acontinuação do desenvolvimento de relações com outros povos baseadas na cooperação eno respeito mútuo, com base na Carta das Nações Unidas e na Lei Internacional. Na reunião ficou ainda assumida a vontade de continuar a aprofundar a colaboração entreas duas organizações, e foi formalizado o convite para o CPPC se representar nascomemorações do 75º aniversário do “Massacre de Nanquim” (ver página 8). Recorde-seque o CPPC já participara numa conferencia a convite do CPAPD, em Pequim, nos finaisde 2011.

CPPC recebeu CPAPD

Manifestação “Paz Sim! NatoNão!”, Lisboa,

Novembro de 2010

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7 notícias da paz

Se restava ainda um pingo de cred-ibilidade a essa distinção que dápelo nome de Prémio Nobel da

Paz (que ao longo dos anos tem con-sagrado mentores da militarização e fau-tores das maiores agressões guerreiras dahistória recente) ela desapareceu este anocom a atribuição do prémio à União Eu-ropeia. Com o objectivo de denunciar aincúria e a manobra de propaganda queconstituia esta distinção, o CPPC lançouum abaixo-assinado de repúdio por esteprémio, que foi subscrito por mais de milpessoas. No texto que lhe serviu de base, lem-

brava-se que a União Europeia é, no con-junto dos seus estados-membros, «umdos maiores fornecedores de armas domundo», tendo-se envolvido nas últimasduas décadas em mais de uma dezena deconflitos militares, em vários continentes– ex-Jugoslávia, Iraque, Afeganistão,Líbia e, agora, na preparação de umanova agressão, desta feita à Síria. Alémdisso, trata-se de uma estrutura que setem vindo progressivamente a militarizare a intensificar o seu papel de «pilar eu-

ropeu da NATO», apoiando sempre apolítica agressiva deste bloco político-militar.O CPPC acrescenta ainda que a União

Europeia tem «protagonizado posições eacções que, contrariando os princípiosconsagrados na Carta das Nações Unidas,promovem uma incessante militarizaçãodas relações internacionais, sendo com-placente com a violação de direitos hu-manos, como se verificou, por exemplo,com os denominados «voos da CIA» – osseus criminosos sequestros e práticas detortura». Também os propósitos enuncia-dos pela UE e a sua acção merecem críti-cas, por se distanciarem de «valores eprincípios das relações internacionais,

como: o respeito da soberania; o não re-curso à ameaça ou uso da força; o re-speito pela integridade territorial dos Es-tados; a resolução pacífica dos conflitos;a não ingerência nos assuntos internosdos Estados; o respeito pelos direitos hu-manos e liberdades fundamentais; o di-reito à autodeterminação dos povos; e acooperação entre os Estados». As políticas da UE e os autênticos

planos de ingerência política e agressãosocial impostos à Grécia, a Portugal e àIrlanda, a que pretendem juntar a Es-panha e a Itália, também são motivos quepor si só inviabilizariam a atribução dogalardão, uma vez que intensificam asdesigualdades, o desemprego e a pobrezae põem em causa a soberania e inde-pendência desses países, constituindoassim uma ameaça à Paz.Um texto muito semelhante foi posto a

circular entre várias organizações eu-ropeias, tendo sido subscrito pelo CPPC;pelo INTAL, da Bélgica; Noruega pelaPaz; Aliança pela Paz e a Neutralidade,da Irlanda; Associação de Paz da Turquia;Comité da Paz da Geórgia.

Abaixo-assinado do CPPC

Mais de mil contra Nobel à UE

A notícia é da agência Reuters e deviaprovocar a indignação generalizada dopovo dos Estados Unidos da América. Pelomenos.

Um acórdão judicial norte-americanodeclarou que o governo não tem obrigaçãolegal de revelar as razões do assassinato decidadãos norte-americanos através de ata-ques de drones (aviões militares teleco-mandados). A juíza sustentou ainda a re-cusa da administração Obama em permitiro acesso da União Americana das Liberda-des Civis e do New York Times a materiaisrelativos ao uso destas armas para executar,no final de 2011, três cidadãos dos EUAque se encontravam no estrangeiro, acusa-dos (sem qualquer processo ou julgamento)

de terem ligações com a Al-Qaeda. A juíza sustenta, porém, que a sua deci-

são apenas se relaciona com o direito à re-serva deste tipo de informações e não como recurso a drones em si mesmo. Respondendo à decisão judicial, um

membro da União Americana das Liberda-des Civis considerou que esta nega oacesso público a «informação crucial sobreos assassinatos extra-judiciais de cidadãosnorte-americanos» e garante, de facto, «luzverde» para a prática de assassínios selec-tivos. «Como a juíza reconheceu, o pro-grama de assassínios selectivos levantaquestões profundas acerca dos limites dopoder governamental numa democraciaconstitucional. O público tem o direito desaber mais sobre as circunstâncias quelevam um governo a achar que pode matarpessoas legalmente, incluindo cidadãosdos EUA, que estão longe do campo de ba-talha e nunca foram acusados de umcrime», acrescentou.

Assassinatos com drones em segredo

Solidariedadecom a VenezuelaO CPPC enviou, no dia 12 deDezembro, uma mensagem desolidariedade ao embaixadorvenezuelano em Lisboa, com respeitoao estado de saúde do presidente daRepública Bolivariana da Venezuela,Hugo Chávez. Na missivareconhecia-se o «importante papeldesempenhado pela RepúblicaBolivariana da Venezuela e pelo seuPresidente em defesa da Paz, doprogresso, do bem-estar e dasolidariedade entre os povos».

Correcção: na última edição doNotícias da Paz enumerámos asorganizações que compunham osórgãos dirigentes do ConselhoMundial da Paz, eleitos naAssembleia de Katmandu, e, porlapso, não referimos o Movimento daPaz francês. Fica feita a correcção.

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8 Notícias da Paz

Conselho Português para a Paz e Cooperação

OCPPC esteve presente, nestes meses, em várias iniciativasinternacionais. Entre 10 e 16 de Dezembro, a presidenteda direcção nacional, Ilda Figueiredo, esteve na China (a

convite do Museu das Vítimas do Massacre de Nanquim), a parti-cipar nas iniciativas em torno dos 75 anos do massacre de Nanquim,em que as tropas ocupantes japonesas assassinaram mais de 300mil cidadãos chineses, naquela que era então a capital da China. Este massacre foi um crime de guerra cometido pelo exército im-

perial japonês, após a cidade ter sido ocupada, a 13 de Dezembrode 1937. O massacre prolongou-se durante semanas, até Fevereirodo ano seguinte. Depois de anos de intervenção na China e da ocu-pação de parte do seu território, o exército japonês inicia a agressãoe a ocupação generalizada da China em Julho de 1937, atacando eocupando Xangai e posteriormente Nanquim, que sofre constantesbombardeamentos e um prolongado cerco. Ilda Figueiredo teve ainda a oportunidade de intervir num Sem-

inário Internacional sobre a paz, na mesma cidade, na qual parti-ciparam outras organizações do Conselho Mundial da Paz e repre-sentantes da Associação do Povo Chinês para a Paz e o Desarma-mento (CPADP).Nos dias 15 e 16 de Dezembro, em Argel, teve lugar a III Con-

ferência Internacional sobre O direito dos Povos à Resistência: ocaso do povo saharaui. O CPPC fez-se representar por Inês Seixas,da Direcção Nacional e estiveram igualmente presentes represen-tantes portugueses da CGTP-IN, do Movimento Democrático deMulheres, da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental edo PCP.Na mensagem que dirigiu à conferência, a dirigente do CPPC

recordou o reconhecimento da República Árabe SaharauíDemocrática por parte de «dezenas de países de todo o mundo» ea aprovação de diversas resoluções na ONU no sentido de garantirao povo saraui o seu «inalienável direito à autodeterminação». Ape-sar disto, lamentou, a ocupação prossegue. Para o CPPC, acrescentou Inês Seixas, é «fundamental fortalecer

a luta contra a ingerência e a guerra, pela defesa da paz, pela soli-dariedade com todos os povos vítimas do colonialismo, da ocupação,da agressão, da ingerência, de bloqueios económicos e políticosque ferem o seu direito a decidirem livremente e soberanamente oseu presente e futuro». Em cumprimento da Constituição daRepública. Helena Barbosa, da direcção do CPPC, representou o Conselho

Mundial da Paz em Paris, na Conferência Internacional de Organi-zações Não-Governamentais promovida pela UNESCO no dia 13de Dezembro. Em 29 de Outubro, a presidente Ilda Figueiredo eFilipe Ferreira (membro da direcção nacional), participaram na con-ferência sobre a Crise Económica Global e a Crescente Militariza-ção das Relações Internacionais, que decorreu em Bruxelas.

China, Argélia, França, Bélgica

CPPC em iniciativas pelo mundo

Evocaçãodo massacre de Nanquim,

China

Solidariedadecom o povo Saaraui, Argélia

Conferência em Bruxelas

Conferência Internacional

da Unesco, Paris