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1 CPPC Notícias da Paz Conselho Português para a Paz e Cooperação Setembro/Novembro 2013 Mais força ao movimento da Paz A o longo deste último ano, o Conselho Português para a Paz e Cooperação reforçou- -se com a adesão de novos aderentes, a criação de mais núcleos, como em Évora e Moura, a realização de numerosas e diversificadas acções em mais zonas do País, com destaque para o Porto, Coimbra, Lisboa, Seixal e Alentejo. Como se pode ver nas páginas deste «Notícias da Paz», e na página do Conselho Português para a Paz e Cooperação no facebook, foram igualmente numerosas as tomadas de posição públicas, por iniciativa própria, ou em colaboração com outras organizações, sobre questões importantes para a defesa da Paz. Foi também em Portugal, por proposta do CPPC, que se realizaram, no Seixal, entre 31 de Maio e 2 de Junho, importantes iniciativas internacionais do Conselho Mundial da Paz, as quais beneficiaram do precioso apoio e da excelente cooperação da Câmara Municipal do Seixal e da Associação de Municípios da Região de Setúbal. É no seguimento desta intensa actividade que já se está a programar a realização da XXIV Assembleia da Paz, a 7 de Dezembro, em Lisboa, sob o lema «Construir a Paz com os valores de Abril». Será um momento da maior importância na vida do CPPC, apelando-se, desde já, à participação de todos, com propostas e sugestões para o programa de acção e intervenção futura do CPPC, para a mobilização dos aderentes e de todos os amantes da Paz, visando o reforço do movimento da Paz em Portugal e no mundo, o que assume particular importância no momento particularmente grave que vivemos. A si, que nos está a ler e que defende a Paz, solicitamos que nos contacte, que nos envie as suas opiniões e sugestões para o reforço do movimento da Paz e que adira ao CPPC, se ainda o não fez. Pela Paz, todos não somos demais.

Noticias da paz

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Notícias da Paz editado em Agosto de 2013.

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1 CPPC

Notícias da PazConselho Português para a Paz e Cooperação

Setembro/Novembro 2013

Mais força ao movimento da PazAo longo deste último ano, o Conselho

Português para a Paz e Cooperação reforçou--se com a adesão de novos aderentes, a

criação de mais núcleos, como em Évora e Moura, arealização de numerosas e diversificadas acções emmais zonas do País, com destaque para o Porto,Coimbra, Lisboa, Seixal e Alentejo.Como se pode ver nas páginas deste «Notícias daPaz», e na página do Conselho Português para a Paze Cooperação no facebook, foram igualmentenumerosas as tomadas de posição públicas, poriniciativa própria, ou em colaboração com outrasorganizações, sobre questões importantes para adefesa da Paz.

Foi também em Portugal, por proposta do CPPC,que se realizaram, no Seixal, entre 31 de Maio e 2de Junho, importantes iniciativas internacionais doConselho Mundial da Paz, as quais beneficiaram doprecioso apoio e da excelente cooperação daCâmara Municipal do Seixal e da Associação deMunicípios da Região de Setúbal.É no seguimento desta intensa actividade que já seestá a programar a realização da XXIV Assembleiada Paz, a 7 de Dezembro, em Lisboa, sob o lema«Construir a Paz com os valores de Abril». Será ummomento da maior importância na vida do CPPC,apelando-se, desde já, à participação de todos, compropostas e sugestões para o programa de acção e

intervenção futurado CPPC, paraa mobilização dosaderentes e detodos os amantesda Paz, visandoo reforço domovimento da Pazem Portugal e nomundo, o queassume particularimportância nomomentoparticularmentegrave quevivemos.A si, que nos estáa ler e quedefende a Paz,solicitamos quenos contacte, quenos envie as suasopiniõese sugestões parao reforço domovimento da Paze que adiraao CPPC, seainda o não fez.Pela Paz, todosnão somosdemais.

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Coube ao Conselho Português para a Paze Cooperação acolher e participar na or-ganização destas importantes reuniões,tendo beneficiado do precioso apoio e daexcelente cooperação da Câmara Munici-pal do Seixal e da Associação de Municí-pios da Região de Setúbal, as quais tam-bém participaram, com o CPPC, na orga-nização do Fórum regional Região de Se-túbal: pelo desenvolvimento, pela solida-riedade e pela paz.Participaram nas iniciativas muitas or-

ganizações do Conselho Mundial da Paz,vindas de diversos continentes e de cercade vinte países. Aqui estiveram delegaçõesdo Brasil, Cuba, Venezuela, EUA, Nepal,Turquia, Irão, Palestina, Congo, Chipre,Grécia, Finlândia, Noruega, Alemanha,Espanha, Dinamarca, Irlanda, Bélgica eLetónia. Marcaram também presença apresidente, o secretário-geral e o secretá-rio executivo do Conselho Mundial da Paz.Outras quatro organizações, cuja presençachegou a estar confirmada, acabaram pornão estar presentes, por razões de forçamaior, incluindo questões de atraso nosvistos, como aconteceu, por exemplo, como representante do Líbano.

Pelo desenvolvimento,pela solidariedade e pela paz!

Entretanto, no Fórum regional, alémdos membros de organizações e movi-mentos da paz que integram o ConselhoMundial da Paz e dos parceiros na suaorganização – CPPC, Câmara Municipaldo Seixal e Associação de Municípios daRegião de Setúbal – participaram orga-nizações que, pelos seus objectivos e in-tervenção, se debruçam sobre as ques-tões do desenvolvimento, da solida-riedade e da paz. Foram os casos, entreoutros, da CGTP-IN, do MDM, da ID, daInterjovem e da JCP, além dos embaixa-dores de Cuba e da Palestina, de repre-sentantes da embaixada da Venezuela edo Representante da Frente Polisário, doSaara Ocidental. Houve igualmentelugar a intervenções dos representantesde movimentos da Paz da Venezuela, daTurquia, de Chipre e da Palestina, osquais trouxeram as informações mais re-centes da evolução da situação nos seuspaíses e da luta dos seus povos pela paz.Estas iniciativas, que se revestiram de

grande importância para o reforço do

movimento da paz e a luta por ummundo mais justo, de progresso social,de desenvolvimento e da paz, decorre-ram num momento particularmentecomplexo da situação internacional, emque se sucedem guerras de agressão,ameaças e bloqueios, se promove a cor-rida aos armamentos, a proliferação debases e instalações militares e se põefrontalmente em causa o direito dospovos a decidirem livremente do seudestino, como salientou Ilda Figueiredo,em nome da direcção do CPPC.De igual modo, Socorro Gomes, presi-

dente do CMP, salientou a importânciadestas iniciativas, tanto mais quanto «seobserva, no mundo, o agravamento dascrises económicas e políticas, a intensi-ficação das acções intervencionistas eguerreiras das forças imperialistas, con-tinuadas e graves ameaças à paz e vio-lações dos direitos dos povos». Por suavez, o presidente da Câmara Municipaldo Seixal e da Associação de Municípiosde Setúbal, Alfredo Monteiro, depois dedar as boas vindas aos participantes, re-feriu-se ao empenhamento do municípioe da região de Setúbal no desenvolvi-mento, na solidariedade e na paz, dandoexemplos da actividade desenvolvida,incluindo no âmbito da educação para apaz.Foram temas presentes nos diversos

debates a crise do capitalismo, que in-tensifica a exploração e o desemprego,semeia a fome e a miséria, o recrudes-cimento do militarismo, sobretudo dosEUA, da NATO e dos seus aliados naUnião Europeia; a cada vez mais fre-quente ingerência das potências econó-micas e militares em diversos países,pondo em causa a sua soberania econó-mica e política, salientando-se a situa-ção no Médio Oriente, com destaquepara a Síria e a Palestina, sem esquecero Irão e o Líbano.Como também foi salientado por vá-

rios dos intervenientes nas diversas ini-ciativas, acumulam-se factores favorá-veis ao aumento das lutas dos povos,que se intensificam em muitos lados, le-vando ao surgimento de novos actoresna cena internacional, designadamentegovernos progressistas. Estes são facto-

Decorreram em Portugal, mais propriamente no Seixal, entre 31de Maio e 2 de Junho, importantes iniciativas internacionais doConselho Mundial da Paz (CMP): a primeira reunião do seu

Secretariado e a segunda reunião da Região Europa após a últimaassembleia do CMP, realizada em Katmandu, no Nepal, em Julho de2012.

Portugal recebeu reuniões do Conselho Mundial da Paz

A Paz construímo-la todos

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Estes dias de debates foram umimportante contributo para asconclusões da reunião doSecretariado do CMP. Entre asconclusões aprovadas, foramdefinidas campanhas e acções alevar a cabo nos próximos meses.Entre as campanhas e acçõesdefinidas, destacam-se:

– Celebração dos 65 anos dafundação do Conselho Mundial daPaz, com um plano específico deacções;– Campanha Internacional peladissolução da NATO, a culminarno dia 4 de Abril de 2014 (65.ºaniversário da NATO);– Organizar eventos assinalando os100 anos do início da I GuerraMundial;– Iniciativa Judicial Internacional deCrimes de Guerra, pelos crimescontra o povo da Síria, a realizarna Turquia;– IV Encontro Trilateral dosMovimentos da Paz da Grécia,Turquia e Chipre a ser realizadoem Creta (Grécia) em Outubro de2013;– I Trilateral de Marchas da Pazpelos Movimentos da Paz da Índia,Paquistão e Bangladesh (deLahore a Delhi e de Daca a Delhi)culminando num comício em NovaDelhi em Outubro de 2013;– IV Encontro Trilateral dosMovimentos da Paz do México,Canadá e EUA, tendo comoconvidada Cuba, a realizar naCidade do México durante oprimeiro trimestre de 2014;– III Seminário Internacional para aabolição das Bases Militares arealizar na província cubana deGuantánamo de 18 a 20 deNovembro de 2013.

Mais força à luta pela Paz na Europa

res que desempenham um papel posi-tivo na evolução da situação actual, naluta contra a exploração dos trabalha-dores e outras camadas da população,

contra as agressões e ingerências es-trangeiras, na luta pela justiça e o pro-gresso social, pela soberania dos povose pela paz.

Na reunião da Região Europa, da qual o CPPC é coordenador, participaram 12organizações do movimento da paz europeu, vindos da Alemanha, Chipre, Espanha,Irlanda, Grécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Bélgica, Letónia, Turquia e Portugal.Outras quatro que se tinham inscrito para vir, de França, Sérvia, Geórgia e Ucrânia,não puderam comparecer. Estiveram ainda presentes o secretário-geral e o secretárioexecutivo do Conselho Mundial da Paz (CMP).Cumprindo o seu papel de coordenação dos movimentos da Paz desta região, o CPPCenviou previamente para todas as organizações um conjunto de documentos, incluindocontributos para um relatório, propostas de moções e de iniciativas que, conjuntamentecom outras propostas, estiveram em debate nos trabalhos que decorreram em Portugal.Ilda Figueiredo, que representou o CPPC nessa reunião, dirigindo os trabalhos,chamou a atenção para as sérias ameaças à paz existentes em diferentes regiões domundo, incluindo na Europa, com a crescente agressividade do imperialismo e dassuas diversas componentes, designadamente a NATO, os EUA e a União Europeia.Ilda Figueiredo realçou ainda a vontade da organização a que preside em contribuirpara ultrapassar dificuldades de funcionamento do CMP, de forma a garantir que apartir de então este estivessem em melhores condições para uma dinâmica decolaboração e convergência em torno das graves ameaças à paz que estão na ordem dodia.Nas conclusões sobre iniciativas a desenvolver, manifestou-se acordo relativamente apropostas já aprovadas no Secretariado, nomeadamente:– uma campanha contra a NATO, inserida numa visão mais vasta – «Não aomilitarismo e à guerra: por um Mundo de Paz» – a culminar com uma iniciativa arealizar em Abril de 2014;– uma campanha que tenha por base a exigência do cumprimento dos princípios dasrelações entre os estados inscritos na Carta das Nações Unidas, como o respeito pelasfronteiras e integridade territorial dos estados e pelo seu direito à soberania eindependência; a não intervenção nos assuntos internos dos outros países e o fim detodas as formas de opressão e exploração nas relações entre estados.Reafirmada foi a necessidade de reforçar o Conselho Mundial da Paz, o que requer ofortalecimento de cada uma das suas organizações-membro e da sua acção coordenadano espírito dos princípios que deram origem, há quase 65 anos, ao Conselho Mundialda Paz.

Contrao militarismoe a guerra

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Nosdias 6 e 9 de Agosto de 1945,na fase final da Segunda GuerraMundial, os Estados Unidos da

América decidem unilateralmente bom-bardear as cidades japonesas de Hiro-xima e Nagasáqui com uma nova e a maisdestruidora arma até então usada emqualquer conflito militar: a bombaatómica. Os seus efeitos foram devasta-dores – centenas de milhares de vítimas,destruição da quase totalidade das infra--estruturas existentes, um rasto de se-quelas com origem nas radiações emiti-das que provocaram alterações sanguí-neas, doenças cancerígenas e más for-mações congénitas que perduram até aosdias de hoje.Este acto bárbaro, que mereceu o repú-

dio de largos sectores da opinião públicaa nível mundial, levou a uma enorme mo-bilização de vontades, de entre as quaisse destaca o Apelo de Estocolmo lançadopelo Conselho Mundial dos Partidários daPaz, em 1950: este Apelo exigia aproibição absoluta das armas atómicas; oestabelecimento de um rigoroso controlointernacional que assegurasse a apli-cação das medidas de interdição; o re-conhecimento público de que o primeirogoverno que viesse a usar a armaatómica, não importando contra que país,teria cometido um crime contra a Hu-manidade e deveria ser consideradocriminoso de guerra.Com a recolha de centenas de milhões

de assinaturas, o Apelo de Estocolmo as-sumiu-se como uma campanha de mas-sas sem precedentes e contribuiu paraque bombardeamentos como os de Hiro-xima e Nagasáqui não se tenham voltadoa repetir, ainda que, ao longos destes 68anos, diversas tenham sido as vezes emque os Estados Unidos da Américaameaçaram usar armas deste tipo sobrepopulações – caso da Guerra da Coreia.O Apelo de Estocolmo e a campanha

que se seguiu foram um importante con-tributo para que, em 1970, viesse a seraprovado o Tratado de Não Proliferaçãode Armas Nucleares – TNP – ratificado,até hoje, por 189 Estados. Contudo, osacordos alcançados até hoje – ABM//Tratado contra os Mísseis Balísticos(1972); CTBT/ Tratado para abolição dosensaios nucleares (1966); ou o novoSTART/ Tratado da Redução das ArmasEstratégicas – foram manifestamente in-suficientes para afastar os riscos de umconflito nuclear.

Uma causa do nosso tempo

O desenvolvimento de armas nu-cleares, tácticas e estratégicas, e os sis-temas de defesa antimíssil representamum perigo real. A Humanidade continua,pois, ameaçada por armas nucleares e dedestruição massiva, incomensuravel-mente mais potentes que as lançadassobre Hiroxima e Nagasáqui.Segundo um recente estudo do SIPRI,

Instituto sediado em Estocolmo, Suécia,divulgado no início de 2013, oito esta-dos – Estados Unidos, Rússia, França,Grã-Bretanha e China, India, Paquistão

e Israel (estes três últimos que nãoaderiram ao TNP) – detinham um totalde 17 270 ogivas nucleares, das quais 4400 armas nucleares operacionais.Destas últimas, duas mil são mantidasem estado de elevado alerta operacional.Também do ponto de vista económico e

social, os custos deste arsenal nuclearsão um pesado fardo para toda a Hu-manidade, sobretudo num momento emque, à boleia da «crise», se impõe umdesemprego esmagador, a recessãoeconómica, a redução do poder de com-pra e a diminuição das funções sociaisdo Estado.

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Recordando Hiroxima e Nagasáqui

Não às armas nucleares

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Apelo do CMPA propósito do 68.º aniversário dobombardeamento nuclear de Hiroxima eNagasáqui, respectivamente a 6 e 9 de Agostode 1945, o Conselho Mundial da Paz lançouum «Apelo para a abolição de todas as armasnucleares». Nesse apelo, lembra-se os 200 milcivis inocentes que morreram fruto dosbombardeamentos nucleares, cujos efeitosdevastadores permanecem nos dias de hoje.Acusando os EUA de se recusarem – quasesete décadas depois – a aceitar a «naturezacriminosa» dos bombardeamentos erecompensar as vítimas, o Conselho Mundialda Paz rejeita também a pretensa «necessidademilitar» dos ataques. Estes, esclarece o CMP,não surgiram de qualquer «necessidademilitar», visando sim «estabelecer asupremacia militar do imperialismo americanosobre o resto do mundo». Tanto assim foi,prossegue o CMP, que desde o final da SegundaGuerra Mundial, o governo dos EUA utilizouvárias vezes o seu arsenal nuclear para«ameaçar, intimidar e chantagear muitosestados nucleares ou não nucleares».Lembrando que existem actualmente «mais de20 mil ogivas nucleares armazenadas eminstalações militares em todo o planeta, commuitos milhares instaladas em bases militarese em frotas aero-navais, prontas a seremutilizadas», o Conselho Mundial da Pazrepudia que os EUA mantenham na suadoutrina militar o direito de utilizar as armasnucleares num primeiro ataque contra estadose «agentes» não nucleares.Para que a sobrevivência da Humanidade sejagarantida, acrescenta o CMP, há que acabarcom as armas nucleares e de destruiçãomassiva, sendo para isso fundamental cumprirum conjunto de exigências: pôr fim às guerrasimperialistas de agressão, respeitando asoberania e a integridade territorial dosestados; respeitar os princípios da Carta dasNações Unidas e a Acta Final da Conferênciade Helsínquia; acabar com as ameaças do usode armas nucleares, com os ensaios e odesenvolvimento de novas armas; estabelecerum compromisso universal para a interdição detodas as armas nucleares e de destruiçãomassiva; promover a desmilitarização dasrelações internacionais e o desarmamentoglobal e controlado.Em Portugal, subscreveram este apelo o CPPC,a Associação de Amizade Portugal-Cuba, aIntervenção Democrática, a JuventudeComunista Portuguesa, a Mó de Vida, oMovimento Democrático de Mulheres, aInterjovem, a CGTP-IN e as federações esindicatos FESAHT, Fiequimetal, STEFFAS,STAL (Setúbal) e Sindicato de Hotelaria doSul.

Como refere a Declaração Políticada Assembleia do Conselho Mundialda Paz, realizada no Nepal em Julhode 2012, a luta pela abolição dasarmas nucleares assume, tal como nadécada de 50 do século passado, umapremência que deve mobilizar todosos que lutam por um mundo de Paz,Progresso e Justiça Social.Em Portugal, as Campanhas pela

Abolição das Armas Nucleares, sob aégide ou o impulso do Conselho Por-tuguês para a Paz e Cooperação(CPPC) e de outras componentes doMovimento da Paz, têm uma história

de décadas. Relançar uma nova cam-panha, através de um abaixo-assinadoa ser subscrito a nível mundial, foiuma das decisões da reunião do Se-cretariado do Conselho Mundial daPaz, realizado a 31 de Maio e 1 deJunho deste ano em Portugal, maisconcretamente no concelho do Seixal.Dar corpo a esta decisão é, pois,

uma tarefa de todos os que se batemcom determinação e firmeza por ummundo de paz, livre de Armas Nu-cleares. Esta é uma das melhores for-mas de recordarmos as vítimas de Hi-roxima e Nagasáqui.

es

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On.º 2 do artigo 7.º da Consti-tuição da República Portuguesaestabelece que «Portugal pre-

coniza a abolição do imperialismo, docolonialismo e de quaisquer outras formasde agressão, domínio e exploração nas re-lações entre os povos, bem como o desar-mamento geral, simultâneo e controlado, adissolução dos blocos político-militares e oestabelecimento de um sistema de segu-rança colectiva, com vista à criação deuma ordem internacional capaz de asse-gurar a paz e a justiça nas relações entre ospovos».Pelo contrário, no Conceito Estratégico

de Defesa Nacional, todo ele orientado –de forma assumida, aliás – pelos vectoresestratégicos do bloco político-militar daNATO e da União Europeia estabelece--se como objectivo nacional permanente a

«contribuição para o fortalecimento dacoesão da UE e da NATO» (V – ContextoNacional, n.º 3). Logo a seguir, considera-se como linhas de acção estratégica areafirmação da «importância estratégica

da inserção de Portugal na NATO» (VI-Conceito de acção estratégica nacional,1.1) e a intensificação do relacionamentocom a NATO, participando no seu«processo de transformação» e «defend-endo a articulação estratégica» entre aNATO e a União Europeia (1.2). Este«processo de transformação» é o que re-sulta do Tratado de Lisboa, que represen-tou o alargamento da área de intervençãoda NATO e o reforço da sua capacidademilitar.Não seria preciso dizer muito mais para

deixar claro o completo desrepeito pelaConstituição da República Portuguesa queo Conceito Estratégico de Defesa Nacionalconsubstancia: aquela preconiza a dis-solução dos blocos político-militares (logo,da NATO); este o seu fortalecimento e aintensificação do relacionamento do Paíscom essa estrutura. Vale a pena, agora,transcrever o n.º 3 do artigo 3.º da Consti-tuição: «A validade das leis e dos demaisactos do Estado, das regiões autónomas, dopoder local e de quaisquer outras enti-dades públicas depende da sua conformi-dade com a Constituição.»Esta Constituição que foi já sofreu sete

revisões – todas para a esvaziarem dos va-lores de Abril – e que mesmo assim con-tinua a ser letra-morta para aqueles aquem o povo português mandatou para acumprirem e fazerem cumprir, sob jura-mento. Não é possível construir o futuro doPaís alicerçado em actos fora da Lei Fun-damental do País e a defesa da Paz não sefaz com estratégias de domínio universalpela força das armas. É urgente reencon-trarmo-nos nos valores de Abril.

Conceito Estratégico de Defesa Nacional

Contrário à Constituição de Abril

Existem hoje largas centenas de bases militares, dos mais variados tipos, situadas emsolo estrangeiro. Destas, mais de 95% pertencem aos Estados Unidos da América(estudos datados de Fevereiro deste ano indicam que os EUA possuem mais de milbases em todos os continentes, que vão desde as pequenas bases de vigilância,espionagem e rastreio às carregadas de soldados e material de guerra diverso, armasnucleares incluídas). A NATO tem 30 bases militares espalhadas pela Europa, a quese somam as actualmente existentes no Afeganistão e, mais recentemente, tem acessoàs bases militares da Colômbia.O Reino Unido e a França têm também bases espalhadas por diversos países. Quantoà Rússia, para além das existentes nos países saídos da extinta União Soviética,possui apenas uma base em Tartus, na Síria. Será adequado lembrar que a frota russaexistente no Mar Negro está dependente de autorizações da Turquia, país da NATO,para ultrapassar o Estreito do Bósforo e assim atingir o Mediterrâneo.Já a China, outro dos «actores» mundiais – até porque conta com assento permanente,e com direito a veto, no Conselho de Segurança das Nações Unidas –, não temqualquer base militar fora do seu território nacional.Desde tempos remotos que os sucessivos impérios se criaram e mantiveram através daforça militar, impondo aos povos conquistados duras penas, com um cortejo deselvajaria, destruição, rapina e privação de liberdade, quando não da sujeição àescravatura. Hoje, apesar de uma situação bem diversa desse passado histórico, osEUA e os seus aliados possuem uma força destruidora jamais vista: dominamcontinentes, criaram comandos militares para cada continente, possuem bases emmais de 150 países, actuando muitas vezes através de governos cleptocráticos,verdadeiros lacaios locais dos novos senhores.Com tais bases militares, os EUA cercam, hoje, todos os centros de recursos naturaisescassos e não recicláveis, que vão desde os hidrocarbonetos à água doce, passandopelos locais onde a biodiversidade é a riqueza maior, muita da qual ainda pordescobrir. Assim se explica as bases militares instaladas por todo o Globo.

Bases militares no estrangeiro

Uma realidade bem visível

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7 notícias da paz

Nodia 27 de Julho de 1953, foiassinado o armistício que pôsfim à Guerra da Coreia, di-

tando a divisão daquela milenar naçãoasiática, que se mantém nos dias dehoje. Para trás ficavam três anos de umaviolenta guerra – travada pelos EstadosUnidos da América e o governo pró-oci-dental por ele instalado no Sul daPenínsula corena, por um lado, e aRepública Democrática Popular da Co-reia, do outro – marcada não só por umaimensa desproporção de meios, comopela sucessão de massacres sobre apopulação civil e a utilização de arma-mento biológico por parte dos EUA. Nofinal da guerra, que o mais poderosoexército do Mundo não logrou vencer,milhões de coreanos tinham morrido edezenas de cidades, vilas, aldeias,fábricas e infra-estruturas do Norte ti-nham sido totalmente arrasados.Na origem desta guerra esteve a in-

gerência norte-americana e a sua recusaem deixar aos coreanos a decisão sobreo seu futuro: na sequência da derrota doJapão na Segunda Guerra Mundial, emAgosto de 1945, ficou acordado entre aUnião Soviética e os Estados Unidosque aquela libertaria da brutal ocu-pação japonesa a parte Norte da Penín-sula (até ao paralelo 38) e os segundosa parte Sul, o que efectivamentesucedeu. Em 1948, cumprindo o esta-belecido, a União Soviética abandonavaa Coreia, enquanto que os EstadosUnidos da América permaneceram a Suldo paralelo 38, impedindo a realizaçãodas eleições gerais previstas e et-ernizando o que deveria ser provisório:a divisão do país.Hoje, 60 anos depois da assinatura do

armistício (que não chegou a ser nuncaum acordo de Paz), o exército norte--americano permanece em força na Co-reia do Sul, com um contigente militarde mais de 30 mil homens e poderoso esofisticado armamento, incluindo nu-clear. É esta presença militar dos EUAna Coreia, e um pouco por toda a região

Ásia/Pacífico, o principal factor de blo-queio à reunificação pacífica da Coreia.

Exigências actuais

O que está em causa nesta região nãoé, como os grandes meios de comuni-cação pretendem fazer crer, a naturezados regimes que vigoram em cada umadas metades da Coreia. O que se sabeacerca deles é, aliás, muito pouco e tan-tas e tantas vezes deturpado ao sabor deinimagináveis interesses. Mais do queexigir a claudicação de uma das partes,importa criar as condições para que oscoreanos, sem ingerências nem pressõesexternas, possam resolver os seus dife-rendos e unificarem a sua pátria, divi-dida há tempo de mais por razões quelhe são totalmente alheias. Tal desígniosó será possível com a retirada imediatadas forças norte-americanas da Penín-sula da Coreia, com o fim da ingerên-cia, das pressões e das sanções sobre aRepública Democrática Popular da Cor-eia.No que respeita à desnuclearização

da Península da Coreia, ela não pode

ser vista de forma unilateral, deixandode fora dessa exigência o país que, nãosó foi o único até ao momento a terrecorrido às armas nucleares, como pos-sui o mais sofisticado arsenal, instaladofora do seu território e pronto a ser uti-lizado em qualquer parte do mundo empoucos instantes: os Estados Unidos daAmérica.Há que recordar, aliás, que mesmo

antes de a RDPC dar início ao seu pro-grama nuclear, já os EUA a tinham colo-cado no «Eixo do Mal», juntamente como Irão e o Iraque, e já então faziamexercícios militares conjuntos com aCoreia do Sul, tantas vezes simulandoum ataque à Coreia do Norte. E há queter sempre presente o que sucedeu aoIraque e à Líbia, dois países que acor-daram com os EUA – e cumpriram – oabandono dos seus programas nu-cleares.Como o CPPC desde sempre de-

fendeu, só o desarmamento geral, si-multâneo e controlado pode contribuirdecisivamente para desanuviar a tensãoexistente na Península da Coreia, bemcomo noutros pontos do Mundo.

Armistício na Coreia foi há 60 anos

Garantir a soberania,defender a Paz

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8 Notícias da Paz

Conselho Português para a Paz e CooperaçãoRua Rodrigo da Fonseca, 56 - 2.º 1250-193 Lisboa Portugal Tel. 21 386 33 75 email:[email protected] www.cppc.pt

Cumprem-se, no fim deste ano,dois anos de mandato dos actu-ais corpos sociais do CPPC. Os

preparativos já começaram para que, a 7de Dezembro, em local ainda a determi-nar em Lisboa, se possa realizar a XXIVAssembleia da Paz, sob o lema «Construir

a Paz com os valores de Abril».Nesta assembleia serão eleitos os cor-

pos sociais para o biénio seguinte, e de-batidos e votados os documentos que ori-entarão a intervenção e acção do CPPC aolongo desse período.Momento de importância central na

vida do CPPC em que todos poderão con-tribuir para o debate em torno da temáticada Paz e ajudar a reforçar o CPPC, re-forçar o movimento da Paz em Portugal eno mundo, a levar mais longe os ideais ea construção de um mundo mais justo,mais fraterno, um mundo de Paz.

7 de Dezembro, em Lisboa

XXIV Assembleia da Paz

Nos últimos meses o CPPC realizou um conjunto vasto ediversificado de acções e fez-se representar em iniciativaspromovidas por outras organizações e estruturas, sempre com oobjectivo de reforçar e alargar o movimento da Paz em Portugal.Especial destaque, pelo simbolismo e pelas perspectivas de futuroque abre à acção do CPPC, merece a constituição do núcleo deÉvora, que ocorreu em Abril.No Porto, o núcleo do CPPC realizou uma intensa actividade, deque se destaca a promoção de debates e a conclusão, com enormeêxito, do ciclo de cinema «Paz em Ciclo», com os filmes As Floresda Guerra, sobre o massacre de Nanquim, e «Sal da Terra»,relativo à luta dos trabalhadores latino-americanos para terem osmesmos direitos dos naturais dos EUA. Em Beja e Moura, osnúcleos do CPPC realizaram debates públicos sobre Abril e a Paz,que contaram com a participação de Ilda Figueiredo. Em Coimbra,tal como no Porto e em Lisboa, o CPPC fez-se representar nosdesfiles e manifestações do 25 de Abril e do 1.º de Maio.A estrutura central do CPPC também esteve bastante activa,desdobrando-se em diversas iniciativas, próprias ou de outros, eem tomadas de posição relativas a questões importantes para adefesa da Paz, como a solidariedade com os povos da Palestina,Cuba, Saara Ocidental, Chipre, Turquia e Síria; a rejeição doacordo firmado entre a NATO e a Colômbia e a reclamação daextinção deste bloco político-militar, entre muitas outras questões.Nestes meses, o CPPC promoveu ou participou em debates,sessões e acções públicas sobre: a Constituição de Abril e a Paz;a revolução bolivariana; o aniversário da Batalha de Stalinegrado;a juventude e a Paz; o 40.º aniversário da Frente Polisário. O CPPCfoi também promotor da concentração realizada junto à Embaixadada Turquia em Lisboa exigindo o fim da repressão sobre osprotestos populares naquele país e do acto público de recepçãoao presidente da Venezuela, Nicolas Maduro. O CPPC enviouainda saudações à II Conferência de Mulheres Sarauis, realizadaem Argel em Abril; à Conferência Internacional de Solidariedadecom o Povo Sírio, também em Abril, mas na Turquia, e àmanifestação de 23 de Maio e à greve geral de 27 de Junho,promovidas pela CGTP-IN.

Intensa actividade

Realizou-se entre 26 e 28 de Julho, na Barragem do Maranhão,em Avis, a quarta edição do Acampamento pela Paz. Estainiciativa, promovida pelo Comité Nacional Preparatório do18.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (que serealiza este ano em Quito, no Equador, com o lema «Juventudeunida contra o imperialismo, por uma mundo de paz,solidariedade e transformação social»), contou com oimportante apoio da Câmara Municipal de Avis.Foram três dias de debate, convívio, animação, cultura, música,cinema, desporto, workshops, uma visita à Feira Franca de Avise a pintura de um mural alusivo ao 18.º FMJE.Das diversas actividades, destaca-se a participação do CPPCno debate sobre «A luta anti-imperialista e o 18.º FestivalMundial da Juventude e dos Estudantes», através do seu vice-presidente José Baptista Alves. Interveio ainda nesse debateDuarte Alves, dirigente da Juventude Comunista Portuguesa.Nesse importante momento foram abordados temas como oimperialismo e a sua acção contrária aos direitos da juventudee dos povos, o valor das conquistas da Revolução de 25 deAbril de 1974 e como estas devem ser defendidas por todos,particularmente pelos jovens, como forma de resistência àtentativa da sua destruição.

Acampamento pela Paz