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NOTÍcIAS I REPORTAGEM ESPECIAL (51)3218-4395 Editora: Di one Kuhn dione. kuhn@zerohora.rom.br (51)3218-4702 Editor: Le andro FontOtxa le andro. fontoura@Ze rohora. rom.br ZERO HORA SEXT A-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2017 6 SENADO VAI PROPOR NOVA , LEI DA TERCEIRIZAÇAO TEXTO APROVADO pelo s deputado s projeto e que o presidente da Repú- Para o Planal to e a base governista, n ão deve se tornar marco legal b li. ca a seleção daquilo,q.ue ele o restrições é . _ vat sanctonar- defende Eumcto. vcl, pots tra desfigurar o espmto da para regularizar a COntrataçao de A ideia no Senado é retomar um proposta, além de obrigar nova vo- em preSaS. Se na dores pretendem projeto apr?vado em 2015 pela Câ- taçãona o que alongar ia A redação do projeto de lei é ruim. em diversos pontos e abre mais espaço parajudici alizaç ão de questões trabalhistas. Era para ser um avanço, tornou-se um retrocesso. . , mara, constderado "mrus encorpa- demaiS as diSCussoes. VOtar projetO em ate dUaS Sema na S do" por parlamentares. Ao contrá- Seja qual fo r a norma definitiva Somente nessa a tividade tem mais de 2 milhões de trabalhadores, e 60%dessa mão de obra é feminina, porque faz limpeza. Eninguém faz limpeza melhor do que a mulher. À exceção de mim, que sou muito bom. LAÉRCIO OLIVEIRA Deputado (SD-SE), relator do projeto da terceírização, em debate ontem FABIO SCHAFFNERf abio.schaffner@zeroho ra .com.br GUILH ERME MAZUI guilherme.mazui@grupo rbs.com.br RBS BRASiLIA E m no Congresso há 19 anos, a Lei das Tcrceiriza- ções apro vada quarta-f e ira pela Câmara não deve se tor- nar o marco legal definitivo sobre o tema. Um dia após a deliberação dos deputados, o Senado anun ciou a intenção de colocar em votação um outro projeto sobre o assunto. A iniciativa dos senadores te m o objetivo de aprese ntar para san- ção do pres id e nte Miche l Temer um texto mais e quilibr ado, ne m tão liberal às terceirizações como o aprovado na Câ mar a, mas tampou- co restritivo como as regras atuais. A t erceiri zação da at ividade- fim, eixo da mudança votada pelos de- putados, tende a ser mantida - Esse outro projeto que es trrunitando va i servir pru·a comple- mentar o texto da Câmara- diz o presi dente do Senado, Eunício Oli- veira (PMDB-CE). O acerto foi fc i to di reta mente e nt re Eunício e Temer. Pelo acor- do, a votação ocorrer á em até duas seman as. Dessa forma, os do is mo- del os de legislação aprovados no Congresso seri am enviados ao pre- side nte, a quem caberá consolidar uma nova lei pinçando artigos de cada texto. natural que se a prove o utr o rio da versão avalizada pel os depu- sobre o tema, ainda não pr o- tados na quarta, a matéria assegura jeção d os impactos que as novas ao traball1ador ter ceirizado as mes- r egras terão sobre a economia e mas condições oferec idas ao fun - o mercado de trabalho. Dados de cionár io da empresa co ntratante, 2014 fo rnecidos pelo Departamcn- como plano de saúde, por exemplo. to I ntersindical de Estudos Soc io- econômicos ( Di eese) apon tam a O HÁ EmMAOVAS SOBRE ex is tência de 13 milhões de tercei- IMPACTO DA LE GISLAÇÃO rizados no país, número que de- Também prevê a responsabilida- de solidária da co ntratante sobre eventuais passivos traba l histas da te rceiri zada c cria um fundo para garantir o p agamento de direitos trabalhistas que venh am a se r sone- gados em caso de fa lência. No texto aprova do quatta-feira, a r esponsa- bilidade da contratante é "subsidiá- ria", ou seja, ela responde judi- cialme nt e após esgotadas as tenta- tivas de cobrança da terccirizada -O projeto aprovado em 2015 tem 50 salvaguar das em favo r do trabalhad or t erce irizado. O que foi aprovado agora na Câmara tem apenas três. Eis a razão pe la qual votei contra na quarta-feira c, em 2015, votei a favor- justifica o de- purado José Fogaça (PMDB-RS). Re lator do projeta em discussão no Se nado, Pau lo Paim (PT-RS) qu er fa zer muda nças ainda mais prof undas. O pctista, que, com o apo io do então presidente da Ca- sa, Renan Cal heiros (PMDB-AL), trancou a trrunitação do texto po r dois anos, também prete nd e man- ter proibida a t erceir i zação da atividade-fim. Mas são escassas as chances dessa hi pótese prosperar. verá crescer com a liberação para a atividade-fim. Pr esidente do Se- br ae, Guill1erme Afif Domingos cita estudo da entidade mostrando que 4 1% dos donos de pequenos negó- cios esperaram aumentar o fatura- mento com a oferta de de serviços para outras empresas. - A terceirizaçiio é fator de gera- ção de emprego, opottunidade pa- ra o surgimento de ativídades para novos empreendedores. O operário vira empresário - resumiu Afif. As centrais sindica is contr árias à nova lei denunciam o que ser ia uma precarização das relações tra- ba lhistas. As entidades citam lcvrul- trunento do Dieese de 2014, segun- do o qual fimcionários de emp resas terceirizadas teriam remuneração 24% menot· do que os trabalhado- res da contrata11te. Em oficial, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) classificou como golpe avo- tação e convocou um dia nacional de protestos para 31 de ma rço. "A CUT não recon hece qualquer le- git imidade nessa votação, feita na calada da noite c a toque de caixa", diz o tex to. •c olaborou Cadu Ca l das FABIANO ZAVANELLA SÓCIO do escrrtóno Rocha, calderon e Advogados Associado Pode ser que algumas empresas mudem o modelo de gestão ao longo do tempo, mas é muito improvável que terceiri zem o que é essencial para o negócio, abrindo mão do poder de decisão. PAULO SÉRCiiO JOÃO Professor da FGV·SP (sem dúvi da, um estímulo à criação de novas empresas, mais especializadas. DER LV FIALHO D1retor-supenntendente do Sebrae-RS Dois projetos circulavam no Congresso, esse que foi aprovado na Câmar a e outro que está no Senado. Otexto do Senado é ma is aprimorado, mas infelizmente não é esse que vai para sanção pres i dencial. RENATO SIMÕES DA CUNHA Advogado do escr1tóno Souza, Berger , S1mões, Platma, Zou111 Advogados ENTENDA O QUE FOI APROVADO A terceirização Não lei regu- sancionado o Pelo texto a pro- O projet o não permi te que lamentando o projeto aprova- Quem vado na Câmara, prevê nculo Como tema. As regras O que do pela Câmara , mntntlilos quem contrata e Como fica entre a empresa O que é uma empresa funcionários cont ra te out ra é hoje atuais são defi- muda a terceir ização remunera o tra- o vincul o que contratou o pa ra r ealizar de- nidas por súmu - se torna i rr estrita e paga os bal hador é a em- empregatklo servo terceiri- terminados ser- la do Tribunal para todas as a ti- salários presa terceiriza- zado e os traba- viços. superior do Tra- v idades privadas da. A contratante lhadores. O vín- balho. A tercei- e parte das fun- é responsável cu lo empregatí- rizaç ão é per- ç ões no setor - apenas pelo pa- c io se ent re o mttida para ativi - blico. Uma es co- gamento dos trabalhador e a dades-meio. Ou la, por exe mplo, serviços pres ta- terceirizada. seja, um hospital poderá terceiri- dos pela terceiri - pode t erceirizar zar a contr ataç ão zada. a limpeza, mas de professores. não os médicos.

NOTÍcIAS I SENADO VAI PROPOR NOVA LEI DA … · Eis a razão pela qual votei contra na quarta-feira c, em ... Mas são escassas as chances dessa hipótese prosperar. verá crescer

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NOTÍcIAS I REPORTAGEM ESPECIAL (51)3218-4395

Editora: Dione Kuhn [email protected]

(51)3218-4702 Editor: Leandro FontOtxa

[email protected]

ZERO HORA SEXTA-FEIRA,

24 DE MARÇO DE 2017

6

SENADO VAI PROPOR NOVA , LEI DA TERCEIRIZAÇAO

TEXTO APROVADO pelos deputados projeto e que o presidente da Repú- Para o Plana lto e a base governista,

não deve se tornar marco legal bli.ca fa~a a seleção daquilo,q.ue ele o retor.n~ ~as restrições é in~~ciá-. _ vat sanctonar- defende Eumcto. vcl, pots tra desfigurar o espmto da

para regularizar a COntrataçao de A ideia no Senado é retomar um proposta, além de obrigar nova vo-em preSaS. Se na dores pretendem projeto apr?vado em 2015 pela Câ- taçãona C~mara: o que alongaria

A redação do projeto de lei é ruim. ~vago em diversos pontos e abre mais espaço parajudicialização de questões trabalhistas. Era para ser um avanço, tornou-se um retrocesso.

. , mara, constderado "mrus encorpa- demaiS as diSCussoes. VOtar projetO em ate dUaS SemanaS do" por parlamentares. Ao contrá- Seja qual fo r a norma definitiva

Somente nessa atividade tem mais de 2 milhões de trabalhadores, e 60%dessa mão de obra é feminina, porque faz limpeza. E ninguém faz limpeza melhor do que a mulher. À exceção de mim, que sou muito bom.

LAÉRCIO OLIVEIRA

Deputado (SD-SE), relator do projeto

da terceírização, em debate ontem

FABIO SCHAFFNER•

f abio.scha ffner@zeroho ra .com. br GU ILHERME MAZUI guilherme.mazui@grupo rbs.com.br RBS BRASiLIA

E m discus.~iio no Congresso há 19 anos, a Lei das Tcrceiriza­ções aprovada quarta-feira pela Câmara não deve se tor­

nar o marco legal definitivo sobre o tema. Um dia após a deliberação dos deputados, o Senado anunciou a intenção de colocar em votação um outro projeto sobre o assunto.

A iniciativa dos senadores te m o objetivo de apresentar para san­ção do presidente Michel Temer um texto mais equilibrado, ne m tão liberal às terceirizações como o aprovado na Câmara, mas tampou-co restritivo como as regras atuais. A terceirização da at ividade-fim, eixo da mudança votada pelos de­putados, tende a ser mantida

- Esse ou tro p rojeto que está trrunitando vai servir pru·a comple­mentar o texto da Câmara- diz o presidente do Senado, Eunício Oli­veira (PMDB-CE).

O acerto foi fci to di reta mente entre Eunício e Temer. Pelo acor­do, a votação ocorrerá em até duas semanas. Dessa forma, os dois mo­delos de legislação aprovados no Congresso seriam enviados ao pre­sidente, a quem caberá consolidar uma nova le i pinçando artigos de cada texto.

- É natural que se aprove outro

rio da versão avalizada pelos depu- sobre o tema, ainda não há pro­tados na quarta, a matéria assegura jeção dos impactos que as novas ao t raball1ador terceirizado as mes- regras terão sobre a economia e mas condições oferecidas ao fun- o mercado d e trabalho. Dados de cionário da empresa contratante, 2014 fornecidos pelo Departamcn­como plano de saúde, por exemplo. to I ntersindical de Estudos Socio-

econômicos ( Dieese) apontam a NÃO HÁ EmMAOVAS SOBRE exis tência de 13 milhões de tercei-IMPACTO DA LEGISLAÇÃO rizados no país, número que de-

Também prevê a responsabilida­de solidária da contratante sobre eventuais passivos trabalhistas da terceirizada c cria um fundo para garantir o pagamento de direitos trabalhistas que venh am a ser sone­gados em caso de falência. No texto aprovado quatta-feira, a responsa­bilidade da contratante é "subsidiá­ria", ou seja, e la só responde judi­c ialmente após esgotadas as tenta­tivas de cobrança da terccirizada

- O projeto aprovado em 2015 tem 50 salvaguardas em favor do trabalhador terceirizado. O que foi aprovado agora na Câmara tem apenas três. Eis a razão pela qual vote i contra na quarta-feira c, em 2015, votei a favor- justifica o de­purado José Fogaça (PMDB-RS).

Relator do projeta em discussão no Senado, Pau lo Paim (PT-RS) quer fazer mudanças ainda mais profundas. O pctis ta, que, com o apoio do então presidente da Ca­sa, Renan Calheiros (PMDB-AL), trancou a trrunitação do texto por dois anos, também pretende man­ter proibida a terceirização da atividade-fim. Mas são escassas as chances dessa hipótese prosperar.

verá crescer com a liberação para a atividade-fim. Presidente do Se­brae, Guill1erme Afif Domingos cita estudo da entidade mostrando que 41% dos donos de pequenos negó­cios esperaram aumentar o fatura­mento com a oferta de de serviços para outras empresas.

- A terceirizaçiio é fator de gera­ção de emprego, opottunidade pa-ra o surgimento de ativídades para novos empreendedores. O operário vira empresário - resumiu Afif.

As centrais sindicais contrárias à nova lei denunciam o que seria uma precarização das relações tra­ba lhistas. As entidades citam lcvrul­trunento do Dieese de 2014, segun­do o qual fimcionários de empresas terceirizadas teriam remuneração 24% menot· do que os trabalhado-res da contrata11te. Em no~1 oficial, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) classificou como golpe avo­tação e convocou um dia nacional de protestos para 31 de março. "A CUT não reconhece qualquer le­gitimidade nessa votação, feita na calada da noite c a toque de caixa", diz o texto.

• colaborou Cadu Ca ldas

FABIANO ZAVANELLA SÓCIO do escrrtóno Rocha, calderon

e Advogados Associado

Pode ser que algumas empresas mudem o modelo de gestão ao longo do tempo, mas é muito improvável que terceirizem o que é essencial para o negócio, abrindo mão do poder de decisão.

PAULO SÉRCiiO JOÃO Professor da FGV·SP

(sem dúvida, um estímulo à criação de novas empresas, mais especializadas.

DER LV FIALHO D1retor-supenntendente do Sebrae-RS

Dois projetos circulavam no Congresso, esse que foi aprovado na Câmara e outro que está no Senado. O texto do Senado é mais aprimorado, mas infelizmente não é esse que vai para sanção presidencial.

RENATO SIMÕES DA CUNHA Advogado do escr1tóno Souza, Berger,

S1mões, Platma, Zou111 Advogados

ENTENDA O QUE FOI APROVADO

A terceirização Não há lei regu- sancionado o Pelo texto a pro- O projeto não permi te que lamentando o projeto aprova- Quem vado na Câmara, prevê vínculo

Como tema. As regras O que do pela Câmara, mntntlilos quem contrata e Como fica entre a empresa O que é uma empresa funcionários

contrate outra é hoje atuais são defi- muda a terceirização remunera o tra- o vinculo que contratou o

para realizar de- nidas por súmu- se torna irrestrita e paga os balhador é a em- empregatklo serviço terceiri-

terminados ser- la do Tribunal para todas as a ti- salários presa terceiriza- zado e os traba-

viços. superior do Tra- vidades privadas da. A contratante lhadores. O vín-balho. A tercei- e parte das fun- é responsável cu lo empregatí-rização só é per- ções no setor pú- apenas pelo pa- cio se dá entre o mttida para ativi- blico. Uma esco- gamento dos trabalhador e a dades-meio. Ou la, por exemplo, serviços presta- terceirizada. seja, um hospital poderá terceiri- dos pela terceiri-pode terceirizar zar a contratação zada. a limpeza, mas de professores. não os médicos.

rodrigo.souza
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O QUE PODE VIR POR AÍ

Os efeitos do projeto de terceirização no mercado ainda são bastantes incertos. Especialistas têm dúvidas se, na prática, haverá precarização do trabalho, como afirmam os mais críticos ao texto aprovado na Câmara, ouse a legislação será capaz de estimular o empreendedorismo, como pontuam os mais otimistas. Ao especificar que a relação deve ser estabelecida entre empresas, onda de criação de cooperativas e de 'pejotização' de funcionários hoje contratados pela CLT, por enquanto, está descartada.

MICRO E PEQUENOS EMPREENDEDORES

o projeto pode estimular a criação de empresas especializadas em se111iços que hoje não costumam ser terceirizados-negócios especializados em etapasespeóficas de cada projeto, como reparação de veículos, promoção de eventos, se111iços de transporte e hospedagem e ligados à construção civil. um das barreiras é a exigência, na legislação aprovada na Câmara, de capital social mínimo para criação do negócio -uma condição para garantir segurança dos trabalhadores em caso de falência.

mOPERATNAS

O projeto não estimula a criação de cooperativas na medida em que o texto estipula que a terceirização de atividades só pode acontecer entre empresas. Conforme a legislação brasileira, cooperativas têm uma natureza jurídica diferente e não se enquadram na categoria empresa. OUtro entrave é a exigência de que a prestadora dese111iço tenha capital social mínimo de RS 100 mil para que possa ser contratada para se111iço temporário.

PEJOTIZAÇÃO

A terceirização de atividades deve ser estabelecida entre uma empresa e outra, não havendo possibilidade da contratação de diversos profissionais PJ (pessoa jurídica) para execução do serviço. Para realizar atividades de temologia da informação, por exemplo, uma companhia de n poderia contratar uma empresa terceirizada, mas não diversos de profissionais em regime PJ.Isso implicaria na contratação de diversas 'pessoas jurídicas", o que a lei veda.

As contribuições Quem ao INSS são res-recalheas ponsabilidade Quem paga

mntrlbu~ões à da terceirizada, férlas, n • e

Prevldênda7 a quem cabe re- FGTS colher 11% sobre o salários dos trabalhadores. Todos os meses, a empresa pre-cisa comprovar à contratante que fez o repasse das contribuições.

Também são de responsabil i -dade da tercei-rizada, a quem cabe pagar os benefícios e re-colher mensal-mente o FGTS. Todos os meses, a empresa pre-cisa comprovar à contra tante que está em dia com as obrigações trabalhistas.

ZEROHORA 7 SEXTA-FEIRA,

24 DE MARÇO DE 2017

Placar acende sinal de alerta O placar apertado na aprova­

ção da tcrceirização irrestrita do trabalho ligou o alerta no Palácio do Planalto e levantou dúvidas no mercado sobre a força do gover­no para emplacar as reformas da Previdência c trabalhista

Apesar da ampla base de apoio ao presidente Michel Temer, o projeto passou com 231 votos a fuvor e 188 contra, uma diferen­ça de 43 parlamentares. Se o te­ma fosse objeto de proposta de emenda à Constituição (PEC), como é o caso da reforma da Pre­vidência, teria sido derrotado. Mudanças constitucionais exi­gem, na Câmara, o aval de 308 dos 513 deputados.

No dia seguinte à votação, o mi­nistro da Fazenda, Henrique Mei­relles, tentou minimizar o resul­tado. Segundo ele, a reforma da Previdência é um projeto distinto e os parlamentares vão levar em conta o impacto das alterações na recuperação da economia

- A Previdência Social é outro projeto, outra discussão. Estamos trabalhando arduamente para conseguir que seja aprovado -disse Meirelles.

O otimismo demonstrado pelo ministro não reflete a avaliação de quem atua na articulação po-

NA CÂMARA

3 salvaguardas genéricas aos tra­balhadores terceirizados estão presentes no texto aprovado

pelos deputados, de quatro páginas e apresentado em 1998:

r Funcionários terceirizados não po­derão realizar serviços diferentes daqueles para os quais foram con­tratados.

r Terão as mesmas condições de se­gurança, higiene e salubridade dos empregados da contratante.

r Estarão abrangidos nas regras da CLT sobre fiscalização.

A terceirizada Comofkam não precisa es-os beneficios tender aos traba-adklonals, lhadores os be-mmo plano nefícios adicio-de saúde nais concedidos

pela contratante aos seus fun-cionários, como plano de saúde ou acesso ao refeitório. Já as condições de se-gurança devem ser iguais.

lírica do governo. Desde a sema­na passada, líderes dos principais partidos que apeiam Temer fala­vam que a terceirização seria um "teste" para conferir o tamanho da base em iniciativas polêmicas, com reflexo direto na vida dos tra­balhadores. Por isso, embora sufi­cientes por ora, os 231 votos obti­dos na quarta-feira preocupam.

Como a oposição reúne cerca de cem parlamentares, o Planalto contabiliza mais de 80 traições, inclusive no PMDB, legenda de Temer. Dos 44 peemedebistas que participaram da votação, 10 foram contra a terceirização, entre eles o gaúcl1o José Fogaça

PLANALTO PRETENDE VOTAR PRIMEIRO LEI TRABALHinA

Os principais aliados também registraram defecções. No PSDB, foram 11 deputados a negar apoio ao governo. Sigla do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o DEM teve sete votos contrários, mesma soma do PP, partido do líder do governo, Aguinaldo Ribeiro.

- O Planalto não tem votos pa­ra mudar a Previdência. A vota­ção da terceirização mostra que a pressão de fora para dentro do Congresso é mais eficaz do que

NO SENADO

50 salvaguardas, pelo menos, estão induí~as no prOjeto, de 16 pagi­

nas, sobre a regulamentação da tercei rização debatido em 2015 e que hoje tramita no senado -e esse número pode aumentar, segundo o relator do projeto, Paulo Paim (PT -RS):

r Restriçõesparaevitarqueasem­presas demitam seus funcioná­rios e os recontratem na sequên­cia como terceirizados.

r Obrigatoriedade de a contra­tante fiscalizar se a terceirizada

Aumenta perí-Como odo permitido

ficamos à contrata ção llabalhadon!s temporária. Até temporários agora, os traba-

lhadores podiam ser contra tados por até três me-ses. o texto apro-vado na Câmara eleva o prazo para nove me-ses- seis meses renováveis por mais três.

a pressão exercida pelo palácio com cargos - afirma a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Na estratégia para viabilizar as reformas, o Planalto avalia votar primeiro alterações na legislação trabalhista, feitas em um projeto de lei, cuja aprovação exige me­nos votos do que uma PEC. O cro­nograma do governo prevê apre­ck1r a proposta no fmal de abril.

No caso da Previdência, o Pla­nalto confia em aprovação fácil na comissão especial c mapeia o apoio à votação decisiva, em plenário, prevista para maio. Te­mer já recuou nesta semana ao excluir da reforma servidores estaduais c municipais. O cená­~io indica novas flexibilizações. E provável que o governo aceite mudanças em aposentadoria ru­ral, regra de transição, período de contribuição e benefícios de prestação continuada

Além de desidratar a versão original da PEC, o governo pre­tende enquadrar os deputados, barganhando cargos na máquina federal. O cam inho é tido como o mais viável para vencer a resis­tência de parlamentares, preocu­pados com a repercussão das pro­postas junto aos eleitores a pouco mais de um ano das eleições.

está cumprindo suas obrigações trabalhistas e previdenciárias, e garantia aos terceirizados dos mesmos se111iços de alimenta­ção, transporte e atendimento médico dos empregados direta­mente da contratante.

r Contratante e terceirizada pas­sam a ter responsabilidade 'so­lidária' em eventuais débitos com o trabalhador. No que pas­sou na Câmara, o trabalhador deverá, primeiro, procurar co­brar a terceirizada (responsabi­lidade subsidiária).

Em um primei-ro momento, a Quem

responde à terceirizada. Mas

Jus1191 do ao ajuizar a ação

Tlllbalho na Justiça, o tra-balhador cita as duas empresas, a contratante e a terceirizada. ca-soa terceirizada for condenada e não tiver como quitar o passivo, a contratante se-ria acionada.

SEGUE