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DIRECTOR ADRIANO CALLÉ LUCAS 07 DE JULHO DE 2009 TERÇA-FEIRA SUPLEMENTO QUINZENAL www.diarioaveiro.pt NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Investigador da UA premiado FELICIDADE NO TRABALHO P8 Parque Empresarial da Cortiça custa 11 Milhões INVESTIMENTO P3 Produção industrial apresenta-se menos negativa INE P9 Sector da construção estreita laços com a Líbia EM AVEIRO P10 Shin Etsu fica com 96% da Cires OPA P2 AFIRMA ANTÓNIO DOMINGUES DE AZEVEDO, PRESIDENTE DA CTOC PAG4,5 E 6 Novo sistema é “uma verdadeira revolução contabilística” O PRESIDENTE da CTOC reforça que a entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística, em Janeiro de 2010, revela uma “verdadeira revolução contabilística em Portugal”

Novo sistema é “uma verdadeira Shin Etsu fica revolução ... - occ.pt · reproduzir o jornal que me custa, vamos imaginar, 50 mil euros. Eu tenho o custo no ano em que compro

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DIRECTORADRIANO CALLÉ LUCAS 07 DE JULHO DE 2009 TERÇA-FEIRA

SUPLEMENTO QUINZENALwww.diarioaveiro.pt

NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Investigador da UA premiadoFELICIDADE NO TRABALHO P8

ParqueEmpresarial da Cortiça custa11 MilhõesINVESTIMENTO P3

Produção industrial apresenta-semenos negativaINE P9

Sector da construçãoestreita laçoscom a LíbiaEM AVEIRO P10

Shin Etsu ficacom 96% da CiresOPA P2

AFIRMA ANTÓNIO DOMINGUES DE AZEVEDO, PRESIDENTE DA CTOC PAG4,5 E 6

Novo sistema é “uma verdadeirarevolução contabilística”

O PRESIDENTE da CTOC reforça que a entrada em vigor do Sistema de Normalização Contabilística, em Janeiro de 2010, revela uma “verdadeira revolução contabilística em Portugal”

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EN TRE VIS TA07 DE JU LHO DE 2009 TER ÇA-FEI RAWWW.DI A RI O A VEI RO.PT

ANTÓNIO DOMINGUES DE AZEVEDOPRESIDENTE DA CTOC

“Estamos perante uma verdadeira revolu

n Nos termos do normativolegal que cria o CTOC, oorganismo que representa osTécnicos Oficiais de Contastem como primordial missão

“auto-regular e auto-disci-plinar o exercício da profissãode Técnico Oficial de Contas,para além de desenvolvertodas as acções conducentes auma maior credibilização edignificação da profissão”.l

Dignificar os TOC é objectivo

n A CTOC é uma pessoacolectiva pública de interessesprivados, criada através doDecreto lei n 265/95, de 17 deOutubro, que foi revogado pelo

DL 452/99 de 5 de Novembro, oqual publica o estatuto daCâmara. Já a profissão deTécnico de Contas surge pelaprimeira vez no ordenamentojurídico português através daexigência de uma figura insertano Código da ContribuiçãoIndustrial, adveniente dareforma fiscal levada a caboentre 1958 a 1963.l

CTOC surgiu em 1995

n “Defender a dignidade eprestígio da profissão, pro -mover o respeito pelos prin -cípios éticos e deonto lógicos edefender os inte resses, di -

reitos e prerro ga tivas dos seusmembros” são atribuições daCTOC, assim como “promo -ver e contribuir para oaperfeiçoamento e a formaçãoprofissional dos seus mem-bros, designada mente atravésda organização de cursos ecolóquios”.l

Atribuiçõesafectas à CTOC

Quais são as implicações donovo Sistema de NormalizaçãoContabilística para as empresas?Trata-se, em substância, do temaque Portugal irá adoptar noâmbito das normas interna -cionais de contabilidade, ou seja,aquelas que tradicionalmentesão denominadas por IAS –International Accounting Stan -dard. As empresas têm umdeter minado tipo de orga -nização – que nós tradicional -mente chamamos contabilidade– que obedece a determinadoscritérios. Por exemplo, quando éque considero um custocorrente do exercício ou umcusto diferido do exercício.Quando compro, por exemplo,uma máquina no jornal parareproduzir o jornal que mecusta, vamos imaginar, 50 mil

euros. Eu tenho o custo no anoem que compro a máquina outenho um custo durante umdeterminado tempo em que amáquina vai trabalhar parafazer os jornais.

Amortizando ao longo do ano oude vários anos.Exacto. Isto quer dizer que adeterminação da riqueza, dasituação patrimonial das em -presas faz-se através da conta -bilidade e a contabilidade temregras objectivas, que procuramestar, o mais possível, próximoda realidade, que se procuratransmitir através dos registoscontabilísticos, mas que sãoregras que assentam em prin -cípios. Ora bem, até hoje,Portugal, bem como toda estazona da Europa Ocidental, tem

vindo a seguir uma estrutura deorganização contabilística muitoassente em princípios e emvalores sustentados nos sis -temas normativos.

Que consistem em?...Os governos, ou as entidadescom competência para tal, fazeminterpretações e emitem opi -niões quanto a compor tamentosque os profissionais da conta -bilidade têm que ter em deter -minadas circunstâncias.

Na avaliação de determinadosequipamentos.Exactamente. A doutrina, sus -tentada muito nas teses fran -cesas, mas com muito enfoquena Alemanha, têm vindo aimperar nos países da Europatradicionalmente Ocidental, ou

seja, Portugal, Espanha, Itália,França, Alemanha, Bélgica. Nosrestantes países da Europa temvindo a desenvolver-se umaoutra doutrina, um outroespírito da contabilidade.

E qual é essa outra doutrina?Há princípios consagrados decomportamentos contabilísticosque têm que se sobrepor a toda anormalização. Dito de outramaneira, uns assentam noprincípio normalizador – queera o caso de Portugal até agora -, outros assentam na estruturaconceptual das normas interna -cionais de contabilidade, ou seja,nos princípios que estão consa-grados quanto à interpretação,quanto à funda mentação equanto à concep tualização dedeterminados comportamentos

das empresas. Por exemplo,uma imparidade, ou seja quandotenho um bem no meu stock,que produzi e que me custou, porexemplo, 12 euros, mas quando,hoje, o vou vender só o consigofazer por dez euros, o que tenhoque fazer? Os princípios, assentesnas normas interna cionais decontabilidade, são, no fundo,criados, orientados e concebidospor um organismo interna -cional – IASB (Interna tionalAccounting Standards Board) -,mas que decorre de outroorganismo internacional a elesubordinado, que é o maiororganismo internacional dacontabilidade – o IFAC (Interna -tional Federation of Accoun -tants). Estes organismos defi -nem comportamentos e criamas chamadas normas interna -cionais de contabilidade, ou seja,os entendimentos que estesorganismos fazem dos compor -tamentos dos profissionaisperante determinadas situações.Em substância, o profissionalperante uma determinada si -tuação vai “beber” não na regu -lamentação, mas sim nos princí -pios contabilísticos definidospor estas instituições.

Que são orientadores para todos os países.A segunda parte deste processo éas opções. Qual dos mecanismosé o melhor? Será o mecanismoassente num sistema norma -lizador (em que são emitidasnormas e todos as cumprem) ouo mecanismo em que oprofissional, perante assituações que a contabilidade lheaporta, tenha o conhecimento e

as orientações nos princípioscontabilísticos para enquadrar,depois, a situação com que sedepara dentro desses mesmosprincípios? As empresas sãoalguma coisa de dinâmico e deespecífico. Por exemplo, umaoficina de automóveis no centroda cidade de Aveiro poderá nãoter a mesma realidade conta -bilística que tem, por exemplo,uma oficina de automóveis nacidade de Águeda. Por isso, asnormas internacionais de conta -bilidade definem princí pios e,em função deles, tem que ser oprofissional que enquadra assituações que lhe vão surgindono dia-a-dia. O que estamos afalar é o sistema de norma -lização contabilística português,muito próximo destas normasinternacionais de contabilidade,mas com alguma especificidade,deixando aqui, também, aoGoverno alguma capacidade deintervenção. Ou seja, adoptamosas normas internacionais decontabilidade, mas criamos umsistema de normalização conta -bilístico português, muito próxi -mo e a “beber” na fonte das nor -mas internacionais de conta -bilidade. Não é a adopção, pura esimples, das normas interna -cionais de contabilidade.

Adaptado à realidade portuguesa.Dito de outra maneira, emPortugal nem temos um sistemasustentado na normalizaçãonem temos um sistema puro, emtermos do seu enquadramento,da aplicação directa, pura e sim-ples, das normas internacionaisde contabilidade. Temos uma

“ESTAMOS PERANTE UM PASSO MUITO SIGNIFICATIVO PARA A CRIAÇÃO UNIVERSAL DE UMA ÚNICA LINGUAGEMCONTABILÍSTICA, QUE ACHO QUE É EXTREMAMENTE POSITIVO”

Em entrevista ao DA Economia, o presidente da CTOC reforça que a entrada em vigor do Sistema deNormalização Contabilística, em Janeiro de 2010, revela uma “verdadeira revolução contabilística em Portugal”

PARA Domingues de Azevedo, a passagem da Câmara a Ordem é um prémio para os profissionais

EN TRE VIS TA

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espécie de sistema de conver -gência, que adopta os princípiosdas normas internacionais decontabilidade, mas salvaguardaalgumas situações concretas darealidade do nosso país.

Enquanto presidente do CTOCapoia esta alteração?Claro que apoio. Se tenho umsistema que me tem osprofissionais como cordeiri-nhos, que diz “tu tens que teorientar por aqui”; e se tenhooutro que diz “tu, como pro -fissional, vais avaliar a situaçãoque tens perante ti e vais enqua-drar essa situação nos prin -cípios contabilísticos das dou-trinas anglo-saxó nicas”…

Mas que imputa muita responsabilidade aos técnicosoficiais de contas.Imputa responsabilidadesporque ele tem que decidir. Eletambém tinha que decidir ante -riormente, só que anterior mentedavam-lhe os caminhos quedeveria seguir e agora dão-lhe osprincípios orientadores doscaminhos que ele deve traçar.

Não há aqui uma grande dose desubjectividade?Relativamente a isso, permita-me que diga o seguinte: não hásistemas perfeitos; há sis temasuns melhores do que outros. Hásistemas que res pondem de uma

forma mais ou menos integradaaos problemas que acontabilidade, que a gestão dodia-a-dia das empresas trazpara os registos das suasvariações patrimoniais. Este éum sistema que nos parece quedá maior liberdade aos pro -fissionais, que enquadra de umaforma mais sustentada asdificuldades de resolução dosproblemas dos profissionais e,naturalmente, exige dos pro -fissionais um concurso deinteligência e saber mais apro -fundado do que exigia até agora.Porque até agora, os outroscriavam as normas para osprofissionais, agora tem que sero profissional a enquadrar asnormas nas situações concretas.

Isso implica formação e daí asacções de formação que o CTOCestá a levar a cabo.

Evidentemente. Estão a sertratadas deste tema e que irão sermuito implementadas nodecurso deste ano. Como dizia, aúnica grande diferença é que oprofissional passa a ter muitomaior participação, natural -mente, como benefício para uma

maior transparência, umamaior adequação à realidade dacontabilidade das empresas e,acima de tudo, uma melhoriamuito significativa do relatofinanceiro, que é a forma comose apresenta aos inte ressados nasituação patrimo nial da em -presa – os tradicionais stake -holders – e o maior ou menorgrau de aderência da informaçãocontabilística à rea lidade pa -trimonial, à realidade eco -nómico-financeira das em -presas. Todos temos a ganharcom isto. Naturalmente, com umapelo aos profissionais de umamaior participação, de umconhecimento mais apro fun -dado do negócio, porque, atéhoje, a contabilidade serviaapenas, em muitos dos casos,para responder às exigências daadministração fiscal. Com aimplementação destas regras, a

contabilidade passa a ter,também, um papel muito maisacentuado nas tomadas dedecisão das empresas, naimagem que as empresas dãopara o exterior da sua situaçãoeconómica. Penso que todostemos a ganhar com isto e ainda

bem que temos esta alteração.Estamos perante uma verda -deira revolução contabilísticaem Portugal, do conceitotradicional de contabilidade emPortugal com um benefícioindiscutível. A título de exemplo,os americanos, que, tradicio -nalmente, eram um povo muitocioso das suas regras decomportamento contabilístico,com grandes tradições a nívelmundial na responsabilização,na organização das empresas,vão abandonar as suas US Gapespara adoptarem as normasinternacionais de contabilidade.Estamos perante um passo muitosig ni ficativo para a criação uni -versal de uma única lin guagemcontabilística, que acho que éextremamente positivo. Portugaldá um salto qualitativo enormeneste domínio.

Era uma mudança que urgia,porque o POC já existia desde1977.O POC cumpriu a sua missão enão podemos menosprezar opapel que teve. O POC cumpriuuma missão muito importanteem Portugal, porque veio har -monizar comportamentos, en -ten dimentos; veio, também,criar alguma organização nopensamento contabilístico e,acima de tudo, veio facilitar oacesso à organização e à infor -mação contabilística, porque até

aí, tínhamos os planos de contaselaborados de acordo com,enfim, a criatividade, as ne -cessidades das empresas, etc.,mas o POC veio impor regras etoda a gente passou a chamar omesmo nome às coisas, o que atéaí não acontecia, uma vez quecada um organizava a conta-bilidade de acordo com aquiloque queria. O POC teve aqui,indiscutivelmente, um papel deharmonizador muito grande ede grande divulgador dacontabilidade. Toda a gentefalava e compreendia a mesmalinguagem. Teve o seu papel;hoje, naturalmente, está com-pletamente desactualizado.

Acha que as empresas estãopreparadas para esta rev-olução, como a designou?99 por cento das empresasportuguesas são PME, o quequer dizer que em cerca de99 por cento das empresasestes problemas não são dosem presários, são dos pro -fissionais da contabilidade eda fiscalidade. A questãonão faz muito sentido,porque, de facto, são os pro -fissionais que fazem a conta -bilidade.

Então, reformulo a questão: osprofissionais estão preparados?Os profissionais começam aestar consciencializados das

alterações e, atendendo a quetemos uma formação muitoacentuada nos últimos quatromeses do ano e atendendo à

grande capacidade de adaptaçãodos Técnicos Oficiais de Contas,quando comparados com outrasprofissões – não esqueçamosque estamos a falar da profissãoque, durante três anos, revo -lucionou completamente o modode transmissão de ele mentos decomunicação, o modo de comu -nicação entre a admi nistraçãofiscal e as empresas, através dadesma terialização das declaraçõeselectrónicas, foram estes pro -fissionais que o fizeram e têm umacapacidade de absorção extraor -dinária. Aquilo que estamos a falarnão é assim nada de muito novopara os pro fissionais.

ção contabilística em Portugal”

PUB

n Os técnicos oficiais de contaspodem exercer a sua acti -vidade por conta própria,como profissionais inde pen -dentes ou empresários em

nome individual; como sócios,administradores ou gerentesde uma sociedade de pro -fissionais; co mo funcionáriospúblicos; no âmbito da pres -tação de um contrato de traba-lho individual celebrado comoutro técnico oficial de contas,outros profissionais, umapessoa colectiva ou um em -presário em nome individual.l

Exercício da actividadeTOC

n Os TOC devem “planificar,organizar e coordenar a exe -cução da contabilidade dasentidades sujeitas aos impostossobre o rendimento que po -

ssuam ou devam possuircontabilidade regularmente or -ga nizada, segundo os planos decontas oficialmente aplicáveis,respeitando as normas legais e osprincípios contabilísticos vi -gentes, bem como das demaisentidades obrigadas, medianteportaria do Ministro dasFinanças, a dispor de técnicosoficiais de contas”.l

Atribuiçõesafectas aos TOC

n Realiza-se, no próximo dia11 de Julho, em Évora, o VIIEncontro Nacional dos Téc -nicos Oficiais de Contas(ENTOC). O objectivo é fo -

mentar momentos de con-fraternização entre os Téc -nicos Oficiais de Contas, con -solidando laços e fomen tandoum espírito de união e soli -dariedade, tão impor tantesna vida de uma classe pro -fissional.l

Évora recebeencontro

“ESTE É UM SISTEMA QUE DÁ MAIORLIBERDADE AOS PROFISSIONAIS E QUE EXIGE DOS PROFISSIONAIS UM CONCURSO DE INTELIGÊNCIA E SABER MAIS APROFUNDADO”

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EN TRE VIS TA07 DE JU LHO DE 2009 TER ÇA-FEI RAWWW.DI A RI O A VEI RO.PT

n A proposta de lei 276/10, queautoriza o Governo a alterar oEstatuto da CTOC, vai servotada no Plenário da Assem -bleia da República no dia 9 de

Julho, a partir das 15 horas.Está, desta forma, cada vezmais próxima, a passagem aOrdem desta organizaçãoprofissional. A proposta foisub metida a discussão pú -blica até ao passado dia 17 deJunho, depois de aprovada emConselho de Ministros.l

CTOC pode passar a Ordem

n “Construindo o futuro” é otema genérico do III Con -gresso dos Técnicos Oficiaisde Contas que se vai realizar a24 e 25 de Setembro, no Pa -

vilhão Atlântico, em Lisboa. Àsemelhança do que aconteceuda segunda edição da ini -ciativa, a Câmara convidourepresentantes de todos ospaíses da CPLP a estarempresentes. Confirmada está apresença do presidente doTri bunal de Contas, Guil -herme de Oli veira Martins.l

Congresso dos TOC em Setembro O BOLETIM Informativo de

Maio de 2009, emitido pelaSecretaria de Estado do Orça -mento, refere uma diminuiçãodas receitas fiscais, nos pri -meiros cinco meses de 2009 emcerca de 20,7%, relativamente aigual período do ano anterior.

Paralelamente, o relatório Eurostat, divulgado recentemente,revela que a carga fiscal portuguesa, a contribuição dos impostospara o PIB, aumentou nesta década, tendo por referência 2000-2007,de 34,35% para 36,8%, invertendo a tendência na Zona Euro queregistou uma pequena descida da carga fiscal global de 41,2% para40,4%.

O Ministério das Finanças justificou estes números como sendoespelho dos «avanços no combate à fraude e evasão fiscais e àdiminuição da economia paralela».

Todos estes números fazem-nos questionar a actual “máquinafiscal”. Como justificar os referidos avanços no combate à fraude eevasão fiscal? Não deveriam os mesmos resultar num aumento enão numa diminuição das receitas fiscais?

Mais importante, devemos reflectir: que consequências para oscontribuintes terá esta diminuição das receitas fiscais? Maioragressividade por parte da Administração Fiscal na cobrança detributo, nesta incessante busca de consolidação das contas públicas?

E como ficam, no meio disto tudo, as tão aclamadas garantias doscontribuintes? É que todos concordamos que a Administração Fiscaldeverá vocacionar a sua actividade na cobrança efectiva dosimpostos devidos pelos contribuintes devedores, através dacobrança coerciva, mas também não podemos esquecer que ela pró-pria se encontra numa posição privilegiada em relação a esses con-tribuintes, ao dispor de todos os meios ao seu alcance na fiscalizaçãoe cobrança desses impostos. E não se diga que os contribuintes seencontram munidos de garantias bastantes para fazer face a umaeventual errada cobrança coerciva, porque o que temosefectivamente assistido é a uma redução gradual desses direitos egarantias.

Veja-se o caso das chamadas garantias idóneas a prestar peloscontribuintes que pretendam beneficiar do efeito suspensivo daexecução fiscal onde são prestadas, caso recorram a meiosimpugnatórios. Antes do Orçamento de Estado de 2007, a garantiaidónea caducava se a reclamação graciosa não tivesse uma decisãoem 1 instância no prazo de um ano, ou no caso de impugnação judicialou oposição à execução no prazo de três anos. A partir dele, os con-tribuintes ficaram impedidos de levantar as garantias prestadas, comtodas as consequências, independentemente do tempo que decorra atéque se obtenha uma decisão graciosa ou contenciosa. Mais, com arevogação do art. 183 -A do CPPT, também a norma que previa apossibilidade de levantamento da penhora em resultado dacaducidade da garantia, foi revogada, mantendo-se agora a penhora,mesmo que o processo de execução se encontre parado, mesmo quepor motivo não imputável ao contribuinte. Ora, se pensarmos, porexemplo, que entre uma impugnação judicial e a respectiva decisãodecorrem certamente mais de quatro anos e que, como já alguémreferiu, o Fisco perde 70% das acções em tribunal, ficam evidentes asgarantias, não dos contribuintes, mas sim Administração Fiscal!

Diminuição das receitas fiscaisvs garantias dos contribuintes

Não é terreno virgem.Não, não é. É apenas agora anecessidade de relembrar e dereestruturar os conhe ci men -tos, reorientando-os no sen -tido desta mova filosofia que éa doutrinas anglo-saxó nicas.

As acções de formação têm tidouma boa adesão?Muito boa. Os últimos ele -mentos de que disponho,estamos com 11.946 inscritosnestas acções de formação anível nacional, o que, atendendoao momento, é uma adesãoenorme por parte dos pro -

fissionais, o que revela, natu -ralmente, a vontade destesprofissionais de se familia riza -rem com este tipo de questõesnovas na profissão e de seprepararem para o próximoembate.

Considera que deveria ter sidodado um período de transiçãomaior?Não, não estou de acordo comessa leitura. Se verificarmos oque tem acontecido nas grandesreformas é que as coisasacontecem quando têm queacontecer. Se se reparar a

Espanha publicou estes decretosem Outubro para entrarem emvigor em Janeiro do anoseguinte; o IVA, o IRS, o código deIRC foram aprovados emNovembro para entrarem emvigor em Janeiro seguinte. Nãohá razão para alterar estascoisas.

O Governo vai votar a passagem daCâmara a Ordem na próxima quin-ta-feira.Sim. É um prémio merecidopara todos os profissionais, dadoo crescimento da própria pro -fissão e porquanto não tra tada a

um nível inferior. Penso que éum prémio que honra o que osprofissionais têm feito, deacordo com o seu “modus ope -randi” na profissão.

Quantos técnicos estão inscritos naCTOC?Temos inscritos 74.832 pro -fissionais, pese embora, destes,31.350 é que, no ano de 2007,assumiram responsa bilidadesde contabilidade. O que querdizer que mais de metade dosprofissionais, que não assumemresponsabilidades de contabi -lidade, querem continuar li -gados à Câmara, recebendoinformação diversa com regula -ridade. Devo dizer que a CTOCtem um processo de informaçãomuito completo e uma dasmelhores bases fiscais do país.

Com a passagem a Ordem haverámudança de designação?Não a defendemos. Voltar àdesignação de contabilista po -deria significar um retrocesso nacredibilidade atingida. Só de -veria ser usado o termo con -tabilista para licenciados outitulares de bacharelato em con -tabilidade e como apenas 35 porcento dos membros é que cum-prem estas características, pode -ria ser um ponto de conflito entretodos os elementos e a câmara.Outra razão é que o termo “oficial”impõe algum respeito. Destemodo, não pugnamos pela alte -ração da designação pelas razõesapontadas. Iremos ter uma Or -dem dos Técnicos Oficiais deContas, uma OTOC. l

n ANABELACASTELOBRANCOn Advogada

O NOVO sistema de normalização contabilística dá uma maior liberdade aos profissionais