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ano XVII | n o 77 | set/out/nov/dez 2017 de ação da Psicologia Novos campos entre linhas Psicologia no trabalho | Seu consultório | Pessoas trans | Teste rápido HIV

Novos campos - crprs.org.br · dicas de como abrir seu consultório, que cuidados ter em ... um amplo campo de atuação para a psicologia, que não se reduz à clínica individual

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ano XVI I | n o 77 | set/out/nov/dez 2017

de ação da Psicologia

Novoscampos

entrelinhas

Psicologia no trabalho | Seu consultório | Pessoas trans | Teste rápido HIV

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edição 77 | entrelinhas2

Deseja continuar recebendo a edição impressa?

Confira a data l imite para se cadastrar

Prazo até

Janeiro

Silvana de OliveiraPresidente do CRPRS

editorial

A partir da próxima edição da revista EntreLinhas, o CRPRS enviará somente a versão impressa às/aos psicólogas/os que manifestarem interesse em continuar recebendo a publicação pelos Correios.

Para continuar recebendo a versão impressa, acesse crprs.org.br/entrelinhasimpresso e preencha o formulário de adesão.

Atenção: a data limite para preencher o formulário e optar pela edição impressa é 31 de janeiro de 2018.

Calendário 2018Junto com esta edição impressa da revista EntreLinhas, os registrados estão recebendo os calendários do ano de 2018 que destaca as 12 especialidades da Psicologia: clínica, educação e escolar, políticas públicas, organizacional e do trabalho, hospitalar, trânsito, esporte, social, jurídica, psicopedagogia, psicomotricidade e neuropsicologia.

Quem não recebe a edição impressa da revista terá acesso ao calendário de forma individual, via Correios. Fique atento.

EditorialNuma época de crise econômica aguda e de perda acelerada de direitos sociais históricos, a edição 77 da revista EntreLinhas que você está recebendo agora abre um importante espaço para o debate de alternativas profissionais ao exercício da Psicologia. Aquela imagem do consultório particular como a forma de atuação mais comum ficou no passado: hoje, é necessário desenvolver outras habilidades e buscar novas formas de ação – seja em campos pouco explorados, como o comportamento dos consumidores, seja na ocupação de espaços públicos de atenção, como o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Nesse sentido, nossa reportagem de capa oferece subsídios para quem pretende enxergar mais além do que a graduação acadêmica dos nossos cursos universitários oferece. O conteúdo é completado pela seção Dia a Dia Psi, onde damos dicas de como abrir seu consultório, que cuidados ter em relação a despesas e receitas e também sobre o emaranhado de legislações tributárias que regem a abertura de uma empresa, mesmo que individual.

Na seção entrevista, conversamos com a psicóloga Maria da Graça Correa Jacques, pioneira no Rio Grande do Sul no campo da Psicologia Organizacional e do Trabalho. Na entrevista, Graça Jacques adverte para os danos causados pelas doenças psicológicas – que ainda figura como a terceira causa mais comum de pedidos de afastamento de trabalhadores de suas funções. E também relembra seu início profissional, as diferenças de abordagem entre Psicologia do Trabalho e Psicologia Organizacional.

Esta edição também oferece orientações sobre os testes rápidos para detecção de HIV, que desde agosto podem ser comprados nas farmácias por qualquer pessoa que queira verificar sua situação, e sobre a tradução, pelos psicólogos Ramiro Figueiredo Catelan e Angelo Brandelli Costa, de um importante guia de prática psicológica com pessoas transgênero. O documento, produzido pela Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês), será disponibilizado brevemente pelo CRPRS nos seus canais de comunicação com a categoria.

Boa leitura!

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Publicação quadrimestral do Conselho

Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

Comissão editorial: Angelo Brandelli Costa, Bruna Larissa Seibel,

Letícia Giannechini e Fernanda Fioravanzo

Jornalista Responsável: Flávio Ilha – MTb 6068

Edição digital: Belisa Giorgis

05 17

18

ExpedienteProjeto gráfico: Giornale Comunicação

Editoração e Revisão: Stampa Comunicação

Ilustrações: Ivone Bins

Impressão: Pallotti ArtLaser

Tiragem: 16.000 exemplares

Distribuição gratuita

crprs.org.br

twitter.com/crprs

facebook.com/conselhopsicologiars

youtube.com/crprs

sumário

Comentários e sugestões:[email protected](51) 3334.6799

02 EDITORIAL E NOTASNotas sobre ações realizadas pelo CRPRS

04 FIQUE ATENTONova sistemática de pagamento da anuidade

05 RELATO DE EXPERIÊNCIANúcleo de Apoio à Saúde da Família

06 REPORTAGEM PRINCIPALAlternativas profissionais no mercado de trabalho da Psicologia

12 ENTREVISTAPsicologia do Trabalho

16 DICA CULTURALDicas de atividades culturais

17 DIA A DIA PSIDicas para abrir seu consultório

18 PSICOLOGIA E PESQUISANormas para atendimento de pessoas trans

19 DESCENTRALIZAÇÃOA importância da criação dos Polos CRPRS

20 ORIENTAÇÃOSobre os testes rápidos para diagnóstico de HIV

21 VOCÊ SABIA QUE...Eventos, denúncias, processos e Visita ao CRPRS

22 ATIVIDADES DE OUTRAS INSTITUIÇÕESPrograma-se

06CAPA

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edição 77 | entrelinhas4 fique atento

Pagamento daanuidade

A partir de janeiro, todas/os psicólogas/os registradas/os no CRPRS passarão a ter uma sistemática diferente de pagamento das anuidades. Devido a alterações de procedimento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), não será mais emitido um carnê para a cobrança.

(51) 3334.6799 [email protected] www.crprs.org.br/cadastroecobranca

NÃO PAGUEI NENHUMA,

E AGORA?

MARçO

VIA TELEFONE, E-MAIL E SITE

ÚLTIMA CHANCE:

MAIS INFORMAÇÕES

ENTENDA

O QUE MUDOU

Cada registrada/o receberá apenas dois boletos pelos Correios: um para pagamento à vista da anuidade, com desconto de 10% para quitação em janeiro (último dia útil), e outro com o vencimento da primeira parcela do pagamento a prazo, com vencimento também em janeiro.

Quem pagar à vista não receberá mais nenhum documento e estará com a anuidade quitada.

Quem optar pelo pagamento a prazo, receberá em fevereiro as outras quatro parcelas de quitação da anuidade com vencimento no último dia útil de cada mês, até maio.

até 31/01 para opção de pagamento à vista com 10% desconto.

até 31/01 para primeira parcela da opção de pagamento parcelado.

Pagando à vista você não recebe mais boleto.

Datas da opção de parcelamento:Parcela 1 até 31/01Parcela 2 até 28/02Parcela 3 até 30/03 Parcela 4 até 30/04 Parcela 5 até 31/05

1) Quem não pagar em fevereiro terá mais uma oportunidade, em março, para liquidar a anuidade sem acréscimo (juro e multa).

2) Dessa vez sem nenhum desconto, com pagamento à vista. 3) A partir de abril, quem estiver em débito com o Conselho deverá procurar o Setor de

Cobrança para negociar prazos de liquidação.

1) Para quem não pagar à vista no vencimento de janeiro e nem optar pelo pagamento a prazo, uma nova fatura de pagamento integral automaticamente será remetida pelos Correios, sem você precisar solicitar.

2) A nova fatura integral terá desconto de 5% e tem vencimento em 28/02 (último dia útil).3) Para parcelar, a/o registrada/o deverá entrar em contato com o CRPRS por meio dos

canais de comunicação.

Não existe mais o carnê

Agora você vai receber dois

boletos em janeiro Outro boleto para opção parcelamento

Um boleto para opção à vista

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edição 77 | entrelinhas 5relato de exPeriência

nova forma deproduzir saúde

PARTICIPE! Quer compartilhar sua experiência como psicólogo/a? Envie um relato para [email protected]

PATRÍCIA FERRI (CRP 07/22.282) Tem especialização em Saúde Pública pela UFRGS e é mestranda em Ensino na Saúde na [email protected]

Há três anos atuo como psicóloga do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em um município do interior do estado do Rio Grande do Sul. O Núcleo foi criado em 2008 com objetivo de apoiar, ampliar e aperfeiçoar as Estratégias de Saúde da Família, tendo o matriciamento como sua principal atividade.

O matriciamento é entendido como uma nova forma de produzir saúde em um processo de construção compartilhada entre os profissionais, que podem ser de diferentes áreas da saúde, e os próprios usuários.

O trabalho cotidiano no NASF levanta alguns questionamentos sobre qual o papel dos psicólogos na Atenção Básica de Saúde. Atender? Diagnosticar? Encaminhar? E, nesse sentido, como se dá sua atuação no matriciamento? Interagindo com as práticas da Atenção Básica e fazendo trocas com outros profissionais de saúde, pude observar um amplo campo de atuação para a psicologia, que não se reduz à clínica individual.

Matriciar é uma tarefa desafiadora, pois torna necessário re(pensar) as práticas em saúde juntamente com os outros profissionais da área, tendo como objetivo comum a integralidade do cuidado de cada usuário. É preciso, portanto, pensar em ações de prevenção e de promoção da saúde.

Também é necessário fazer gestão e negociar com a gestão, com os profissionais e com a própria comunidade. O trabalho no NASF, então, apresenta aos profissionais diferentes territórios e equipes, unindo a educação permanente com os princípios da integralidade e da interdisciplinaridade.

Assim, a Educação Permanente em Saúde é fundamental no trabalho de matriciamento, pois propõe esse movimento de questionar e de transformar. Nós aprendemos com os profissionais da saúde e eles aprendem conosco, é um processo constante de aprender a aprender.

Mas é claro que existem ainda muitos desafios para o trabalho na Atenção Básica, entre eles a formação acadêmica que, em muitos casos, não oferece o olhar necessário para as políticas públicas. Observo, por exemplo, profissionais que não estão aptos a trabalhar de forma interdisciplinar, sendo esse um dos maiores desafio para o NASF: repensar a formação acadêmica e os processos de trabalho que se dão nas diferentes realidades, com vistas a um trabalho transdisciplinar.

Na minha vivência, acredito que todos os cursos da área da saúde, incluindo a Psicologia, precisam contemplar uma formação com um olhar político, crítico e reflexivo às políticas públicas. Trabalhar no Núcleo de Apoio à Saúde da Família demanda diálogo, flexibilidade e criatividade, com o objetivo de provocar mudanças na realidade em saúde.

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edição 77 | entrelinhas6 rePortagem PrinciPal

Tradicionalmente voltada para a clínica individual, a Psicologia tem experimentado outros campos de atuação a partir da iniciativa de seus profissionais – entre eles o esporte, a terapia sexual, o estudo do consumo e as políticas públicas de assistência social. Conheça um pouco dessas áreas a seguir.

de ação

Novoscampos

Na juventude, ele foi um esforçado jogador de tênis. Não mais que isso. Mas, como era apaixonado pela vida nas quadras, acabou cursando Educação Física, tornou-se técnico e desenvolveu uma carreira profissional nos bastidores do esporte. Foi ao cursar Psicologia, entretanto, que Márcio Geller Marques percebeu o vasto campo de possibilidades à sua frente. Um dos mais requisitados em sua área no Brasil, Geller moldou vencedores – entre eles o medalhista olímpico João Derly e os atletas da equipe de futsal do Internacional, bicampeões mundiais em 2002.

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edição 77 | entrelinhas 7rePortagem PrinciPal

N o v o s c a m p o s d e a t u a ç ã o d a P s i c o l o g i a

terapia sexual

comportamento dos consumidores

esporte assistência social

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edição 77 | entrelinhas8 rePortagem PrinciPal

Seja como consultor de atletas ou treinadores em seu consultório, seja atuando como profissional junto a clubes ou a federações, Geller é um exemplo de como a Psicologia pode se envolver com áreas tão distantes quanto quadras de esporte e a vida sexual das pessoas – caso da psicóloga Lina Wainberg, terapeuta de casais e doutora em Psicologia pela UFRGS. Ambas as áreas, assim como outras que serão abordadas nesta reportagem, despontam como boas alternativas de atuação para psicólogas e psicólogos que desejam trilhar novas possibilidades na profissão.

O caso de Geller é emblemático porque ele conseguiu reunir suas habilidades em um campo que se mostrou pouco explorado pela Psicologia. Hoje, ele atende mais de 20 atletas e treinadores, dá aulas em universidades, escreve livros e atua como consultor em clubes país afora. Mas ele adverte que são necessárias determinadas características para enfrentar o mundo do esporte, além de uma formação acadêmica adequada.

“É preciso entender o contexto do esporte, das competições, para aplicar as técnicas adequadamente. Nesse sentido, é bom que os profissionais que quiserem atuar nessa área tenham alguma afinidade, gostem de assistir ou praticar esporte. Os atletas precisam muito de ajuda especializada, já que a cobrança por resultados é cada vez maior e a pressão sobre eles, que são seres humanos como qualquer outro, também”, destaca o psicólogo.

Geller destaca as principais categorias teóricas demandadas pelos atletas: diminuir a pressão e aumentar a autoconfiança. “É o dilema mais comum porque o esforço e a competição podem causar muito sofrimento, ainda mais se os resultados não aparecerem. E como em geral é uma carreira curta, o vazio existencial é um risco constante”, complementa. O psicólogo só lamenta a pequena oferta de formação para profissionais interessadas/os na área, especialmente nos cursos de Psicologia.

“Com exceção de algumas experiências isoladas e bem-sucedidas nos anos de 1950 e 1960, entre elas com a seleção brasileira campeã mundial de 1958, a Psicologia nunca se envolveu muito com o esporte, que acabou sendo adotado pela Educação Física. É um campo muito promissor, desde que haja preparação e formação”, diz o psicólogo graduado pela PUCRS em 1999 e com doutorado em Salud y Deporte pela Universidade de Cádiz, na Espanha.

REDUzIR A PRESSãO E ELEVAR A AUTOCONFIANçA É O DILEMA MAIS COMUM PORQUE O ESFORçO E A COMPETIçãO PODEM CAUSAR MUITO SOFRIMENTO, AINDA MAIS SE OS RESULTADOS NãO APARECEREM.

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edição 77 | entrelinhas 9rePortagem PrinciPal

Mestre em Sexologia pela Universidade Gama Filho (RJ) e especializada em terapia Familiar e de Casais pelo Instituto da Família de Porto Alegre, Lina atesta que falar sobre sua sexualidade com um/a especialista é a consequência direta das pessoas estarem se permitindo enfrentar as dificuldades com relação a

um tema difícil. E ensaia alguns conselhos. “É necessário um trabalho interno contra os preconceitos que podemos ter nessa área para compreender que é o sofrimento, e não as práticas ou as fantasias, o nosso objeto de tratamento”, recomenda a psicóloga.

Nesse sentido, para Lina, as práticas e as fantasias dos pacientes devem servir como recurso terapêutico – sejam elas quais forem, mas desde que não gerem danos. “Nesses casos, o terapeuta deve adotar uma postura que ajude o paciente a aceitar as suas próprias preferências sem o sentimento de ser doente ou anormal. Um cuidado: usar uma linguagem técnica e uma postura não erotizada são iniciativas importantes para manter o ambiente de exploração desse campo seguro, sem o risco de haver confusão”, adverte. A especialista também acredita que uma boa rede multidisciplinar, incluindo profissionais com outras especialidades, como ginecologia, urologia, psiquiatria, fisioterapia pélvica, entre outras, é fundamental. “O diálogo entre as disciplinas é importante para o bom encaminhamento do tratamento”, finaliza.

Também com deficiências na formação especializada, o campo da terapia sexual vem crescendo na medida em que as transformações culturais se acentuam – caso, por exemplo, do prazer feminino na vida conjugal clássica. “Apesar de ser uma conquista que remonta aos anos de 1960, os homens se adaptam lentamente a essa reivindicação pelo prazer feminino. Além disso, a ampliação de possibilidades a partir da liberdade de escolha de gênero também fez com que seja cada vez mais necessário falar sobre sexo”, diz a terapeuta Lina Wainberg.

DIÁLOGO ENTRE AS DISCIPLINAS É

IMPORTANTE PARA O BOM ENCAMINHAMENTO DO

TRATAMENTO.

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edição 77 | entrelinhas10 rePortagem PrinciPal

Leia mais• Leia a íntegra da Nota Técnica do CFP em bit.ly/conpas2016

• Leia a íntegra da Nota Técnica do MDS em bit.ly/normativaSUAS

• Leia também a íntegra da Lei 12.435, de 2011, que regulamenta o SUAS em bit.ly/SUAS2011

Outro campo que tem chamado a atenção é o dos estudos na área do consumo, envolvendo consultoria para empresas que desejam qualificar sua relação com os clientes. “Nossa vida é mediada por artefatos, que podem ser produtos, ambientes, bens culturais ou qualquer outro objeto. Tudo envolve consumo. Mas não esse consumo vazio, essa avalanche de ofertas. As pessoas não querem mais isso”, provoca o psicólogo Leandro Tonetto, doutor em Psicologia pela PUCRS e um dos maiores especialistas na análise do consumo no país.

Para Tonetto, as empresas estão buscando cada vez mais entender esse consumidor crítico – por isso a demanda por profissionais que consigam desvendar a intenção desses novos personagens, mediados por redes sociais com menos filtros e sujeitos a mudanças bruscas de comportamento. Isso, segundo ele, provocou uma “sensibilização” do mercado, devido ao crescente “poder ao desconhecido” proporcionado pelas redes. “Quem pode ajudar as empresas a conversar com esses públicos voláteis é o psicólogo. Mas é muito difícil encontrar profissionais bem preparados para isso”, avalia.

Nesse sentido, o maior desafio é a/o psicóloga/o conseguir dialogar com áreas marcadamente técnicas nas empresas – engenheiros, projetistas, vendedores. E compreender que o foco deve ser valorizar a experiência, menos que a relação comercial. “O psicólogo não deve atuar como um publicitário. Ao contrário: deve se deter mais na experiência de uso do consumidor do que na relação de compra e venda com as empresas”, define.

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edição 77 | entrelinhas 11rePortagem PrinciPal

A assistência social também tem se mostrado uma área promissora de atuação profissional para as/os profissionais da Psicologia, especialmente a partir da regulamentação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em 2011. Na Nota Técnica “Parâmetros para Atuação das e dos Profissionais de Psicologia no Âmbito do SUAS, de 2016, O CFP reconhece que a formação acadêmica dos cursos de graduação “muitas vezes não abrange o conjunto de conhecimentos e habilidades necessários ao trabalho no campo das políticas públicas”.

“É um campo novo, que não está totalmente consolidado, mas muito promissor devido à previsão legal. Então, é importante que seja construído por meio da prática dos profissionais”, avalia a psicóloga Letícia Giannechini, da Área Técnica do CRPRS. Nesse sentido, é importante que as/os profissionais tenham em mente que, na assistência social, deverão atuar junto a comunidades em situação de vulnerabilidade e, muitas vezes, com demandas judiciais. A Nota Técnica 02/2016, do Ministério do Desenvolvimento Social, estabelece normas para a relação entre o SUAS e os órgãos do Sistema de Justiça.

A gestão do SUAS é municipal, portanto as possibilidades de atuação estão vinculadas a concursos públicos. Segundo Letícia, é importante buscar uma especialização na área de saúde pública – há residências multiprofissionais nesse campo, não restritas a médicos, na UFSCPA, no Hospital de Clínicas, na Ulbra e no Grupo Hospitalar Conceição.

Caminho promissor com SUAS

Tonetto também lamenta a pequena oferta de especializações na área. “Às vezes esse campo sequer é mencionado na graduação”, testemunha. E cita um exemplo clássico do papel que as/os psicólogas/os podem desempenhar no “design” (no sentido conceitual) do produto: um brinquedo direcionado para uma criança em desenvolvimento, ou mesmo um game voltado a um adulto, tem um peso muito grande na vida cotidiana desses personagens. “Grande demais para que um psicólogo não assuma participar de seu planejamento”, finaliza.

NOSSA VIDA É MEDIADA POR ARTEFATOS, QUE PODEM SER PRODUTOS, AMBIENTES, BENS CULTURAIS OU QUALQUER OUTRO OBJETO. TUDO ENVOLVE CONSUMO. MAS NãO ESSE CONSUMO VAzIO, ESSA AVALANCHE DE OFERTAS. AS PESSOAS NãO QUEREM MAIS ISSO.

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edição 77 | entrelinhas12 entrevista

A psicóloga Maria da Graça Correa Jacques é uma das referências no Estado em Psicologia do Trabalho, onde começou a atuar ainda nos anos de 1970. Pesquisadora e professora, nesta entrevista ela reflete sobre as diferenças e aproximações entre os campos do trabalho e das organizações, sobre os efeitos das más condições de trabalho na saúde da população e sobre os princípios éticos que devem pautar a atuação das/os profissionais.

deve ser nosso focoA ética

Com

unic

ação

CRP

RS

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edição 77 | entrelinhas 13

Há, na sua opinião, uma Psicologia Organizacional e do Trabalho? Ou estamos falando de campos inconciliáveis? A primeira coisa importante a dizer sobre isso é de onde se fala. Eu, por exemplo, falo do lugar da saúde do trabalhador, ou seja, meu recorte teórico e minha experiência profissional remetem a essa abordagem. Então, a primeira coisa importante é distinguir Psicologia do Trabalho da Psicologia Organizacional.Meu campo, que é a Psicologia do Trabalho, se apoia

muito mais nas questões teóricas da psicologia social para entender como a categoria Trabalho vai construir a nossa subjetividade. O que o trabalho traz para a construção do sujeito, da sua saúde e da sua doença. A Psicologia Organizacional tem outro recorte, tem por objetivo lidar com as organizações, com o mundo empresarial. Saúde é algo que a gente constrói nos ambiente em que se vive. Se entendermos que precisamos construir ambientes sadios dentro das organizações, para que ninguém adoeça, acho que se complementam.

Como se deu sua iniciação no campo da Psicologia do Trabalho? Comecei pesquisando portadores de lesão por esforço repetitivo (LER/DORT) no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, há mais de 20 anos. O que nos chamou a atenção na época? As pessoas chegavam ao ambulatório com dores em todo o corpo e não sabiam por que, não melhoravam. Na época [início dos anos de 1990] não se tinha clareza sobre a LER/DORT, alguns pesquisadores até acreditavam que era um sintoma psíquico. Abrimos espaços para reuniões em grupo e procuramos essas pessoas, num espaço em que pudessem expressar suas queixas. Muitas delas tinham sérias limitações, como fazer a higiene pessoal, arrumar os cabelos e até comer sem auxílio. Lembremos aqui do filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, e relembremos a data de sua realização: 1936. O registro nos revela o quanto a arte, muitas vezes, anda a frente da ciência.

Os efeitos são perversos. Estou contando isso para mostrar a realidade com a qual convivemos em muitos ambientes de trabalho. Uma realidade muito dura. A Psicologia do Trabalho procura compreender como o trabalho nos constrói como sujeitos, como o processo saúde/doença se articula com o nosso trabalho no dia a dia. Sobre o mundo do trabalho, a Psicologia foi chamada no final do século XIX, início do século XX, para se constituir em

mais uma ferramenta no processo crescente de industrialização. Desde então, a Psicologia foi se transformando e construindo um campo relevante, inclusive aqui no Rio Grande do Sul. Quando ingressei na Psicologia, no final dos anos de 1960, meu pai dizia que eu iria fazer uma coisa chamada “psi não sei o quê”. Acho interessante relembrar o comentário porque é demonstrativo de como nós, psicólogas e psicólogos, construímos essa ciência e a nossa profissão.

entrevista

Por exemplo?Psicologia do Trabalho e Psicologia Organizacional são construções dos nossos saberes e fazeres sobre o mundo do trabalho. São olhares não necessariamente conflitantes, mas não necessariamente complementares. Os pressupostos teóricos e os modos de intervenção não são semelhantes. O diálogo da Psicologia Organizacional com o campo da Administração é muito mais próximo, o que em determinadas situações pode conflitar com princípios, por exemplo, da saúde do trabalhador.

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edição 77 | entrelinhas14 entrevista

O desemprego recorde pode ter relação com as doenças psíquicas?O desemprego, em primeiro lugar, afeta a autoestima. Mas é um dano psíquico que pode ser mascarado, ficar em segundo plano devido à urgência do problema econômico. Toda a relação familiar fica comprometida, ou seja, ao demitir um trabalhador se adoece todo um núcleo

familiar. Isso é o que temos de entender. E esse grupo familiar, por consequência, vai aparecer nas redes públicas de assistência, vai ocupar esses espaços, vai sobrecarregar o sistema. É um ciclo bem perverso que até pode levar a um problema de saúde pública, embora tenha um caráter social mais grave que repercute nas relações familiares e nos processos educativos.

Nesse sentido, como as/os profissionais devem pautar sua atuação? A questão básica que tem de pautar os profissionais da psicologia é o princípio ético. Sempre. Lembro que como presidente do Conselho Regional fui chamada pelo Ministério Público porque havia denúncias de que a seleção psicológica estava sendo responsabilizada para não colocar pessoas negras na empresa em espaços de grande visibilidade. É difícil lidar com isso. Assim, os princípios éticos é que devem pautar o nosso exercício profissional.

A formação das/dos profissionais mudou muito?Quando comecei minha atividade acadêmica, na PUCRS, só havia a disciplina da Psicologia do Trabalho, cujos conteúdos lembravam muito a chamada psicologia industrial. Houve um grande esforço e conseguimos incluir, também, uma perspectiva da Psicologia Organizacional. Depois, já como supervisora de estágio na UFGRS, era comum ver estudantes ingressando muito motivados nas empresas. Mas o entusiasmo não durava seis meses

porque o sonho se desmanchava logo. Reunimos então os profissionais das empresas (chamados supervisores locais) para tentar entender o que acontecia. Qual foi a conclusão? Enquanto os conteúdos ministrados nos cursos de psicologia não mudassem, não seriam os locais de trabalho que fariam isso. Foi então que resolvemos (os professores da área) reestruturar todo o conteúdo programático da Psicologia do Trabalho, com conceitos de saúde do trabalhador, questões de assédio, danos morais, entre outros temas.

têm transtornos leves

30%

As doenças psicológicas continuam representando a terceira causa de afastamento do trabalho. Como avalia essa situação?É gravíssima. Quando temos como terceira causa de afastamento as doenças chamadas “transtornos mentais e do comportamento” (termo que não julgo adequado mas é da legislação), cresce a nossa preocupação. De 5% a 10% dos trabalhadores têm psicopatias graves. Cerca de 30% têm transtornos leves. Isso é muito grave. O estresse é uma queixa frequente que nos remete ao sofrimento. E os trabalhadores estão sofrendo por quê? As razões são muitas.

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edição 77 | entrelinhas 15entrevista

Assista ao vídeo com o depoimento da psicóloga Graça Jacques sobre Psicologia Organizacional e do Trabalho em youtube.com/crprs

O que diria para quem quisesse escolher hoje a Psicologia do Trabalho como campo de atuação?Estou muito crítica com esse campo. A questão principal para mim são os princípios éticos. Posso trabalhar na empresa tal? É uma empresa ética ou não? Há modos operacionais nessa empresa que vão contra os princípios éticos da nossa ciência e da

nossa profissão? Se a resposta for afirmativa, acho que não há como continuar. O caso do racismo, que mencionei no início: não cabe ficar em uma empresa que tem esse tipo de conduta. Mas eu entendo que estamos num mercado cada vez mais restrito, os psicólogos estão saindo em grande número das universidades e nem sempre tão bem preparados como deveriam.

Psicologia do Trabalho ou Organizacional?Psicologia do Trabalho é um recorte; Organizacional, é outro. Nenhum é melhor do que outro, são apenas diferentes. As opções são da ordem do profissional. A Psicologia está construindo todo um aporte teórico sobre o papel da categoria Trabalho na construção do sujeito, na sua saúde. A Psicologia Organizacional vem construindo fundamentação teórica e ferramentas na defesa do capital, mas também com a missão de voltar seu olhar para o sujeito trabalhador. É preciso estar preparado para isso.

A PRIMEIRA COISA IMPORTANTE É DISTINGUIR PSICOLOGIA DO TRABALHO DE PSICOLOGIA ORGANIzACIONAL.

MEU CAMPO, QUE É A PSICOLOGIA DO TRABALHO, SE APOIA MUITO MAIS NAS QUESTõES TEóRICAS DA PSICOLOGIA SOCIAL PARA ENTENDER COMO A CATEGORIA TRABALHO VAI CONSTRUIR A NOSSA SUBJETIVIDADE.

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edição 77 | entrelinhas16 dica cultural

A trama começa de modo convencional, quando o casal inter-racial formado por Chris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams) vai passar um fim de semana na casa da família dela, no interior dos Estados Unidos. A ideia é apresentá-lo aos pais da garota, ele um neurocirurgião (Bradley Whitford), ela uma psiquiatra adepta das técnicas de hipnose (Catherine Keener). Tudo vai bem, com os sogros brancos mostrando-se receptíveis ao genro negro, até que entram em cena os outros negros da trama – especialmente os dois empregados da casa (Betty Gabriel e Marcus Henderson) e um jovem e estranho amigo da família (Lakeith Stanfield). É só a partir daí que algo foge à normalidade. A direção hábil de Peele, porém, põe esse estranhamento em suspeição ao construir a narrativa a partir do olhar de Chris: seria apenas coisa da cabeça do jovem negro ou, de fato, haveria algo por trás daquelas aparências?

Filas quilométricas haviam sido formadas para que a população votasse, e tudo parecia correr como o previsto. No entanto, para desespero das autoridades eleitorais, a maciça maioria dos eleitores havia votado em branco. O voto em branco era a forma como haviam encontrado para se manifestar contra os absurdos praticados por políticos de partidos da direita, da esquerda e do centro. Políticos de partidos diferentes, mas com atuações semelhantes, usufruindo de privilégios que afrontavam a população. Os eleitores estavam cansados, revoltados. Para

se protegerem, os governantes decidem agir em nome da ordem, usando meios escusos. No entanto, o povo que já havia sofrido com a cegueira (primeira obra) demonstrava estar atento, não havia perdido a lucidez. A partir daí, as autoridades deixam a cidade entregue a si própria, abandonada e isolada. Entram em cena os mesmos personagens da obra anterior, desenhando a sequência da história. O livro traz uma forte crítica de Saramago às instituições do poder político que vestem a democracia, mas agem segundo o autoritarismo.

Corra!

livro

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Ensaio sobre a Lucidez

Um dos filmes mais badalados do ano, “Corra!” mistura suspense com ficção científica para falar de um tema delicado: o racismo. Sensação do Festival de Sundance em janeiro de 2017, acabou fazendo uma bem-sucedida carreira nos cinemas norte-americanos – no Brasil ficou pouco tempo em cartaz. Os críticos avaliaram o longa de Jordan Peele como extraordinário.

O escritor português José Saramago, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, tem como uma de suas obras mais destacadas o livro “Ensaio sobre a cegueira”. Entretanto, nove anos após o lançamento do clássico que o consagrou como um dos principais escritores de sua época, Saramago publicou “Ensaio sobre a lucidez” onde constrói um romance como par do livro anterior, propondo uma continuidade entre as histórias. “Ensaio sobre a lucidez” narra o processo eleitoral de uma cidade no interior de Portugal.

Divulgação

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edição 77 | entrelinhas 17dia a dia Psi

Uma das possibilidades de exercício profissional na Psicologia é ter seu consultório ou clínica particular.

Mas é preciso ter em mente que empreender não é uma tarefa fácil: além da documentação complexa, é preciso estar atenta/o ao equilíbrio entre receitas e

despesas para evitar contratempos.

Quem quiser seguir caminho pela psicoterapia e abrir seu consultório precisa estar atenta/o a determinadas condições. A primeira delas, segundo orientação da área técnica do Sebrae: psicólogas/os que queiram atuar no atendimento em psicoterapia não podem ser enquadradas/os como microempreendoras/es individuais (MEI) de acordo com o Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Então, é preciso obter um CNPJ de empresa individual.

Talvez seja desnecessário mencionar, mas para atender pacientes em atividades de psicologia é necessário ter formação superior e registro profissional junto ao CRP – do contrário está caracterizado o exercício ilegal da profissão. Também é necessário registro junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), necessário para atendimento por convênios na área da saúde.

Profissionais autônomas/os precisam recolher compulsoriamente o Imposto Sobre Serviços (ISS), cuja regulamentação e alíquotas variam de município para município. Além disso, precisam de registro junto ao serviço de vigilância sanitária de acordo com a Resolução 218/1997, do Conselho Nacional de Saúde, que reconheceu as/os psicólogas/os como profissionais da saúde.

DocumentosConsultórios e clínicas têm exigências semelhantes, mas diferem em relação ao tamanho do empreendimento. Um consultório exige investimento menor e, naturalmente, tem custos de operação mais reduzidos. Por outro lado, tem uma capacidade de receita mais reduzida que uma clínica de médio ou grande porte.

Além da documentação básica para abertura de consultório ou empresa individual, alguns cuidados legais devem ser observados no caso de abertura de clínicas:

01 Alvará de funcionamento: obrigatório após inspeção do serviço municipal de vigilância sanitária, conforme Resolução 216/MS/Anvisa, de 2004.

02 Registro e responsabilidade técnica junto ao CFP, de acordo com a Lei 6.839/1980 que dispõe sobre o registro de empresas nas entidades fiscalizadoras do exercício profissional.

03 Regularização junto ao Corpo de Bombeiros.04 Cadastramento junto à Caixa Econômica

Federal, no sistema INSS/FGTS, no caso de mão de obra registrada.

Os documentos, pareceres e afins que devem orientar a conduta profissional podem ser acessados em bit.ly/orientação.

dicas para abrir seu próprio negócio

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edição 77 | entrelinhas18 Psicologia e Pesquisa

pessoas transBoas práticas psi com

Tradução de guia da APA, criado para orientar profissionais da psicologia na realização

de práticas psicológicas afirmativas e culturalmente adequadas, deverá se constituir

em referência no trabalho com pessoas trans

Pessoas transexuais (ou trans) e travestis são aquelas que foram designadas com um gênero ao nascerem (nos registros civis), mas que no curso do seu desenvolvimento acabaram se identificando com outro. Por conta do preconceito e do estigma, enfrentam diversos desafios, como maior rejeição familiar e comunitária, expulsão domiciliar, evasão escolar e desemprego.

Em termos de saúde, sabe-se que acessam menos os serviços por receio de maus tratos. No caso da saúde mental, quando comparadas a pessoas cis (ou não-transexuais), mostram maior vulnerabilidade para depressão, ansiedade e abuso de substâncias, bem como taxas mais elevadas de ideação suicida e tentativas de suicídio.

As perspectivas psicológicas contemporâneas entendem que a transexualidade não é uma doença, mas uma variação normal da identidade de gênero, e que boa parte do sofrimento dessas pessoas decorre da vivência do preconceito, exclusão social e invalidação. Tal noção será cristalizada com a publicação da 11a Edição da Classificação Internacional de Doenças, onde a Incongruência de Gênero não mais constará no capítulo de Transtornos Mentais, mas no de saúde sexual geral.

Existe um campo crescente de pesquisas no cenário internacional que busca criar e adaptar estratégias

psicológicas e psicoterápicas culturalmente adequadas a essa população. Os estudos de gênero e sexualidade

no Brasil têm crescido nos últimos anos e vêm sendo paulatinamente incorporados ao pensamento psicológico. Porém, não há disponível ainda material

em português que dê orientações a profissionais da psicologia sobre como promover boas práticas

psicológicas com pessoas trans, de modo a respeitar suas identidades e expressões de gênero, validá-las e ajudá-las

a enfrentar um cotidiano de violências múltiplas.

Nesse sentido, após negociação com a American Psychological Association (APA), realizamos a tradução

do documento “Guidelines for Psychological Practice With Transgender and Gender Nonconforming

People”, criado pela APA para orientar profissionais da psicologia na realização de práticas psicológicas

afirmativas e culturalmente adequadas. A tradução será disponibilizada pelo CRPRS e pela Revista Temas em

Psicologia. Pretende-se, dessa forma, que se constitua num documento de referência para a categoria no

trabalho com a população trans.

Acesse o conteúdo traduzido de “Guidelines for Psychological Practice With Transgender and Gender Nonconforming People” crprs.org.br/diversidade

RAMIRO FIGUEIREDO CATELAN Mestrando em Psicologia Social e Institucional pela [email protected]

ANGELO BRANDELLI COSTA Doutor em Psicologia pela UFRGSProfessor da PUCRS e conselheiro do [email protected]

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edição 77 | entrelinhas 19descentralização

MANUELE ARALDI Psicóloga, Conselheira do CRPRS e integrante da Comissão de Descentralização

participação gestão democratiza e amplia

O objetivo é que sejam pensados, organizados e estruturados pelas próprias psicólogas e psicólogos da região

São espaços institucionais que estão sendo criados para que a categoria tenha uma referência do CRPRS mais próxima geograficamente

Os Polos do CRPRS, mais do que apenas espaços de encontro do Conselho com a categoria, serão espaços de participação democrática

Resolução que cria Polos do CRPRS começa a ser implementada para aproximar o Conselho da categoria e garantir espaços de participação e deliberação

Atenta aos pedidos de aproximação com a categoria, interiorização e ampliação dos espaços democráticos do CRPRS, a gestão AmpliaPsi

publicou a Resolução 06/2017, que estabelece a “implementação e funcionamento dos Polos do Conselho Regional de Psicologia do Rio

Grande do Sul, suas normas de organização e seus objetivos”.

Os Polos do CRPRS são espaços institucionais, descentralizados nas regiões do nosso Estado, que compreendem a organização e articulação

das psicólogas e dos psicólogos e que cumprem o papel de interiorização, descentralização e democratização da gestão política do Conselho.

São espaços institucionais que estão sendo criados para que a categoria tenha uma referência do CRPRS mais próxima geograficamente.

O objetivo é que sejam pensados, organizados e estruturados pelas próprias psicólogas e psicólogos da região em que forem constituídos,

sendo, assim, um importante espaço de organização política da categoria.

Os Polos do CRPRS, mais do que apenas espaços de encontro do Conselho com a categoria, serão espaços de participação democrática

que pautarão a gestão nos seus posicionamentos, diretrizes e ações, assim como ocorre nas Comissões na Sede em Porto Alegre e nos

Núcleos nas três Subsedes do nosso CRPRS – Centro-Oeste, Serra e Sul.

A Gestão AmpliPsi está investindo fortemente nas políticas de descentralização e de interiorização do CRPRS por compreender

que, quanto mais próximas/os estivermos, mais fortes seremos. A Psicologia certamente faz a diferença onde ela está e precisamos

que o nosso Conselho esteja cada vez mais próximo de todas/osnós para orientar, fiscalizar, defender e fortalecer a categoria.

E também para que a/o profissional siga defendendo nosso Código de Ética, nossa prática profissional baseada no projeto ético-político da Psicologia e nos direitos humanos para, assim, ofertar cuidado ético e responsável para toda a sociedade. Este é o nosso compromisso.

O Rio Grande do Sul é um estado imenso. Cada região tem suas particularidades e necessidades específicas, e precisamos apostar, cada vez mais, na potência da nossa categoria quando se organiza e debate a Psicologia e a sociedade como um todo. Assim, os Polos do CRPRS são um convite que o CRPRS faz a cada psicóloga e a cada psicólogo, de todas as regiões do nosso estado, para que participe da construção de uma gestão e de um Conselho cada vez mais forte, representativo e transparente.

Psicóloga/o: convida tuas/teus colegas para constituir um Polo do CRPRS na tua região! Vamos juntos construir o nosso Conselho!

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edição 77 | entrelinhas20

HIV/Aidsteste rápido de

orientação

Área técnica do CRPRS adverte que profissionais que não se sentirem capazes

ou habilitados a aplicar o exame não devem desempenhar a atividade, fundamentadas/os

no princípio da boa conduta profissional.

ÁREA TéCNICA DO CRPRSCoordenação Técnica: Lucio Fernando GarciaPsicólogas/os Fiscais: Adriana Dal Orsoletta Gastal, Flávia Cardozo de Mattos, Letícia Giannechini e Lúcia Regina Cogo

As/os profissionais psicólogas/os que atuam em serviço público de saúde, em especial em regiões onde a infraestrutura laboratorial é precária ou inexistente, podem participar da execução de testes rápidos para detecção de DSTs, HIV e Aids desde que se sintam capacitadas/os para o procedimento e tenham sido adequadamente treinadas/os por formadores reconhecidos pelo Ministério da Saúde.

Este procedimento visa ampliar as orientações em saúde da população atendida e oferecer alternativas para a detecção cada vez mais precoce da infecção pelo HIV. Nesse sentido,são processos multiprofissionais, uma vez que o aconselhamento de qualidade é fundamental para maior compreensão do HIV/Aids e para a adesão ao tratamento.

Para prestar esse serviço profissional, entretanto, a/o profissional deve buscar capacitação especifica que possibilite habilitar-se ao manuseio adequado do teste rápido, das orientações pertinentes a seu resultado e às demais considerações acerca das informações necessárias ao indivíduo examinado.

Profissionais de Psicologia, quando nessa atividade, não emitem diagnósticos de infecções sexualmente transmissíveis (IST), HIV ou Aids, mas atuam na orientação dos resultados e fazem as indicações pertinentes à situação do paciente em questão.

A/o profissional que for requisitada/o a trabalhar com teste rápido e não se sentir à vontade ou capacitada/o, ou se não tenha sido disponibilizado o treinamento adequado para esse fim, não deve desempenhar a atividade fundamentado no princípio da boa conduta profissional.

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edição 77 | entrelinhas 21você saBia que...

A Comissão de Ética do CRPRS tem tramitando atualmente 32 processos ético-disciplinares em diferentes fases processuais. Além disso, há 5 processos ético-disciplinares tramitando em fase de recurso junto ao CFP. Os processos são resultado de denúncias ao CRPRS ou de ações de fiscalização pela Área Técnica. As denúncias são

originárias de clientes (pessoas físicas, empresas ou instituições públicas) e poder judiciário.

7 processos tramitados, sendo:

12 processos tramitados, sendo:

4 processos tramitados

até 30 de novembro, sendo:

4 representações julgadas (2 penalidades de advertência,

2 penalidades de censura pública)

1 representação com absolvição

2 representações arquivadas

5 representações arquivadas

7 representações julgadas, sendo que em sua maioria

a penalidade foi advertência

2 representações arquivadas

2 representações por advertência

2015 2016 2017

Número de processos éticos

21 Caxias do Sul

19 Porto Alegre

6 Santa Maria

4 Pelotas

2 São Borja

2 Passo Fundo

2 Capão da Canoa

1 Alegrete, Osório, São Lourenço do Sul, Vacaria e Marau

Entre setembro de 2016 e setembro de 2017,

foram realizados 61 eventos

O projeto Visita ao CRPRS, que leva estudantes de Psicologia para conhecerem a sede e o funcionamento do CRPRS, mais do que triplicou o número de participantes no último ano,

chegando a quase 400 estudantes de 21 faculdades de todo o Estado. Confira o balanço:

Visita ao CRPRS

Eventos

161 Inscritos

Participantes

Faculdades

2016

2016

2016

2017

2017

2017

582

97

10 21

396

A atual gestão do CRPRS, Ampl iaPsi , tomou posse em 23 de setembro de 2016. De lá para cá ,

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edição 77 | entrelinhas22

JaneiroCURSO | Curso de férias: Conversando sobre teoria e técnica da psicoterapia psicanalítica03/01 a 24/01/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Curso de férias: Desvendando o simbólico na comunicação infantil03/01 a 24/01/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Curso de férias: Pulsão e seus destinos03/01 a 24/01/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Especialização em Reabilitação Neuropsicológica (Pós-Graduação Lato Sensu)Início em 27/01/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected] www.nucleomedicopsicologico.com.br

MarçoCURSO | Especialização em Terapia Cognitivo-ComportamentalMarço de 2018 a dezembro de 2019Pelotas/RS(53) [email protected]

CURSO | Especialização em Terapia Sistêmica com Indivíduos, Casais e FamíliaMarço de 2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

SEMINÁRIO | Formação em psicoterapia psicanalíticaMarço de 2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Formação em Terapia de EsquemasMarço de 2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Especialização em Terapias Cognitivo-ComportamentaisMarço de 2018 a dezembro de 2019Porto Alegre/RS(51) 3332-3249contato@wainerpsicologia.com.brwww.wainerpsicologia.com.br

CURSO | Especialização em Psicologia do Desenvolvimento de CarreirasMarço de 2018 a janeiro de 2020Porto Alegre/RS(51) [email protected]/pos

CURSO | Especialização em Avaliação PsicológicaInício em 03/03/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected] www.nucleomedicopsicologico.com.br

CURSO | Especialização em Psicologia Escolar e GestãoMarço de 2018 a janeiro 2020 Porto Alegre/RS(51) [email protected]/pos

CURSO | Especialização em Psicologia do TrânsitoInício em 16/03/2018 Porto Alegre/RS(51) [email protected] www.nucleomedicopsicologico.com.br

CURSO | Capacitação em Avaliação Psicológica para Manuseio de Armas de Fogo16/03/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Formação em Avaliação PsicológicaInício em 17/03/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected] www.nucleomedicopsicologico.com.br

CURSO | Atendimento Grupal – Clínica privada e Saúde pública – Módulo I17/03, 14/04 e 05/05/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Teste WISC IV – Módulo Básico23/03/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

atividades de outras instituições

Programe-se

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edição 77 | entrelinhas 23atividades de outras instituições

CURSO | Teste WISC IV: ênfase em avaliação neuropsicológica – Módulo Avançado24/03/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Desenvolvimento Psicológico da Criança24/03, 07 e 28/04/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

AbrilWORKSHOP | Redação de Laudos e Pareceres Psicológicos06/04/2018Porto Alegre/RS(51) 3330-4000marjana.comunicacao@projecto-psi.comwww.projecto-psi.com.br

CURSO | Teste Palográfico Avançado para RH06/04/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Atualização no Rorschach – R-PAS07/04/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Psicodiagnóstico de Crianças e Adolescentes07/04, 19/05, 09/06 e 07/07/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | WASI: Escala Wechsler Abreviada de Inteligência13/04/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

WORKSHOP | XII Workshop Internacional em TCC19/04/2018São Paulo/SP(19) 3241-0032inscricao@stresscongersso.com.brwww.stresscongresso.com.br

CURSO | Especialização em Psicologia JurídicaInício em 28/04/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected] www.nucleomedicopsicologico.com.br

MaioCURSO | Sintomas Psíquicos na Infância: compreensão19/05, 09 e 30/06, 14/07 e 04/08/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Atualização em Psicoterapia na Infância: a técnica19/05, 09/06, 30/06, 14/07 e 04/08/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Capacitação em Programas de Preparação para Aposentadoria25/05 e 08/06/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

WORKSHOP | Teórico e Vivencial de Mindfulness26/05/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

CURSO | Atendimento Grupal – Clínica privada e Saúde pública – Módulo II26/05, 16/06, 07/07 e 11/08/2018Porto Alegre/RS(51) 3330-4000marjana.comunicacao@projecto-psi.comwww.projecto-psi.com.br

CONGRESSO | Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica e Neurociências13 a 15/09/2018Porto Alegre/RS(51) [email protected]

Quer divulgar a atividade de sua instituição neste espaço?O EntreLinhas 78 chegará às/aos psicólogas/os em abril de 2018. Para divulgar sua atividade na próxima edição, preencha o formulário no link crprs.org.br/solicitardivulgacao até 01/03/2018.

A atividade será avaliada pela Área Técnica do Conselho e, sendo aprovada, será publicada na Agenda de Atividades de outras Instituições do site do CRPRS e do EntreLinhas.

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Endereço para devolução: Agência Rio Branco – CEP 90410-973