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NR-36 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS

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NR-36NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E

SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS

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MOACIR JOSÉ CERIGUELI

Engenheiro de Segurança do Trabalho;Professor de cursos de Engenharia de Segurança do Trabalho e de Técnicos de

Segurança do Trabalho em diversas instituições (UnC, Univates, SENAI e SENAC);Membro do GTT — Grupo Técnico Tripartite do DSST/MTE da NR-36, na condição de Assessor Técnico;

Ex-comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Videira/SC.

NR-36NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E

SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS

MANUAL DE APLICAÇÃO

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Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: RLUXProjeto de capa: FÁBIO GIGLIO Impressão: DIGITAL PAGE

Agosto, 2013

Todos os direitos reservados

Índice para catálogo sistemático:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Cerigueli, Moacir JoséNR-36 : Norma Regulamentadora de Segurança e

Saúde no Trabalho em Empresas de Abate eProcessamento de Carnes e Derivados / MoacirJosé Ceriguelli. — São Paulo : LTr, 2013.

Bibliografia

1. Doenças profissionais 2. Higiene do trabalho3. Normas regulamentadoras — Brasil 4. Saúdeambiental 5. Segurança e saúde — Administração6. Segurança do trabalho 7. Trabalho e classestrabalhadoras — Doenças I. Título.

13-08296 CDD-363.11

1. Segurança e saúde no trabalho : Normasregulamentadoras : Bem-estar social 363.11

Versão impressa - LTr 4886.2 - ISBN 978-85-361-2656-2Versão digital - LTr 7625.5 - ISBN 978-85-361-2689-0

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DEDICATÓRIA

À minha esposa Ivete e aos meus filhos, Amanda e Gabriel, pela compreensão e incentivo.

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AGRADECIMENTOS

Diversos profissionais contribuíram direta ou indiretamente na elaboração dos comentários referentes à nova Norma Regulamentadora (NR-36). As reuniões para a

construção da Norma no Grupo de Trabalho Tripartite (GTT), bem como os seminários para sua discussão e disseminação,

nos proporcionaram experiência e enriquecimento dos conhecimentos que passam a compor a presente obra.

Gostaria de lembrar as mensagens de apoio e contribuições e agradecê-las, pois nos motivaram a pôr em

prática esta obra, a qual, espero, possa contribuir para a melhoria das condições de Segurança e Saúde dos trabalhadores

das indústrias frigoríficas deste nosso País.

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Participaram da construção na NR-36 (GTT):

Nome Função Representação

Rômulo Machado e Silva Coordenador Governo

Rosemary Dutra Leão Titular Governo

Paulo Antônio Barros de Oliveira Titular Governo

Marly de Cerqueira Vasconcelos Titular Governo

Thaís Helena de Carvalho Barreira Titular Governo

Heiler Ivens de Souza Natali Titular MPT Governo

Sarah de Mattos Oliveira Assessora Técnica Governo

Laudiemy Rodrigues Martins Assessora Técnica Governo

Siderlei Oliveira Titular Trabalhadores

Roberto Ruiz Titular Trabalhadores

Adir de Souza Titular Trabalhadores

Defendente Francisco Thomazoni Titular Trabalhadores

Carlucio Gomes da Rocha Titular Trabalhadores

Maria Elídia Vicente Assessora Técnica Trabalhadores

José Modelski Júnior Assessor Técnico Trabalhadores

Ricardo Gouvea Titular Patronal

Vilço Medeiros Titular Patronal

João Luis Rosenbaum Titular Patronal

Oscar Antônio Trombeta Titular Patronal

Alexandre Perlatto Titular Patronal

Marcia Ricci O. Jacob Assessora Técnica Patronal

Moacir José Cerigueli Assessor Técnico Patronal

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Foram colaboradores na construção desta obra:

Nome Formação profissional Contribuição

Ane Gleisi Vivan Fonoaudióloga Capítulo XII — PCA

Alexandre Perlatto Advogado Análise técnica/jurídica

Audrey Fioravanço Médica do Trabalho Capítulo XII

Clóvis Veloso de Queiroz Neto Advogado Divulgação

Erick Ubaldo Batista Leão Engenheiro de Segurança Capítulo IX — Item 36.9.5

Fernando Henrique de Freitas e Silva

Fisioterapeuta Ergonomista Capítulos IV e V

João Carlos Lanziotti Médico do Trabalho Capítulo XII — Item 36.12.9

João Luis Rosenbaum Médico do Trabalho Análise técnica/Saúde

José Augusto Nunes Especialista em Amônia Capítulo IX — Item 36.9.3

José Carlos Franke Médico do Trabalho Capítulos V, IX e XII

Junior Clacindo Defani Ergonomista Capítulos XI e XVI

Leila Bumlai Borges Fonoaudióloga Capítulo XII — PCA

Luiz Gustavo Pires de Camargo Advogado Capítulo IX — Item 36.9.5

Marcia Ricci O. Jacob Engenheira de Segurança Capítulos I, VI, VII, VIII e XII

Mário Fantazzini Mech. Eng., Sefety Eng., Occ Hygienist

Capítulo VI — Item 36.6.3

Maurício Busatto Casagrande Engenheiro de Segurança Capítulo XI — Item 36.11.8

Newton Medeiros Engenheiro de Segurança Anexo II

Paulo Sérgio Candido Advogado Capítulo XIII

Ricardo Gouvea Advogado Análise técnica/jurídica

Rodrigo Bleyer Bazzo Advogado Capítulo XIII

Vilço de Medeiros Advogado Análise técnica/jurídica

Agradecimento especial:

ü Cesar L. Pasold Júnior, advogado — Responsável pela revisão jurídica.

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SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 15

PREFÁCIO ................................................................................................................. 17

NOTA DO AUTOR ..................................................................................................... 19

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 21

CAPÍTULO I ............................................................................................................... 27

CAPÍTULO II .............................................................................................................. 29

CAPÍTULO III ............................................................................................................. 39

CAPÍTULO IV ............................................................................................................ 41

CAPÍTULO V ............................................................................................................. 46

CAPÍTULO VI ............................................................................................................ 57

CAPÍTULO VII............................................................................................................ 62

CAPÍTULO VIII ........................................................................................................... 65

CAPÍTULO IX ............................................................................................................ 71

CAPÍTULO X ............................................................................................................. 112

CAPÍTULO XI ............................................................................................................ 115

CAPÍTULO XII............................................................................................................ 126

CAPÍTULO XIII ........................................................................................................... 136

CAPÍTULO XIV .......................................................................................................... 145

CAPÍTULO XV ........................................................................................................... 155

CAPÍTULO XVI .......................................................................................................... 157

GLOSSÁRIO .............................................................................................................. 165

LEGENDAS — SIGLAS ................................................................................................ 169

ANEXOS ................................................................................................................... 173

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 211

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“Todos os adoecimentos estão relacionados com o trabalho!Seja nas causas.

Seja nas consequências.”

Mendes, R. (2012)

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APRESENTAÇÃO

Após muitos anos de debate sobre o adoecimento dos funcionários nos frigoríficos, com um viés especial para o setor avícola, a ação conjunta de traba-lhadores, empresários e governo resultou em uma grande vitória, a aprovação da NR-36, que passa a regular as condições de Segurança e Saúde do Trabalho nessas indústrias.

A Norma Regulamentadora do setor Frigorífico (NR-36) foi construída em conjunto com todas as partes envolvidas, Governo, Trabalhadores e Empresários do setor, que consensaram ponto a ponto o seu conteúdo. Para tanto, não houve a necessidade de imposição por parte do Governo, o que nos leva a ter certeza dos seus resultados quando efetivamente implementada pelas empresas.

Sabe-se da necessidade de entendimento e conhecimento técnico para colocá--la em funcionamento. Desta forma, é fundamental compreendê-la nos seus diversos âmbitos para que as estratégias e os planos de ação das empresas sejam assertivos.

Por essa razão, a Bancada de representantes dos Trabalhadores recomenda o livro NR-36 — Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados, estruturado pelo Engenheiro de Segurança do Trabalho e Professor Moacir José Cerigueli, que tam-bém participou do processo de elaboração da referida Norma.

A presente obra expressa e resume o trabalho de muitos anos de estudos, pesquisa e debates em torno do tema.

Boa leitura!

Siderlei OliveiraRepresentante da Bancadados Trabalhadores na NR.

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PREFÁCIOA saúde do trabalhador sempre foi prioridade das agroindústrias brasileiras.

Investimentos pesados e estudos detalhados na melhoria do bem-estar no trabalho fizeram parte do desenvolvimento do setor, em especial nos últimos anos.

O resultado desses investimentos pode ser constatado pelos indicadores do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), feito pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), apresentado pelo próprio autor na Introdução desta obra.

São diversos avanços constatados, mas ainda faltava um balizamento gover-namental, uma Norma Regulamentadora que criasse um ambiente de segurança jurídica na relação entre empresas e colaboradores.

Assim nasceu a Norma Regulamentadora n. 36, fruto de longo trabalho e ampla discussão entre representantes patronais, sindicatos dos trabalhadores, Procuradoria e Ministério do Trabalho e Emprego.

Altamente complexa, a nova Norma pontua uma série de adequações e investimentos por parte dos frigoríficos. Antes de aplicá-la, é fundamental entendê--la plenamente nos seus âmbitos técnicos e jurídicos, para que a estratégia de investimento em infraestrutura seja a mais racional possível. Nesse contexto, a busca por orientações e fontes confiáveis é fundamental.

Por tal motivo, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) recomenda o livro NR-36 — Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Empre-sas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados, organizado pelo Engenheiro de Segurança do Trabalho e Professor Moacir José Cerigueli — um dos maiores especialistas em Segurança e Saúde no Trabalho em frigoríficos do Brasil, que par-ticipou ativamente do processo de elaboração da Norma — e com a colaboração de diversos líderes e profissionais do setor.

Extremamente detalhada e com a didática do experiente Professor Moacir, a obra traz uma profunda reflexão sobre os pontos da Norma, suas aplicações e fundamentações. É um marco proativo e balizador sobre essa nova normativa, um verdadeiro porto seguro neste momento de grandes mudanças. É uma nova referência para o setor, e segue em pleno alinhamento com os trabalhos e workshops promovidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) e a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

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De fato, esta obra é importante fonte de consulta para qualquer membro da cadeia produtora de cárneos, seja ele dirigente sindical, líder setorial, presidente ou diretor de agroindústria, técnico ou gestor das áreas de recursos humanos, engenharia de segurança, medicina do trabalho e de abate e processamento.

Aproveite bem o conteúdo desta obra! São muitos anos de trabalho, pesquisa e debates em torno do tema, distribuídos nas páginas a seguir.

Boa leitura!

Francisco TurraPresidente Executivo

União Brasileira de Avicultura — Ubabef

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NOTA DO AUTOR

Homenagem às vítimas de Santa Maria/RS

Durante a construção desta obra, deparamos com um dos maiores eventos trágicos do País, o incêndio da Boate Kiss em Santa Maria/RS, que vitimou mais de duas centenas de pessoas.

Não se pretende aqui estabelecer qualquer relação desse triste e lamentável fato com a construção e vigência desta NR, bem como não existe por parte do autor a pretensão de explorar ou julgar de quem quer que sejam as responsabili-dades sobre o ocorrido.

Sabe-se que há diversas situações que contribuíram para a grandiosidade do evento, e condições semelhantes se repetem em diversos outros locais deste País afora.

Neste momento, gostaríamos de:

1) solidarizar-nos com as vítimas e seus familiares;

2) propor que as entidades civis jurídicas constituídas, imbuídas de seu objeti-vo principal, não ignorem os meios de garantir segurança e saúde de seus colaboradores;

3) acreditar que as autoridades legalmente constituídas com o fim de zelar pela segurança e saúde da população brasileira jamais se omitam de suas competências técnicas e éticas;

4) conclamar as pessoas deste País, a começar pelos que têm formação na área de SST, para a construção de uma sociedade com “valores” em SST. Deseja-se que daqui a alguns meses tudo isto não seja meramente uma lembrança triste do passado.

Oxalá que, do triste resultado e (por que não dizer?) da “vergonhosa” falta de respeito às regras de segurança, aprendamos doravante a cultivar perenemente os mais simples e elementares conceitos de Segurança.

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INTRODUÇÃO Como toda atividade industrial, os frigoríficos também apresentam riscos

ambientais específicos. Dessa forma, a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados (NR-36) foi criada com o objetivo de controlar tais fatores, provenientes da opera-ção de abate e processamento de carne. O foco da NR está nos abatedouros de carne suína, bovina e aves, não excluindo outros tipos de abate de animais.

Não há como negar que a abertura da economia brasileira, promovida na década de 1990, também obrigou as empresas do segmento a se tornarem mais competitivas, sob o risco de sucumbirem, fato que não poupou muitas delas. Algu-mas optaram pela profissionalização de sua gestão; outras, não tão atentas a esse fator, simplesmente mudaram de controle ou deixaram de existir.

Muitos especialistas atribuem a este aspecto econômico o início do surgi-mento do que muitos consideram uma epidemia das doenças ocupacionais do segmento agroindustrial do País.

O surgimento do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) (Lei n. 11.430/2006 e Decreto n. 6.042/2007), sem querer entrar no mérito da sua vali-dação técnica, acabou por revelar uma condição extremamente preocupante para o segmento.

Após a eclosão das doenças ocupacionais no início dos anos 1990, houve di-versas tentativas a fim de se criar um marco regulatório para o segmento, esforços estes que tiveram início no Sul do Brasil, mais precisamente no estado de Santa Catarina por parte do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), especificamente por intermédio da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) (atualmente, Superinten-dência Regional do Trabalho e Emprego — SRTE).

De modo simples, podemos elencar os seguintes acontecimentos:

ü 1999 — DRT/SC (atual SRTE/SC) desencadeia o projeto “Frigo”, com fisca-lizações focadas junto às empresas frigoríficas;

ü 2001 — Contando com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), diversas empresas do segmento daquele estado assinam um TAC coletivo, comprometendo-se a trabalhar um conjunto de melhorias em SST;

ü 2003 — Surge a Proposta de Nota Técnica para o segmento por parte do MTE, (não foi publicada);

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ü 2007 — Estruturação e implementação do Protocolo de Segurança & Saú-de do Trabalho (PSST) por parte das principais empresas vinculadas ao Sindicarne/SC;

ü 2008 — Surgem as primeiras Ações Civis Públicas (ACPs) contra as empresas do segmento, tendo como foco aspectos exclusivos de SST, promovidas pelo MPT com apoio da SRTE, ainda no estado de Santa Catarina;

ü 2008 — Carta de Florianópolis sobre saúde e segurança no trabalho em frigoríficos;

ü 2010 — Iniciam as tratativas para a criação da NR do setor Frigorífico;

ü 2013 — Publicação da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados.

A força motivadora para a criação deste manual de aplicação da NR-36 con-siste na controvérsia de o Brasil ser referência global na produção de carne, mas não conseguir garantir com a mesma supremacia as necessárias condições de se-gurança, saúde e qualidade de vida a quem torna isso possível, ou seja, a grande massa de trabalhadores.

Prevenir acidentes e doenças é, legalmente, uma obrigação das empresas e de inestimável benefício para os empregados e a sociedade onde a empresa está inserida, uma vez que, na grande maioria, é a maior força econômica e empregatícia de inúmeros municípios brasileiros. Dessa forma, sabe-se que, quando acidentes e doenças são prevenidos, além de melhorar a produtividade, a qualidade, os prazos e custos da linha de produção das empresas, zela-se pelo bem-estar de inúmeros cidadãos brasileiros.

O setor Frigorífico Brasileiro, cujo processo produtivo profissionalizou-se nos últimos anos, estabelecendo agressivas escalas de produção nunca vistas antes, também se deparou com enormes desafios no campo de seus recursos humanos, quer sejam eles decorrentes da falta ou precariedade destes, quer seja pela neces-sidade imperiosa da organização do trabalho perante os avanços e benefícios dos trabalhadores, e, ainda pela inexperiência em lidar com os novos fatores sociais da denominada “vida moderna”, os quais passaram a ter maior importância na vida do trabalhador.

Apesar de um cenário preocupante, tido inclusive como caótico por parte de alguns, há empresas e empresários comprometidos com a melhoria progressiva da qualidade de vida dos trabalhadores, com ou sem uma NR específica. Essa preocupação, associada com as ações dos atores públicos anteriormente mencio-nados, além do propósito efetivo de construção de uma Norma Regulamentadora, já tem provocado uma melhoria significativa nos indicadores de segurança e saúde do segmento.

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Dados oficiais, antes mesmo da publicação da Norma Regulamentadora, de-monstram essa evolução. Índices divulgados via Fator Acidentário de Prevenção (FAP(1)), pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), apontavam, em 2009, por exemplo, o setor Avícola no 48º lugar no ranking por frequência, em 44º lugar por gravidade e em 105º lugar por custo. O índice divulgado em 2012 aponta o mesmo segmento econômico respectivamente, em 190º, 159º e 232º lugar. Nesse sentido, o estabelecimento de uma Norma Regulamentadora específica con-tribuirá para melhorar ainda mais esse cenário, gerar maior segurança jurídica às questões do trabalho que envolvem as agroindústrias frigoríficas, além de criar um padrão de qualidade crescente nas atividades de abate e processamento de carnes no Brasil.

Apresentação:

A nova NR traz no seu bojo o desafio de tornar a atividade dos trabalhadores da indústria do abate e processamento de carne menos árdua, elevando-a num patamar diferenciado de SST entre as empresas do setor Industrial do Brasil, prin-cipalmente quando levarmos em consideração tempo de exposição ao trabalho. A nova Norma Regulamentadora também procura estabelecer marcos regulatório em diversos pontos peculiares da sua atividade.

Regulamentar os termos específicos de SST de uma atividade econômica tão importante para o País, como é atualmente o setor Frigorífico, significa estabelecer uma nova relação capital-trabalho em que os objetivos são os mais básicos possí-veis, porém não menos importantes no atual cenário.

Almeja-se com a NR-36, embora não limitados a estes objetivos:

a) reduzir a incidência de doenças ocupacionais do segmento;

b) diminuir a ocorrência de acidentes do trabalho;

c) melhorar as condições gerais de trabalho da indústria frigorífica, em especial no tocante ao ritmo de trabalho, à carga de trabalho (tempo de exposição), à minimização da exposição aos riscos ocupacionais e à melhoria das condições gerais de trabalho dos frigoríficos.

Em cada item da Norma, ou em um pequeno conjunto destes, encontrare-mos explicações que norteiam o entendimento da demanda legal estabelecida em consonância ao propósito da presente obra anteriormente expresso.

(1) O índice do FAP é um dado apresentado no Anuário Estatístico da Previdência Social. É apurado de acordo com a gravidade, a frequência e o custo dos benefícios previdenciários decorrentes de afastamentos por doença e/ou acidentes de trabalho. Quanto mais alta a colocação no ranking, pior a situação do setor. Em 2012, o índice foi publicado pela Portaria Interministerial MPS/MF n. 424, de 24.9.2012.

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Objetivos:

Objetivo geral:

O objetivo da presente obra é dar apoio aos profissionais de segurança e saúde no trabalho, instituições, empresas e auditores fiscais do trabalho, para gerenciar a aplicação da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Tra-balho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados, que tem como premissa básica dar garantia de segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho a todos os trabalhadores do segmento.

Objetivos específicos:

Os objetivos específicos desta obra são os seguintes:

a) ser o guia norteador para os profissionais de SST, CIPA, recursos humanos, jurídico e gestores das empresas na implementação da presente NR;

b) ser o referencial balizador para Auditores Fiscais dos órgãos governamen-tais e dos representantes dos trabalhadores (entidades sindicais);

c) esclarecer os itens que possam não estar totalmente elucidados aos diver-sos profissionais que forem aplicar a presente NR;

d) registrar parte dos principais embates na construção da NR-36, que, se oportuno, poderá elucidar no futuro quais eram as intenções dos normati-zadores à época, visando a uma melhor interpretação da Norma.

A Norma e sua interpretação:

A trigésima sexta Norma Regulamentadora, editada pelo Ministério do Tra-balho, foi publicada pela Portaria n. 555 de 18 de abril de 2013 e possui respaldo jurídico na legislação ordinária deste País por meio do artigo 200 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas o art. 253 foi seu grande fator motivador, em especial para se determinar o conjunto das pausas.

A NR-36 foi fruto de uma discussão tripartite, com a participação ativa do Ministério Público do Trabalho em todas as reuniões. Iniciou-se a discussão por inter-médio de um Grupo de Estudos Tripartite (GET), com representantes das Centrais Sindicais de Trabalhadores, das Confederações Patronais e membros do Ministério do Trabalho e Emprego. Após a consulta pública à qual a proposta de NR foi subme-tida, prosseguiram-se os trabalhos de discussão com o Grupo de Trabalho Tripartite (GTT) até atingir sua redação final, encaminhada à Comissão Tripartite Paritária Per-manente (CTPP) e aprovada. Após a revisão final do texto pelo MTE, a NR-36 foi publicada. Passaremos, então, a conhecê-la de forma mais detalhada.

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A nova Norma Regulamentadora tem como essência aspectos de ergo-nomia. Nesse tipo de atividade, eles têm contribuição direta sobre a saúde, a segurança e a qualidade de vida dos trabalhadores. Ambientes climatizados, fecha-dos, imposições de regras rígidas de sanidade e a própria característica de negócio “abate”são alguns desses principais elementos. Todavia, é na necessidade da cons-tituição de um modelo de gestão que a nova NR está pautada. Gestão integrada de seu sistema de produção à gestão de Segurança e Saúde, dos seus recursos humanos, e, em especial, dos riscos ocupacionais presentes no processo.

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CAPÍTULO I

36.1. Objetivos

36.1.1. O objetivo desta Norma é estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras — NR do Ministério do Trabalho e Emprego.

Nas negociações do Grupo de Trabalho Tripartite, para a construção da Norma, a grande discussão ficou relacionada à sua abrangência. Não faltaram sugestões e oportunidades para ir além do objetivo central do que se propunha inicialmente.

Do texto atual, fica claro que todas as indústrias (frigoríficas) que realizam abates e processamento de carnes estão sujeitas à aplicação do seu conteúdo. A palavra-chave aqui é “indústria”, o que exclui diversas atividades correlatas — tais como açougues, mercearias, fábricas de subprodutos, rações, granjas e diversas áreas de apoio da própria indústria frigorífica, bem como do processamento de derivados (couro, por exemplo) —; porém, contempla todo processo “fim” do aba-te de animais, quer sejam eles de pequeno porte (aves, peixes, coelhos), de médio porte (suínos e javalis) ou de grande porte (bovinos, equinos, bufalinos, entre outros).

A princípio, como regra, a NR-36 aplica-se às empresas (indústrias), cujo CNAE situa-se num dos seguintes grupos da tabela a seguir, o que não exclui a interpretação dada pela auditoria fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Empregado (SRTE) de cada Unidade da Federação (Estados), ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego em função das características do processo da empresa. O oposto também pode se tornar verdadeiro, desde que as empresas comprovem que seus processos industriais não são objeto da condição prevista nos objetivos da presente NR.

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C INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO

C 10 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

C 1010.1 Abate e fabricação de produtos da carne

C 10 10.110.11-2 Abate de reses, excetos suínos

1011-2/01 Frigorífico — abate de bovinos

1011-2/02 Frigorífico — abate de equinos

1011-2/03 Frigorífico — abate de ovinos e caprinos

1011-2/04 Frigorífico — abate de bufalinos

1011-2/05 Matadouro — abate de reses sob contrato,exceto abate de suínos

C 10 10.110.12-1 Abate de suínos, aves e outros pequenos animais

1012-1/01 Abate de aves

1012-1/02 Abate de pequenos animais

1012-1/03 Frigorífico — abate de suínos

1012-1/04 Matadouro — abate de suínos sob contrato

C 10 10.110.13-9 Preparação de produtos da carne

1013-9/01 Fabricação de produtos de carne

C 1010.2 Preservação do pescado e fabricação de produtos do pescado

C 10 10.110.20-1 Preservação do pescado e fabricação de produtos do pescado

1020-1/01 Preservação de peixes, crustáceos e moluscos

1020-1/02 Fabricação de conservas de peixes, crustáceos e moluscos