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NUANCES DO IMAGINÁRIO

Marivone Nardi Scolari1

Fausto José da Fonseca Zamboni2

RESUMO: Este artigo apresenta dados sobre o plano de intervenção pedagógica, apresentado no PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná, desenvolvido com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual de Marmeleiro – Ensino Fundamental e Médio. A implementação teve duração de três meses com alunos na faixa etária entre 10 e 12 anos. O estudo proporcionou aos alunos uma análise reflexiva dos contos A Gata Borralheira, Rapunzel, A Bela Adormecida e três versões de Chapeuzinho Vermelho. A partir da realização de leituras em sala de aula, fez-se a relação entre as diversas histórias, situando-as em seu contexto de criação e reconhecendo o ato da leitura como uma atividade capaz de motivar a imaginação e a fantasia. Durante o programa, elaborou-se uma ”Unidade Didática” com o tema “Nuances do Imaginário: as histórias de ontem, de hoje e de sempre”, tendo como objetivo refletir sobre a validade do uso dos clássicos infantis para o desenvolvimento da imaginação e da criatividade dos alunos. A proposta desenvolvida objetivou despertar o interesse dos alunos pela leitura dos contos, a partir da leitura estética e de atividades de pré-leitura, da leitura descoberta e de atividades de pós-leitura.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura; Literatura; Clássicos Infantis; Imaginação.

1 INTRODUÇÃO

A oportunidade de realizar este estudo ocorreu por meio do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), desenvolvido pelo governo do estado do

Paraná, que tem como objetivo oferecer aos professores da rede pública de ensino

formação continuada, em parceria com as instituições de ensino superior. Várias

atividades foram desenvolvidas durante o andamento do programa, que foi desde

estudos na Universidade com auxílio de orientador até implementação na escola,

que ora são apresentadas neste trabalho.

O estudo a que se refere este artigo esteve diretamente relacionado à leitura

dos clássicos literários infantis pelos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental do

Colégio Estadual de Marmeleiro. A organização da proposta para desenvolver o

trabalho seguiu as seguintes etapas: levantamento dos clássicos disponíveis na

biblioteca da escola para momentos semanais de leitura e discussão dos contos

escolhidos/selecionados pelos alunos; formas diversificadas de leitura (leitura feita

pela professora, leitura silenciosa feita pelos alunos, leitura compartilhada, leitura

1Graduada em Letras Português/Inglês com especialização em Literatura Brasileira; Professora da Rede Estadual de Ensino do Colégio Estadual de Marmeleiro.2Doutor em Letras (literatura e vida social); Professor de Língua e Literatura italiana da Unioeste/Cascavel.

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jogralizada, contação de história feita pela professora) para a descoberta de

intertextualidade, compreensão de implícitos e formulação de comentários e

discussões em sala.

Durante a leitura dos clássicos, foram estabelecidas relações intertextuais

entre os contos, relacionando-os com a época atual, com novas versões e as

paródias dos clássicos infantis. Também foram promovidos momentos de discussão

e reflexão sobre a importância da obra literária para a construção do imaginário

humano, dando espaço para opinião dos alunos, motivando-os a falar sobre suas

experiências, suas aspirações e sonhos.

Despertar no aluno o gosto pelo texto literário significa favorecer a ele o

contato com diferentes nuances e entendimentos acerca do real, e transportá-lo ao

poder transformador que a literatura oferece, em uma proposta de descoberta do

fascínio causado pelo caráter estético da linguagem.

Para Costa (2007, p.78)

O leitor é considerado co-autor do texto literário porque, ao atribuir sentidos ao texto que lê, não apenas o torna vivo, mas o ilumina com nova interpretação. E a cada nova leitura, mesmo que seja anos mais tarde, agrega novos sentidos, pois a maturidade traz, necessariamente, outras perspectivas, alterando a compreensão inicial.

Trabalhar com os clássicos infantis permite alimentar e estimular o imaginário

do aluno. A leitura dos contos A Gata Borralheira, Rapunzel, A Bela adormecida e

Chapeuzinho Vermelho, entre outras, torna-se presentes no inconsciente das pes-

soas e as fazem recordar os momentos em que viajavam no maravilhoso mundo da

imaginação.

A pesquisa teve a seguinte problemática: até que ponto o trabalho com

literatura em sala de aula pode contribuir para o desenvolvimento do imaginário do

aluno? É possível estimular a fantasia e a criatividade a partir dos clássicos infantis?

Os objetivos foram os seguintes: realizar leitura de clássicos infantis em sala

de aula; entender a relação entre as diversas histórias infantis, situando-as ao seu

contexto de criação; identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que

constituem a história; reconhecer o ato da leitura como uma atividade capaz de

motivar a imaginação e a fantasia.

Procurando alimentar a imaginação por meio da leitura dos contos de fadas,

fez-se necessária a criação e aplicação das atividades “Desenvolvendo a

imaginação”, “Momento leitura” e “Refletindo com as histórias” no espaço escolar.

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2 LER DESPERTA E ALIMENTA O IMAGINÁRIO

A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede.

Carlos Drummond de Andrade

A maior expressão de homem é a palavra, seja ela falada ou escrita. Quando

se lê, aumenta-se o conhecimento e passa-se a ver o mundo de maneira

diferenciada. Quando se lê um texto literário de ficção ou de poesia, procura-se ler

pelo prazer que essa leitura pode proporcionar. O dever da escola seria apresentar o

texto literário ao aluno para que fosse trabalhado pela sua dimensão estética.

Trata-se, de fato, da relação entre o leitor e a obra, e nela a representação de mundo do autor que se confronta com a representação de mundo do leitor, no ato ao mesmo tempo solitário e dialógico da leitura, Aquele que lê amplia seu universo, mas amplia também o universo da obra a partir da sua experiência cultural. (PARANÁ, 2008, p. 58)

Nesse contexto, quando se fala, ouve-se ou escreve-se, é necessária a

colaboração de um interlocutor, caso contrário, as palavras não terão valor algum. Em

concordância com Bakhtin (1997, p. 113),

A palavra constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro. Através da palavra, defino-me em relação a outro, isto é, em última análise, em relação à coletividade. A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela se apóia sobre mim numa extremidade, na outra apóia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é território comum do locutor e do interlocutor.

É importante destacar que antes da leitura da palavra escrita feita pelo aluno,

existe a leitura de mundo. “O aluno é o leitor, e como leitor é ele quem atribui

significados ao que lê, é ele quem traz vida ao que lê, de acordo com seus

conhecimentos prévios, linguísticos, de mundo”. (PARANÁ, 2008, p. 58).

Ler é também aprender que além do significado das palavras, existe o signifi-

cado cultural e, com ele, a maneira pela qual as pessoas trocam experiências e

aprendem com a experiência dos outros. É nessa interação, nessa troca de conheci-

mento que elas se entendem e interpretam a si mesmas e aos outros. “Um leitor é

melhor do que outro na medida em que é capaz de maior amplitude de atividade du-

rante a leitura e se esforça mais. É melhor se exige mais de si mesmo e do texto”

(ADLER, 1974, p. 18).

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Nota-se que ler um texto é uma atividade que consiste em compreendê-lo,

não apenas decodificar seus sinais, ou seja, é preciso que o leitor atribua sentido ao

que lê. “A literatura enquanto forma de conhecimento é aquela que assume um pa-

pel informativo e que abre as portas do saber, propicia o acesso ao conhecimento,

traz informações para a vida prática, num processo sem fim” (COSTA, 2007, p. 28).

Eliot (1991) diz que na leitura da obra literária, há sempre a comunicação de

uma experiência que ainda não havia sido formulada verbalmente. Para esse autor,

o real compromisso do poeta é com a própria formação da linguagem. É a relação

do poeta com a palavra que resguarda a língua, que a amplia e a melhora.

Nos espaços escolares, é comum a literatura transitar como recurso didático,

utilizado para desenvolvimento de aprendizagens pré-estabelecidas, como análise

linguística (função dos verbos, pronomes, adjetivos) distanciando-se, portanto, de

um propósito amplo de leitura, onde os significados transcendem das páginas dos

livros e supõem relações interativas entre texto e leitor. Onde se abram discussões

para entender que a língua é um exemplo do fenômeno da linguagem e,

principalmente, compreender que todo uso de linguagem carrega valores produzidos

e sustentados pelos interlocutores. (AGUIAR, 2001).

Dessa forma, uma das funções da escola é torná-la um espaço aberto para a

leitura de textos literários. No ambiente escolar, a criança pode refletir sobre sua

condição pessoal, sendo valorizada por seu potencial, suas experiências de vida.

(...) imaginar é também recriar realidades. (...) é estarmos atentos ao nosso processo pessoal, às nossas relações com os outros e com o mundo, à nossa memória e aos nossos projetos para compreender que a fantasia é uma forma de ler, de perceber, de detalhar, de raciocinar, de sentir(...) o quanto a realidade é um impulsionador para desencadear novas fantasias(...) (ABRAMOVICH, 1989, p. 138).

De acordo com a reflexão suscitada por Abramovich, a imaginação é ilimitada

porque permite a mudança, permite julgar experiências e o mundo, criando concei-

tos mais eficazes, descobrindo a capacidade de ver e entender o mundo nas suas

múltiplas dimensões. A intenção da imaginação, neste contexto, consiste em repre-

sentar o mundo, declarando como ele poderia ser a partir dos sentimentos, das in-

tenções e dos desejos humanos. Para Adler (1974, p. 26) “Pensar é apenas uma

parte da atividade de aprender. Cumpre também usar os sentidos e a imaginação. É

preciso observar, e reter na memória, e construir imaginativamente o que não pode

ser observado”.

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Os estímulos advindos da modernidade em pouco favorecem o processo ima-

ginativo. Muitos são transitórios e mecânicos, não servindo, portanto, como elemen-

tos confiáveis para a educação. Produz-se uma imensa quantidade de material inte-

rativo e de entretenimento que já não tem valor poucos anos depois, pois sua finali-

dade maior é o lucro.

Em contrapartida, os clássicos literários infantis podem proporcionar fruição,

alegria e encanto, pois passaram no teste do tempo: sobreviveram a várias épocas

diferentes entre si, o que significa que têm um interesse mais permanente e,

portanto, um valor maior.

Diante disso, cabe recordar alguns princípios discutidos por Vygotsky (1996,

p. 19) sobre a literatura,

Na inesgotável diversidade da obra simbólica, isto é, de qualquer verdadeira obra literária, está a fonte de suas múltiplas interpretações e enfoques. E a interpretação que lhes dá o autor é apenas mais uma dentro dessa multiplicidade de possíveis interpretações que a nada obriga.

Nesse sentido, percebe-se que são inesgotáveis as possibilidades de

interpretação que o leitor pode ter, pois cada ser humano, a partir das habilidades

que domina, é capaz de fazer um diferente juízo de valor do que lê, ou seja, cada

um interpreta a sua maneira a mensagem de uma obra literária, para uma leitura

coerente desse texto. No entanto, mesmo “o texto literário permitindo diferentes

interpretações, ele não está aberto a toda e qualquer interpretação. O texto é dotado

de pistas, as quais podem direcionar o leitor para o entendimento do mesmo”.

(PARANÁ, 2008, p. 59).

2.1 A LITERATURA NA SALA DE AULA

Quando eu examino a mim mesmo e meus métodos de pensamento, chego à conclusão de que o dom da fantasia significou mais para mim do que

qualquer talento para o pensamento abstrato positivo. Albert Einstein

A arte literária é uma maneira pela qual o homem se expressa. É nessa arte,

na arte da palavra, que a escola pode definir procedimentos metodológicos para a

formação de leitores. Dentre as práticas metodológicas que possibilitam a formação

de alunos leitores pode-se citar: incentivo aos alunos na busca de livros na biblioteca

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da escola, deixando-os saborear a escolha daqueles que mais os atraem, seja pelo

título, pelas ilustrações ou por indicação. “Falar de uma obra aos adolescentes e

exigir deles que falem dela pode se revelar muito útil, mas não é um fim em si

mesmo. O fim é a obra. A obra na mão deles”. (PENNAC, 1993, p. 132). É no

contato com a obra literária que o leitor vai se familiarizando com a beleza das

palavras, com suas combinações, com suas nuances, com sua singularidade e, ao

mesmo tempo, com sua polissemia.

De acordo com Paulino (1982, p. 43),

Os textos literários envolvem, simultaneamente, a emoção e a razão em atividade. Sua organização provoca surpresa, por fugir ao padrão característico da maioria dos textos em circulação social. E fugir ao padrão hegemônico não quer dizer negar qualquer padrão. Os padrões literários existem e devem ser também conhecidos pelo leitor. (...) Trata-se, portanto, de uma leitura que exige habilidades e conhecimentos de mundo, de língua e de textos bem específicos de seu leitor. E no momento mesmo da leitura literária todo esse repertório vai-se modificando, sendo desestabilizado por sua pluralidade e ambiguidade. Esse seria o processo de produção do conhecimento característico da leitura literária.

Assim, ler e desvendar a palavra escrita é essencial para os seres humanos.

Uma obra precisa da colaboração do leitor para ser descoberta. A literatura existe

para ser lida, explorada e compreendida em seus múltiplos sentidos de

interpretação. Estimular o diálogo entre o leitor e o texto, entre a realidade e a ficção

é oferecer imaginação aos educandos, independentemente da idade em que se

encontrem. Um conto que é lido ou ouvido, na infância terá um sentido totalmente

novo quando se lê esse mesmo texto em uma fase mais madura da vida.

É à literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isso a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro, mas porque precisa ler muitos. (LAJOLO, 1999, p. 105-6)

Sabemos que um texto literário, apesar de ser ficcional, trabalha com

referências do que é real. Autores de literatura desenvolvem pesquisas a respeito de

um povo, da cultura desse povo, de um momento histórico para ser mostrado pelo

viés da literatura. A literatura visa, mesmo que indiretamente, à formação pessoal do

leitor. Por isso é tão importante trabalhar com literatura na sala de aula. Oportunizar

ao aluno momentos de leitura como objeto de conhecimento, não apenas com o

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intuito de trabalhar questões meramente gramaticais, como frequentemente

acontece na escola. “Aquele que lê amplia seu universo, mas também o universo da

obra a partir da sua existência cultural”. (PARANÁ, 2008, p. 58).

2.2 CONTO DE FADAS, LITERATURA E IMAGINÁRIO

As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas. Nada lhes ficou. Nada lhes

sobrou.Uma vida não basta apenas ser vivida:

também precisa ser sonhada.Mario Quintana

A palavra imaginação nos remete para imagens que vivenciamos ou que

imaginamos através de leituras ou de histórias que ouvimos. Nesse contexto, a

literatura é a chave para novos descobrimentos, sejam eles recentes ou antigos. É

com a arte da palavra, usada na escrita literária, que criamos imagens ou as

recuperamos dentro de nosso imaginário.

Os contos de fadas nos mostram realidades misturadas com ficção, fantasia

e, ao mesmo tempo, estabelecem relações com o real, com aquilo que

presenciamos no cotidiano. As personagens mostradas nessas narrativas vivem

situações que muito se assemelham com a realidade de quem as lê, com o seu meio

social, com os seus problemas. A diferença é que nos contos aparecem seres

fantásticos, mágicos, que ajudam a resolver os conflitos vividos pelos personagens.

Como diz Bettelheim (1980, p. 59) “uma criança confia no que o conto de fada

diz porque a visão de mundo aí apresentada está de acordo com a sua”. Por essa

razão, essas narrativas agradam tanto.

Para Aguiar (2001, p. 79),

Essa estrutura com começo, meio e fim bem nítidos ajuda a criança a com-por uma visão sobre a vida, que ela não tem como experienciar e compre-ender em sua diversidade. A ordenação de um dilema existencial de forma breve leva-a, de um modo mais essencial, a apreender um problema [...] Como os contos de fadas colocam o ingrediente da fantasia em uma certa estrutura narrativa, esse expediente auxilia o pequeno leitor a organizar suas percepções e a vivenciar e resolver emoções que lhe parecem comple-xas e de difícil compreensão.

A literatura, por ter maior comprometimento com aquilo que ela mesma cria e

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não com fatos concretos ou estáticos, usa da fantasia e da criatividade para trans-

portar o leitor a um mundo tão, tão distante.

Quem gosta de ler e contar histórias e tem a sensibilidade de senti-las, se vê

envolvido de tal forma que passa a também vivenciar os momentos de fascínio que

sua própria voz provoca nele e naqueles que a ouvem. Talvez o imaginário seja a

palavra mágica que dá vida aos contos de fada. E toda imaginação tem o poder que

damos a ela. Por isso é tão importante alimentar, estimular e dialogar com nosso

imaginário.

A imaginação cria da realidade presente, uma outra realidade. Cria uma área de significação, resultante de um processo criador, que pode variar desde a criação de uma pequena novidade na rotina do cotidiano até maiores descobrimentos científicos (VYGOTSKY, 1996, p. 45).

Com base na afirmação de Vygotsky, quando se perde a capacidade de

fantasiar, de sonhar, de dialogar com a imaginação, perde-se também a

oportunidade de recriar uma nova realidade para a existência do ser humano. Deixa-

se de experimentar e de vivenciar novas oportunidades, de romper com as

atividades do cotidiano para estabelecer uma relação com o futuro.

3 IMPLEMENTAÇÃO

A implementação da Unidade Ditático-Pedagógica consistiu num conjunto de

atividades que procurou estimular o imaginário do aluno. Tais atividades surgiram

após verificar, nas práticas cotidianas de sala de aula, que a grande maioria dos

alunos que frequenta os anos finais do Ensino Fundamental lê pouco ou não lê.

Percebeu-se que a falta de leitura dificultava a criatividade e a imaginação do aluno

no momento de expor suas ideias, interagir nas atividades desenvolvidas e até

mesmo no registro escrito.

A partir disso, pensou-se em uma proposta com intuito de motivar os alunos

para a leitura, porque,

(...) é função essencial da escola ampliar o domínio dos níveis de leitura e orientar a escolha dos materiais de leitura. Cabe formalmente à escola desenvolver as relações entre leitura e indivíduo, em todas as suas interfaces (ROCCO, 1996, p. 6).

De acordo com as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa (2008), cabe

ao professor oferecer aos alunos a leitura de diferentes gêneros textuais. Dentre

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estes, planejou-se trabalhar com os contos de fadas por seu uma tipologia textual

que “encanta, comove e educa indiretamente” (ROCCO, 1996, p. 36).

As atividades de leitura dos contos foram desenvolvidas gradativamente para

que os alunos tivessem a oportunidade de perceber, primeiramente, o que estava

explícito no texto para depois chegar à questões mais implícitas. Era o momento de

dialogar com o texto, de descobrir o que estava nas entrelinhas, de posicionar-se

perante o texto exposto concordando, discordando da atitude de um personagem ou

de um acontecimento narrado. “A leitura de um livro há de ser uma conversa entre

leitor e autor” (ADLER,1974, p. 57). Durante as leituras em sala de aula e também

nas atividades de pós-leitura, os alunos eram provocados oralmente para que

expusessem suas opiniões dizendo como eles se sentiram ao ler ou ouvir o texto.

Os passos para o desenvolvimento da Unidade Didática foram separados

pelos títulos “Desenvolvendo a imaginação”, “Momento leitura” e “Refletindo com as

histórias”. Além disso, também foram realizadas as atividades de descobertas dos

clássicos na biblioteca da escola; descobrindo significados de palavras e expressões

presentes nos contos; curiosidades sobre os clássicos infantis e a versão fílmica

“Enrolados”.

As atividades de leitura literária foram realizadas com alunos que estudam no

6º ano, no Colégio Estadual de Marmeleiro. Durante o trabalho dos docentes na

Semana Pedagógica, foi apresentado o Projeto e as atividades preparadas na

Unidade Didática que seriam desenvolvidas em sala de aula.

Na apresentação da proposta, houve uma resposta positiva por parte dos

professores, os quais se mostraram bastante entusiasmados com o

encaminhamento das atividades. O mesmo aconteceu com os professores cursistas

que participaram do GTR (Grupo de Trabalho em Rede do Estado do Paraná), cujo

objetivo era socializar a Produção Didático-Pedagógica, e refletir sobre a sua

relevância para a realidade da escola pública. Foram lançadas duas questões sobre

essa temática: você acredita que as atividades apresentadas contribuem para uma

aprendizagem mais efetiva na escola? O que você sugere que seja acrescentado de

suas experiências pedagógicas que tornem a aprendizagem do aluno mais

significativa? Em resposta, os professores cursistas foram categóricos em afirmar

que o projeto estava bem fundamentado e as atividades propostas eram todas

possíveis de ser aplicadas com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.

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Simultaneamente ao trabalho com os professores da rede, fazia-se a

implementação em sala de aula. A primeira atividade, “Descobrindo os Clássicos na

Biblioteca” foi uma proposta muito envolvente, pois os alunos tiveram autonomia

para escolher o livro e decidir o que lhes parecia melhor para ler. A maioria declarou

que em leituras nas séries anteriores, seus professores é que decidiam qual obra

deveria ser lida. Por isso essa proposta foi antes de tudo uma descoberta: a

descoberta do livro. Com o passar dos dias, eles mesmos procuravam por novos

contos, principalmente os menos conhecidos, e passaram a contar para os colegas

da sala as histórias que haviam lido. “Ler se aprende lendo. Não se aprende por

osmose, por resumo do enredo das narrativas ou pelo ativismo” (COSTA, 2007, p.

126).

É necessário constar que nenhum clássico original dos irmãos Grimm ou de

Charles Perrault foi encontrado na biblioteca, apenas versões resumidas e

parodiadas. Então, foi trabalhado com cópias dos contos originais Gata Borralheira,

Rapunzel, A Bela Adormecida e três versões de Chapeuzinho Vermelho que

estavam preparadas na Unidade Didática.

Os livros usados para a pesquisa da Produção Didático-Pedagógica foram

deixados na biblioteca para que os alunos pudessem ter acesso a eles. Os títulos

”Contos dos Irmãos Grimm” e “Contos de Fadas”, de Charles Perrault, foram os mais

procurados.

A atividade “Momento Leitura” foi desenvolvida durante os meses de

fevereiro, março e abril, sendo distribuída em uma aula semanal. Como os contos

eram geralmente curtos, era feito uma atividade de pré-leitura com questionamentos

como: vocês acreditam em fadas? Por que são fadas? Como elas se apresentam? E

bruxas, vocês acham que elas existem? Ou então: o que vocês sabem sobre o conto

que vamos ler hoje? Como será o final da história? A partir desse momento,

acontecia o que afirma Gianni Rodari (1992, p. 12)

Uma pedra lançada em um pântano provoca ondas na superfície da água, envolvendo em seu movimento, com distâncias e efeitos diversos, os golfões, as taboas (planta aquática) e o barquinho de papel. Objetos que estavam ali por conta própria, na sua paz ou no seu sono, são chamados para a vida, obrigados a reagir, a se relacionar. Da mesma forma, uma palavra escolhida ao acaso, e lançada à mente, produz ondas de superfície e de profundidade, provoca uma série infinita de reações em cadeia, agitando em sua queda sons e imagens, analogias e recordações, significados e sonhos, em um movimento que toca a experiência e a memória, a fantasia e o inconsciente.

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A palavra fada, relacionada com outras personagens que povoam o imaginá-

rio e a fantasia dos alunos, fazia fluir comentários de terras distantes e seres encan-

tados. “Nos contos de fadas, tudo está e é muito vivo. Daí a grande fascinação e o

não cansar-se de ouvi-las e lê-las. O universo, a um só tempo, grave e lúdico desses

contos envolve definitivamente o leitor” (ROCCO,1996, p.36). Todos liam o mesmo

conto e, na aula posterior, era feita a atividade “Refletindo com a História”. Era o mo-

mento de pós-leitura, onde a proposta de trabalho era explorar oralmente e por es-

crito o resultado da leitura realizada. Durante o tempo de leitura (fevereiro, março e

abril) os alunos também realizaram a leitura de outros contos, além dos seleciona-

dos na Produção Didática e com todas as histórias que eles liam eram realizadas ati-

vidades de compreensão das mesmas.

Uma atividade que foi além do que se esperava, foi com a letra do samba

enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense do ano de 2005. Foi

trabalhado com o vídeo “Uma delirante Confusão Fabulista”. Como o samba enredo

mencionava contos de Hans Christian Andersen, vale constar um resultado positivo

que ocorreu durante a implementação do projeto. Os alunos sentiram a necessidade

de conhecer sobre o autor e leram alguns contos mencionados no vídeo “O rouxinol

do imperador” e “A roupa nova do rei”.

Faz-se necessário ressaltar que a maioria dos alunos tinha mais afinidade

com a oralidade e menos com o registro escrito. Questionados sobre essa

preferência, eles afirmaram que a atividade de “interpretação e compreensão da

leitura” era muito praticada em séries anteriores, e era comum após as leituras fazer

análise escrita do que eles haviam lido. O que eles mais gostavam era de falar sobre

o que aprenderam com o conto e não escrever sobre ele.

A criança, quando chega à escola, já domina a oralidade, pois cresce ouvindo e falando a língua, seja por meio das cantigas, das narrativas, dos causos contados no seu grupo social, do diálogo dos falantes que a cercam ou até mesmo pelo rádio, TV e outras mídias (PARANÁ, 2008, p. 55).

Levando em consideração a habilidade oral dos alunos e também respeitando

o eixo norteador do projeto, que teve como base a leitura enquanto objeto de

conhecimento, a exploração dos contos fluiu mais no âmbito da oralidade.

As atividades realizadas a partir da versão fílmica “Enrolados”, baseado no

conto Rapunzel, foram menos produtivas em relação à leitura do conto. Alguns

alunos se mostraram inquietos enquanto assistiam ao filme e outros declararam, ao

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término da exibição, que preferiam a versão escrita e não gostaram da forma como o

filme mostrou o príncipe salvador da heroína. Talvez a forma moderna de apresentar

o personagem tenha desagradado àqueles que preferiam um príncipe mais

“certinho”, sem as falhas de caráter do herói que foram reveladas no filme. Quando

se lê um conto de fadas, imagina-se um modelo de herói capaz de solucionar todos

os conflitos enfrentados por ele. Um herói destemido e valente, idealizado a partir da

descrição do autor para aquele personagem. Por isso o príncipe mostrado no filme

não agradou. Ele era muito comum. Sua personalidade foi mostrada com erros e

fraquezas, muito semelhante a todos nós.

No entanto, o que mais agradou aos alunos durante a implementação, e ainda

agrada, foi a proposta “Desenvolvendo a Imaginação”. Era o momento de contação

de história, idealizado na proposta de atividades a ser desenvolvida com os alunos.

A última aula de Língua Portuguesa da semana era preparada para a

contação da história. Desde a primeira história contada, “O Barba Azul”, os alunos se

mostraram extremamente receptivos e fascinados pelo desenrolar dos

acontecimentos. O fascínio pelas histórias era tanto que quando eles ouviam a

expressão “Era uma vez...” todos permaneciam no mais absoluto silêncio. Em

concordância com Pennac (1993, p. 124),

Ler em voz alta não é suficiente, é preciso contar também, oferecer nossos tesouros, desembrulhá-los na praia ignorante. Escutem, escutem e vejam como é bom ouvir uma história. Não há melhor maneira de abrir o apetite de um leitor do que lhe dar a farejar uma orgia de leitura.

De acordo com esse autor, a prática de contar histórias para os alunos

desperta-os para o interesse das descobertas que a leitura pode lhes proporcionar.

Ainda segundo Pennac (1993), contar ou ler história para os alunos deve ser uma

prática quase rotineira, pois quem ouve fica mais motivado e passa a ler com mais

frequência.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A imaginação é tudo. Ela é uma previa das próximas atrações da vida.

Einstein

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O estudo da literatura, no que se refere à leitura dos contos de fadas, não é

recente e sua utilização como prática pedagógica faz parte da formação acadêmica

e da experiência dos muitos professores de Língua Portuguesa da rede estadual. O

ponto central do projeto de intervenção foi enfocar o estudo dos clássicos infantis e

suas dimensões literárias para desenvolver a leitura e o imaginário do aluno.

O eixo norteador deste trabalho teve como base a leitura e a relação entre os

contos de fadas e o imaginário na construção de um aluno leitor. No decorrer das

atividades foi possível compreender que sem incentivo diário por parte de todos os

professores da escola pública não haverá aluno leitor, muito menos crítico e

proficiente.

É indispensável que haja uma mediação do professor na condução dos

trabalhos com a leitura literária em sala de aula e no exemplo que ele dá a seus

alunos, lendo e demonstrando a utilidade do bom livro e o prazer que a leitura

oferece à vida do homem.

O trabalho com a literatura em sala de aula precisa ser efetivado com

atividades de provocação ao leitor, para desenvolver o gosto literário no aluno.

Provocá-los na descoberta de sentidos cabíveis de um texto. Isso exige

compromisso e planejamento de todos os professores em relação às atividades de

leitura, para que esta seja interessante e envolvente.

O bom texto literário faz com a que a língua de todos os dias apareça em roupagem mais bonita e trazendo assuntos, personagens e situações narrativas que nem sempre fazem parte de nossas vivências. Cabe à escola, enquanto instituição social, e aos professores, enquanto agentes de leitura, demostrar essa diferença trazida pelo texto literário e por aqueles bons escritores, que souberam extrair do usual e do rasteiro formas narrativas e poéticas extraordinárias e ricas (COSTA, 2007, p. 10).

A literatura é um tesouro que está escondido à nossa vista. Basta que

professores e alunos descubram o poder desse valioso tesouro e o usem como fonte

de cultura, fantasia e imaginação.

Portanto, a escola precisa oferecer todas as possibilidades de leitura para os

alunos, incentivando-os a compreender um texto, com suas peculiaridades, suas

intenções, suas nuances para se tornarem bons leitores tanto na escola quanto fora

dela.

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