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Professora Vanessa Alves

NUCE - Interpretaçãod e Texto - Vanessa Alves

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Interpretação de Texto

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Professora Vanessa Alves

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Texto é um tecido verbal estruturado de tal forma que as ideias formam um todo coeso e coerente. Todas as partes de um texto devem estar interligadas e manifestar um direcionamento único. Essas três qualidades (unidade, coerência e coesão) são essenciais para a existência de um texto.

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A DESCRIÇÃO:Descrever é CARACTERIZAR alguém, alguma coisa ou algum lugar através de pormenores que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie.

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Darcy RibeiroUm dos mais brilhantes cidadãos brasileiros, Darcy Ribeiro, provou ao mundo que um homem de nada mais precisa além da coragem e da força de vontade para modificar aquilo que, por covardia, simplesmente ignoramos. [...] Darcy tinha a pele clara, olhos negros e curiosos, lábios finos e trazia em seu rosto marcas de quem já deixou sua marca na história, as quais harmoniosamente faziam-lhe inspirar profunda confiança. Apesar de diabético e lutar contra dois cânceres, não fez disso desculpa para o comodismo ante a seus ideais maiores, ele sabia o que queria, e não mediu esforço para conseguir. Com seu espírito jovem e obstinado, Darcy Ribeiro estava sempre aprendendo e ensinando, ele sabia como ninguém pensar com serenidade e defender aquilo em que acreditava, porém era realista o suficiente para não se perder em “devaneios utópicos”...

André Luiz Diniz Costa

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A NARRAÇÃONarrar é contar uma história (real ou fictícia). O fato narrado apresenta uma seqüência de ações envolvendo personagens no tempo e no espaço.

ELEMENTOS BÁSICOS DA NARRAÇÃO:

O QUÊ? – o(s) fato(s) que determina(m) a história;QUEM ? _ a personagem ou personagens;COMO? _ o enredo, o modo como se tecem os fatos;ONDE? _ o lugar ou lugares da ocorrência;QUANDO? _ o momento ou momentos em que se passam os fatos;POR QUÊ? _ a causa do acontecimento.

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A FLOR DO GEÓGRAFO Dom Marcos Barbosa O.S.B.

(...) “Voltara Desfontaines a São Paulo, onde havia estado anteriormente e morara algum tempo. Tendo contratado um carro para levá-lo não sei onde, reconheceu, ao passar, o sítio da sua antiga casa. Pediu ao chofer que parasse, saltou, foi redescobrir a fachada que lhe sorriu entre as outras, e em cujas janelas viu aparecerem a mulher e as filhas ausentes, mais moça aquela, menos crescidas estas... Viu-se ai mesmo como era, como fora, como havia sido. Até que, caindo em si – ou antes caindo de si – deu com o automóvel que largo tempo o esperava.Subiu depressa ao carro, bateu a porta, pediu ao chofer que corresse. Quando chegou, atrasado, ao término da viagem e perguntou o preço, viu com surpresa que o chofer pedia o mesmo que antes haviam combinado. – Mas (protestou Desfontaines) o senhor esteve parado muito tempo; não quero causar-lhe prejuízo! E foi então que o chofer disse lentamente a sua frase, a sua flor: “Saudades não se pagam...”

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DISSERTAÇÃO: Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar a

respeito de um determinado tema, expressando o ponto de vista de quem escreve em relação a esse tema. Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira convincente, ou seja, de maneira que elas sejam compreendidas e aceitas pelo leitor; e isso só acontece quando tais opiniões estão bem fundamentadas, comprovadas, explicadas, exemplificadas, em suma: bem ARGUMENTADAS (argumentar= convencer, influenciar, persuadir). A argumentação é o elemento mais importante de uma dissertação.

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“A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centenas de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo,. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta”.

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Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido é responder três questões básicas.

1. Qual é a questão de que o texto está tratando?

2. Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão?

3. Quais são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinião dada?

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Filosofia dos epitáfios (Machado de Assis)

“Saí, afastando-me do grupo, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum; parece- lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.” Do ponto de vista da tipologia textual, é CORRETO afirmar que o texto 1, “Filosofia dos epitáfios”, é um texto predominantemente

A) dissertativo.B) descritivo. C) narrativo. D) narrativo, com uso do discurso indireto.E) descritivo, com uso do discurso direto.

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I. “Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do caseiro fechada, tudo anunciava abandono.” (Graciliano Ramos, Vidas Secas) – Texto dissertativo.

II. “Além de ser a primeira, a maior e a mais garantida do Brasil, a Poupança da Caixa também dá prêmios milionários. São cerca de 1.800 prêmios de 500 reais, 25 prêmios de 10 mil reais e o prêmio de 1 milhão de reais (…)” (Anúncio da Caixa, publicado na Revista Veja, de 06 de fevereiro de 2002) – Texto descritivo.

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III.“A concepção do homem sobre si mesmo e sobre o mundo tem mudado radicalmente. Primeiro, os homens pensavam que a Terra fosse plana e que fosse o centro do universo; depois, que o homem é uma criação divina especial (…)” (K. E. Scheibe) – Texto descritivo.

IV. “Para viver, necessitamos de alimento, vestuário, calçados, alojamento, combustíveis, etc. Para termos esses bens materiais é necessário que a sociedade os produza (…)”. (A. G. Graciliano, Introdução à Sociologia) – Texto dissertativo.

V. “Vinha eu caminhando pela Avenida Marginal, quando ouço um choro abafado e fino, como de menino pequeno.” (Lourenço Diaféria) – Texto narrativo.

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O primeiro passo para interpretar um texto consiste em decompô-lo, após uma primeira leitura em sua ideia básica ou ideia núcleo, ou seja, realizar um trabalho analítico buscando os conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Essa operação fará com que a essência do texto “salte aos olhos”.

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TEMA CENTRAL: Proposição essencial que vai ser tratada ou demonstrada. Assunto primordial de que trata o texto.

TÓPICO DE UM PARÁGRAFO: Temática central apresentada e discutida no parágrafo considerado, geralmente mediante desenvolvimento da argumentação.

ARGUMENTO PRINCIPAL DEFENDIDO: Corresponde à tese (proposição exposta para debate). Geralmente é apoiada em argumentos com o intuito de convencer um público-leitor sobre o ponto de vista chave apresentado pelo autor.

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O PRECONCEITO NOSSO DE CADA DIA Preconceito, nunca. Temos apenas opiniões bem definidas sobre as coisas. Preconceito é o outro que tem...

Mas, por falar nisso, já observou o leitor como temos o fácil hábito de generalizar sobre tudo e todos? Falamos sobre “mulheres”, a partir de experiências pessoais; conhecemos “os políticos”, após acompanhar a carreira de dois ou três; sabemos tudo sobre os “militares” porque o síndico de nosso prédio é um sargento aposentado; discorremos sobre sogras, advogados, professores, motorista de caminhão, peões de obras, dançarinos, enfim, sobre tudo. Mas discorremos de maneira especial sobre raças e nacionalidades e, por extensão, sobre atributos inerentes a pessoas nascidas em determinados Estados.

Afinal, todos sabemos (sabemos?) que os franceses não tomam banho; os mexicanos são preguiçosos; os suíços, pontuais; os italianos, ruidosos; os japoneses, trabalhadores; e por aí afora. Sabemos também que cariocas são folgados; baianos, festeiros; nordestinos, pobres; mineiros, diplomatas etc. Sabemos ainda que o negro não tem o mesmo potencial que o branco, a não ser em algumas atividades bem-definidas como o esporte, a música, a dança e algumas outras que exigem mais do corpo e menos da inteligência.

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O mecanismo funciona mais ou menos assim: estabelecemos uma expectativa de comportamento coletivo (nacional, regional, racial), mesmo sem conhecermos, pessoalmente, muitos ou mesmo nenhum membro do grupo sobre o qual pontificamos. Não nos detemos em analisar a questão um pouco mais a fundo. Não nos interessa estudar o papel que a escravidão teve na formação histórica de nossos negros. Nada disso. O importante é reproduzir, de forma acrítica e boçal, os preconceitos que nos são passados por piadinhas, por tradição familiar, pela religião, pela necessidade de compensar nossa real inferioridade individual por uma pretensa superioridade coletiva que assumimos ao carimbar o “outro” com a marca de qualquer inferioridade.

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Temos pesos, medidas e até um vocabulário diferente para nos referirmos ao “nosso” e ao do “outro”, numa atitude que, mais do que autocondescendência, não passa de preconceito puro. Por exemplo, a nossa, é religião, a do outro é seita; nós temos fervor religioso, eles são fanáticos; nós temos hábitos, eles, vícios; nós cometemos excessos compreensíveis, eles são um caso perdido; e, finalmente, não temos preconceito, apenas opinião formada sobre as coisas.

Ou deveríamos ser como esses intelectuais que para afirmar qualquer coisa acham necessário estudar e observar atentamente? Observar, estudar e agir respeitando as diferenças é o que se espera de cidadãos que acreditam na democracia e, de fato, lutam por um mundo mais justo. De nada adianta protestar contra limpezas raciais e discriminação pelo mundo afora, se não ficamos atentos ao preconceito nosso de cada dia.

Jaime Pinsky.O Estado de S. Paulo. São Paulo, 20/5/93. Adaptado.

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1. Qual é a questão de que o texto está tratando?R: O preconceito nosso de cada dia.

2. Qual é a opinião do autor sobre a questão posta em discussão?R: Reproduzimos de forma acrítica e boçal, os preconceitos que nos são passados por piadinhas, por tradição familiar, pela religião... Rotulamos, com muita facilidade, certos tipos e comportamentos sociais.

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3. Quais são os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinião dada?

1. Temos o fácil hábito de generalizar sobre tudo e todos;

2. Estabelecemos uma expectativa de comportamento coletivo (nacional, regional, racial), mesmo sem conhecermos, pessoalmente, muitos ou mesmo nenhum membro do grupo sobre o qual pontificamos;

3. Temos pesos, medidas e até um vocabulário diferente para nos referirmos ao “nosso” e ao do outro.