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PUBLICAÇÃO CRÍTICA DO RECENSEAMENTO GERAL DO IMPÉRIO DO BRASIL DE 1872 (Relatório Provisório) Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica - NPHED CLOTILDE A. PAIVA Pesquisadora do Cedeplar MARCELO MAGALHÃES GODOY Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar MARIO MARCOS SAMPAIO RODARTE Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar DOUGLAS SANTOS Programador ANTÔNIO DA MATTA DE JESUS, HENRIQUE MIRANDA, MATHEUS MENDONÇA, PATRÍCIA VARGAS Bolsistas BAT e IC Janeiro de 2012

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PUBLICAÇÃO CRÍTICA DO RECENSEAMENTO GERAL DO IMPÉRIO DO BRASIL DE 1872

(Relatório Provisório)

Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica - NPHED

CLOTILDE A. PAIVA Pesquisadora do Cedeplar

MARCELO MAGALHÃES GODOY Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar

MARIO MARCOS SAMPAIO RODARTE Prof. da FACE/UFMG/ Pesquisador do Cedeplar

DOUGLAS SANTOS Programador

ANTÔNIO DA MATTA DE JESUS, HENRIQUE M IRANDA , MATHEUS MENDONÇA, PATRÍCIA VARGAS Bolsistas BAT e IC

Janeiro de 2012

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Índice

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 4

PARTE I: O CENSO DE 1872 – ASPECTOS GERAIS DA PESQUISA.............................................................. 6

1. O RECENSEAMENTO GERAL DO IMPÉRIO DO BRASIL DE 18 72: UMA ANÁLISE DA CONSISTÊNCIA E UMA PROPOSTA DE CORREÇÃO DOS DADOS ............................................................ 7

1.1 Introdução........................................................................................................................................................... 7 1.2 O censo de 1872 e as contagens populacionais anteriores .................................................................................. 7

1.2.1 O período proto-estatístico no Brasil (1750 – 1872)................................................................................... 7 1.2.2 Um censo nacional.................................................................................................................................... 10 1.2.3 O censo de 1872 em campo ....................................................................................................................... 12

1.3 Considerações sobre o censo a partir do seu pré-teste e dos registros de uma família quase recenseada ......... 13 1.4 Divulgação dos dados divulgados e os ajustados do Censo de 1872 ................................................................ 21 1.5 Considerações finais ......................................................................................................................................... 26 1.6 Fontes e referências bibliográficas.................................................................................................................... 27

1.6.1 Fontes primárias........................................................................................................................................ 27 1.6.2 Referências bibliográficas .........................................................................................................................27

PARTE II: A DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872 ......... ............................................................................. 29

2. A DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872 ...................................................................................................... 30

PARTE III: A CORREÇÃO DOS DADOS DO CENSO DE 1872....................................................................... 32

3. O MÉTODO DO RESULTADO PREDOMINANTE (MRP) PARA CO RREÇÃO DOS DADOS DO CENSO DE 1872....................................................................................................................................................... 33

3.1 Aspectos gerais ................................................................................................................................................. 33 3.2 Primeiro módulo: Os resultados predominantes gerais..................................................................................... 36 3.3 Segundo módulo: o cotejamento automático da mesma variável entre tabelas do censo ................................. 37 3.4 Terceiro módulo: ajuste das variáveis singulares pelo valor modal ou de vizinhança espacial ........................ 38 3.5 Considerações finais do MRP........................................................................................................................... 39 3.6 Anexo estatístico............................................................................................................................................... 39

PARTE IV: AVALIAÇÃO CRÍTICA DO CENSO DE 1872 ....... ........................................................................ 55

4. OS DOIS CENSOS DA CORTE – 1870/1872 .................................................................................................... 56

5. A INSTRUÇÃO PÚBLICA E OS CENSOS DEMOGRÁFICOS NAS DÉCADAS DE 1830 E 1870, EM MINAS GERAIS: UM ESTUDO DE CASO.......................................................................................................... 59

5.1 Introdução......................................................................................................................................................... 59 5.2 O Censo de 1872............................................................................................................................................... 61 5.3 Resultados......................................................................................................................................................... 63

5.3.1 Centralidade urbana.................................................................................................................................. 63 5.3.2 Nível de desenvolvimento...........................................................................................................................64 5.3.3 Dinâmica demográfica .............................................................................................................................. 65

5.4 Considerações finais ......................................................................................................................................... 67 5.5 Referências bibliográficas................................................................................................................................. 68

PARTE V: ANEXOS................................................................................................................................................ 69

6. O SOFTWARE POP 72 - BRASIL: ASPECTOS TÉCNICOS DO APLICATIVO ....................................... 70

7. RELATÓRIO DE PESQUISA DE DIGITALIZAÇÃO DO CENSO DE 1872, EM 1983.............................. 71

8. PRODUÇÃO CIENTÍFICA E DIVULGAÇÃO ................ .............................................................................. 105

8.1 Produção acadêmica ....................................................................................................................................... 105 8.2 Divulgação acadêmica .................................................................................................................................... 105 8.3 Atividades dos bolsistas.................................................................................................................................. 106

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Índice de Tabelas TABELA 1: POPULAÇÃO TOTAL. BRASIL - 1872...................................................................................................................................20 TABELA 2: DIFERENÇA ENTRE OS DADOS PUBLICADOS E A SOMA TOTAL DAS PARÓQUIAS, POR CONDIÇÃO, COR E ESTADO CIVIL. BRASIL, 1872

..................................................................................................................................................................................................25 TABELA 3: DIFERENÇA ENTRE OS DADOS PUBLICADOS E A SOMA TOTAL DAS PARÓQUIAS, POR RELIGIÃO, NACIONALIDADE E FREQUÊNCIA

ESCOLAR. BRASIL, 1872 ............................................................................................................................................................26 TABELA 4 – TOTAL DA POPULAÇÃO SEGUNDO O OFICIALMENTE DIVULGADO E SEGUNDO A SOMA NAS 11 SEÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS –

BRASIL – 1872...........................................................................................................................................................................33 TABELA 5 – TOTAL DA POPULAÇÃO NAS 11 SEÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS, SEGUNDO CONDIÇÃO E SEXO - PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DO

PILAR DE OURO PRETO - 1872...................................................................................................................................................34 TABELA 6 – PARÓQUIAS SEGUNDO OCORRÊNCIA DE TOTAIS DIVERGENTES AO NÚMERO MODAL NAS 11 SEÇÕES DE TOTALIZAÇÕES DAS TABELAS

PAROQUIAIS, POR CONDIÇÃO E SEXO - BRASIL - 1872................................................................................................................35 TABELA 7 – DISTRIBUIÇÃO DAS PARÓQUIAS SEGUNDO O RESULTADO MODAL NAS 11 SEÇÕES DE TOTALIZAÇÕES DAS TABELAS PAROQUIAIS, EM

RELAÇÃO AO NÚMERO MODAL E DIVERGÊNCIA PARA MAIS E PARA MENOS, POR CONDIÇÃO E SEXO – BRASIL – 1872...............36 TABELA 8 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO PRIMEIRO “QUADRO GERAL DA POPULAÇÃO” – BRASIL – 1872

..................................................................................................................................................................................................40 TABELA 9 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO PRIMEIRO “QUADRO GERAL DA POPULAÇÃO” – BRASIL –

1872 ..........................................................................................................................................................................................41 TABELA 10 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO SEGUNDO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO DE FATO

(PRESENTE) EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 ..............................................................................................................42 TABELA 11 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO SEGUNDO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO DE FATO

(PRESENTE) EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 ..............................................................................................................43 TABELA 12 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO TERCEIRO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO AUSENTE EM

RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872.......................................................................................................................................44 TABELA 13 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO TERCEIRO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO AUSENTE

EM RELAÇÃO ÀS IDADES – BRASIL – 1872 .................................................................................................................................45 TABELA 14 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NOS QUADROS DE IDADES, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL –

BRASIL – 1872...........................................................................................................................................................................46 TABELA 15 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À

POPULAÇÃO MASCULINA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872......................................................................47 TABELA 16 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À

POPULAÇÃO MASCULINA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872......................................................................48 TABELA 17 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NA SEGUNDA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À

POPULAÇÃO FEMININA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 .........................................................................49 TABELA 18 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NA PRIMEIRA PARTE DO QUARTO “QUADRO”, RELATIVO À

POPULAÇÃO FEMININA BRASILEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 .........................................................................50 TABELA 19 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO QUINTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO ESTRANGEIRA,

EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 ..................................................................................................................................51 TABELA 20 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO QUINTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO

ESTRANGEIRA, EM RELAÇÃO À ORIGEM – BRASIL – 1872 ..........................................................................................................52 TABELA 21 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS NÃO CORRIGIDOS CONTIDOS NO SEXTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL, EM

RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES – BRASIL – 1872................................................................................................................................53 TABELA 22 SOMATÓRIA DOS DADOS PAROQUIAIS AJUSTADOS PELO MRP CONTIDOS NO SEXTO “QUADRO”, RELATIVO À POPULAÇÃO TOTAL, EM

RELAÇÃO ÀS PROFISSÕES – BRASIL – 1872................................................................................................................................54 TABELA 23: POPULAÇÃO DA CORTE EM 1870 E 1872..........................................................................................................................57 TABELA 24: NÍVEL DE CENTRALIDADE URBANA, POR INSTRUÇÃO – 1838...........................................................................................64 TABELA 25: NÍVEL DE CENTRALIDADE URBANA, POR INSTRUÇÃO – 1872...........................................................................................64 TABELA 26: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X INSTRUÇÃO – 1838 ...................................................................................65 TABELA 27: NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X INSTRUÇÃO – 1872 ...................................................................................65 TABELA 28: TIPOLOGIA DE DINAMISMO DEMOGRÁFICO X INSTRUÇÃO – 1838 ....................................................................................66 TABELA 29: TIPOLOGIA DE DINAMISMO DEMOGRÁFICO X INSTRUÇÃO – 1872 ....................................................................................67 TABELA 30: DIVISÃO ADMINISTRATIVA E POPULAÇÃO SEGUNDO A CONDIÇÃO...................................................................................77 TABELA 31: PROVÍNCIAS, PARÓQUIAS E POPULAÇÕES RESPECTIVAS SEGUNDO O ANO DE REALIZAÇÃO DO CENSO.............................78 TABELA 32: POPULAÇÃO PRESENTE POR IDADE, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL ORIGINAL88 TABELA 33: POPULAÇÃO PRESENTE POR IDADE, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA89 TABELA 34: DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO PRESENTE POR SEXO, CONDIÇÃO E IDADE – MINAS GERAIS 1872 COMPARAÇÃO ENTRE

AS TABELAS PROVINCIAIS ORIGINAL E CORRIGIDA....................................................................................................................90 TABELA 35: POPULAÇÃO LIVRE SEGUNDO IDADE, SEXO E COR – MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL ORIGINAL ................91 TABELA 36: PULAÇÃO LIVRE SEGUNDO IDADE, SEXO E COR – MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA ..................92 TABELA 37: POPULAÇÃO EM RELAÇÃO À NACIONALIDADE BRASILEIRA MINAS GERAIS – 1872 – TABELA PROVINCIAL ORIGINAL .....93 TABELA 38: POPULAÇÃO EM RELAÇÃO A NACIONALIDADE BRASILEIRA MINAS GERAIS - 1872 – TABELA PROVINCIAL CORRIGIDA...94 TABELA 39: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR PROFISSÕES SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO – MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL

CORRIGIDA ................................................................................................................................................................................95 TABELA 40: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR PROFISSÕES SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO – MINAS GERAIS – 1872 TABELA PROVINCIAL

ORIGINAL...................................................................................................................................................................................96 TABELA 41: DISTRIBUIÇÃO, POR MUNICÍPIO, DA POPULAÇÃO DE MINAS GERAIS, EM 1872, SEGUNDO SEXO E CONDIÇÃO..................97

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Introdução

O momento da concretização dos resultados da pesquisa “Publicação crítica do

Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872” simboliza o fechamento de um ciclo que

durou três décadas, que acabaram unindo o nome do Cedeplar/UFMG ao primeiro censo

demográfico brasileiro, pois foi a instituição que identificou, no início da década de 1980, a

importância de voltar a atenção com mais cuidado para esta preciosa documentação demográfica

e dar a ela maior publicidade. A ideia de que se conclui uma etapa importante se baseia,

principalmente, no fato de que a pesquisa logrou disponibilizar os dados da primeira iniciativa de

retratar a população brasileira (sem os erros de soma e de impressão dos originais) da forma mais

ampla possível, por meio da internet, com acesso gratuito.

Seria tarefa árdua e, ao mesmo tempo, desnecessária, elencar as inúmeras aplicações e

utilidades que os dados do Censo de 1872, agora trabalhados e mais acessíveis, teriam para a

comunidade científica e para a sociedade em geral. Um censo demográfico, qualquer que seja,

pode ser considerado fonte inesgotável de pesquisas, mas as particularidades do censo em

questão o tornam ainda mais especial: foi o primeiro censo brasileiro e o único do período

imperial e escravista. Além disso, o Censo de 1872 pode ser considerado bem completo, mesmo

para os padrões atuais, devido à quantidade de atributos da população que conseguiu levantar.

A ampla repercussão da divulgação do acesso aos dados do Censo de 1872 pode ser

atestada pelo interesse de inúmeros sites e portais de notícia de repercutirem a informação, que

foi também ecoado nos blogs e nas redes sociais. O resultado disso se traduziu em uma

ampliação de cerca de 45 vezes os acessos ao site, em relação ao fluxo médio anterior.

O principal produto da pesquisa foi o “Pop 72 – Brasil, v 1.0”, aplicativo hospedado no

site do Cedeplar/UFMG1 que permite extrair os dados do Censo de 1872 de diversas formas de

consulta, que podem ser transferidos facilmente para planilha eletrônica (do tipo Excel). O

presente texto, na forma de relatório, procura, entre outras coisas, descrever as etapas da

pesquisa, a participação dos membros da pesquisa, além de apresentar o conteúdo pesquisado,

que versa principalmente sobre a descrição do Censo de 1872 e os métodos empregados para

suprir suas deficiências e petencializar seu uso.

O relatório encontra-se composto em cinco partes. A primeira parte propõe realizar uma

apresentação geral do Censo de 1872, sua contextualização histórica, além de conter uma

1 http://www.nphed.cedeplar.ufmg.br/

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primeira reflexão sobre as diferenças entre os dados divulgados e os dados efetivamente

coletados em campo, depois de eliminadas as incorreções.

A parte dois do relatório propõe fazer um resgate de toda a trajetória de três décadas de

pesquisa que culminaram, agora, na disponibilização dos dados em versão digital. Dois aspectos

devem ser ressaltados aqui que justificaram a iniciativa, desde o início. O primeiro aspecto

refere-se à necessidade de ajustar os dados, uma vez que as inconsistências eram evidentes e os

dados divulgados davam margem a uma leitura diferente daquela realidade. O outro aspecto diz

respeito à necessidade de se dar maior publicidade aos dados do censo, tão necessários para a

historiografia brasileira, quer local, quer nacional.

A terceira parte volta-se a apresentar o método pelo qual foi possível vencer o desafio de

eliminar todas as inconsistências dos dados de 1872 de forma a tornar o censo um todo

harmônico, buscando, para tanto, realizar o mínimo de intervenção sobre os registros originais.

Trata-se de um método que procura corrigir os dados não por alguma evidência externa, mas sim

orientado, tão somente, pela coerência intrínseca dos próprios dados censitários de 1872.

A parte quatro contém estudos de caso que auxiliam no entendimento das possibilidades e

limitações do Censo de 1872, ainda que incipientes. O primeiro propõe fazer uma comparação

entre os resultados do censo da Corte, de 1870 (considerado o pré-teste do censo de 1872) e os

dados da Corte do Censo de 1872. O segundo estudo versa sobre as informações de frequencia

escolar e alfabetização contidas nesse registro demográfico. Optou-se ai, fazer um estudo da

província de Minas Gerais, que já continha um censo regional que tratava esse tempo (de 1838),

o que permitiu fazer comparações dos dados e acompanhar a evolução no tempo.

A quinta parte é composta por anexos que objetivam complementar os conteúdos

anteriores do relatório. Apresenta-se, primeiramente, os aspectos técnicos do aplicativo Pop 72 –

Brasil, v. 1.0. Na sequencia, é apresentada uma versão ligeiramente modificada do relatório de

pesquisa que deu início à digitalização dos dados de 1872, no Cedeplar. Por último, apresenta-se

a produção científica dos pesquisadores e bolsistas.

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PARTE I: O Censo de 1872 – Aspectos gerais da pesquisa

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1. O Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção dos dados2

1.1 Introdução

O Recenseamento Geral do Império de 1872 desperta natural interesse não apenas por ter

sido o primeiro censo brasileiro de abrangência nacional, mas também por ter sido única

experiência de arrolamento populacional que logrou sucesso no período imperial e escravista.

Além disso, teve o primado de ser o levantamento demográfico com leque de temas divulgados

mais amplo que os dois censos de 1890 e 1900, que o sucederam, além de ter sido considerado

mais exato na captação e com maior cobertura que estes.

Apesar de sua relevância esta obra não havia sido objeto de um estudo crítico até cerca de

três décadas quando, no Cedeplar, teve início o estudo crítico deste censo. O presente trabalho é

um estudo minucioso do censo e, de certa forma, tem a função de apresentar a sua base de dados

disponibilizada no site do Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica do

Cedeplar. O trabalho propõe lançar luz sobre duas questões. Em primeiro lugar, pretende-se

investigar como foram coletadas as informações censitárias, o que passa, necessariamente, pela

análise do questionário do censo, então denominado lista (ou boletim) de família. Em segundo

lugar, foca-se os dados divulgados como síntese da população do Brasil, procurando analisar em

que medida eles guardam coerência com a soma dos dados locais.

O texto está subdivido em três partes, além desta introdução e das considerações finais.

No item seguinte, procura-se descrever o contexto histórico em que esse censo se inseria. Além

disso, buscou-se fazer uma síntese dos aspectos legais e institucionais que o cerca. No item dois,

fez-se um estudo comparativo do censo do Município da Corte de 1870 (considerado o pré-teste)

e do de 1872, mediante análise dos questionários remanescentes. No item seguinte investigou-se

alguns dados efetivamente publicados, buscando compará-los com as agregações de dados

somente possíveis de se fazer agora, com a base de dados de 1872 do Cedeplar.

1.2 O censo de 1872 e as contagens populacionais anteriores3

1.2.1 O período proto-estatístico no Brasil (1750 – 1872)

É bastante disseminada a periodização quanto ao registro de informações demográficas

no Brasil proposta por Luiza Marcílio (1986: 14) e também apresentada de forma mais sintética

2 Esta é uma versão ligeiramente modificada do texto apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP, em novembro de 2012. 3 Este item e o seguinte são adaptações de parte do conteúdo do trabalho de tese desenvolvido por Rodarte (2008).

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no texto de Paiva, Carvalho e Leite (1990). Segundo Marcílio, haveria três fases distintas: 1) a

pré-estatística (de 1500 a cerca de 1750), em que há escassez de registros de levantamento

populacional baseados em contagem direta da população; 2) a proto-estatística (de 1750,

aproximadamente, a 1872), caracterizada pela abundância de censos regionais e séries

estatísticas vitais provenientes de registros paroquiais; e 3) a estatística (a partir de 1872), com a

criação dos censos nacionais, inicialmente por órgãos estatísticos centrais e pela secularização

das estatísticas vitais (de nascimentos, óbitos e casamentos), com a institucionalização dos

cartórios.

O marco da mudança para o período proto-estatístico seguramente foi dado com a

realização do primeiro levantamento de caráter censitário, simultaneamente, em toda a colônia

portuguesa, em 1776, por meio de mapas de população com formato provavelmente inspirado no

levantamento espanhol de 1768 (Botelho, 1998: 17). Atribui-se o esforço de realização desse

primeiro censo à influência do caráter modernizante da gestão do marquês de Pombal. Ainda

segundo o autor:

“Desde as reformas pombalinas, descrever e conhecer a realidade brasileira começaram a fazer parte das preocupações dos seus letrados. Inseridos em uma lógica pragmática que buscava promover o renascimento agrícola da colônia e fomentar a produção de matérias primas para a industrialização de Portugal, partia-se para o estudo da realidade brasileira” (Botelho, 1998: 32).

Apesar de baseados na efetiva contagem in loco da população, os primeiros arrolamentos

demográficos tinham a qualidade limitada por vários fatores relativos ao seu contexto histórico.

Em documentos coevos, os capitães-mores (administradores municipais) e vigários paroquiais,

responsáveis últimos pelos levantamentos locais da população, manifestavam a existência de

subcontagem, pelo temor do fisco, do recrutamento militar e mesmo pela impossibilidade de

recensear as áreas rurais mais isoladas de forma plena (Botelho, 1998: 18).

A exatidão desses documentos em aferir as dimensões populacionais também era

comprometida, segundo Botelho (1998: 19-20), pelo interesse das autoridades locais em omitir o

verdadeiro tamanho da população, causado pelo receio de subdivisão de paróquias, pelos

conflitos entre as instâncias administrativas, pela falta de preparo técnico dos envolvidos na

organização do trabalho demográfico e pela ausência de coordenação entre os agentes. Tudo

isso, vez por outra, também resultava em duplicação de tarefas. Acresce a isso, o temor da

população pelo aumento de tributação e o alistamento militar. Pode-se dizer que, em maior ou

menor grau, esses elementos afetaram a qualidade de todos os recenseamentos ao longo do

período proto-estatístico.

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Por cerca de um século, depois de 1776, como dito, os levantamentos demográficos eram

regionais e desarticulados entre as unidades da Colônia/Império4. No caso de Minas Gerais, área

mais populosa do Brasil, um documento anônimo elaborado, provavelmente em 1833, transcrito

na Revista do Arquivo Púbico Mineiro (RAPM, 1899: 294-296) apresenta sínteses das contagens

gerais da população, para os anos de 1786, 1805, 1808, 1821 e 1823 desagregadas por condição

e sexo, segundo cor.

Em breves palavras, o mesmo documento aponta para o fato de que os dados de 1823

tinham sido extraídos de “relações nominais”, mais conhecidas como listas nominativas. Esse

enunciado pode estar sugerindo uma mudança importante nos procedimentos para levantamentos

populacionais. Ela seria a substituição de mapas de população, documentos de síntese de

população, normalmente com totais por sexo, faixa etária, condição e cor, por um documento

mais minucioso5. Supostamente, ele trazia, linha por linha, a relação de todos os habitantes com

as respectivas informações de nome, idade, cor, condição social6, domicílio de pertencimento e

outras7.

Em Minas Gerais, a adoção das listas nominativas, que resultava em maior confiabilidade

aos arrolamentos populacionais, foi advogada pelo major Luiz Maria da Silva Pinto (1775-1869),

um dos principais organizadores das estatísticas de Minas Gerais por quase quatro décadas8.

Lotado no cargo de secretário de Governo, desde o ano da Independência, Luiz Maria, que

também havia sido presidente da província, justificava a mudança alegando que na elaboração

dos seus mapas de população, as autoridades dos municípios e distritos de paz freqüentemente

agregavam as informações em categorias estranhas ao padrão previamente definido pelo governo

4 As clássicas “Investigações sobre os Recenseamentos da População Geral do Império”, de Souza e Silva (1986) e o “Resumo Histórico dos Inquéritos Censitários Realizados no Brasil” (Vianna, 1986), trabalhos de recapitulação dos levantamentos populacionais para subsidiar o planejamento dos censos de 1872 e 1920, respectivamente, mencionam diversas contagens populacionais importantes. Mais recentemente, o trabalho de Botelho (1998) apresenta as experiências e relatos desses diversos recenseamentos e contagens populacionais em cada capitania/província da colônia/nação, ao longo do século XIX. 5 Apesar de mais frequentes após a independência, existem remanescentes de listas nominativas em períodos anteriores, como nos termos de Ouro Preto e Mariana, em 1808, estudadas, dente outros, por Costa (1981). Mesmo para a década de 1770 foram encontradas algumas listas nominativas, em Minas Gerais e em outras capitanias, sobretudo em São Paulo. 6 Entre as condições sociais, livre e escravo eram as mais freqüentes. Forros (cativo liberto) e quartados (cativo em processo de alforriamento) eram menos incidentes, inclusive pela menor frequência dessas condições, mas também por não constituir categorias normalmente exigidas nos ofícios que solicitavam os levantamentos das listas. Por isso, forros poderiam ser classificados, simplesmente, como livres e quartados, como escravos. A ausência dessa informação, em geral, foi tomada como indicação do indivíduo ser livre, pelo elevado número de casos de não informação de condição entre os brancos. 7 Em Paiva e Arnaut (1990), consta uma descrição mais detalhada sobre as características das listas nominativas mineiras. 8 A atuação do Major Luiz Maria da Silva Pinto na constituição de estatísticas demográficas, socioeconômicas e elaboração cartográfica foi reconhecida por um dos coordenadores da parte econômica do censo de 1920 e, depois, um dos diretores do IBGE, Mário Augusto Teixeira de Freitas, ao ponto de chamá-lo “pai da estatística geral mineira”. (Freitas, 1932: 171).

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da província. Isso impossibilitava as totalizações provinciais de forma satisfatória e rápida

(Botelho, 1998: 22). Já com as listas nominativas, as próprias autoridades provinciais poderiam

calcular e tabular as informações da forma como lhes conviesse.

O mesmo secretário, entretanto, advertia que os números apurados pelas listas

nominativas deveriam ser expandidos em, aproximadamente, 1/3, ou no mínimo, ¼, “pois é

sabido, que muitos chefes de famílias ocultam o que podem aos empregados nestas diligências”9.

Esse mesmo raciocínio esteve presente na avaliação do censo de 1823. Segundo consta no

documento transcrito na RAPM, a população arrolada era de 563.671 pessoas. O autor pondera,

entretanto, que a razão de pessoas por domicílio era baixa e que, por isso, a população deveria ter

por volta de 800.000 habitantes (RAPM, 1899: 296).

Ao longo do período proto-estatístico, a historiografia apresenta algumas tentativas,

próximas de uma dezena, de sistematização dos dados gerados regionalmente, para todo o Brasil.

As estimativas mais conhecidas referem-se aos anos de 1808, 1818, 1823 e 1854. Em geral, as

somas das capitanias/províncias apresentam-se, com frequência, arredondadas, o que sugere

pouca exatidão dos levantamentos populacionais, um produto mais próximo de uma conjectura

do que de algo fundamentado em uma contagem populacional efetiva.

1.2.2 Um censo nacional

Deve-se considerar que com a Independência, aumentou-se a necessidade de se saber o

tamanho da população, por questão eleitoral, com o voto censitário (que estabelecia proporções

entre número de domicílios de cada paróquia e província e a quantidade de eleitores, deputados e

senadores), como se observa em Senra (2006: 91).

Mas os levantamentos regionais não atendiam a contendo as demandas do Estado10, pela

pouca precisão e baixa qualidade da informação. De fato, a modernização da gestão do estado

requeria a disponibilidade de informações mais acuradas sobre a totalidade da população e suas

principais características. Pode-se dizer, mesmo, que o interesse o governo imperial brasileiro em

realizar o censo geral da população esta dentro do espírito tecnocrático que estava se gestando no

mundo ocidental no decorrer do século XIX.

9 Arquivo Nacional – Códice 808, volume 1, folha 200, citado por Botelho (1998: 23). 10 A necessidade de dados populacionais, por parte de membros do governo, passou a ser mais explicitada e documentada a partir da Independência, em 1822 e nos anos subsequentes. Senra (2006: 73-78) transcreveu e analisou trechos dos anais do parlamento e do senado brasileiro, da época, que mostravam a demanda do legislativo dessa e de outras estatísticas. O autor também analisou depoimentos de minístros e próceres do Império que evidenciavam a mesma desejo de conhecimento do tamanho populacional, para municiar políticas de governo (Senra, 2006: 66- 72).

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

11

“É preciso, primeiro de tudo, que o Governo geral mostre ostensivamente ligar a assunto tão transcendente toda a importância que merece nas nações que nos precederam na marcha da civilização (...) a necessidade de semelhantes operações, que não tem por fim nem o recrutamento, nem o lançamento de novos impostos e outros pesados ônus, meros fantasmas com que se assombram e que as perseguem quando se trata de incluí-las no número que representa a totalidade da população de seu país” (Souza e Silva, 1986: 16-17).

A referência do autor sobre os receios da população em serem recenseadas justifica-se,

principalmente, pelas revoltas populares insufladas por boatos sobre as razões por trás da

modernização da coleta de informações demográficas, o que frustrou a tentativa de se realizar

um censo nacional já em 1852.

“A notícia da obrigatoriedade do registro civil deu origem a uma série de revoltas pelo Império. Segundo o Visconde de Monte Alegre, Ministro do Império, estas revoltas foram estimuladas pelo boato de que o registro “só tinha por fim escravizar a gente de cor”. Em seu depoimento, o ministro registrou a ocorrência de distúrbios, alguns de muita gravidade, nas províncias da Paraíba, do Ceará, de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Como bem notou Souza e Silva [1986: 14-15], a revolta contra o registro civil teve como efeito colateral a impossibilidade de levar adiante a realização do censo” (BOTELHO, 1998: 39).

Em 1870 o Império promove um verdadeiro ensaio para a realização de um censo

nacional, ao levantar, num período relativamente muito curto, o Censo do Município da Corte,

com os seus 235 mil habitantes. Em dois de abril de 1870, cria-se uma Comissão Central para

presidir os trabalhos. Até o dia 16, todos os questionário ou “listas de famílias” já deviriam ser

entregues aos chefes de famílias de “cada morada” para preenchimento das mesmas. Na

sequência, elas seriam recolhidas pelos recenseadores, denominados inspetores, entre os dias 17

e 21 de abril. Seguindo as instruções, todo o material produzido estaria reunido, em maio de

1870, para que a Comissão Central desse início ao trabalho de apuração geral. Data de 1871 o

Relatório que divulga o censo, com circunstanciada análise dos dados, além do relato do

processo de arrolamento populacional, entre outras informações. (RELATÓRIO, 1871).

Parece não haver dúvida de que havia um sentimento de que o Censo da Corte

representava um salto em relação a tudo que já se tinha feito em termos de contagem

populacional, sendo a iniciativa paradigmática para as novas iniciativas do gênero, a começar

pelo Censo de 1872. Em dois de maio de 1870, Souza e Silva já sugeria em seu estudo que “o

modo por que se esta procedendo ao arrolamento da Corte, os brilhantes resultados já obtidos

dão as mais lisonjeiras esperanças de que o pequeno ensaio servirá de incentivo e norma para o

arrolamento geral do Império” (Souza e Silva, 1986: 17). Em 1871, Albuquerque chega mesmo a

dizer que “não existem no Império nenhum trabalho estatístico de população que mereça fé, a

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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não ser o recenseamento , a que se procedeu no Município da Corte, em abril de 1870”

(Albuquerque, 1942: 132) 11.

Os outros dois passos determinantes para que o censo se concretizasse foram dados com a

promulgação da lei nº. 1829 de 09 de setembro de 1870 – que estabelecia a constituição de

censos decenais, que seriam executados pela Diretoria Geral de Estatística (DGE), também

criada por essa lei – e do decreto n° 4856 de 30 de dezembro de 1871, que tratava da fixação dos

detalhes da execução do censo, em 1872.

1.2.3 O censo de 1872 em campo

Por esse decreto de n° 4856, “ficou determinado que, em cada paróquia do Império,

haveria uma comissão censitária composta de cinco membros e um corpo de agentes

recenseadores, a ela subordinado, cujo número seria fixado pelos presidentes de província, tendo

em vista a população de cada paróquia e sua distribuição no espaço”. As comissões censitárias

receberiam da DGE, os lotes de “boletins de família”, que eram os questionários do censo e os

redistribuiriam para os agentes recenseadores (IBGE, 1951).

Eles iriam de casa em casa encaminhar, para cada chefe de família, um “boletim de

família”, durante os 15 dias anteriores a 1º de agosto de 1872, data de referência do censo, ao

modo semelhante como determinado em 1870. Na sequência, ainda pelo decreto n° 4856, os

“boletins de família”, uma vez preenchidos, seriam recolhidos pelos mesmos agentes

recenseadores, no prazo de 10 dias após a data de referência. Os dados constantes nos “boletins

de família” seriam checados e os erros, corrigidos. Por fim, nos cinco dias seguintes, as

comissões receberiam o material e, após uma conferência e cumpridos outros trâmites legais, os

expediriam de volta para a DGE, na Corte (IBGE, 1951).

A autodeclaração censitária, adotada nos censos de 1870 e de 1872, por trazer graves

deficiências aos dados, é um procedimento banido dos censos contemporâneos, mesmo em se

tratando de sociedades mais letradas. Além disso, deve-se considerar que os problemas

referentes à falta de uniformidade das respostas, omissão e de erros de interpretação das questões

se agravavam pelo fato de que o número de pessoas que sabiam ler e escrever, pelos próprios

dados do Censo de 1872, era quase igual ao número de famílias. Daí imagina-se o farto volume

11 Segundo relatório de pesquisa de Paiva e Martins, as normas previstas no decreto nº 4856 de 30 de dezembro de 1871 procuravam contornar algumas dificuldades enfrentadas pelos recenseadores na execução do arrolamento da população do Município da Corte, de abril de 1870, que por isso, pode ser considerado a pesquisa de ensaio para o Recenseamento de 1872. Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado, p. 4.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

13

de trabalho na checagem e correção das informações produzidas pelos próprios chefes de

família, ou por algum outro residente alfabetizado, caso este existisse.

Além dessa questão, o formato do questionário também pode facilitar ou dificultar o

preenchimento e a sua posterior apuração. O item seguinte procura analisar este aspecto,

ressaltando, sobretudo os aspectos mantidos e os alterados entre o boletim de família de 1870 e o

de 1872 e, na sequência, os dados efetivamente apurados pela DGE.

1.3 Considerações sobre o censo a partir do seu pré-teste e dos registros de uma família quase recenseada

O cotejamento entre os questionários dos censos de 1870 (Figura 1) e o de 1872 (Figura

2) foi sintetizado no Quadro 1. Para questionários respondidos pelos próprios chefes de fogos,

sem o acompanhamento de um manual, os campos para preenchimento das variáveis deveriam

ter as alternativas de resposta (ou as categorias), e/ou acompanhadas de notas explicativas, para

que o questionário fosse autocontido. Observou-se do primeiro para o segundo arrolamento

populacional um avanço nesse quesito, uma vez que todos os campos eram precedidos de

explicação no boletim de família de 1872, ao passo que o anterior, apenas o de estado civil e de

religião.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

14

Figura 1: Boletim de família do Censo do Município da Corte, 1870

Fonte: Recenseamento do Município da Corte de 1870 – Paróquia de São Cristóvão (IBGE, 1980).

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15

Figura 2: Boletim de família do Censo de 1872

Província da Bahia Recenseamento Geral do Imperio em 1872 Quarteirão ignoro

Municipio da Capital Logar próximo ao largo da matriz

Parochia de N. Sra. da Victória LISTA DE FAMÍLIA No 222 da Matrícula geral do Município Rua estrada da Victória

Districto de Paz e 1 da relação apresentada por mim. Casa N.º 332 F

(Deve comprehender todas as pessoas que pernoitarem na casa na noite de para de de 1872)

Nomes sobenomes e appellidos Cor Estado Profissão Religião Condições especiaes e observações

No Brazil Fora do Brazil Brazileiro Estrangeiro (A respeito dos hóspedes e transeuntes deve-se

declarar o logar de seu domicilio, e dos ausentes

o logar em que se acham, sendo sabido. Si algumas

das pessoas da relação forem surdo-mudos, cegos,

tortos, aleijados, dementes, alienados, isto será

aqui declarado. A respeito das crianças de 6 a 15

annos deve-se declarar si frequentam ou não

a eschola)

1º Antonio Gonçalves Gravatá branco 72 casado Na Bahia Nato

[Vive de sua própria

lavoura e

actualmente (...)]

Catholico

Apostólico RomanoSim Sim

2º D. Luisa Adelaide Gonçalvez de Almeida Idem 54 casada Na Bahia Idem Idem Sim Sim

3º Flora Pretamais de

40solteira N'Africa N'Africa Estrangeiro Cozinheira Idem Não Não Escrava

4º Argentina Idem Idem Idem Idem Idem Idem Lavadeira Idem Não Não Idem

5º Paciencia Idem 13 Idem Na Bahia Na Bahia Brasileira Todo o serviço Idem Não Não Idem

6º João Idem 17 Idem Idem Idem Idem Aprende Carapina Idem Não Não Idem, he filho da escrava Flora

7º Estevão Idem 13 Idem Idem Idem Idem Aprende a Pedreiro Idem Idem Idem Idem, he filho de uma escrava q libertou-se

8º Theodorico Idem 8 Idem Idem Idem Idem (...) Idem Idem Idem Idem, he filho da escrava Flora

9º Adão Idemmais de

40Idem África África África Serviço da casa Idem Idem Idem

Este preto foi liberto com a condiçam de acompanhar seus

senhores durante sua vida

10º Tobias Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem

11º Auta Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem

12º [Fava ] Idem 13 Idem Bahia Bahia Bahia Do serviço da casa Idem Idem Idem Idem, he filha da preta Auta

13º Cleta Idem 10 Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem Idem, idem

14º Hypólito Idem 10 meses Idem Idem Idem Idem [Não presta serviço ][Ainda não foi

baptizado ](...) (...) He livre por ter nascido em 6 de outubro de 1871

Auta, Fava e Cleta sairao de casa em 7 de setembro de 1872

O recenseador,

Logar de Nascimento

O Chefe de família Antonio Gonçalves Gravatá

(Declara-se a profissão, officio

ou occupação habitual ou os meios de vida)

(Declara-se si catholico ou acatholico,

comprehendidas nesta ultima

designação todas as outras religiões)

An

no

s

Me

ze

s

(Declara-se o estado pelas

palavras solteiro,

casado ou viuvo.)

(Annos completos.

So se declaram os mezes das crianças de

menos de um anno.)

Instrucção

Sabe escrever?

(Responde-se sim ou

não.)

Sabe ler ?

(Responde-se sim ou

não.)

Bahia, (...) Julho de 1872

Nu

me

ros

de

ord

em

(Deve-se declarar a

provincia em que nasceu.)

(Declara-se sómente o Estado ou Paiz em que

nasceu.)

Nacionalidade

(Declara-se si é nato, adoptivo

ou naturalisado.)

(Declara-se o Estado

ou Nação a que

pertence)

(Declara-se primeiramente o nome do chefe de familia, depois o da mulher, dos filhos, dos outros

parentes que com elle morem e em seguida o dos criados, escravos,

aggregados e hospedes.)

(Declara-se si a pessoa é branca, parda, cabocla

ou preta comprehendidas na designação de caboclas as de raça indigena.)

Idade

Obs.: Lista de família preenchida pelo chefe e não recolhido pelo agente recenseador. Original pertencente a família do bibliógrafo Hélio Gravatá, cujos antepassados residiam em Salvador na província da Bahia nesta época. Traz no verso a anotação: “Este exemplar me foi deixado em casa quando eu me achava fora; na volta disse-me hua escrava que o portador voltaria no dia seguinte; é por isso que recebendo-me no dia 16 de julho, a organizei no dia 17 á espera do portador que não voltou. Agora te [ilegível] poderia ser datada no 1º de Agosto de 1872 como vai [ilegível] agora”.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Quadro 1 – Informações coletadas e divulgadas no primeiro censo demográfico do Brasil e no censo do município da Corte

Censo de 1870 - Corte Censo de 1872 - Brasil Informação Questionário Divulgado Questionário Divulgado

Atributos pessoais

1. Sexo X (1) X X (1) X 2. Idade X X (2) X X (2) 3. Estado marital X X X X 4. Cor - - X X 5. Nacionalidade X X X X

País de origem X - X X 6. Província de origem dos

brasileiros - - X X

7. Religião X X X X 8. Condição de presença X - X X 9. Incapacidade física - - X X 10. Alfabetização - - X X 11. Frequência escolar (6 a 15

anos) - - X X

12. Relação com chefe do fogo X X(3) (4) X(3) 13. Condição (livre ou escravo) X X (5) X

Atividade econômica

14. Ocupação principal individual X X X X 15. Posição na ocupação X X X X

Atributos do domicílio e locacionais

16. Igrejas X X X - 17. Prisões X X X - 18. Quartéis e postos militares X X X - 19. Outros prédios públicos X X X - 20. Hospitais e casas de saúde X X X - 21. Casas habitadas X X X X 22. Localização (logradouro) da

casa X - X -

23. Residências vagas - - X X 24. Fogos existentes X X X X

Fonte dos dados básicos:. (1) Deduzido pelo nome dos indivíduos; (2) Em grandes faixas etárias; (3) Apenas número de chefes, não-chefes e escravos; (4) Determinado pelo regulamento do decreto nº 4.856 de 30 de dez. de 1871. O questionário indica a ordem dos membros do fogo segundo a posição do domicílio, mas não pede a declaração dos mesmos. (5) Situação análoga à “relação com o chefe”, mas moradores parecem ter declarado espontaneamente os escravos, com frequência.

Entre os atributos acrescentados, ou mais detalhados, observou-se mais elementos para o

estudo da mobilidade espacial e migração, uma vez que o censo de 1872 inquiria naturalidade

(isto é, lugar de nascimento) dos brasileiros e o de 1870, não.

Contudo, nas instruções para o recenseamento da Corte, de 1870, constava a necessidade

de se apurar, de cada indivíduo a “condição, idade, religião, estado e profissões dos habitantes”,

sob a justificativa de que tais dados serviriam “para o estudo e apreciação de muitos fatos

sociais” e sob as justificativas mais específicas de “regular convenientemente a distribuição do

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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ensino primário garantido pelo art. 179 (...) da Constituição, e para efetuar-se uma melhor

divisão e organização administrativa do mesmo Município”.

Apesar dessa demanda de mais informações sobre a educação, tal informação não foi

captada em 1870, mas passou a ser explicitada no boletim de família de 1872. Um outra

inovação foi a introdução da declaração sobre a (in)capacidade física e mental.

Com relação aos pontos em comum entre 1870 e 1872, observou-se a manutenção dos

atributos mais elementares de um levantamento populacional (como sexo e idade). Mas também

foram mantidas algumas fragilidades e indeterminações decorrentes do momento histórico e do

próprio estágio de desenvolvimento do conhecimento demográfico. Uma das principais refere-se

à junção das informações “profissão” e a inserção produtiva, mais conhecida atualmente como

“posição na ocupação”.

Segundo Rodarte (2008), a forma de inserção produtiva do chefe do fogo e dos demais

membros assumia grande importância, pois constituía um fator determinante da conformação do

domicílio, o que explicita a estreita relação entre o universo laboral e a organização da vida

doméstica, e, em outras palavras, sinaliza uma forma específica de vinculação entre economia e

demografia nessa sociedade. Ocorre porém, que as informações de profissão não são separadas

das de posição na ocupação. Assim, um comerciante poderia ser declarado como tal, ou como

proprietário (no caso, de uma loja, por exemplo), pelas categorias constituídas tanto no censo de

1870 (Figura 1) quanto no de 1872 (Tabela 21).

Entre as duas experiências, também foram observados alguns retrocessos. O principal

deles refere-se à captação da informação da posição dos membros no fogo, inclusive a

declaração da condição social de escravo, a despeito das instruções dadas pelo decreto nº 4.856

de 30 de dez. de 1871. A segmentação dos membros entre grandes grupos de posição no fogo

(membros da família, agregados12 e escravos) era inequívoca no boletim da família do censo de

1870, ao passo que no Censo de 1872, não. De fato, a informação sobre a condição escrava (que

deveria caber destaque, pela importância com que apareceu nos dados apurados do Censo de

1872, como se antevê na Figura 2) contou com a iniciativa voluntariosa dos chefes de fogos que

se deram ao trabalho declarar a condição de escravos, quando achavam apropriado, o que deve

ter comprometido a qualidade dessa informação.

Deve-se aqui, fazer algumas considerações pontuais sobre cada aspecto investigado dos

habitantes em ambos arrolamentos populacionais. Em 1872, a informação de cor levantada por

12 Provavelmente, o parente que fosse agregado figuraria entre os membros da família em 1870, sendo explicitada a condição de agregado na coluna de observações.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

18

apenas 4 categorias resultava em uma agregação grande para considerável parcela da sociedade,

em especial, para os “pardos” que, a princípio, abarcaria todos os mestiços, independente da

específica relação interétnica.

A informação sobre a idade foi solicitada sem agregação por categoria ou faixa etária,

para ambos os censos. O de 1870 contava com uma coluna para este dado, enquanto que o de

1872 tinha o refinamento de ter dois campos, um para anos completos e outro para meses (para

crianças antes de completar seu primeiro ano de vida), o que deveria facilitar a correta tabulação

de dados de idade. Conquanto o boletim de família ter uma forma adequada de captação da

informação de idade, o correto registro de idade esbarrava-se em duas questões. A primeira

decorria da falta de padronização do registro decorrente da autodeclaração. Observa-se, no

exemplo, que o Antônio Gravatá registrou a idade de Hipólito (de 10 meses) na coluna anos

completos. Caso esse erro tenha sido recorrente, a distribuição etária nas primeiras idades estaria

bastante comprometida. A segunda questão envolve o próprio desconhecimento da idade para

indivíduos adultos e, principalmente, idosos, com posição mais subalterna no domicílio, tal como

os escravos. Nota-se, no exemplo, que o Adão teria a idade declarada como “mais de 40 anos”.

Até o momento da pesquisa, desconhece-se como as equipes da DGE encarregadas da apuração

do censo procederam em casos como este.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Figura 3: Dados gerais do Recenseamento da Corte de 1870

Fonte: Recenseamento do Município da Corte de 1870 (IBGE, 1980).

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Tabela 1: População total. Brasil - 1872

Quadro geral - Império - 1872

Grupos Categorias SomaHomens Mulheres Soma Homens Mulheres Soma

Total Almas 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 1.510.806 9.930.478 Branco 1.967.118 1.813.992 3.781.110 - - - 3.781.110

Raças Pardo 1.680.046 1.651.608 3.331.654 246.641 223.397 470.038 3.801.692 Preto 470.552 449.122 919.674 558.529 482.239 1.040.768 1.960.442 Caboclo 200.983 186.251 387.234 - - - 387.234 Solteiro 2.977.146 2.751.978 5.729.124 711.881 623.199 1.335.080 7.064.204

Estado civil Casado 1.164.547 1.122.881 2.287.428 73.094 62.684 135.778 2.423.206 Viúvo 177.006 226.114 403.120 20.195 19.753 39.948 443.068

Religião Católicos 4.302.387 4.089.538 8.391.925 803.946 705.017 1.508.963 9.900.888 Acatólico 16.312 11.435 27.747 1.224 619 1.843 29.590

Nacionalidade Brasileira 4.139.274 4.036.624 8.175.898 719.632 652.816 1.372.448 9.548.346 Estrangeira 179.425 64.349 243.774 85.538 52.820 138.358 382.132

Instrução Sabem Ler e Escrever 1.013.078 550.973 1.564.051 958 445 1.403 1.565.454 Analfabetos 3.305.621 3.550.000 6.855.621 804.212 705.191 1.509.403 8.365.024 Frequentam Escola 155.622 96.170 251.792 - - - 251.792 Não Frequentam Escola 779.343 786.110 1.565.453 114 114 228 1.565.681 S./ Inf. da Frequência Escolar 2.782 3.706 6.488 147.806 132.054 279.860 286.348 Cegos 7.990 5.409 13.399 1.504 982 2.486 15.885 Surdos-Mudos 6.538 3.863 10.401 728 590 1.318 11.719

Defeitos físicos Aleijados 23.656 9.823 33.479 4.680 2.925 7.605 41.084 Alienados 4.838 3.449 8.287 637 523 1.160 9.447 Dementes 3.103 2.027 5.130 374 333 707 5.837

Ausentes Ausentes 35.631 15.819 51.450 6.484 4.662 11.146 62.596 Transeuntes Transeuntes 23.221 13.786 37.007 1.449 885 2.334 39.341 Parte de domicílios

Casas habitadas Casas desabitadas Fogos1.297.447 32.930 1.332.465

Livres Escravos

Instrução - população escolar de 6 a 15 anos

Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Dados ajustados pelo MRP.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

21

O boletim de família de 1872 reservou nada menos que quatro campos para registrar a

origem (naturalidade ou país de origem), o que resultou em certa redundância (como se pode

observar no preenchimento do documento). Certamente, este excesso cumpria a função de tornar

mais clara a necessidade de se declarar a procedência, de forma precisa, tanto estrangeiros

quanto de nacionais. Apesar disso, para a família de Gravatá constatou-se o arrolamento da

naturalidade africana de forma genérica, sem especificar a região do continente.

Mesmo que tenha sido mais detalhado que o boletim de família de 1870, o campo

reservado à profissão continha elevada indeterminação quanto à informação a ser declarada ou

privilegiada, em 1872. Isto porque, em vários casos, a “profissão” ou a “ocupação” poderiam se

diferir dos “meios de vida”. Sobre isso, a título de recomendação, o relatório sobre o censo de

1870 sugeria que fosse privilegiada, nos próximos censos, a informação sobre a posse de

unidades produtivas sobre qualquer outra informação ocupacional (Relatório, 1871: 17).

Desconhece-se em que medida esta suposta orientação tenha sido repassada aos declarantes da

informação.

Tanto o censo de 1870 como o de 1872 continham um campo dedicado a observações. O

de 1870 apresenta-se aqui mais vago, mas explicita que o campo deveria ser explicitada a

situação de ausência (no caso de não pernoitar na noite da data de referência). O boletim de 1872

indicava, além desta, a necessidade de declarar a existência de transeuntes e hospedes. Além

disso, outras informações que seriam dignas de serem declaradas neste campo, que seriam a

existência de incapacidades físicas e mentais, a frequência escolar de crianças. Sobre isso, Senra

ponderou que:

“Há, aqui, um excesso de registros a serem feitos. Não há razão para não se ter aberto colunas específicas para a maior parte desses temas. Como foi feito, terá dificultado muito o trabalho de apuração” (Senra, 2006: 361).

Deve-se considerar, inclusive, que todos os atributos indicados neste campo foram

efetivamente apurados e usados nas tabulações do censo, o que confere maior gravidade deste

problema colocado. Além disso, os declarantes acabaram por adicionar outras informações (o

que dificultaria mais a apuração), como observado no exemplo da lista de família de Gravatá, em

que se mencionou um evento que se referia a uma futura mudança de domicílio, ou alforria ou

venda de 3 escravos.

1.4 Divulgação dos dados divulgados e os ajustados do Censo de 1872

O fato de se ter um questionário de difícil transcrição e apuração, acrescido à da questão

da baixa escolarização da população contribuíram, provavelmente, para o agravamento dos erros

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de planejamento logístico para a execução do censo. Estes derivaram, sobretudo, da

subestimação dos problemas inerentes ao desafio de se recensear um país de proporções

continentais, com a infra-estrutura de meios de transporte e comunicação daquela época13. Com

isso, os prazos muito curtos inicialmente estipulados para o levantamento do censo não foram

cumpridos e quatro das 21 províncias adiaram a data de execução do censo14. A não realização

simultânea do censo em todo o território pode também ter comprometido a qualidade do censo,

como foi ressaltado por Paiva e Martins (1983).

Deve-se frisar, como lembrou Senra (2006: 362), que os artigos 13 e 14 do decreto nº

4.676, de 14 de janeiro de 1871, determinavam, aos presidentes de província, o envio de todo o

material censitário para a DGE, na Corte, para que:

“à proporção que for recebendo os elementos originais do recenseamento, procederá ao apuramento (...) e depois de concluído fará publicar em um ou mais volumes” (IBGE, 1951: 6).

A diminuta estrutura física da DGE e pequeno número de pessoas para receber e trabalhar

tamanho volume do material que foi chegando das províncias se fez perceber em 1873, tornando

necessário contratação adicional de pessoas, aumento de turnos e adicional de remuneração por

produtividade (DGE, 1874: 50).

Supostamente, a DGE detectou a necessidade de se apurar o segmento escravo da

população quando o censo já estava em campo. No relatório sobre as atividades de 1873 o seu

diretor geral Manuel Correia justificaria proceder assim:

“uma vez que no Brasil era de summa vantagem fazel-a [a separação entre livres e escravos] em mappas separados, para mais facilmente se poder apreciar no proximo recenseamento a proporção em que tiver decrescido a população escrava” (DGE, 1874: 52).

Também nesse relatório parece se apresentar, pela primeira vez, a ideia do plano tabular,

isto é, da configuração dos seis quadros (com relação entre variáveis) que efetivamente veio a

público, com a divulgação do censo:

“[A DGE] entendia ser muito proveitosa a organização [de um quadro geral e] de mais cinco mappas indicativos: o primeiro da população presente, o segundo da população ausente no dia do recenseamento considerada em relação às

13 A construção de um cronograma que previa um rápido período de levantamento de dados pode ter sido fundado na perspectiva que poderiam reproduzir, em escala nacional, a bem sucedida e célere experiência do levantamento do censo de 1870 do Município da Corte. 14 São Paulo foi a província que mais atrasou o levantamento de informações, que se deu, por fim, em janeiro de 1874. Em Minas Gerais, o censo só foi aplicado em agosto de 1873.

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idades, o terceiro da população nacional, o quarto dos estrangeiros, e o ultimo da população total em relação às profissões15” (DGE, 1874: 52).

A apuração, questionário a questionário, procurando captar todas as variáveis para

preencher o plano tabular concebido, fazia-se em equipes com um indivíduo lendo em vós alta e

os demais tomando nota (Senra, 2006: 367). Por tudo o que foi tratado, desconhece-se o nível de

exatidão e da fidelidade ao conteúdo das listas de famílias, uma vez que as mesmas não existem

mais.

Para que não atrasasse ainda mais o término da contagem e publicação do Censo de 1872,

optou-se por não esperar o levantamento e a chegada dos dados de 32 paróquias. A despeito do

enorme volume de informações a serem trabalhadas, a DGE conseguiu finalizar seus trabalhos

ainda em 1876. Para cada uma das 1.440 paróquias recenseadas, foram gerados seis quadros

padronizados contendo as principais informações produzidas a partir da síntese dos dados

contidos nos “boletins das famílias”, como se observa no Quadro 2.

Quadro 2 – Organização das informações divulgadas no Censo de 1872, por atributos pessoais e socioeconômicos, segundo quadro padronizado disponível por paróquia

Quadros paroquiais Atributos pessoais e socioeconômicos

1. Quadro geral da população

Sexo, condição, cor, estado civil, religião, nacionalidade, nível de alfabetização, frequência escolar de crianças, defeitos físicos e número casas (habitas e desabitadas) e de fogos

2. População presente em relação à idade Sexo, condição, cor, idades

3. População ausente em relação à idade Sexo, condição, cor, idades

4. População em relação à nacionalidade brasileira Sexo, condição, estado civil, cor, província de origem

5. População em relação à nacionalidade estrangeira Sexo, condição, estado civil, religião, país de origem

6. População em relação à profissão Sexo, condição, estado civil, nacionalidade, profissões

Fonte: DGE – Recenseamento do Império de 1872.

A edição original da publicação do Censo de 1872 foi organizada em 23 volumes, e

conta-se que apenas 50 exemplares dessa publicação foram disponíveis à venda. Com isso, esses

exemplares da edição original do censo transformaram-se em obras raras. Atualmente, além das

fontes secundárias com dados do Recenseamento de 1872, o acesso às informações ampliou-se

com a disponibilização, por internet, do acervo referente à edição original de 1876, na biblioteca

virtual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cabe ressaltar, contudo, que não

se trata de dados compilados em planilhas eletrônicas, mas de arquivos digitais de imagem das

páginas do Censo, nem sempre inteligíveis.

15 O enunciado sugere que na época não havia o conceito de população em idade ativa (PIA), já que a tabela de profissão contava com toda a população, sem a subtração de crianças, mesmo as de 0 a 4 anos.

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24

Em princípios da década de 1980, um importante passo em direção à maior

acessibilidade, permitindo o manuseio computacional dos dados foi dado pelo Centro de

Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) que, em uma pesquisa com

financiamento do INPES/IPEA, através do Programa Nacional de Pesquisa Econômica (PNPE),

transcreveu, em meio digital, todo o acervo dos dados das paróquias recenseadas, o que

representou a digitalização dos 8.640 quadros paroquiais. A partir de 2012, o Cedeplar passa a

disponibilizar em seu site essa base de dados com os dados divulgados e os corrigidos, segundo o

método do resultado predominante (MRP) desenvolvido por Rodarte (2008).

Como tratado anteriormente, o que viria a ser os microdados do censo de 1872 (ou seja,

os dados contidos no boletim de família) não existem mais e, com isso, o que se pode ter, de

mais desagregado desse arrolamento populacional, são os dados das 1.440 paroquiais. Deve-se,

supor, por uma questão de lógica e de coerência, que os dados sintéticos do censo, que

expressam as características do Império e das províncias, teriam como lastro e forma de

sustentação, a soma dos dados das suas paroquiais. Assim, pelo menos, deveria ser.

De fato, o que se pode observar é que os números agregados divulgados e a soma dos

dados paroquiais se coincidem no total de pessoas, subdivididas entre livres e escravas.

Encontra-se no primeiro volume do Censo de 1872, uma população no Brasil de 9.930.478

habitantes, sendo 8.419.672 livres e 1.510.806 escravos16 (DGE, 1876). Ao somar todas as

paróquias recenseadas com os dados ajustados pelo método MRP, os mesmos totais são

encontrados. Contudo, no restante dos atributos analisados, quase tudo tem divergência. Analisa-

se, abaixo, algumas das principais características investigadas no primeiro quadro do censo.

Pelos dados publicados, a população brasileira seria ligeiramente mais branca e com um

número maior de casados (Tabela 2). Até aqui, é difícil supor uma intencionalidade ou

manipulação dos dados, uma vez que, em termos relativos, a distribuição por cor e estado civil

da população mantém-se a mesma em ambas totalizações. O mais provável teria sido erros de

soma para justificar essas divergências. O mesmo pode ser dito em relação à composição da

população por religião, e nacionalidade, uma vez que são diferenças em número que não influem

em termos percentuais (Tabela 3).

16 O cálculo aqui desconsidera a população residente nas paróquias não recenseadas.

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Tabela 2: Diferença entre os dados publicados e a soma total das paróquias, por condição, cor e estado civil. Brasil, 1872

-10.000

-8.000

-6.000

-4.000

-2.000

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

Branco Pardo Preto Caboclo Solteiro Casado Viúvo

"Raças" Estado civil

(Habitantes)

Livres

Escravos

Total

Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

A frequência escolar de crianças de 6 a 15 anos, contudo, apresenta números muito

discrepantes entre as duas formas de mensuração. Segundo a DGE, havia 320,7 mil crianças nas

escolas, ao passo que pela soma das paróquias esse número era de 251, 7 mil. Os motivos pelos

quais levaram a DGE divulgar um numero 27,4% maior que o apurado nas sub-unidades ainda

devem ser investigados. Deve-se considerar, contudo, que esta questão era objeto de muita

atenção por parte do governo, uma vez que a necessidade de números para se promover políticas

públicas de educação era uma das justificativas explicitadas para se fazer censos demográficos.

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Tabela 3: Diferença entre os dados publicados e a soma total das paróquias, por religião, nacionalidade e frequência escolar. Brasil, 1872

(10.000)

-

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

Católicos Acatólico Brasileira Estrangeira FrequentamEscola

NãoFrequentam

Escola

Religião Nacionalidade Crianças (6 a 15 anos)

(Habitantes)

Livres

Escravos

Total

Fonte dos básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

1.5 Considerações finais

O presente trabalho procurou apresentar e investigar as formas de captação das

informações demográficas no primeiro esforço bem sucedido do Império em se realizar um

censo nacional. A experiência teve, inclusive, o mérito de ser abrangente em temas, ao se

levantar, inclusive, características da população que não tinham sido objeto de atenção em

censos de outros países.

Observou-se, inclusive, que esta ousadia estatística foi em grande parte concebida depois

de se realizar o Censo do Município da Corte, de 1870, o que fica evidente pela cotejamento

entre os questionários de ambos os censos. Outra inovação foi o fato de o questionário de 1872

ter-se tornado quase totalmente auto-explicativo, aspecto essencial para sua aplicação, uma vez

que a captação da informação não era mediada por agentes recenseadores. Isso não implica dizer

que o preenchimento tenha ocorrido sem problemas pelos indivíduos, uma vez que as notas

explicativas para a declaração tinham lacunas e indeterminações, em especial, no caso do campo

reservado à declaração da profissão de cada indivíduo.

A forma do questionário do censo de 1872 permitia aos declarantes serem muito

detalhistas, o que pode ter dificultado a apuração dos resultados. Mas o fator mais dificultoso no

processamento das informações foi o fato de ter desejado investigar quantos escravos havia no

Brasil, sem que o questionário (que já tinha ido a campo) estivesse adaptado para coletar esta

informação. Isso deve, certamente, ter comprometido a captação do fenômeno de forma mais

acurada.

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Outra questão importante seria, em que medida os dados divulgados mais agregados

condizem com a soma das partes. Para qualquer censo a resposta inequívoca seria a

correspondência total entre estes dois. Contudo erros de soma do Censo de 1872 levaram a

algumas distorções que, contudo, não eram grandes ao ponto de subverter a pesquisa, para vários

atributos analisados. Mas observou-se porém, que a DGE divulgou a frequência escolar das

crianças de 17,2%, quando, pela soma dos dados paroquiais – corrigidos – apontaram uma

cobertura escolar expressivamente menor (de 13,8%). Mais pesquisas deverão ser feitas para

diagnosticar estas e outras possíveis distorções. A base de dados ajustada dos dados de 1872, que

se encontra disponível no site do Cedeplar, possibilita a realização desse estudo.

1.6 Fontes e referências bibliográficas

1.6.1 Fontes primárias

IBGE. Recenseamento do Município da Corte de 1870; volume de manuscritos pelos próprios moradores da "Parochia de São Cristóvão do Município da Corte”. Rio de Janeiro: IBGE, 1980, microfilme.. Disponível em:

< http://biblioteca.ibge.gov.br/colecao_digital_publicacoes.php >. Acesso em: 11 jul. 2012.

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DIRETORIA GERAL DE ESTATÍSTICA – DGE. Relatório e trabalhos estatísticos apresentados ao ministro e secretario de estado dos negócios do império pelo diretor geral conselheiro Manuel Francisco Correia. Rio de Janeiro: Typ. Franco-Americana, 1874.

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IBGE. Legislação básica dos recenseamentos de 1872 e 1890. Documentos Censitários, série A – Número 1. Rio de Janeiro: IBGE, Conselho Nacional de Estatística, 1951. 17 p.

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SOUSA e SILVA, Joaquim Norberto de. Investigação sobre os recenseamentos da população geral do Império e de cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje. São Paulo: IPE/USP, 1986. (ed. fac-similar; 1ª ed.: 1870).

VIANNA, Oliveira. Resumo histórico dos inquéritos censitários realizados no Brasil: recenseamento do Brasil, 1920. São Paulo: IPE/USP, 1986. (ed. fac-similar).

RELATORIO apresentado ao Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios do Imperio pela Commissão encarregada da direcção dos trabalhos do arrolamento da população do Municipio da Côrte em abril de 1870. Rio de Janeiro: Typographia Perseverança, 1871. 65 p.

1.6.2 Referências bibliográficas

ALBUQUERQUE, Joaquim José de C. da C. M. As atividades da Diretoria Geral de Estatística no ano de sua criação (1871). Revista Brasileira de Estatística. Rio de Janeiro, p. 131-144, Jan.-Mar. 1942.

BOTELHO, Tarcísio R. População e nação no Brasil do século XIX. 1998. 241 f. Tese (Doutorado em História) - Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.

COSTA, Iraci del N. da. Populações mineiras: sobre a estrutura populacional de alguns núcleos mineiros no alvorecer do século XIX. São Paulo: IPE-USP, 1981. 335 p.

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PAIVA, Clotilde A., CARVALHO, José A. M. de; LEITE, Valéria da M. Demografia. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Estatísticas históricas do Brasil. 2. ed.. Rio de Janeiro: IBGE, 1990. p. 19-52.

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RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: perfis de domicílios enquanto unidades de produção e reprodução na Minas Gerais Oitocentista. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 2008. 365f. Tese (doutorado em Demografia) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

SENRA, Nelson de C. História das estatísticas brasileiras. v. 1. Estatísticas desejadas (1822-1889). Rio de Janeiro: IBGE, 2006. 614 p.

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29

PARTE II: A digitalização do Censo de 1872

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2. A digitalização do Censo de 1872

Podemos identificar três momentos em que os avanços na transcrição, avaliação e

disponibilização do censo de 1872 foram mais significativos, embora o trabalho com este censo

nunca tenha sido totalmente interrompido.

O primeiro, aquele que deu origem a pesquisa, foi financiado com recursos do INPES/

IPEA dentro do programa PNPE. Em 1981 os professores Roberto Martins e Clotilde Paiva,

integrantes do corpo docente do Cedeplar, submeteram ao PNPE um projeto intitulado “Um

estudo crítico do recenseamento de 1872”. Este projeto estava calcado na transcrição dos dados

da publicação original de 1876, composta de 12 volumes17. Naquele momento, colocar em meio

eletrônico todas as tabelas, então denominadas “quadros” paroquiais publicados. Como havia

1.473 paróquias e o plano tabular da Directoria Geral de Estatística (DGE) previa seis “quadros”

por paróquia, contabilizava-se um total de 8.840 tabelas a serem transcritas. Soube-se, no

avançar dos trabalhos, que algumas poucas paróquias não foram recenseadas, o que reduzia o

total de tabelas a serem trabalhadas para 8.640. Dada a tecnologia da época, a tarefa implicava a

transcrição para o papel todos os dados microfilmados e, depois, a digitalização dos mesmos

para computador18. Os pesquisadores propuseram, no prazo de um ano, digitar todas as tabelas

paroquiais, conferir a cópia e a digitação, e fornecer uma primeira avaliação da qualidade e do

grau de cobertura deste registro censitário, que foi o primeiro levantamento censitário realizado

no Brasil.

Desnecessário ressaltar a relevância da pesquisa proposta e, também, a ingenuidade dos

pesquisadores ao imaginarem que no período de um ano poderiam realizar tarefa desta dimensão.

No “Relatório Final” apresentado ao INPES/IPEA em 1983 resgatamos aspectos importantes do

planejamento do censo, analisamos sua cobertura em todo o território nacional e inventariamos

as paróquias omitidas da publicação. De fato, foram digitalizados dados de todas as províncias.

Contudo, apenas os dados das tabelas paroquiais das províncias de Minas Gerais, Alagoas, Rio

Grande do Norte, Pará, Pernambuco e Espírito Santo puderam ser conferidos e comparados com

os das tabelas originais. Como se observou grandes divergências de resultados, adotou-se, como

metodologia de ajuste, o procedimento de se recalcular os totais de cada tabela no pressuposto de

que o seu miolo (ou seja, os dados mais desagregados das tabelas) estaria correto, que quanto

17 A equipe reconhece os esforços do IBGE e, em especial, da Hespéria Zulma de Rosso, chefe do Departamento de Documentação e Referência da Biblioteca Central do IBGE (Rio de Janeiro) que, naquela ocasião, havia nos recebido e nos orientado no uso do acervo de seu departamento. Sem a liberação do material censitário, esta pesquisa teria sido inviável.

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menor a unidade de informação melhor seriam os dados19. Ainda que os dados tivessem sido

apenas parcialmente conferidos, a base de dados digitalizada do censo de 1872 passou a ser

cedida (ainda com reservas) para pesquisadores. A identificação de enorme demanda por

informação dessa natureza conferiu novo estímulo ao Cedeplar para que o se retomasse o

trabalho deste censo.

O segundo momento de grande avanço ocorreu em duas etapas entre os anos de 1995 e

2002, quando se recebeu apoio financeiro e institucional da Fundação João Pinheiro (FJP) e, em

seguida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O professor Tarcisio Botelho

coordenou ambas as etapas. Com o auxílio da FJP, completou-se o trabalho de conferência de

conferência dos dados digitados das tabelas paroquiais com relação aos originais microfilmados.

Em seguida, com apoio do IPEA, foi dada continuidade aos trabalhos com vistas à produção de

um CD-ROM que teria, além de um software de consulta aos dados, um conjunto de estudos

relevantes sobre a obra (com relato da história, institucionalidade, legislação, e outros elementos

relacionados ao censo) contando com a participação de alguns especialistas da área. Assim,

Botelho cuidou de completar a transcrição, elaborar a primeira proposta de correção dos dados e

coordenar a produção de estudos. Embora o CD-ROM nunca tenha sido produzido, o avanço

nesta etapa foi decisivo para que o projeto pudesse ser agora concluído.

O terceiro momento, que agora se finaliza, teve inicio em novembro de 2010 com

recursos da FAPEMIG. Obtivemos financiamento para concluir o trabalho e disponibilizar, via

internet, o censo acompanhado dos estudos relativos a ele que ao longo do tempo foram sendo

realizados. Este relatório mostra o sucesso alcançado pela equipe e contém todas as informações

necessárias para que o acesso a esta obra tão importante esteja ao alcance de todos.

18 Deve-se mencionar aqui o apoio de Hélio Mário Neves Pimentel de Oliveira (Engepel), por sua assistência durante as fases de coleta de dados, e de transposição destes dados para fita magnética. 19 A proposta de correção dos dados é mais bem detalhada no item 8 deste relatório.

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PARTE III: A correção dos dados do Censo de 1872

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3. O método do resultado predominante (MRP) para correção dos dados do Censo de 187220

3.1 Aspectos gerais

O primeiro problema que se depara ao se buscar utilizar os dados mais gerais da

Província pelo Censo de 1872 relaciona-se à decisão de qual número privilegiar. Isso porque,

como se observa na Tabela 4, para cada atributo pessoal ou característica socioeconômica a soma

dos números paroquiais dificilmente correspondiam ao total que a Diretoria Geral de Estatística

(DGE) divulgou para o Brasil (e também para as províncias), chegando ao paroxismo de se

defrontar com números divergentes sobre um mesmo aspecto analisado, em dois momentos da

exposição das estatísticas, para uma mesma unidade paroquial.

Tabela 4 – Total da população segundo o oficialmente divulgado e segundo a soma nas 11 seções das tabelas paroquiais – Brasil – 1872.

Homens Mulheres Homens Mulheres

A) Total (oficial DGE) Dados oficiais 4.318.6994.100.973 805.170 705.636 9.930.478 -

B) Quadros paroquiais1º Quadro geral

1 - Total - "Almas" Coluna de total4.319.5104.108.325 805.203 705.709 9.938.747 8.2692 - Cor "Raças" 4.322.5764.101.295 856.115 706.178 9.986.164 55.6863 - Estado marital 4.315.1994.148.554 805.626 706.512 9.975.891 45.4134 - Religião 4.316.5964.104.956 804.682 705.315 9.931.549 1.0715 - Nacionalidade 4.318.6274.102.482 805.113 705.824 9.932.046 1.5686 - Instrução 4.318.6384.228.222 802.960 705.818 10.055.638125.160

7 - Pop. presente/ausente por idade

Soma das categorias

4.326.075 4.098.487 804.597 705.177 9.934.336 3.858

8 - Total da pop. presente/ausente

Colunas de totais 4.317.827 4.174.553 853.566 737.088 10.083.034 152.556

9 - População por local de origem

Soma das categorias

4.319.678 4.103.178 804.478 705.545 9.932.879 2.401

6º quadro - por profissão10 - População por profissão

Soma das categorias

4.334.802 4.169.869 804.155 704.425 10.013.251 82.773

11 - Total da populaçãoColunas de totais4.319.4744.100.562 804.908 705.597 9.930.541 63

Diferen-ça do oficial

Soma das categorias

2º e 3º quadros - por grupos de idade

4º e 5º quadros - por província ou nação de origem

Total (1)Livres

Seções dos quadros paroquiais

Natureza dos resultados

Escravos

Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.

As seções de 1 a 6 correspondem à 1º “quadro geral” (ver Tabela 8, no Apêndice); As duas seções seguintes referem-se aos segundo e terceiro quadros de distribuição etária (ver Tabela 10 e Tabela 12); A nona seção mescla dados do quarto e quinto quadros, sobre população por origem de província ou nação (Ver Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19). As duas últimas seções

originam do 6º quadro (ver Tabela 21). (1) Pela soma dos dados apresentados e não pela coluna de somatória original da publicação das paróquias.

20 Este item constitui uma adaptação de parte do conteúdo do trabalho de tese desenvolvido por Rodarte (2008), que se apresentava ainda em uma forma incipiente.

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Se as divergências predominam em cada seção de totalização dos dados da população no

conjunto das paróquias mineiras, como indica a Tabela acima, o mesmo não se sucede com os

números apresentados em cada paróquia, que se mostram mais coerentes entre si. Os dados

censitários de uma das duas paróquias que formam a sede municipal da capital de Minas Gerais,

na Tabela 5, ilustram essa afirmação. Na Paróquia de N. Sra. do Pilar de Ouro Preto, não havia

divergência de totais entre as mulheres escravas. Mesmo nos outros três segmentos

populacionais por sexo e condição, que apresentaram ocorrências de totais discrepantes em

relação ao resultado predominante, a maioria dos resultados mantiveram-se coerentes uns com os

outros.

Tabela 5 – Total da população nas 11 seções das tabelas paroquiais, segundo condição e sexo - Paróquia de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto - 1872.

Homens Mulheres Homens Mulheres

Moda 3.661 3.089 480 471 7.701

Quadros paroquiais

1º Quadro geral1 - Total - "Almas" Coluna de total 3.661 3.089 480 471 7.7012 - Cor "Raças" Soma das categorias 3.661 3.089 480 471 7.7013 - Estado marital Soma das categorias 3.661 3.089 480 471 7.7014 - Religião Soma das categorias 3.661 3.089 480 471 7.7015 - Nacionalidade Soma das categorias 3.661 3.089 480 471 7.7016 - Instrução Soma das categorias 3.661 3.089 480 471 7.701

2º e 3º quadros - por grupos de idade

7 - Pop. Presente/ausente por idade Soma das categorias 3.661 3.089 479 471 7.7008 - Total da pop. presente/ausente Colunas de totais 3.661 3.089 480 471 7.701

4º e 5º quadros - por província ou nação de origem

9 - População por local de origem Soma das categorias 3.661 3.089 480 471 7.701

6º quadro - por profissão10 - População por profissão Soma das categorias3.657 3.093 480 471 7.70111 - Total da população Colunas de totais 3.661 3.089 480 471 7.701

Total (1)Livres

Seções dos quadrosNatureza dos

resultadosEscravos

Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.

Números divergentes em relação à moda estão em negrito. (1) Pela soma dos dados apresentados e não pela coluna de somatória original da publicação das paróquias.

Com efeito, as discrepâncias são exceções à regra, como mostra a análise de todas as

1.440 paróquias brasileiras recenseadas, pela Tabela 6. Entre os livres, para ambos os sexos,

notou-se que as totalizações de pouco mais de 60% das paróquias não se divergiram entre si,

tanto entre homens (61,3%) quanto para mulheres (64,1%). O número máximo de divergências

em relação ao resultado modal em uma mesma paróquia foi equivalente a quatro e isso só se

observou em apenas uma paróquia.

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Tabela 6 – Paróquias segundo ocorrência de totais divergentes ao número modal nas 11 seções de totalizações das tabelas paroquiais, por condição e sexo - Brasil - 1872.

N. % N. % N. % N. %

Total 1.440 100,0 1.440 100,0 1.440 100,0 1.440 100,0

Sem desvio 882 61,3 923 64,1 1.143 79,4 1.159 80,51 Ocorrência 431 29,9 406 28,2 264 18,3 254 17,62 Ocorrências 114 7,9 95 6,6 30 2,1 24 1,73 Ocorrências 12 0,8 15 1,0 3 0,2 3 0,24 Ocorrências 1 0,1 1 0,1 0 0,0 0 0,0

Homens Livres Ocorrências de

discrepâncias em relação à moda

Escravos Homens MulheresMulheres

Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.

Inicialmente, suspeitava-se que os desvios da moda decorriam da omissão da população

sem informação para determinados atributos pesquisados, como profissão. Mediante análise da

Tabela 7, refutou-se essa hipótese como única responsável pelos desvios em relação à moda,

uma vez que os mesmos eram, ora positivos, ora negativos. Com isso, os resultados expostos

sugerem a existência de outras razões para os erros, como os advindos de impressão e, também,

de soma. É provável que este último tenha uma responsabilidade menor do que apregoava Paiva

e Martins21. No caso dos desvios superiores à moda, seria preciso supor correta a soma das

categorias e desprezar as outras 10, nove ou oito totalizações das demais tabelas, o que parece

pouco razoável.

21 Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado, p. 2.

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Tabela 7 – Distribuição das paróquias segundo o resultado modal nas 11 seções de totalizações das tabelas paroquiais, em relação ao número modal e divergência para mais e para menos, por condição e sexo – Brasil

– 1872.

menormaior menormaior menormaior menormaior

1º Quadro geral1 - Total - "Almas" Coluna de total 3 5 4 4 3 1 3 12 - Cor "Raças" 13 18 10 8 3 11 8 43 - Estado marital 18 12 15 20 9 6 10 74 - Religião 6 2 10 9 8 7 5 45 - Nacionalidade 11 13 9 10 6 4 9 46 - Instrução 5 7 19 10 5 3 7 6

7 - Pop. presente/ausente por idade

Soma das categorias

137 135 141 139 64 70 73 47

8 - Total da pop. presente/ausenteColunas de totais 12 7 12 9 4 8 12 5

9 - População por local de origemSoma das categorias

56 42 43 21 20 14 14 26

6º quadro - por profissão

10 - População por profissãoSoma das categorias

79 102 80 63 31 53 44 16

11 - Total da população Colunas de totais 8 8 5 4 2 1 42

Diferença em relação à modaEscravos

Homens MulheresHomensLivres

Mulheres

2º e 3º quadros - por grupos de idade

4º e 5º quadros - por província ou nação de origem

Seções dos quadros

Soma das categorias

Natureza dos resultados

Fonte dos dados básicos: DGE – Recenseamento do Império de 1872. Base de dados digital do Cedeplar.

(1) Para brasileiros, 22 categorias; para estrangeiros livres, 27; e escravos africanos, 1.

De posse das evidências apresentadas, passou-se para a tarefa de elaboração de uma

forma de correção dos dados do censo que valorizasse os resultados predominantes das

estatísticas paroquiais quanto ao sexo e condição social, e, mais do que isso, tomasse como ponto

de partida esses valores modais.

3.2 Primeiro módulo: Os resultados predominantes gerais

O princípio do processo de correção, com efeito, consistiu no estabelecimento do valor

modal da população segmentada por sexo e condição social como os valores que deveriam ser

considerados como corretos22. Não deixou de surpreender o fato de que a soma dos valores

modais das paróquias havia correspondido com os valores totais da população divulgados pela

DGE, constante na primeira linha da Tabela 4, como se pode observar comparando esses

números com a primeira linha da Tabela 9 (pág. 41).

Uma vez que os resultados do procedimento de correção corresponderam ao total

oficialmente divulgado pelo Recenseamento, concluiu-se que o método provavelmente resgatava

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o expediente adotado pelos técnicos da DGE, que consistiria em empregar, nas somatórias de

províncias e do Brasil, o resultado predominante ao nível paroquial, desvencilhando-se das

inconsistências e dos problemas de soma, vez por outra encontrados.

Deve-se sublinhar que este módulo do MRP corrige apenas os dados paroquiais da

população por sexo e condição. Para se fazer avançar no ajuste de dados de composição da

população, era forçoso pensar também, como corrigir as discrepâncias de informação da

distribuição da população por cor, estado marital, e, sobretudo, idade, origem e profissão. Tais

atributos, entretanto, não eram passíveis de serem obtidas pelo mesmo processo de extração da

moda. Daí formulou-se outros dois módulos do método, interdependentes, para a correção dos

dados mais desagregados do censo e que mantivessem a coerência com o processo de correção

da primeira etapa.

3.3 Segundo módulo: o cotejamento automático da mesma variável entre tabelas do censo

O segundo módulo do método consistiria na correção de atributos que se repetiriam nas

seis tabelas do censo, ao menos em três momentos tal como “raças” – presente no Quadro Geral

(Tabela 8, no apêndice, pág. 40); e duas vezes nos 2º e 3º quadros do censo, das quais, uma era

distribuída por faixas etárias; e outra, como total, na última linha das tabelas (Tabela 10 e Tabela

12, págs. 42 e 44).

Trata-se de um processo de escolhas automáticas, feitas por programa de computador, em

que se confrontam os valores de cor nas três partes do censo, sendo escolhidas aquelas

distribuições por cor, a nível paroquial, cujas somas correspondessem aos valores modais obtidos

na primeira parte do método.

O “estado civil” – presente no Quadro Geral e duas vezes nos 4º e 5º quadros (das

populações por província de origem e “nacionalidade”) (Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19) –

também foi obtido mediante aplicação do segundo módulo do método.

22 Todos as etapas do MRP foram realizadas mediante a concepção de um algoritmo, processado no software SPSS.

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3.4 Terceiro módulo: ajuste das variáveis singulares pelo valor modal ou de vizinhança espacial

Por fim, para corrigir atributos mais específicos que não se repetiam como idade (Tabela

10 e Tabela 12), origem (Tabela 15, Tabela 17 e Tabela 19) e profissões (Tabela 21, das págs. 42

a 53), desenvolveu-se o terceiro módulo de correção, dependente dos dois módulos anteriores.

Tal como na etapa anterior, o método de correção das idades ao nível de paróquias prevê

manutenção dos dados das colunas da somatória dos 2º e 3º quadros (para o caso da variável

idade) que corresponderam com os dados mais agregados obtidos no módulo anterior e uma

alteração criteriosa apenas das demais colunas com discrepância de resultados, obedecendo ao

princípio de se minimizar intervenções realizadas sobre os dados originais. A programação por

computador prediz duas situações distintas nos casos em que se requeriam correções:

1) Nas paróquias em que essa diferença em relação ao dado “correto” era pequena

(inferior a 1%), corrigiam-se os valores de cada categoria dos grupos de idade, distribuindo o

dado “correto” pro rata à distribuição original;

2) Nos casos mais graves de distorção, em que a soma de pessoas por faixa etária era

muito acima, ou muito abaixo, dos totais indicados nos dois módulos anteriores de correção,

pressupunha-se que a função de distribuição estava corrompida e, por isso, deveria ser

substituída por outra, supostamente, mais “realista”. No caso, a programação excluía a

distribuição distorcida e a trocava por uma nova composição etária, calculada com base no

conjunto das demais paróquias que formavam o município da paróquia sob processo de

correção23. Na seqüência, o processamento repetia uma operação semelhante à prevista na

primeira situação, ao tomar o valor total corrigido e distribuí-lo pro rata à nova distribuição.

23 Nos casos em que o município era composto de apenas uma paróquia, algoritmo MRP considerava a distribuição média das demais paróquias da província em questão.

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39

3.5 Considerações finais do MRP

Em síntese, a correção pelo MRP para os dados de 1872 é um método que visa eliminar

as contradições internas aos dados do censo, existentes na publicação, devido aos erros de

contagem, no processo de sistematização das informações, que foram somados, mais tarde, aos

erros tipográficos. Estes últimos existem em menor quantidade no primeiro volume da

publicação, que contém a síntese dos dados do Império, mas são freqüentemente notados nos

volumes seguintes, referentes às províncias, que continham os dados mais desagregados das

paróquias, que são, justamente, as fontes mais interessantes para se trabalhar organizando as

informações em regiões, ou sob outras formas de agregação.

Tomou-se a decisão por introduzir a correção pelo MRP no programa POP 72-Brasil, ao

invés de, simplesmente, apresentar apenas os dados originais do Censo de 1872. Isso porque se

avaliou que o emprego do método era ainda mais oportuno em estudos espacialmente mais

desagregados. Nesses casos, os erros devem assumir uma dimensão maior que aqueles presentes

em unidades mais agregadas, pois as chances de um sub-registro ser compensado por outro

sobre-registro, ou vice-versa, diminuem na medida em que se reduzem os tamanhos das unidades

espaciais de análise.

Cumpre destacar, contudo, que a correção pelo MRP não pode ser vista como ajuste final

e decisivo para os dados de 1872. É, sim, o começo. Uma vez corrigidos os dados, percebeu-se

que deformidades da distribuição etária persistiam em algumas paróquias. Por isso, a aplicação

do MRP não prescinde dos métodos de análises e ajustes convencionais da demografia,

existentes para a avaliação de qualquer censo.

3.6 Anexo estatístico

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Tabela 8 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no primeiro “Quadro Geral da População” – Brasil – 1872

Grupos Categorias SomaHomens Mulheres Soma Homens Mulheres Soma

Total Almas 4.319.510 4.108.325 8.426.435 805.203 705.709 1.510.981 9.952.948 Branco 1.967.574 1.814.074 3.778.101 - - - 3.778.102

Raças Pardo 1.683.148 1.651.771 3.330.390 247.062 224.272 470.636 3.801.123 Preto 470.762 449.288 919.801 609.053 481.906 1.042.650 1.959.873 Caboclo 201.092 186.162 387.075 - - - 387.179 Total* 4.322.576 4.101.295 8.415.367 856.115 706.178 1.513.286 9.926.277 Solteiro 2.973.627 2.799.005 5.687.794 712.367 624.139 1.334.779 7.066.854

Estado civil Casado 1.164.486 1.123.279 2.290.908 73.079 62.627 135.712 2.420.419 Viúvo 177.086 226.270 402.987 20.180 19.746 39.975 443.092 Total* 4.315.199 4.148.554 8.381.689 805.626 706.512 1.510.466 9.930.365

Religião Católicos 4.300.284 4.093.522 8.378.495 804.682 705.315 1.511.653 9.886.340 Acatólico 16.312 11.435 27.747 - - - 27.747 Total* 4.316.596 4.104.957 8.406.242 804.682 705.315 1.511.653 9.914.087

Nacionalidade Brasileira 4.139.208 4.037.920 8.170.602 719.578 652.925 1.372.621 9.549.196 Estrangeira 179.419 64.562 243.673 85.535 52.899 138.349 382.136 Total* 4.318.627 4.102.482 8.414.275 805.113 705.824 1.510.970 9.931.332

Instrução Sabem Ler e Escrever 1.012.986 588.001 1.561.501 958 445 1.397 1.565.454 Analfabetos 3.305.652 3.640.221 6.866.308 802.002 705.373 1.510.067 8.366.947 Total* 4.318.638 4.228.222 8.427.809 802.960 705.818 1.511.464 9.932.401 Frequentam Escola 155.848 96.170 252.156 - - - 252.240 Não Frequentam Escola 783.745 793.101 1.569.954 114 114 228 1.574.120 Total 942.117 886.992 1.825.440 - - - 1.828.859 Cegos 7.990 5.409 13.388 1.504 982 2.486 15.880 Surdos-Mudos 6.538 3.863 10.392 728 590 1.314 11.710

Defeitos físicos Aleijados 23.656 9.823 33.371 4.680 2.925 7.608 41.002 Alienados 3.103 2.027 5.126 374 333 717 5.859 Dementes 4.838 3.449 8.282 637 523 1.156 9.444

Ausentes Ausentes 34.138 14.555 48.576 6.410 4.612 11.018 59.645 Transeuntes Transeuntes 23.221 13.786 36.910 1.449 885 2.341 39.325 Parte de domicílios

Casas habitadas Casas desabitadas Fogos1.297.447 32.930 1.332.465

Livres Escravos

Instrução - população escolar de 6 a 15 anos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.

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Tabela 9 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no primeiro “Quadro Geral da População” – Brasil – 1872

Grupos Categorias SomaHomens Mulheres Soma Homens Mulheres Soma

Total Almas 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 1.510.806 9.930.478 Branco 1.967.118 1.813.992 3.781.110 - - - 3.781.110

Raças Pardo 1.680.046 1.651.608 3.331.654 246.641 223.397 470.038 3.801.692 Preto 470.552 449.122 919.674 558.529 482.239 1.040.768 1.960.442 Caboclo 200.983 186.251 387.234 - - - 387.234 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 1.510.806 9.930.478 Solteiro 2.977.146 2.751.978 5.729.124 711.881 623.199 1.335.080 7.064.204

Estado civil Casado 1.164.547 1.122.881 2.287.428 73.094 62.684 135.778 2.423.206 Viúvo 177.006 226.114 403.120 20.195 19.753 39.948 443.068 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 1.510.806 9.930.478

Religião Católicos 4.302.387 4.089.538 8.391.925 803.946 705.017 1.508.963 9.900.888 Acatólico 16.312 11.435 27.747 1.224 619 1.843 29.590 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 1.510.806 9.930.478

Nacionalidade Brasileira 4.139.274 4.036.624 8.175.898 719.632 652.816 1.372.448 9.548.346 Estrangeira 179.425 64.349 243.774 85.538 52.820 138.358 382.132 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 1.510.806 9.930.478

Instrução Sabem Ler e Escrever 1.013.078 550.973 1.564.051 958 445 1.403 1.565.454 Analfabetos 3.305.621 3.550.000 6.855.621 804.212 705.191 1.509.403 8.365.024 Total* 4.318.699 4.100.973 8.419.672 805.170 705.636 1.510.806 9.930.478 Frequentam Escola 155.622 96.170 251.792 - - - 251.792 Não Frequentam Escola 779.343 786.110 1.565.453 114 114 228 1.565.681 S./ Inf. da Frequência Escolar 2.782 3.706 6.488 147.806 132.054 279.860 286.348 Cegos 7.990 5.409 13.399 1.504 982 2.486 15.885 Surdos-Mudos 6.538 3.863 10.401 728 590 1.318 11.719

Defeitos físicos Aleijados 23.656 9.823 33.479 4.680 2.925 7.605 41.084 Alienados 4.838 3.449 8.287 637 523 1.160 9.447 Dementes 3.103 2.027 5.130 374 333 707 5.837

Ausentes Ausentes 35.631 15.819 51.450 6.484 4.662 11.146 62.596 Transeuntes Transeuntes 23.221 13.786 37.007 1.449 885 2.334 39.341 Parte de domicílios

Casas habitadas Casas desabitadas Fogos1.297.447 32.930 1.332.465

Livres Escravos

Instrução - população escolar de 6 a 15 anos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

42

Tabela 10 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no segundo “Quadro”, relativo à população de fato (presente) em relação às idades – Brasil – 1872

SomaBrancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas Pardas Pretas

1 mês 6.206 6.234 2.138 620 - - 5.533 5.923 2.011 573 - - 29.229 2 meses 5.794 5.744 1.797 549 - - 5.327 5.311 1.674 514 - - 26.681 3 meses 5.907 5.784 2.087 637 - - 5.556 5.245 1.970 607 - 1 27.812 4 meses 5.978 5.754 2.348 678 - 8 5.625 5.410 1.938 653 - - 28.391 5 meses 5.732 5.650 2.128 729 - 4 5.609 5.428 2.016 624 - - 27.911 6 meses 7.006 6.773 2.470 809 - 3 6.446 6.294 2.340 793 1 - 32.941 7 meses 6.179 5.788 2.371 849 - - 5.916 5.732 2.159 795 - - 29.778 8 meses 7.053 6.383 2.574 907 1 - 6.438 6.379 2.422 919 2 - 33.046 9 meses 6.994 6.433 2.691 983 - 7 6.551 6.142 2.543 872 - 1 33.209 10 meses 7.405 6.817 2.613 1.066 - - 6.885 6.642 2.602 947 1 - 34.961 11 meses 8.162 7.451 3.045 1.258 127 210 7.508 7.278 2.732 1.132 100 196 39.203 1 ano 32.068 32.110 8.096 3.778 3.528 6.098 29.868 30.886 7.687 3.473 3.368 5.388 166.361 2 anos 37.829 38.175 8.819 4.158 4.951 8.961 35.057 36.518 8.198 3.883 4.760 7.780 199.083 3 anos 38.710 39.420 8.774 4.418 5.772 10.897 36.395 38.321 8.403 4.191 5.464 9.208 209.899 4 anos 42.134 43.299 10.044 4.922 6.340 12.103 39.961 42.099 9.239 4.774 6.017 10.434 231.284 5 anos 51.092 51.639 11.522 6.279 7.980 15.001 47.058 49.628 11.464 6.056 7.520 12.979 277.862 6-10 anos 218.247 207.390 47.453 22.291 25.711 47.224 201.283 198.679 44.291 20.420 24.469 41.280 1.097.603 11-15 anos 197.911 175.645 42.448 20.904 25.255 49.059 186.902 171.284 40.912 19.065 23.374 42.646 995.181 16-20 anos 206.176 178.851 45.579 22.200 27.861 57.381 197.518 185.391 47.187 21.491 25.124 49.647 1.063.464 21-25 anos 208.333 175.297 48.456 21.526 28.797 59.345 196.198 180.449 47.648 20.404 25.350 53.592 1.062.906 26-30 anos 221.768 177.243 51.280 20.721 29.878 65.490 201.972 181.325 49.162 20.631 26.795 59.062 1.094.746 31-40 anos 250.538 189.981 58.851 21.783 31.880 78.242 225.525 188.243 55.769 20.671 28.913 69.898 1.220.267 41-50 anos 180.197 130.143 40.223 15.566 20.920 64.954 161.187 123.653 38.180 13.774 18.208 53.485 881.155 51-60 anos 109.044 80.706 27.309 10.167 12.777 41.903 95.045 75.624 25.652 8.723 10.926 33.215 530.849 61-70 anos 53.630 41.258 16.027 5.483 6.543 20.968 48.573 40.765 14.881 4.558 5.942 17.164 276.198 71-80 anos 23.317 20.207 7.751 2.624 3.297 8.835 20.737 20.123 7.681 2.286 2.993 7.094 126.889 81-90 anos 10.356 9.198 3.747 1.285 1.644 4.176 9.478 9.384 3.658 1.129 1.416 3.292 58.758 91-100 anos 3.940 3.903 1.519 632 679 1.657 3.591 3.887 1.648 523 667 1.377 24.050 Maiores de 100 1.151 1.075 461 214 192 363 940 942 477 175 147 333 6.472 Não determinados 1.534 1.303 695 1.076 314 791 1.331 1.350 430 688 264 635 10.414 Total por raça (soma coluna)* 1.960.391 1.665.654 465.316 199.112 244.447 553.680 1.806.013 1.644.335 446.974 185.344 221.821 478.707 9.876.603 Total por raça 1.950.770 1.668.300 464.135 199.051 244.504 602.569 1.803.566 1.699.885 471.242 184.062 256.245 476.136 9.899.382 Total por condições 4.274.903 - - - 797.832 - 4.080.966 - - - 700.303 - 10.006.706 Total por sexo 5.078.101 - - - - - 4.778.080 - - - - - 9.913.907 Total 9.863.270 - - - - - - - - - - - -

Anos completos

Quinquênios

Decênios

MulheresLivres Escravas

Meses

Grupos CategoriasHomens

Livres Escravos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Tabela 11 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no segundo “Quadro”, relativo à população de fato (presente) em relação às idades – Brasil – 1872

SomaBrancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas Pardas Pretas

1 mês 6.213 6.259 2.139 616 - - 5.525 5.915 1.990 566 - - 29.223 2 meses 5.798 5.749 1.782 533 - - 5.305 5.308 1.629 501 - - 26.605 3 meses 5.893 5.797 2.084 630 - 1 5.536 5.280 1.876 603 - 1 27.701 4 meses 5.978 5.760 2.342 671 - - 5.602 5.394 1.918 643 - - 28.308 5 meses 5.731 5.643 2.124 724 - - 5.593 5.401 2.007 624 - - 27.847 6 meses 7.000 6.788 2.465 811 - 3 6.440 6.305 2.338 802 1 - 32.953 7 meses 6.167 5.769 2.365 838 - - 5.885 5.719 2.141 756 - - 29.640 8 meses 7.045 6.380 2.569 880 1 - 6.440 6.404 2.319 892 1 - 32.931 9 meses 7.005 6.405 2.674 975 - - 6.539 6.119 2.533 866 - 1 33.117 10 meses 7.419 6.799 2.606 1.039 - 1 6.886 6.661 2.573 955 1 - 34.940 11 meses 8.216 7.382 3.032 1.212 127 210 7.508 7.267 2.712 1.143 100 181 39.090 1 ano 32.199 32.086 8.099 3.767 3.514 6.011 29.799 31.010 7.583 3.480 3.382 5.405 166.335 2 anos 37.987 38.218 8.803 4.177 4.934 8.908 34.884 36.647 8.215 3.883 4.758 7.750 199.164 3 anos 38.865 39.416 8.768 4.387 5.767 10.819 36.349 38.405 8.408 4.206 5.459 9.194 210.043 4 anos 42.211 43.230 9.999 4.899 6.337 12.090 39.975 42.229 9.305 4.785 6.021 10.407 231.488 5 anos 51.268 51.690 11.513 6.276 7.972 14.969 46.917 49.779 11.524 6.072 7.507 12.882 278.369 6-10 anos 218.457 207.941 47.531 22.382 25.671 47.222 201.187 198.835 44.519 20.572 24.376 41.285 1.099.978 11-15 anos 198.001 175.964 42.250 20.914 25.276 49.066 186.941 171.555 41.144 19.078 23.382 42.601 996.172 16-20 anos 205.720 179.109 45.435 22.248 27.912 57.400 197.191 185.855 46.787 21.167 25.111 49.675 1.063.610 21-25 anos 208.249 175.524 48.469 21.597 28.713 59.337 196.285 179.994 46.804 20.286 25.399 53.744 1.064.401 26-30 anos 211.166 177.701 51.407 20.781 29.864 65.468 202.316 181.702 49.274 20.552 26.835 59.185 1.096.251 31-40 anos 250.636 190.197 58.874 21.765 31.923 78.421 225.914 188.753 56.083 20.528 28.929 70.087 1.222.110 41-50 anos 180.259 130.282 40.349 15.565 20.998 65.116 161.158 123.460 38.290 13.630 18.153 53.550 860.810 51-60 anos 109.132 80.718 27.343 10.089 12.803 42.062 95.034 75.746 25.754 8.906 10.901 33.261 531.749 61-70 anos 53.509 41.188 16.063 5.357 6.568 20.994 48.623 40.734 14.927 4.567 5.946 17.001 275.477 71-80 anos 23.155 20.184 7.760 2.571 3.246 8.828 20.839 20.200 7.740 2.232 2.990 7.089 126.834 81-90 anos 10.340 9.198 3.756 1.255 1.656 4.166 9.461 9.424 3.677 1.071 1.416 3.285 58.705 91-100 anos 3.957 3.899 1.516 619 684 1.639 3.572 3.889 1.640 510 668 1.362 23.955 Maiores de 100 1.139 1.067 453 200 192 361 937 946 478 176 146 333 6.428 Não determinados 1.814 1.580 974 1.294 435 1.001 1.752 1.795 802 988 396 817 13.648 Total 1.950.529 1.667.923 465.544 199.072 244.593 554.093 1.806.393 1.646.731 446.990 185.040 221.878 479.096 9.867.882

Decênios

MulheresLivres Escravas

Meses

Grupos CategoriasHomens

Livres Escravos

Anos completos

Quinquênios

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Tabela 12 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no terceiro “Quadro”, relativo à população ausente em relação às idades – Brasil – 1872

SomaBrancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas Pardas Pretas

1 mês 5 3 - 2 - - 1 5 - 1 - - 17 2 meses 2 - 1 - - - 5 2 1 3 - - 14 3 meses 4 2 - 2 - - 2 1 1 - - - 12 4 meses 2 7 2 3 - - 2 1 - 2 - - 19 5 meses 3 2 8 4 1 - 2 2 - 4 - - 26 6 meses 15 4 3 3 - - 6 7 - 3 - - 41 7 meses 5 8 - 6 - - 6 6 1 3 - - 35 8 meses 7 10 3 7 - - 4 8 - 2 - - 41 9 meses 5 4 5 2 - - 3 6 6 8 - - 39 10 meses 6 7 1 4 - - 10 6 3 5 - - 42 11 meses 4 9 3 4 - - 6 3 2 8 - - 39 1 ano 67 31 14 11 5 7 47 29 15 4 4 3 238 2 anos 68 37 16 6 5 14 32 27 6 7 6 9 233 3 anos 60 42 9 14 4 12 42 16 13 13 10 2 237 4 anos 76 59 28 16 7 15 54 26 20 7 4 12 324 5 anos 112 71 26 23 14 21 70 46 18 12 16 17 445 6-10 anos 833 562 155 84 100 135 461 265 104 54 82 103 2.938 11-15 anos 1.311 928 298 174 171 280 643 382 137 107 130 208 4.751 16-20 anos 2.281 1.706 700 261 264 509 895 557 266 133 205 343 8.123 21-25 anos 2.559 1.911 814 283 326 619 1.129 659 268 175 252 408 9.400 26-30 anos 2.522 1.967 924 291 402 700 1.224 791 336 214 242 540 10.146 31-40 anos 3.016 2.375 977 322 405 925 1.272 878 378 168 305 749 11.767 41-50 anos 1.863 1.290 486 192 230 728 959 617 279 118 169 482 7.416 51-60 anos 1.098 673 338 116 72 339 449 327 151 96 59 184 3.906 61-70 anos 383 289 123 46 22 99 182 145 74 40 23 60 1.487 71-80 anos 167 104 37 32 12 15 59 52 44 17 4 18 561 81-90 anos 44 17 11 5 3 5 19 14 5 2 - - 125 91-100 anos 2 2 4 2 - 1 2 4 1 3 - - 21 Maiores de 100 - 1 1 - - - 1 1 - - - - 7 Não determinados 37 14 7 1 2 1 5 4 2 2 - - 72 Total por raça (soma coluna)* 16.557 12.135 4.994 1.916 2.045 4.425 7.592 4.887 2.131 1.211 1.511 3.138 62.522 Total por raça 16.558 12.115 4.988 1.910 2.048 4.445 7.585 4.884 2.128 1.201 1.511 3.196 65.704 Total por condições 35.601 - - 4 6.473 - 15.828 - - 2 4.703 - 62.495 Total por sexo 42.088 - - - - 35 20.468 - - - - 2 62.529 Total 62.251 - - - - - - - - - - 6 6

Livres Escravos

Anos completos

Quinquênios

Decênios

MulheresLivres Escravas

Meses

Grupos CategoriasHomens

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

45

Tabela 13 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no terceiro “Quadro”, relativo à população ausente em relação às idades – Brasil – 1872

SomaBrancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas Pardas Pretas

1 mês 5 3 - 2 - - 1 5 - 1 - - 17 2 meses 2 - 1 - - - 5 2 1 3 - - 14 3 meses 4 2 - 2 - - 2 1 1 - - - 12 4 meses 2 7 2 3 - - 2 1 - 2 - - 19 5 meses 3 2 8 4 - - 2 2 - 4 - - 25 6 meses 15 4 3 3 - - 6 7 - 3 - - 41 7 meses 5 8 - 6 - - 6 6 1 3 - - 35 8 meses 7 10 3 7 - - 4 8 - 2 - - 41 9 meses 5 4 5 2 - - 3 6 6 8 - - 39 10 meses 6 7 1 4 - - 10 6 3 5 - - 42 11 meses 4 9 3 4 - - 6 3 2 8 - - 39 1 ano 67 31 14 11 5 7 47 29 15 4 4 3 237 2 anos 68 37 16 6 5 14 32 27 6 7 6 9 233 3 anos 60 42 9 14 4 12 42 16 13 13 10 2 237 4 anos 76 59 28 16 6 15 54 26 20 7 4 12 323 5 anos 112 71 26 22 14 21 70 46 18 12 16 17 445 6-10 anos 839 561 155 84 98 135 465 265 104 54 82 103 2.945 11-15 anos 1.311 912 298 174 165 280 643 382 137 107 130 209 4.748 16-20 anos 2.289 1.706 705 258 262 509 897 557 266 133 207 342 8.131 21-25 anos 2.569 1.911 814 281 328 618 1.129 658 268 173 252 407 9.408 26-30 anos 2.522 1.966 924 289 398 699 1.222 778 336 214 242 539 10.129 31-40 anos 3.016 2.372 984 322 404 927 1.272 873 378 168 307 746 11.769 41-50 anos 1.870 1.283 486 192 229 727 958 616 279 119 169 482 7.410 51-60 anos 1.098 672 338 116 72 339 448 319 152 96 59 184 3.893 61-70 anos 383 291 123 46 22 99 182 143 74 40 26 60 1.489 71-80 anos 167 104 37 32 12 15 59 52 44 17 4 19 562 81-90 anos 44 17 11 5 2 5 19 13 5 2 - - 123 91-100 anos 2 2 4 2 - 1 2 4 1 3 - - 21 Maiores de 100 - 1 1 - - - 1 1 - - - - 4 Não determinados 38 29 9 4 22 13 10 25 2 3 1 9 165 Total 16.589 12.123 5.008 1.911 2.048 4.436 7.599 4.877 2.132 1.211 1.519 3.143 62.596

Anos completos

Quinquênios

Decênios

MulheresLivres Escravas

Meses

Grupos CategoriasHomens

Livres Escravos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

Page 46: Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica - NPHED

Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

46

Tabela 14 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos nos quadros de idades, relativo à população total – Brasil – 1872

SomaBrancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Brancas Pardas Pretas Caboclas Pardas Pretas

1 mês 6.218 6.262 2.139 618 - - 5.526 5.920 1.990 567 - - 29.240 2 meses 5.800 5.749 1.783 533 - - 5.310 5.310 1.630 504 - - 26.619 3 meses 5.897 5.799 2.084 630 - 1 5.538 5.281 1.877 603 - 1 27.711 4 meses 5.980 5.767 2.344 674 - - 5.604 5.395 1.918 645 - - 28.327 5 meses 5.734 5.645 2.132 728 - - 5.595 5.403 2.007 628 - - 27.872 6 meses 7.015 6.792 2.468 812 - 3 6.446 6.312 2.338 805 1 - 32.992 7 meses 6.172 5.777 2.365 844 - - 5.891 5.725 2.142 759 - - 29.675 8 meses 7.052 6.390 2.572 884 1 - 6.444 6.412 2.319 894 1 - 32.969 9 meses 7.010 6.409 2.679 977 - - 6.542 6.125 2.539 874 - 1 33.156 10 meses 7.425 6.806 2.607 1.043 - 1 6.896 6.667 2.576 960 1 - 34.982 11 meses 8.220 7.391 3.035 1.215 127 210 7.514 7.270 2.714 1.151 100 181 39.128 1 ano 32.266 32.117 8.113 3.777 3.521 6.018 29.846 31.039 7.598 3.484 3.386 5.408 166.573 2 anos 38.055 38.255 8.819 4.182 4.939 8.922 34.916 36.674 8.221 3.890 4.764 7.759 199.396 3 anos 38.925 39.458 8.777 4.402 5.770 10.831 36.391 38.421 8.421 4.219 5.469 9.196 210.280 4 anos 42.287 43.289 10.027 4.915 6.343 12.105 40.029 42.255 9.325 4.792 6.025 10.419 231.811 5 anos 51.380 51.761 11.539 6.299 7.984 14.990 46.987 49.825 11.542 6.085 7.523 12.899 278.814 6-10 anos 219.296 208.502 47.686 22.452 25.767 47.357 201.652 199.099 44.623 20.624 24.458 41.388 1.102.904 11-15 anos 199.312 176.877 42.548 21.074 25.450 49.346 187.584 171.938 41.281 19.185 23.512 42.810 1.000.917 16-20 anos 208.009 180.814 46.140 22.506 28.176 57.909 198.088 186.411 47.053 21.301 25.318 50.017 1.071.742 21-25 anos 210.818 177.434 49.283 21.877 29.038 59.955 197.414 180.654 47.072 20.459 25.651 54.151 1.073.806 26-30 anos 213.688 179.668 52.331 21.081 30.267 66.167 203.538 182.484 49.610 20.765 27.077 59.725 1.106.401 31-40 anos 253.652 192.569 59.858 22.054 32.328 79.348 227.186 189.630 56.461 20.697 29.236 70.835 1.233.854 41-50 anos 182.129 131.571 40.835 15.765 21.229 65.843 162.116 124.078 38.569 13.747 18.322 54.034 868.238 51-60 anos 110.230 81.390 27.681 10.209 12.874 42.401 95.482 76.067 25.906 9.002 10.960 33.444 535.646 61-70 anos 53.892 41.479 16.186 5.413 6.590 21.093 48.805 40.879 15.001 4.607 5.972 17.061 276.978 71-80 anos 23.322 20.288 7.797 2.613 3.258 8.843 20.898 20.252 7.784 2.249 2.994 7.108 127.406 81-90 anos 10.384 9.215 3.767 1.262 1.658 4.171 9.480 9.438 3.682 1.073 1.416 3.285 58.831 91-100 anos 3.959 3.901 1.520 622 684 1.640 3.574 3.893 1.641 513 668 1.362 23.977 Maiores de 100 1.139 1.068 454 200 192 361 938 947 478 176 146 333 6.432 Não determinados 1.852 1.603 983 1.322 445 1.014 1.762 1.804 804 993 397 822 13.801 Total 1.967.118 1.680.046 470.552 200.983 246.641 558.529 1.813.992 1.651.608 449.122 186.251 223.397 482.239 9.930.478

Anos completos

Quinquênios

Decênios

MulheresLivres Escravas

Meses

Grupos CategoriasHomens

Livres Escravos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Tabela 15 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos na primeira parte do quarto “Quadro”, relativo à população masculina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872

Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Pardos Pretos Pardos PretosBrasileiros adotivos 224 0 12 0 373 0 8 1 150 1 0 0 0 0 0 0 0 0Estrang. Naturalizados 190 0 4 0 380 0 5 1 64 1 3 0 0 0 0 0 0 0Amazonas 3.489 2.779 319 15.879 790 809 103 2.361 158 163 46 393 160 240 9 6 4 2Pará 32.724 34.428 6.360 18.071 10.876 10.947 2.124 4.314 1.390 1.655 408 1.077 5.259 7.250 354 489 116 122Maranhão 36.731 54.241 10.218 4.574 12.468 16.685 2.517 1.465 2.019 2.223 443 352 11.420 24.145 485 887 118 238Piauhy 14.873 35.252 4.692 3.797 5.218 12.736 1.652 1.678 993 1.557 242 199 4.096 6.293 268 464 65 74Ceará 94.482 119.777 10.521 19.142 38.692 50.772 3.819 7.047 3.228 4.522 699 1.034 8.619 7.109 629 585 122 113Rio Grande do Norte 38.767 29.938 8.465 4.069 12.042 12.642 2.696 1.386 2.328 1.734 783 348 3.088 3.203 198 183 40 52Parahyba 49.850 57.870 7.953 3.274 20.538 26.892 2.954 1.523 2.283 3.425 484 255 4.609 5.671 330 532 51 104Pernambuco 98.870 136.754 22.695 5.106 45.870 61.280 7.6641.484 4.715 5.905 1.344 310 13.091 30.978 1.253 3.046 257 563Alagoas 31.204 64.300 5.341 2.049 11.758 30.152 2.922 961 1.502 2.776 379 164 4.339 10.849 487 982 94 195Sergipe 15.079 23.905 6.183 1.087 7.831 12.470 2.157 384 7931.387 319 136 3.839 5.074 620 541 90 87Bahia 118.441 211.023 93.787 19.084 44.440 79.927 30.516 6.249 8.104 12.864 6.324 1.649 27.191 45.472 5.815 9.316 1.5882.228Espírito Santo 7.314 6.420 2.003 2.034 3.406 2.493 982 860 386 268 116 80 2.785 4.810 330 737 51 106Rio de Janeiro 118.714 57.640 24.931 2.823 43.439 17.826 7.724 991 8.822 4.240 2.132 245 42.402 86.679 2.840 4.777 722 1.410São Paulo 134.289 47.776 16.765 12.538 56.749 18.870 6.5574.758 6.731 3.408 1.716 870 19.667 40.322 2.299 5.396 502 901Paraná 23.518 10.352 2.393 4.158 11.557 4.659 1.125 1.911 1.379 876 314 424 2.042 2.803 109 194 36 54Santa Catharina 39.340 4.709 1.648 1.022 14.519 1.133 392 409 1.173 160 98 60 2.543 4.871 75 100 28 17Rio Grande do Sul 84.434 18.542 12.344 9.071 23.914 4.1092.303 2.387 2.825 1.006 642 670 11.036 19.932 297 486 62 107Minas Geraes 290.109 207.860 70.644 10.739 112.673 84.73727.210 5.464 18.693 14.934 7.241 2.151 50.079 113.649 5.0559.349 2.226 3.128Goyaz 13.846 26.871 5.848 1.364 5.250 10.378 2.043 596 596 1.006 303 111 1.636 2.409 183 280 44 81Matto Grosso 5.229 7.004 2.468 3.270 2.807 3.191 950 939 587 698 298 281 1.306 1.594 117 174 35 58Total por raça (soma coluna)* 1.251.717 1.157.441 315.594 143.151 485.590 462.708 108.423 47.169 68.919 64.809 24.334 10.809 219.207 423.353 21.753 38.524 6.251 9.640

Total de raças 1.251.715 1.157.443 315.592 143.132 485.599 462.684 108.453 47.172 68.948 64.793 24.336 10.818 219.246 423.339 21.723 38.528 6.254 9.633Total de estado civil 2.867.568 0 0 0 1.103.897 0 0 0 168.420 443 0 0 641.742 863 60.222 27 15.886 8Total de condição 4.140.258 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 717.760 898 0 0 0 0Total 4.858.985 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Escravos

Província

Casados ViúvosSolteiros CasadosGrupos CategoriasLivres

SolteirosViúvos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.

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Tabela 16 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos na primeira parte do quarto “Quadro”, relativo à população masculina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872

S/ inf. S/ inf.Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Est. civil Pardos Pretos Pardos Pretos Pardos Pretos Est. civil

Brasileiros adotivos 224 - 12 - 378 - 8 1 144 1 - - - - - - - - - -

Estrang. Naturalizados 184 - 4 - 378 - 5 1 63 1 3 - - - - - - - - -

Amazonas 3.499 2.762 315 15.891 775 812 95 2.370 158 161 46 398 - 160 240 9 6 4 2 -

Pará 32.131 34.731 6.360 18.270 10.719 10.986 2.117 4.358 1.373 1.670 407 1.085 - 5.284 7.262 354 487 114 119 -

Maranhão 37.055 54.356 9.750 4.505 12.498 16.568 2.424 1.416 1.984 2.127 407 330 - 11.405 24.122 483 881 118 236 -

Piauhy 14.460 35.297 4.600 3.606 5.168 12.782 1.589 1.597 952 1.580 245 191 - 4.089 6.296 268 464 65 74 -

Ceará 94.460 119.806 10.521 19.137 38.696 50.769 3.817 7.042 3.225 4.516 696 1.031 - 8.599 7.091 628 579 122 112 -

Rio Grande do Norte 38.646 30.057 8.557 4.035 11.924 11.456 2.742 1.376 2.334 1.753 789 347 - 3.088 3.210 197 186 39 52 -

Parahyba 49.868 57.885 7.952 3.274 20.539 26.898 2.951 1.520 2.275 3.421 480 252 - 4.609 5.689 358 524 49 94 -

Pernambuco 98.776 137.796 22.782 5.030 45.232 60.540 7.726 1.444 4.674 5.876 1.361 300 - 13.099 30.979 1.255 3.036 257 563 -

Alagoas 31.107 64.192 5.309 2.036 11.753 30.172 2.921 953 1.504 2.779 375 164 - 4.339 10.849 487 982 94 195 -

Sergipe 15.033 24.177 6.255 979 7.883 12.543 2.194 359 803 1.414 324 134 - 3.839 5.070 620 541 90 87 -

Bahia 118.599 211.593 94.281 19.171 44.017 80.085 30.574 6.313 7.796 12.623 6.077 1.664 - 27.180 45.463 5.813 9.306 1.588 2.226 -

Espírito Santo 7.313 6.413 2.003 2.023 3.401 2.492 975 859 386 268 116 80 - 2.784 4.809 330 737 51 106 -

Rio de Janeiro 118.637 57.897 25.047 2.855 43.201 17.756 7.729 995 8.832 4.252 2.136 244 - 42.768 86.421 2.857 4.664 719 1.402 -

São Paulo 133.956 47.710 16.909 12.594 56.750 19.014 6.604 4.760 6.785 3.429 1.724 872 - 19.675 40.331 2.302 5.396 500 901 -

Paraná 23.518 10.347 2.393 4.139 11.554 4.621 1.117 1.893 1.372 874 312 422 - 2.040 2.800 107 193 36 54 -

Santa Catharina 39.320 4.697 1.637 1.022 14.509 1.126 389 400 1.168 155 98 57 - 2.542 4.867 72 99 28 17 -

Rio Grande do Sul 84.367 18.354 11.766 9.512 24.322 4.123 2.266 2.423 2.841 1.017 636 680 - 11.141 19.920 293 490 62 106 -

Minas Geraes 292.098 206.397 70.133 10.728 113.090 84.306 27.149 5.464 18.729 14.946 7.233 2.149 - 50.302 114.257 5.025 9.269 2.215 3.105 -

Goyaz 13.837 26.870 5.844 1.357 5.229 10.370 2.037 586 588 1.005 303 111 - 1.635 2.408 183 280 44 81 -

Matto Grosso 5.213 7.002 2.467 3.268 2.801 3.190 950 931 587 698 298 280 - 1.306 1.594 117 174 35 58 -

S/ Informação - - - - - - - - - - - - 1.443 - - - - - - 198 Total 1.252.301 1.158.339 314.897 143.432 484.817 460.609 108.379 47.061 68.573 64.566 24.066 10.791 1.443 219.884 423.678 21.758 38.294 6.230 9.590 198

Província

Casados ViúvosSolteiros CasadosGrupos CategoriasLivres

SolteirosViúvos

Escravos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

Page 49: Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica - NPHED

Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

49

Tabela 17 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos na segunda parte do quarto “Quadro”, relativo à população feminina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872

Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Pardos Pretos Pardos Pretos Pardos PretosBrasileiros adotivos 23 0 9 0 11 0 2 0 36 0 1 0 0 0 0 0 0 0Estrang. Naturalizados 18 0 1 0 36 0 3 0 15 0 0 0 0 0 0 0 0 0Amazonas 2.619 1.942 362 13.525 726 597 133 2.844 244 258 44 1.060 133 244 5 9 2 3Pará 29.915 34.736 5.447 16.367 10.381 10.116 1.615 4.080 2.109 2.071 422 1.344 5.362 6.906 274 400 113 157Maranhão 35.590 53.785 9.728 4.311 12.730 16.173 2.151 1.270 2.886 3.238 621 324 11.393 24.773 436 788 77 221Piauhy 12.967 36.962 4.008 2.878 4.906 12.992 1.752 1.031 1.143 2.487 410 286 4.854 6.113 184 192 65 57Ceará 89.603 109.536 10.534 18.382 38.455 50.827 3.766 7.218 5.324 7.914 952 1.296 9.222 7.532 852 541 126 147Rio Grande do Norte 35.826 29.086 7.722 4.190 11.900 11.308 2.870 1.427 2.501 2.217 685 428 3.075 3.004 162 146 39 51Parahyba 45.299 55.607 7.106 3.060 21.418 26.974 2.511 1.337 3.586 4.828 715 440 4.669 5.666 407 398 75 129Pernambuco 88.968 128.557 23.178 4.557 47.601 60.214 6.1031.708 7.795 10.337 1.887 415 11.946 26.702 1.128 2.757 329 738Alagoas 27.144 63.012 5.957 1.814 12.237 30.221 2.040 895 2.937 5.711 810 256 4.842 10.941 406 821 104 233Sergipe 16.070 25.826 6.524 1.092 7.768 13.174 2.372 409 9951.789 352 129 3.905 5.423 536 599 64 74Bahia 104.937 197.191 84.326 16.075 41.930 76.705 29.836 4.497 8.148 14.228 5.714 1.770 24.142 41.257 4.628 7.193 1.3262.100Espírito Santo 7.623 7.262 2.151 1.560 3.739 2.861 934 1.383 468 362 173 107 2.750 4.884 327 604 50 87Rio de Janeiro 112.240 56.143 24.894 2.351 50.591 18.553 7.823 918 12.073 5.239 2.733 261 36.306 78.286 2.578 5.003 7781.453São Paulo 131.065 47.123 15.814 10.772 59.110 18.546 6.0384.332 8.548 4.152 1.869 1.008 16.196 32.468 2.052 5.301 473 1.086Paraná 21.069 9.729 2.259 3.247 11.111 4.792 1.168 1.765 2.078 1.093 341 333 2.007 2.498 97 136 34 56Santa Catharina 37.894 4.219 1.565 1.004 15.048 1.353 333 410 3.353 328 177 106 2.416 4.585 55 93 29 40Rio Grande do Sul 80.013 17.954 11.806 8.711 25.166 4.7012.740 2.864 5.598 1.497 867 1.099 10.469 18.325 269 522 89 177Minas Geraes 284.817 201.297 67.769 9.359 110.744 81.566 25.774 4.617 20.606 17.619 7.740 2.061 42.061 100.990 4.643 8.502 2.069 3.155Goyaz 12.730 27.559 5.425 1.276 5.318 11.007 1.487 569 1.1372.094 443 134 1.658 2.493 137 226 53 64Matto Grosso 5.200 6.825 2.203 3.336 2.625 2.945 771 877 480 607 207 212 1.143 1.278 125 177 24 44Total por raça (soma coluna)* 1.181.630 1.114.351 298.788 127.867 493.551 455.625 102.222 44.451 92.060 88.069 27.163 13.069 198.549 384.368 19.301 34.408 5.919 10.072

Total de raças 1.181.642 1.114.362 299.226 127.860 493.546 455.528 102.304 44.674 91.857 88.129 27.016 13.074 198.677 384.296 19.132 34.411 5.913 10.072Total de estado civil 2.722.640 0 0 0 1.095.152 0 0 312 219.770 0 0 384 582.641 22 53.520 7 15.978 0Total de condição 4.038.837 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 652.190 408 0 0 0 0Total 4.691.476 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

ViúvosEscravos

Província

Casados ViúvosSolteiros CasadosGrupos CategoriasLivres

Solteiros

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

50

Tabela 18 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos na primeira parte do quarto “Quadro”, relativo à população feminina brasileira, em relação à origem – Brasil – 1872

S/ inf. S/ inf.Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Brancos Pardos Pretos Caboclos Est. civil Pardos Pretos Pardos Pretos Pardos Pretos Est. civil

Brasileiros adotivos 23 - 9 - 11 - 2 - 36 - 1 - - - - - - - - -

Estrang. Naturalizados 18 - 1 - 36 - 3 - 15 - - - - - - - - - - -

Amazonas 2.619 1.942 362 13.525 726 597 133 2.844 244 258 44 1.060 - 131 243 4 9 2 3 -

Pará 29.913 34.735 5.447 16.367 10.381 10.116 1.615 4.080 2.109 2.071 422 1.344 - 5.359 6.902 272 398 112 156 -

Maranhão 35.564 53.754 9.726 4.311 12.711 16.117 2.149 1.268 2.881 3.226 618 322 - 11.388 24.770 436 786 77 218 -

Piauhy 13.126 34.009 4.047 2.916 4.891 12.969 1.720 992 1.151 2.522 415 281 - 4.850 6.110 184 191 65 57 -

Ceará 89.474 109.690 10.499 18.344 38.492 51.156 3.762 7.241 5.304 7.923 950 1.282 - 9.465 7.422 698 543 123 148 -

Rio Grande do Norte 35.826 29.084 7.720 4.198 11.900 11.304 2.871 1.428 2.499 2.219 685 427 - 3.073 3.004 162 144 39 50 -

Parahyba 45.312 55.619 7.109 3.061 21.424 26.986 2.516 1.341 3.587 4.829 713 441 - 4.665 5.664 407 397 75 129 -

Pernambuco 89.037 127.992 22.947 4.321 48.094 60.965 6.058 1.617 7.888 10.413 1.893 406 - 11.942 26.661 1.122 2.751 327 733 -

Alagoas 27.149 63.023 5.964 1.813 12.241 30.229 2.041 894 2.938 5.712 809 256 - 4.838 10.932 406 819 104 233 -

Sergipe 16.073 25.828 6.526 1.092 7.774 13.175 2.374 409 994 1.789 352 129 - 3.903 5.417 536 598 63 74 -

Bahia 104.860 197.057 84.321 16.074 41.920 76.639 29.833 4.495 8.144 14.220 5.711 1.769 - 24.113 41.239 4.622 7.184 1.325 2.097 -

Espírito Santo 7.623 7.262 2.151 1.560 3.739 2.861 934 1.383 468 362 173 107 - 2.748 4.879 326 601 50 86 -

Rio de Janeiro 111.377 56.781 25.038 2.383 50.533 18.707 7.789 930 12.099 5.274 2.750 262 - 36.113 78.677 2.578 5.002 782 1.459 -

São Paulo 131.012 47.424 15.835 10.869 58.599 18.633 6.021 4.340 8.380 4.122 1.855 1.004 - 16.229 32.540 2.039 5.233 465 1.078 -

Paraná 21.067 9.730 2.258 3.247 11.113 4.795 1.166 1.763 2.073 1.092 341 331 - 2.000 2.494 97 137 34 53 -

Santa Catharina 37.896 4.219 1.565 1.003 15.048 1.352 332 410 3.353 328 177 105 - 2.415 4.584 55 92 29 40 -

Rio Grande do Sul 80.046 18.086 11.828 8.484 25.075 4.764 2.777 2.793 5.584 1.508 868 1.072 - 10.473 18.334 268 521 88 177 -

Minas Geraes 284.666 201.166 67.776 9.360 110.808 81.594 25.810 4.613 20.590 17.614 7.737 2.054 - 42.030 101.004 4.629 8.496 2.049 3.152 -

Goyaz 12.649 27.672 5.439 1.286 5.328 11.076 1.522 581 1.148 2.100 445 134 - 1.650 2.489 137 226 53 64 -

Matto Grosso 5.204 6.825 2.202 3.348 2.626 2.947 770 877 481 607 207 212 - 1.140 1.279 125 177 24 44 -

S/ Informação - - - - - - - - - - - - 592 - - - - - - 302 Total 1.180.534 1.111.898 298.770 127.562 493.470 456.982 102.198 44.299 91.966 88.189 27.166 12.998 592 198.525 384.644 19.103 34.305 5.886 10.051 302

Escravos

Província

Casados ViúvosSolteiros CasadosGrupos CategoriasLivres

SolteirosViúvos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

Page 51: Núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica - NPHED

Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

51

Tabela 19 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no quinto “Quadro”, relativo à população estrangeira, em relação à origem – Brasil – 1872

Solteiros Casados Viúvos Solteiros Casados Viúvos Solteiras Casadas Viúvas Solteiras Casadas ViúvasEscravos 68.544 12.901 4.305 0 0 0 39.966 9.172 3.790 0 0 0 138.465Livres 14.204 5.182 1.697 64 34 17 11.440 3.428 1.887 41 16 8 36.975Alemães 4.627 5.177 566 5.792 6.427 461 3.037 3.863 685 3.588 5.236 598 40.072Austríacos 202 168 14 70 73 8 83 98 15 19 32 5 785Argentinos 651 329 44 3 0 2 300 111 106 4 1 1 1.543Belgas 154 129 13 10 19 1 68 64 18 12 6 1 495Bolivianos 506 150 17 23 14 0 232 86 19 7 0 0 1.354Chineses 315 65 10 58 10 0 11 6 0 0 2 0 477Dinamarqueses 42 30 5 52 28 1 10 19 5 18 8 3 221Franceses 2.530 1.577 231 48 35 1 1.130 771 301 7 8 0 6.639Gregos 112 17 0 2 3 0 0 1 0 0 0 0 135Espanhóis 2.271 1.094 159 13 23 1 244 182 62 5 6 0 4.061Holandeses 122 98 6 50 85 4 33 52 8 17 76 3 554Húngaros 2 2 2 0 5 0 1 4 0 4 5 0 25Ingleses 726 375 55 778 491 56 238 188 62 206 201 133 3.336Italianos 4.200 2.791 225 5 19 0 398 427 110 1 28 1 8.205Japoneses 9 0 0 2 1 0 3 0 0 0 0 0 15Mexicanos 4 1 0 1 1 0 2 1 0 0 0 0 10Norte-americanos 256 145 26 433 346 17 68 62 11 266 494 25 2.149Orientais 1.474 755 72 11 13 0 548 326 169 6 18 4 3.393Paraguaios 1.413 278 32 9 26 2 842 260 66 2 19 0 2.926Persas 6 6 1 2 1 0 14 9 0 3 3 0 45Peruanos 163 81 8 8 5 0 18 41 1 1 2 0 324Portugueses 66.571 34.971 4.429 15 10 6 8.442 9.158 2.323 8 5 0125.803Russos 18 17 0 14 20 0 5 13 3 7 3 0 94Suissos 542 431 49 265 221 25 278 264 79 103 149 32 2.439Suecos 24 22 3 32 29 5 7 15 3 21 15 4 180Turcos 0 2 0 4 3 0 0 0 0 1 0 0 10Total por estado civil (soma coluna)* 169.688 66.794 11.969 7.764 7.942 607 67.418 28.621 9.723 4.347 6.333 818 380.730

Total por estado civil 169.924 67.432 11.963 7.767 7.942 615 67.407 28.606 9.710 4.349 6.346 740 382.062Total por religião 248.689 0 21 16.308 0 21 105.727 0 7 11.435 0 0 379.892Total de estrangeiros 265.270 0 0 0 0 21 116.840 0 0 0 0 7 382.116

Países

Homens MulheresCatólicas AcatólicasCatólicos Acatólicos TotalGrupos Categorias

Africanos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

52

Tabela 20 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no quinto “Quadro”, relativo à população estrangeira, em relação à origem – Brasil – 1872

Sem Sem Solteiros Casados Viúvos Solteiros Casados Viúvos Informação Solteiras Casadas Viúvas Solteiras Casadas Viúvas Informação

Escravos 67.765 12.767 4.267 0 0 0 739 39.042 9.036 3.721 0 0 0 1.021 138.358Livres 14.199 5.166 1.676 64 34 17 0 11.223 3.396 1.855 44 17 8 037.699Alemães 4.473 5.127 487 5.880 6.524 465 0 3.078 3.892 694 3.583 5.255 598 0 40.056Austríacos 207 175 15 75 82 7 0 84 97 13 19 35 5 0 814Argentinos 633 328 41 3 0 2 0 305 112 99 4 1 1 0 1.529Belgas 145 124 10 11 21 1 0 72 66 17 12 6 1 0 486Bolivianos 397 78 9 24 14 0 0 271 117 25 9 0 0 0 944Chineses 387 71 9 58 11 0 0 11 6 0 0 1 0 0 554Dinamarqueses 43 30 4 51 30 1 0 10 19 5 19 8 3 0 223Franceses 2.539 1.598 229 52 37 1 0 1.210 833 323 7 8 0 0 6.837Gregos 111 17 0 2 3 0 0 0 1 0 0 0 0 0 134Espanhóis 2.246 1.100 157 13 26 1 0 253 185 64 5 6 0 0 4.056Holandeses 131 101 6 50 87 4 0 34 52 8 17 76 3 0 569Húngaros 2 2 2 0 5 0 0 1 3 0 4 5 0 0 24Ingleses 729 384 54 755 467 55 0 245 175 51 200 213 59 0 3.387Italianos 4.205 2.825 224 5 22 0 0 378 415 110 1 36 1 0 8.222Japoneses 9 0 0 1 1 0 0 3 0 0 0 0 0 0 14Mexicanos 4 1 0 1 1 0 0 2 3 0 0 0 0 0 12Norte-americanos 255 149 27 435 347 17 0 65 64 11 268 503 25 0 2.166Orientais 1.655 803 68 13 13 0 0 561 326 162 6 24 4 0 3.635Paraguaios 1.407 281 32 9 28 2 0 800 256 64 2 27 0 0 2.908Persas 6 6 1 2 1 0 0 12 7 0 0 3 0 0 38Peruanos 234 83 8 8 5 0 0 12 46 0 1 2 0 0 399Portugueses 66.592 35.049 4.391 17 10 6 0 8.378 9.155 2.265 9 4 0 0 125.876Russos 18 16 0 14 19 0 0 5 13 3 7 3 0 0 98Suissos 540 421 45 264 217 24 0 281 268 78 103 148 32 0 2.421Suecos 23 22 3 32 29 5 0 7 15 3 21 15 4 0 179Turcos 0 2 0 4 3 0 0 0 0 0 1 0 0 0 10S./ Inf. 0 0 0 0 0 0 290 0 0 0 0 0 0 194 484Total 168.955 66.726 11.765 7.843 8.037 608 1.029 66.343 28.558 9.571 4.342 6.396 744 1.215 382.132

TotalGrupos Categorias

Africanos

Países

Homens MulheresCatólicas AcatólicasCatólicos Acatólicos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

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Tabela 21 Somatória dos dados paroquiais não corrigidos contidos no sexto “Quadro”, relativo à população total, em relação às profissões – Brasil – 1872

Solteiros Casados Viúvos Solteiras Casadas Viúvas Solteiros Casados Viúvos Solteiras Casadas Viúvas Homens MulheresSeculares (religiosos) 2.249 3 2 0 0 0 395 8 1 0 0 0 0 0 2.659Homens (relig. Regular) 109 0 0 0 0 0 12 0 0 0 0 0 0 0 121Mulheres (relig. Regular) 0 0 0 230 1 1 0 0 0 63 0 0 0 0 295Juizes 310 459 46 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 814Advogados 693 1.155 136 0 0 0 14 16 3 0 0 0 0 0 2.017Notários e escrivães 562 1.043 125 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.730Procuradores 592 629 145 0 0 0 45 35 7 0 0 0 0 0 1.453Oficiais de justiça 642 981 139 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1.762Médicos 666 947 136 0 0 0 68 123 11 0 0 0 0 0 1.953Cirurgiões 71 93 18 0 0 0 28 24 4 0 0 0 0 0 238Farmacêuticos 699 617 86 0 0 1 152 142 21 0 0 0 0 0 1.718Parteiros 22 26 15 419 526 798 8 4 2 30 28 54 0 8 1.940Professores e homens de letras 2.128 2.519 320 1.058 923 267 409 377 50 80 43 31 0 0 8.194Empregados públicos 5.734 5.949 959 2 1 0 8 16 2 0 0 0 0 0 12.669Artistas 18.375 11.819 2.203 1.770 910 367 4.375 2.533 362 226 168 55 1.664 305 45.117Militares 20.393 5.701 947 0 0 0 167 31 6 0 0 0 0 0 27.245Marítimos 12.738 4.413 724 0 0 0 2.365 1.256 108 0 0 0 2.164 0 23.788Pescadores 10.305 7.996 1.513 33 14 2 442 239 56 0 0 1 1.462 2 22.033Capitalistas e proprietários 9.294 14.611 2.680 3.233 2.423 3.253 781 744 188 108 79 123 0 0 37.556Manufatureiros e fabricantes 7.700 5.220 1.028 2.459 1.614 596 1.514 811 119 54 38 18 77 3 21.283Comerciantes, guarda-livros e caixeiros

45.242 37.000 5.798 3.635 2.417 1.758 25.866 13.677 1.970 971 365 316 1 0 139.058

Costureiras 72 55 13 277.389 143.574 31.210 69 39 3 3.851 2.814 897 761 48.762 509.698Canteiros, calcoteiros, mineiros e cavouqueiros

3.420 2.510 414 869 478 111 1.708 1.208 120 31 16 5 2.419 315 13.624

Operários em metais 11.335 9.502 1.744 677 693 221 2.300 1.582 222 1 1 0 3.265 37 31.590Operários em madeiras 21.019 18.516 3.051 6 2 0 3.996 2.719 365 0 0 7 8.093 22 57.793Operários em tecidos 6.037 2.857 536 65.738 38.037 13.243 239 86 12 197 149 76 1.548 10.044 138.929Operários de edificações 10.166 7.135 1.511 45 28 15 2.1501.334 188 0 3 1 5.450 0 28.017Operários em couros e peles 3.102 2.775 490 5 3 3 450 382 38 1 1 0 799 3 8.022Operários em tinturaria 139 96 18 64 43 26 46 23 2 6 3 1 32 6 505Operários de vestuários 9.516 6.778 1.435 215 63 30 1.554 870 148 15 5 5 1.949 76 22.647Operários de chapéus 606 279 85 137 64 45 323 167 27 1 1 1 175 50 1.961Operários de calçado 10.551 8.491 1.752 119 116 51 1.665 1.219 180 25 10 4 2.997 3 27.184Lavradores 849.528 653.810 89.053 344.158 236.293 56.295 17.820 18.016 2.251 4.397 5.544 1.124 373.624 204.032 2.848.101Criadores 45.704 39.834 5.121 6.280 4.731 2.037 546 474 63 50 39 24 12 83 104.973

Pessoas assalariadas Criados e jornaleiros 201.444 110.310 18.897 46.398 21.679 5.736 19.028 8.613 1.046 1.926 804 276 95.489 45.894 578.520Serviço doméstico 94.833 50.205 8.300 451.771 376.219 52.967 6.902 2.331 283 10.618 8.629 75.290 95.362 187.310 1.349.731Sem profissão 1.471.214 92.027 22.196 1.507.404 266.135 52.163 12.381 4.041 769 9.327 7.012 1.533 206.812 207.470 3.857.653Total por estado civil (soma coluna)* 2.877.210 1.106.361 171.636 2.714.114 1.096.987 221.196 107.827 63.141 8.627 31.978 25.752 79.842 804.155 704.425 9.932.591

Total por estado civil 2.867.579 1.103.575 168.919 2.719.676 1.096.437 220.095 109.234 61.915 8.252 31.865 25.8146.675 0 0 8.424.002Total por sexo 4.140.585 0 0 4.034.399 0 7 179.387 0 0 64.361 0 0 0 0 8.419.502

TotalHomens MulheresBrasileiros livres Estrangeiros livres

Homens MulheresEscravos

Profissões Manuais e Mecânicas.

Prof. Agric.

Grupos Categorias

Prof. liberais

Prof. Industriais e comerciais

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876). Obs.: Resultados obtidos das soma dos dados originais das paróquias.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Tabela 22 Somatória dos dados paroquiais ajustados pelo MRP contidos no sexto “Quadro”, relativo à população total, em relação às profissões – Brasil – 1872

Solteiros Casados Viúvos S./ Inf. Solteiras Casadas Viúvas S./ Inf. Solteiros Casados Viúvos S./ Inf. Solteiras Casadas Viúvas S./ Inf. Homens MulheresSeculares (religiosos) 2.190 3 2 0 0 0 0 0 387 8 1 0 0 0 0 0 0 0 2.591Homens (relig. Regular) 108 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 118Mulheres (relig. Regular) 0 0 0 0 229 1 1 0 0 0 0 0 80 0 0 0 0 0 311Juizes 284 425 43 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 752Advogados 663 1.119 130 0 0 0 0 0 13 15 3 0 0 0 0 0 0 0 1.943Notários e escrivães 529 986 112 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1.627Procuradores 573 613 136 0 0 0 0 0 43 33 6 0 0 0 0 0 0 0 1.404Oficiais de justiça 624 932 126 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1.683Médicos 639 902 134 0 0 0 0 0 66 121 9 0 0 0 0 0 0 0 1.871Cirurgiões 72 89 18 0 0 0 0 0 26 19 3 0 0 0 0 0 0 0 227Farmacêuticos 670 584 83 0 0 0 0 0 148 142 18 0 0 0 0 0 0 0 1.645Parteiros 22 26 14 0 406 512 786 0 5 3 2 0 29 24 57 0 0 8 1.894Professores e homens de letras 2.074 2.472 297 0 1.036 900 255 0 403 378 57 0 75 40 29 0 0 0 8.016Empregados públicos 5.746 5.853 942 0 2 1 0 0 8 17 1 0 0 0 0 0 0 0 12.570Artistas 18.498 11.855 2.198 0 1.768 904 357 0 4.368 2.500 352 0 226 165 50 0 1.523 237 45.001Militares 20.372 5.793 966 0 0 0 0 0 152 29 6 0 0 0 0 0 0 0 27.318Marítimos 12.715 4.419 719 0 0 0 0 0 2.405 1.283 105 0 0 0 0 0 1.866 0 23.512Pescadores 10.220 7.921 1.471 0 32 14 1 0 462 251 57 0 0 0 0 0 1.451 0 21.880Capitalistas e proprietários 9.225 14.418 2.678 0 3.268 2.462 3.258 0 756 742 185 0 106 74 121 0 0 0 37.293Manufatureiros e fabricantes 7.606 5.175 992 0 2.484 1.628 587 0 1.433 793 116 0 54 38 18 0 80 3 21.007Comerciantes, guarda-livros e caixeiros

45.335 36.874 5.705 0 3.674 2.430 1.756 0 25.425 13.610 1.949 0 862 367 312 0 0 0 138.299

Costureiras 72 55 13 0 278.703 144.851 31.152 0 27 35 2 0 3.913 2.796 890 0 1 49.577 512.087Canteiros, calcoteiros, mineiros e cavouqueiros

3.521 2.584 419 0 874 482 112 0 744 477 51 0 6 0 0 0 2.510 320 12.100

Operários em metais 11.178 9.271 1.672 0 675 692 219 0 2.2921.568 222 0 0 1 0 0 3.152 37 30.979Operários em madeiras 20.781 18.205 2.966 0 1 2 0 0 4.006 2.685 354 0 0 0 0 0 7.873 24 56.897Operários em tecidos 5.963 2.806 532 0 65.803 38.168 13.260 0 124 65 12 0 220 220 77 0 1.550 10.161 138.961Operários de edificações 10.090 7.032 1.474 0 45 28 13 0 1.820 1.214 183 0 0 3 1 0 5.328 0 27.231Operários em couros e peles 3.055 2.717 458 0 5 3 1 0 437 379 36 0 1 1 0 0 794 3 7.890Operários em tinturaria 137 94 18 0 65 42 23 0 45 22 2 0 6 3 1 0 31 6 495Operários de vestuários 9.454 6.689 1.391 0 215 62 27 0 1.538 854 143 0 14 3 2 0 1.964 76 22.432Operários de chapéus 602 278 83 0 135 63 44 0 323 161 24 0 0 1 0 0 168 50 1.932Operários de calçado 10.397 8.355 1.696 0 116 115 51 0 1.6231.192 171 0 24 10 3 0 2.947 1 26.701Lavradores 842.820 650.473 88.745 0 343.765 234.029 56.314 0 18.588 18.602 2.324 0 4.512 5.614 1.054 0 376.450 204.637 2.847.927Criadores 45.813 39.831 5.070 0 6.256 4.650 2.081 0 543 458 61 0 50 39 24 0 12 88 104.976

Pessoas assalariadas Criados e jornaleiros 202.174 111.088 18.986 0 46.139 21.253 5.624 0 19.880 8.481 1.030 0 1.965 846 269 0 94.466 45.534 577.735Serviço doméstico 94.586 49.650 6.825 0 453.840 379.263 53.113 0 6.335 2.310 255 0 10.662 8.234 2.274 0 95.655 187.628 1.350.630Sem profissão 1.469.922 89.514 20.819 0 1.504.060 267.52752.563 0 13.093 4.375 763 0 9.166 7.020 1.577 0 207.084 207.130 3.854.613S./ Informação 0 0 0 3.510 0 0 0 1.348 0 0 0 571 0 0 0 120 265 116 5.930Total 2.868.730 1.099.101 167.933 3.510 2.713.596 1.100.082 221.598 1.348 107.528 62.823 8.503 571 31.971 25.499 6.759 120 805.170 705.636 9.930.478

Profissões Manuais e Mecânicas.

Prof. Agric.

Grupos Categorias

Prof. liberais

Prof. Industriais e comerciais

TotalHomens MulheresBrasileiros livres Estrangeiros livres

Homens MulheresEscravos

Fonte dos dados básicos: Censo de 1872 (DGE, 1876).

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PARTE IV: Avaliação crítica do Censo de 1872

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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4. Os dois censos da Corte – 1870/1872

Com o fim da Guerra do Paraguai em 1870, percebeu-se a necessidade de estudos

cartográficos e demográficos mais acurados do Império. Em (1871), através da Lei 1829 foi

criada a Diretoria Geral de Estatística, (DGE), cuja função era a de coordenação da atividade

censitária e de elaboração de estatísticas, sendo ela a primeira instituição com esse fim na

história do país. Futuramente ela seria substituída pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística, (IBGE).

A Corte, como o maior centro econômico e político do Império, acabava por polarizar

também a atenção de todos: tudo o que acontecia nela era ressonante mesmo nas áreas mais

remotas do país. Por essa razão, mostrar a viabilidade e as vantagens da realização de um

censo geral seria plausível a experiência de realizá-lo antes no Município Neutro da Corte.

Através da experiência de realização do Censo da Corte, podia-se detectar os possíveis

problemas, as dificuldades, podendo levar assim maior fluência e agilidade para a realização

do Censo Geral do Império, em 1872. Além disso, pode-se esquematizar a forma como seriam

divididas as tarefas, como a divisão de Paróquias, além da logística de todo o recenseamento.

As principais finalidades da realização de um Censo da Corte, ditas pelo Imperador

para a população era que, com os dados coletados, poder-se-ia melhorar a administração

pública, a organização municipal, assim como supracitado, embasar, com a experiência deste

Censo, a realização do Censo Geral o Império em 1872.

As listas utilizadas no recenseamento de 1870 continham dados como Nome, Idade,

Religião, Nacionalidade, Estado Civil, Profissão, e ainda levava em conta qualquer

observação que fosse notória. Além disso, elas informavam o número da casa recenseada,

assim como a rua em que a residência se encontrava. As listas eram distribuídas pelos agentes

censitários, e, após determinado prazo, eram recolhidas pelos mesmos já devidamente

preenchidas.

Após a conclusão do recenseamento da Corte, através do decreto 4856 de 31 de

dezembro de 1871, ficou estabelecido que o primeiro recenseamento da população brasileira

seria realizado em todo o território no dia 1º de Agosto de 1872, e ainda que todos os

habitantes do Império, nacionais e estrangeiros, livres e escravos, seriam recenseados no lugar

ou habitação em que se encontrassem no dia. A identificação era feita por boletins e listas de

família, que continham o nome, o sexo,a idade, a cor, o estado civil, a naturalidade, a

nacionalidade, a residência, o grau de instrução primária, a religião e as enfermidades

aparentes; também se declarava a relação de parentesco ou de convivência de cada pessoa

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com o chefe da família, e a respeito das crianças de 6 a 15 anos notar-se-á se frequentam ou

não as escolas. Além disso, a recusa em responder os boletins de família levaria punição na

forma da lei por crime de desobediência.

Para o desenvolvimento do recenseamento havia em cada paróquia do Império uma

comissão censitária composta por cinco cidadãos residentes na paróquia, conhecedores dos

limites e dos habitantes dela, além de um determinado número de agentes recenseadores.

Para a realização da pesquisa, uma das maneiras de se fazer o estudo crítico do Censo

Geral de 1872, era se utilizar de uma comparação deste com o Censo da Corte, 1870, já que

para este dava-se maior confiabilidade devido às circunstâncias com que o mesmo foi

realizado, menor espaço amostral, por exemplo. (RELATORIO, 1871)

Já em relação ao Censo Geral do Império, utilizou-se os dados ajustados pelo método

MRP, disponíveis no software Pop 72 (www.nphed.cedeplar.ufmg.br/pop72). Ao realizar os

cotejamentos desses censos, 1870 e 1872, notou-se discrepâncias expressivas, ao observarmos

os dados da comparação (Tabela 23).

Tabela 23: População da Corte em 1870 e 1872

Masculino Feminino Total Masculino Feminino Total

1870 100.301 70.843 171.144 23.779 22.714 46.493 217.637

1872 133.880 92.153 226.033 24.886 24.053 48.939 274.972

Variação (%) 33,5% 30,1% 32,1% 4,7% 5,9% 5,3% 26,3%

1870 98.212 69.988 168.200 23.775 22.676 46.451 214.651

1872 132.552 91.553 224.105 23.662 23.434 47.096 271.201

Variação (%) 35,0% 30,8% 33,2% -0,5% 3,3% 1,4% 26,3%

1870 1.789 885 2.674 4 8 12 2.686

1872 1.328 600 1.928 1.224 619 1.843 3.771

Variação (%) -25,8% -32,2% -27,9% 30500,0% 7637,5% 15258,3% 40,4%

1870 54.100 54.286 108.386 15.407 18.120 33.527 141.913

1872 77.876 74.851 152.727 18.009 19.957 37.966 190.693

Variação (%) 43,9% 37,9% 40,9% 16,9% 10,1% 13,2% 34,4%

1870 46.201 15.557 61.758 8.402 4.591 12.993 74.751

1872 56.004 17.302 73.306 6.877 4.096 10.973 84.279

Variação (%) 21,2% 11,2% 18,7% -18,2% -10,8% -15,5% 12,7%

1870 77.628 48.687 126.315 23.280 22.030 45.310 171.625

1872 104.036 64.073 168.109 24.525 23.584 48.109 216.218

Variação (%) 34,0% 31,6% 33,1% 5,3% 7,1% 6,2% 26,0%

1870 19.562 15.810 35.372 417 369 786 36.158

1872 25.762 20.175 45.937 243 262 505 46.442

Variação (%) 31,7% 27,6% 29,9% -41,7% -29,0% -35,8% 28,4%

1870 3.111 6.346 9.457 112 315 427 9.884

1872 4.082 7.905 11.987 118 207 325 12.312

Variação (%) 31,2% 24,6% 26,8% 5,4% -34,3% -23,9% 24,6%

Religião

Do Estado

Diferente

Brasileiro

Estrangeiro

Naciona-lidade

Solteiro

Casado

Viúvo

TotalVariáveis Categorias

Estado Civil

AnoLIVRES ESCRAVOS

Total

Fonte dos dados básicos: Censos demográficos de 1870 e 1872

Nota-se, através das comparações de crescimento existentes, que as variações de um

ano para o outro são muito grandes, inconstantes. Por exemplo, o crescimento populacional

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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total do Município Neutro da Corte, entre 1870 e 1872 foi de 26,3%, superando a média do

crescimento vegetativo esperado. Assim como houve, também, um aumento de 40,4% na

quantidade pessoas que professam uma religião diferente da do estado, neste município, o que

só poderia ser explicado com o caso de um elevado crescimento vegetativo, ou migração

interna intensa ou conversão em massa dos habitantes, fenômenos que provavelmente não

teriam ocorrido nesse curto espaço de tempo.

Ainda, ao se proceder às comparações, percebem-se casos de crescimentos negativos

elevados, como pode ser notado no caso de homens que professam uma religião diferente da

do Estado, que teve um decréscimo de 25,8%.

Contudo, para sanar qualquer possibilidade de dúvida quanto a confiabilidade de um

ou de outro censo, resolveu-se fazer também a recontagem do recenseamento de 1870, da

paróquia de São Christóvão, cujas listas estão disponíveis na Biblioteca virtual do IBGE, e,

assim que este órgão disponibilizar as listas faltantes, poder-se-á concluir o cotejamento, e

sanar-se-ão as dúvidas quanto a confiabilidade dessas contagens, e por fim, pretende-se

colocar disponível a nova recontagem da Paróquia de São Christóvão na internet, como foi

feito com o recenseamento de 1872.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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5. A instrução pública e os censos demográficos nas décadas de 1830 e 1870, em Minas Gerais: Um estudo de caso

5.1 Introdução

Na primeira metade do século XIX, as famílias eram, ao mesmo tempo, unidades de

parentesco e unidades de produção econômica. Os tipos mais frequentes eram as unidades

escravistas e camponesas. No meio urbano, contudo, assumia maior protagonismo as famílias

de artesãos – principalmente as formadas por mulheres tecedeiras e fiandeiras. Nesse contexto

em que não havia uma separação maior entre a unidade de habitação e o locus do trabalho,

entre consumo e produção, era natural que as próprias famílias se incumbissem da formação

para o trabalho dos novos membros, fossem eles crianças, parentes, agregados e escravos.

Entretanto, grandes transformações empreendidas pelo Estado ocorrem entre as

décadas de 1830 a 1850, no sentido de subverter a velha ordem e promover um esforço

decisivo para se estabelecer a ordem capitalista. As iniciativas mais emblemáticas foram as

promulgações da Lei de Terras, da Lei Eusébio de Queiroz e pelo estabelecimento do Código

Comercial, que acabam por criar condições de desenvolvimento do mercado de terras e de

trabalho, além de propiciar a cisão entre as unidades familiares e as unidades produtivas.

Nesse novo contexto, destaca-se a crescente preocupação do Estado com a educação e

formação para o trabalho, que se mostra, entre outras coisas, através do estabelecimento de

normas para a regulação da prática educacional.

Como exemplo, tem-se a Lei Mineira n° 13. Ao investigarem as relações entre as

famílias, a escola e o estado no que concerne à instrução pública na província de Minas

Gerais, Viana e Veiga (2002) ressaltam que a partir de 1835 com a Lei, os pais passaram a ser

obrigados a dar instrução primária para seus filhos por meio de escolas públicas, particulares

ou em suas próprias casas, sendo que a fiscalização do cumprimento desta determinação cabia

aos Delegados dos Círculos Literários.

Além disso, a legislação mineira, que incluía a Lei n° 1400 de 1867, que isentava a

inspeção do ensino familiar domiciliar, reforçava as diferenças socioeconômicas nas formas

de acesso à instrução, já que fazia com que a fiscalização estivesse mais presente para as

famílias pobres e aulas públicas (VIANA e VEIGA, 2002). Para as autoras, a obrigatoriedade

dos pais em dar instrução aos filhos possibilitou uma alteração na cultura familiar oitocentista,

particularmente nas famílias pobres que passaram a perceber a instrução como um fator de

alteração da condição social.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

60

Em Minas Gerais, fica clara a preocupação do Estado, que também pôde ser observada

nos levantamentos censitários da população, que passaram a contar, a partir de finais da

década de 1830, com a informação, indivíduo a indivíduo, do atributo de alfabetização (se

sabe ler e escrever), o que não se observava, por exemplo, nas chamadas listas nominativas de

1831/32.

Fonseca (2006), por exemplo, desenvolve em sua obra uma visão diferenciada da

inserção do negro - incluindo aqui todas as derivações do período como os pardos, crioulos e

africanos – nas escolas mineiras do século XIX fazendo uso de diferentes registros históricos,

dando enfoque a um conjunto de listas nominativas do início da década de 1830, fruto de uma

tentativa de se realizar um censo da população mineira desse recorte temporal.

A partir da análise desses registros, Fonseca critica a historiografia denominada por

ele de tradicional apontando que:

“houve uma excessiva valorização da ideia de contexto histórico, passando-se a conferir grande destaque aos aspectos econômicos e políticos, sobretudo ao antagonismo entre as classes sociais, que foi elevado à categoria de elemento explicativo das diversas dimensões do fenômeno educacional”. (FONSECA, 2006 p.117)

O autor argumenta que a “historiografia tradicional” deixa de observar elementos

importantes para a compreensão da história da educação ao entender todo o processo

educacional apenas como um reflexo da situação econômica e social majoritária no país.

Além disso, Fonseca critica a forma como o escravo e o negro livre são tratados na

historiografia tradicional ao reduzi-los ao caráter econômico de escravo e tirando deles o

aspecto humano e racional, o que limita suas tentativas de ascensão social em uma sociedade

altamente racista e hierarquizada.

Contrapondo esse ponto acima exposto, Fonseca aponta uma tendência e uma maior

importância dada pelos negros ao processo de escolarização. Segundo o autor, a escola era,

para a população negra livre, “uma forma de afirmação da sua condição e como demonstração

de um domínio dos códigos de liberdade” (Fonseca, p.229).

Vale notar que os negros eram sub-representados nas escolas secundárias em

contraposição ao perfil das escolas de instrução elementar. Em geral, a participação dos

brancos nas escolas era superior ao índice de participação na sociedade, estando mais

representados nas escolas secundárias. Fonseca (2009) acredita que isso se deve aos valores

atribuídos pelos diferentes perfis raciais à educação. Para os brancos, as escolas seriam um

elemento de consolidação de sua condição de elite. Já para os negros, a escolarização era uma

maneira de afirmação e maior inserção social.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

61

Há autores que trabalham sob uma outra perspectiva relacionada à infância, que não a

educação, para apresentar as ocupações possíveis às crianças. A obra de Teixeira consiste em

mostrar a forma como, muitas vezes, o trabalho infantil era utilizado e mascarado pelos

proprietários de fazendas, pois essa mão-de-obra não necessitava receber uma remuneração,

visto que parte desses proprietários agia legalmente como tutores, o que lhes isentava de

qualquer tipo de pagamento de soldo aos menores.

Segundo Teixeira, o processo de tutorização funcionava “(...) em torno da troca. O

domicílio acolhedor fornecia proteção, subsistência e educação e o acolhido pagava com

tarefas, serviços ou trabalhos.” (Teixeira, p.4). Apesar do caráter exploratório, observado por

Teixeira a partir de um olhar retrospectivo, esse processo ocorria devido principalmente à

orfandade e à pobreza e constantemente era visto como benéfico à criança, inclusive na visão

de parte das famílias originárias dos tutorados, que viam nessa situação uma possibilidade de

crescimento das oportunidades para a inserção futura da criança no mercado de trabalho.

Para uma melhor compreensão do censo de 1872 e da configuração populacional geral

do período imperial, esses dados sobre o trabalho infantil são de extrema importância,

principalmente no que concerne à relação escola-trabalho, que muitas vezes funciona como

uma exclusão de uma em relação ao outro. Além disso, esses dados nos mostram a

necessidade de crianças oriundas de famílias pobres ingressarem no mercado de trabalho

precocemente, decorrente constantemente da falta de estrutura financeiro-familiar que

garantisse aos menores uma possibilidade de maior escolarização.

O objetivo principal desse trabalho é mostrar as rupturas e permanências no lento

processo de consolidação do sistema educacional na província de Minas Gerais entre os

censos de 1838 e 1872, além de investigar a sua relação com o nível de centralidade urbana,

desenvolvimento econômico, bem como a dinâmica demográfica das províncias nos dois

períodos em questão.

5.2 O Censo de 1872

O presente trabalho utiliza o Recenseamento do Império de 1838 e o censo de 1872,

digitalizado pelo núcleo de Pesquisa em História Econômica e Demográfica do

Cedeplar/UFMG, ao longo das últimas quase três décadas.

Como verificado por Rodarte (2008), o Recenseamento Geral do Império de 1872, que

contemplou quase que toda a população do Brasil no período imperial e escravista, possui

problemas referentes à falta de uniformidade das respostas, omissão e de erros de

interpretação, que advém também dos problemas inerentes ao desafio de se recensear um país

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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de proporções continentais, com a infra-estrutura de meios de transporte e comunicação

daquela época.

A partir de análises dos resultados do censo, Rodarte (2008) conclui que, apesar de

serem exceções, as discrepâncias e divergências dos números de uma mesma paróquia

ocorriam, não só pela omissão da população sem informação para determinados atributos,

mas possivelmente erros de soma e impressão.

Dessa forma, o autor elaborou uma metodologia de correção que valoriza os resultados

paroquiais em relação ao sexo e condição social a partir de seus valores modais. O

procedimento para a correção é composto por três módulos distintos (Rodarte, 2008):

MÓDULO 1: estabelece os valores modais da população por sexo e condição social,

considerados os corretos para a correção dos demais dados segmentados. Verificou-se que os

valores modais eram correspondentes aos valores oficialmente divulgados pelos técnicos da

Diretoria Geral de Estatística (DGE).

Com a necessidade de se conhecer outros atributos da população, como idade e nível

de instrução, o autor propõe mais duas etapas que possibilitassem a correção de dados mais

desagregados.

MÓDULO 2: consiste na correção de variáveis que se repetem nas tabelas do censo,

tal como sexo que se repete no 2º e 3º quadros do censo e se distribui a partir de distintas

categorias (nacionalidade, estado civil, etc.). A correção se dá por um processo de escolhas

dos valores das somas correspondentes aos valores modais previamente estabelecidos feitos

por programa de computador.

MÓDULO 3: o último procedimento de correção buscou corrigir atributos mais

específicos que não se repetiam tanto (profissões, idade) a partir da manutenção dos dados das

colunas da somatória dos 2º e 3º quadros, priorizando a intervenção mínima sobre os dados

originais.

Assim, para paróquias cuja diferença dos dados com relação à moda era inferior a 1%,

a correção dos valores para cada categoria era feita a partir dos dados modais respeitando-se a

distribuição original. Para os demais dados incorretos e de maior distorção, a distorção

regional era excluída e os dados por categoria eram corrigidos por uma nova composição, de

acordo com o conjunto das demais paróquias que formavam o município da paróquia sob o

processo de correção.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

63

5.3 Resultados

Os resultados abaixo mostram que as taxas de alfabetização eram bastante próximas de

zero para os escravos, sendo que, em geral, os homens livres apresentavam taxas mais

elevadas que as mulheres livres. Este resultado pode estar atrelado ao fato de haviam escolas

em determinadas cidades, sendo que os alunos deveriam se ausentar de casa para estudar, o

que era mais recorrente entre os homens.

As seções a seguir apresentam os resultados para a taxa de instrução por sexo e

condição com relação ao nível de centralidade urbana, nível de desenvolvimento e dinâmica

demográfica das regiões.

5.3.1 Centralidade urbana

A ideia de centralidade aqui empregada está de acordo com a definição de

(RODARTE, PAULA e SIMÕES, 2004) que associa a estrutura ocupacional ao nível de

urbanização. As regiões centrais seriam aquelas que compreendem as instituições e as

construções mais importantes, o que a pode tornar um centro tanto para a área rural quanto

para outras cidades menores vizinhas.

Assim, a tabela abaixo apresenta a taxa de alfabetização da população de 6 a 15 de

acordo com o nível de centralidade que vai de 1 (maior nível) a quatro (menor nível). Pode-se

perceber que a proporção de indivíduos instruídos entre os homens livres é maior nas regiões

de nível de centralidade urbana 1 e 2, representando mais de 40% deles, ao passo que para as

mulheres livres, 24% são alfabetizadas e locais de alta centralidade e 17% para aqueles de

nível de centralidade 2. Para os níveis de centralidade 3 e 4 não há uma grande diferença da

proporção de alfabetizados entre os homens livres e entre as mulheres livres. Vale ressaltar

que no caso dos escravos, que apresentam taxas de alfabetização bastante baixas, a proporção

de mulheres alfabetizadas é maior que as dos homens em locais de alta centralidade urbana.

(Tabela 24).

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Tabela 24: Nível de centralidade urbana, por instrução – 1838

Nível de Centralidade

Urbana /Instrução

Taxa de alfabetização (%) - população de 6 a 15 anos

Condição/ Sexo

Livres Escravos

HOMEM MULHER HOMEM MULHER

Nível 1 49 24 1,0 1,4

Nível 2 41 17 0,8 0,4

Nível 3 28 4 0,2 0,1

Nível 4 25 5 0,2 0,1

Total 26 6 0,3 0,2

Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838

De acordo com o Censo de 1872, a proporção de indivíduos instruídos entre os

homens livres é maior nas regiões de nível de centralidade urbana 1 e 2, sendo que quanto

maior o nível de centralidade urbana, menor a taxa de alfabetização. Já para as mulheres

livres, as maior taxa de alfabetização pode ser percebida em regiões que correspondem ao

nível de centralidade urbana 2, sendo que este não varia para as demais regiões. (Tabela 25).

Tabela 25: Nível de centralidade urbana, por instrução – 1872

Nível de Centralidade

Urbana /Instrução

Taxa de alfabetização (%) - população de 6 a 15 anos

Condição/ Sexo

Livres Escravos

HOMEM MULHER HOMEM MULHER

Nível 1 30 11 0 0

Nível 2 22 12 0,3 0,1

Nível 3 18 10 0,02 0,02

Nível 4 16 8 0,02 0,03

Total 18 9 0,05 0,03

Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872

5.3.2 Nível de desenvolvimento

A definição do nível de desenvolvimento econômico baseou-se em (PAIVA, 1996)

que define três níveis de desenvolvimento econômico a partir da magnitude dos impactos

regionais e posição relativa na economia provincial levando em conta a presença de atividades

de produção e comércio.

A partir da tabela abaixo, pode-se perceber que as maiores taxas de alfabetização estão

associadas ao maior nível de alfabetização, não havendo, no entanto, uma relação linear, na

medida em que o nível de desenvolvimento decresce. Nesse sentido, os homens livres

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65

apresentam taxas de alfabetização superiores em regiões de baixo de nível de

desenvolvimento (24%) se comparada com a taxa em regiões de nível médio (21%). No que

diz respeito às mulheres e aos escravos, quanto menor o nível de desenvolvimento, menor as

taxas de alfabetização. (Tabela 3).

Tabela 26: Nível de desenvolvimento econômico x instrução – 1838

Nível de Desenvolvimento

/Instrução

Taxa de alfabetização (%)

Condição/ Sexo

Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER

Nível Alto 31 8 0,31 0,26

Nível Médio 21 5 0,26 0,09

Nível Baixo 24 2 0,25 0,05

Total 26 6 0,3 0,2

Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838

Os dados obtidos a partir do censo de 1872 mostram que, em termos gerais, a taxa de

alfabetização da população decresceu com relação a 1838, exceto para as mulheres livres que

apresentaram uma taxa superior à de 1838. Além disso, as maiores taxas de alfabetização

estão associadas aos altos níveis de desenvolvimento. A instrução decresce na medida em que

o nível de desenvolvimento vai de “alto” para “baixo”, sendo que as mulheres livres e os

homens escravos apresentam taxas de alfabetização em regiões de nível de desenvolvimento

médio superiores ás de regiões de nível de desenvolvimento baixo (Tabela 27).

Tabela 27: Nível de desenvolvimento econômico x instrução – 1872

Nível de Desenvolvimento

/Instrução

Taxa de alfabetização (%)

Condição/ Sexo

Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER

Nível Alto 19 10 0,04 0,01

Nível Médio 18 11 0,05 0,02

Nível Baixo 15 5 0,08 0,12

Total 18 9 0,05 0,03

Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872

5.3.3 Dinâmica demográfica

Para se compreender a conformação da dinâmica demográfica nos diversos espaços da

província de livres e escravos, sem se ater sempre às especificidades de cada região, elaborou-

se uma tipologia de regiões, com a definição de grupos de entidades espaciais que tiveram

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66

evoluções populacionais semelhantes, tendo em vista não só a população total, como também

o recorte por condição social.

O dinamismo demográfico das regiões foi classificado de acordo com Rodarte (2008)

da seguinte forma:

• Tipo A: áreas menos dinâmicas de Minas Gerais, do ponto de vista demográfico, ao dobrar de tamanho a cada 45 anos (com crescimento de 1,6% a.a.);

• Tipo B: áreas de evolução explosiva de seu ritmo de crescimento populacional, duplicando de tamanho a cada 18 anos (3,9% a.a.)

• Tipo C: áreas de dinamismo intermediário com crescimento próximo da média provincial (2,6% a.a.).

Os dados do recenseamento de 1838 mostram que as áreas mais dinâmicas de Minas

Gerais são aquelas com maior taxa de alfabetização exceto no caso dos homens escravos.

Estes, apesar de apresentarem baixas taxas de alfabetização, demonstram possuir um nível de

instrução maior em áreas do tipo B, de evolução demográfica explosiva, do que em área de

elevado crescimento demográfico (tipo A), pela Tabela 28.

Tabela 28: Tipologia de dinamismo demográfico x instrução – 1838

Dinamismo Demográfico/Instrução

Taxa de alfabetização (%)

Condição/ Sexo

Livres Escravos

HOMEM MULHER HOMEM MULHER

Tipo A 29 8 0,28 0,22

Tipo B 20 3 0,41 0,14

Tipo C 22 2 0,16 0,03

Total 26 6 0,3 0,2

Fonte: IBGE- Recenseamento de 1838

No que diz respeito aos dados de 1872, percebe-se que as maiores taxas de instrução

de homens e mulheres livres se concentram em área do tipo B, de evolução demográfica

explosiva e onde os escravos apresentam as menos taxas (Tabela 29).

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67

Tabela 29: Tipologia de dinamismo demográfico x instrução – 1872

Dinamismo Demográfico/Instrução

Taxa de alfabetização (%)

Condição/ Sexo

Livres Escravos HOMEM MULHER HOMEM MULHER

Tipo A 19 10 0,07 0,02

Tipo B 20 12 0,00 0,00

Tipo c 14 6 0,05 0,08

Total 18 9 0,05 0,03

Fonte: IBGE- Recenseamento de 1872

5.4 Considerações finais

A analise dos resultados dos censos de 1838 e de 1872 com base em características econômicas e demográficas das regiões mostrou que o fator que mais influenciou a taxa de alfabetização foi a centralidade urbana. Percebe-se que tanto para os homens a para as mulheres quanto para os livres e os escravos, o nível de instrução foi sensível ao movimento de urbanização.

Vale ressaltar que parece existir o "ruído" da informação associado ao status dos indivíduos. Os resultados mostram que pode haver uma tendência a declarar como instruído aqueles indivíduos que assumem posição de destaque na sociedade, senda esta uma questão que deve ser futuramente investigada.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

68

5.5 Referências bibliográficas FONSECA, M. O predomínio dos negros nas escolas de Minas Gerais do século XIX. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 35, n.3, p. 585-599, set./dez. 2009. FONSECA, Marcus V. População negra e educação: o perfil racial das escolas no século XIX. Belo Horizonte:

Mazza Edições, 2009.

PAIVA, Clotilde A. População e economia nas Minas Gerais do século XIX. 1996. 229 f. Tese (Doutorado de História) - Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.

RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: Perfis de domicílios enquanto unidades de produção e reprodução na Minas Gerais Oitocentista. 2008, 365 f. Tese (Doutorado em Demografia) - Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

RODARTE, Mario M. S.; PAULA, João A. de; SIMÕES, Rodrigo F. Rede de cidades em Minas Gerais no Século XIX. História Econômica & História de Empresas, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 7-45, jan./jun. 2004.

TEIXEIRA, H. M.. A labuta sem ciranda: crianças pobres e trabalho em Mariana. História. Questões e Debates, v. 24, 2006. (http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2006/D06A051.pdf)

VIANA, F. S.; VEIGA, C. G.. Relação governo, família e educação na primeira metade do século XIX em Minas Gerais. In: II Congresso Brasileiro de História da Educação, 2002, Natal. II Congresso Brasileiro de História da Educação: História e Memória da Educação Brasileira, 2002. V. II.

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69

PARTE V: Anexos

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6. O Software POP 72 - Brasil: Aspectos técnicos do aplicativo

O Pop 72 – Brasil foi desenvolvido utilizando Java, uma linguagem altamente

difundida e gratuita, também deve ser levada em consideração a técnica utilizada para

desenvolvimento, todo o software foi desenvolvido em camadas o que facilita futuras

modificações em qualquer parte do software.

A linguagem Java é totalmente orientada a objetos e seu pacote de desenvolvimento o

Java JDK, é distribuído gratuitamente e cheia de recursos. Algumas características da

linguagem são: Garbage Colector, Threads, Exceptions, Controlled Resources, Java API.

• Garbage Colector: coleta partes do programa na memória que não são mais úteis; • Threads: suporte para que seu programa rode em vários processadores; • Exceptions: para tratamento de erros, melhora o desempenho do software; • Controlled Resources: controle de acessos a recursos, aumentando a segurança; • Java API: pacote com vários recursos a serem reaproveitados assim não existe a

necessidade de reescrever algumas rotinas.

O software foi construído em quatro camadas: primeira camada de persistência,

segunda camada de entidades, terceira camada de controle, quarta camada de visão. Na

camada de persistência ou acesso aos dados, é realizado todo controle de acesso ao banco de

dados, a camada de entidades é responsável pelo formato dos dados, a camada de controle

visa à regra de negócios do sistema, já a camada de visão é responsável pela parte gráfica do

sistema, o que o usuário vê. Para implementação destas camadas foram utilizados diferentes

frameworks, para a de persistência o Hibernate, para a de controle o JSF e para a camada de

visão foi utilizado o PrimeFaces.

O software escolhido para gerencia dos dados foi o MySQL por ser um dos softwares

mais utilizados hoje, gratuito e totalmente compatível com a técnica escolhida para

desenvolvimento.

A parte visual é desenvolvida totalmente para acesso via internet utilizando os

melhores navegadores, toda navegação é feita utilizando uma técnica de programação

chamada Ajax que da melhor interatividade e desempenho para o usuário final. Parte

totalmente implementada pelo Framework PrimeFaces. O Ajax é uma técnica que utiliza

várias linguagens e scripts em conjunto.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

71

7. Relatório de pesquisa de digitalização do Censo de 1872, em 1983

“Um estudo crítico do recenseamento de 1872”24

Introdução

O censo brasileiro de 1872 constitui, inegavelmente, uma das fontes importantes para

a pesquisa da história demográfica, social e econômica do Brasil na segunda metade do século

XIX.

Apesar de sua inegável importância histórica como o único censo nacional do período

imperial e escravista, e de ser o primeiro censo que cobriu de forma sistemática todo o

território brasileiro, ele nunca foi submetido a um exame crítico rigoroso.

A necessidade e a oportunidade de um estudo crítico deste censo foi apontada, por

exemplo, por Mortara (1959) quando, analisando a estrutura etária da população nacional

enumerada, chamou a atenção para as evidências de subenumeração no grupo etário de 0 a 1

ano, e para o percentual aparentemente alto da população acima de 100 anos.25 Da mesma

forma, Martins, (1980) trabalhando com os dados da província de Minas Gerais descobriu

que, ao se proceder à agregação dos quadros paroquiais para se obter os totais provinciais,

foram cometidos grandes erros de soma.

Segundo Martins (1980), a soma correta dos quadros paroquiais altera,

consideravelmente, a distribuição ocupacional dos escravos da província de Minas Gerais. O

percentual de escravos ocupados na agricultura conforme os resultados publicados no censo

corresponde a 75,3% do total da população escrava, enquanto que após a soma correta dos

quadros paroquiais este valor passa a ser 30,9%, com evidentes alterações para a interpretação

da estrutura ocupacional escrava feita com base nesta fonte histórica..26

As evidências de incorreções na estrutura etária, e de erros na agregação dos totais

provinciais que podem acarretar grandes alterações na distribuição da população segundo um

dado atributo (ocupação, procedência, idade, etc.) são, sem dúvida, argumentos que apontam

para a importância de um estudo crítico deste censo.

24 Esta é uma versão modificada pelo Prof. Tarcísio Rodrigues Botelho do Relatório Final da pesquisa intitulada “Um estudo crítico do Recenseamento de 1872”, realizada com financiamento do INPES/IPEA, através do Programa Nacional de Pesquisa Econômica (PNPE). Ver PAIVA, Clotilde A.; MARTINS, Roberto B. Um estudo crítico do recenseamento de 1872. Belo Horizonte: PNPE, 1983. Relatório de Pesquisa. Mimeografado. 25 MORTARA, Giorgio (1975), “Demographic Studies in Brazil” in Philip M. Hanser e Otis D. Duncan. Eds.,

The Study of Population. An Invetory and Appraisal, Chicago: University of Chicago Press.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

72

No entanto, é também importante mencionar que estas incorreções, quer estejam

ligadas à execução do censo, quer à sua apuração, são perfeitamente compreensíveis dada a

complexidade do trabalho censitário em território tão extenso, e à grande massa de

informações a ser manipulada sem os recursos eletrônicos modernos.

Portanto, para que a utilização dos dados do recenseamento de 1872, tal como estão

publicados, não venha conduzir a interpretações distorcidas, seria conveniente fornecer aos

seus usuários alguns parâmetros para a avaliação da qualidade do dado a ser utilizado.

Embora sem a pretensão de esgotar o assunto, foi este o objetivo principal deste

ensaio. A proposta básica deste trabalho consiste em fornecer ao usuário do censo

informações sobre:

• As condições de planejamento, execução e apuração do censo apontando para suas

possíveis influências nos resultados, tanto a nível nacional como a nível provincial;

• Os totais provinciais que realmente correspondam à soma correta das paróquias que

formam cada província; fornecer, também, todas as informações a nível municipal;27

• A comparação dos resultados originais da publicação com aqueles corrigidos,

avaliando as modificações que a soma correta dos totais provinciais está introduzindo

com relação aos diferentes atributos da população recenseada.

Nosso ponto de partida é, portanto, a informação paroquial no censo. É importante

ressaltar que esta informação ao nível de paróquia é, por sua vez, resultante da compilação

dos vários boletins ou listas de famílias que compõem cada paróquia, podendo, portanto, já

conter erros de apuração. A volta aos manuscritos originais que nos permitiria, inclusive,

avaliar esta etapa inicial da apuração dos dados é impossível neste caso.28

Fica claro, portanto, que tomar a informação paroquial publicada no censo como ponto

de partida não quer dizer desconsiderar a existência de possíveis erros nas fases anteriores da

realização do censo. Pretendeu-se, com isto, eliminar ou pelo menos minimizar os erros de

agregação dos dados daí para frente.

26 MARTINS, Roberto B. (1980), “Growing in Silence: The Slave Economy of Nineteenth Century – Minas

Gerais, Brazil”. Tese de doutorado, Vanderbilt University. 27 Embora os erros de agregação dos quadros paroquiais devam ser tanto maiores quanto maior for o número de

paróquias que compõem cada província, eles existem e foram detectados em todas elas. Além disso, o censo de 1872 é uma obra rara. Um subproduto importante desta pesquisa foi tornar disponível, em meio digital, todas as tabelas paroquiais originais, o que possibilita a obtenção de totais municipais para todas as tabelas. A única informação que existe no censo de 1872, a nível municipal, é a referente à população total do município.

28 Surgiram, nas últimas década, especialmente na Europa, vários estudos que retomam as fontes originais do material publicado no século XIX dando-lhe tratamento mais rigoroso (Ver Tillot, 1972). No caso brasileiro, este material original parece já ter sido todo destruído. Tillot, P. M. (1972), “Sources or Inaccuracy in 1851 ando 1861 Censues” in Wrigley, E. A. (ed.), Nineteenth Century Society, Cambridge University Press.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

73

Além da contagem da população, o recenseamento de 1872 apresenta, organizados por

paróquias, dados sobre sexo, idade, estado civil, raça, condição (livre ou escravo), ocupação e

outros, constituindo-se numa fonte insubstituível para o estudo da realidade brasileira do

século passado. É possível extrair do censo a composição municipal a nível de paróquias e

reconstituir, com o nível de detalhes apresentado no censo, os totais municipais da época.

Os quase 10 milhões de habitantes do Brasil em 1872, achavam-se distribuídos entre

20 províncias e 1 Município Neutro (corte), que se subdividiam em 641 municípios e 1473

paróquias.

A cada uma destas paróquias foi dado exatamente o mesmo tratamento: transposição

dos dados paroquiais, da forma como estão publicados no censo, para meio digital;

identificação dos erros de soma contidos nos quadros paroquiais, que no entanto, foram

mantidos, uma vez que se buscou a obtenção de uma cópia digital que reproduzisse cada

tabela paroquial tal como ela se apresenta na publicação original.29 A qualquer momento é

possível gerar, para qualquer subconjunto (de paróquias, de municípios, ou mesmo de

províncias) totais corretos, pela agregação adequada dos dados paroquiais originais,

respectivos de cada caso.

Dado o volume de informações manipuladas nesta pesquisa, decidiu-se selecionar,

para constar deste texto, a província de Minas Gerais, que era a mais populosa da época.

A parte 1 deste trabalho apresenta alguns aspectos de história deste recenseamento,

desde a legislação que lhe deu origem até os relatórios da Diretoria Geral de Estatística

descrevendo a marcha dos trabalhos de apuração. Esta informação histórica é analisada, tendo

em vista as limitações que elas passam impor à qualidade da informação censitária.

A parte 2 descreve, detalhadamente, a forma como a pesquisa foi realizada,

principalmente naquilo que concerne ao levantamento dos dados. Apresenta informações

relativas à todas as etapas do processo, desde a elaboração dos formulários de coleta até os

procedimentos utilizados para a emissão das tabelas provinciais e municipais corrigidas.

A parte 3 analisa os resultados obtidos pela cópia digital e compara-os com as tabelas

dos totais provinciais originalmente publicadas no Recenseamento Geral do Império. Esta

primeira comparação tem por objetivo mostrar o impacto da correção nos resultados que são

comumente utilizados pelos historiadores e, ao mesmo tempo, sugerir a realização de

trabalhos semelhantes para outras províncias brasileiras.

29 O procedimento usado foi o seguinte: os subtotais e totais das linhas e das colunas de cada tabela paroquial são recalculados, imprimindo-se, para posterior conferência com o original, as tabelas que contém erros internos de

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1. Um pouco de história

O interesse do governo imperial brasileiro em realizar um censo geral da população

em 1872 está dentro do espírito que predominava em todo o mundo ocidental no decorrer do

século XIX.30 Na verdade, este censo foi precedido de vários censos regionais, e de algumas

tentativas fracassadas de se obter um arrolamento da população total, conforme cita o

conhecido trabalho de Joaquim Norberto de Souza e Silva.31 Este autor termina seu trabalho

em maio de 1870, recomendando enfaticamente à autoridade competente que empreenda a

árdua tarefa de realizar o censo geral do Império. Sugere, simultaneamente, que para o bom

desempenho desta tarefa incorpore a experiência obtida com o censo do Município da Corte,

realizado em abril de 1870.

A lei 1829, de 9 de setembro de 1870, dá início a este processo quando estabelece o

censo decenal, e cria a Diretoria Geral de Estatística com a incumbência, entre outras, de

dirigir os trabalhos do censo de todo o império. Com o decreto no. 4856 de 30 de dezembro

de 1871 a matéria é regulamentada e os detalhes de execução do censo fixados.32

Os relatórios da Diretoria Geral de Estatística, elaborados anualmente, entre 1871 e

1878, constituem fonte importante de informação sobre o recenseamento de 1872. Estes

relatórios eram preparados pelo Diretor Geral e dirigidos ao Ministro e Secretário de Estado

dos Negócios do Império. As informações neles contidas eram incorporadas na “Falla” que o

Ministro e Secretário dos Negócios do Império dirigia à Assembléia Geral na abertura de cada

legislatura. Na maioria das vezes, eram reproduzidos na íntegra nos vários anexos que,

geralmente, acompanhavam estas “Fallas”. A importância destes documentos está ligada,

sobretudo, à riqueza de informações que eles contém.

Os vários relatórios elaborados entre 1871 e 1878 apresentam detalhes importantes

quanto:

A – à organização inicial do censo, no Rio de Janeiro, logo após a publicação da

legislação básica dos recenseamentos. Incluem informações relativas à preparação do material

impresso que seria usado (boletins de família e cadernetas de agente recenseador); a

estimativa da quantidade de impressos necessária e a forma mais apropriada de se proceder à

agregação. Em seguida, calculam-se os totais municipais e os provinciais que são comparados com os resultados impressos, detectando os erros de agregação do censo. 30 Vários países ocidentais já haviam criado o censo decenal, tais como, Estados Unidos a partir de 1790,

Inglaterra (1801), Portugal (1864), etc. 31 Vide Joaquim Norberto de Souza e Silva (1870) “Investigações sobre os recenseamentos da população geral

do Império e de cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje”. Memória anexa ao Relatório do Ministro do Império apresentado em 1870 pelo titular da mesma pasta, Conselheiro Paulino José Soares de Souza. (Reproduzido em Documentos Censitários Série B, 1, IBGE, 1951).

32 A legislação básica do censo de 1872 consta do Anexo 1.

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sua distribuição pelas províncias; a organização do trabalho, tanto a nível interno na Diretoria

Geral de Estatística, quanto a nível externo, com relação à constituição das comissões

censitárias; os recursos disponíveis para as várias etapas do recenseamento, etc.

B – à forma de realização da operação censitária, a nível das diversas províncias. Estão

aqui incluídas informações relativas à formação das comissões censitárias locais; à forma de

distribuição do material impresso e de seu retorno devidamente preenchido; às alterações

introduzidas em algumas províncias quanto à data prevista para o censo (1o de agosto de

1872) e quais as razões que levaram à alteração; que parte da população não foi incluída nos

resultados do censo, sugerindo as razões da omissão, etc.

C – ao desenrolar dos trabalhos de apuração dos resultados (à medida que as

províncias devolviam os impressos preenchidos) e de preparação do material para publicação.

D – finalmente, os relatórios de 1877 e 1878 comentam detalhadamente os resultados

do censo em todo o território nacional, cuja impressão é declarada concluída por volta desta

data.

O relatório de 1877 é particularmente importante, porque apresenta um inventário das

paróquias omitidas em cada província, descreve o procedimento usado para estimar a

população destas paróquias omitidas e seu uso para ajustar o total da população recenseada.

Dificuldades na distribuição deste material, tanto da Diretoria Geral de Estatística para

as Seções de Estatísticas Provinciais, como destas para as comissões censitárias paroquiais,

têm sido apontadas como as responsáveis pelo atraso na execução do censo em algumas

províncias. A leitura dos relatórios dos presidentes de províncias no ano censitário e nos

subseqüentes nos permite identificar as razões alegadas para o atraso na execução do censo.33

A Tabela 30 apresenta a divisão administrativa do Brasil e sua população segundo a

condição à época do censo de 1872, e indica a data de realização do censo nas diversas

províncias. De um modo geral, o censo foi realizado na data estabelecida pela lei (1o de

agosto de 1872), exceto nas províncias de Minas Gerais (1o de agosto de 1873), São Paulo (30

de janeiro de 1874), Mato Grosso (1o de outubro de 1872) e Goiás (25 de junho de 1873).

A Tabela 31 apresenta, em termos absolutos e percentuais, as províncias com as suas

paróquias e respectivas populações, divididas em 2 grupos de acordo com o ano de execução

do censo, isto é, 1872 ou 1873/74.

33 A maior parte do levantamento das informações contidas nos Relatórios dos Presidentes de Província foi

realizada por Maria Luíza Marcílio no Arquivo Público de São Paulo e no Arquivo Nacional, que nos cedeu as informações. A demora no recebimento do material e as dificuldades para redistribuí-lo a nível provincial são os principais motivos que levaram à alteração da data de realização do censo.

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Embora apenas 3 províncias tenham realizado o censo cerca de uma ano após a data

estabelecida, estas províncias englobam 38,42% das paróquias existentes na época, e nelas

viviam 35,59% da população escrava do país e quase 30% da população livre.

A realização simultânea do censo em todo território é um requisito importante, uma

vez que minimiza erros tais como dupla contagem. Mesmo sabendo que os governos das

províncias retardatárias recomendaram, através de ofício que a data de referência do censo

fosse aquela fixada pela lei, sabe-se que, quanto maior foi o intervalo de tempo decorrido

entre a data a que a informação deve se referir a aquela em que ela é recolhida, maiores são as

possibilidades de erros.

Apenas como exemplo, poderíamos mencionar as dificuldades que os informantes, em

geral, têm de estabelecer datas precisas para eventos que ocorreram no passado. Esta

dificuldade poderia levar, indevidamente, à inclusão de crianças que nasceram ou à exclusão

de pessoas que morreram após a data de referência do censo.

Erros de memória poderão, também, distorcer informações sobre atributos que variam

no tempo, tais como estado civil, ocupação, idade, freqüência à escola, condição

(livre/escravo), etc.

Os movimentos migratórios, neste caso, também podem aumentar a incidência de

erros, que serão tanto mais graves quanto maior for a mobilidade da população na região.

Famílias que tiveram migrado da província antes da data de realização do censo, mas após a

sua data de referência, não serão recenseadas.34 Por outro lado, a inclusão de pessoas que

chegaram ao local após a data de referência, e cuja origem é uma província onde já haviam

sido recenseados, resultará, em termos nacionais, em dupla contagem.

O uso de informações adicionais sobre o desenvolvimento econômico e social da

região poderá indicar, ao usuário dos dados, em que medida estes problemas levantados

podem estar alterando seus resultados.

34 Mesmo que a migração tenha se dado em direção a uma província onde o censo ainda não tenha se realizado,

estas famílias e/ou pessoas deveriam ser incluídas no local de origem e não de destino.

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Tabela 30: Divisão administrativa e população segundo a condição

Número de Paróquias População

Província*

Número de Municípios

Não Incluídas Total Livre Escrava Total

Amazonas ......................................... Pará ................................................... Maranhão .......................................... Piauí .................................................. Ceará ................................................ Rio Grande do Norte ........................ Parayba do Norte .............................. Pernambuco ...................................... Alagoas ............................................. Sergipe .............................................. Bahia ................................................ Espírito Santo ................................... Rio de Janeiro ................................... São Paulo (30.1.1874) ...................... Paraná ............................................... Santa Catarina ................................... Rio Grande do Sul ............................ Minas Gerais (1.8.1873) ................... Goiás (25.5.1873) ............................. Mato Grosso (1.10.1872) ................. Município Neutro (Corte) ................

7 32 37 22 46 22 24 39 19 24 72 13 33 89 16 11 28 72 26 9 -

- - 1 2 - - - - - 5 - - 6 - - - 4

14 - - -

22 70 53 27 57 27 38 71 28 30

169 25

123 142 23 38 72

370 54 15 19

56.631 274.779 284.101 178.427 689.773 220.959 354.700 752.511 312.268 153.620

1.211.792 59.478

490.087 680.472 116.162 144.818 367.022

1.669.276 149.743 53.750

223.033

979 27.458 74.939 23.795 31.913 13.020 21.526 89.028 35.741 22.623

167.824 22.659

292.637 156.612 10.560 14.984 67.791

370.459 10.652 6.667

48.939

348.009 275.237 359.040 202.222 721.686 233.979 376.226 841.539 348.009 176.243

1.379.616 82.137

782.724 837.354 126.722 159.802 434.813

2.039.735 160.395 60.417

274.972

TOTAL

641 32 1.473 8.419.672 1.510.806 9.930.478

FONTE: Directoria Geral de Estatística, Recenseamento da População do Império do Brasil de 1872, Rio de Janeiro, Leuziger e Filhos 1873-1876. O censo realizou-se em todo o território nacional no dia 1o de Agosto de 1872.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

78

Tabela 31: Províncias, paróquias e populações respectivas segundo o ano de realização do Censo

População Ano de Realização do Censo

Número de Províncias

% Número de Paróquias

% Livre % Escrava % Total %

1872

1873/74

18 3

85,71

14,29

907

566

61,58

38,42

5.920.181

2.499.491

70,31

29,69

973.083

537.723

64,41

35,39

6.893.264

3.037.214

69,42

30,58

Total 21 100,00 1.473 100,00 8.419.672 100,00 1.510.806 100,00 9.930.478 100,00 FONTE: Tabela 1

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

79

A importância, em termos de população, destas paróquias omitidas, é difícil de ser avaliada.

Há, na literatura da época, referências a estimativas indiretas da população destas

paróquias que não foram recenseadas em 1872. Existem, também, alguns casos em que o

recenseamento foi realizado, mas o resultado não chegou à Diretoria Geral de Estatística a

tempo de ser incluído na publicação final do censo. Para estes casos, os dados relativos à

população total estão publicados nos Relatórios da Diretoria Geral de Estatística permitindo

sua utilização para o ajustamento da população total. Estão nesta situação as paróquias de

Sant’Ana das Traíras de Minas Gerais onde foram contados 11745 habitantes; a de São José

do Barreto (Rio de Janeiro) com 3971 habitantes; e a de São João Baptista do Herval (Rio

Grande do Sul) com 4940 habitantes.

Para os demais casos de exclusão, não existem senão cálculos aproximados, com base

em critérios que são discutíveis como veremos mais adiante.

No caso da província de Minas Gerais, a situação das 15 paróquias omitidas, entre as

370 recenseadas, em seus respectivos municípios, consta no quadro abaixo.

Paróquias Omitidas Recenseadas Total

Curvelo Conceição Diamantina São João Baptista Santo Antônio do Arassuahy Passos São Sebastião do Paraíso Caldas São João D’El Rei Juiz de Fora Muriahé

1 1 2 3 1 1 1 1 1 1 1

3 7 3 3 2 6 3 4 4 4

10

4 8 6 4 4 7 4 5 5 5

11

Pode-se observar que, a não ser o caso de Diamantina e de Santo Antônio de

Arassuahy onde foram recenseadas apenas a metade das paróquias existentes, nos demais

municípios apenas uma paróquia foi omitida. O peso relativo desta paróquia omitida vai

variar em cada caso.

É importante observar ainda que, no caso de Minas Gerais, os municípios com

paróquias omitidas não estão concentrados em nenhuma região da província, há casos

isolados de omissão espalhados pelo território.

Os motivos da não inclusão destas paróquias de Minas Gerais variam. Há casos

conforme vimos anteriormente, como o de Sant’Ana das Traíras, no município de Curvelo,

cujos dados chegaram à Diretoria Geral de Estatística quando o processo de impressão do

censo já havia se iniciado. Há referências aos 11754 habitantes desta paróquia que foram

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

80

enumerados, mas não estão incluídos nos resultados publicados. Não há, contudo,

informações sobre a maioria das paróquias omitidas. Possivelmente, o censo não tenha se

realizado nestes locais.

O Conselheiro Manoel Francisco Correia, diretor geral da Diretoria Geral de

Estatística em 1876, estimou a população das paróquias omitidas no censo usando a

proporção de 400 habitantes por eleitor, conforme estabelecia a lei eleitoral.35 Segundo seus

cálculos, a população total de Minas Gerais publicada no censo deveria ser acrescida de

51200 habitantes (correspondentes a 11 paróquias omitidas), e mais os 11754 habitantes de

Sant’Ana das Traíras. A população total da Província passaria de 2.039.735 para 2.102.689,

um ajustamento da ordem de 3%.

É curioso mencionar que o peso relativo das paróquias omitidas no município de

Curvelo parece ser bem alto. Nas 3 paróquias recenseadas foram contados 18273 habitantes.

No entanto, somente em uma das paróquias omitidas neste município, a de Sant’Ana das

Traíras foram contados 11754 habitantes, o que representa em termos relativos mais da

metade da população de Curvelo à época.

No caso das demais províncias onde houve casos de omissão, os cálculos do

Conselheiro Manoel Francisco Correia, com base na relação eleitor/habitante citada

anteriormente, sugerem o seguinte ajustamento a nível de província: acrescentar à população

do Maranhão 1600 habitantes; 9600 habitantes à população do Piauí; 58400 habitantes à

população de Sergipe; 28400 habitantes à população do Rio de Janeiro e 7200 à população do

Rio Grande do Sul.

Se compararmos a população total recenseada em cada uma destas províncias onde

ocorreram as omissões citadas, com os ajustamentos propostos pelo Conselheiro Manoel

Francisco Correia, teremos uma aproximação da subenumeração da população destas

províncias estimada à época do censo.

Com relação a este aspecto, a situação da província de Sergipe parece ser a mais

vulnerável, pois a população recenseada (58400 habitantes) constitui 33% da população total

estimada (176243 habitantes). Além disto, o município de Itabaiana, cuja população não foi

recenseada, se coloca segundo as estimativas do Conselheiro Manoel Francisco Correia entre

os mais populosos da região.

Se realizarmos todos estes ajustamentos citados anteriormente, aos 9.930.478

habitantes, passando o total da população brasileira para 10.112.061, o que significa um

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

81

ajustamento da ordem de 1,8%. É importante ressaltar que este percentual significa apenas

uma parte pequena da chamada subenumeração censitária.

Para se estimar o grau de cobertura do censo seria necessário poder investigar, a nível

das paróquias que responderam ao censo, que parcela da população foi omitida. Esta é,

evidentemente uma tarefa muito mais complexa que as aproximações citadas anteriormente.

Finalmente, é importante mencionar, ainda, que o uso da relação eleitor/habitante

poderia subestimar o valor estimado da população omitida. Há na literatura da época, algumas

referências à necessidade de se recalcular esta relação, que se baseava nas estimativas da

população disponíveis em 1870. O censo nacional, fornecendo estimativas atuais do efetivo

populacional do império, seria inclusive usado para este fim.

Também, a classificação da população brasileira considerada com relação às

profissões que consta no recenseamento de 1872, coloca, para o seu usuário, uma série de

dúvidas.

O critério de classificação das profissões é nitidamente ambíguo. Ora as profissões são

definidas em função da natureza da atividade exercida (manuais ou liberais), ora segundo o

tipo de remuneração (pessoal assalariado). Além disto, não há indicações de critérios de

escolha que deveriam ser usados no caso de dupla profissão.

Inúmeras tentativas foram feitas para se localizar as cadernetas dos agentes

recenseadores na expectativa que pudessem prover algum esclarecimento.

No entanto, os modelos do material de coleta dos dados usados em 1872 não foram

localizados. Como alternativa, foram analisados os modelos de boletins de família usados em

1870 no censo do município da corte, e em 1890, no segundo censo nacional, na suposição de

que eles refletissem o espírito da época. Em termos práticos, porém muito pouco ficou

esclarecido com a análise deste material.

Os dados relacionados à estrutura ocupacional da população brasileira aparecem, do

censo de 1872, na tabela que fornece a “população considerada em relação às profissões”, e

esta é, sem dúvida, a tabela que levanta o maior número de questões (Ver Anexo).

A comparabilidade destes dados com os existentes para período posteriores depende

de ser compreender o significado do sistema de classificação das profissões usado em 1872.36

35 Na relação das paróquias omitidas em Minas Gerais, apresentadas por este conselheiro, faltam as paróquias de

Nossa Senhora das Dores de Guanhães e Divino Espírito Santo (Curato) em Muriaé. 36 Ver a este respeito Merrick, Thomas e Douglas Graham (1979), “Population and Economic Development in Brazil: 1800 to the present” The Johns Hopkins University Press, Maryland, USA.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

82

Certamente este sistema reflete a forma como as atividades econômicas se organizavam no

final do século XIX.

As informações sobre as profissões individuais foram classificadas em 35 categorias

diferentes, como dissemos, segundo critérios mal definidos. O quadro 7 do Anexo mostra a

lista das 35 “profissões” usadas para classificar os profissionais brasileiros, estrangeiros e

escravos, de ambos os sexos, recenseados em 1872 e agrupadas de acordo com os critérios da

época.

Em torno das categorias “criados e jornaleiros” (pessoal assalariado) e “serviço

doméstico” é que se colocam as maiores dificuldades. No caso de Minas Gerais, nestas duas

categorias estão incluídos cerca de 25% da população com alguma profissão.

Via de regra, a categoria “criados e jornaleiros” parece incluir pessoas que se dedicam

a atividade de vários tipos: artesãos, diferentes tipos de serviço doméstico, algum tipo de

trabalho na agricultura ou outros setores, etc.

Uma análise conceitual de todas as profissões usadas na classificação deste censo e de

seu significado histórico poderia, certamente, esclarecer estas e várias outras dúvidas, mas

está além dos limites estabelecidos para este trabalho.

2. Coleta e tratamento dos dados

Os dados que foram utilizados na versão digital do censo foram coletados da

publicação do Recenseamento Geral do Império de 1872, datado de ano de 1876, cujos

trabalhos de impressão foram divididos entre a Typ. G. Leuzinger e Filhos, Ouvidor 31, Rio

de Janeiro (que imprimiu a maior parte), e a Typ. Comercial, rua do Hospício n. 205, ambas

no Rio de Janeiro.

A edição original do censo é constituída de 12 volumes apresentados da seguinte

maneira:

Volume 1 – Império do Brasil Volume 2 – Amazonas e Alagoas Volume 3 – Bahia Volume 4 – Ceará Volume 5 – Espírito Santo, Paraíba e Pará Volume 6 – Goiás, Maranhão, Mato Grosso e parte de Minas Gerais Volume 7 – Minas Gerais Volume 8 – Minas Gerais Volume 9 – Paraná, Piauí e Pernambuco Volume 10 – Rio de Janeiro Volume 11 – Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina Volume 12 – São Paulo e Sergipe

A preparação dos dados paroquiais publicados no censo, para seu posterior

processamento eletrônico consumiu horas de trabalho e recursos muitas vezes superiores

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

83

àqueles previstos inicialmente pelos pesquisadores. Embora, como veremos a seguir, a tarefa

de codificação, digitação e processamento dos dados apresenta um nível de sofisticação muito

simples, a sua implementação é onerosa por causa do volume de dados a ser manipulado. O

objetivo desta parte é descrever este trabalho dando simultaneamente uma idéia de sua

dimensão.

Ao contrário dos censos atuais, que são agrupados ao nível de município, no censo de

1872 a menor unidade da federação é a paróquia. Os quadros ferais da população por

província fornecem uma lista completa das paróquias separadas por municípios. A partir

desses Quadros foi possível obter uma lista de todas as paróquias do Brasil. Estas 1473

paróquias existentes em 1872 receberam um código de identificação composto de seis dígitos,

mais um dígito de controle. Os dois primeiros dígitos correspondem à província a qual

pertence a paróquia, o terceiro e o quarto dígitos ao município e o quinto e o sexto dígito à

paróquia propriamente dita. Isso, além de facilitar o trabalho de codificação e digitação dos

dados, facilita também a localização de qualquer província, ou município, ou paróquia para

pesquisa futura.

É preciso salientar que a partir das listagens alfabéticas e numéricas das paróquias

localizamos alguns casos de alteração nos nomes das paróquias. Na maioria dos casos trata-se

de simples abreviação do nome ou de ortografia diferente para a mesma palavra. Houve, no

entanto, algumas situações em que a mesma paróquia apresentava-se com dois nomes

diferentes. Adotou-se como nome oficial aquele que consta dos quadros dos totais provinciais.

Estão listados abaixo os casos encontrados.

Província Nome oficial Nome que consta dos quadros paroquiais

Sergipe Nossa Senhora da Parida Nossa Senhora da Conceição Aruá

Bahia

Santo Antônio de Jequeriçá Santíssima Trindade de Massaraçá

Nossa Senhora da Conceição de Carirys Santíssimo Sacramento de Massaraca

Rio de Janeiro

Nossa Senhora da Conceição de Mambucaba Sant’Ana de Itacurussa

Nossa Senhora do Rosário de Mambucaba Sant’Ana de Itacuruça de Mangaratiba

Minas Gerais

São Francisco do Ribeirão Vermelho Nossa Senhora Mãe dos Homens da Bagagem

São Francisco de Assis do Vermelho Nossa Senhora dos Homens da Bagagem

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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No recenseamento de 1872 a informação a nível paroquial é apresentada em 6

Quadros diferentes:

• Quadro geral da população (condição, sexo, raça, estado civil, religião, nacionalidade, instrução, defeitos físicos e casas).

• População considerada em relação às idades. Presentes (população de fato) (sexo, condição, raça, idade).

• População ausente considerada em relação às idades (sexo, condições, raças, idades). • População em relação à nacionalidade brasileira (sexo, condição, estados civis, raças, província de

origem). • População considerada em relação à nacionalidade estrangeira (estrangeiros, sexos, religião, estado

civil, país de origem). • População considerada em relação às profissões (nacionalidade, condição, sexo, estado civil,

profissões).

Para possibilitar a digitação destes quadros paroquiais foram elaborados formulários

para a codificação dos dados a nível paroquial. Esses formulários correspondem aos seis

quadros de população existentes no censo. O Quadro 4 referente à população em relação à

nacionalidade brasileira, que no censo é apenas um, foi desdobrado em dois quadros, um

referente à população masculina, outro referente à população feminina.

Para se ter uma idéia do volume de trabalho que o preenchimento destes formulários

exigiu, basta analisar a complexidade de cada um, e saber que cada um dos modelos foi

preenchido 1473 vezes perfazendo um total de quase 11000 quadros preenchidos.

Como se pode observar pelos formulários apresentados no Anexo 2, o trabalho de

codificação consistiu na transposição dos dados numéricos para as folhas de codificação. Os

dados foram copiados diretamente dos originais impressos do recenseamento de 1872, ou de

cópias xerox destes originais cedidos pela FIBGE. Para esclarecer os trechos danificados ou

ilegais do material original, foi usada cópia microfilmada existente no

CEDEPLAR/FACE/UFMG.

O preenchimento dos 11000 quadros citados anteriormente foi feito por 5 estagiários

(4 horas por dia) durante um período de oito meses. O trabalho dos estagiários era

periodicamente checado, usando uma produção mais eficiente e racional. Esses estagiários

receberam instruções cuidadosas no sentido de copiar os dados nos lugares adequados, sem

corrigir os erros que eventualmente aparecessem, uma vez que a precisão na cópia dos dados

é da mais alta importância para a pesquisa.

Desde que é possível cometer erros mesmo quando são simples os problemas de

codificação, decidiu-se que cada formulário codificado por um estagiário fosse revisto por

outro para evitar que eventuais erros de codificação passassem para a etapa seguinte, a

digitação dos dados. A consistência interna de cada quadro foi testada após a digitação e

decidiu-se imprimir cada paróquia que apresentasse algum tipo de erro nos totais das linhas

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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e/ou colunas. Esse material impresso foi revisto pela equipe de estagiários da pesquisa, sendo

os erros de codificação e digitação apontados e corrigidos. O trabalho só foi considerado

perfeito quando os erros de soma encontrados correspondiam exatamente aos erros

encontrados no censo. Dessa maneira, é possível ter certeza de que a primeira reprodução em

meio digital do Recenseamento de 1872 é cópia perfeita do censo original.

3. Alguns resultados

São apresentados a seguir os resultados obtidos para a província de Minas Gerais.

Foram comparados os resultados originais e corrigidos referentes à distribuição da população

por idade, sexo, e condição, e idade, sexo e cor. Comparamos também a distribuição original

e corrigida da população destas províncias, segundo a nacionalidade brasileira e a distribuição

por profissões. É importante mencionar que é possível comparar os resultados originais e

corrigidos de todas as tabelas provinciais. A seleção, para fins comparativos, das tabelas

referentes à estrutura etária ou à distribuição da população por profissões e segundo a

nacionalidade brasileira, foi feita em função dos comentários de Mortara e Martins

apresentados na introdução deste relatório.

A Tabela 32 e a Tabela 33 apresentam a população por idade, sexo e condição. A

primeira mostra os resultados originais publicados no censo, e a Segunda os resultados

corrigidos após a soma correta dos quadros paroquiais.

Nas tabelas provinciais originais do censo pudemos detectar vários tipos de erro de

soma, além daqueles resultantes da agregação incorreta dos dados paroquiais. Em todas as

tabelas que reproduzem os dados originais há dois valores para os totais: aqueles que

aparecem na publicação e aqueles que correspondem à soma correta dos valores das colunas

respectivas.

A Tabela 34 compara a distribuição percentual da população presente por sexo,

condição e idade apresentadas nas 2 tabelas anteriores.

No caso da Província de Minas que constitui o primeiro exemplo, a agregação correta

dos quadros paroquiais alterou a distribuição etária em pontos importantes. A população total

desta província no grupo etário de 0 a 1 ano passa de 2,90% para 3,64%. A maior mudança no

entanto, foi observada no grupo etário de 1 a 5 que passa de 3,20% para 8,39%.

O percentual da população acima de 90 anos, que pareceu a Mortara, excessivamente

alto em termos de Brasil, também o era para a província de Minas Gerais, pois segundo os

dados originais do censo estava em torno de 1,44%. Após a soma correta das tabelas

paroquiais este valor cai para 0,22%.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Se considerarmos o percentual de população abaixo de 5 anos (incluindo esta idade 5)

veremos que também foram registradas enormes alterações após a correção da soma. Na

tabela original os homens livres abaixo de 5 anos constituíam 6,69% do total de homens

livres, valor este que passa para 12,78% após a correção. Também grande alteração pode ser

observada, para este mesmo grupo, nas idades acima de 90 anos que passam de 1,74% para

0,23% após a correção.

Mesmo que as evidências de subenumeração nas primeiras idades continuem

acentuadas, há uma redução de alguns pontos percentuais neste erro.

Dada a forma peculiar como os dados foram agrupados por idade neste censo, o uso de

modelos para fins comparativos fica praticamente prejudicado.

O mesmo tipo de erro observado na distribuição etária por sexo e condição na

Província de Minas Gerais pode ser observado para a população por idade, sexo e cor. Há um

crescimento relativo do contingente populacional nas idades mais novas e uma redução nas

idades mais avançadas (Tabela 35 e Tabela 36).

Estas alterações apresentam alguma variação, embora pequena, quando se leva em

consideração, juntamente com idade e sexo, a variável cor ou condição.

Contudo, é importante ressaltar que o baixo percentual (0,02%) de população escrava

de ambos os sexos, nas idades abaixo de 1 ano, é decorrência da lei do Ventre Livre que havia

entrado em vigor no ano anterior e permanece após a correção. É possível, no entanto, que

esta população, nascida no ano anterior, tenha sido declarada como mais velha.

Ainda com relação aos dados da província de Minas Gerais, algumas modificações

aparecem quando se comparam os resultados originais e corrigidos da população brasileira

segundo a origem e condição. A Tabela 37 e a Tabela 38 apresentam estes resultados. Embora

para ambos os sexos e ambas as condições, a grande maioria da população brasileira

recenseada em Minas Gerais, tenha nascido também em Minas Gerais, após a correção dos

totais aumentou sensivelmente o número de pessoas nascidas nas províncias vizinhas de São

Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Há evidências, portanto, de que o movimento de população

entre Minas Gerais e as províncias vizinhas não era tão desprezível como os dados originais

parecem indicar. Este é um dado particularmente significativo quando se considera a

população escrava, pois possuir escravos nascidos fora da província era um importando mão-

de-obra escrava.

No caso de Minas Gerais a mudança ocorrida nesta direção após a correção é da

seguinte ordem: o número de escravos homens nascidos na Bahia e Rio de Janeiro, era de 184

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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na tabela original e passou para 3205 na corrigida. Também, para o sexo feminino a mudança

nos números é desta magnitude, passando de 135 para 2641.

Em termos dos totais o menor erro absoluto observado foi o relativo às mulheres

escravas.

A Tabela 39 e a Tabela 40 vão apresentar os dados originais e corrigidos de Minas

Gerais distribuída por profissões. Após as correções grandes alterações foram observadas para

ambos os sexos e condições. Os resultados mais surpreendentes são aqueles relativos à

categoria “sem profissão” cuja participação percentual cresce muito. Além deste merece

destaque a mudança observada no percentual de escravos dedicados à agricultura que

corresponde à 90,47% da população escrava masculina recenseada, e, após a agregação

correta dos quadros paroquiais passa a ser 39,24%.

Seria importante ainda mencionar um produto importante desta etapa da pesquisa que

foi o fornecimento da população de cada província distribuída por seus municípios, segundo o

sexo e a condição. As possibilidades de comparar estes resultados com os originais do censo

se limitou à população total do município.

A Tabela 41 apresenta, para Minas Gerais, estes resultados.

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Publicação Crítica do Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872

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Tabela 32: População presente por idade, segundo sexo e condição Minas Gerais – 1872 Tabela provincial original

Homens Mulheres Idades

Livres Escravos Total Livres Escravos Total Total

Até 11 meses 1 – 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100

Não determinado

30.196 26.740 71.177 57.835 88.842

107.984 110.797 110.157 86.528 69.049 41.730 20.439 15.157 12.842 1.937

182

35 6.941

21.280 21.026 23.504 24.150 23.687 25.263 17.702 15.831 10.882 4.421 2.763 1.299

12 138

30.231 33.681 92.457 78.861

112.346 132.134 134.484 134.420 104.230 84.880 52.612 24.860 17.920 14.141 1.949

320

28.606 25.632 66.758 58.006 78.076

103.368 109.155 107.517 86.006 62.817 41.386 18.073 13.348 11.487 1.211

238

26 5.702

18.432 18.301 20.493 20.337 20.763 22.415 15.240 13.612 9.251 3.293 2.383

547 7

123

28.632 31.334 85.190 76.307 98.569

123.705 129.918 129.932 101.246 76.429 50.637 21.366 15.371 12.034 1.218

361

58.836 65.015

177.647 155.168 210.915 255.839 264.402 265.352 205.476 161.309 103.249 46.226 33.651 26.175 3.167

681 Total* ............................................ 851.592

(847.592) 198.934

(199.434) 1.050.526 (1.047.026)

811.684 (821.684)

170.925 (171.025)

982.609 (992.709)

2.033.135 (2.039.735)

FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.

Este total corresponde a soma correta dos valores de cada coluna. Os valores entre parênteses são aqueles totais que aparecem na publicação do censo

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89

Tabela 33: População presente por idade, segundo sexo e condição Minas Gerais – 1872 Tabela provincial corrigida

Homens Mulheres Idades Livres Escravos Total Livres Escravos Total

Total

Até 11 meses 1 – 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100

Não determinado

37.644 70.008 53.385 68.789 81.186 93.081

107.116 132.458 98.689 57.837 26.420 9.557 3.914 1.437

493 2

35 17.583 11.745 14.971 18.675 22.641 28.168 34.738 24.039 14.854 6.700 2.189

838 345 117

-

37.699 87.591 65.130 83.760 99.861

115.722 135.284 167.196 122.728 72.691 33.120 11.746 4.752 1.782

610 2

36.191 66.970 53.458 66.602 79.619 91.799

108.126 129.821 94.024 53.626 25.001 8.569 3.612 1.274

430 -

30 15.617 10.146 12.948 16.490 19.584 24.004 30.512 20.564 11.423 5.361 1.938

730 335 123

-

36.221 82.587 63.604 79.550 96.109

111.383 132.130 160.333 114.588 65.049 30.362 10.507 4.342 1.609

553 -

73.920 170.178 128.734 163.310 195.970 227.105 267.414 327.529 237.316 137.740 63.482 22.253 9.094 3.391 1.163

2 Total................................................ 842.036 197.638 1.039.674 819.122 169.805 988.927 2.028.601 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.

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90

Tabela 34: Distribuição percentual da população presente por sexo, condição e idade – Minas Gerais 1872 Comparação entre as tabelas provinciais original e corrigida

Tabela Original Tabela Corrigida Homens Mulheres Homens Mulheres Idades

Livres Escravos Livres Escravos Livres Escravos Livres Escravos Até 11 meses

1 – 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100

Não determinado

3,55 3,14 8,36 5,79

10,43 12,68 13,01 12,94 10,16 8,11 4,90 2,40 1,78 1,51 0,23

...

0,02 3,49

10,70 10,57 11,81 12,14 11,91 12,70 8,90 7,96 5,47 2,22 1,39 0,65 0,01

0,07

3,52 3,16 8,22 7,15 9,62

12,74 13,45 13,25 10,60 7,74 5,10 2,23 1,64 1,42 0,15 0,03

0,02 3,34

10,78 10,71 11,99 11,90 12,15 13,11 8,92 7,96 5,41 1,93 1,39 0,32

... 0,07

4,47 8,31 6,34 8,17 9,64

11,05 12,72 15,73 11,72 6,87 3,14 1,13 0,46 0,17 0,06

...

0,02 8,90 5,94 7,57 9,45

11,46 14,25 17,58 12,16 7,52 3,39 1,11 0,42 0,17 0,06

-

4,42 8,18 6,53 8,13 9,67

11,21 13,20 15,85 11,48 6,55 3,05 1,05 0,44 0,16 0,05

-

0,02 9,20 5,98 7,63 9,71

11,53 14,14 17,97 12,11 6,73 3,15 1,14 0,43 0,20 0,07

- Total ............................................... (N) ..................................................

100,00 (851.592)

100,00 (198.934)

100,00 (811.864)

100,00 (170.925)

100,00 (842.036)

100,00 (197.638)

100,00 (819.122)

100,00 (169.805)

FONTE: Tabelas 1 e 2.

Obs.: ... = menor que 0,01

- = zero

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91

Tabela 35: População livre segundo idade, sexo e cor – Minas Gerais – 1872 – Tabela provincial original

Homens Mulheres Idades

Brancos Pretos Pardos e Caboclos Brancos Pretos Pardos e Caboclos Até 11 meses

1 – 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100

Não determinado

14.757 12.745 23.332 24.163 43.356 52.264 54.305 53.940 43.229 39.327 23.448 11.541 9.184 8.645

186 1

2.511 2.385

22.854 12.106 11.240 12.202 12.141 12.334 9.542 8.324 5.220 2.441 1.205

924 12 66

12.928 11.610 24.991 21.566 34.246 43.518 44.351 43.883 33.757 21.398 13.062 6.457 4.768 3.273

364 52

14.017 12.036 27.145 22.322 44.316 52.718 54.608 53.381 43.737 33.715 23.836 10.607 8.341 7.335

936 49

2.283 2.307

15.584 13.131 10.320 10.124 11.009 10.030 9.310 8.120 5.116 2.317 1.109

801 10 76

12.306 11.289 24.029 22.553 33.440 40.526 43.538 44.106 32.959 20.982 12.434 5.149 3.898 3.351

238 113

Total * ............................. 415.861

(421.681) 115.507

(105.507) 320.224

(320.224) 409.126

(409.126) 101.647

(101.647) 310.911

(310.911) FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.

* Este total corresponde à soma correta dos valores de cada coluna. Os valores entre parênteses são os totais que aparecem na publicação do censo.

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Tabela 36: pulação livre segundo idade, sexo e cor – Minas Gerais – 1872 – Tabela provincial corrigida

Homens Mulheres Idades

Brancos Pretos Pardos e Caboclos Brancos Pretos Pardos e Caboclos Até 11 meses

1 – 5 6 – 10 11 – 15 16 – 20 21 – 25 26 – 30 31 – 40 41 – 50 51 – 60 61 – 70 71 – 80 81 – 90 91 – 100 + de 100

Não determinado

17.039 32.084 25.417 32.754 40.156 46.392 53.144 69.523 52.892 30.570 13.426 4.365 1.683

581 186

1

6.463 9.870 6.161 8.244 9.585

10.876 12.843 15.751 10.984 7.133 3.806 1.592

660 271 109

-

14.162 28.054 21.807 27.791 31.445 67.258 41.129 47.184 34.183 20.134 9.188 3.600 1.571

585 198

1

15.896 29.823 24.857 32.087 37.881 44.534 54.541 69.219 51.695 28.033 12.867 3.523 1.461

544 151

-

6.549 9.772 6.420 7.897 9.653

11.003 12.732 14.792 9.922 6.546 3.361 1.460

697 241 107

-

13.746 27.375 22.181 26.618 32.085 36.262 40.853 45.810 32.407 19.047 8.773 3.586 1.454

489 172

- Total ............................ 420.213 104.348 317.475 407.112 101.152 310.858 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.

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93

Tabela 37: População em relação à nacionalidade brasileira Minas Gerais – 1872 – tabela provincial original

Livres Escravos Local de Nascimento

Homens Mulheres Homens Mulheres Brasileiros adotivos ................ Estr. Naturalizados ................. Amazonas ............................... Pará ......................................... Maranhão ............................... Piauí ....................................... Ceará ...................................... Rio Grande do Norte ............. Paraíba ................................... Pernambuco ........................... Alagoas .................................. Sergipe ................................... Bahia ...................................... Espírito Santo ........................ Rio de Janeiro ........................ São Paulo ............................... Paraná .................................... Santa Catarina ........................ Rio Grande do Sul ................. Minas Gerais .......................... Goiás ...................................... Mato Grosso ...........................

10 8 1 5

17 4

22 9 8

79 20 8

153 67 99 84 6 5

16 832.463

65 18

- - 1 3

13 3

17 4 8

71 15 5

144 34 85 59 4 5

13 817.154

40 14

- - - 7

15 6

19 8

11 46 24 8

120 40 64 43 5 3

12 182.058

7 5

- - - 3

11 6

15 6 7

36 18 6

87 36 48 37 6 5

15 159.457

7 4

Total .................................... 833.157 (833.167)

817.692 (817.692)

182.501 (182.501)

159.810 (159.810)

FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872

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94

Tabela 38: População em relação a nacionalidade brasileira Minas Gerais - 1872 – tabela provincial corrigida

Livres Escravos Local de Nascimento

Homens Mulheres Homens Mulheres Brasileiros adotivos ................ Estr. Naturalizados ................. Amazonas ............................... Pará ......................................... Maranhão ............................... Piauí ....................................... Ceará ...................................... Rio Grande do Norte ............. Paraíba ................................... Pernambuco ........................... Alagoas .................................. Sergipe ................................... Bahia ...................................... Espírito Santo ........................ Rio de Janeiro ........................ São Paulo ............................... Paraná .................................... Santa Catarina ........................ Rio Grande do Sul ................. Minas Gerais .......................... Goiás ...................................... Mato Grosso ...........................

34 19 6

39 93 96

178 5

162 493 113 101

3.190 134

4.073 2.094

516 48 74

820.814 562 74

- - 4 8

20 23 80 17 99

286 46 52

2.273 119

3.067 1.813

88 31 8

809.154 468 26

- - - 1

36 25 64

- 72

418 45 37

1.203 48

2.002 729 47 11 5

176.951 111

4

- - - -

22 1

27 -

17 248 23 21

885 43

1.756 566 15 13 3

156.302 74 2

Total .................................... 832.918 817.682 181.809 160.018 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872

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95

Tabela 39: Distribuição da população por profissões segundo sexo e condição – Minas Gerais – 1872 Tabela provincial corrigida

Livres Escravos Grupos de Profissões H % M % H % M %

Prof. Liberais ..................................

Prof. Industriais e comerciais .........

Prof. Manuais ou mecânicos ..........

Prof. Agrícolas ...............................

Pessoas assalariadas .......................

Serviço doméstico ..........................

Sem profissão .................................

13.038

15.298

39.344

268.394

157.468

33.623

327.678

1,53

1,79

4,60

31,40

18,42

3,93

38,33

1.716

411

201.430

104.674

12.304

215.965

282.648

0,21

0,05

24,59

12,78

1,50

26,36

34,51

4

46

5.358

78.444

19.864

35.783

60.412

...

0,02

2,68

39,24

9,94

17,90

30,22

5

-

22.485

32.266

7.885

46.211

57.951

...

-

13,48

19,34

4,73

27,70

34,74

Total ........................................... 854.843 100,00 819.148 100,00 199.911 100,00 166.803 100,00 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.

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96

Tabela 40: Distribuição da população por profissões segundo sexo e condição – Minas Gerais – 1872

Tabela provincial original

Livres Escravos Grupos de Profissões

H % M % H % M % Prof. Liberais ..................................

Prof. Industriais e comerciais .........

Prof. Manuais ou mecânicos ..........

Prof. Agrícolas ...............................

Pessoas assalariadas .......................

Serviço doméstico ..........................

Sem profissão .................................

3.339

1.441

3.957

266.933

159.124

31.673

490.180

0,35

0,15

0,41

27,90

16,63

3,31

51,24

665

291

178.531

34.749

32.183

93.899

481.371

0,21

0,05

24,59

12,78

1,50

26,36

34,51

16

-

179

180.436

513

125

18.165

0,01

-

0,09

90,47

0,26

0,06

9,11

-

-

16.191

98.331

16.120

14.231

26.152

-

-

9,47

57,50

9,43

8,32

15,29

Total ........................................... 956.647 100,00 821.689 100,00 199.434 100,00 171.025 100,00 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.

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97

Tabela 41: Distribuição, por município, da população de Minas Gerais, em 1872, segundo sexo e condição

Livres Escravos Livres Escravos Município Total

H M T H M T Município Total

H M T H M T Ouro Preto 48.214 21.830 20.752 42.582 3.018 2.614 5.632 Oliveira 27.046 9.662 9.945 19.157 4.102 3.787 7.889 Que Luz 56.902 21.693 21.216 42.909 7.217 6.776 13.993 Pouso Alegre 22.004 8.908 9.021 17.929 2.081 1.994 4.075 Mariana 42.036 17.282 16.332 33.614 4.644 3.778 8.422 Ouro Fino 24.196 10.529 10.066 20.595 1.876 1.698 3.574 Pitanguy 40.353 16.605 17.158 33.763 3.488 3.102 6.590 Paraíso 21.535 8.643 8.728 17.371 2.121 2.043 4.163 Marmellada 25.828 11.806 11.356 23.162 1.377 1.289 2.666 Jaguary 12.590 5.822 5.698 11.520 575 4.95 1.070 Santa Bárbara 48.344 20.605 20.129 40.734 3.986 3.624 7.610 Itajubá 23.261 9.642 9.123 18.765 2.453 2.043 4.496 Itabira 42.614 17.942 17.208 35.150 4.015 3.449 7.464 São João Del Rei 36.100 13.766 14.242 28.008 4.439 3.653 8.092 Ponte Nova 57.231 24.637 24.990 49.627 4.098 3.506 7.604 Bom Sucesso 13.300 5.690 5.286 10.976 1.251 1.073 2.324 Sabará 55.449 23.111 23.356 46.467 4.672 4.310 8.982 Lavras 31.813 11.836 11.597 23.433 4.409 3.971 8.380 Caeté 16.756 6.863 7.095 13.958 1.535 1.263 2.798 Barbacena 39.513 15.320 13.845 29.165 5.706 4.642 10.348 Bom-Fim 35.586 14.727 15.035 29.762 3.179 2.645 5.824 Porto do Turvo 14.252 5.376 5.225 10.601 1.855 1.796 3.651 Santa Luzia 27.431 10.628 10.850 21.478 3.008 2.945 5.953 Pomba 32.556 13.463 12.065 25.528 3.976 3.052 7.028 Sete Lagoas 14.399 6.066 6.038 12.104 1.195 1.100 2.295 Leopoldina 41.886 13.913 12.720 26.663 8.160 7.093 15.253 Serro 67.436 29.460 28.556 58.016 5.181 4.239 9.420 Mar de Espanha 32.290 10.663 8.969 19.632 7.337 5.321 12.658 Grão-Mongol 53.005 24.537 24.767 49.304 2.074 1.627 3.701 S. S. Sacramento 22.775 10.272 9.901 20.173 1.371 1.211 2.582 Minas Novas 54.447 25.134 25.001 50.135 2.181 2.131 4.312 Rio Novo 22.795 7.911 9.927 15.838 3.585 3.372 6.957 Rio Pardo 51.583 22.370 22.491 44.861 3.612 3.110 6.722 Ubá 32.460 13.272 12.039 25.311 3.882 3.267 7.149 Guaycuy 7.185 3.367 3.334 6.701 268 216 484 Santa Rita do Turvo 37.096 15.766 14.694 30.460 3.559 3.077 6.636 São Romão 7.373 3.533 3.407 6.940 217 216 433 Piranga 22.436 9.263 8.978 18.241 2.271 1.924 4.195 Januária 16.285 7.622 7.548 15.170 650 465 1.115 Rio Preto 22.059 8.172 7.574 15746 3.365 2.948 6.313 Parcatu 34.398 15.743 16.017 31.760 1.361 1.277 2.638 Monte Alegre 11.332 4.555 4.104 8.659 1.545 1.128 2.673 Bagagem 26.130 11.750 11.417 23.167 1.588 1.375 2.963 Sto. Ant. do Monte 18.331 8.084 8.405 16.489 940 902 1.842 Santo Antônio de Patos 15.081 6.863 6.823 13.686 732 663 1.395 Montes Claros 40.317 18.563 17.708 36.271 2.112 1.934 4.046 Araxá 23.565 10.297 8.902 19.199 2.658 1.708 4.366 Uberaba 19.973 8.780 7.891 16.671 1.748 1.554 3.302 Patrocínio 31.378 11.964 12.237 24.201 3.725 3.452 7.177 Prata 10.759 4.557 4.211 8.768 1.128 863 1.991 Três Pontas 24.136 9.056 9.083 18.139 3.205 2.792 5.997 Curvelo 18.273 8.569 8.275 16.844 721 708 1.429 Flores da Boa Esperança 20.477 7.916 7.797 15.713 2.480 2.284 4.764 Conceição 29.200 12.608 12.506 25.144 2.157 1.929 4.086 Baependy 37.453 14.518 13.805 28.323 4.972 4.158 9.130 Diamantina 15.974 7.128 6.810 13.938 1.176 860 2.036 Cristina 24.412 9.922 9.943 19.865 2.605 1.942 4.547 São João Babtista 14.429 6.106 6.011 12.117 1.285 1.027 2.312 Espanha 27.521 10.401 10.370 20.771 3.636 3.114 6.750 S.A. do Arassuahy 26.258 12.148 11.687 23.835 1.236 1.187 2.423 Itaruoca 16.674 6.632 6.478 13.110 1.926 1.638 3.564 Passos 23.369 9.859 9.447 19.306 2.236 1.827 4.063 Alfenas 25.305 10.576 10.559 21.135 2.251 1.919 4.170 S.S. do Paraíso 19.428 8.161 7.669 15.830 1.998 1.600 3.598 Piunhy 22.876 9.696 9.168 18.864 2.162 1.850 4.012 Caldas 13.798 5.854 5.553 11.47 1.278 1.113 2.391 Cabo Verde 12.601 5.520 5.571 11.091 799 711 1.510 São José Del Rei 10.405 3.925 3.745 7.670 1.484 1.251 2.735 Tamanduá 31.745 13.543 13.438 26.981 2.530 2.234 4.764 Juiz de Fora 38.336 13.721 10.247 23.968 8.156 6.212 14.368 Formiga 20.806 8.439 8.742 17.181 1.955 1.670 3.625 Muriahé 34.620 14.431 13.251 27.682 3.660 3.278 6.938 FONTE: D.G.E., Recenseamento Geral do Império, 1872.

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Anexo: Formulários de compilação dos dados paroquiais do Censo de 1872

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8. Produção científica e divulgação

8.1 Produção acadêmica

Capítulos de livros

As correções dos dados de 1872 foram utilizadas em dois capítulos de livros, sendo um

lançado em 2012. Outro ainda encontra-se no prelo:

RODARTE, Mario M. S. O trabalho do fogo: domicílios ou famílias do passado Minas Gerais, 1830. 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. v. 1. 279p .

PAIVA, Clotilde A.; RODARTE, Mario M. S. Uma província em transformação: dinâmica demográfica e econômica de Minas Gerais entre as décadas de 1830 e 1870. In: RESENDE, Maria Efigênia L. A província de Minas Gerais. Belo Horizonte: Companhia do Tempo, 2013. (no prelo).

Trabalhos em anais de congressos

RODARTE, Mario M. S. ; PAIVA, Clotilde A. ; GODOY, Marcelo M. . A Reinvenção das Minas pelas Gerais: Transformações Econômicas e Demográficas nas Regiões das Minas Gerais Oitocentistas. In: XIV Encontro Nacional da ANPUR, 2011, Rio de Janeiro. Anais.... Rio de Janeiro: ANPUR, 2011. p. 1-20. (Trabalho com apresentação oral).

RODARTE, Mario M. S. ; PAIVA, Clotilde A. ; GODOY, Marcelo M. . O Recenseamento Geral do Império do Brasil de 1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção dos dados. In: XVIII Encontro Nacional da ABEP, 2012, Águas de Lindóia. Anais.... Campinas: ABEP, 2012. p. 1-20. (Trabalho com apresentação oral em painel especial).

OLIVEIRA, Patrícia V. S. C.; JESUS, Antônio da M. de; FIGUEIREDO, Henrique M. Educação e formação para o trabalho em Minas Gerais pelos censos de 1838 e 1872. In: XVIII Encontro Nacional da ABEP, 2012, Águas de Lindóia. Anais.... Campinas: ABEP, 2012. p. 1-20. (Trabalho com apresentação oral em pôster).

8.2 Divulgação acadêmica

A divulgação no ambiente acadêmico ocorreu em dois eventos:

• XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, organizado pela

Associação Brasileira de Estudos Populacionais – ABEP e realizado em Águas de

Lindóia – SP, entre 19 e 23 de novembro de 2012. O núcleo de pesquisa NPHED

apresentou o painel especial “O Recenseamento Geral do Império do Brasil de

1872: uma análise da consistência e uma proposta de correção”. Foram

expositores a Profa. Clotilde Paiva e Mario Rodarte

• XV Seminário sobre a Economia Mineira, organizado pelo Cedeplar/UFMG,

realizado em Diamantina-MG, entre 29 e 31 de agosto de 2012. O núcleo de

pesquisa NPHED apresentou a Sessão Temática Especial “O Censo de 1872 e seu

Acesso pelo Site do Cedeplar”. Foram expositores a Profa. Clotilde Paiva

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(UFMG), Roberto Borges Martins (UFMG), Carlos de Almeida Prado Bacellar

(USP), Mario Rodarte (UFMG), Marcelo Magalhães Godoy (UFMG)

• XXI Semana de Iniciação Científica, organizado pela UFMG, realizado em Belo

Horizonte, entre 15 e 19 de outubro de 2012. O bolsista Matheus Soares de

Mendonça apresentou o trabalho “Estudo Crítico do Recenseamento de 1872”.

8.3 Atividades dos bolsistas Os bolsistas de aperfeiçoamento técnico e de iniciação científica permaneceram

parcialmente envolvidos nos trabalhos de prospecção da documentação primária, participando

das consultas aos instrumentos de pesquisa das instituições arquivísticas e bibliotecas, bem como

da consulta exploratória das fontes. Mais especificamente, houve o trabalho de compilação do

Censo da Corte, de 1870, ajustes na base de dados do Censo de 1872, que serviram de base para

os trabalhos científicos desenvolvidos por eles e por toda a equipe do NPHED.

Assim, os bolsistas também atuaram integrados à equipe, no desenvolvimento do processo

de análise dos dados, articulação entre evidências empíricas e literatura especializada, e na

elaboração dos relatórios, e artigos que consubstanciaram os resultados finais da pesquisa.