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NÚCLEO DE PESQUISA EM SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA
DA UNIVERSIDADE TUITI DO PARANÁ
LUCIANO DE ALMEIDA
ASPECTO JURIDICO DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DIANTE DA
APLICABILIDADE DO CRIME DE VIOLAÇÃO DA SUSPENSÃO DO DIREITO DE
DIRIGIR
PONTA GROSSA
2014
2
LUCIANO DE ALMEIDA
ASPECTO JURIDICO DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DIANTE DA
APLICABILIDADE DO CRIME DE VIOLAÇÃO DA SUSPENSÃO DO DIREITO DE
DIRIGIR
Artigo cientifico apresentado à disciplina
de Metodologia de Pesquisa Cientifica,
como requisito parcial para a conclusão
do Curso de Pós Graduação Lato Sensu –
Especialização em Direito Processual
Penal para a Atividade Policial, do Núcleo
de Pesquisa em Segurança Pública e
Privada da Universidade Tuiuti do Paraná.
Orientador Cap. QOPM Luciano Blasius
PONTA GROSSA
2014
3
ASPECTO JURIDICO DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DIANTE DA
APLICABILIDADE DO CRIME DE VIOLAÇÃO DA SUSPENSÃO DO DIREITO DE
DIRIGIR
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo demonstrar as dificuldades encontradas pelo Policial Militar, que durante a sua jornada de trabalho ou em operações específicas,
aborda pessoas conduzindo veículos automotores em via pública e/ou vias abertas a circulação e ao checar a CNH via sistema observa que o condutor deverá entregar a
Carteira Nacional de Habilitação para cumprir prazo de suspensão do direito de dirigir tendo que entregar a CNH durante esse prazo. Outra situação também muito importante é quando o condutor está aguardando, depois de cumprido o prazo de
suspensão, para fazer o tão famigerado curso de reciclagem e é abordado por policiais militares nessas condições. Difícil missão do PM que diante de várias
interpretações dos vários órgãos da administração, todos aperadores do direito, dão ao assunto vários entendimentos colocando o policial em um dilema em fazer o que em sua razão é o mais lógico e em tese seria a aplicação da lei, e estar em frente a
uma situação de abuso de poder ou abuso de autoridade ou deixar que o cidadão infrator da lei vá embora, e também se colocar em condição de também praticar
agora um crime por omissão, pois deixar de fazer algo Imbuído da missão pode ser considerado crime de prevaricação. Entre outras bizarras interpretações que veremos no decorrer do trabalho colocando ainda mais dificuldade nos trabalhos do
policial que na grande maioria das vezes é o que dá inicio a todo o ciclo de da persecução criminal.
Palavras chave: policial. Veículo. Suspensão. Abordada. Prevaricação.
4
ABSTRACT
This work aims to demonstrate the difficulties encountered by the Military Police, who during their workday or specific operations, covers persons driving motor vehicles on public streets and / or roads open to traffic and to check the system via CNH notes
that driver must deliver the driver's License suspension period to fulfill the right to direct CNH having to deliver during this period. Another situation is also very
important when the driver is waiting after the suspension period served to do so infamous refresher course and is approached by military police under these conditions. Difficult task that the PM on various interpretations of the various
administrative bodies, all aperadores right, give the subject several understandings putting the police in a quandary on what to do in their reason is the most logical and
in theory would be law enforcement and being in front of an abuse of power or abuse of authority or let the offender go away law-abiding citizen, and also put into practice condition also now a crime by omission, for not doing something Imbued mission can
be considered a crime of prevarication. Among other bizarre interpretations that we will see in the course of work putting further difficulty in the work of police who in
most cases is what initiates the whole cycle of criminal prosecution. Keywords: police. Vehicle. Suspension. Addressed. Prevarication.
5
SUMÁRIO
1 NOÇÕES GERAIS ACERCA DA ATIVIDADE DE POLÍCIA OSTENSIVO ................................................................................... 6
2 METODOLOGIA ............................................................................... 8
2.1 ANÁLISES DE DADOS .................................................................. 9 2.2 OBJETIVOS DO TRABALHO ......................................................... 14
2.3 O ENTENDIMENTO DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA COMARCA DE PONTA GROSSA ...................................................
15
2.4 O ENTENDIMENTO DA PROMOTORIA DO JUIZADO ESPECIAL
DA COMARCA DE PONTA GROSSA ..............................................
15
2.5 O ENTENDIMENTO DA 2ª CIRETRAN ......................................... 17
2.6 O ENTENDIMENTO DO “PELOTÃO DE TRÂNSITO DO 1º BATALHÃO” .....................................................................................
20
3 CONCLUSÃO ................................................................................... 21 REFERÊNCIAS...................................................................... ................ 22 ANEXOS .............................................................................................. 24
5
1 NOÇÕES GERAIS ACERCA DA ATIVIDADE DE POLÍCIA OSTENSIVO
De modo inicial é importante que nosso estudo seja precedido pela indicação
da exata localização das competências constitucionais das polícias. Nesse sentido a
constituição brasileira, promulgada no ano de 1988, definiu as atribuições de cada
instituição policial, determinando, no artigo 144, que ás Polícia Militares são
responsáveis pelo policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública.
Vejamos:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal; II - Polícia Rodoviária Federal;
IV - polícias civis; V - Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares . § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado
e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - ... IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
... § 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem ressalvadas a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares . (BRASIL, 1988)
Da preliminar análise do texto constitucional pode se dizer que segurança
pública é bem amplo, não ficando em mero plano simplista, onde existem
especialistas de plantão que acreditam que a resolução provém de uma fórmula
mágica, uma panacéia e que existe uma cura ou resolução para o tema. O sentido
exato do termo. Conforme Meirelles e Espírito Santo (2003, p. 32):
Em relação à segurança entendemos que, em seu sentido amplo, é também um ambiente, um estado, uma situação em que objetivamente as ameaças estão controladas. É uma situação ideal, porque o ser humano não dispõe
ainda de meios eficazes para o controle total das ameaças. [...] insegurança, que podemos definir como inexistência, insuficiência, deficiência ou ineficiência de proteção nacional ou de proteção social, o que pode ensejar
um estado permanente de tensão, medo, descrença, revolta, desgaste emocional, ansiedade, em que vive o homem moderno, diante das ameaças que o rondam permanentemente. A insegurança em seu sentido amplo é um
clima, um ambiente, em estado, uma situação, em que ameaças permanecem sob precário controle e há a percepção da precariedade desse controle [...].
Trazemos ao contexto o entendimento de Mesquita Benevides (1996, p. 75):
6
Uma série de pesquisas realizadas por sociólogos e psicólogos mostra que a segurança é um dos principais problemas do povo. Ora, o direito a
segurança pressupõe, evidentemente, o risco da insegurança – risco esse não apenas patrimonial, como infelizmente tem sido tão valorizado, mais do que, até mesmo, o direito à vida, mas o risco da insegurança no plano da
integridade física. E se o direito à segurança é um direito essencial a todo ser humano, faz parte do conjunto de direitos fundamentais da pessoa humana, faz parte dos Direitos Humanos.
A Polícia Militar é polícia do crime, atua no calor dos fatos, polícia do
flagrante, ou como preferem alguns autores polícia administrativa. Mas a principal e
talvez a mais importante missão das polícias Militares é o policiamento ostensivo,
que com a presença do policial fardado armado e a bordo de uma viatura
caracterizada, seria em “termos” suficiente para coibir a prática de ilícitos penais ou
até mesmo situações de caráter administrativo, como é o caso de algumas situações
envolvendo o trânsito das cidades. Das várias forças policiais, quem foi á escolhida
para atuar no trânsito das cidades, foi a Polícia Militar através da carta magna, que
transfere ao estado como ente estatal, o funcionamento e a organização das forças
policiais, onde os estados têm competência concorrente com a união. A constituição
do estado do Paraná revela que a Polícia Militar deve atuar da seguinte maneira
onde haja situações envolvendo desrespeito as normas de trânsito tanto
administrativa como criminal. Vamos distinguir e especificar a atribuição dada à
polícia militar de trânsito, onde a carta magma do Paraná expõe que: (grifo nosso)
Art. 48 – A Polícia Militar, força estadual, instituição permanente e regular,
organizada com base na hierárquica e disciplina militar, cabe a polícia ostensiva, a preservação da ordem pública, a execução das atividades de defesa civil, prevenção e combate incêndios, buscas, salvamento, e socorro
públicos, o policiamento de trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de mananciais, além de outras formas de funções definidas em lei. (PARANÁ, 1989)
A constituição do Estado do Paraná em quase nada ampliou as disposições
legais sobre a Segurança Pública, mantendo rigorosamente os limites estabelecidos
na Constituição Federal, não atribuindo prioridade necessária do Estado, ao lado de
outras atividades essenciais que ele deve prestar à comunidade. Apenas para a
prevenção de eventos desastrosos e a recuperação pela Defesa Civil é que a
Constituinte atribui-lhe organização sistêmica nos moldes de um sistema de Defesa
Civil, as demais atividades são restritas às responsabilidades da Polícia Militar.
7
Dentro desta visão modesta do constituinte, apenas em relação à Polícia Militar,
podem-se destacar dois aspectos importantes no artigo 48: “força estadual” à Polícia
Militar o que lhe atribui exclusividade constitucional e monopólio do Estado para
emprego como única força pública estadual. A atribuição, além das missões fixadas
na Constituição Federal, das relacionadas à execução de atividades de defesa civil,
prevenção e combate a incêndios, buscas, salvamento, e socorros públicos, o
policiamento de trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de mananciais, além de
outras formas e funções definidas em lei, o que, aliás, já é previsto em legislação
específica. O conceito de segurança pública, conforme descrito por Silva (1989, p.
649):
A segurança pública consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência social que permite que todos gozem de
seus direitos e exerçam suas atividades sem perturbação de outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus próprios direitos e defesas de seus legítimos interesses. Na sua dinâmica, é uma atividade de vigilância,
prevenção e repressão de condutas delituosas.
Enfatizamos, portanto, principalmente neste momento em que alguns
segmentos insistem em criar ou expandir organizações, as quais se dizem policiais,
em que até leis municipais expandem as atribuições das respectivas guardas,
apesar da constituição federal vedar expressamente os municípios a legislar sobre
direito penal. A realidade é uma só, a Constituição Estadual é clara quanto a Polícia
Militar, sem sombra de dúvida, adquiriu a exclusividade constitucional, também para
estas atividades expressas no artigo 48, como nas demais formas e funções
definidas em lei, dando-se inclusive uma característica própria, a de proteção e
socorro à sociedade, aliás, como diz Polícia de manutenção da ordem pública, no
dizer de Lazzarini (1999, p. 204):
[...]não só como polícia administrativa, na medida em que previne a ocorrência de desordem, mantendo a ordem pública nas suas múltiplas
facetas, ou seja, procura evitar a eclosão delitual em sentido amplo, como também é exteriorização da polícia judiciária quando, após a sua eclosão, cuida de repressão delitual.
A Carta Magna de 1988 refere-se a segurança pública no artigo 144, da
seguinte maneira: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...]”. portanto, já no caput
8
do artigo 5º, inserido no capítulo que trata dos direitos e deveres individuais e
coletivos, onde se encontram as cláusulas pétreas, refere-se à segurança, como
direito fundamental, conforme descrição a seguir: “Todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos seguintes termos [...].
Não da para deixar de falar que todos os direitos não existem sem antes estar
garantido o poder de polícia do estado. Ou seja, quem poderia garantir vida sem
estar presente os estado na figura do policial, ou até o mais simples direito de ir e vir.
Independente de qual seja o ramo dos direito fundamentais ou mais simples ato de
cidadania sempre haverá uma instituição policial para garantir o livre exercício da
convivência em sociedade. Portanto, estampadas estão no texto constitucional todas
as características básicas que, em suma, nascem como atributos da própria
natureza humana. Conforme Meirelles e Espírito Santo (2003, p. 32):
Em relação à segurança entendemos que, em seu sentido amplo, é
também um ambiente, um estado, uma situação em que objetivamente as ameaças estão controladas. É uma situação ideal, porque o ser humano não dispõe ainda de meios eficazes para o controle total das ameaças. [...]
insegurança, que podemos definir como inexistência, insuficiência, deficiência ou ineficiência de proteção nacional ou de proteção social, o que pode ensejar um estado permanente de tensão, medo, descrença, revolta,
desgaste emocional, ansiedade, em que vive o homem moderno, diante das ameaças que o rondam permanentemente. A insegurança em seu sentido amplo é um clima, um ambiente, em estado, uma situação, em que
ameaças permanecem sob precário controle e há a percepção da precariedade desse controle [...].
Vejamos o entendimento de Mesquita Benevides (1996, p. 75):
Uma série de pesquisas realizadas por sociólogos e psicólogos mostra que a segurança é um dos principais problemas do povo. Ora, o direito a
segurança pressupõe, evidentemente, o risco da insegurança – risco esse não apenas patrimonial, como infelizmente tem sido tão valorizado, mais do que, até mesmo, o direito à vida, mas o risco da insegurança no plano da
integridade física. E se o direito à segurança é um direito essencial a todo ser humano, faz parte do conjunto de direitos fundamentais da pessoa humana, faz parte dos Direitos Humanos.
2 METODOLOGIA
Os trabalhos foram realizados de forma exploratória onde existiu um estudo
de caso após entrevistas com personagens operadores do direito na comarca de
9
Ponta Grossa, todos responsáveis de forma direta pela aplicação da legislação. Foi
enviado também um questionário com quatro perguntas abertas para serem
respondidas de forma descritiva, com a intenção de levantar com clareza e ir mais
fundo no assunto. Porém alguns dos entrevistados ao receberem o questionário, não
se sentiram seguros em exporem suas idéias, e interpretações por escritos. Tudo foi
passado para o papel conforme a idéia central de cada entrevistado, em principio de
forma verbal e frente a frente. Com o retorno dos questionários foi possível embasar
melhor a conclusão dos trabalhos. Foram também pesquisados vários outros
trabalhos de forma bibliográfica. Algumas idéias e interpretações foram trazidas de
alguma forma para esclarecimentos e tomada de decisão na fundamentação do
trabalho ora exposto, vários estudos realizados na internet sempre com a intenção
de melhorar o conteúdo do material apresentado.
2.1 ANÁLISES DE DADOS
Foi elaborado um questionário com quatro perguntas descritivas, onde a
intenção era de entender o que cada órgão operador do direito pensava sobre o
assunto. Tendo em vista o caráter duvidoso que paira sobre o tema. A nossa
intenção não é a de esclarecer e acabar com a beleza do direito, porém é
estabelecer formas padronizadas de entendimento do assunto estudado nos
diversos setores da administração. Evitando assim dissabores durante a labuta,
neste contexto tão complexo, que é o ramo do direito. Foi enviado questionários ao
comandante do pelotão de Trânsito da cidade de Ponta Grossa, também enviados
para Promotora dos Juizados Especiais da comarca de Ponta Grossa, e ao chefe da
2 º CIRETRAN sediado na cidade de Ponta grossa, e por fim também foi tentado
encaminhado ao Juizado especial da comarca de Ponta Grossa, porém em conversa
com o técnico judiciário do Juizado especial, foi negado a resposta de forma escrita,
já que foram respondidas as questões de forma verbal em conversa com a Juíza do
Juizados Especiais. A CIRETRAN até o fechamento das pesquisas não se
manifestou com relação ao questionário que foi encaminhado, e em contato com o
chefe desse departamento, ele respondeu que o documento foi enviado para a
assessoria militar e até o momento não retornou com as respostas.
Foi perguntado aos operadores do Direito qual seria o entendimento deles
com relação ao artigo 307 do CTB, quando o Policial militar ao abordar um condutor
10
e ao consultar o sistema (SESP INTRANET), lhe é fornecida a seguinte informação,
Motorista deverá entregar a CNH (carteira nacional de habilitação) para cumprir
suspensão do direito de dirigir. Em sua opinião fundamentada e motivada de acordo
também com a resolução 182 de 2005 do CONTRAN. Esse Condutor pratica em
“tese” o crime de Violar Suspensão do Código de Trânsito Brasileiro ou somente a
infração prevista no Artigo 162 inc. II do CTB. O Comandante do pelotão de Trânsito
Sr Ten. Aurélio Santa Clara deu a seguinte resposta que em seu entendimento a
pessoa que estiver com a informação no sistema: ”condutor deverá entregar CNH
para cumprir suspensão do direito de dirigir”, está violando o art. 307 do CTB. Isto
porque ele ao indagar a Assessoria Militar do DETRAN, foi verificado que a
alimentação do sistema somente ocorre depois de encerrados todos os trâmites
administrativos para a devida cientificação do condutor (embora este não atualize
seu cadastro), e depois de decorrido todos os prazos é que a informação irá ser
alimentada no sistema.
Outro fato que segundo o Oficial convêm esclarecer é que a modalidade de
suspensão do direito de dirigir se dará de duas formas: a administrativa e a penal. Na
primeira em tese é um ato administrativo da autoridade de trânsito que aplica a
penalidade prevista para a(s) infração(ões) cometidas, deste modo “in tese” não
estaria previsto o crime de trânsito (destacasse que neste caso é a maioria das
suspensões do sistema). No segundo caso, suspensão criminal, é ato de autoridade
judiciária a qual impõem pena acessória ou principal, restritiva de direitos a qual esta
prevista no art. 293 do CTB.
Entretanto relatou o policial que visualizando o art. 295 do CTB verifica-se
que o ato judiciário é remetido ao CONTRAN, agora impera a dúvida: a suspensão
informada via sistema SESP INTRANET é administrativa ou criminal? Que foi
Verificado quanto a possibilidade desta informação. Que recebeu de resposta que
não é informada no sistema, pairando duas hipóteses: o policial militar agente da
autoridade verificando a situação procede ao encaminhamento e pode incorrer em
abuso se for administrativo, ou deixa de encaminhar acreditando que seja
administrativo e pode incorrer em prevaricação.
O PM respondeu ainda que é normal que o agente tenha dúvidas quanto a
ações a serem aplicadas por problemas de ordem administrativa e de sistema?
Acreditando que as políticas não estão sendo corretamente aplicado para elucidar a
aplicação da lei, fato análogo ao art. 307 quanto se remete que incorre na mesma
11
pena quem deixa de entregar a habilitação para cumprir a suspensão, neste
momento não diz claramente se é a administrativa ou criminal.
A Excelentíssima Promotora do Juizado Especial da Comarca de Ponta
Grossa Senhora Adélia Souza Simões respondeu que o posicionamento dela com
relação ao assunto tinha que se fazer a seguinte análise sistemática dos delitos
previstos no Código de Trânsito: que Com efeito, o parágrafo único do artigo 307
traz: “Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
Habilitação” (grifo nosso), sugerindo que o caput do mesmo artigo refere-se apenas
à violação da suspensão decretada via decisão judicial, ao utilizar a expressão
“condenado” e, também, ao fazer menção ao § 1º do artigo 293, no qual se lê a
expressão “o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária”. Que além da
indicação dada pela redação do caput e do parágrafo único do artigo 307, a análise
sistemática do texto do CTB conduz ao mesmo, ou seja, de que somente há crime
de trânsito caso seja violada, exclusivamente, a suspensão do direito de dirigir
imposta por autoridade judicial, senão vejamos: que a simples leitura do artigo 307
do CTB pode levar a conclusão de que basta a violação da suspensão do direito de
dirigir imposta para que se configure o crime de trânsito. Entretanto, ao se analisar a
redação do artigo 309 do mesmo diploma, nota-se que, para configuração do crime
de dirigir veículo automotor com o direito de dirigir cassado, faz-se necessária a
ocorrência de perigo de dano (perigo de dano concreto à pessoa, conforme recente
entendimento da 6ª Turma do STJ).
Ora, não se discute que a penalidade administrativa de cassação da Carteira
Nacional de Habilitação (artigo 263) é mais gravosa do que a penalidade (também
administrativa) de suspensão do direito de dirigir (artigo 261).
Assim, reforça a promotora que não seria razoável entender-se que ao
descumprir penalidade administrativa menos grave (suspensão do direito de dirigir) o
condutor de veículo automotor estaria, sempre, diante de prática delituosa enquanto
que, ao descumprir penalidade administrativa mais gravosa (cassação da CNH), só
haveria crime se o condutor gerasse perigo de dano concreto à pessoa.
Portanto, diante do acima exposto, é forçoso concluir-se que só há a
configuração do crime de trânsito de violação da suspensão do direito de dirigir, caso
a referida suspensão tenha sido imposta por autoridade judicial, inexistindo crime,
por falta de tipicidade, caso a penalidade de suspensão do direito de dirigir tenha
12
natureza administrativa (imposta por autoridade de trânsito).
Foi perguntado ainda aos envolvidos que existem pessoas que após
descobrirem que terão que entregar a CNH, para cumprirem suspensão do direito de
dirigir. Deslocam-se até as delegacias e relatam de forma mentirosa o extravio do
referido documento. Posteriormente vão até o DETRAN ou equivalente e com o
Boletim de Ocorrência endossam o dito extravio. Porém continuam dirigindo
enquanto “em tese” cumprem a penalidade de suspensão do direito de dirigir, pois
em regra estariam sem a CNH. Podendo ser abordados e até apresentar tal
documento e somente um agente mais experiente será capaz de identificar esse
motorista e consultar no sistema as condições desse documento. Na opinião dos
questionados, e de forma fundamentada qual seria a conseqüência dessa pratica
caso o motorista venha a ser flagrado, cometendo tal absurdo.
O Oficial da Policia Militar respondeu que entende que ocorre fraude, e
também deve ser válida para a segunda via também para quem teve furtados a
Carteira de Habilitação e Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo. E que
a hipotética situação se enquadra na falsa comunicação de crime que está prevista
no artigo 340 do Código Penal Brasileiro, e a pena prevista é de um a seis meses de
detenção ou multa.
A promotora respondeu que o motorista estaria incidindo, em tese, no crime
de falsidade ideológica, previsto no art. 299 do Código Penal. e que tal
entendimento se dá em razão de que no momento em que o motorista insere em
documento público (boletim de ocorrência) declaração falsa (extravio da CNH), o faz
com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante (condição de que
teriam de entregar a CNH). Que este crime se configura sem prejuízo de outras
infrações de trânsito eventualmente praticadas pelo autor.
Foi perguntado também que o motorista após cumprir o período de
suspensão do direito de dirigir, cumprindo o que prevê a resolução 182/2005 do
CONTRAN. E estando este motorista aguardando o curso de reciclagem, e
conforme ainda o Artigo 261 do CTB. Em sua opinião de forma fundamentada o
motorista pratica “em tese” o crime previsto no Artigo 307 do mencionado
instrumento, caso esse seja flagrado dirigindo veículo automotor ou somente a
infração administrativa, ou pratica ambas as condutas.
O Comandante do pelotão de trânsito entende que pelo art. 162 do CTB, o
condutor incorre em infração de trânsito, pois neste caso não se há previsão criminal
13
conforme a descrição do ato praticado. Já enquanto infração de trânsito tem a
orientação prevista em Instrução Normativa 030/13 de 24 de outubro 2013 -
Assessoria Militar do DETRAN, a qual orienta que neste caso o enquadramento se
dará pelo art. 162 inc. II do CTB.
A magistrada disse que neste caso o motorista incorre Somente em infração
administrativa, pois o fato não se subsume ao tipo penal do artigo 307 do CTB,
sendo atípico penal. Neste sentido:
RECURSO CRIME. DELITO DE TRÂNSITO. ART. 307 DO CTB. DIRIGIR
VEÍCULO COM HABILITAÇÃO SUSPENSA. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA REFORMADA. 4. Dados informativos do Detran que incluíram a realização de curso de
reciclagem e a prova teórica de legislação como itens de prorrogação do prazo. Exigências que, no entanto, não têm a faculdade de prorrogar a penalidade imposta, nem configuram crime, porque o réu, sem o
cumprimento dessas medidas administrativas, fica apenas desabilitado. RECURSO PROVIDO. (Recurso Crime Nº 71004989869, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Edson Jorge Cechet, Julgado em
08/09/2014) (TJ-RS , Relator: Edson Jorge Cechet, Data de Julgamento: 08/09/2014, Turma Recursal Criminal)
A última pergunta do questionário de campo foi seguinte: Caso Vossa
Senhoria tenha qualquer consideração ou opinião sobre o assunto e tiver interesse
em compartilhar, pode descrever de forma fundamentada ou não. Já que a intenção
desse trabalho é juntar conhecimento e experiências, dos mais variados tipo de
operadores do direito e tentar chegar a um denominador comum.
O Tenente respondeu que outra problemática se dá em respeito ao fato de
que o recolhimento da habilitação pela orientação da normativa 030/13, somente se
dará por adulteração, embriaguez, ou encaminhamento do condutor a delegacia,
ficando impedido o agente de proceder o recolhimento nos casos em que o CTB
determina, sob o pretexto de que seja documento de identificação. E que a pergunta
que se dá é: sendo um documento de habilitação e não se procedendo seu
recolhimento o infrator poderá transitar livremente com sua habilitação irregular,
poderá ainda renová-la em outro Estado com risco de não mais ser observado as
irregularidades previstas, pois não se consulta CNH de outro Estado pelo SESP
INTRANET, ficando novamente o agente refém de consultas que não auxiliam o
desenrolar do serviço de polícia.
A senhora Promotora preferiu não se pronunciar á respeito da última
pergunta.
14
2.2 OBJETIVOS DO TRABALHO
Este trabalho tem como objetivo tentar estabelecer normas relativas as
aplicação da legislação de trânsito, mas especificamente o art. 307 da Lei 9503/97,
onde as diversas formas de interpretação esta causando rebuliço principalmente nas
atividades policiais. Onde o policial está nas ruas e na maioria das vezes não sabe
com certeza o que fazer, não por falta de conhecimento, mas porque os vários
órgãos da administração não se entendem. O policial fica em um dilema, fazer o que
está na legislação conforme o seu entendimento, que geralmente é pela
aplicabilidade absoluta e integra da lei e cometer quem sabe um abuso de poder ou
quem sabe uma injustiça, prejudicando o cidadão, o qual é o alvo principal, ou seja,
em quem a lei vai “pesar a mão”, ou irá fazer de conta que não existe lei , regulando
tal atitude e caindo em outro crime possivelmente uma prevaricação. O entusiasmo
a vontade de aplicar a lei é muito forte e após o cometimento de uma ação por parte
de qualquer pessoa, que em tese seria crime poderá ficar impune, é no mínimo
desanimador, mas na contra mão vem à sensação de cometer atos ilícitos tentando
fazer a coisa certa.
2.3 O ENTENDIMENTO DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA COMARCA DE PONTA
GROSSA
O poder judiciário tem uma visão mais simplista dizendo que a CNH está
suspensa depois de expirado os prazos previsto na resolução 182 do CONTRAN e o
condutor cientificado por meio hábil de comunicação da suspensão do direito de
dirigir veículo automotor em via pública. Chegando a acordar com a resolução
jogando toda a responsabilidade no condutor, que deveria manter seus dados
atualizados junto ao órgão de trânsito com circunscrição sobre a via, chegando a
acordar no sentido de ratificar a suspensão do direito de dirigir, quando a
correspondência que é enviada ao condutor, dando ciência da suspensão do direito
for divulgada em diário oficial, mesmo que o cidadão não tenha assinado tal
documento à divulgação já seria necessário na aplicação da penalidade. Deixando
com isso claro a intenção de não afrouxamento da legislação, ou seja, será aplicado
o rigor da lei, e é este também o pensamento dos policiais muitas vezes durante
abordagens policiais, ou mesmo durante operações Blitz. Vejamos trecho da
15
Resolução 182 do CONTRAN:
Art. 10. A autoridade de trânsito competente para impor as penalidades de que trata esta Resolução deverá expedir notificação ao infrator, contendo no mínimo, os seguintes dados:
[...] § 1º. A notificação será expedida ao infrator por remessa postal, por meio tecnológico hábil ou por os outros meios que assegurem a sua ciência;
§ 2º. Esgotados todos os meios previstos para notificar do infrator, a notificação dar-se-á por edital, na forma da lei; § 3º. A ciência da instauração do processo e da data do término do prazo
para apresentação da defesa também poderá se dar no próprio órgão ou entidade de trânsito, responsável pelo processo. § 4º. Da notificação constará a data do término do prazo para a
apresentação da defesa, que não será inferior a quinze dias contados a partir da data da notificação da instauração do processo administrativo. § 5º. A notificação devolvida por desatualização do endereço do infrator no
RENACH, será considerada válida para todos os efeitos legais.
2.4 O ENTENDIMENTO DA PROMOTORIA DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA
DE PONTA GROSSA
A promotoria dos Juizados Especiais da Cidade de Ponta Grossa tem um
entendimento diferenciado dizendo inclusive que para a caracterização do crime
previsto no Art. 307 do CTB o motorista deveria gerar perigo de dano, ou seja, o
condutor deveria se envolver em um acidente, e no entendimento do ministério
público, o motorista deveria ser quem praticou a ação em tese criminosa, e que a
culpabilidade do agente seria levada em consideração, se a causa do acidente teve
origem na ação ou omissão do condutor. Chegando a criar norma, pois em nenhum
momento o artigo estudado fala algo desse gênero, pois vejamos o que fala esse
Artigo:
Art. 307 - Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.
Parágrafo único - Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
A relação que fez a promotoria foi entre o Artigo estudado e Artigo 309
ambos do código de trânsito Brasileiro, e que no entendimento do referido órgão, o
motorista ao assumir a volante de um automóvel com o direito de dirigir suspenso,
não estaria cometendo crime de violar suspensão, já que sendo uma conduta em
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tese leve, se comparada com a cassação do direito de dirigir, que é necessário gerar
perigo de dano para caracterizar o esse crime, e que somente na ação de dirigir com
a restrição aplicada pela autoridade de trânsito. Sendo a penalidade do caso Art. do
307 temporal e rápida, em alguns casos, não deixando o motorista de constar como
habilitado. Porém com restrições temporárias que poderá facilmente ser sanada com
o cumprimento do prazo estipulado para a suspensão do direito de dirigir e com a
realização do curso de reciclagem. Já na cassação a situação do motorista seria
mais complicada, pois é como se nunca estivesse dirigido um dia, ele deverá ficar
dois anos sem dirigir e sem a possibilidade de habilitar. Porém depois de passado
esse tempo ele poderá inscrever em uma autoescola e começar todo o processo
como se fosse à primeira habilitação, e segundo o Ministério Público não seria justo
esta última conduta necessitar o perigo de dano, conduta essa bem mais danosa e a
simples Violação da suspensão ser imposta prisão em flagrante mesmo sem gerar
qualquer perigo a incolumidade pública. Vejamos o que diz Código de Trânsito
Brasileiro nesse caso.
Art. 263 - A cassação do documento de habilitação dar-se-á: I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175; III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o
disposto no art. 160. § 1º - Constatada, em processo administrativo, a irregularidade na expedição do documento de habilitação, a autoridade expedidora promoverá
o seu cancelamento. § 2º - Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de Habilitação, o infrator poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a
todos os exames necessários à habilitação, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
O interessante foi o entendimento da promotoria dizendo que o crime
previsto no 307. Violar a suspensão do direito de dirigir deveria o condutor gerar
perigo de dano, ou seja, potencial perigo durante a condução de veículo automotor,
colocando a vida dele ou de terceiros a perigo mesmo que abstrato. Mas a
legislação não corrobora com esse entendimento e foi a primeira vez que vejo tal
interpretação. A lei fala que o simples fato do motorista passar a conduzir veículo em
via pública com a CNH suspensa, já caracteriza o crime previsto no Artigo 307 do
Código brasileiro de trânsito.
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A diferença segundo o ministério público é que o crime previsto no artigo 309
do código de trânsito em tese seria uma situação bem mais gravosa e a legislação
exige que para a consumação dele fosse necessário o perigo potencial, ou seja,
gerasse perigo de dano. Aí está o segredo no entendimento do ministério público, e
por isso o entendimento seria que a suspensão fosse equiparada a cassação do
direito de dirigir. Veremos que diz a Art. 309 do código de trânsito Brasileiro.
Art. 309- Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
2.5 O ENTENDIMENTO DA 2ª CIRETRAN
Primeiramente se faz necessário um breve comentário sobre o que é
CIRETRAN: que é órgão do DETRAN no interior do estado do Paraná, ele é
responsável por exigir e aplicar a legislação de trânsito nas cidades do interior no
âmbito de sua competência, que nada mais é do circunscrição. Vejamos fonte:
(Wikipédia)
Circunscrição Regional de Trânsito, conhecida como (Ciretran), é órgão
do DETRAN nos municípios do interior dos estados, tem a responsabilidade de exigir e impor a obediência e o devido cumprimento da legislação de trânsito no âmbito de sua jurisdição.
A Ciretran também é responsável pela aplicação de exames (exames médicos para testar a visão e outras coisas necessárias para o processo de habilitação) e execução da vistoria veicular.
A chefia do CIRETRAN no momento inicial se mostrou confusa e a todo o
momento se reportou dizendo que entendimento do DETRAN local era o mesmo da
Polícia Militar, que não poderia discordar das ações aplicadas pela policia e que o
entendimento seria também, o qual o Poder Judiciário aplicasse, eles estariam de
acordo e que não poderia falar em nome próprio. Já após muita explicação consegui
que ele se reportasse dizendo que a CIRETRAN concorda com o CTB e que a CNH
está suspensa após todas as notificações serem entregues. Concordando inclusive
de que os meios de comunicação usados na resolução do CONTRAN, ou seja, o
modo como é dada a ciência ao condutor são os mesmo aplicados pelo Judiciário e
que o condutor é responsável pela atualização do cadastro junto a CIRETRAN, já
que a CNH é cessão e não um direito e pode ser cassada a qualquer momento
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desde que motivado e fundamentado. Sendo que tudo estará legal e depois de
cumprida todas as fases de defesa e toda a documentação enviada dando ciência
ao condutor da sua situação conforme prevê a resolução 182 do CONTRAN:
Art. 10. A autoridade de trânsito competente para impor as penalidades de que trata esta Resolução deverá expedir notificação ao infrator, contendo no mínimo, os seguintes dados:
a identificação do infrator e do órgão de registro da habilitação; a finalidade da notificação: dar ciência da instauração do processo administrativo;
estabelecer data do término do prazo para apresentação da defesa; os fatos e fundamentos legais pertinentes da infração ou das infrações que ensejaram a abertura do processo administrativo, informando sobre cada
infração: n.º do auto; órgão ou entidade que aplicou a penalidade de multa;
placa do veículo; tipificação; data, local, hora;
número de pontos; somatória dos pontos, quando for o caso. § 1º. A notificação será expedida ao infrator por remessa postal, por meio
tecnológico hábil ou por os outros meios que assegurem a sua ciência; § 2º. Esgotados todos os meios previstos para notificar do infrator, a notificação dar-se-á por edital, na forma da lei;
§ 3º. A ciência da instauração do processo e da data do término do prazo para apresentação da defesa também poderá se dar no próprio órgão ou entidade de trânsito, responsável pelo processo.
§ 4º. Da notificação constará a data do término do prazo para a apresentação da defesa, que não será inferior a quinze dias contados a partir da data da notificação da instauração do processo administrativo.
§ 5º. A notificação devolvida por desatualização do endereço do infrator no RENACH, será considerada válida para todos os efeitos legais. § 6º. A notificação a pessoal de missões diplomáticas, de repartições
consulares de carreira e de representações de organismos internacionais e de seus integrantes será remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as providências cabíveis, passando a correr os prazos a partir do seu
conhecimento pelo infrator.
A 2º CIRETRAN também é do parecer de que o condutor está com a carteira
Nacional de trânsito em situação irregular e deverá entregar para cumprir a
penalidade em prazos estipulado conforme prevê a legislação e caso não o faça
estarão incorrendo na infração administrativa de dirigir veículo com a CNH suspensa
caso seja flagrado dirigindo e também no crime de violar suspensão. Vamos ver o
que diz o Código de Trânsito brasileiro com relação à esfera administrativa:
Art. 162 - Dirigir veículo: I - sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir:
Infração - gravíssima; Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veículo; II - com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir cassada
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ou com suspensão do direito de dirigir : (grifo nosso)
Infração - gravíssima; Penalidade - multa (cinco vezes) e apreensão do veículo;
Vejamos também detalhes da aplicação da Suspensão do direito de dirigir
conforme a resolução 182/05 do CONTRAN após o condutor entregar a CNH ou até
mesmo após deixar de entregar a CNH para cumprir a ordem da autoridade de
trânsito
VI – DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE Art. 16. Na aplicação da penalidade de suspensão do direito de dirigir a
autoridade levará em conta a gravidade da infração, as circunstâncias em que foi cometida e os antecedentes do infrator para estabelecer o período da suspensão, na forma do art. 261 do CTB, observados os seguintes
critérios: I – Para infratores não reincidentes na penalidade de suspensão do direito de dirigir no período de doze meses:
de 01 (um) a 03 (três) meses, para penalidades de suspensão do direito de
dirigir aplicadas em razão de infrações para as quais não sejam previstas multas agravadas;
de 02 (dois) a 07 (sete) meses, para penalidades de suspensão do direito de dirigir aplicadas em razão de infrações para as quais sejam previstas multas agravadas com fator multiplicador de três vezes;
de 04 (quatro) a 12 (doze) meses, para penalidades de suspensão do direito de dirigir aplicadas em razão de infrações para as quais sejam previstas
multas agravadas com fator multiplicador de cinco vezes. II - Para infratores reincidentes na penalidade de suspensão do direito de
dirigir no período de doze meses: de 06 (seis) a 10 (dez) meses, para penalidades de suspensão do direito de
dirigir aplicadas em razão de infrações para as quais não sejam previstas multas agravadas;
de 08 (oito) a 16 (dezesseis) meses, para penalidades de suspensão do direito de dirigir aplicadas em razão de infrações para as quais sejam previstas multas agravadas com fator multiplicador de três vezes;
de 12 (doze) a 24 (vinte e quatro) meses, para penalidades de suspensão do direito de dirigir aplicadas em razão de infrações para as quais sejam
previstas multas agravadas com fator multiplicador de cinco vezes. Art. 17. Aplicada a penalidade, a autoridade notificará o infrator utilizando o mesmo procedimento dos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Resolução, para
interpor recurso ou entregar sua CNH no órgão de registro da habilitação, até a data do término do prazo constante na notificação, que não será inferior a trinta dias contados a partir da data da notificação da aplicação da
penalidade
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2.6 O ENTENDIMENTO DO “PELOTÃO DE TRÂNSITO DO 1º BATALHÃO”
No pelotão de trânsito o entendimento do Art. 307 é um pouco diferenciado,
pois quase que totalidade dos policiais entende que o condutor estará incorrendo no
crime de Violar a Suspensão somente quando o infrator esteja no prazo do
cumprimento do previsto na resolução, quero dizer, quando o condutor entregou
CNH para cumprir a penalidade de suspensão do direito de dirigir e é flagrado
conduzindo veículo automotor em via pública, ele estará sem a CNH pois foi
recolhida pela autoridade de trânsito para aplicação da punição administrativa do
estado. Existem ainda vários outros policiais que concordo com o poder judiciário e
acreditam que o CNH está suspensa, quando ela está irregular e o condutor deverá
entregar para corroborando com a resolução 182/2005 do CONTRAN, a qual segue:
VII – DO CUMPRIMENTO DA PENALIDADE
Art. 19. Mantida a penalidade pelos órgãos recursais ou não havendo interposição de recurso, a autoridade de trânsito notificará o infrator, utilizando o mesmo procedimento dos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Resolução, para entregar sua CNH até a data do término do prazo constante na
notificação, que não será inferior a 48 (quarenta e oito) horas, contadas a partir da notificação, sob as penas da lei. § 1º. Encerrado o prazo previsto no caput deste artigo, a imposição da
penalidade será inscrita no RENACH. § 2º. Será anotada no RENACH a data do início do efetivo cumprimento da penalidade.
§ 3º. Sendo o infrator flagrado conduzindo veículo, encerrado o prazo para a entrega da CNH, será instaurado processo administrativo de cassação do direito de dirigir, nos termos do inciso I do artigo 263 do
CTB. (grifo nosso) Art. 20. A CNH ficará apreendida e acostada aos autos e será devolvida ao infrator depois de cumprido o prazo de suspensão do direito de dirigir e
comprovada a realização do curso de reciclagem. Art. 21. Decorridos dois anos da cassação da CNH, o infrator poderá requerer a sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários
à habilitação, na forma estabelecida no § 2º do artigo 263 do CTB.
O Entendimento onde o simples fato do condutor passar a dirigir veículo
automotor em via pública em condições de entregar a CNH para cumprir a
suspensão, já é o suficiente para caracterizar o crime e é fático, pois existiu todo um
processo que levou alguns meses, entre correspondências e chamados até mesmo
vias editais. Mas o cidadão, em tese pessoa de boa fé não se manifestou. A dúvida
seria prol da sociedade e entendimento deve ser que o cidadão é um infrator
contumaz, Já que se quer se preocupou em procurar os órgãos de trânsito para
entregar sua CNH e ficou como se nada tivesse acontecido até ser flagrado
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conduzindo ter seu direito cassado conforme segue o CTB:
Art. 263 - A cassação do documento de habilitação dar-se-á: I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qualquer veículo;
(grifo nosso) II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infrações previstas no inciso III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175;
III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, observado o disposto no art. 160.
Fica fácil entender após a leitura do art 263 do CTB em consonância com o
Art. 19 da resolução 182 em seu parágrafo 3º já que a lógica prevalece. Seria uma
das condições da cassação da CNH e que ela esteja suspensa. Então analisada a
resolução subsidiária ao CTB fica claro que o entendimento entre o Juizado Especial
e alguns policiais Militares seria o mais lógico por que só cassa se estiver suspenso.
È só deixar dominar a razão, não seria um caso de interpretação mais raciocínio
lógico.
3 CONCLUSÃO
De tudo que foi colhido, de tudo que foi pesquisado ficou claro que a
legislação de trânsito precisa de melhorias, ou seja, precisa se adequar ao
momento. Pois as pessoas sempre burlam as leis, algumas como espertinhas outras
muitas vezes sem maldade. O fato é que o DETRAN não consegue notificar os
condutores, por vários motivos. Alguns por que o cidadão se esconde, outros por
endereços incompletos, outros usam as brechas na legislação e continuam dirigindo
mesmo com a CNH suspensa, e quando são abordadas em operações se dizem
surpresas com a situação irregular da carteira e que deveriam de ser avisadas da
proibição com forma de penalidade aplicada ao condutor infrator. O fato é que a
legislação existe é clara, os motoristas como sempre querem formas de passar por
cima da Administração Pública. Mas como todas as repartições são feitas de
pessoas que não pensam da mesma maneira é preciso padronizar as medidas
tomadas pelos órgãos da poder público evitando assim abusos de poder ou
prevaricações dos operadores do direito. Deveriam ser criadas formas mais eficazes
de ciência aos condutores, onde a assinatura ou algo assim, que confirmasse o
recebimento da notificação, que o motorista deveria entregar a CNH para cumprir a
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suspensão e caso não entregasse, já seria considerado desobediente cometendo tal
crime ou até mesmo cometendo a Art. 307 do CTB. Mas para isso só seria
necessário a confirmação da situação irregular da carteira nacional de habilitação. O
Tenente Aurélio expôs um fator muito importante relatando que fez consultas na
assessoria Militar (órgão de ligação entre a Polícia e o DETRAN na esfera estadual)
e lhe responderam que o sistema só é alimentado com a informação da suspensão
do direito de dirigir após passada todas as esferas administrativas. mas deixou
outra dúvida quando saber que a suspensão é de origem penal (judiciária) ou
administrativa, já que sistema não mostra esse tipo de detalhe.
A Promotora acredita que a suspensão só pode ser caracterizada por força
judicial, ou seja, quando cidadão descumpre a determinação de entregar a CNH
para cumprimento do prazo de suspensão do direito de dirigir. Mas existem vários
casos de violação de suspensão do direito de dirigir por ordem da autoridade de
trânsito e processos que foram processados e julgados na comarca de Ponta
Grossa. O fato é que a lei precisa ser mudada com simplicidade, tentando se
amoldar aos vários órgãos operadores do direito deixando a vida das pessoa cada
vez mais seguras.
REFERÊNCIAS
BENEVIDES, Maria Victoria Mesquita. O papel da polícia no regime democrático.
Ed. Mageart, 1996, p. 75.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 5 de outubro de 1988. Congresso Nacional, Brasília, 1988, 360 p. ESPÍRITO SANTO , L. E. do; MEIRELES, A. Entendendo a nossa insegurança. 1.
ed., Belo Horizonte: Instituto Brasileiro de Policiologia, 2003, 424 p.
FONSECA, Carlos Anselmo da. A segurança pública e as polícias civil e militar diante do texto constitucional – Uma visão interpretativa do artigo 144 da Constituição Federal, Revista Ciência Jurídica. Brasíia, n° 44, mar./abr. 1992, p.
317.
LAZZARINI, Álvaro. Estudos de Direito Administrativo. 2 ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1999.
LAZZARINI, Álvaro. Da segurança pública na Constituição de 1988, Revista de
Informação Legislativa. Brasília, ano 26, n/ 104, out./dez., 1989, p. 235-6.
23
MOREIRA NETO. Revista de Informação Legislativa n. 97, 1988.
CÓDIGO DE TRÂNSITO Brasileiro Lei 9503/97
RESOLUÇÃO 182/2005 DO CONTRAN
SESP INTRANET DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ
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ANEXO A - EXEMPLO DE C.N.H. CASSADA
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ANEXO B - EXEMPLO DE C.N.H SUSPENSA
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ANEXO C - EXEMPLO DE C.N.H. IRREGULAR: DEVERÁ ENTREGAR A C.N.H PARA CUMPRIR SUSPENSÃO DO DIREITO
DE DIRIGIR
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ANEXO D - EXEMPLO DE C.N.H. IRREGULAR: PENDENTE CURSO DE RECICLAGEM
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ANEXO E - EXEMPLO DE C.N.H. IRREGULAR: PERMISSIONADO PENALIZADO (ART. 148 § 3º E 4º DO CTB)
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ANEXO F - EXEMPLO DE C.N.H. IRREGULAR: PERMISSIONADO PENALIZADO